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1.Índice
1.Índice 1
2. Aviso 2
3.1 Budismo 2
3.2 Contexto Histórico: Reacção contra o formalismo excessivo do Brâmanismo 3
3.3 Vida do Buda 3
3.4 Duas correntes principais na actualidade – Theravada e Mahāyāna 4
3.5 Tripla jóia 4
4. Quatro Nobres Verdades 5
4.1 A Primeira Nobre Verdade – Sofrimento – Dukkha 5
4.2 A Segunda Nobre Verdade – A aparição do sofrimento – Samudaya 5
4.3 A Terceira Nobre Verdade – A cessação do sofrimento – Nirodha 5
4.4 A Quarta Nobre Verdade – O caminho – Magga 6
4.5 Três Práticas 6
5 Natureza do mundo e dos seres 6
5.1 Tudo está em permanente mudança 7
5.2 Anattā ou doutrina da não-alma 7
5.3 Śūnyatā ou vazio 7
5.4 Objectos Compostos 7
5.5 Três marcas da existência 7
5.6 Cinco skandhas ou agregados que compõem os seres 7
5.7 Quatro alimentos 8
5.8 Seis órgãos sensoriais 8
5.9 Karma 8
5.11 Saṃsāra 9
5.12 Seis Reinos Samsáricos e um modelo psicopatológico por eles formado. 9
5.13 Natureza do Buda 10
5.14 Terra Pura ou Campo Búdico 10
5.15 Frutos Kármicos 10
5.16 Descrição da realidade como fractal 10
5.17 Pensamento e pensador 11
5.18 Ego 11
5.19 Duas formas de verdade 11
5.20 Três níveis de verdade 11
5.21 Identidade universal - Tathātā 11
5.22 Meios hábeis (Upāya) 12
5.23 Zen 12
5.24 Kōans 12
6. Ética (sīla) 13
6.1 Cinco Virtudes ou Pañca-Sīlani 13
6.2 Compromisso com a verdade 13
6.3 Formar as suas próprias opiniões 13
6.4 Não aceitar uma verdade única – parábola da jangada 13
1
6.5 Especulações metafísicas inúteis 14
6.6 Confianças 14
6.7 Natureza igualitária da condição humana 15
6.8 Mettā ou compaixão 15
6.9 Ahiṃsā ou não-violência 15
6.10 Três Aflições ou Kleśās 15
6.11 Cinco impedimentos (Pañca Nīvaraṇāni) 15
6.12 Sete factores de Iluminação (Satta Bojjhaṅgā) 16
6.13 Dez deveres do Rei 16
7. Meditação ou bhāvanā 17
7.1 Samādhi 17
7.2 Vipassanā 17
7.3 Ānāpānasati 17
7.4 Tonglen 18
7.5 Oito Libertações 18
8. Bhūmis e pāramitās 18
8.1 Dez bhūmis ou estádios do boddhisattva 18
8.2 Dez aperfeiçoamentos ou pāramitās 19
8.3 Prajñāpāramitā ou aperfeiçoamento do conhecimento 19
9.Guia de pronúncia 20
10.Bibliografia 22
11.Índice Remissivo 23
2. Aviso
3.1 Budismo
O Budismo é hoje praticado por cerca de 500 milhões de pessoas. É uma religião ou um
sistema filosófico que busca, acima de tudo, a verdade tal como ela é, através da destruição
de várias ilusões nefastas, e o desenvolvimento do potencial de sabedoria, independência,
desprendimento, liberdade e compaixão existente dentro de cada ser, através do
reconhecimento de que a realidade não tem propósito intrínseco e de que somos portanto,
na nossa capacidade de agentes, os maiores responsáveis pela nossa própria libertação.
Penso que se pode dar a metáfora do budista como um computador que se programa a si
próprio, tendo como objectivo aperfeiçoar o seu conhecimento e pôr-se ao serviço de todos
os seres. Os textos e termos budistas derivam das línguas sânscrito, pāḷi, e das línguas
vernaculares dos países budistas, principalmente Mahāyāna. Deu-se preferência neste
trabalho aos termos sânscritos nos conceitos mais ligados ao Mahāyāna, e ao pāḷi nos
ensinamentos mais ligados ao Theravada.
