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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
Numeração Única: 0012414-56.2005.4.01.3600
APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.36.00.012414-2/MT

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA


APELANTE : UNIAO FEDERAL
PROCURADOR : DF00026645 - MANUEL DE MEDEIROS DANTAS
APELANTE : CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : DF00019562 - JUCILEIA GOMES DE OLIVEIRA E OUTROS(AS)
APELADO : MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
PROCURADOR : MARCELLO SANTIAGO WOLFF

DECISÃO

Na sentença, de fls. 269-282, foi julgado “procedente o pedido, extinguindo o


processo com julgamento do mérito, nos termos do art. 269, inc. I, do CPC”.
Apela a União, argumentando, no essencial, que: a) inexistência de sentença, por
ausência de dispositivo; b) “ausência de interesse processual – a inadequação do uso da ação
civil pública para discussão acerca da constitucionalidade ou inconstitucionalidade do art. 5º, III,
da Lei n. 10.260/2001, por não ser a ação civil pública substitutiva da ação direta de
inconstitucionalidade”; c) “impossibilidade jurídica do pedido – a afronta por parte da decisão
agravada (sic) ao disposto no art. 2º da Constituição Federal”; d) “o não-cabimento da ação civil
pública para a defesa da res in judicium deducta – a ilegitimidade ativa ad causam do Ministério
Público Federal – a contrariedade ao disposto no parágrafo único do art. 1º, da Lei nº 7.347/85 e
aos arts. 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil”; e) “a legalidade da fiança exigida pela lei –
causa orientadora da reforma da sentença recorrida por contrariedade ao disposto no art. 5º, III,
da Lei nº 10.260/2001”; f) “o FIES foi criado com o objetivo de conceder financiamentos a
estudantes regularmente matriculados em curso superior não gratuito, sendo estruturado de forma
que possa se manter, assegurando inclusive o retorno dos investimentos e viabilizando a
concessão de novos créditos, motivo pelo qual o Fundo estabelece exigências e restrições
próprias, diversas do crédito educativo, e que não podem ser afastadas, pois visam o equilíbrio
patrimonial e financeiro do fundo”; g) “ao contrário do que ocorria no Crédito Educativo, no FIES
os próprios agentes financeiros e instituições de ensino superior também participam do risco do
financiamento, um dos motivos da exigência de maiores garantias por parte do aluno, já que
eventual prejuízo não será suportado exclusivamente pela União Federal, mas também por essas
instituições”; h) “não obstante o FIES tenha sido instituído para fornecer auxílio no custeio dos
gastos dos estudantes com o ensino, referido Fundo é firmado em premissas preestabelecidas, e
exigem que o contratante do financiamento apresente condições financeiras de arcar com a dívida
e, consequentemente, possa oferecer garantias adequadas. Não obstante o FIES tenha
evidentemente um caráter social, não se pode perder de vista que se está diante de um contrato
de financiamento, com juros instituídos, por um lado para auxiliar alunos, e por outro, a manter-se,
recuperando os valores emprestados”.
Apelação da Caixa Econômica Federal, também no essencial: a) “a singular forma
como se apresenta a sentença ora alvejada permite afirmar com singela facilidade que não impõe
nenhuma ordem judicial que possa ou deva ser cumprida pelas rés, ressentindo-se aquele
provimento de expressamente determinar ou ordenar uma obrigação de não fazer, como se era de
esperar”; b) “nulidade da sentença – inexistência de declaração de inconstitucionalidade da Lei
10.260/2001 – necessidade de manifestação expressa do juízo – inexistência de fundamentação”;
c) “dizer que o artigo de lei está em ‘franca desarmonia’ com a Constituição nada mais é senão
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uma forma sofisticada e elegante de denunciar a sua inconstitucionalidade”; d) “a totalidade dos


