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Ilana Andretta
Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei,
93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. ilana.andretta@gmail.com
Abstract. Anxiety disorders are one of the most common disorders and are char-
acterized by a maladaptive and exaggeratedly anxious response to some stim-
ulus. The CBT treatment for anxiety disorders suggests cognitive techniques of
restructuring and cognitive flexibilization and behavioral techniques such as
exposure, systematic desensitization and body relaxation techniques. An inves-
tigation was conducted through three case studies. Relaxation techniques were
applied to all three patients, including progressive relaxation, passive relaxation
and diaphragmatic breathing. To analyze the efficacy of relaxation techniques
the patients were asked to indicate their anxiety in a scale from zero to ten (zero
is no anxiety and ten is high anxiety) before and after the techniques. Relaxation
techniques have been successful in the three cases of this study and achieved
the goal of decreasing anxiety, but it should be emphasized that the use of these
techniques is not universal and depends on each patient.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Attribution License (CC-BY 3.0), sendo permitidas
reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Importância das técnicas de relaxamento na terapia cognitiva para ansiedade
corporal (Leahy, 2006; Jokić-Begić, 2010). As (Knapp e Beck, 2008; Vandenberghe e Sousa,
técnicas cognitivas ajudam no aumento da 2006). A segunda onda foi caracterizada pelo
autoeficácia dos pacientes, fazendo com que modelo cognitivo racionalista, que fala a res-
eles tenham mais recursos pessoais e internos, peito de processos psicológicos mediados
acreditem serem mais eficazes para lidar com por crenças, cuja área mais tradicional é a dos
a ansiedade e situação de perigo, da mesma transtornos de humor (Beck, 1995). Por fim, a
forma que reestruturam pensamentos auto- terceira onda enfoca as epistemologias alheias,
máticos e flexibilizam crenças disfuncionais como o construtivismo cognitivo, e difere das
características de tais transtornos (Neborsky tentativas diretas de modificar pensamentos
e Lewis, 2011; Jokić-Begić, 2010; Otte, 2010). ou crenças; a pessoa deve agir de acordo com
As técnicas comportamentais objetivam a ex- seus valores de forma mais intuitiva (Vanden-
tinção do medo através da exposição ao objeto berghe e Sousa, 2006; Hayes, 2004).
ou à situação ansiogênica, ao mesmo tempo A meditação é uma prática oriental anti-
em que trabalham o corpo, que fica tensio- ga que se caracteriza por uma forma única de
nado devido à ansiedade elevada, realizando perceber o mundo, incluindo valores éticos
técnicas de relaxamento, como respiração dia- (Kohlenberg et al., 1993). Esta prática em si é
fragmática, relaxamento passivo e progressivo capaz de gerar uma série de mudanças físicas
(Leahy, 2006; Neborsky e Lewis, 2011). e psicológicas, incluindo problemas de estres-
De acordo com Rice (2007), a habilidade se e ansiedade, promovendo uma melhora na
mais frequente de enfrentamento de ansieda- saúde mental (Vandenberghe e Sousa, 2006).