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Os Ocidentais muitas vezes consideram o Budismo como uma doutrina nihilista, afirmação
de que os Orientais geralmente se ressentem, mas que talvez tenha a sua verdade, veja-se
as doutrinas de anattā e śūnyatā, ou então consideram-na como uma doutrina pessimista,
pela sua tónica no sofrimento inerente à condição dos seres vivos. Pelo contrário, a alegria é
um dos sete factores de iluminação que devem ser cultivados. Os budistas afirmam que o
budismo, na sua natureza, não é nem optimista nem pessimista, mas sim realista.
Foi neste contexto que surgiram, mais ou menos ao mesmo tempo, as doutrinas do Budismo
e do Jainismo (diz-se que Buda e Mahāvīra chegaram a encontrar-se). Mais tarde, o
Hinduísmo viria a conhecer uma renascença, passando a incorporar muitos conceitos
provenientes destes dois movimentos heréticos.
Também nesta altura e no contexto dos śramaṇas que se escreveram os Upaniṣads, que
viriam a ser adicionados aos Vedas.
Devemos aqui clarificar o conceito de dhárma (sânscrito) ou damma (pāḷi). Pode significar lei
ou ensinamento, referindo-se aos ensinamentos do Buda; pode significar objectos abstractos
ou mentais; ou pode referir-se a todo e qualquer objecto físico ou abstracto. O Dhárma está
organizado em textos chamados sūtras (sânscrito) ou suttas (pāḷi), de tamanho muito
variável, havendo textos diferentes nas várias tradições budistas.
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4. Quatro Nobres Verdades
São uma sistematização dos ensinamentos principais do Budismo, e versam sobre a dor, o
seu aparecimento, cessação, e o “caminho do meio” que leva à libertação dos seres. As
Quatro Nobres Verdades foram expostas no primeiro discurso do Buda, “A Roda da Lei” ou
Dhamma-Cakkappavattana-Sutta.
Todos os seres vivos nascem, sofrem, e morrem, são impermanentes, sujeitos a mudanças,
imperfeitos, conflituosos, e vazios. Todas estas noções são abarcadas pelo termo dukkha,
que significa mais precisamente “dor” ou “sofrimento”, literalmente “difícil”, opondo-se ao
termo sukkha, “prazer” ou “deleite”, literalmente “fácil”. O budismo reconhece vários prazeres
que se podem obter, tais como o da vida em família, da vida solitária, os prazeres dos
sentidos, da renúncia, dos vínculos e da exterminação dos vínculos. No entanto todos estes
prazeres, por se alterarem e acabarem, são também considerados dukkha. Segundo o
budismo o sofrimento nasce do próprio indivíduo que o sofre.
O dukkha é causado pelo desejo (taṇhā), que produz a re-existência e o devir contínuos. O
taṇhā é definido como uma avidez apaixonada que encontra novos prazeres tanto aqui como
ali. Há três desejos principais: o desejo do prazer dos sentidos, o desejo da existência ou do
devir, e o desejo da não-existência ou da auto-aniquilação. Toda o vínculo a prazeres,
riquezas, pensamentos, e seres é taṇhā e produz sofrimento (dukkha). O mundo é
considerado taṇhādaso, escravo do desejo.
5
do saṃsāra, o ciclo de existências dos seres.
• Compreensão justa
• Pensamento justo
• Palavras justas
• Acção justa
• Meios de existência justos
• Esforço justo
• Atenção justa
• Concentração justa
A prática destes 8 preceitos, por nenhuma ordem particular, leva ao fortalecimento das três
práticas, aos quais estão associados : sīla (conduta ética), samādhi (disciplina mental) e
prajñā (sabedoria).
Os 8 preceitos do Nobre Caminho Óctuplo dividem-se nas três práticas da seguinte forma:
prajñā (sabedoria):
• Compreensão justa
• Pensamento justo
• Palavras justas
• Acção justa
• Meios de existência justos
• Esforço justo
• Atenção justa
• Concentração justa
Nas secções seguintes explora-se a descrição budista da natureza do mundo e dos seres.
