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N. 56
Verão 2014
Ano XXX
Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro
www.tcm.rj.gov.br
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA -VENDA PROIBIDA - Disponível no sítio: www.tcm.rj.gov.br
Governança pública:
uma nova aliança entre
Estado e sociedade
Vista aérea do Vidigal
Missão: Visão:
Exercer o controle Ser referência como órgão de
externo da gestão dos controle, reconhecido pela
recursos públicos, a sociedade como indispensável
serviço da sociedade à melhoria da gestão pública e
carioca. à defesa do interesse social.
Palavras do Presidente
Preparados para os novos
e mais complexos desafios
O
XXVII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil,
realizado em Vitória, nos dias 03 a 6 de dezembro,
foi palco das eleições para renovação das diretorias
da Atricon e do IRB.
Em abril do ano em curso, compartilhei
com todos os colegas conselheiros do Brasil, por meio de
correspondência, minha inquietação com o que considero
essencial para o desenvolvimento das atividades das
instituições representativas dos tribunais de contas, cujas
competências, se exercidas em sua plenitude, com dedi-
cação e perseverança, podem contribuir enormemente
para o projeto de fortalecimento do sistema nacional de
controle externo.
A chapa vitoriosa, composta pelos conselheiros Valdecir Pascoal e Sebastião
Helvécio, eleitos presidentes da Atricon e do IRB, respectivamente, com significati-
va vantagem sobre os concorrentes, tem o perfil que corresponde à dimensão das
potencialidades de ambas as instituições. Trata-se de homens públicos dotados
de extraordinária visão prospectiva e arrojada para implementar mudanças
estruturais necessárias à modernização do sistema de controle externo, com
indubitáveis capacidade intelectual e experiência técnica, além de possuírem
grande habilidade, que lhes permite bom trânsito com os demais conselheiros
e com os membros dos poderes constituídos, aspecto relevante e necessário
para a condução de negociações e reivindicações de interesse dos associados,
somando-se ainda a extrema dedicação às suas funções e absoluto despojamento
de pretensões pessoais.
Assim sendo, acredito ― visto que apostei na vitória dessa chapa ― que os
tribunais de contas fizeram a melhor escolha para representar suas demandas
e acelerar a implementação dos projetos que venham a fortalecer o sistema de
controle externo. Os conselheiros Valdecir Pascoal, eleito presidente da Atricon, e
Sebastião Helvécio, presidente do Instituto Rui Barbosa, estão aptos e preparados
para enfrentar os novos desafios que se apresentam aos tribunais de contas, hoje
muito mais complexos e que estão, portanto, a exigir competência e dedicação
redobradas para lidar com as necessidades atuais e agilizar a busca de soluções
para dar continuidade à execução do planejamento estratégico e acompanhar a
tramitação dos Projetos de Emenda Constitucional de interesse dos tribunais de
contas, dentre tantos outros assuntos não menos relevantes, asseguradores da
atual dimensão das cortes de contas e de seus membros, tais como a criação do
Conselho Nacional dos Tribunais de Contas, prioridade na plataforma da chapa
eleita.
Parabéns aos conselheiros Valdecir Pascoal e Sebastião Helvécio pela vitória
e a todos os demais conselheiros do Brasil, pelo exercício do processo eleitoral,
em absoluta harmonia e coerência com os valores democráticos.
THIERS MONTEBELLO
? !
governança pública entrevista
tados para a sociedade brasileira, a Uma boa governança, com con- do sistema de controle externo.
qual espera que os gestores públicos troles internos fortes e atuantes Além de transferir conhecimen-
atuem com lisura, competência e e um controle externo presente e tos e promover maior intercâmbio
transparência, seja em áreas vitais independente, mitiga a possibilidade de experiências e cooperação técni-
para a população mais carente, a da ação de gestores corruptos. ca, propiciando o aperfeiçoamento
exemplo da saúde e da educação, das instituições, as ações conjuntas
seja em investimentos que promo- Que instrumentos o TCU e das cortes de contas expandem o
vam, com efetividade, o desenvolvi- outros Tribunais de Contas alcance e a efetividade do controle
mento nacional. podem oferecer para aprimorar externo em âmbito nacional.
a atuação do governo? As auditorias coordenadas, por
Quais são, hoje em dia, A partir de 2013, o foco estra- exemplo, são instrumentos impor-
as maiores dificuldades para tégico de atuação do Tribunal está tantes de intercâmbio de experiên-
a implementação da boa concentrado na contribuição para cias e conhecimentos, que fomentam
governança pública? a melhoria da governança pública, m maior integração entre órgãos de
A meu ver, uma das maiores difi- notadamente quanto ao aprimora- controle e possibilita uma rede de
culdades para a implementação da mento da gestão, do desempenho e planejamento de futuras atividades.
boa governança reside, justamente, da transparência na Administração Para a realização de um trabalho
na falta de coordenação federativa, Pública, mas sem deixar de lado as coordenado, torna-se imprescindível
que impõe sério gargalo ao desen- suas atribuições constitucionais de o nivelamento de conceitos e o
volvimento nacional, tal como as coibir os desperdícios, as fraudes e estabelecimento de estratégias
reformas políticas e tributárias que os desvios de recursos públicos. para possibilitar a padronização
mencionei na questão anterior. No âmbito do controle externo, a dos dados, manter a comparabili-
No entanto, o descompasso de antiga visão atrelada tão somente à dade e a posterior consolidação das
interesses entre os entes federados punição dos gestores foi superada, informações.
é, ainda, o ponto de maior óbice evoluindo para a vertente da con- Um dos aspectos mais importan-
que identifico para a melhoria da tribuição. O Tribunal passou, então, tes das auditorias coordenadas, que
governança pública no país. E é a reforçar a atuação pedagógica sempre consideramos primordial, é
por tal razão que defendemos, com e preventiva, a fim de evitar que o fortalecimento de todo o sistema
denodada ênfase, o advento de irregularidades ocorram e culminem de tribunais de contas no país,
um grande pacto pela melhoria do em prejuízos aos cofres públicos. que seria mais facilmente atingido
Estado brasileiro, nas três esferas A insuficiência de desempenho por meio da colaboração entre os
de governo. Sem a integração de da gestão pública é um dos grandes atores e ações de treinamento. As
interesses dos entes que compõem nós do desenvolvimento brasileiro. auditorias coordenadas constituem,
a Federação, a resolução do proble- A falta de governança atua como assim, excelente instrumento neste
ma, no curto prazo, fica difícil de um grande entrave para a imple- projeto, pois, ao mesmo tempo em
vislumbrar. mentação de políticas públicas de que favorecem o intercâmbio de ex
Uma situação que bem exempli- qualidade e de ações que realmente periências, promovem a capacitação
fica esta questão é o problema da beneficiem o cidadão. dos participantes.
mobilidade urbana, no âmbito do Por isto, estamos atuando pre- Referidas auditorias devem ser
planejamento da Copa do Mundo ventivamente para identificar onde permanentemente discutidas, apri-
2014, no qual se verificou nítido des- estão os grandes gargalos da ad- moradas e validadas. Para tanto,
compasso entre as ações dos entes ministração pública. Nesta linha, o usamos os painéis de referência,
federados envolvidos, resultando em Tribunal se reestruturou para atuar prática que promove a reunião de
prejuízo aos resultados almejados. de forma especializada em áreas pessoas reconhecidas e experientes
Outro ponto que vulnera a boa temáticas relevantes e diagnosticar em determinada área para debater
governança, indubitavelmente, é a de modo efetivo as grandes necessi- e opinar sobre a matéria exposta.
corrupção. Suas causas estruturais dades nacionais. Em auditoria, os objetivos gerais do
residem na má escolha dos gestores, Em consonância com o objetivo painel de referência são: contribuir
em processos de trabalhos ruins estratégico de fortalecer a atuação para a garantia de qualidade, para
ou desatualizados, na ausência conjunta com outros órgãos de a análise e interpretação de dados
ou deficiência dos indicadores de controle, estamos intensificando a e para fortalecer o processo de
desempenho e metas e na falta de aproximação do Tribunal com seus accountability de desempenho.
monitoramento e avaliação das congêneres nos estados e municí- Os painéis de referência têm por
“
iniciativa teve início? Como o
senhor avalia as consequências
geradas pela atuação do TCU neste
sentido? (...) um controle interno forte e bem
Dentre outros trabalhos em exe-
cução, o TCU está concluindo duas estruturado se configura como uma das
importantes e amplas auditorias
sobre as universidades públicas principais ferramentas dos governantes e
federais: um grande monitoramento
para avaliar como tem evoluído a da alta administração dos órgãos federais.
”
relação destas instituições com suas
fundações de apoio e um panorama
do estágio de maturidade das uni-
dades de auditoria interna das IFES
(Instituições Federais de Ensino Temos divulgado em nossas pa- monitorar e avaliar bem as ações
Superior). lestras que um controle interno forte dos gestores, garantindo, assim, a
A avaliação das auditorias in- e bem estruturado se configura como entrega a tempo e com qualidade dos
ternas está em consonância com uma das principais ferramentas dos produtos esperados pela população.
a grande diretriz do momento do governantes e da alta administração Isso é boa governança.
TCU, de contribuir para a melhoria dos órgãos federais. Estruturados de Ainda nesta linha, o TCU fez uma
da governança pública. modo adequado, podem direcionar, ampla avaliação da governança da
todo o governo federal. O simples 23% das organizações foram clas- Iniciativa que também mere-
fato de haver um acompanhamento sificadas em estágio aprimorado ce registro foi o importantíssimo
sistematizado do TCU fez com que quando analisada a liderança da alta acordo de cooperação assinado
a governança de TI tivesse um salto administração. Para a equipe técnica pelo TCU com a Organização para
de 2010 para 2012. Em 2010, apenas do tribunal, o resultado indica que a a Cooperação e Desenvolvimento
5% dos órgãos auditados estavam alta administração de muitas organi- Econômico (OCDE), uma das organi-
no estágio avançado de governança, zações não se responsabiliza ou se zações mais avançadas no mundo em
38% no estágio intermediário e 57% responsabiliza de forma inadequada relação à governança pública, para a
estacionavam no estágio inicial. Em pelo estabelecimento de estratégia realização de estudo internacional
2012, 16% foram classificados no e instrumentos de governança de sobre o tema. Esse acordo faz parte
estágio avançado, 50% no inter- pessoas. de um grande projeto desenvolvido
mediário e 34% no inicial. Como Outros dois trabalhos de gran- na atual gestão do TCU destinado
nos dias atuais tudo depende de TI, de importância acabam de ser ao aprimoramento da governança
uma boa governança nesse quesito concluídos e deverão ser apresen- pública brasileira.
favorece a entrega de serviços à tados ao Colegiado da Casa ainda O trabalho tem o objetivo de
população e evita invasões e roubo nesse mês. facilitar a contribuição do TCU e das
de dados confidenciais, a exemplo Um deles refere-se à realização demais Entidades de Fiscalização
das pesquisas em desenvolvimento de auditoria operacional, sob a for- Superiores dos países participantes
nas universidades. ma coordenada, na área de educação (Estados Unidos, França, Canadá,
Na vertente da Gestão de Pesso- e com foco no ensino médio. Os Chile, África do Sul, Coreia do Sul,
as, fração relevante do gasto público trabalhos envolveram 28 tribunais Índia, México, Polônia e Portugal) no
brasileiro, o TCU acaba de apresen- de contas nacionais e foram desen- fortalecimento da boa governança e
tar os resultados de levantamento volvidos em 500 escolas do país, da sólida gestão pública.
realizado em 305 organizações com o envolvimento de 90 auditores, No referido estudo serão contem-
públicas com o objetivo de traçar sendo considerada a maior auditoria plados os sistemas de planejamento
diagnóstico e identificar pontos coordenada em curso no mundo. e orçamento público, administra-
vulneráveis para induzir melhorias O objetivo geral dessa audito- ção financeira, controles internos,
na governança de pessoal. ria coordenada foi identificar os gestão de riscos, monitoramento e
Na Lei Orçamentária Anual de principais problemas que afetam a avaliação de políticas públicas e de
2013, foi prevista despesa de pessoal qualidade e a cobertura do ensino prestação de contas.
