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UNIDADE1

TEORIA GERAL DO DIREITO


SOCIETÁRIO

1
Direito Empresarial II/ Profª Roberta Siqueira

ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não exaure a


matéria. Foi retirado da bibliografia do curso constante no seu Plano de
Ensino. São necessários estudos complementares. Mera orientação e
roteiro para estudos.
1. DEFINIÇÃO DE SOCIEDADE
¢ Código Comercial de 1850 não conceituou as
sociedades comerciais.

¢ CC de 1916 trazia um conceito genérico de


sociedade (art. 1.363): “celebram contrato de
sociedade as pessoas que mutuamente se obrigam
a combinar seus esforços ou recursos para lograr
fins comuns”.

¢ A doutrina acrescentou algumas expressões ao


conceito legal, tais como: “no exercício do
comércio” (João Eunápio Borges) e “de natureza
comercial” (Rubens Requião). 2
¢ Código Civil de 2002:

— Morrem Sociedades Comerciais e Civis.

— Nascem Sociedades Empresárias e Simples.

v Art. 981. Celebram contrato de sociedade as


pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício
de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados.

¢ Por que o grifo?


3
¢ Acrescentando a expressão EMPRESARIAL logo
após a expressão atividade econômica, temos
caracterizada uma SOCIEDADE EMPRESÁRIA.

4
2. ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS

¢ Existência de duas ou mais pessoas


¢ Reunião de capital e trabalho (fatores da
produção)
¢ Atividade econômica (em oposição a atividades
de mero gozo ou filantrópicas)
¢ Fins comuns (inerentes ao exercício da atividade
por várias pessoas em conjunto)
¢ Partilha dos resultados (decorrência do exercício
em comum)
5
3. TERMINOLOGIA
¢ Várias expressões INADEQUADAS são utilizadas
como sinônimo de sociedade:

Empresa
(atividade e
não sujeito)

Companhia Firma
(parte do nome (nome
empresarial) empresarial)

Associação
(sem fins
6
lucrativos)
4. DISTINÇÃO C/ ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES
• Pessoas jurídicas de direito privado, formadas
pela união de pessoas (universitas personarum),
cuja finalidade é a obtenção de lucro (fim
Sociedades
econômico).

• Pessoas jurídicas de direito privado, também


formadas pela união de pessoas, (universitas
Associações personarum), mas sem fins lucrativos.

• Pessoas jurídicas de direito privado, formadas


através da dotação de um patrimônio
Fundações (universitas rerum), sem fins econômicos.
7
5. SOCIEDADES EMPRESÁRIAS E NÃO
EMPRESÁRIAS

¢ Segundo o art. 44 do CC, uma das pessoas


jurídicas de direito privado são as sociedades.

¢ Estas podem ser simples ou empresárias,


conforme se depreende da análise do art. 982.

¢ A diferença está na forma do exercício da


atividade econômica.

8
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011)
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação
interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo
vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da
Parte Especial deste Código
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão 9
conforme o disposto em lei específica.
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou
serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à
realização de um ou mais negócios determinados.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se


empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito a registro (art.
967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto,
considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.
10
Sociedade Sociedade
Empresária Simples
• Atividade • Atividade
econômica econômica, que
empresarial não é
sujeita a registro empresarial:
(art. 981 c/c 982, atividade civil
caput) (art. 981 c/c 982,
caput)
11
¢ REGRA GERAL: definição da empresarialidade
pelo OBJETO da sociedade.

¢ EXCEÇÕES quanto ao objeto da sociedade:

• S.A. e C/A sempre empresárias (art. 982, §


único)

• Soc. Cooperativas sempre simples (art. 982, §


único)

• Sociedades de advogados simples (art. 15 e 16,


Lei 8.906/1994 – Estatuto da OAB).