fundamentos esposados pelo MPF são relativos à suposta afronta a princípios constitucionais, tais
como a do princípio da igualdade material (fls. 14), princípio da razoabilidade (fls. 17), princípio da
proibição do retrocesso social (fls. 18), além de diversas normas extraídas do texto constitucional,
também citadas na peça introdutória”; e) “a declaração da constitucionalidade ou
inconstitucionalidade, neste caso, conquanto não seja o objeto principal da lide, revela-se como
necessária, essencial, obrigatória e indispensável à correta solução do mérito posto para
apreciação”; f) “carência da ação – inépcia da inicial – inadequação da ação – ilegitimidade do
MPF”; g) “mesmo com a presença de fiança pessoal, o FIES registra um índice alarmante de
inadimplência de 18,38% sobre o total contratado, equivalente a R$ 695.137.288,46, com um total
de 8.381 ações já ajuizadas com outros 15.358 contratos em fase de ajuizamento”; h) “a exigência
de fiador não tem se mostrado fator impeditivo de contratação, pois o programa hoje beneficia
375.684 estudantes de instituições privadas, correspondendo a um total de R$ 3.748.631.358,02,
valendo lembrar que em outubro/2005 eram apenas 280.000 alunos beneficiados”; i) “a exigência
de fiador representa um fator de segurança ao programa na medida em que tem a propriedade de
assegurar a sua perpetuação e disponibilidade de recursos para as futuras gerações de
estudantes carentes com a certeza de reabastecimento financeiro do FUNDO”; j) do público
atingido pelo FIES, quase 72% são famílias de renda familiar inferior a cinco salários mínimos, de
maneira que é visível que o programa, da forma como se apresenta, está atingindo a sua
finalidade que é proporcionar meio de acesso ao ensino superior à população de baixa renda”; l)
“a realização da ‘igualdade material’ poeticamente dedilhada na peça do MPF é, ainda, um mero
sonho, um devaneio, um aquarela tênue de um mundo ideal que se encontra agora ainda mais
distante e improvável após a derrocada do socialismo no leste europeu”.
Manifestação do Ministério Público Federal: a) “a legislação que trata da propositura
da ação civil pública para a proteção de direitos coletivos, em especial, direitos individuais
homogêneos, confirma a legitimidade ministerial”; b) “na medida em que a educação é dever do
Estado, a teor do art. 203 da CF/88, programas como o FIES e, mais recentemente, o ProUni, são
iniciativas que se destinam a promover tanto o princípio da igualdade quanto o do acesso à
educação, na medida em que possibilitam a tais estudantes custearem seus estudos. Oportuno,
nessa toada, ressaltar que o acesso à Universidades Públicas é bastante restrito no Brasil, de
modo que as poucas vagas ofertadas ficam, via de regra, em poder dos alunos mais favorecidos
financeiramente, que podem pagar escolas particulares e cursinhos”; c) “a exigência de
apresentação de fiador frustra esta possibilidade, na medida em que a imensa maioria dos alunos
economicamente hipossuficientes não consegue obter a fiança pessoal necessária para
celebração do contrato de financiamento. Ou seja, tal imposição, na prática, elimina do universo
dos beneficiários do FIES precisamente os principais destinatários desta política pública”; d) “o art.
10 da Portaria 1.725/01 do MEC exige fiador com idoneidade cadastral e renda comprovada de,
no mínimo, o dobro da mensalidade integral do curso financiado. Decerto que tal exigência exclui
grande parcela daqueles que deveriam ser o alvo do programa de financiamento estudantil,
ferindo, dessa forma, o princípio da razoabilidade, que deve nortear todos os atos do Poder
Público”.
A matéria foi objeto do REsp n. 1.155.684/RN, em regime de recursos repetitivos,
cuja ementa tem o seguinte teor:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL.
CONTRATO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL (FIES). PRESTAÇÃO
DE GARANTIA. EXIGÊNCIA DE FIADOR. LEGALIDADE. ART. 5º, VI, DA
LEI 10.260/2001. INAPLICABILIDADE DO CDC. CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. VEDAÇÃO. PRECEDENTES DESTA CORTE.
Recurso especial da Caixa Econômica Federal:
1. Caso em que se alega, além de dissídio jurisprudencial, violação do
artigo 5º, III e IV, da Lei nº 10.260/01, ao argumento de que não há
ilegalidade em se exigir fiador para a celebração de contrato de
financiamento educacional, uma vez que o referido preceito normativo
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autoriza tal conduta, a qual possui índole eminentemente discricionária,


