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RESUMO
1
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo da FACC - Faculdade Concórdia.
E Mail: fjosi471@gmail.com
2
Acadêmico do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo da FACC - Faculdade Concórdia.
Email: matheusf.kutzke@gmail.com
3
Professor do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo da FACC - Faculdade Concórdia.
Email: thiago.lanziotti@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
Levando em consideração a natureza humana, segundo Rodrigo Pereira dos
Reis (2016) “é possível passar uma vida inteira sem nunca ter dirigido ou entrado em
um automóvel. Sem andar, não”.
Reis (2016) explica que andar é acionar os cinco sentidos, estabelecendo
uma relação direta com a cidade. Sendo assim não há forma melhor de fomentar o
urbanismo sustentável do que incentivando as pessoas se deslocarem a pé e
conhecerem melhor os locais onde vivem.
Entretanto, ao longo dos anos as pessoas pararam de caminhar a pé, isso se
deu principalmente por conta das cidades negligenciaram esta modalidade de
deslocamento. Conforme explica Lincoln Paiva (2017) “As cidades se tornaram
extremamente voltada para automóveis, e o pedestre deixou de ser prioridade. Com
isso, a cidade não faz nenhum sentido para as pessoas, onde as distâncias ficaram
mais longas, inseguras e inacessíveis”.
O artigo tem como finalidade básica alertar sobre as dificuldades de
locomoção nas calçadas das cidades, fato que muitas vezes é considerado uma
aventura, principalmente para pessoas com deficiência, idosos, mães com carrinhos
de bebês e etc. Reis (2016), explica que “por causa disso, tem gente que às vezes
até prefere não sair de casa. Pedestres em geral são sistematicamente
desrespeitados no Brasil”.
Sobre tudo isso, ainda ressalta-se a importância do pedestre ter
conhecimento de qual é seu direito de espaço nas cidades, tal como a infraestrutura
e os equipamentos que compõem uma calçada, os recuos necessários para que o
passeio público tenha a largura adequada.
O artigo também busca retratar formas e incentivos para que a
caminhabilidade seja despertada nas pessoas, pois quanto mais pessoas nas ruas
caminhando, menos provável é acontecer um crime, além de que o deslocar-se “a
pé” é o que faz o pedestre respirar menos poluentes. Além disto, as cidades
incentivando menos uso do automóvel e mais caminhada, reduzem
consideravelmente o número de poluentes no ar, tornando-se mais limpas e
aumentando a expectativa de vida das pessoas.
2 ZONAS HÍBRIDAS E O ESPAÇO DO PEDESTRE
Além da qualidade física das calçadas, observa-se também a necessidade da
mesma ser uma ferramenta de ampliação da vitalidade urbana. Estes espaços
específicos são chamados de Zonas Híbridas por Sander van der Ham e Eric van
Ulden no livro “Cidade ao Nível dos Olhos”, para eles “um banco ou vasos, plantas e
outros objetos pessoais, colocados no que parece ser a calçada, criam uma zona de
transição sutil, a zona híbrida”.
Além dos aspectos físicos das zonas híbridas, é possível verificar aspectos
sociais. Apropriar-se da zona híbrida ou reivindicá la traz charme à rua. Ela se torna
personalizada e, na verdade, parece que ela pertence a alguém. Esse
“pertencimento” tem impacto no ambiente social imediato através da possibilidade de
identificação social. (Ham e Ulden, 2015)
Contextualizando a respeito da caminhabilidade, tem-se a percepção de que
a criação de zonas híbridas é de suma importância para a calçada tornar-se muito
mais atrativas para os pedestres, conforme mostra a Figura 01. Sendo assim, parte
principalmente do poder público a iniciativa de permitir que as pessoas em áreas
residenciais e comerciais se apropriem da calçada sem atrapalhar o fluxo da mesma.
Figura 04 - Exemplo de Zona Híbrida.
Outro item indispensável que devem estar presentes nas calçadas para
garantir o ir e vir em segurança de todos os pedestre, são as rampas de
rebaixamento de calçada, que devem estar juntas às faixas de travessia de
pedestres. É um recurso que facilita a passagem do nível da calçada para o da rua,
melhorando a acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida, como
cadeirantes, e também pais com carrinhos de bebê, ou carrinhos de mão em geral.
Rebaixamentos devem estar em cor contrastante com a do piso. Largura de
0,25 a 0,50m, afastada 0,50m do término da rampa como representado na figura 03.
Figura 03: - Rebaixamento de calçadas.