no montante de R$ 226 bilhões e as médio no Brasil, bem como avaliar as Com esse recorte, pretendemos
organizações que fizeram parte do ações governamentais que procuram ter uma visão seletiva e sistêmica das
levantamento empregam 80% dos eliminar ou mitigar suas causas. áreas determinantes para a consoli-
servidores públicos federais. Outra ação de controle signifi- dação de uma Administração Pública
Releva destacar que mais da cativa foi o desenvolvimento de um estratégica, responsável, aberta e
metade da administração pública fe- trabalho conjunto na área ambiental, ágil, que seja efetivamente indutora
deral (55%) encontra-se em estágio para avaliar a governança das unida- do desenvolvimento nacional.
inicial no que tange à governança de des de conservação (UCs) do bioma Observa-se, portanto, que a es-
pessoas. Na maioria das entidades Amazônia de forma sistêmica, que tratégia desenvolvida pelo TCU, ali-
analisadas, as atividades de depar- contou com a participação dos tribu- cerçada em diretrizes modernas e
tamento de pessoal aparentam ser nais de contas da região Amazônica, arrojadas, dentre elas a formação de
bem administradas, mas a gestão uma vez que a biodiversidade dos parcerias, a propagação de técnicas
estratégica de pessoas mostra-se ecossistemas, da fauna e da flora e experiências na área do controle
rudimentar. suplanta os limites demarcatórios externo, a utilização de instrumen-
A classificação definida pela dos municípios, estados e países. tos de fiscalização inovadores e a
auditoria variou entre os estágios Tendo em vista a relevância realização de treinamentos sobre
inicial, intermediário e aprimorado. do tema no âmbito nacional e in- as melhores práticas internacionais
No primeiro, predominaram organi- ternacional, buscou-se avaliar a de auditoria, têm possibilitado
zações que não adotam boas práticas governança desses territórios sob melhor atuação e alcance de bons
de governança e gestão de pessoas. os aspectos de insumos, articulação resultados por parte de todos os
O estágio intermediário foi caracte- e resultados, bem como analisar as órgãos envolvidos, com impactos
rizado pela adoção parcial de tais condições normativas, institucionais positivos no aprimoramento da
práticas e o aprimorado significou e operacionais necessárias para gestão pública em todas as esferas
adoção integral. a gestão eficiente do patrimônio de governo.
A
Constituição Federal com base em padrões de qualidade, Finalmente, a Constituição também
brasileira estabelece para saber se tais serviços são ade- estabelece instâncias de controle
que o poder público quados ou se precisam ser melhora- (externo e interno) que avaliam se as
é u m p re s t a d o r d e dos. Tal obrigação decorre do direito operações do Estado produzem ser-
serviços aos cidadãos- viços cujos efeitos sejam o adequado
de participação dos usuários de
-usuários e está obrigado a prestá- atendimento ao interesse público
serviços na administração pública. (legitimidade), observando o respei-
-los com qualidade adequada.
Art. 37. A administração pública to à legislação (legalidade) e alocan-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público [...] obedecerá aos princípios de [...] do os recursos disponíveis de modo a
[...] a prestação de serviços públicos. eficiência e, também, ao seguinte: [...] produzir o melhor conjunto possível
de serviços (economicidade).
Parágrafo único. A lei disporá sobre: § 3º A lei disciplinará as formas de
participação do usuário na admi- Art. 70. A fiscalização contábil, finan-
[...] II - os direitos dos usuários; nistração pública direta e indireta, ceira, orçamentária, operacional e
regulando especialmente: patrimonial da União e das entidades
[...] IV - a obrigação de manter servi- da administração direta e indireta,
ço adequado. (CF/88, grifos nossos) I - as reclamações relativas à pres- quanto à legalidade, legitimidade,
tação dos serviços públicos em economicidade, aplicação das sub-
Na mesma linha de raciocínio, a geral, asseguradas a manutenção de venções e renúncia de receitas, será
Constituição também estabelece a serviços de atendimento ao usuário exercida pelo Congresso Nacional,
obrigação de existirem mecanismos e a avaliação periódica, externa e mediante controle externo, e pelo
de avaliação interna e externa dos interna, da qualidade dos serviços; sistema de controle interno de cada
serviços oferecidos aos cidadãos, (CF/88, grifos nossos) Poder. (CF/88, grifos nossos)
O
texto constitucional poder político para obter (ou tentar mecanismos que o implementam são
apresentado conduz obter) o alinhamento dos interesses chamados de governança (BRASIL,
logicamente à neces- externos à organização e que possam 2013).
sidade de estabelecer, afetar o seu resultado. À associação Segundo o TCU (2013), “gover-
para os serviços pres- destes poderes chamamos de gover- nança no setor público compreende
tados, indicadores e metas claros: nabilidade (ARAÚJO, 2002). A gover- essencialmente os mecanismos de li-
de eficácia (prestar o serviço neces- nabilidade é essencial para garantir derança, estratégia e controle postos
sário, com a qualidade planejada); que uma organização pública preste em prática para avaliar, direcionar
de eficiência (com baixo custo por os serviços esperados. e monitorar a atuação da gestão,
unidade de serviço prestado e maior Porém, caso não existam meca- com vistas à condução de políticas
produtividade); de efetividade nismos que limitem o exercício da públicas e à prestação de serviços
(causando o efeito final desejado); governabilidade, pode surgir sério de interesse da sociedade”. Portanto,
e de economicidade (escolhendo obstáculo à legitimidade chamado governança no setor público serve
a combinação de ações de serviço “conflito de agência”: os poderes para maximizar a probabilidade de
que produza o maior valor possível concedidos ao dirigente máximo e que o comportamento (as ações)
aos cidadãos, frente à limitação dos o acesso privilegiado que ele tem às dos altos administradores seja
recursos públicos disponíveis). Tais informações institucionais podem dirigido para o atendimento aos
indicadores e metas são a base da favorecer o desejo de atendimento interesses dos cidadãos brasileiros
avaliação (externa ou interna) da de seus próprios interesses, em (na forma de serviços públicos ade-
adequação dos serviços públicos. detrimento do atendimento ao quados), e não pelos seus próprios
Para oferecer serviços, o diri- interesse público. Por esta razão, interesses; isto inclui o conjunto de
gente máximo de uma organização o exercício da governabilidade mecanismos externos de avaliação,
pública recebe poder gerencial (re- precisa ser avaliado, direcionado e direcionamento e monitoração de
cursos, estrutura, pessoal e mandato monitorado pelos maiores interes- uma organização necessários para
legal) necessário à implantação e sados na organização pública: os implementar tal capacidade (ABNT,
à manutenção de tais serviços, e cidadãos brasileiros. Este poder e os 2009b, 2012; BRASIL, 2012).
M
as há evidência cidadãos e a sociedade, e transforma maior envolvimento da sua alta
de que o compor- tais compromissos em estratégias e administração (liderança) definindo
t a m e n to d a a l t a planos que definem como as pessoas diretrizes de governança (p.ex. polí-
administração seja e os processos da organização são ticas, objetivos, indicadores e metas)
de fato tão impor- organizados e geridos para obter eram aquelas em que os processos
tante para a oferta de serviços de resultados (serviços de qualidade) de gestão interna parecem mais
qualidade? Sim, há. em prol dos cidadãos e da sociedade. bem executados. Contrariamente,
Por exemplo, na versão atual Figura 1. as organizações em que sua alta
do modelo Gespública4 (Figura 1), Mas esta relação de causa-e-efei- administração não firmava dire-
ressalta-se a importância do papel to pode ser observada na prática? trizes claras também reportavam
da liderança para a boa governança Em levantamentos de auditoria processos de gestão mais frágeis
e para a boa gestão. Ou seja, a de governança pelo TCU5, foi possível e ineficientes, que possivelmente
liderança institucional estabelece detectar que, frequentemente, as custavam mais do que deveriam e
diálogos e compromissos com os organizações que apresentavam produziam menos benefícios para
4
O Gespública foi lançado oficialmente no Brasil em 1995, com o nome de Programa Qualidade e Participação na Administração Pública – QPAP, e atualizado pelo Decreto
nº 5.378 de 23 de fevereiro de 2005, com o nome de Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.
5
Perfil de Governança de Tecnologia da Informação, ciclo 2010, com a participação de 255 organizações públicas (Acórdão 2308/2010-TCU-Plenário) e ciclo 2012, com
a participação de 337 organizações públicas (Acórdão 2585/2012-TCU-Plenário).
E
spera-se que os altos realizadas auditorias internas, de exatamente em que focalizar seus
administradores e os modo que a alta administração esteja esforços de qualidade de serviço.
auditores internos com- sempre consciente das principais Finalmente, é absolutamente
preendam seu papel vulnerabilidades da organização essencial que a alta administração
fundamental na cons- para garantir seu tratamento tem- pessoalmente acompanhe os in-
trução da estrutura de governança pestivo pelos gerentes em todos os dicadores dos serviços prestados
que determina, em grande medida, níveis da instituição. aos cidadãos, avaliando eventuais
a capacidade de prestar serviços Em terceiro lugar, é necessário distorções e comandando a sua
adequados aos cidadãos. investir na seleção de gerentes que pronta correção junto aos gerentes
Isto começa pelo estabelecimen- estejam efetivamente comprometi- da organização.
to de políticas e diretrizes e pros- dos com a avaliação dos riscos de Além disso, a alta administração
segue na definição dos objetivos, que os objetivos institucionais não precisa estimular a participação da
indicadores e metas institucionais. sejam alcançados e que sejam capa- sociedade na governança de sua
Esses elementos são definidos pela zes de criar e desenvolver controles organização. Estas são as principais
alta administração e consolidados no internos suficientes para tratar características de uma boa gover-
plano estratégico institucional, com tais riscos, especialmente sobre os nança no nível de órgãos e entidades
apoio dos gestores internos. processos críticos de negócio. da Administração Pública e elas
Em segundo lugar, é necessário Em quarto lugar, é essencial que farão parte cada vez mais frequente
garantir que o sistema de controle a organização defina a sua Carta de das ações de controle do TCU como
interno funcione bem e que sejam Serviços ao Cidadão para que saiba critérios de auditoria.
REFERÊNCIAS
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? !
administração entrevista
Governança, governabilidade e
accountability são as ferramentas que o
Estado contemporâneo dispõe para colocar
em prática a melhoria da qualidade da
administração pública, de acordo com o
Pós-Doutor em Direito Administrativo,
Gustavo Justino de Oliveira.
Em que contexto surgiu uma redefinição, como consequência dar do Estado o estabelecimento
a importância que se dá hoje à de diversos fatores, como o advento de um ambiente de cooperação e
qualidade da administração do neoliberalismo, avanço da globa- colaboração.
pública? lização, desenvolvimento tecnológi-
A difusão da ideia de qualidade co, dentre outros. A fim de inserir-se G ove r n a n ç a é u m t e r m o
remonta à revolução industrial do neste novo contexto, o Estado teve relativamente novo no âmbito
século XVIII, quando significava pro- que sair de um papel imperativo e governamental. Como estes
duzir com uniformidade e homoge- provedor e assumir uma postura modelos de administração se
neidade. O conceito de qualidade foi mais consensual e relacional, a fim inserem na melhoria da gestão
passando por diversas adaptações de bem atender aos interesses de pública?
até atingir seu significado atual, em uma sociedade democrática, que Governança pública é um con-
que é visto como uma capacidade de exige eficácia, eficiência e economi- ceito transnacional, com a proposta
planejar para evitar o desperdício cidade. Os diversos papéis exercidos de um modelo de colaboração entre
e proporcionar a maior satisfação pelo Estado contemporâneo estão nações e entre diversos atores den-
possível para o consumidor, o que ligados ao estabelecimento de vín- tro de um Estado, tendo como base
na maioria das vezes, só pode ser culos com os indivíduos e com os a melhoria da eficiência e da eficácia
alcançada através de uma mudança grupos sociais, com os quais ele administrativa e o respeito aos valo-
cultural na organização. No âmbito passou a interagir. A administração res de uma sociedade democrática.
da administração pública, a acepção pública passou, portanto, a exercer O termo é derivado das empresas
de qualidade também está ligada à um papel de mediador, identificando privadas, nas quais a governança
obtenção dos melhores resultados e conjugando interesses públicos e corporativa veio como resposta aos
e no atendimento das demandas e privados, através da participação da conflitos de interesses entre acionis-
necessidades dos cidadãos e das co- sociedade civil. O cidadão também tas e administradores em questões
munidades, que são os beneficiários teve sua atuação transformada e de sustentabilidade financeira,
das políticas e dos serviços públicos. deixou de ser mero destinatário da desempenho patrimonial e gestão
Há algumas décadas, o Estado sofreu ação pública e começou a deman- corporativa transparente. Trata-se
”
so de que a eficácia e legitimidade da Estado.
atuação pública se apoiam na quali-
dade da interação entre os distintos
níveis de governo, e entre estes e
as organizações empresariais e da modelo de interação entre níveis e de fato. A divisão de poderes e a
sociedade civil. Busca-se a interação de governo e destes com os outros possibilidade de controles entre eles
entre os diversos atores sociais, que atores sociais. A governabilidade têm como objetivos evitar a corrup-
devem se unir para enfrentar as pode ser melhorada através de uma ção e estabelecer forte ligação com a
ações sociais segundo os preceitos reforma do estado; já a governança democracia. Quanto à accountability
da flexibilidade, da visão estratégica, pode ser incrementada através de vertical, política, ou democrática,
da transparência e da comunicação. uma reforma no aparelho de Estado, esta refere-se ao controle político
Nesta conjuntura, o governo tem a ou seja, uma reformulação no jeito realizado pelos cidadãos.
função de gerenciar a rede de atores, de administrar e prestar serviços, a
que devem comunicar e dividir res- fim de melhorar a eficiência da ativi- O que seria uma boa governança
ponsabilidade. Como bem sintetiza dade do Estado e colocá-la em maior pública?