12
¢ Lei 8.906/1994 – Estatuto da OAB:

Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples


de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade
unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no
regulamento geral. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de
2016)
§ 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de
advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro
aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da
OAB em cuja base territorial tiver sede. (Redação dada
pela Lei nº 13.247, de 2016)
§ 2o Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade
unipessoal de advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que
couber. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)
§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos
advogados e indicar a sociedade de que façam parte. 13
§ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade
de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de
advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de
advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede
ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho
Seccional. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)
§ 5o O ato de constituição de filial deve ser averbado no
registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde
se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade
unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição
suplementar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de
2016)
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade
profissional não podem representar em juízo clientes de
interesses opostos.
§ 7o A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da
concentração por um advogado das quotas de uma sociedade
de advogados, independentemente das razões que motivaram
tal concentração. (Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016)
14
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar
todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem
forma ou características de sociedade empresária, que adotem
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à
advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade
unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou
totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº
13.247, de 2016)
§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo
menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo
permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal
possibilidade no ato constitutivo.
§ 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade
incompatível com a advocacia em caráter temporário deve ser
averbado no registro da sociedade, não alterando sua
constituição.
§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de
pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que
inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.
§ 4o A denominação da sociedade unipessoal de advocacia
deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular,
completo ou parcial, com a expressão ‘Sociedade Individual de 15
Advocacia’.
6. REQUISITOS ESSENCIAIS:
¢ As sociedades, para ser constituídas, exigem
requisitos gerais e específicos.

¢ ELEMENTOS GERAIS (art. 104 do CC):

• Capacidade (art. 972 e 981 CC)


• Objeto lícito (art.35, I e III, Lei 8.934/94)
• Forma prescrita ou não defesa em lei (arts. 967-968
c/c 987): forma livre, escrita apenas para o gozo de
certas vantagens (tributárias e mercantis).

16
Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 35, Lei 8.934/94. Não podem ser arquivados:


I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou
regulamentares ou que contiverem matéria contrária aos bons
costumes ou à ordem pública, bem como os que colidirem com
o respectivo estatuto ou contrato não modificado
anteriormente;
II – omissis;
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das
cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo capital,
bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja indicação 17
no nome empresarial é facultativa;
Art. 967, CC. É obrigatória a inscrição do empresário
no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Art. 968, CC. A inscrição do empresário far-se-á
mediante requerimento que contenha:
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e,
se casado, o regime de bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que
poderá ser substituída pela assinatura autenticada com
certificação digital ou meio equivalente que comprove a
sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do §
1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de
dezembro de 2006;
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa. 18
Art. 987, CC. Os sócios, nas relações entre si ou com
terceiros, somente por escrito podem provar a existência
da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de
qualquer modo.

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¢ ELEMENTOS ESPECÍFICOS:

A) CONTRIBUIÇÃO PARA O CAPITAL SOCIAL:

— Todos os sócios devem contribuir (art. 1.004, CC).


— Fundo inicial de contribuição = capital social ≠
patrimônio.
— Possui três funções: formar o fundo patrimonial
inicial, definir a participação de cada sócio e
constituir o capital inicial.
— A contribuição deve ser feita em dinheiro, bens ou
trabalho. NÃO se admite a contribuição em trabalho
nas sociedades limitadas, nas sociedades anônimas e
por parte dos sócios comanditários nas sociedades em
comandita simples (art. 1.006, CC). 20
Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às
contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar
de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela
sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.
Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais
sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou
reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em
ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031.

Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não


pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade
estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído.

21
— Contribuição forma a sociedade e gera DIREITOS
PESSOAIS e PATRIMONIAIS aos contribuintes:

Status de Fiscalização
Participação
sócio da gestão
da gestão,
(DIREITO dos negócios
etc.
PESSOAL) sociais

Direito de
crédito Participação nos Participação nas
(DIREITO lucros perdas
PATRIMONIAL)
22
B. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E NAS PERDAS:

¢ Os resultados da atividade empresarial devem ser


divididos entre os sócios.

— Divisão deve ser proporcional ao n. de cotas (art. 1.008,


CC – vedação do pacto leonino).
— Compete ao ato constitutivo da sociedade determinar a
forma da divisão. Em caso de silêncio, será feita
conforme à participação no capital social (art. 1007).

Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos


lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas
aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa
dos lucros na proporção da média do valor das quotas.
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer
sócio de participar dos lucros e das perdas. 23
C. AFFECTIO SOCIETATIS

¢ Consiste na vontade de cooperação ativa dos sócios,


a vontade de atingir um fim comum.

— Confiança mútua e vontade de cooperação conjunta.


— Quebra da affectio societatis dissolve-se a
sociedade ou exclui-se o sócio que não possui mais
essa vontade comum, sob pena de inviabilizar o
prosseguimento normal da sociedade.