de e estresse é a redução de tensão, e a mesma Apesar de ser uma técnica milenar, ela chegou
é um aviso físico de que algo não está bem. Na ao Ocidente há pouco tempo e cada vez mais
presença da ameaça, o corpo ativa sistemas tem tomado espaço no tratamento de doenças
defensivos que conduzem a uma ativação fi- mentais tais como transtornos de ansiedade
siológica, e esta normalmente se traduz como e depressão (Menezes e Dell’Aglio, 2009). A
um aumento de tensão muscular, da taxa car- mindfulness (um tipo de meditação) foi bem
díaca, da respiração e da pressão sanguínea aceita pela terceira onda das terapias compor-
(Rice, 2007; Neborsky e Lewis, 2011). Quando tamentais, a qual valoriza que a pessoa aja de
a ativação física permanece por longos perío- acordo com seus valores, algo muito mais in-
dos, tem geralmente efeitos prejudiciais sobre tuitivo (Martín-Asuero e García-Banda, 2010;
os processos físicos e mentais, e, se a tensão Menezes e Dell’Aglio, 2009). As técnicas medi-
não for reduzida, os indivíduos podem sentir tativas não tocam em pensamentos e não são
como se estivessem sob uma pressão constan- específicas para distorções cognitivas; neste
te, mesmo quando a fonte inicial da ansiedade sentido, elas constituem uma inovação na prá-
e do estresse tiver sido eliminada há algum tica clínica e cada vez mais têm ganhado es-
tempo (Rice, 2007; Jokić-Begić, 2010). paço nos consultórios, acrescentando-se ao le-
Podem-se encontrar diferentes métodos que de técnicas terapêuticas (Kohlenberg et al.,
para diminuir a tensão, como os relaxamentos 1993; Vandenberghe e Sousa, 2002; Menezes e
ou a meditação (Menezes e Dell’Aglio, 2009; Dell’Aglio, 2009).
Neto, 2011). O relaxamento é a técnica mais No Brasil, há profissionais da TCC que tra-
amplamente utilizada na TCC e tem um efeito balham com pesquisas em transtornos de ansie-
positivo sobre os resultados do enfrentamento dade, como Rangé e Cordioli. O primeiro tra-
(Vera e Vila, 2002; Rice, 2007). A tensão e o rela- balha com diversos transtornos de ansiedade,
xamento são estados do corpo que correspon- transtorno do pânico (Rangé, 2001), fobia social
dem a duas partes do sistema nervoso autôno- (Levitan et al., 2008) e demais transtornos de
mo (Esch e Stefano, 2010). O treinamento em ansiedade, como fobias específicas. O segundo
relaxamento supõe a simples questão de que trabalha de forma mais específica com o trans-
não é possível estar tenso e relaxado ao mesmo torno obsessivo-compulsivo, tendo desenvol-
tempo, e, dependendo do tipo de ansiedade e vido manuais de terapia para esse transtorno
estresse, é possível que somente determinados assim como protocolos para terapia de grupo
grupos de músculos se tensionem (Rice, 2007). (Cordioli, 2014). Ambos os pesquisadores tra-
O movimento da TCC passou por três on- balham desenvolvendo tratamentos e protoco-
das (Vandenberghe e Sousa, 2006). A primeira los de terapias na área dos transtornos ansiosos,
englobou as teorias clássicas comportamen- trazendo avanço para a área no Brasil.
tais, principalmente a de Pavlov, que conti- O objetivo deste estudo foi investigar os
nham técnicas de exposição para o tratamento indicadores subjetivos de efetividade de técni-
tos intrusivos de preocupação com tirar nota Lewis, 2011; Ten Have-de Labije, 2006; Vera e
baixa, assim como rigidez do corpo. O nervo- Vila, 2002). Para isso, existem técnicas de re-
sismo da paciente se mostrava mais acentu- laxamento que se mostram eficazes no trata-
ado quando ela precisa estudar para alguma mento dos transtornos da ansiedade; as que
prova ou trabalho, ativando suas crenças de foram abordadas neste estudo são: relaxamen-
incapacidade e uma rigidez do corpo que lhe to progressivo, relaxamento passivo e respira-
causava dores de cabeça. O trabalho com Olga ção diafragmática (Vera e Vila, 2002).