J. Gomes Canotilho, boa governança consonância com os interesses dos O conjunto de regras, processos
é “a condução responsável dos cidadãos. e práticas que dizem respeito à
assuntos do Estado”. qualidade do exercício do poder.
G ove r n a n ç a m a i s g ove r - Segundo o Livro Branco da Gover-
Governança pública cumpre, nabilidade: esta é a fórmula nança Europeia, são regidos pela
por si só, a missão de alcançar completa para a tão almejada responsabilidade, transparência,
a melhoria da qualidade dos qualidade? coerência, eficiência e eficácia. No
serviços prestados pelo Estado? Há, ainda, outro ingrediente para Brasil, Canotilho destacou também
Não, há uma forte relação de atingir uma administração pública a coerência entre as diversas po-
interdependência entre as ideias mais eficiente, eficaz e efetiva: líticas do Estado, a abertura como
de governança e governabilidade. reduzir gastos e aumentar qualidade busca de soluções e a democracia
Muitos autores preferem unificar e, acima de tudo, respeitar os valores participativa. O “Choque de Gestão”,
estes dois conceitos e chamá-los de éticos e democráticos, a fim de me- em Minas Gerais, pode ser tomado
capacidade governativa. Governa- lhorar a ação do governo de forma como exemplo de programa de
bilidade está ligada ao exercício do legítima. É a accountability, que governo com foco em qualidade,
poder e de legitimidade do Estado e pode ser traduzida, segundo o Centro com uma proposta de moderni-
de seu governo. Tem relação com as Latinoamericano de Administratión zação administrativa baseada em
condições do ambiente político em pare el Desorróllo (CLAD) , como um reorganização e reestruturação do
que se efetivam ou devem efetivar- cumprimento pelo servidor público aparato estatal, com o objetivo de,
-se as ações da administração, à do dever de prestar contas a um or- a curto prazo, reduzir despesas e,
base da legitimidade dos governos, ganismo de controle, ao parlamento a médio prazo, orientar a gestão
credibilidade e imagem pública da ou à própria sociedade. A doutrina administrativa para a obtenção de
burocracia, conforme definiu Leo- faz uma classificação de accountabi- resultado. As medidas para o alcance
nardo Valles Bento. Em suma, gover- lity em duas dimensões: horizontal e destes objetivos basearam-se na
nabilidade refere-se às condições de vertical. A primeira diz respeito aos adoção de um desenho institucional
legitimidade e sustentação política mecanismos de supervisão, controle mais dinâmico e no incentivo à
que um governo tem para exercer o e avaliação recíproca dos vários capacitação dos servidores públicos,
poder. Ao seu lado, governança diz níveis de governo, que são exercidos e no estabelecimento de parcerias
respeito à forma como é exercido através de agências e instituições entre o poder público e entidades
este poder, ou seja, através de um estatais possuidoras de poder legal privadas.
Luciano Ferraz
Advogado
Mestre e Doutor em Direito pela UFMG
N
a última década, tenho invés de na imperatividade. criam ambiente propício à renova-
me dedicado acadêmi- Primeiramente, para o âmbito ção do pensamento administrativo
ca e profissionalmente das cortes de contas nominei estes acerca dos mecanismos de controle
ao estudo da atividade instrumentos de controle de TACTC da Administração Pública.1
de Controle da Ad- (Termos de Ajustamento de Conduta Na seara administrativa, além
ministração Pública. Estes estudos dos Tribunais de Contas). Ao depois, do Município de Belo Horizonte, o
não tiveram como foco o controle em palestra proferida no Tribunal anteprojeto de lei para a reforma
judicial da atividade administrativa, de Contas do Município do Rio de do Decreto-lei 200/67 prevê a
comumente presente nos manuais Janeiro, no dia 19.08.2005, passei figura do TAG. O anteprojeto de lei
de Direito Administrativo e Consti- a denominá-los, mais apropriada- orgânica dos tribunais de Contas
tucional, mas o controle externo e o mente, Termos de Ajustamento de idem. Tem-se notícia, ainda, de
controle interno da Administração Gestão (TAG). que no âmbito da Controladoria
Pública, com previsão nos artigos 70 Atualmente, há legislações, pro- Geral da União um anteprojeto
a 75 da Constituição da República. jetos de lei e experiências práticas de Decreto pretende instituir o
As conclusões alcançadas que absorveram o modelo referido, TCO – Termo de Compromisso e
levaram-me a propor modelo de sendo que o pioneirismo foi do Orientação, com idêntica forma
controle da atividade administrativa Município de Belo Horizonte, que, e substância ao TAG, porém com
baseado no consenso e não na san- no âmbito do controle interno, criou nomenclatura diversa.2
ção. Desde a tese de doutoramento dois instrumentos de controle con- A proposta deste ensaio é de-
na UFMG (09.08.2003), intitulada sensual da Administração Pública: monstrar que, na perspectiva de um
“Novos Rumos para o Controle da O TCG (Termo de Compromisso Estado Democrático, a consensua-
Administração Pública”, vislumbrei a de Gestão), idêntico ao TAG, e a lidade é alternativa fundamental e
possibilidade de utilização pelos SUSPAD (Suspensão do Processo necessária ao uso da imperatividade
tribunais de contas e pelos órgãos Administrativo Disciplinar). em matéria de controle público,
de controle interno de instru- Doutrinariamente, alguns artigos dando ensejo e fundamentação aos
mentos alternativos de controle, começam a difundir a ideia, o que é instrumentos de controle consensu-
baseados na consensualidade, ao fundamental e salutar, haja vista que al da Administração Pública.
1. Cf. CUNHA, Daniela Zago. Um breve diagnóstico sobre a utilização dos termos de ajustamento de gestão pelos Tribunais de Contas estaduais. Revista Interesse Público,
n. 51, 2009. Ver também GUEDES, Jefferson Carús. Transigibilidade de interesses públicos: prevenção e abreviação de demandas da Fazenda Pública. www.carreiras
jurídicas.com.br. Acesso em 10.09.2010.
2. HAGE, Jorge. Palestra proferida no VI Congresso Brasileiro de Licitações, Contratos e Compras Governamentais, Salvador, Bahia, de 18 a 20 de agosto de 2010.
J “
á se afirmou que o Direito
Administrativo é o direito
da cidadania.3 O reconhe-
cimento da centralidade O Termo de Compromisso
cidadã do Direito Adminis-
trativo, aliada à constatação de que
de Gestão - TCG, obriga as
a atividade de administração pública
vincula-se ao Direito (e não é lei),
autoridades signatárias à
implica obviamente alteração na
maneira de se desenvolverem rela-
adoção das recomendações
ções jurídicas entre a Administração formuladas pelo controlador-
Pública de per se e os cidadãos e a
sociedade. geral e será monitorado
João Batista Gomes Moreira per-
cebeu essa mutação ao afirmar que regularmente pela Auditoria-
o Direito Administrativo caminha da
”
rigidez autoritária à flexibilidade de- Geral do Município (...)
mocrática.4 Neste passo, não é mais
possível sustentar que as relações
jusadministrativas impulsionam-se
inteiramente por um agir unilateral
da função administrativa, baseada tempos hodiernos, a imperatividade princípio, a solução pacífica dos
exclusivamente em mecanismos cede espaço à consensualidade. 7 conflitos.
autoritários de exercício do Poder: o Fala-se mesmo em “era da consen- Especificamente sobre a temática
interesse público não é um interesse sualidade.”8 do controle consensual da Adminis-
próprio da pessoa estatal, externo Assim é que se propõe a exis- tração Pública9, a ideia fundamental
e contraposto ao interesse dos tência de um princípio da consen- subjacente é a alteração da lógica
cidadãos.5 sualidade a impor à Administração dos mecanismos de controle, que
Com efeito, a atividade adminis- Pública o dever de, sempre que deixam de ser vistos numa vertente
trativa está permeada da ideia de possível, buscar a solução para as estritamente sancionatória – visão
finalidade e “a incidência do princípio questões jurídicas e conflitos que típica do Direito concebido como
da legalidade sobre os negócios vivencia pela via do consenso. ordem de coerção –, para se afirmar
privados [...] é meramente formal, Dito princípio tem fundamento como meio de pacificação negociada
enquanto na seara dos negócios constitucional no preâmbulo da das controvérsias na ordem interna,
públicos é substancial, preenchida Constituição da Republica que na conformidade do que preceitua
pela finalidade pública que norteia afirma estar o Estado Brasileiro o Preâmbulo da Constituição da
toda a atividade estatal.”6 comprometido na ordem interna República de 1988.
O abalo do modelo burocrático e internacional com a solução pa- Com efeito, a concepção da ati-
de administração reclama formas cífica das controvérsias. Também vidade de controle exclusivamente
menos rígidas de atuação, numa no art. 4º, VII, da Constituição como controle-sanção pertence ao
onda de resgate da colaboração entre que impõe ao Estado Brasileiro, tempo em que tanto a atividade de
Estado, sociedade e indivíduos. Em nas relações internacionais, como administração pública quanto o
3. FERRAZ, Luciano. Novas formas de participação social na Administração Pública: conselhos gestores de políticas públicas. Revista Diálogo Jurídico. www.direitodoestado.
com.br. Acesso em 10.09.2010.
4. MOREIRA, João Batista Gomes. Direito Administrativo: da rigidez autoritária à flexibilidade democrática, Belo Horizonte: Fórum, 2008.
5. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Mutações do direito administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 11.
6. FERRAZ, Luciano. Controle da Administração Pública, Belo Horizonte: Mandamentos, 1999. p. 99.
7. MOREIRA NETO. Mutações do direito administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 40.
8. SOUTO, Marco Juruena Villela. A era da consensualidade e o Ministério Público. In: RIBEIRO, Carlos Vinicius Alves (Org.) Ministério Público: reflexões sobre princípios e
funções institucionais, São Paulo: Atlas, 2010.
9. Sobre controle consensual da Administração Pública, cf. FERRAZ, Luciano. Controle Consensual da Administração e Suspensão do Processo Administrativo Disciplinar.
Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, n. 4, Ano XXV, 2007; FERRAZ, Luciano. Termo de Ajustamento de Gestão e o alerta do art. 59, §1º da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Dez anos depois. In: CASTRO, Rodrigo Pironte Aguirre de. Lei de Responsabilidade Fiscal: ensaios em comemoração aos 10 anos da Lei Complementar
n. 101/00. Belo Horizonte: Fórum. 2010. p. 287-294.
10
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo em evolução, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.
11
MOREIRA NETO. Diogo de Figueiredo. Mutações do Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
12
BAPTISTA, Patrícia. Transformações do Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Renovar. 2003.
13
FERRAZ, Luciano. Novos Rumos para o Controle da Administração Pública. Tese de Doutoramento. Belo Horizonte, UFMG, 2003. p. 134-142.
14
RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação Civil Pública e Termo de Ajustamento de Conduta: Teoria e Prática, Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 130
15
MOREIRA NETO. Mutações..., cit. p. 41. Entende-se possível a aplicação do consenso em substituição à imperatividade quando não restar demonstrada a má-fé do agente
público controlado.
