Sei sulla pagina 1di 8

O conceito sociológico de cultura

“O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das noções mais


amplamente usadas em Sociologia. A cultura consiste nos valores de um Foi na Europa, a partir do século
dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que XVIII, que o conceito de cultura
criam. Os valores são idéias abstratas, enquanto as normas são princípios passou a ser associado ao conceito
definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas de civilização. Os pensadores do
representam o «permitido» e o «interdito» da vida social. Assim, a período, preocupados em estudar o
monogamia – ser fiel a um único parceiro matrimonial – é um valor homem e a sociedade, pensavam a
proeminente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras relação entre o conceito de cultura e
culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos
de civilização de maneiras diversas,
simultaneamente. As normas de comportamento no casamento incluem, por
como aponta a filósofa brasileira
exemplo, como se espera que os esposos se comportem com os seus
parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher Marilena Chauí.
devem estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
afinidade; noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias entre : cultura seria definida como
eles.
bondade natural, solidariedade
Quando usamos o termo, na conversa cotidiana comum, pensamos muitas espontânea. A essa ideia positiva de
vezes na «cultura» como equivalente às «coisas mais elevadas do espírito» cultura, Rousseau opunha a ideia
– arte, literatura, música e pintura. Os sociólogos incluem no conceito estas negativa de civilização. O conceito de
atividades, mas também muito mais. A cultura refere-se aos modos de vida civilização era pensado como
dos membros de uma sociedade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a
aprisionamento da bondade humana
forma como se vestem, os costumes de casamento e de vida familiar, as
natural, por meio de regras e
formas de trabalho, as cerimônias religiosas e as ocupações dos tempos
convenções artificiais e exteriores ao
livres. Abrange também os bens que criam e que se tornam portadores de
sentido para eles – arcos e flechas, arados, fábricas e máquinas, homem;
computadores, livros, habitações. Voltaire (1694-1778) e Kant (1724-
A «cultura» pode ser distinguida conceitualmente da «sociedade», mas há 1808) : cultura e civilização
conexões muito estreitas entre estas noções. Uma sociedade é um sistema representavam, ambas, o processo
de inter-relações que ligam os indivíduos em conjunto. Nenhuma cultura de aperfeiçoamento moral e racional
pode existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma sociedade da sociedade.
existe sem cultura. Sem cultura, não seríamos de modo algum «humanos»,
no sentido em que normalmente usamos este termo. Não teríamos uma Hegel (1770-1831) : Compreendida
língua em que nos expressássemos, nem o sentido da autoconsciência, e a em sua relação com a história, a
nossa capacidade de pensar ou raciocinar seria severamente limitada [...]. cultura é definida como o conjunto
organizado dos vários modos de vida
O principal tema deste capítulo e do próximo é, de fato, o da relação entre a
herança biológica e a herança cultural da humanidade. As questões de uma sociedade. Segundo o
relevantes são: o que distingue os seres humanos dos animais? De onde filósofo alemão, a cultura resultaria
provêm as nossas características distintivamente «humanas»? Qual a da forma de ser dos homens
natureza da natureza humana? Estas questões são cruciais para a (“Espírito Mundial”). Assim, a
Sociologia, porque são as bases de todo o seu campo de estudo. Para lhes concepção de cultura estaria
responder, devemos analisar tanto o que os humanos têm em comum como relacionada com as formas como os
as diferenças entre as diversas culturas. homens vão compreendendo,
As variações culturais entre seres humanos estão ligadas a diferentes tipos representando e se relacionando com
de sociedade [...].” os vários elementos componentes de
(A.Giddens – Sociologia, FCG, pp.46-47)
sua existência: o trabalho, a religião,
a linguagem, as ciências, as artes e a

Cultura e Educação
política.

A cultura de uma sociedade é transmitida das gerações adultas as gerações


mais jovens pela educação. Educar, pois, é transmitir aos indivíduos os
valores, conhecimentos, as técnicas, o modo de viver, enfim, a cultura do
grupo.
A cultura é “a vida total de um povo, a herança social que o individuo
adquire de seu grupo. Ou pode ser considerada parte do ambiente que o
próprio homem criou”. (Clyde kluckhohn, Antropologia - um espelho para o homem, pg. 28)
O antropólogo polonês Bronislaw (1884-1942) ensina que a cultura compreende “bens processos técnicos, idéias,
hábitos e valores herdados”.
A aquisição e a perpetuação da cultura são um processo social, não biológico, resultante da aprendizagem. Cada
sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Por isso, a
cultura é também chamada de herança social.
Nas sociedades em que:
Não há escolas, a transmissão da cultura se da através da família ou da convivência com o grupo adulto. Nesse
caso, a educação é assistemática.
Há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos
sociais, nesse caso, a educação é sistemática, isto é, obedece a um sistema, a uma organização previamente
planejada.