6
5.1 Tudo está em permanente mudança
Segundo o Budismo, tudo está em permanente mudança (anicca), não existindo nada de
eterno em nenhum objecto. Assim, não há soluções universais. Compete às pessoas
escolher o melhor caminho de acordo com a situação específica e o seu contexto (ver meios
hábeis), e perceberem que nada garante a estabilidade de um processo. Uma minoria de
Budistas levam esta ideia mais à frente e afirmam que o universo é continuamente criado,
extinto e recriado, em cada ksana, a unidade de tempo mais pequena que se possa imaginar.
A doutrina budista do anattā (pāḷi) ou anātman (sânscrito), forma negativa do termo ātman
(alma) nega a existência de atributos ou elementos eternos, absolutos, ou imutáveis em todo
e qualquer ser ou conceito conhecido. Nega portanto as ideias clássicas de alma, Deus, ou a
existência de seres incondicionados. Se levarmos às últimas consequências esta ideia,
vemos que ela nega o nirvāṇa enquanto estado incondicionado ou transcendente.
Śūnyatā significa, em sânscrito, zero ou vazio. Esta doutrina defende que os seres e objectos
físicos, mentais, e abstractos têm as mesmas características não-discriminatórias do espaço
vazio, aceitando qualquer objecto ou caminho que lhes seja imposto, sem propósito original,
sem essência, natureza intrínseca, criador, ou finalidade, estando para além da perfeita
percepção, conceptualização ou comunicação dos seres, em virtude de serem produzidas
por múltiplas causas inter-relacionadas pelas leis da causa e efeito. A doutrina de Śūnyatā foi
muito desenvolvida por Nāgārjuna e pela escola Mādhyamaka.
Na filosofia do vazio, defende-se que afirmar que as coisas têm propósitos intrínsecos é, não
só um erro fundamental, mas a base de toda uma série de ilusões, vínculos e preconceitos
nefastos sobre as coisas.
7
Aquilo que denominamos “ser” é no budismo considerado como sendo constituído por uma
combinação de energias físicas e mentais em permanente mutação, agrupadas
tradicionalmente em cinco agregados ou skandhas, que são todos vazios, sem finalidade ou
existência intrínseca.
1. Agregado da matéria
2. Agregado das sensações
3. Agregado das percepções
4. Agregado das formações mentais
5. Agregado da consciência
No “Sūtra Coração” defende-se que todos os skandhas são vazios, e que o vazio é o mesmo
que a forma, e a forma o mesmo que vazio.
1. Nutrientes materiais
2. Contacto dos seis órgãos sensoriais (incluindo a mente) com a realidade.
3. Consciência.
4. Volição mental ou vontade
1. Visão
2. Audição
3. Olfacto
4. Gosto
5. Tacto
6. Órgão Mental (que entra em contacto com as ideias – não num sentido platónico)
5.9 Karma
Significa literalmente “acção”. Considera-se também como karma, qualquer vontade, desejo,
ou acção volitiva. No fundo o karma é uma versão da lei da causa e efeito e da
interdependência dos fenómenos. Vários autores apontam o karma como uma causa
eficiente para o nosso auto-aperfeiçoamento. Se não pudéssemos agir, não haveria sentido
em seguir o caminho budista ou outro caminho. O karma condiciona o futuro, dando origem
aos frutos kármicos.
8
e transportada num camião, construído por outros operários numa zona diferente do globo. A
interdependência de todos os objectos é também conhecida como A Rede de Indra na Sūtra
Avataṃsaka. Nesta sūtra, Indra possui uma rede de jóias em que cada uma reflecte todas as
outras. Esta visão de interdependência, que se coaduna perfeitamente com as modernas
concepções da ecologia, é também muito popularizada por Tich Nhat Hanh.
Um tipo especial de origem co-dependente é conhecida como As Doze Ligações (em inglês
The Twelve Links, em sânscrito Nidānas). É o nome que se dá ao ciclo que produz o
sofrimento, tendo origem na ignorância.