“
sanções e adequar os atos e
procedimentos dos órgãos ou A moderna Administração Pública e
entidade controlada aos padrões o Direito Administrativo participativo
de regularidade.
Parágrafo único – O termo de exigem da comunidade jurídica, no
ajustamento de gestão não pode Século XXI, o repensar dos meios
ter por objeto a limitação de
”
competência discricionária do tradicionalmente empregados no
gestor, nem a imposição de obri- controle da Administração Pública.
gações para os particulares, por
via direta ou reflexa.
Conclusão
A
moderna Adminis- legalidade e dos procedimentos or- do desempenho e dos resultados nas
tração Pública e o ganizacionais rígidos, da legalidade organizações sempre – desde Taylor
Direito Administrativo formal, em ordem a prestigiar pers- – ocupou os estudiosos da Ciência de
participativo exigem da pectivas juridicamente relevantes Administração; uma Administração
comunidade jurídica, traduzidas em princípios jurídicos Pública econômica, eficiente, eficaz
no Século XXI, o repensar dos meios (boa-fé, segurança jurídica), tudo e, sobretudo, efetiva e transparente,
tradicionalmente empregados no relacionado com o consenso e com preocupada com o incremento dos
controle da Administração Pública. a solução negociada dos conflitos resultados sociais de sua ação, é o
Mecanismos de controle consen- em âmbito interno (Preâmbulo da desejo da sociedade brasileira, sejam
sual como o TAG desenvolvem-se Constituição). tais resultados alcançados com mé-
para além do âmbito estrito da A busca constante da melhoria todos imperativos ou consensuais.
16
Cf. FERRAZ, Luciano. Termo de Ajustamento de Gestão e o alerta do art. 59, §1º da Lei de Responsabilidade Fiscal: Dez anos depois. In: CASTRO, Rodrigo Pironte Aguirre de.
Lei de Responsabilidade Fiscal: ensaios em comemoração aos 10 anos da Lei Complementar n. 101/00. Belo Horizonte. Fórum. 2010.
17
Sobre o exercício da competência normativa pelos tribunais de contas, cf. FERRAZ, Luciano. Poder de sanção e poder de coerção dos tribunais de contas: competência
normativa e devido processo legal. Revista Diálogo Jurídico. www.direitodoestado.com.br. Acesso em 10.09.2010.
18
A pertinência na utilização do mecanismo de controle consensual pelos órgãos de controle interno (cuja competência material é a mesma dos tribunais de contas)
foi afirmada, ainda que indiretamente, pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, na resposta à Consulta n. 751.297, Rel. Cons. Eduardo Carone, sessão do dia
24.09.2008, que formulei àquele órgão. Vejam excertos do parecer: “[Voto do cons. Eduardo Carone]: O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, na qualidade de
órgão julgador das contas de administradores públicos estaduais/ municipais e de responsáveis por danos à administração estadual/ municipal, somente deve ser acionado
após o esgotamento das providências administrativas internas [...] [Voto do cons. Antônio Carlos Andrada]: acompanho in totum o voto do Relator. Mas queria elucidar um
pequeno item. Bem ao final do voto, V. Exa. diz que é preciso esgotar as medidas internamente, para que depois se reporte a esta Corte. Eu concordo com esta linha, quero
apenas ressaltar este item porque, uma vez verificada a ilegalidade e sanada internamente, não há por que acionar o Tribunal. [Réplica do cons. Eduardo Carone]: Mas eu
falo que o Tribunal só deve ser acionado após o esgotamento das providências administrativas. Se o controle interno exercendo a sua função, apura um fato e consegue
revertê-lo, ele não tem que acionar. Só deve acionar se não tiver êxito.”
A
transformação do Estado públicas. Ele se insere em uma como as novas tecnologias de
legislativo para o Estado conjuntura de necessário reexame informação e o papel decisivo da
Constitucional consubs- do papel dos governos, com a mídia, a crescente participação dos
tanciou a passagem do percepção de uma mudança global grupos de pressão nos processos
government by law para de atribuições da administração decisórios e a exigência de maior
o government by policies,3 justifican- pública, 4 que inclui a interna- transparência, além da necessida-
do o crescente interesse dos juristas cionalização de muitos assuntos de de informação em todas as áreas
brasileiros pelo tema das políticas antes considerados domésticos, de ação governamental.5
1
Advogado. Mestre e Doutor em Direito Administrativo pela PUC/SP. Professor de Licitações em cursos de Pós-graduação. Consultor jurídico do Tribunal de Contas do
Estado do Paraná.
2
Advogada. Mestranda em Políticas Públicas pelo Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da UFPR.
3
“O government by policies, em substituição ao government by law, supõe o exercício combinado de várias tarefas que o Estado liberal desconhecia por completo. Supõe o
levantamento de informações precisas sobre a realidade nacional e mundial, não só em termos quantitativos (para o qual foi criada a técnica da contabilidade nacional),
mas também sobre fatos não redutíveis a algarismos, como em matéria de educação, capacidade inventiva ou qualidade de vida. Supõe o desenvolvimento da técnica
previsional, a capacidade de formular objetivos possíveis e de organizar a conjunção de forças ou a mobilização de recursos – materiais e humanos – para a sua consecução.
Em uma palavra, o planejamento”. (COMPARATO, Fábio Konder. Ensaio sobre o Juízo de Constitucionalidade das Políticas públicas. In: Estudos em Homenagem a Geraldo
Ataliba. Direito Administrativo e Constitucional. Celso Antônio Bandeira de Mello (org.) São Paulo: Malheiros, 1997. p. 351).
4
“Such changes are underway in all countries. In some, such structural change may be aimed at reducing the role and size of government. In others, it may be aimed at
defending and enhancing the public sector.” Organisation for Economic Co-operation and Development. Ministerial Symposium on the Future of Public Services,
Paris, OCDE, Mar. 1996.
5
SARAVIA, Enrique. Introdução à teoria da política pública. In SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabete (org.). Políticas Públicas – Coletânea, volume I. Escola Nacional
de Administração Pública- ENAP, 2006.
“
licitatórios permite avaliar de
forma eficiente o desempenho das
diretrizes traçadas pelo adminis- (...) a política pública
trador público para a realização
da politica almejada. A perspectiva deve visar a realização de
”
adotada neste trabalho segue a
metodologia do ciclo de políticas objetivos definidos.
públicas, no qual o controle se rea-
liza na etapa de avaliação da policy.
O ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
N
a literatura se costuma agenda, formulação de alternativas, a natureza das políticas públicas
pautar a apresentação tomada de decisão, implementação, como um conjunto ordenado de atos
dos temas analisados avaliação e extinção da policy, em e processos. Na sua mais recente
consoante o ciclo de um processo de interdependência definição, política pública é assim
políticas públicas que a contempla desde a gênese delineada:
(policy cicle) buscando-se facilitar até a sua extinção. A complexidade (...) programa de ação go-
o estudo de acordo com o desenvol- do estudo das políticas públicas é vernamental que resulta de um
vimento da política. Por meio dele reconhecida por Maria Paula Dallari processo ou conjunto de processos
se confere ênfase às fases de: iden- Bucci, que reformulou o conceito juridicamente regulados- pro-
tificação do problema, formação da por ela estabelecido8 ao reconhecer cesso eleitoral, processo de pla-
6
“Poder-se-ia argumentar que a disciplina jurídica das políticas públicas não pertenceria ao Direito Administrativo, mas ao Direito Constitucional, pois as políticas
consistem na atuação do Estado para a implementação de escolhas políticas, que são feitas, em sua maioria, pelo poder legislativo. (...) Entretanto, há que se ver o Direito
Administrativo como um integrante da teoria política, que busca conciliar autoridade e liberdade. Ou seja, intenta este ramo jurídico buscar a realização dos interesses
públicos de um lado e a salvaguarda dos interesses privados contra o abuso do poder.” (BREUS, Thiago Lima. Políticas Públicas no Estado Constitucional: problemática
da concretização dos direitos fundamentais pela Administração Pública brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007).
7
O uso das licitações como instrumento de políticas públicas é anterior à alteração do art. 3º da Lei nº 8666/93. Neste sentido, recomenda-se a leitura do livro: PEREIRA
JUNIOR, Jessé Torres; DOTTI, Marinês Restelatto. Políticas públicas nas licitações e contratações administrativas. Belo Horizonte: Fórum, 2009. Ocorre que com o
acréscimo da finalidade do desenvolvimento nacional sustentável nessa Lei, o intuito de fomento passou a fazer parte dos contratos administrativos, para além da contratação
que privilegiaria equalizar a condição do fornecedor em participar das compras públicas. Por esta razão o presente trabalho valoriza a finalidade do desenvolvimento
nacional sustentável, por ser ele um conceito que incrementou o viés das licitações.
8
“Políticas Públicas são programas de ação governamental visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetos
socialmente relevantes e politicamente determinados.” (BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito Administrativo e Políticas Públicas. 1ª ed, 2ª tir .Belo Horizonte: Fórum,
2006. p.239).
processo orçamentário, processo de prioridades, a reserva de meios todas as fases de políticas públicas,
administrativo, processo judicial necessários à sua consecução e o no entanto, considerando-se que
– visando coordenar os meios à intervalo de tempo em que se es- elas exigem a determinação de
disposição do Estado e as ativi- pera o atingimento dos resultados.9 resultados baseados em diretrizes
dades privadas, para a realização Considerando-se esta faceta delineadas inicialmente, é na etapa
de objetos socialmente relevantes dinâmica das políticas públicas é de avaliação que o controle por meio
e politicamente determinados. que este trabalho se propõe a um das licitações ocorre de forma mais
Como tipo ideal, a política pública estudo mais focado na etapa de concreta. Isto será melhor explorado
deve visar a realização de objetivos avaliação. É bem verdade que o a seguir.
FINALIDADES DO PROCESSO LICITATÓRIO
A
s finalidades do pro- licitatório era o de satisfazer os elaboração da especificação técnica
cesso licitatório são interesses da Administração como do produto/serviço, revela, de igual
expressas pelo o art. 3º compradora, ressalvando aos li- forma, esta função. Como assegura
da Lei n.º 8.666/9310, citantes a igualdade na disputa. Roberto DROMI: “La importancia de
conhecida como Lei Contudo, dado o avanço teórico la licitación es tal que no solo regla el
Geral das Licitações e Contratos Ad- relativo à matéria e ao atual enten- comienzo del contrato; su normativa
ministrativos (LGL). Este dispositivo dimento do legislador, esposado se proyecta durante todo el desarrollo
recebeu alteração pela Lei nº 12.349, pela mudança da LGL, não cabe de la vinculacion contractual, pues
de 15 de dezembro de 2010, fruto mais colocar a questão apenas las bases de la licitacion, el pliego
da conversão da Medida Provisória nestes termos. Vislumbrando-se o de condiciones y la documentación
n º 495/2010, inserindo-se como Estado como garantidor de direitos licitatoria presenteada em la oferta
um dos objetivos da licitação a fundamentais, é de se defender por el contratista rigen a lo largo de
garantia do desenvolvimento na- que a estrutura organizacional la ejecución contractual.”13
cional sustentável.11 Anteriormente articulada para o atendimento Portanto, assinala-se a impor-
a esta modificação, da inteligência das necessidades internas da tância do instituto da licitação e o
do artigo 3º da Lei n.º 8.666/93, Administração deve ser realinhada seu escopo de permitir o melhor
concluía-se que a licitação deveria a também compreender o atendi- negócio para a Administração em
cumprir dois fins básicos: garantir a mento de políticas públicas.12 consonância ao interesse público,
isonomia na atuação administrativa Com isto a Administração notadamente a partir de condições
e obter a proposta mais vantajosa Pública, especialmente por seu isonômicas e competitivas, da ga-
para o cumprimento do interesse poder de compra, pode se colocar rantia de uma atuação administra-
público. como interventora no mercado tiva proba, moral, eficiente e legal,
Considerando-se a norma atu- por meio de práticas diferencia- e da racionalização do processo em
alizada, constata-se a manutenção das de consumo, estimulando e prol do desenvolvimento nacional
destas duas finalidades, acrescen- criando meios que fortaleçam um sustentável. Neste sentido, ao
do-se a promoção do desenvolvi- modelo menos pautado no acúmulo impor a contratação por meio de
mento nacional sustentável como despropositado, e que seja mais licitação pública, o administrador
fim a ser perquirido de igual forma. racional. Não só o contrato apre- não está apenas satisfazendo a sua
Evidencia-se um incremento na ende este objetivo, mas o processo necessidade secundária, mas está
concepção de licitação. Antes o prévio de escolha do contratante, contribuindo para a promoção de
elemento essencial do processo incluindo-se habilitação, propostas, uma finalidade maior, o desenvolvi-
9
BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito de política pública em direito. In: BUCCI, Maria Paula Dallari (org.). Políticas Públicas: reflexões sobre o conceito jurídico.