Identidade Cultural
Cada povo tem uma cultura própria. Cada sociedade
elabora sua própria cultura e recebe a influência de outras
culturas. Todas as sociedades, desde as mais simples até
as mais complexas, possuem cultura. Não há sociedade
sem cultura, do mesmo modo que não existe ser humano
A cultura de um povo é o conjunto de suas destituído de cultura.
tradições materiais ou imateriais, ou seja:
Desde que nasce, um indivíduo é influenciado pelo meio
social em que vive. A não ser o recém – nascido e os raros
* idéias - conhecimento e filosofia
* crenças - religião e superstição
indivíduos que foram privados do convívio humano, não há
* valores - ideologia e moral pessoas desprovidas de cultura.
* artes - pintura, música, dança, literatura,
A cultura é um estilo de vida próprio, um modo de vida
teatro, cinema...
particular, que todas as sociedades possuem e que
* folclore - festas e rituais típicos do grupo,
estórias, lendas e mitos caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que
* história - lembranças do passado, memória compartilham a mesma cultura apresentam o que se
do povo. chama de identidade cultural.
* normas - costumes e leis
* atitudes - preconceitos, respeito ou desprezo A cultura material consiste em todo o tipo de utensílios,
por velhos ou por crianças ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos alimentares,
* padrões de conduta - violência, pacifismo, tipo de habitação, etc. A cultura material pode influir no
monogamia, tabus... estilo de vida de um grupo. Por exemplo: no interior do
* símbolos - monumentos, bandeira, hinos, nordeste a farinha de mandioca é alimento básico; as
brasões redes são usadas por grande parte das pessoas para
* instituições - família, igrejas, escolas, governo, dormir; as casas são pobres são com barro e folhas de
indústria, comércio, associações, bancos...
palmeiras. Forma-se assim, um modo ou estilo
* lazer - maneira de ocupar o tempo livre e
de se divertir, tipos de esportes praticados fundamentado na cultura matéria da região.
* técnicas - artes e habilidades, tipos de cultivo A cultura não – material ou imaterial abrange todos os
da terra, produção industrial...
aspectos não – materiais da sociedade, tais como: normas
* culinária - tipos de alimentos e maneira de
prepará-los sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes,
* artefatos - instrumentos: machado de pedra, folclore, etc. Por exemplo, a maioria da população
arco e flecha, arado,trator, carroça, automóvel, brasileira segue a religião católica, não há pena de morte
avião, rádio, televisão, computador... na legislação do Brasil e, embora proibido por lei, o
preconceito racial é bastante difundido no país.

Os elementos da cultura
A cultura é um todo, um sistema, um conjunto de elementos ligados estreitamente uns aos outros. Para efeito de
estudo, vamos desmembrá-la em suas partes, seus elementos. Os principais elementos de uma cultura são: os
traços culturais; o complexo cultural; a área cultural; o padrão cultural, a subcultura.
Traços Culturais
Uma idéia, uma crença, representam traços culturais. Um carro, um lápis, uma capa, uma pulseira, um
computador também são exemplos de traços culturais.
Os traços culturais são os elementos mais simples da cultura. Eles são as unidades de uma cultura. É necessário
ressaltar que os traços culturais só têm significado quando considerados dentro de uma cultura específica. Um
colar pode ser um simples adorno para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou religioso.
Para os fiéis das religiões afro–brasileiras, por exemplo, os colares têm usados cores especiais, dependendo da
divindade cultuada pessoas e, de acordo com a crença dão proteção a quem os usa. Portanto, só no conjunto da
cultura é que se pode entender um determinado traço.

Complexo Cultural
A combinação dos traços culturais em torno de uma atividade básica forma um complexo cultural. Por exemplo, o
carnaval no Brasil é um complexo cultural que reúne um grupo de traços culturais relacionados uns com os outros:
carros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, desfile, etc. Da mesma forma, o futebol é um complexo
cultural que pode ser desmembrado em vários traços culturais: o campo, a bola, o juiz, os jogadores, a torcida, as
regras do jogo, etc.

Área Cultural
A religião em que predominam determinados complexos culturais forma uma área cultural. Esta é, portanto, a
área geográfica por onde se distribui uma certa cultura. Assim, os grupos humanos localizados em que determina
área cultural apresentam grandes semelhanças quanto aos traços e complexos culturais.