24
D. PLURALIDADE DE PARTES:

¢ REGRA GERAL: a presença de pelo menos duas


partes.
— EXCEÇÕES:
¢ Unipessoalidade temporária e incidental (art. 1.033, IV,
CC): 180 dias
¢ Unipessoalidade das sociedades anônimas (art. 206, I,
d, da Lei 6.404/76): 1 ano; anomalia que deve ser
regularizada até a próxima AGO, sob pena de extinção;
¢ Sociedade Subsidiária Integral (art. 251 da Lei
6.404/76): companhia constituída por um único
acionista (sociedade brasileira)
¢ EIRELI superveniente (art. 980-A, §3º, CC);
¢ Sociedade Unipessoal de Advogados, criada pela Lei n. 25
13.247/2016, que alterou a Lei n. 8.906/94.
Art. 1.033, CC. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
...
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no
prazo de cento e oitenta dias;

Art. 206, Lei 6.404/76. Dissolve-se a companhia:


I - de pleno direito:
...
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em
assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não
for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o
disposto no artigo 251;

26
Art. 251, Lei 6.404/76. A companhia pode ser constituída,
mediante escritura pública, tendo como único acionista
sociedade brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de
subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação
de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do
artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária
integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de
todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.

27
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade
limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado,
que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País.
§ 1º ...
§ 2º ...
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada
também poderá resultar da concentração das quotas de
outra modalidade societária num único sócio,
independentemente das razões que motivaram tal
concentração.

28
1.5 ATO CONSTITUTIVO
¢ As sociedades se formam pela manifestação de
vontade de duas ou mais pessoas (art. 981, CC).

¢ Esta manifestação se materializa pelo ATO


CONSTITUTIVO.

¢ É um documento escrito, assinado por todos os


sócios, configurando a sociedade: sede, capital
social, nome, gerência, responsabilidades, tipo
societário etc. O ato constitutivo das sociedades
pode ser um contrato social, estatuto, ou
simplesmente chamado ato constitutivo
(EIRELIs). 29
¢ Divergência doutrinária sobre a natureza
jurídica do ato constitutivo:

— Seria o ato constitutivo um CONTRATO bilateral,


um contrato atípico (plurilateral), um ato
corporativo, ou apenas uma série de atos que não
configurariam um contrato?

¢ Teorias anticontratualistas
¢ Teoria do ato corporativo
¢ Teorias contratualistas
¢ Teoria do ato institucional

30
A) TEORIAS ANTICONTRATUALISTAS
¢ Definem a natureza do ato constitutivo como a de um
ATO UNILATERAL, através de duas teorias:

¢ TEORIA DO ATO COLETIVO: o ato constitutivo das


sociedades seria uma ato unilateral formado pela
união de várias vontades, dirigidas no mesmo
sentido, as quais ficariam visíveis individualmente.
As vontades não se cruzam, diferente do que ocorre
no contrato.

¢ TEORIA DO ATO COMPLEXO: o ato constitutivo


seria um ato unilateral formado pela união de
vontades dirigidas à mesma finalidade, vontades
estas que se fundem, perdendo sua individualidade. 31
B) TEORIA DO ATO CORPORATIVO, ATO DE
FUNDAÇÃO OU ATO DE UNIÃO

¢ Afirma que as declarações dos sócios não tem


validade, se consideradas de per si, constituem uma
antecipação da manifestação de vontade do novo ente
que vai surgir, não representando a vontade dos
sócios.

¢ Nos contratos, os efeitos são limitados às partes e o


ato constitutivo das sociedades produz efeitos em
relação a terceiros, tendo em vista a criação de um
novo organismo, a sociedade.

¢ Críticas: se o ente não existe, como ele pode


32
manifestar sua vontade?
C) TEORIAS CONTRATUALISTAS:
CONTRATO PLURILATERAL

¢ No contrato societário, há oposição de interesses na


sua formação e na sua permanência, permitindo falar
em contrato, o qual pressupõe essa contraposição de
interesses.

¢ Não é um contrato bilateral, considerando as


peculiaridades das sociedades.

¢ Nas sociedades, exige-se uma finalidade comum. Nos


contratos bilaterais se aplica a exceção do contrato
não cumprido (art. 476, CC), o que não se aplica nas
sociedades, vez que as obrigações dos sócios são
33
independentes.
¢ O ato constitutivo das sociedades é um contrato, mas
um contrato plurilateral (Túlio Ascarelli). São
características desse contrato de colaboração e
organização:

— Participação de mais de duas partes


— Finalidade comum
— Direitos e obrigações para com todas as partes
— Função instrumental
— Subsistência do contrato ante a vícios
— Contrato aberto a novas adesões no seu curso
— Inaplicabilidade da exceção do contrato não cumprido (art.
476, CC)

¢ Doutrina majoritária, com exceção em relação às S.A.