Belo Horizonte: Fórum, 2006.p.39.
10
A redação original do artigo consignava o seguinte: “Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a
selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.”
11
Entendemos que desenvolvimento nacional sustentável é finalidade de qualquer ação governamental, não apenas das licitações.
12
Registre-se distinção feita por Celso Antônio BANDEIRA DE MELLO, segundo a qual “os interesses públicos ou interesses primários – que são os interesses da
coletividade como um todo - são distintos dos interesses secundários, que o Estado (pelo só fato de ser sujeito de direitos) poderia ter como qualquer outra pessoa, isto é,
independentemente de sua qualidade de servidor de interesses de terceiros: os da coletividade.” O autor ressalta que “os interesses secundários não são atendíveis senão
quando coincidem com interesses primários, únicos que podem ser perseguidos por quem axiomaticamente os encarna e representa. Percebe-se, pois que a Administração
não pode proceder com a mesma desenvoltura e liberdade com que agem os particulares, ocupados na defesa das próprias conveniências, sob pena de trair sua missão
própria e sua própria razão de existir.” (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 28ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 72-73).
13
DROMI, Roberto. Licitación publica. Buenos Aires: Ediciones Ciudad Argentina,1995, p.44.
”
Sustentabilidade na Administra- se vislumbrar a efetividade das
ção Pública- CISAP, de natureza políticas adotadas.
A
etapa de avaliação de o beneficiário do prejudicial. Na A avaliação é um exame cuidadoso
uma politica pública gestão atual do setor público, no do mérito, da necessidade, do valor
contempla o controle entanto, a avaliação adquiriu signi- da organização, conteúdo, admi-
como forma de ave- ficados mais específicos e estreitos. nistração, produção e efeitos das
riguar se a política Aqui, a avaliação é um mecanismo intervenções governamentais em
implantada surtiu os efeitos dese- de monitoramento, sistematização, curso ou acabados, que se destina
jados pela Administração Pública classificação e intervenções gover- a desempenhar um papel no futuro,
instituidora, bem como se as metas namentais em curso ou acabadas em situações práticas.16
delineadas pelo programa foram (organizações, políticas públicas, Considerando-se esta definição
atendidas. Ainda, o controle permite programas, projetos, atividades, é possível afirmar que o processo
verificar os reflexos não previstos seus efeitos e os processos anterio- licitatório funciona, além de ins-
inicialmente e redirecioná-los, se res a estes efeitos, as percepções trumento para implementação da
assim necessário, para o atingimento do conteúdo das intervenção), para política pública, como forma de
do interesse público. Neste sentido, que funcionários públicos e outras controle de metas e de objetivos
Evert Vedung define a etapa de ava- partes interessadas em seu trabalho, das políticas aplicadas. Isto porque
liação das políticas públicas como: orientados para o futuro, sejam os processos de contratações cos-
A avaliação é uma atividade que capazes de atuar como responsáveis, tumam ser controlados estatistica-
objetiva distinguir o precioso do de forma criativa, de forma equita- mente, vislumbrando-se a economia
inútil, o aceitável do inaceitável, tiva e economicamente possível. (...) de recursos públicos alcançada com
14
Regulamenta o disposto nos §§ 5o a 12 do art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e institui a Comissão Interministerial de Compras Públicas.
15
Regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
nas contratações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública - CISAP.
16
“Evaluation is an activity aimed at distinguishing the precious from the worthless, the acceptable from the unacceptable, the beneficial from the detrimental. In present-
day public sector management, however, evaluation has acquired more specific and narrow meanings. Here, evaluation is a mechanism for monitoring, systematizing, and
grading ongoing or just finished government interventions (organizations, policies, programs, projects, activities, their effects, and the processes preceding these effects,
perceptions of intervention content included) so that public officials and other stakeholders in their future-oriented work will be able to act as responsibly, creatively,
equitably and economically as possible.(…) Evaluation is careful assessment of the merit, worth, and value of organization, content, administration, output, and effects of
ongoing or finished government interventions, which is intended to play a role in future, practical action situations.” (VEDUNG, Evert. siz models of evaluation. in Routledge
handbook of public policy. Eduardo Araral Jr., Scott Fritzen; Michael Howlett; M Ramesh an Xun Wu. Routledge, New York, 2013. p.387, Tradução livre).
“
rija os rumos de sua atuação para a
efetiva satisfação das necessidades
sociais, bem como subsidiará, com
informações, os cidadãos interes- (...) o controle e o
sados em verificar a qualidade
dos gastos públicos, fomentando,
assim, o controle social.
planejamento das licitações são
Outra forma de controle por
meio das licitações ocorre na fase tarefas que devem caminhar
de planejamento do processo de
”
contratação, na qual se analisa, juntas (...)
a partir das experiências obtidas
com as competições anteriores
17
QUEIROZ. Rholden Botelho. O Controle das Políticas Públicas pelos Tribunais de Contas. Revista Controle. Fortaleza: Tribunal de Contas do Estado do Ceará, v. VII, n. 1,
abril, p. 63-83, 2009.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
s contratações públi- as contratações da Administração metas estabelecidas pelo programa
cas, em regra, devem Pública inserem-se em um quadro foram atendidas.
ser antecedidas de mais amplo, contemplando reflexos O controle por meio das licitações
licitação, devendo este sociais relevantes. permite verificar os reflexos não pre-
processo administra- Neste sentido, as licitações vistos inicialmente e redirecioná-los,
tivo visar à satisfação do interesse públicas, além de instrumento de se necessário, para o atingimento
público primário e secundário, não implementação de políticas públicas, do interesse público. Esta tarefa
se atendo a somente compreender servem de meio de controle de pode ser pelo feedback da própria
aquisições vantajosas à vontade metas e de objetivos das políticas administração acerca dos processos
econômica e organizacional da má- aplicadas. Esta análise faz parte do licitatórios que realizou, bem como
quina estatal. Constata-se que, com processo de avaliação das políticas desempenhada pelas cortes de
a positivação da Lei nº 12.349/2011, publicas, etapa na qual se verifica contas, ao averiguar se as licitações
que inseriu como nova finalidade se a atuação desempenhada atendeu instauradas atendem as diretrizes
das competições licitatórias o de- às diretrizes delineadas no início da nova finalidade das contratações
senvolvimento nacional sustentável, do ciclo da política, bem como se as públicas.
REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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C
onselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso, Antonio Joaquim
Moraes Rodrigues Neto encerra a sua gestão na Presidência da
Associação dos Membros dos Tribunais de Contas, no mesmo
ritmo acelerado que a iniciou. Entre tantos resultados positivos,
com certeza merece destaque o fato de ter agendado a Atricon na
rotina dos conselheiros e conselheiros substitutos. E, também, ter feito fixar o
nome da associação como entidade de articulação dos tribunais de contas, de tal
maneira que a Atricon passou a ser chamada para ajudar na organização de ações
pretendidas ou desenvolvidas pelo Governo Federal - de olho na capilaridade
e na governabilidade dos tribunais na relação com os demais órgãos públicos,
pois fiscaliza e julga a gestão dos recursos públicos.
Na entrevista a seguir, o conselheiro Antonio Joaquim – como prefere,
simplesmente – fala dos dois anos de sua gestão, do que define como sua
principal utopia, a consolidação do sistema nacional de tribunais de contas, da
luta pela criação de um conselho fiscalizador para o controle externo nos moldes
do CNJ – órgão que organiza o Poder Judiciário brasileiro –, da qualidade e da
agilidade como pressupostos do controle, do viés educativo e obrigatório do
controle externo, de estímulo ao controle social e da necessidade de a sociedade
conhecer e cobrar mais dos tribunais de contas.
Neste mesmo bloco, os novos presidentes da Atricon e do Instituto Rui
Barbosa, respectivamente os conselheiros Valdecir Pascoal e Sebastião Helvécio
e, registram seus compromissos visando fortalecer cada vez mais o Sistema
Tribunais de Contas do país, coadunando-o aos desafios e temas do terceiro
milênio.
O sr. está chegando ao o planejamento foi construído com envolvimento de muitos associados.
final de sua gestão na Atricon. Que a anuência de toda a Diretoria e E isto ocorreu verdadeiramente.
tipo de sentimento lhe ocorre? aprovado pelos membros do Con- Tivemos inúmeras atividades em
Para quem nunca teve a preten selho Deliberativo, que conta com Brasília e em outras cidades. Foram
são de ser presidente da nossa asso- representantes de 33 Tribunais de realizadas parcerias com instituições
ciação e não tinha um projeto – nem Contas de Estados, de Municípios e como o Sebrae, os Ministérios da
de vida e nem de trabalho – rascu- do Distrito Federal. O planejamento Fazenda, via Secretaria do Tesouro
nhado para esta finalidade, entendo foi o nosso guia. E as metas estabele- Nacional (STN), da Previdência
que o saldo é positivo e superou as cidas, em sua grande maioria, foram Social, da Justiça, via a Estratégia
expectativas gerais. alcançadas com êxito. Então, falando Nacional de Combate à Corrupção
O nosso candidato natural era de sentimento, expresso o do dever e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA),
o conselheiro Salomão Ribas (TCE- realizado. Havia uma tarefa a ser com a Secretaria de Relações Institu-
-SC), que já estava na Presidência. realizada, fui designado, a cumpri. cionais da Presidência da República,
Porém, no mês que antecedia o Espero que a próxima Diretoria a Ordem dos Advogados do Brasil, o
Congresso de Belém (PA), realizado tenha esta mesma compreensão e Conselho Federal de Contabilidade,
em novembro de 2011, ele infor- dedicação. Tribunal Superior Eleitoral, com o
mou que por problemas de saúde Tribunal de Contas da União, uma
não poderia continuar à frente da A Atricon ganhou uma grande constante peregrinação no Congres-
Atricon. Disse que tinha consultado visibilidade nesse período. Como so Nacional. Tudo isso contribuiu
outros conselheiros, a exemplo de isto foi conseguido? para a boa visibilidade alcançada
Thiers Montebello, do TCM-RJ, e A visibilidade é positiva ou pela Atricon.
estava defendendo o meu nome para negativa sempre em consequência
a Presidência. Acabei aceitando a de algo. Minha percepção primeira Esse é o caminho, então?
indicação com a certeza que teria a é a de que a visibilidade é positiva Sim, mas ainda é muito pouco. Os
ajuda e a experiência de ambos e de e resultou da inegável e grande mo- tribunais de contas são instituições
outros tantos na condução da nossa vimentação provocada pela Atricon totalmente desconhecidas da socie-
entidade. Isto ocorreu e foi muito no âmbito dos tribunais de contas dade. Ela não nos conhece. Grande
importante. e na ampliação da relação da nossa parte da culpa é nossa. Os tribunais
entidade com outros segmentos, em de contas, por muitos anos, foram
Como contornou esta situação especial o governo federal. fechados em si, não se preocupavam
de ser candidato de última hora? Os associados e, mesmo aque- em se relacionar com a população,
Foi optar por uma gestão les conselheiros e conselheiros com formadores de opinião, com
alicerçada em um planejamento substitutos que não são filiados, os a Imprensa. Mas vejo que isto está
estratégico de longo prazo, que foi procuradores de contas que per- mudando, que os tribunais estão se
aprovado pelo Conselho Deliberativo tencem a outra entidade, a Ampcon, abrindo, buscando interagir mais
para o período de 2012-2017. Esse enfim, nunca tanta gente foi tão com os outros órgãos de controle,
foi o grande diferencial, pois conse- instada a se informar, participar e divulgando mais suas ações. Mas
guimos, desde essa decisão, atrair se envolver nas ações da Atricon é preciso ter a consciência de que
muitos associados para contribuir ou coordenadas pela associação, a boa imagem depende de ação
nos dois anos que se seguiram. que passou a também representar concreta.