Padrão Cultural
Padrão cultural é uma norma de comportamento estabelecida pela sociedade. Os indivíduos normalmente agem de
acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem - agem de uma forma estão expressando os
padrões culturais do grupo. No Brasil, por exemplo, o casamento monogâmico é um padrão de nossa cultura.

Subcultura
No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a existência de uma
subcultura. Há regiões do Rio Grande do Sul onde, além dos costumes e valores serem muitas vezes diferentes
dos praticados no restante do país, até a língua principal é o italiano ou o alemão.
Também os jovens apresentam costumes às vezes muito diferentes dos da população adulta, por isso alguns
autores falam de uma subcultura juvenil.
Numa subcultura geralmente encontramos o mesmo elemento da cultura, mas com seus símbolos, suas normas,
sanções e seus valores sociais particulares.

Etnocentrismo
Durante o século XIX os missionários cristãos em África e nas ilhas do Pacífico forçaram várias tribos nativas a
mudar os seus padrões de comportamento. Chocados com a nudez pública, a poligamia e o trabalho no dia do
Senhor, decidiram, paternalistas, reformar o modo de vida dos "pagãos". Proibiram os homens de ter mais de uma
mulher, instituíram o sábado como dia de descanso e vestiram toda a gente. Estas alterações culturais, impostas a
pessoas que dificilmente compreendiam a nova religião, mas que tinham de se submeter ao poder do homem
branco, revelaram-se, em muitos casos, nocivas: criaram mal-estar social, desespero entre as mulheres e
orfandade entre as crianças.
Se bem que o complexo de superioridade cultural não fosse um exclusivo dos Europeus (os chineses do século
XVIII consideraram desinteressantes e bárbaros os seus visitantes ingleses), o domínio tecnológico, científico e
militar da Europa, bem vincado a partir das Descobertas, fez com que os Europeus julgassem os próprios padrões,
valores e realizações culturais como superiores. Povos pertencentes a sociedades diferentes foram, na sua grande
maioria, desqualificados como inferiores, bárbaros e selvagens.

O etnocentrismo é a atitude característica de quem só reconhece legitimidade e validade às normas e valores


vigentes na sua cultura ou sociedade. Tem a sua origem na tendência de julgarmos as realizações culturais de
outros povos a partir dos nossos próprios padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o nosso
modo de vida como preferível e superior a todos os outros. Os valores da sociedade a que pertencemos são, na
atitude etnocêntrica, declarados como valores universalizáveis, aplicáveis a todos os homens, ou seja, dada a sua
"superioridade" devem ser seguidos por todas as outras sociedades e culturas. Adotando esta perspectiva, não é
de estranhar que alguns povos tendam a intitular-se os únicos legítimos e verdadeiros representantes da espécie
humana.