5.11 Saṃsāra
É o ciclo de vida e de morte dos seres, ou talvez poderíamos afirmar o ciclo de vida e de
morte dos agentes mutuamente dependentes, acarretando sofrimento. Como já se disse,
Nāgārjuna equacionou nirvāṇa com saṃsāra, verdade última com verdade convencional,
libertação com sofrimento cíclico, afirmando que são indissociáveis.
9
• Preta, ou fantasmas esfomeados, que sofrem de avareza ou cobiça
• Residentes do Inferno, que sofrem de ódio
(Nota: este modelo psicológico é proposto no livro “Le mythe de la Liberté” de Chögyam
Trungpa)
A ideia de “natureza do Buda” (tathāgatagarbha), que não é aceite por todos os Budistas, é
de que em qualquer ser, existe uma semente de iluminação, escondida e indestrutível, não
criada, que dá a todos os seres a possibilidade de se iluminarem, percebendo que a
realidade não tem propósito nem cria discriminações, entrando assim no “corpo de Buda”, a
realidade tal como ela é.
Como parte da sua prática, os seres avançados criam por processos volitivos subtis “terras
puras” em que todas as criaturas possam ser lideradas ao nirvāṇa. Os budas plantam
sementes de bondade que conduzem à libertação de todos os seres, sem discriminação. O
Buda Amitābha está particularmente associado a esta prática. No “Sūtra Diamante” é dito
que não produzir um campo búdico agradável é na realidade produzir um campo búdico
agradável, e que o Buda não se preocupa com estas emanações, porque elas são naturais
como o próprio espaço.
Os seres que desfrutem dos frutos kármicos (os resultados das acções passadas) não se
devem agarrar ao prazer que estes lhes dão. Esta noção é paralela à doutrina hindu da
acção sem desejo, exposta no Bhagavad Gītā.
A Avataṃsaka Sūtra refere que todo o universo está contido num átomo e que num átomo
estão contidas todas as terras do universo. No entanto, tendo em conta o conceito de anattā,
estas manifestações são consideradas como fantasmas ou miragens, o que não acarreta em
si algo de negativo, mas simplesmente a afirmação de que não possuem realidade intrínseca
10
e eterna. Os Budas projectam sem esforço nem cansaço, num único instante, formações
conducentes à libertação dos seres em todas as terras do universo. A realidade também é
comparada às ondas de um oceano: os acontecimentos individuais não podem ser
separados do conjunto dos outros acontecimentos.
Para os budistas, a vida não se move, é movimento. Há pensamento, mas não há pensador.
De forma geral, pode-se afirmar que há acções mas que não há agente discreto.
5.18 Ego
O Buda descreve o ego (a falsa noção da existência de uma identidade intrínseca) como
“solitário, errando ao longe, e envolto em ignorância”.
Esta doutrina considera que existe uma verdade convencional e relativa (samvṛtisatya) e
simultaneamente uma verdade absoluta e objectiva (paramārthasatya). Śāntideva dá uma
boa definição das duas verdades no seu livro Bodhicaryāvatāra, IX:2 : “É aceite que há estas
duas verdades: a convencional e a absoluta. A realidade está para além do alcance do
intelecto. À verdade produzida pelo intelecto dá-se o nome de convencional.” Esta ideia, a de
existir ou não uma realidade absoluta ontologicamente diferente da realidade contingente
experimentada pelos seres, e as suas diferentes interpretações, originou grandes divisões
entre escolas budistas. A escola Sarvāstivāda, por exemplo, defendia que do pondo de vista
do noumena as coisas existiam no passado, presente, e futuro, mas que do ponto de vista
dos phenomena as coisas só existem no momento presente. A escola Mādhyamaka, a que
pertencia o sábio Nāgārjuna, defendia que não se podia afirmar peremptoriamente a
existência ou não-existência dos fenómenos, e que estes eram “vazios” (śūnyatā), sem
identidade intrínseca aparte das condições que os originaram. Entrar na realidade absoluta,
para Nāgārjuna, é então simplesmente reconhecer que a realidade convencional é
meramente convencional e vazia em si própria. A escola Vijñānavāda, por outro lado,
defende que a mente existe por si própria, exterior a causas e condições, e que é o seu
propósito mais elevado observar os seus próprios pensamentos, e que no acto da percepção
há três coisas a actuar, a realidade em si mesma, e duas manifestações desta realidade,
sujeito e objecto, que são unos e indissociáveis. A identificação entre sujeito, objecto e
realidade em si mesma revela a “identidade” ou tathata da realidade. A escola Vijñānavāda
também é conhecida por Yogācāra ou Cittamātra (apenas-consciência).