Primeiro, foi um grupo muito bom os tribunais de contas. Houve uma
na elaboração da minuta do plano, busca pela ampla integração. Até Que tipo de ação o sr. defende?
ouvindo tribunais de contas de porque o planejamento estratégico Os tribunais de contas precisam
todo país e recebendo respostas e previu uma série de iniciativas que, atuar com eficiência, com qualidade
sugestões. Depois, com este esboço, para serem realizadas, exigia o e com agilidade. De nada adianta
“
julgar contas com atraso, depois por exemplo, na promoção da Lei
S OCI
preciso que no ano sejam julgados grande política pública, que prevê a
O primeiro passo
TE NE
”
representa efetividade. de Contas apenas a Lei das Licitações. Isto
Julgar também o resultado de é puro desconhecimento. Então,
políticas públicas, verificar se o conseguimos realizar eventos em
dinheiro aplicado trouxe resultados da República”, liderados pelo con- todos os estados, na parceria Sebrae
para a sociedade. Pode-se fazer uma selheiro substituto Jaylson Campelo e tribunais de contas, mostrando a
licitação de milhões, totalmente (TCE-PI), que realizaram as visitas importância da Lei Complementar
legal, mas o resultado ser nenhum. técnicas de avaliação em todos esses para o desenvolvimento local, além
Os tribunais de contas não podem tribunais no período de apenas três da necessidade de fiscalização da
ficar observando apenas a legali- meses, para produzir um relatório sua aplicação. Segundo informações
dade e a regularidade. Isto é muito com o diagnóstico da realidade dos recentes, o percentual de municípios
pouco e não atende à exigência tribunais de contas. Este diagnóstico que tomaram providências em
constitucional da eficiência. Vejo é um marco referencial, que serve relação à Lei Geral alcançou 50%.
que pelo menos a metade dos nossos para que cada tribunal avalie como Isto confirma a capilaridade e a
tribunais de contas já atuam assim. está no em nível nacional. Também governabilidade dos tribunais de
Mas este nível de excelência, de serve para indicar boas experiências contas e seu potencial de executo-
qualidade e agilidade, tem que ser a serem seguidas. Esses resultados riedade de políticas públicas.
alcançado por todos. são públicos, estão publicados no
site da Atricon, mostrando também O sr. disse que houve parceria
Uma preocupação em sua ges- a opção pela transparência. com o governo federal. Como
tão, prevista no planejamento, foi Da mesma forma, objetivando foram realizadas ?
com a qualidade e a agilidade dos qualidade e excelência, outro grupo Com o Ministério da Previdência
tribunais de contas. Que tipo de de conselheiros e técnicos, liderados começamos uma parceria para
encaminhamento foi feito a este pelo conselheiro Sebastião Ranna qualificar a fiscalização da gestão
respeito? (TCE-ES), contribuiu decisivamente dos recursos pelo Regimes Próprios
Esse será um dos marcos des- na criação da Rede de Informações de Previdência Social (RPPS), os
te período na gestão Atricon. O Estratégicas para o controle exter- órgãos previdenciários dos estados e
Conselho Deliberativo aprovou um no, a exemplo da experiência de municípios que atendem 10 milhões
inédito instrumento de Avaliação da tribunais como o TCU. Esta rede vai de servidores. Também articulamos
Qualidade e Agilidade do Controle permitir que os nossos tribunais a adesão dos tribunais ao ENCCLA,
Externo no âmbito dos tribunais de tenham acesso a bancos de dados que reúne dezenas de órgãos de con-
contas, com a definição de 20 itens e de outras instituições, para ter mais trole como o Ministério Público, o
60 critérios. Disto foi produzido um qualidade e segurança em decisões Ministério da Justiça. Com o Tribunal
questionário com 133 quesitos, apli- como acúmulo indevido de cargos da União, na realização de auditorias
cado em 28 tribunais de contas que, públicos. coordenadas em Educação, em todos
de forma espontânea, aderiram ao os estados, e em Meio Ambiente, em
procedimento de aferição. Tivemos E as parcerias, também foram nove estados da região da Amazônia
a colaboração de conselheiros e téc- importantes? Legal.
nicos, nossos “Homens e Mulheres Sim, e muito. Com o Sebrae, Ainda houve a articulação com
O IRB e as diretrizes da
DÊ
TE NE S OCI
Declaração de Vitória
CON TROL
CON TROL E : novas
A
prioristicamente deve-se originário de um estado unitário, e os desafios que se apresentam
anotar que a Declaração por isto se torna importante uma descritos nas vinte e seis diretrizes
de Vitória − documento contextualização histórica de nossas que compõem a Declaração de Vitória
referência do XXVII Constituições, desde a Carta Imperial com o Planejamento Estratégico da
Congresso dos Tribunais de 1824 até a Constituição Cidadã instituição, visando ao direciona-
de Contas do Brasil1, realizado com a de 1988, para verificar o pêndulo da mento dado pela entidade aos antigos
participação de 34 tribunais de contas, centralização/descentralização, que Grupos Temáticos do Programa de
−, aprovada por unanimidade pela aqui prefiro situar como diástoles e Modernização do Sistema de Controle
Assembleia Geral da Associação dos sístoles. Externo nos Estados, Distrito Federal
Membros dos Tribunais de Contas do ELAZAR (1987) conclui que e Municípios Brasileiros, PROMOEX.
Brasil, é inovadora, porque, além de “federalismo é assim um princípio A utilização da Peer Review, revi-
situar a importância do controle ex- ou valor que permeia os sistemas são e avaliação entre pares, resultando
terno no contexto nacional, relaciona políticos federativos e que diz respeito no produto Avaliação da Qualidade
suas atividades com o exercício da à necessidade das pessoas e das e Agilidade do Controle Externo2, é
cidadania e a melhoria da qualidade unidades políticas de se unirem para ponto fundamental para o estabeleci-
da gestão pública, explicitando o atingirem objetivos comuns e ainda mento de estratégias que garantam a
enleamento com o desenvolvimento assim se manterem separados para constante reciclagem de membros e
econômico e a redução das desigual- preservar suas respectivas integri- servidores, com a utilização endógena
dades regionais e sociais. dades”. Adita-se, ainda, que o federa- do princípio da eficiência, agora com
No Brasil, a República e a Fede- lismo é explicitamente de natureza status constitucional.
ração chegaram juntas e nunca se republicana, no mesmo sentido de A Constituição Federal de 1988,
dissociaram. O federalismo como res publica (coisa pública), ao dizer a Constituição Cidadã, resgata, por
tema de análise política tem ocupado respeito à “necessidade das pessoas”. inteiro, a importância dos tribunais
a agenda de diversos pensadores e No dizer de Elazar, “... uma federação de contas, especialmente ao inscul-
institutos de formulação de estraté- deve pertencer a seu público e não pir, nos incisos do seu artigo 71, as
gias para a implantação de políticas ser propriedade particular de uma competências que balizam a atuação
públicas. No Brasil, o conhecimento pessoa ou de segmento deste público daqueles no fortalecimento da demo-
da sua evolução histórica é essencial e, portanto, seu governo requer a cracia, da república e da federação.
para correlacionar federalismo a participação pública”. Nesta esteira, é importante realçar
política pública. Daí a abordagem do O Instituto Rui Barbosa – IRB, que o reconhecimento explícito de
estudo sobre federalismo baseado conforme dispositivo regimental, que a eficiência é um princípio cons-
na observação de que quanto mais tem entre suas finalidades o estudo, titucional da Administração Pública
descentralizada fiscalmente for a fede- a pesquisa e a investigação da organi- ocorreu somente em 1998, com a
ração e maiores forem as disparidades zação, dos métodos e procedimentos Emenda Constitucional n. 193, embora
interestaduais, em termos de gerar presentes nos controles externo e o princípio da eficiência já desfilasse
renda e demandar gastos, maior será a interno, visando o aperfeiçoamento entre administrativistas e ideólogos
necessidade de existirem mecanismos das atividades com o objetivo final de de políticas públicas.
de especialização para promover o zelar pela legalidade e, sobretudo, pela O princípio da eficiência é au-
equilíbrio horizontal. eficiência do gasto público. tônomo, dotado de normatividade
O Brasil é um estado federal Hora de ajustar o momento atual suficiente para vincular as atividades
1. Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, realizado, em Vitória - ES, de 03 a 06 de dezembro de 2013.
2. Documento elaborado pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – Atricon.
3. Modifica o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças
públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras providências.
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referência do XXVII Congresso dos Tribu- Sístoles e Diástoles no Financiamento liberdade. São Paulo: Companhia das
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Informações Estratégicas para o Controle Social. Universidade do Estado do Rio de
4. John Kay (1704-1764): maquinista, engenheiro e inventor inglês. Filho de um fabricante de tecidos de lã em Bory, em Lancashire, inventou
um equipamento, o Flying Schuttle, que substituía o acabamento manual da peça. Sua vantagem tornou-se motivo de revolta para os demais
tecelões, que incendiaram a sua casa e destruíram seus teares. Sua contribuição para a tecelagem automática é notável.
5. James Hargreaves (1720-1778): carpinteiro, fiandeiro e inventor britânico. Não sabia ler, nem escrever, porém com a sua engenhosidade
inventou, em 1764, a Spinning-Jenny, que substituiu a fração artesanal de algodão. Ao morrer, já existiam 20 mil máquinas em operação na
Inglaterra copiadas da sua.
6. Documento elaborado pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – Atricon.
da nova gestão
CON TROL
CON TROL E : novas
A “
Associação dos Membros um todo, fica patente, ainda, a
dos Tribunais de Contas capacidade coletiva de análise
do Brasil (Atricon) acaba e de formulação de proposições
de vivenciar mais um pro- A construção de criativas e inovadoras, combustível
cesso democrático e republicano de uma entidade cada para orientar o estabelecimento
alternância do poder. Trata-se de de diretrizes que congreguem
uma entidade plural, vocacionada vez mais vigorosa e distintos pontos de vista. Com
a ocupar espaço importante no efeito, as plataformas de campanha
fortalecimento do controle público,
atuante, lastreada trouxeram propostas consistentes
atividade singular e fundamental na colaboração de e factíveis, cuja implementação
para a consolidação da democracia poderá redundar em avanços sig-
no nosso país. todos os membros nificativos no processo de gestão
Processos dialógicos, como dos tribunais de e na qualidade das intervenções
aqueles associados a uma disputa no ambiente em que a entidade se
eleitoral, costumam fortalecer as contas, é, pois, insere.
instituições, especialmente, como Para os novos eleitos, impõe-se
no caso presente, quando respei-
tarefa em prol dos o desafio de suceder uma gestão
tadas as diversidades internas, o mais legítimos marcada pela proficiência e van-
que favorece o desenvolvimento de guardismo, liderada pelo ilustre
ideias e ações com maior respaldo interesses da conselheiro Antônio Joaquim, o
”
político. nação. que por um lado é um fator po-
Observando o processo como sitivo, ao se considerar todo o
”
da República.
Ulysses Guimarães
presidente da Constituinte, em 1988
36
36 VerãoTCMRJ
Revista de 2014 Verão Revista
- N. 56de 2014 - N. TCMRJ
56
TCMRJ garante amplo
acesso à informação
O
acesso é a regra e informações em todo o âmbito deste Chamado à Unidade competente,
o sigilo, a exceção. TCMRJ, visando celeridade nas res- medida que tramita em caráter
Sob esta premissa, o postas às demandas da Ouvidoria. prioritário. Recebida a instrução,
Tribunal de Contas formulo a resposta ao solicitante.
do Município do Rio Revista do TCMRJ - Qual a Há muitos casos em que os assuntos
de Janeiro tem garantido de forma estrutura da Ouvidoria? mencionados nos Chamados não se
ágil e clara o acesso à informação A Ouvidoria encontra-se, atual- inserem no âmbito de competência
de interesse público, através de mente, sob minha responsabilidade, deste TCMRJ, e, muitas vezes, da
sua ouvidoria e do serviço de in- na qualidade de titular da Secretaria própria esfera do Município do Rio
formação, criado a partir da Lei Geral da Presidência. Em sua estru- de Janeiro. Nestes casos, o solicitante
de Acesso (Lei n.12.527, de 2011). tura de pessoal, há o cargo de assis- é instruído sobre para onde deve
Qualquer cidadão, gratuitamente e tente de Ouvidoria, exercido pela dirigir sua solicitação.
sem precisar justificar, pode obter servidora Angélica Cirino Santana
as informações sobre estrutura, das Chagas, que opera diretamente Quais são as áreas mais deman-
despesas e principais atividades do o sistema informatizado, substituída dadas?