(teoria do ato institucional).
34
D) TEORIA DO ATO INSTITUCIONAL
¢ O ato constitutivo seria aquele que daria origem
a uma instituição, da obra a realizar, possuindo
menor importância a vontade dos sócios.

¢ A vontade dos sócios não é tão determinante na


vida da sociedade, quanto à função à ser
exercida. Prevalência do interesse social sobre o
interesse individual.

¢ Lei 6.404/76 acolheu a teoria art. 116, §


único. 35
Art. 116, Lei 6.404/76. Entende-se por acionista controlador
a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, a maioria dos votos nas deliberações da
assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades
sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder
com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e
cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades
para com os demais acionistas da empresa, os que nela
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos
direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.
36
1.6 PERSONALIDADE JURÍDICA
¢ Existem várias espécies de sociedade, entretanto, nem
todas possuem personalidade jurídica (sociedade em
comum e sociedade em conta de participação).

¢ A pessoa jurídica é SUJEITO DE DIREITOS E


OBRIGAÇÕES, tendo como caráter distintivo a
personalidade jurídica.

¢ Personalidade jurídica “é a aptidão genérica para


adquirir direitos e contrair obrigações”. Característica
que distingue as pessoas jurídicas dos entes
despersonalizados.

¢ A personalidade jurídica das sociedades é reconhecida


em nosso sistema jurídico pelo art. 44 do CC. 37
¢ No direito comparado, nem sempre é reconhecida
a personalidade a todos os tipos de sociedade:

— Portugal, Espanha e França – todas as


sociedades comerciais regulares possuem
personalidade jurídica.
— Alemanha – sociedades em nome coletivo e em
comandita simples não possuem personalidade
jurídica.
— Itália, sociedades de pessoas não possuem
personalidade jurídica.

38
¢ O art. 45 do CC traz a regra acerca do instituto:

— Art. 45. Começa a existência legal das pessoas


jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.
— Parágrafo único. Decai em três anos o direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo
da publicação de sua inscrição no registro.

39
1.6.1 FUNÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS

¢ Satisfazer os interesses humanos: alcançar


objetivos que não alcançariam sozinhos ou
desenvolver uma atividade por período superior
ao da existência humana.

40
1.6.2 INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

¢ Inicia-se com o registro do ato constitutivo da


sociedade, que pressupõe alguns elementos:

— vontade humana criadora


— finalidade específica
— conjunto de bens ou pessoas
— presença do instrumento constitutivo e respectivo
registro (art. 985, CC).

— Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica


com a inscrição, no registro próprio e na forma da
lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). 41
Art. 45, CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas
de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de
sua inscrição no registro.

Art. 1.150, CC. O empresário e a sociedade empresária


vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a
cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer
às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.
42
1.6.3 CONSEQUÊNCIAS DA PERSONIFICAÇÃO
¢ A personalidade jurídica das sociedades lhes confere
alguns atributos, a saber:

— Nome – possuem nome próprio.


— Nacionalidade – através da analogia, pode ser
reconhecida nacionalidade às pessoas jurídicas,
como atributo da personificação. Será brasileira a
sociedade organizada conforme as leis brasileiras e
que mantém sua sede no país. Não tem a ver com a
qualificação dos sócios (art. 1.126, CC).
— Domicílio – fixa a competência tributária e define
o foro competente para as ações contra a sociedade:
local de funcionamento da administração ou onde o
estatuto fixar (art. 75, IV, CC). 43
— Existência distinta da dos seus sócios –
reconhecimento de centro autônomo de
imputação de direitos e obrigações.
— Capacidade contratual ou titularidade
negocial – aptidão para ser parte nos
contratos.
— Capacidade ou titularidade processual –
podem ser parte em processos.
— Autonomia patrimonial – possui patrimônio
próprio que responde por suas obrigações.

44
1.6.4 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
¢ As pessoas jurídicas possuem autonomia patrimonial,
ou seja, são entes autônomos, com direitos e
obrigações próprias, não se confundido com a pessoa
de seus membros, que investem apenas parte de seu
patrimônio, assumindo riscos limitados de prejuízo.