Essencial para a escola Zen, tathātā representa a completa identificação da realidade como
11
igual a si própria, indiferenciada e sem discriminações a priori, e do sujeito e do objecto como
partes de uma unidade indivisível. Em inglês designa-se geralmente como thusness.
Tathāgata é um epíteto do Buda frequentemente usado e que significa “aquele que vê a
realidade tal como ela é”.
Na Laṅkāvatāra Sūtra, equaciona-se śūnyatā (vazio) com tathātā, insistindo que, quando o
mundo é visto como vazio, é alcançada a sua identidade.
5.23 Zen
Zen é uma palavra japonesa que deriva do sânscrito dhyāna (ou prática meditativa, o último
elemento do Nobre Caminho Óctuplo) e que designa um tipo de budismo Mahāyāna, que põe
a tónica na experimentação directa da realidade, por um processo de transmissão directa de
conhecimento, desprezando a erudição por si só, com o objectivo de apreender a identidade
universal ou tathātā, no uso de mudanças drásticas no meio envolvente para despertar os
alunos, e no uso dos meios hábeis, conduzindo a uma libertação imediata (satori). O mestre
Bodhidharma, que introduziu o Zen na China, descreve o Zen desta forma:
“Uma transmissão especial fora das escrituras, que não se baseia em palavras ou letras,
apontando directamente ao coração da realidade, possibilitando-nos ver a nossa própria
natureza e despertarmos.”
“O Zen foi transmitido directamente pelo Buda e não tem nada a ver com as doutrinas e
escrituras que estão agora a estudar”.
5.24 Kōans
Na tradição Zen, os kōans são afirmações paradoxais ou que aparentemente não têm
sentido, usadas habilmente pelos mestres para confrontar os estudantes e que produzem um
efeito individual em quem as ouve, podendo levar ao nirvāṇa ou ao seu sinónimo japonês,
12
satori, que é instantâneo e não gradual.
6. Ética (sīla)
Em sânscrito, sīla é uma virtude ou um preceito moral. Estes cinco preceitos constituem a
base da ética budista.
1. Não matar
2. Não roubar
3. Não adoptar conduta sexual imprópria
4. Não mentir ou cometer perjúrio
5. Não consumir álcool ou outros intoxicantes
O homem tem um compromisso com a verdade, que é a única coisa que o pode salvar, pois
toda a libertação vem “de dentro” e não “de fora” (do reino dos deuses). O Buda defende que
na vida nada está escondido ou é conhecido apenas em meios esotéricos. Defende também
que uma pessoa forçar-se a crer nalguma coisa é algo altamente negativo, pois a verdade
deve vir naturalmente, por si só. Na hora da sua morte, exortou os seus discípulos a
avançarem com qualquer dúvida que tivessem sobre os seus ensinamentos, mas estes
mantiveram o silêncio.
O homem, como único ser racional e comunicativo, é considerado a criatura mais elevada,
com capacidade de se aproximar da verdade com mais facilidade que as outras. O Buda
exortou as pessoas a fazerem de si próprias o seu próprio refúgio, e a não procurarem
refúgio para além de si próprias. Os homens devem buscar a verdade em várias fontes, e
escolher por si próprios aquilo em que acreditam, formando livremente as suas opiniões em
busca da verdade mais elevada.