Quais os perigos da atitude


etnocêntrica? A negação da
diversidade cultural humana (como se
uma só cor fosse preferível ao arco-
íris) e, sobretudo os crimes,
massacres e extermínios que a É norma socialmente reconhecida entre nós que devemos cuidar dos
conjugação dessa atitude ilegítima nossos pais e de familiares quando atingem uma idade avançada;
com ambições econômicas provocou os Esquimós deixam-nos morrer de fome e de frio nessas mesmas
ao longo da História. condições. Algumas culturas permitem práticas homossexuais
enquanto outras as condenam (pena de morte na Arábia Saudita).
Depois da Segunda Guerra Mundial e Em vários países muçulmanos a poligamia é uma prática normal, ao
do extermínio de milhões de passo que nas sociedades cristãs ela é vista como imoral e ilegal.
indivíduos pertencentes a povos que Certas tribos da Nova Guiné consideram que roubar é moralmente
pretensos representantes de valores correcto; a maior parte das sociedades condenam esse ato. O
culturais superiores definiram como infanticídio é moralmente repelente para a maior parte das culturas,
sub-humanos, a antropologia cultural mas algumas ainda o praticam. Em certos países a pena de morte
promoveu a abertura das vigora, ao passo que noutras foi abolida; algumas tribos do deserto
mentalidades, a compreensão e o consideravam um dever sagrado matar após terríveis torturas um
respeito pelas normas (valores das membro qualquer da tribo a que pertenciam os assassinos de um
outras culturas Mensagens dos seus.
fundamentais: a) Em todas as
Centenas de páginas seriam insuficientes para documentarmos a
culturas encontramos valores
relatividade dos padrões culturais, a grande diversidade de
positivos e valores negativos; b) Se
normas e práticas culturais que existem atualmente e também as
certas normas e práticas nos parecem
que existiram.
absurdas devemos procurar o seu
sentido integrando-as na totalidade Até há bem pouco tempo muitas culturas e sociedades viviam
cultural sem a qual são praticamente fechadas sobre si mesmas, desconhecendo-se
incompreensíveis, c) O conhecimento mutuamente e desenvolvendo bizarras crenças acerca das outras.
metódico e descomplexado de
culturas diferentes da nossa permite- Os europeus que viajaram para as Américas no século XVI
nos compreender o que há de acreditavam que iam encontrar gigantes, amazonas e pigmeus, a
arbitrário nalguns dos nossos Fonte da Eterna Juventude, mulheres cujos corpos nunca
costumes, torna legítimo optar, por envelheciam e homens que viviam centenas de anos. Os índios
exemplo, por orientações religiosas americanos foram inicialmente olhados como criaturas selvagens
que não aquelas em que fomos que tinham mais afinidades com os animais do que com os seres
educados, questionar determinados humanos. Paracelso, nunca lá tendo ido, descreveu o continente
valores vigentes, propor novos norte-americano povoado por criaturas que eram meio homens
critérios de valoração das relações meio bestas. Julgava-se que os índios, os nativos desse continente,
sociais, com a natureza, etc. eram seres sem alma nascidos espontaneamente das profundezas
da terra. O bispo de Santa Marta, na Colômbia, descrevia os
indígenas como homens selvagens das florestas e não homens
A defesa legítima da diversidade dotados de uma alma racional, motivo pelo qual não podiam
cultural conduziu, contudo, muitos assimilar nenhuma doutrina cristã, nenhum ensinamento, nem
antropólogos atuais a exagerarem a adquirir a virtude.
diversidade das culturas e das
sociedades: não existiriam valores (Anthony Giddens, Sociology, Polity Press, Cambridge, p. 30)
universais ou normas de
comportamentos válidos
independentemente do tempo e do
espaço. As valorações são relativas a
um determinado contexto cultural, pelo que julgar as práticas de uma certa sociedade, não existindo escala de
valores universalmente aceite, seria avaliá-los em função dos valores que vigoram na nossa cultura.