órgão, como auditorias e inspeções em seus impedimentos legais pelo Boa parte é sobre serviços pú-
realizadas. Este é um grande passo assistente da Presidência, Carlos blicos prestados pelo Município do
para o desenvolvimento do controle Alberto Borges Delgado Junior. Rio de Janeiro e, dentro desta ótica,
exercido pela sociedade em prol do saúde e educação ainda prepon-
direito fundamental à boa admi- Como funciona o sistema de deram. A área do transporte teve
nistração pública e da participação Ouvidoria? aquele pico atípico, no meio do ano,
cidadã nos processos de decisão que O Sistema de Apoio à Ouvidoria, por causa da movimentação popular.
afetam diretamente sua vida. software de informática desenhado Em princípio, gerada pelo aumento
Entre janeiro e outubro deste exclusivamente para este mecanis- de tarifa de passagem do transporte
ano, ambos os serviços de infor- mo, opera 24 horas por dia, inclusive público, o movimento demandou
mação receberam 1.482 chamados. aos sábados, domingos e feriados. O uma série imensa que ultrapas-
Autoridade responsável, o secre- sistema grava as solicitações recebi- sou 1000 solicitações, mas muitas
tário-geral da Presidência, Sérgio das pelo telefone exclusivo – 0800 orientadas pela rede social. Mesmo
Aranha, responde aqui a perguntas 2820486, ligação gratuita. Diaria- não tendo conhecimento pleno do
elaboradas pela Revista TCMRJ e fala mente, às 9h, ao iniciar o expediente, que estavam solicitando, diversas
sobre procedimentos, expectativas e a assistente Angélica recolhe as pessoas mandavam mensagens para
resultados do Setor. ligações existentes, transformando- o Tribunal, fomentadas pela dita
-as em “Chamados de Ouvidoria”, coordenação do movimento. Quando
Quando e como foi im- através de formulário próprio. respondíamos, e nós respondemos
plementada a Ouvidoria do a todos os reclames da época, a
TCMRJ? Revista do TCMRJ - Que proce- grande maioria estranhava e nos
A Ouvidoria do Tribunal foi criada dimentos são iniciados a partir da questionava de volta para saber do
em 2006, inicialmente na estrutura formação do formulário? porquê daquela resposta.
da Secretaria-Geral, então órgão de Os Chamados são submetidos,
superior graduação na hierarquia primeiramente, a meu exame. Dis- E o Serviço de Informação
desta Instituição, e subordinada pondo dos elementos para atender ao Cidadão, como funciona no
diretamente à Presidência. Com a às questões postas, providencio de TCMRJ?
sua extinção, a Ouvidoria passou a imediato a devida resposta ao solici- A Lei de Acesso à Informação, de
integrar o Gabinete da Presidência, tante. Em sendo necessária consulta novembro de 2011, determinou que
o que a dota de poder de requisitar a órgãos deste TCMRJ, direciono o todos os órgãos públicos, especifi-
O serviço de
Ouvidoria
é um
importante
mecanismo
de controle
social e
cidadania.
1- Descrição Original do Chama- também, acompanhar a solução, O TCMRJ, desde 2008, realiza
do pelo Contato (Internet) através da prevenção, manutenção o Programa de Visista às Escolas
Assisti ao programa Menorah e conservação. O problema poderia Municipais de Ensino (com foco nas
onde o presidente do TCMRJ diz que ter tido o olhar de um engenheiro ou unidades que possuem turmas do
tem uma equipe multidisciplinar. Sei arquiteto da equipe do TCM quando 6º ao 9º ano), tendo por objetivo a
que o TCM acompanha algumas Uni- acompanhou à UE, senão, de que realização de um acompanhamento
dades Escolares do Município, então, adianta acompanhar e de que adian- mais direto e constante das escolas,
por que o TCM não atua de forma ta a equipe ser multidisciplinar? propiciando, assim, ações imedia-
mais decisiva, no sentido de orientar tas, tentando solucionar, o mais
como resolver certos problemas? Resposta do TCMRJ rápido possível, as impropriedades
Acho que não vale a pena só apontar (em 9 dias) detectadas. São acompanhadas,
o problema, denunciar; deve-se,
e nos municípios
A adesão cada vez mais expressiva ao
programa Brasil Transparente e as crescentes
regulamentações regionais da Lei de Acesso à
Informação representam o início de um longo
processo de interação entre a administração
pública e a sociedade, no sentido do
fortalecimento da democracia e da melhoria
dos serviços prestados aos brasileiros
É
de fundamental importância para qualquer democracia a
transparência das informações públicas de forma a garantir
o direito que os cidadãos têm de acompanhar e fiscalizar as
políticas e os gastos públicos. Nesse contexto, a efetivação
plena do direito à informação nos estados e municípios
brasileiros, prestadores mais diretos de serviços à população, é essencial
à consagração da cultura de transparência no Brasil.
Tema de problematização relativamente recente, a transparência tem
como pilar o direito à informação, consagrado no art. 5º, inciso XXXIII, da
Constituição de 1988. Buscando efetivar o preceito constitucional, diver-
sos instrumentos legais foram utilizados para fomentar a transparência
das ações da administração pública.
C
abe destacar a Lei de real, de informações pormenorizadas Lei nº 12.527/2011, conhecida como
Responsabilidade Fiscal sobre a execução orçamentária e Lei de Acesso à Informação – LAI,
- LRF (Lei Complemen- financeira dos entes políticos. editada com o propósito de regula-
tar nº 101/2000 com Por sua vez, a Lei nº 10.683, mentar o direito constitucional dos
alterações feitas pela de 28 de maio de 2003, ao criar a cidadãos de acesso às informações
Lei Complementar nº 131/2009) que Controladoria-Geral da União – CGU, públicas dos órgãos e entidades das
instituiu nacionalmente os critérios a impulsionou de forma determinante três esferas de poder. A LAI, símbolo
serem observados pela União, Estados, as ações relativas à defesa do patri- do avanço na política brasileira
Distrito Federal e Municípios no que mônio público e ao incremento da de transparência, possibilita aos
tange ao gasto do dinheiro público. A transparência da gestão, dando-lhes cidadãos o exercício efetivo do
LRF foi de fundamental importância mais força e amplitude na adminis- controle social ao propiciar à socie-
para a transparência da gestão fiscal tração pública federal. dade amplo acesso às informações
ao exigir a disponibilização, em tempo Merece, ainda, atenção especial a públicas.
E
m novembro de 2004, aos estados e municípios brasileiros, Por sua vez, os dois eventos de
por iniciativa da CGU, ao Distrito Federal, a instituições grande magnitude a serem realiza-
foi criado o Portal privadas e aos cidadãos. dos no país, a Copa do Mundo de
da Transparência do Uma das questões em que con- 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016,
Governo Federal. Além seguimos avançar é a consolidação contam com portais específicos para
disso, os órgãos e entidades da e disponibilização de informações que a sociedade possa acompanhar
Administração Pública Federal públicas por meio de diversos ban- detalhadamente a aplicação de
mantêm suas próprias Páginas de cos de dados administrados pela recursos públicos.
Transparência. CGU, dentre eles pode-se citar: No âmbito internacional, alinha-
Com a criação do Portal da o CEIS – Cadastro de Empresas do a diversos países na busca da
Transparência do Governo Federal, Inidôneas que reúne informações gestão transparente, o Brasil aderiu
permitiu-se ao cidadão acompanhar de empresas e pessoas físicas que à Parceria Governo Aberto (Open
o gasto do dinheiro público e sua sofreram sanção e encontram-se Government Partnership – OGP
fiscalização a partir da implantação impossibilitadas de participar de do inglês) que objetiva difundir e
de diversas ferramentas que impul- licitações ou de celebrar contratos incentivar globalmente práticas
sionaram a transparência da gestão com a Administração Pública; o governamentais relacionadas à
pública. Cadastro de Entidades Privadas Sem transparência dos governos, ao
Destaca-se a disponibilização de Fins Lucrativos Impedidas – CEPIM acesso à informação pública e à
informações relativas ao âmbito de que consolida e divulga a relação participação social.
atuação do Poder Executivo Federal, das entidades privadas sem fins Em meio aos compromissos
como a divulgação, através de con- lucrativos que estão impedidas de firmados pelo governo brasileiro na
sultas, do cargo, função, situação fun- celebrar convênios, contratos de Parceria Governo Aberto, ressalta-
cional e remuneração dos servidores repasse ou termos de parceria com -se a disponibilização na internet
ativos civis e militares, bem como dos a administração pública federal; e dos dados do SICONV - Sistema de
agentes públicos. Além da publicação o CEAF - Cadastro de Expulsões da Gestão de Convênios e Contratos
das diárias pagas e valores usados por Administração Federal que dispo- de Repasse criado pelo Decreto nº
meio do uso de cartões de pagamento. nibiliza as penalidades expulsivas 6.170/2007 para efetuar o registro
E, dentre demais consultas, o acom- aplicadas, a partir de 2005, no âm- de todos os convênios firmados pelo
panhamento dos recursos públicos bito do Poder Executivo Federal, a poder executivo da Administração
transferidos pela União ao exterior, servidores civis, efetivos ou não. Pública Federal.
A
implementação da LAI za a necessidade de iniciativa do sociedade e desde que não sejam
no território nacional órgão público de dar divulgação a resguardadas por sigilo.
tem recebido o apoio informações de interesse geral ou A fim de garanti-lo, a LAI deter-
do programa “Brasil coletivo, ainda que não tenham sido minou que deve haver o estabeleci-
Transparente”, lançado expressamente solicitadas. mento de um Serviço de Informações
pela CGU em 2013. O programa Para efetivação desse princípio ao Cidadão (SIC) físico e outro
auxilia estados e municípios na é obrigatória a divulgação das in- eletrônico. Os SIC’s físicos devem
efetivação das medidas de governo formações em sites oficiais da rede orientar e atender pessoalmente o
transparente previstas na Lei de mundial de computadores (Internet) público, informar sobre a tramitação
Acesso à Informação. O objetivo que tenham sido especialmente de documentos e protocolizar reque-
é somar esforços no avanço da criados com essa finalidade ou no rimentos de informações, enquanto
transparência pública e na adoção Portal da Transparência do estado que os eletrônicos funcionam como
de medidas de governo aberto. ou do município. “balcão de atendimento virtual”,
Os estados e municípios, em con- Outro princípio importante, o além de gerenciar os pedidos reali-
sonância com as medidas adotadas princípio da transparência passiva, zados e auxiliar o trabalho de gestão
em âmbito federal, ao atenderem refere-se ao fato de que todo órgão da informação.
às exigências da LAI devem ter ou ente deve prestar informações A CGU atua no processo de implan-
como pressuposto o princípio da que sejam de interesse geral ou tação da LAI nos estados e municípios
transparência ativa que preconi- coletivo quando demandados pela como agente catalisador promovendo
transparência e de conscientização do código fonte do e-SIC (Serviço de bro do corrente ano, a LAI já foi
do direito fundamental de acesso à Informação ao Cidadão do Governo regulamentada em 16 estados e 14
informação. Também atua na capaci- Federal) disponíveis no site www. capitais. E, dentre os Municípios
tação de agentes públicos no que se cgu.gov.br/brasiltransparente, como com mais de 100 mil habitantes, 42
refere ao desenvolvimento de práticas também treinamentos ministrados já o fizeram, sendo que no estado
de transparência na administração pessoalmente ou à distância em de São Paulo se encontra a maior
pública. Nesse sentido, várias medidas http://escolavirtual.cgu.gov.br/ead/. incidência desses municípios em
foram adotadas, desde a produção de Conforme percebe-se pelas um total de 13.
Fontes:
Bira, Marcelo,
Giovana, Breno,
em
TCMR J e
Milton, João
Nilton e tantos
outros: resultados
em destaque.
44
44 Verão
Verão de
de 2014
2014 -- N.