começou com técnicas cognitivas para a fle- No presente estudo, observou-se que, ape-
xibilização de suas crenças centrais, porém a sar de as três pacientes possuírem diferentes
paciente ainda sentia tensão no corpo devido diagnósticos de transtorno de ansiedade ou tra-
à ansiedade. ços dos mesmos, elas se beneficiaram das téc-
O relaxamento progressivo se mostrou nicas comportamentais de relaxamento, ainda
muito eficaz neste caso, e a paciente conseguiu que cada uma tenha se identificado mais com
perceber que, quando tensionava algumas uma técnica específica. Maria, por ser idosa e
partes do corpo antes de relaxar, não sentia di- não ser indicado que ela tensionasse alguns
ferença ao tensioná-las, porque já estavam rígi- grupos de músculos, aderiu muito bem à técni-
das; então, a partir disso ela conseguiu relaxar ca de relaxamento passivo, utilizando-a fora de
o corpo. Com o corpo mais relaxado, a ansie- sessão, sempre que se sentia ansiosa ou quan-
dade diminuía, e a paciente tinha consciência do se deparava com seu objeto fóbico. Vera é
de que seu corpo estava tenso nos momentos jovem, porém apresenta uma maior gravidade
de estudo; assim, conseguia aplicar as técnicas em sua sintomatologia e, por estar em constan-
em casa ou em sala de aula. Olga ainda está te tensão e hiperventilação, a técnica de respira-
em atendimento na clínica-escola, e, até agora, ção diafragmática teve uma melhor adesão e ela
se passaram 12 sessões. Ainda é necessário tra- também relatava utilizá-la sempre que estava
balhar a flexibilização de suas crenças centrais ansiosa com relação ao tempo, a situação que
para evitar ansiedade elevada antes de provas lhe causa ansiedade. Já Olga se beneficiou mais
e exames. com a técnica de relaxamento progressivo, pois
A técnica de relaxamento progressivo im- passa muito tempo estudando e tem dificulda-
plica tensão e, a seguir, relaxamento de vá- de para perceber que, quanto mais ansiosa se
rios conjuntos de músculos. Deve-se explicar sente com relação a isso, mais tensiona conjun-
ao paciente o procedimento do relaxamento tos de músculos. Com o relaxamento progressi-
progressivo e fazer uma breve demonstração vo, ela percebeu que já estava com muita tensão
dos processos de tensão-relaxamento pelos e conseguiu, então, relaxar o corpo, e utiliza
quais ele passará. Nesse relaxamento, deve-se essa técnica sempre que está estudando em casa
tensionar cada grupo de músculos por apro- ou em sala de aula.
ximadamente 10 segundos, prestando atenção Como é descrito por Neborsky e Lewis
às sensações nos músculos tensos. A seguir, (2011), a resposta de luta/fuga frente a estí-
pede-se que se relaxem os músculos rapida- mulos que geram ansiedade altera a cognição
mente e que se preste atenção nos contrastes e o corpo, tensionando músculos e acionan-
entre as sensações de tensão e relaxamento. do uma série de pensamentos de vulnerabi-
Essa técnica ajuda o indivíduo a aumentar a lidade. Os mesmos autores também explicam
percepção das sensações das áreas de tensão que indivíduos que se encontram calmos têm
no corpo e da diferença entre estas e a sensa- maior controle e acesso às suas expressões
ção de relaxamento. Depois dessa reflexão so- afetivas, com a resposta correspondente do
bre as sensações, pede-se que se faça o mesmo corpo e dos gestos. Os resultados encontra-
com o próximo grupo de músculos (Jacobsen, dos neste estudo corroboram a literatura; as
1938). pacientes descritas acima também mostra-
Como o corpo também reflete uma respos- vam uma resposta alterada da cognição e do
ta ansiosa frente a um estímulo, é importante corpo, verbalizando como se sentiam, e tam-
que se realizem técnicas para o relaxamento, bém foi possível observar as tensões corpo-
sendo essas uma parte integrante de outra téc- rais. Os atendimentos em TCC ajudaram-nas
nica ou modificando o comportamento por si a flexibilizar pensamentos e crenças disfun-
sós. O controle da ansiedade no corpo ativa cionais, assim como relaxar os músculos e o
bases neuronais que diminuem a resposta an- corpo com técnicas de relaxamento.
siosa do indivíduo, andando juntamente com Também se pôde observar neste estudo
a baixa da ansiedade emocional (Neborsky e que não são apenas as pessoas com algum
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