Cairíamos de novo, segundo a maioria dos antropólogos, nessa atitude dogmática que é o etnocentrismo.
(RODRIGUES, Luís (2003). Filosofia 10.º ano. Lisboa: Plátano Editora.)
Processos Culturais
Mudança Cultural : trata-se de qualquer alteração na cultura, em parte ou no todo. O ritmo da mudança depende da aceitação
do grupo. A mudança pode vir de dentro do próprio grupo quando há uma descoberta, uma invenção, por exemplo. A
descoberta do ouro em Minas Gerais na metade do século XVIII e toda a mudança cultural nas cidades que hoje conhecemos
como cidades históricas de Minas; o automóvel e a mudança cultural na sociedade americana. A causa da mudança também
pode vir de fora do grupo. Portugueses “conquistam” o Brasil e provocam enormes mudanças culturais entre os nativos.
Estagnação e aceleração cultural: depende do isolamento ou do contato com outras culturas. Numa sociedade primitiva,
isolada na selva, a mudança cultural é muito lenta e quase imperceptível aos olhos do observador “civilizado”. Aproxima-se da
estagnação cultural. Em nossa sociedade moderna ocidental, uma circulação tão rápida da informação provoca mudanças
culturais de forma bem mais acelerada. Tudo passa depressa. Há influência mútua da moda, dos costumes e das instituições de
povos diferentes. Voltamos à máxima do filósofo do movimento: “Tudo muda, nada permanece” Na sociedade informática
vivemos a síndrome da obsolescência! (lembre-se do vídeo A História das coisas, que foi exibido e trabalhado em sala) Tudo
perde a atualidade, fica obsoleto, de um dia para outro. A busca desenfreada do carro ou do aparelho eletrônico do último tipo
comprovam essa afirmação. Com algumas semanas de uma propaganda bem feita, a GM recebeu mais de 100 mil pedidos de
um carro (Corsa), que até então conseguia fabricar apenas 3 mil unidades por mês. E há pessoas pagando até 4 mil dólares de
ágio para ter o “carro do momento”.
Declínio Cultural: quando um povo perde sua memória e esquece muitos elementos de sua cultura. O negro escravo no Brasil
que perde o contato com suas raízes e se afasta de sua cultura está vivendo um processo de declínio. Justamente por isso é que
existem movimentos de “resistência” para não perder sua identidade cultural. No caso dos negros no Brasil, esses movimentos
são muito fortes principalmente na Bahia. As minorias em terras estrangeiras se reúnem para não perder suas tradições. Isso é
resistência cultural.
Empréstimo Cultural: isso se dá quando se importa elementos culturais de outros povos. Nosso Papai-Noel, a neve nos cartões
e árvores de Natal, A coca-cola, o Rock, o uso do Jeans, são todos empréstimos culturais.
Eliminação seletiva: um traço cultural novo entra em
competição com os mais antigos. O que for mais forte
acaba vencendo, num processo de seleção. Assim, o Na década de 50, no Mato Grosso, os Xavantes estavam
automóvel substitui a liteira e a carruagem, a lâmpada ameaçados de extinção, acossados por fazendeiros, que lhes
elétrica substitui a lamparina à querosene. moviam verdadeira guerra, e pelas doenças que os brancos
Integração cultural: é o desenvolvimento progressivo lhes transmitiam. Missionários salesianos, bem
de ajustamento cada vez mais completo, entre os vários intencionados, fundaram a Missão de São Marcos para
elementos que compõem a cultura total de uma defender a vida do índio. O tempo se passou, e o
determinada sociedade. Por isso, se diz, por exemplo, missionário defendeu a VIDA do índio, mas destruiu sua
que o Brasil, esse imenso território, que abriga tantas CULTURA. Os rituais de iniciação dos garotos passaram a
culturas e subculturas diferentes, precisa fazer um ser concentrados no internato dos padres, na missão, ao
esforço muito grande para promover a sua integração lado da aldeia. Os índios conheceram um Deus diferente e
cultural, buscar sua identidade cultural. Integração não sua religião se enfraqueceu. Começaram a usar roupa e a
significa nivelamento entre culturas diferentes dentro do malícia se estabeleceu entre eles. Nossa concepção de
mesmo território. Significa, sim, o enriquecimento tempo foi imposta a eles: semana de sete dias, com folga
através da troca e do respeito mútuos. aos domingos, horas e minutos. O relógio passou a ser para
eles um presente cobiçado. Os pequenos aprendem a falar
Difusão cultural: é um processo, na dinâmica cultural,
português e sua língua deixa de ser a única. O poder do
em que os elementos (traços) ou complexos culturais se
cacique se enfraquece, diante dos missionários. E, o que
difundem de uma sociedade para outra. A expansão do
dizer, então, do pajé? Entra a idéia de pecado,
império Romano no Oriente ou do cristianismo entre os
desconhecida dos xavantes. E a propriedade privada, coisa
“bárbaros” são exemplos clássicos de difusão cultural.
de brancos, começa a perturbar o relacionamento entre os
Portugueses e Espanhóis, na era das conquistas, também
membros da tribo.
difundiram sua cultura pelo mundo. Os povos dominados
nunca mais foram os mesmos. Hoje, essa difusão cultural
toma proporções universais, através dos meios de Salvou-se o índio, mas o indígena está
comunicação de massa. Vivemos um processo de morto!
mundialização. É o que Renato Ortiz chama de
MODERNIDADE MUNDO.1 Um executivo alemão não se A colisão entre uma Cultura dominante econômica e
sente bem na China... quando chega a Hong Kong, está politicamente, melhor articulada em termos de
em casa. Há uma mobília familiar que o rodeia: hotéis, comunicação, e uma cultura mais “fraca” tende a se
restaurantes, táxis, Sony, Ford, Phillips, Nabisco... Uma transformar num processo de imposição cultural. O mais
jovem americana viajou para o leste europeu, nos fraco é destruído.
tempos da abertura econômica daqueles países. Sua
mãe, aflita, liga para a filhinha: "Que saudades, filha.
Como você está se virando num lugar tão estranho,
costumes diferentes...?" E toda aquela ladainha de mãe. A filha a tranqüilizou: "Estou super bem, estou num lugar ótimo. Aqui
em frente ao prédio tem um McDonald..." A mãe, aliviada, cortou a conversa: "Então você está em casa, minha filha !" Nossa
casa é o mundo, há uma cultura desterritorializada: o projetista é de um país, quem financia o projeto é outro, monta-se em
outro lugar com peças fabricadas em várias partes do mundo. Qual a nacionalidade desse carro ? E o filme “americano”? O
jeans era a moda de ricos que compravam ranchos para reviver a aventura do oeste (duke ranch), década de 30. Hoje, é moda
no mundo.
Aculturação: é a fusão de duas ou mais culturas diferentes que, entrando em contato contínuo, provocam mudanças nos
padrões de comportamento de todos os envolvidos. É um processo de troca. A cultura brasileira, por exemplo, resultou da fusão
das culturas européia, africana e indígena. A troca é desigual, quando uma cultura se sobrepõe às outras, por ser dominante
econômica e politicamente. Em termos religiosos, essa troca é chamada de sincretismo religioso. Caso típico desse
sincretismo são os cultos afro-brasileiros, onde há mistura de elementos católicos com tradições africanas.