Uma vez, um grupo de brâmanes veio ter com o Buda, perguntando-lhe a sua opinião sobre
13
a suposta “verdade absoluta” contida nos antigos escritos védicos. Este respondeu-lhes que
não era conveniente para alguém que protege a verdade, chegar à conclusão de que “Aqui
está a verdade e tudo o resto é falso”. Estar ligado a uma coisa e desprezar outras, é
considerado pelos sábios como um vínculo. Disse depois que o ensinamento é semelhante a
uma jangada, feita para atravessar o rio, descartando-se depois na outra margem, ao invés
de carregá-la às costas quando o rio já foi atravessado. Ou seja, o conhecimento é relativo a
situações específicas e não universal. Na análise desta parábola também se pode considerar
que o respeito pelas opiniões variadas e contingentes das pessoas, fortalecem a verdade
geral. Esta parábola está contida na Alagaddūpama Sutta.
O Buda criticava fortemente a especulação inútil sobre assuntos metafísicos ou que não
podem ser conhecidos, que apenas criavam problemas imaginários. Considerava estas
ocupações como “deserto de opiniões”, “selva de opiniões”, e “vínculo de opiniões”. Conta-se
que um dos seus discípulos, Mālunkyāputta, colocou ao Buda dez questões clássicas sobre
problemas metafísicos, reclamando uma resposta:
1. O universo é eterno, ou
2. Não é eterno
3. O universo é finito, ou
4. É infinito
5. A alma é o mesmo que o corpo, ou
6. A alma é uma coisa e o corpo outra
7. O Buda existe depois da morte, ou
8. Não existe depois da morte, ou
9. Existe e não existe depois da morte, ou
10. É não-existente e não não-existente depois da morte”
O Buda respondeu-lhe que nunca lhe tinha prometido resposta a estas questões e que se
alguém esperasse uma resposta a elas poderia morrer sem ouvir a resposta do Buda. Depois
contou-lhe a parábola de um homem envenenado por uma flecha, que chamou um cirurgião,
mas disse que não deixava retirar a flecha antes de saber informações sobre quem o tinha
ferido: qual a sua casta, nome, família, porte, e morada, e que tipo de arco, corda, pluma, e
ponta de flecha foram utilizados. O Buda disse: “Mālunkyāputta, este homem morreria antes
de saber estas coisas”. Depois explicou que não se pronunciou sobre as questões
apresentadas por não serem essenciais à vida santa, não conduzindo ao desprendimento, à
cessação dos vínculos, e à tranquilidade, remetendo-o para as Quatro Nobres Verdade, que
eram úteis para alcançar estes objectivos.
6.6 Confianças
Para compreender o Budismo (ou a verdade em geral), diz-se que há os seguintes princípios:
confiança no ensinamento e não na pessoa; confiança no significado e não no significado
literal; confiança no ensinamento total e não no ensinamento parcial; confiança no
conhecimento, e não na consciência discriminatória (contingente).
14
6.7 Natureza igualitária da condição humana
“Tal como uma mãe que põe em risco a sua vida para proteger e vigiar a sua única criança,
assim devemos com um espírito sem limites acarinhar todas as coisas vivas, amar o mundo
na sua totalidade, sem limites, com uma bondade benevolente e infinita.”
Estas três aflições (em inglês por vezes traduzido por defilements) são consideradas
impeditivas a um bom estado mental:
• Ódio
• Desejo
• Ilusão
São cinco impedimentos a toda a compreensão clara e a todo o progresso. Estar mergulhado
neles é como não conseguir mais ver o que é bom ou mau, verdadeiro ou falso. São eles:
1. O desejo sensual
2. A má vontade, ódio, ou cólera
3. O torpor
4. A excitação e os remorsos
15
5. As dúvidas cépticas
16
encontram preservados. Nestes documentos lê-se que os homens devem honrar de igual
forma a sua religião e a religião dos outros homens.
7. Meditação ou bhāvanā
7.1 Samādhi
7.2 Vipassanā
7.3 Ānāpānasati
17
seu espírito deverá concentrar-se sobre a inspiração e a expiração. Deve tornar-se
consciente de que movimento está a fazer. Se a respiração for rápida ou lenta, forte ou fraca,
deve tornar-se consciente também disso. Deve tornar-se consciente de todos os momentos
em que o ritmo ou a força da respiração mude.