não podendo o Poder Judiciário nela adentrar.
2. É de se reconhecer a legalidade da exigência de prestação de garantia
pessoal para a celebração de contrato de financiamento estudantil
vinculado ao Fies, dado que a própria lei que instituiu o programa prevê,
expressamente, em seu artigo 9º, a fiança como forma principal e
específica a garantir esses tipos de contrato, seguida do fiador solidário e
da "autorização para desconto em folha de pagamento", de modo que o
acórdão atacado, ao entender de modo diferente, negou vigência à
referida lei.
3. Ademais, o fato de as Portarias ns. 1.725/2001 e 2.729/2005 do MEC
admitirem outras formas de garantias, que não a fiança pessoal, apenas
evidencia que tal garantia, de fato, não é a única modalidade permitida nos
contratos de financiamento estudantil, sem que com isso se afaste a
legalidade de fiança.
4. A reforçar tal argumento, as Turmas de Direito Público do STJ já
assentaram entendimento no sentido da legalidade da exigência da
comprovação de idoneidade do fiador apresentado pelo estudante para a
assinatura do contrato de financiamento vinculado ao Fies, prevista no
artigo 5º, VI, da Lei 10.260/01, a qual será aferida pelos critérios
estabelecidos na Portaria/MEC 1.716/2006. Precedentes: REsp
1.130.187/ES, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 20/10/2009; MS
12.818/DF, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ acórdão Ministra Eliana
Calmon, Primeira Seção, DJ 17/12/2007; REsp 772.267/AM, Segunda
Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 29.06.2007; Resp 642.198/MG,
Segunda Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 03.4.2006; REsp
879.990/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 14/5/2007.
5. Assim, consoante bem asseverou o Min. Mauro Campbel no Agrg no Ag
n. 1.101.160/PR, DJ 16/9/2009, "se é legal a exigência de comprovação de
idoneidade do fiador, quanto mais legal será a própria exigência de
apresentação de fiador pelo estudante para a concessão do crédito
estudantil ofertado pelo Fies, de forma que não se pode reconhecer a
legalidade de obrigação acessória sem o reconhecimento da legalidade da
obrigação principal no caso em questão".
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial provido, para que seja autorizada à instituição
financeira a exigência de garantia pessoal para a celebração do contrato
de financiamento estudantil.
Recurso especial de Eliziana de Paiva Lopes:
1. Caso em que se pugna a incidência do Código de Defesa do
Consumidor, a declaração de ilegalidade da cobrança de juros
capitalizados e, por conseguinte, a repetição simples do valor pago a maior
e a inversão dos ônus sucumbenciais.
2. A hodierna jurisprudência desta Corte está assentada no sentido de que
os contratos firmados no âmbito do Programa de Financiamento Estudantil
- Fies não se subsumem às regras encartadas no Código de Defesa do
Consumidor. Precedentes: REsp 1.031.694/RS, Rel. Ministra Eliana
Calmon, Segunda Turma, DJ de 19/6/2009; REsp 831.837/RS, Rel. Min.
Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 17/6/2009; REsp 793.977/RS, Rel.
Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 30/4/2007.
3. A jurisprudência desta Corte mantém-se firme no sentido de que, em se
tratando de crédito educativo, não se admite sejam os juros capitalizados,
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haja vista a ausência de autorização expressa por norma específica.


Aplicação do disposto na Súmula n. 121/STF. Precedentes: REsp
1.058.334/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe
30/6/2008; REsp 880.360/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
5/5/2008; REsp 1.011.048/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,
DJe 4/6/2008; REsp n. 630.404/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ
de 26/2/2007; REsp n. 638.130/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/3/2005.
4. Por conseguinte, havendo pagamento de valores indevidos, o que será
apurado em sede de liquidação, é perfeitamente viável a repetição simples
ou a compensação desse montante em contratos de financiamento
estudantil.
5. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
6. Ônus sucumbenciais invertidos.
7. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação supra.
(STJ, REsp 1.155.684/RN, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 1S, DJe
18/05/2010).
Com base nessa decisão do egrégio Superior Tribunal de Justiça, dou provimento
às apelações.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 6 de agosto de 2018.

DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA


RELATOR

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