1
Renato ORTIZ, Mundialização e Cultura. S.Paulo, Brasiliense, 1994.
TEXTOS PARA LEITURA E DISCUSSÃO EM SALA

Texto 1: Livre!!!!!
Decidi renunciar a civilização e seus descontentamentos... Deixo minhas posses para a financeira... Minha conta
bancária para o imposto de renda... Meu seguro de vida e meu exemplo para minha família... Minhas dívidas para
a prosperidade... Rasgarei em ato público, minha carteira de identidade... minha carteira profissional... meu
passaporte... meu atestado de vacina... minha licença de motorista... meu título de Eleitor e meu Cartão do
Touring.

Peço que minha carteira do INSS e meu cartão de CPF sejam queimados e as cinzas espalhadas pelo vento. Que
meu nome seja sumariamente riscado de todos os cadastros. Depois de mais de 1 milhão de anos, volto para
minhas origens de onde nunca deveria ter saído. Empenhe-se meu relógio e leiloe-se minha coleção da PLAYBOY.

Há um resto de Ballantine, naquele armário da sala de jantar que deve ser dividido entre os amigos depois que
eu me for... Meus Vinhos para o Povo!!! Do guarda-roupas levo apenas o suficiente para chegar, com um mínimo
de recato, até Manaus... Depois...a Nudez e a Selva... Queime-se minhas roupas de festa.

Meus livros? queime-se todos... Não... Vou precisar de alguma coisa para ler no avião... melhor deixar um policial
qualquer, não quero nem saber o título... não, esse não... melhor levar todos os livros, isso.

Vou desaprender a ler assim que me instalar na minha clareira na Amazônia. Começarei com a CRÍTICA DA
RAZÃO PURA, é irei desaprendendo até a cartilha.

Só serei LIVRE quando Eva...Uva...e Vovó não significarem mais nada além de riscos pretos numa página branca,
e aí queimarei a página. Com quê? é bom levar fósforo, não sei se vou conseguir fazer fogo por fricção. Aliás, tem
um livro aí que ensina a sobreviver na Selva, esse é melhor guardar.

Vão pedir meus documentos para embarcar no avião... E se eu dissesse, simplesmente "Sou um Ser Humano,
sem nome e sem número e meu único documento é essa cara honesta"?... me prendiam... Levo a carteira de
identidade, pronto... A última concessão... depois a LIBERDADE... Já sei!!! Vou de carro...sem parar...
desbravarei matas e pradarias com o meu terrível GOL.

O meu Adeus à Engenharia Alemã... Irei largando peças e acessórios pelo caminho... me despindo
simbolicamente, de camadas de lataria e CIVILIZAÇÃO.

Chegarei a SELVA montado num esqueleto de máquina, que enferrujara lentamente na umidade enquanto eu
reaprendo a andar sobre os dois pés nus. O homem, que sobreviveu ao dinossauro, certamente sobreviverá ao
VolksWagem... Agora me dei conta de que vai ter espinhos no chão e coisa pior... melhor levar um estoque de
sandálias para os primeiros anos... com o tempo aprendo a fazer calçados de casca de ...de...como é mesmo que
se chama aquilo? ahhh!!! de árvore.

A roupa de couro de animal... mas pra começar levarei sandálias de borracha. E, quem sabe, um bom
impermeável... Outra coisa...para ir de carro, vou precisar de dinheiro para a comida, gasolina e pneus, e minha
licença de motorista... e por vias das dúvidas a carteira do Touring para o socorro de urgência... Então vamos
ver: livros, fósforo. licença, touring, sandálias, dinheiro...e só!!! Nada mais.
Abaixo o SUPÉRFLUO.

Queime-se o resto... Vivi milhares de anos sem máquinas e roupa feita e posso fazer o mesmo outra vez... me
bastam os dentes, o dedão opositor e a imaginação... Vou precisar de relógio, claro. E uma bússola para me
orientar na SELVA, até aprender a ler a direção nas Estrelas e cheirar o Vento... depois de cultura me bastará o
olfato;

Uma machadinha, um facão, uma lanterna e um estoque de pilhas até que eu comece a enxergar no escuro... Um
canivete suiço e nada mais. LIVRE... Em dois dias terei aberto a minha CLAREIRA e estarei pronto pra construir
minha casa (anota ai): pregos, serra e martelo, corda não precisa, tem cipó. (Pelo menos nos filmes tem...)...
LIVRE!!!! SELVAGEM e LIVRE!!!