¢ A personalidade jurídica deve ser utilizada sem


cometer abusos nem cometer iniquidades – existe
limitação ao uso indevido da pessoa jurídica: a
DESCONSIDERAÇÃO da personalidade jurídica.

¢ É portanto a desconsideração uma forma de adequar 45


a pessoa jurídica aos fins para os quais ela foi criada.
¢ Não destrói a pessoa jurídica, que continua a
existir, sendo apenas desconsiderada no caso
concreto. Medida excepcional: a suspensão é
episódica e temporária. A regra é a autonomia
patrimonial das pessoas jurídicas.

¢ Marlon Tomazette assim a define: “ é a retirada


episódica, momentânea e excepcional da
autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim
de estender os efeitos de suas obrigações à pessoa
de seus titulares, sócios ou administradores, com
o fim de coibir o desvio da função da pessoa
jurídica, perpetrado por estes”.
46
1.6.5 ORIGEM HISTÓRICA
¢ Desenvolveu-se inicialmente nos países da Common
Law: os fatos geram novos princípios.

¢ Caso Salomon x Salomon Co., 1879, na Inglaterra.

¢ Suzy Koury noticia o caso Bank of United States x


Deveaux, onde não se tratou especificamente da
desconsideração, mas o juiz Marshall olhou além da
pessoa jurídica e considerou as características
individuais dos sócios.

¢ Na doutrina, destacam-se as obras de Wormser


(1927), Rolf Serick (1953) e Rubens Requião (1969). 47
1.6.6 TERMINOLOGIA

¢ Disregard of legal entity ou disregard doctrine

¢ Piercing the corporate veil

¢ Desconsideração e não despersonalização


(anulação definitiva da personalidade).

48
1.6.7 APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA

¢ Teoria Maior (quando se constata o uso abusivo


da pessoa jurídica):

— Concepção subjetivista: o pressuposto


fundamental da desconsideração é o DESVIO
da função da pessoa jurídica, que se constata
na fraude e no abuso de direito.
— Concepção objetivista: coloca como pressuposto
da desconsideração a confusão patrimonial.

49
¢ Teoria Menor:

— Pressuposto: ocorrência de prejuízo ao credor,


configurado com a simples insolvência da pessoa
jurídica. Em relações jurídicas desiguais, como as
relações de trabalho e de consumo, vem sendo
invocada essa aplicação extremada da
desconsideração.

¢ Teoria adotada no Brasil: concepção


objetivista e subjetivista (abuso de personalidade
configurado no desvio de finalidade e confusão
patrimonial). As expressões maior e menor não
são mais utilizadas. 50
¢ O art. 50 do CC é a regra maior acerca da teoria,
sendo de aplicação obrigatória a todos os casos de
desconsideração da personalidade jurídica, com
exceção dos referentes às relações de consumo,
aos crimes ambientais e às infrações à ordem
econômica, os quais possuem disciplina
normativa própria:

— Lei 8.078/90, art. 28 (CDC)


— Lei 8.884/94, art. 18 (Infrações à ordem econômica)
— Lei 9.605/98, art. 4º (Crimes ambientais)

51
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e
o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou
instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à
administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente,
pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o
destino do seu patrimônio, nesse caso.

52
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores,
exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as


decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o
ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as
decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou
estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o


juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á
administrador provisório.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios
da pessoa jurídica. 53
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou
cassada a autorização para seu funcionamento, ela
subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se
conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver
inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades
aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas
de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o
cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a


proteção dos direitos da personalidade. 54
¢ Efeitos da desconsideração: responsabilidade
ilimitada do patrimônio pessoal dos sócios. Ao contrário
do que se pensa, não acarreta o fim da pessoa jurídica.

¢ Desconsideração inversa – quando a pessoa jurídica


é responsabilizada pelas obrigações do sócio. Já é
admitida pelos Tribunais sob o fundamento de combate
ao uso indevido do ente societário por seus sócios.

¢ IMPORTANTE: Quando os sócios ou administradores


extrapolam seus poderes, violando a lei ou o contrato
social, serão responsabilizados por seus atos. Não se
cogita de desconsideração, mas de responsabilidade
pessoal e direta dos sócios.
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— Exemplos: arts. 1009, 1.016, 1.080, CC
Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios
acarreta responsabilidade solidária dos administradores
que a realizarem e dos sócios que os receberem,
conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.

Art. 1.016. Os administradores respondem


solidariamente perante a sociedade e os terceiros
prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da


lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que
expressamente as aprovaram.

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