Fonte: - Site The City Fix Brasil (2017)
Esta cidade atual não quer saber de ninguém flanando por suas ruas.
Banimos o andar prazeroso em nossos centros urbanos. Passeios
bloqueiam passos ou são expulsos. A falta de uma padronização
estabelecida pelo poder público e a falta de educação urbana dos donos de
imóveis responsáveis pelas calçadas se conjugam para atrapalhar os
pedestres. Principalmente, idosos e deficientes físicos, para os quais
quedas podem ser um tremendo problema.
Dentro da temática abordada este fato implica principalmente em como as
pessoas são impedidas de contemplar a cidade enquanto andam. Ou seja, não
podem apreciar a paisagem física ou humana, a arquitetura, olhar a cidade no plano
mais íntimo e sensível, que conforme citado no início do texto, isso só pode ser
propiciado ao andar a pé. Risiero (2018)
Uma pesquisa realizada pelo site The city Fix Brasil, a pesquisadora Priscila
Pacheco (2017), afirma que “boas condições de caminhabilidade contribuem para a
saúde e o bem-estar das pessoas”, sendo assim, algumas pessoas optam e sentem
mais prazer em caminhar do que outras, e os fatores que determinam isso podem ir
além da escolha pessoal, sendo em muitos casos, os níveis de caminhada no dia a
dia são determinados pelo desenho urbano. A maneira como as ruas e bairros são
traçados ultrapassa questões estéticas ou de planejamento e afeta diretamente o
estilo de vida, a saúde, a prática de atividade física e o bem-estar de quem mora ou
frequenta cada área da cidade, a mesma pesquisa ainda relata que espaços
urbanos mais convidativos despertos o desejo de permanecer por mais tempo ao ar
livre, quanto mais conectado e dotado de áreas verdes for um bairro, maiores
tendem a ser os índices de caminhabilidade e, consequentemente, de atividade
física e sensação de bem-estar.
Segundo a pesquisadora Priscila Pacheco (2017), em sua pesquisa diz que:
3.2 Poluição do ar
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Morar numa casa é morar numa rua. Morar numa rua é poder andar por ela.
Mas hoje, quando as pessoas falam de mobilidade urbana, dificilmente se lembram
dos pedestres. No entanto, precisamos de meios e modos que nos permitam andar a
pé pela cidade. Riserio (2018)
Segundo Ghidini (2010), os espaços públicos estão, cada vez mais, sofrendo
com degradação, em muitos casos, causados pela circulação de modais de
transporte individual, que por sua velocidade, consumo energético e mesmo massa
e volume, além da poluição atmosférica e sonora afastam a vida social e coletiva
destes locais.
A respeito dos aspectos específicos das calçadas, conclui-se que os fatores
que mais influenciam no deslocamento dos pedestres nas calçadas são a
conectividade dos percursos, o tamanho das distâncias, a disposição do mobiliário
urbano e o estado de conservação das calçadas, além dos espaços de
permanência, apresentados aqui como zonas híbridas.
Assim, recuperar a condição e a escala humana é necessário e urgente para
a humanização das cidades, de seus bairros, praças e, sobretudo, de suas ruas. A
caminhabilidade ou o simples caminhar, como uma atitude, pode recuperar esta
característica fundamental à ecologia urbana, promovendo a equidade e
restabelecendo ao ser humano seu compasso ou seu “timing” que há pouco mais de
um século vem sendo abalado. Ghidini (2010)
Através do estudo da bibliografia aqui levantada, pode-se perceber que os
pedestres e a mobilidade urbana em geral, atualmente vem sendo mais discutidos
inclusive nas redes sociais. No entanto, apesar desta maior relevância dada ao
tema, os meios de transporte motorizados ainda são os que prevalecem na tomada
de decisões para a realização de intervenções urbanas. Isso vai na contramão da
Lei de Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12), que prioriza o uso de
transporte não motorizado, buscando a promoção de cidades sustentáveis,
acessíveis e de qualidade para os cidadãos, como discute Isabela de Cerqueira
(2017).
6 REFERÊNCIAS
HANS, et al. “A Cidade ao Nível dos Olhos, Lições para os Plinths”. Editora
PUC-RS. Porto Alegre, 2015.
“Estudo mostra quem sofre mais com a poluição: ciclista, pedestre, motorista ou
passageiro de ônibus?”. BERTOLINI, Enzo. Disponível
em:<http://vadebike.org/2014/11/pesquisa-ciclistas-poluicao-motoristas-carro-onibus/
> Acesso em 19 nov 2018.