Só comerei o que caçar e pescar com as próprias mãos. Beberei a água pura das nascentes. Cozinharei a carne e
o peixe em espeto de pau-brasil. Vou precisar de sal. Não gosto de mandioca...levo farinha pronta. Umas latinhas
de ervilha, presuntada, salsicha, leite em pó...um patêzinho ...e, muito importante, um abridor de lata. Puxa...e
cerveja...é indispensável... umas 20 caixas de cerveja.

E nada mais... abdico do mundo e da sua história. Começo tudo de novo do marco zero. Um Homem com sua
fibra e o seu poder criador. Só voltarei a civilização se precisar de dentista. Outra coisa pra levar: rede de
mosquito. Viverei nú, em contato direto com a Natureza... precisamos nos reintregrar na natureza. Não posso me
esquecer de levar Band-aid.

Contarei os dias pela passagem do Sol e os meses pelas fases da Lua. Aparelho de barbear, lâminas, loção... Me
banharei na chuva...sabonete...tesourinha de unha. Dormirei nas forquilhas das arvores milenares, embalado
pela Brisa da Floresta Primaveril. Aspirina...pomada contra assadura, já ia me esquecendo...

Meu Deus...como vou receber e responder meus e-mail? ...levo o micro todo... Nossa!!! será que lá tem cobra???
LIVRE!!!
Mas não esquecendo uma TV Portátil....hehehehehe... Num posso perder a NOVELA!!!!

Luiz Fernando Veríssimo


Texto 2: O Doutor e o Caboclo
Era um doutor, deste metidos a sebo, que por ser doutor, pensa que tem o rei na barriga e gosta de pisar nos
mais humildes. Estava na margem de um rio paraense, desejando passar para a outra margem. Acercou-se de
um caboclo e falou:
- Caboclo, eu quero passar para a outra margem. Qual é a tua canoa?
Nem ao menos perguntou se o caboclo podia ou não atravessá-lo. Falou imperativamente e o pobre caboclo
indicou com um trejeito na boca a direção onde estava sua montaria, onde o doutor embarcou. A bem da
verdade, não sei se o doutor era de curar, de leis ou de construir. Sei apenas que era um doutor metido a besta e
que gostava de humilhar os outros. Mal a pequena embarcação desatracou, começou a espicaçar o pobre caboclo.
Ele, o doutor, sabia muito bem que o caboclo não tinha instrução.
Mesmo assim, falou:
- Caboclo, tu és formado em quê?
- Cumantão, dotô? Formado? O que é isto?
- Que faculdade tu cursaste?
- Ara, mas, doto. Eu não cursei 'facurdade' nenhuma. Mas, ara...
- Então perdeste dez anos de tua vida. Mas fizeste o segundo grau, não?
- Mas, quar, dotô. Num fiz não, isto nem tem pros meus lados...
- Perdeste mais dez anos de tua vida. Pelo menos cursastes o primeiro grau?
- Não, seu dotô. Mas quando, antão?
- Perdeste mais dez anos de tua vida...
O caboclo fez as contas - isto ele sabia fazer - e viu que já tinha perdido trinta anos da vida dele. Olhava o doutor
com admiração, mas ao mesmo tempo já chateado de tanto estar perdendo anos de sua vida por não ter
estudado... E o doutor, implacável, fez ainda mais uma pergunta:
- Mas, caboclo, pelo menos tu sabes ler e escrever?
- Sei, não, dotô. Eu 'su anarfabeto' de pai e mãe...
- Pois perdeste mais dez anos de tua vida...
Já eram quarenta anos que o caboclo perdia. Estavam bem no meio do rio. Neste momento a canoa começou a
fazer água rapidamente e mais rapidamente a afundar. Aí o caboclo perguntou para o doutor:
- „Dotô, o sinhô sabe nadá?'
- Não... Não...
Disse o doutor apavorado.
- Pois antão, doto, o senhor perdeu a sua vida toda...!
E saiu nadando em direção à margem, enquanto o doutor morria afogado, com toda a sua soberba.

BRASIL. GOVERNO FEDERAL. Lei n0 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CEB n 15/98. Diretrizes Curriculares
Nacionais Para o Ensino Médio

CHAUI, Marilena. Cultura e Democracia. O discurso competente e outras falas. São Paulo, Editora Moderna, 1984.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1988.

FERNANDES, Florestan. “ O Ensino da Sociologia na Escola Secundaria Brasileira.” In: Idem. A Sociologia no Brasil.
Petrópolis, Vozes, 1977.