7.4 Tonglen
8. Bhūmis e pāramitās
18
9. sadhumati – possuindo um bom intelecto
10. dharmamegha – nuvem do ensinamento
E a seguinte a do Mahāyāna:
O prajñāpāramitā defende a teoria de que se deve tentar fazer actos virtuosos (ajudar todas
as criaturas) sem discriminação. Ao fazê-lo, o boddhisattva não deve olhar a sinais “ilusórios”
ou impermanentes como a existência de um ser, pessoas, seres vivos, ou tempo de vida.
Afirma-se também que, onde quer que haja sinais a serem apreendidos, há a possibilidade
de se criar mais ilusões (“Sūtra Diamante”).
No aspecto lógico, também se afirma que qualquer objecto define positivamente a si próprio,
mas também define negativamente o resto do universo, e o resto do universo define
negativamente o objecto em causa. Assim se prova que, também no aspecto lógico, os
19
objectos não podem ser separados do contexto ou do universo em que se encontram.
(origem co-dependente)
9.Guia de pronúncia
20
(Retirado de Walpola Rahula, L’enseignement du Bouddha)
21
10.Bibliografia
Sūtras:
• Thich Nhat Hanh, The Diamond that Cuts Through Illusion, Berkeley, Parallax
Press, 2010, ISBN 978-1-935209-44-7
• Thich Nhat Hanh, The Heart of Understanding, Berkeley, Parallax Press, 2009, ISBN
978-1-888375-92-3
• F. Max Muller, The Dhammapada and the Sutta-Nipata, Forgotten Books, 2007,
ISBN 978-1-60506-110-8
• Burton Watson, The Vimalakirti Sūtra, New York, Columbia University Press, 1997,
ISBN 978-0-231-10657-3
• Gene Reeves, The Lotus Sūtra, Boston, Wisdom Publications, 2008, ISBN 0-86171-
571-3
• Thomas Cleary, The Flower Ornament Scripture: A Translation of the Avataṃsaka
Sūtra, Boston, Shambhala Publications, 1993, ISBN 978-0-87773-940-1
Comentários vários:
Zen:
• Shunryu Suzuki, Zen Mind, Beginner's Mind, Boston, Shambhala Publications, 2011,
ISBN 978-1-59030-849-3
• Thich Nhat Hanh, Zen Keys, Garden City, Doubleday & Company, 2005, ISBN 0-385-
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• Red Pine, The Zen Teaching of BodhiDhárma, New York, North Point Press, 1989,
ISBN 978-0-86547-399-7
• John Blofeld, The Zen Teaching of Huang Po, New York, Grove Press, ISBN 978-0-
8021-5092-9
Meditação Vipassanā:
Vajrayāna:
22
• Garma C.C. Chang – The Hundred Thousand Songs of Milarepa, Boston,
Shambhala Publications, 1999, ISBN 978-1-57062-476-6
• Chögyam Trungpa, Le mythe de la liberté, Paris, Éditions du Seuil, 1979, ISBN 2-02-
005146-x
• Dalai Lama e Jean-Claude Carriére, A Força do Budismo, Lisboa, Difusão Cultural,
1995, ISBN 972-709-245-4
• Fabrice Midal, Mitos e Deuses Tibetanos, Lisboa, Temas e Debates, 2002, ISBN972-
759-393-3
Na internet:
• www.wikipedia.org
11.Índice Remissivo
23
Śuddhodana ............................................. 3 Tripla jóia...................................................4
śūnyatā ......................................... 3, 11, 12 Upāya................................................12, 19
Śūnyatā..................................................... 7 Vajrayāna ......................................4, 19, 22
Sūtra Coração........................................... 8 vazio.................................... 7, 8, 11, 12, 18
Sūtra Diamante............................. 7, 10, 19 Vedas ........................................................3
taṇhā......................................................... 5 Vijñānavāda ...................................... 10, 11
tathāgatagarbha...................................... 10 Vipassanā..........................................17, 22
Terra Pura ............................................... 10 Yasodharā .................................................3
Theravada....................................... 2, 4, 19 Zen .......................................... 4, 11, 12, 22
Tonglen ................................................... 18
5ª revisão – 23-10-2011
24