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A arquitetura e o Urbanismo modernos:

Reflexão sobre a supressão de ornamentos, popularização, acertos e equívocos.

A arquitetura e o Urbanismo modernos são frutos de um contexto histórico ímpar,


conformado por diversos fatores filosóficos e tecnológicos que culminaram em um
movimento projetual que ainda impacta diretamente a contemporaneidade. Hoje,
passado aproximadamente um século desde os indícios do que veio a ser o
modernismo, torna-se mais consistente o seu legado para uma análise e reflexão, a
respeito da sua contribuição com a sociedade contemporânea, seja essa contribuição
material ou imaterial, isto é, uma contribuição metodológica extremamente relevante.

O pensamento científico cartesiano tem uma forte relação com a corrente modernista.
René Descartes defendeu, no século XVII, a importância do método para o triunfo da
razão, e um positivismo no qual o homem deve dominar e controlar a natureza à sua
vontade, de forma que o conhecimento científico viesse a se tornar superior e
impositivo ao caos da natureza.

Posteriormente, com a revolução industrial, o homem teve ainda mais convicção do


poder emancipatório da razão. A indústria, a máquina, as grandes construções
possibilitadas pelo domínio da técnica do aço confirmavam o positivismo e o
racionalismo de Descartes. Com a revolução industrial, então, os engenheiros civis
eram emcubidos de projetar os novos edifícios e, os arquitetos, de pensar uma fachada
para esses prédios, sob as diretrizes estéticas das escolas arquitetônicas clássicas,
dos séculos passados. Com o passar dos anos, houve a saturação e o questionamento
dessa estética, que se via cada vez mais monótona e ultrapassada frente aos avanços
tecnológicos do século XX, além do interesse do profissional da arquitetura em explorar
os novos materiais de forma a conformar espaços antes impossíveis de serem
concebidos.

Sob esse panorama, se deu o início de um discurso de renovação, com nomes como
Le Corbusier, Mies Van der Rohe e Adolf Loos. Os arquitetos modernistas tinham em
comum o interesse por uma arquitetura racional, despida de ornamentos, uma vez que
os volumes puros eram mais belos (LE CORBUSIER, 2006, p.13) e os ornamentos já
não eram apropriados aos belos edifícios modernos.

A ausência de ornamentos e a substituição de certos elementos arquitetônicos possuía


em seu discurso, além da virtude estética, a praticidade. O telhado, elemento
arquitetônico responsável pela evacuação da água da chuva, foi substituído por uma
laje plana de cimento portland, permitindo a ocupação do último nível concomitante ao
evacuamento d’água, conduzida agora para o interior da casa. Além disso, a
padronização e racionalização da arquitetura trazia a solução prática a uma demanda
de escala industrial, como ocorreu quando, após a Segunda Guerra, o Ministério da
Reconstrução da França delega à Le Corbusier o projeto de uma grande residência
multifamiliar de 360 unidades na cidade de Marseille. Entretanto, a sua virtude
reprodutível trouxe uma estética pouco aceita entre os leigos, que não se viam
representadas em uma arquitetura austera e industrial, pois não enxergavam ali uma
representação das suas culturas e de sua identidade (PORTOGHESI, 2002, p. 22).

O modernismo também resultou em uma vertente urbanística fortemente difundida ao


redor do mundo, com hipóteses inovadoras para as cidades do século XX. O
urbanismo moderno tem um caráter racionalista/funcionalista, tendo como
características: Propor a elaboração de uma cidade reprodutível, planejamentos
regional e intra-urbano, industrialização dos componentes e a padronização das
construções, o uso intensivo da técnica moderna na organização das cidades, o
zoneamento urbano, a preocupação com a salubridade das habitações e com a
conciliação entre o privado e o coletivo, espaços coletivos de lazer, entre outras.

A busca por uma implantação salubre das habitações foi uma resposta direta ao
urbanismo negligente ocorrido no início da revolução industrial, com bairros operários
totalmente privados de luz e ventilação, legando um problema a ser resolvido pelos
urbanistas modernos. Tal preocupação foi precursora de avanços nos estudos de
sanitaristas e urbanistas, sem contar no benefício gerado às cidades intervidas.

A preocupação com a conformação de espaços coletivos para convívio e lazer também


foi um acerto do urbanismo moderno que influencia os urbanistas contemporâneos. A
elevação de edifícios sob pilotis, liberando a calçada para o pedestre, é uma diretriz
projetual extremamente difundida nos dias de hoje, dado o seu resultado satisfatório
por conta da evidente ocupação desse espaço pelas pessoas.

Contudo, o urbanismo moderno cometeu alguns equívocos, deixando para os


urbanistas contemporâneos a tarefa de discutí-los e resolvê-los. O urbanismo moderno
encontra-se preso em uma racionalidade industrial que ignora a complexidade de
fenômenos sociais de caráter orgânico, o que se materializa em traçados que valorizam
o deslocamento do automóvel em detrimento da mobilidade do pedestre e em
organizações espaciais que culminam em uma segregação social dentro da cidade.

REFERÊNCIAS:

Carta de Atenas, Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, nov. 1933


LE CORBUSIER. Por uma arquitetura. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006
LEFEBVRE, H. O direito à Cidade. Trad. de Eduardo Frias. São Paulo: ed. Moraes, 1991.a
PORTOGHESI, P. Depois da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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