GADOTTI, Moacir. Uma escola para todos. Petrópolis, Vozes, 1990.

MARX, K. e ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. São Paulo, Vozes, 1983.

MORAIS, Régis. A sala de aula, que espaço é este? São Paulo, Papirus, 1984.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Editora Ática, 1997.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo, Cortez e Editora e Autores Associados , 1984.

SEVERINO, Joaquim Antônio. Metodologia do trabalho científico. São Paulo, Editora Atlas, 1990.
01. (UFU-2003) Na questão abaixo, 02. (UESP-2004) Analise o texto abaixo:
aparecem duas afirmativas ligadas pela
expressão UMA VEZ QUE. “Durante a colonização do Brasil, ocorrem
"As diferenças de comportamento entre pessoas intensos contatos entre a cultura do colonizador
de sexos diferentes são determinadas por fatores português e as culturas dos povos indígenas e dos
biológicos africanos trazidos como escravos. Como
UMA VEZ QUE consequência desse contato, ocorreram
as atividades atribuídas às mulheres em uma modificações na cultura dos brancos - que
cultura não podem ser atribuídas aos homens em assimilaram muitos costumes das outras - e
outra". também nas culturas indígenas e africanas - que
foram dominadas e perderam, grande parte de
Marque sua resposta de acordo com o código. suas características”
a) Se as duas afirmativas forem verdadeiras e a
segunda explicar a primeira. Baseado neste fragmento, responda: Como é
b) Se as duas afirmativas forem verdadeiras e a denominado o processo de contato e mudança
segunda não explicar a primeira. cultural que resultou a cultura brasileira:
c) Se as duas afirmativas forem falsas. a) Aculturação.
d) Se a primeira afirmativa for falsa e a segunda b) Marginalidade Cultural.
verdadeira. c) Complexo Cultural.
e) Se as duas afirmativas forem verdadeiras. d) Herança Cultural.
e) Traços culturais.
03. (UEL/2003) O etnocentrismo pode ser
definido como uma "atitude! 04. (Oficina, Ufpa, 2004) Leia o verso da
emocionalmente condicionada que leva a música Belém, Pará, Brasil", de Mosaico de
considerar e julgar sociedades culturalmente Ravena e marque a alternativa que melhor
diversas com critérios fornecidos pela interpreta a frase em negrito:
própria cultura. Assim, compreende-se a
tendência para menosprezar ou odiar (...) "Aqui a gente toma guaraná / quando não
culturas cujos padrões se afastam ou tem Coca-cola / chega das coisas da terra / o que
divergem dos da cultura do observador que é bom vem lá de fora / deformados até a alma /
exterioriza a atitude etnocêntrica. (...) sem cultura e opinião / o nortista só queria /
Preconceito racial nacionalismo, preconceito fazer parte da nação./(...)
de classe ou de profissão, intolerância
religiosa são algumas formas de a) sem voz e consideração.
etnocentrismo". b) sem organização, planejamento.
(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto c) sem consciência nacional.
Alegre: Editora Globo, d) sem participação na política partidária.
1970. p. 125.)', e) perdas de traços culturais.
Com base no texto e nos conhecimentos de
sociologia, assinale a alternativa cujo 05. (Vestibulinho-2005) Os homens são
discurso revela uma atitude etnocêntrica: iguais em termos ‘biológicos’, e diferentes
a) A existência de culturas subdesenvolvidas quanto a sua cultura, assim pode-se afirmar
relaciona-se á presença, em sua formação, de que todos os homens:
etnias de tipo incivilizado. a) Se alimentam e o fazem do mesmo modo em
b) Os povos indígenas possuem um acúmulo de termos culturais.
saberes que podem influenciar as formas de b) Riem, mas o fazem de maneiras diferentes por
conhecimentos ocidentais. motivos simbolicamente diversos.
c) Os critérios de julgamento das culturas c) Apresentam explicações análogas para os
diferentes devem primar pela tolerância e pela mesmos fatos em qualquer parte do mundo e em
compreensão dos valores, da lógica e da dinâmica qualquer época.
própria a cada uma delas. d) Comportam-se como se .formassem um
d) As culturas podem conviver de forma complexo cultural equivalente.
democrática, dada a inexistência de relações de e) Usam símbolos para se comunicarem entre si e
superioridade e inferioridade entre as mesmas. em todas as culturas as formas de sentir, pensar
e) O encontro entre diferentes culturas propicia a e agir são semelhantes.
humanização das relações sociais, a partir do
aprendizado sobre as diferentes visões de mundo.

Potrebbero piacerti anche