N. 56
56 Revista
Revista TCMRJ
TCMRJ
Tribunal começa a
colher bons frutos do seu
planejamento estratégico
Em consonância com a
dimensão das responsabilidades
presentes e futuras, o Tribunal
de Contas do Município
do Rio de Janeiro segue se
modernizando e investindo
com o objetivo de cumprir sua
missão constitucional e realizar
seu trabalho, atendendo às
expectativas da sociedade
carioca.
C
om as parcerias do do Município do Rio de Janeiro do TCMRJ como órgão de controle.
Tribunal de Contas (TCMRJ), fundamental para o Após esta etapa, foram definidos
da União (TCU) e do desdobramento das discussões em os objetivos estratégicos do TCMRJ,
Tribunal de Contas do reuniões sistematizadas, culmi- cabendo à Presidência definir os
Rio Grande do Norte nando com um workshop, visando prioritários. Com a finalidade de
(TCERN), em 2010 demos início a a construção do mapa estratégico. atendê-los, foi realizada licitação de
um processo de discussão interno Elaborado o plano estratégi- técnica e preço para a contratação de
voltado para a elaboração do Pla- co, foi feita sua apresentação aos consultoria visando a modernizar os
nejamento Estratégico do Tribunal conselheiros e representantes de processos de trabalho, redesenhar a
de Contas do Município do Rio de todos os setores, culminando com estrutura organizacional e adequar
Janeiro (TCMRJ). A metodologia a aprovação da Deliberação nº 177, a política de gestão de pessoas, do
empregada propiciou a partici- de 22 de março de 2010, na pers- Tribunal de Contas do Município do
pação de todos os funcionários, pectiva de estabelecer, no âmbito do Rio de Janeiro, de forma alinhada
desde as respostas individuais Tribunal de Contas do Município do com a missão, visão e os objetivos
aos questionários, assim como a Rio de Janeiro, as melhores práticas estratégicos institucionais.
consolidação das mesmas por setor de administração e gestão. Para O TCMRJ obteve como resultado
e a escolha dos representantes tanto, foi constituído um grupo deste investimento a aquisição de
destas unidades. Desta forma, foi responsável pela descrição dos 25 produtos desenvolvidos em 9
feito um diagnóstico do ambiente objetivos e respectivos indicadores, fases de trabalho, conforme descrito
interno do Tribunal de Contas visando a aperfeiçoar o desempenho a seguir:
partir de então:
i. Aprimorar Processos de Trabalho
TCMR J em
Aprovação da Lei nº 5.187, de 10 de junho de 2010, que dispõe sobre a criação de cargos da categoria funcional
de técnico de controle externo, engenheiro e analista de informação, na estrutura do Tribunal de Contas do Município
do Rio de Janeiro, e dá outras providências.
R
eceber pessoas de outros atraídos por melhores condições de “Considerando a sociedade
lugares do Brasil e do trabalho oferecidas pelo órgão. brasileira como um elemento con-
mundo tem sido a vo- Para os inspetores-gerais da 2ª e 4ª solidado de formação multiétnica
cação do Rio de Janeiro IGE’s, os concursados de outros estados e policultural, observa-se que a
desde sempre. Da mes- têm exercido suas atividades de forma Cidade do Rio de janeiro é um
ma forma, o TCMRJ tem passado pelo correta e bem planejada, com extrema hub onde, à semelhança de outras
mesmo processo, acolhendo em seus dedicação ao trabalho: “O fato dos metrópoles globalizadas, há o en-
quadros cada vez mais pessoas nasci- funcionários serem oriundos de outros contro da diversidade. Assim, neste
das em outros estados, principalmente estados não influencia culturalmente no cenário holístico, a contribuição
a partir de 2011, através dos últimos exercício de suas funções. Constatamos, dos servidores de outros estados
concursos públicos para os cargos de porém, que as características pessoais e é marginal, mas perceptível face à
auditores. Baseado em números do de formação se constituem efetivamente capacidade de aceitação do carioca.
Departamento Geral de Pessoal, o Tri- como definidoras do modo como se Em particular, no nosso cotidiano
bunal tem, hoje, entre seus servidores comportam no desenvolvimento de profissional, a dedicação do mineiro
cerca de 52 “estrangeiros”. Uma breve seus trabalhos : uns mais metódicos e e o profissionalismo do paranaense
olhada nos registros de pessoal mos- organizados , outros mais objetivos , o são notados como elementos que
tra que pessoas nascidas nos estados que na área de engenharia agrega um permitem melhorar a qualidade
de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande diferencial em termos de produtivida- do corpo instrutivo”, declarou
do Norte, São Paulo, Pernambuco, de”, disse a Inspetora-Geral Simone de Ricardo Levorato, responsável pela
Amazonas e até um uruguaio foram Souza Azevedo. 4ª Inspetoria de Controle Externo.
Verão deTCMRJ
Revista 2014 - N. Revista
56 de
Verão 2014 - TCMRJ
N. 56 49
49
Giovana Espolador Chaves, SP:
TCMR J em ação
Protocolo:
o coração do TCMRJ
A
rotina da Divisão de Co- ao público. O protocolo é a porta de do Município. É comum, também,
municação – Protocolo entrada do Tribunal. Todo e qualquer a funcionária atender a servidores
do Tribunal de Contas expediente, obrigatoriamente, entra aposentados ou familiares, que
do Município do Rio de e sai por aqui, nasce e morre; por procuram o Tribunal para saber
Janeiro começa bem isto afirmamos: é o coração do TCM”. do andamento de seus respectivos
cedo, às 7h da manhã. “Irene e Beth Embora todos sejam competen- processos, e, ainda, particulares para
são as primeiras a chegar, logo tes para processar as atribuições fazer consultas.
seguidas pelos demais”, informou do setor, Milton esclareceu que, a Milton explicou que diversos
Milton Rodrigues de Oliveira, diretor princípio, as atividades estão espe- documentos avulsos entregues no
da Divisão desde junho de 2013. “A cificamente distribuídas. “Andréia da balcão do TCMRJ são encaminhados,
bem da verdade - continua Milton -, Conceição é a funcionária mais apta imediatamente, ao gabinete da presi-
o protocolo funciona de 8h às 18h, a atender o balcão. Diariamente, An- dência para análise e determinação
sendo que, de 8h às 9h, internamen- dréia recebe, em média,100 proces- do procedimento a ser tomado.
te, e de 9h às 18h, em atendimento sos originados em diferentes áreas “Dependendo do assunto - por exem
plo, balancetes, convênios, edi- a custódia dos microfilmes (original problema pessoal de lado, receber
tais de concorrência, termos aditivos e cópia) dos processos julgados pelo a força do outro, descontrair, e
e outros -, a ordem é transformá-los arquivamento. O material é guardado resolver pendências de trabalho com
em processos, para que possam acondicionado em local apropriado, o colega. Sinto que, nesses últimos
tramitar normalmente no TCM. e os processos, incinerados, mas não meses, o ambiente mudou, o grupo
Vítor, Miguel, Alexandre, Manuel, antes de uma comissão formada por ficou mais estimulado e homogêneo,
Roberto e eu somos os responsáveis funcionários de diferentes setores influenciando positivamente no
por este serviço – formação de do TCM analisar a qualidade da rendimento do serviço”.
processos e cadastro – que consiste imagem dos microfilmes. A DCO
em reunir dados do documento operacionaliza, ainda, contrato com
indispensáveis e relevantes, que a Empresa Brasileira de Correios e
irão fundamentar e constar da Telégrafos”.
Funcionários lotados na DCO
capa do processo formado por Integram também a Divisão de
nós. As demandas internas, como Comunicação o chefe de serviço Milton Rodrigues de Oliveira
aposentadorias (do Departamento Sebastião Vitor que faz a triagem Sebastião Vitor Meira Lima
Geral de Pessoal), visitas técnicas e para formação de processo, sempre (chefe de serviço)
inspeções ordinárias (das Inspeto- assistido por sua auxiliar, Marília; Alexandre Kuebler
rias), também originam processos. Cátia e Beth, no recebimento e Alessandro Arbex Risarde
O funcionário Jorge responde pela distribuição dos processos internos; Andréa da Conçeição
impressão do número do processo, Alessandro, na expedição de docu- Cátia Aparecida da Costa Sousa
dia e hora, em cada folha constante mentos; Guilherme Santa Rita, no Elisabeth Pereira de Oliveira
deste processo, por meio de um arquivamento; e Irlene, na localiza- Guilherme Santa Rita da Gama Leite
relógio específico. Já os processos ção e apensação dos processos. Para Irlene Brito de Freitas
administrativos, como os de pensão, distribuir todo o expediente pelas João Nilton Camarco Flores da Silva
aposentadoria, prestação de contas e seções correspondentes do TCM, a Jorge Estácio de Souza
demais, oriundos de outros órgãos, Divisão conta com João Nilton, que Manoel Caldeira de Alvarenga Ferreira
são cadastrados por Solange, mas participa ainda da expedição do Marilia da Fonseca
não recebem numeração do TCM. O material que será entregue pelos Miguel Germigos da Franca
cadastramento é feito virtualmente Correios. Roberto Andrade Lucas Henriques
através do Sistema de Controle Para Milton, a equipe da DCO Solange Elvira Maria dos Santos Vitor
de Processos, desenvolvido pela está “apta a fazer qualquer trabalho
assessoria de informática”. e, sempre de boa-vontade, pronta Motomensageiros
Segundo Milton, a DCO operacio- a ajudar”. “Todos aqui ‘vestem a
Antônio Jerônimo da Silva Neto
naliza contratos com firmas pres- camisa’ do Tribunal”.
Orlando Rodrigues de Souza
tadoras de serviços terceirizados.
Rafael de Araújo Carvalho
“São três as empresas de que somos Café da manhã coletivo
gestores: a JC Empreendimentos
Funcionários da Empresa MGI
Ltda., responsável pelos três moto- Mesmo consciente das inúmeras
mensageiros que fazem qualquer atribuições do setor, Milton instituiu Adelina Conceição dos Santos
serviço de rua; a Micrográfica no o café da manhã coletivo. Todo dia, Fabiana Silva de Oliveira
Gerenciamento da Informação – ás 9h, a equipe se reúne para comer Jorge Robson Adão
MGI, que nos disponibiliza seis e beber “coisas gostosas” que cada Lidiane Cristina Diniz de Carvalho
funcionários para trabalharem um traz. Mas o verdadeiro objetivo Rejane da Silva
na digitalização e microfilmagem é entrosar o grupo, conversar, fazer Silvio Azevedo de Barcelos
dos processos que tramitaram ou com que os companheiros de sala se
ainda tramitam no TCMRJ; e a Delft conheçam melhor. “Acredito que seja
Soluções Corporativas, que mantém um momento de reflexão: deixar o
“ A Maratona é como
a vida, não dá para
assegurar o resultado.
É preciso, simplesmente,
viver cada passada
”
A
os 54 anos de idade, há
27 no TCMRJ, o funcio-
nário do Departamento
Geral de Finanças, Ubi-
racy Rufino Rezende, se
recupera de uma fascite plantar e se
prepara para participar de mais uma
Corrida de São Sebastião, em janeiro
próximo. Ubiracy, que já correu as
duas maratonas do Rio de Janeiro,
em 1984 e 1986, e a de São Paulo,
em 1985, ficou afastado do esporte
por 20 anos em função, inicialmente,
de uma série de lesões nos joelhos
e de cálculos renais. Bira – como é lidar com o tempo que não se teve boné. Lembrei que há mais de duas
conhecido – explica como renasceu por tanto tempo? Foi aí que resolvi décadas eu também corria e senti
sua vontade de correr. voltar a pintar. Com lona e madeira uma pontinha de inveja. Naquela
– Ninguém sai incólume de uma montei algumas telas grandes e mesma semana, saí para correr.
relação de 18 anos, e comigo não fiz da mente um funil para sorver Foi, de fato, a Corrida que fez tudo
seria diferente: Era 2007 quando eu ideias. Ideias que, tal qual o tempo, mudar no corpo, na mente, na alma
deixei o voluntariado para lidar com se esparramam no espaço a espera e em todo entorno que se expande
o tempo. E foi fora do meu trabalho, de um tradutor. Traduzi estas ideias ao infinito. Novos amigos, novos
no TCMRJ, que este tempo se espar- combinando risco e cor. lugares e novas atitudes. Na época,
ramou por todos os lugares: pela rua, Bira conta que, certo dia, saiu já com 48 anos de idade, me inscrevi
praia, cinema, barzinho, praça, sofá... para comprar tintas e deparou com em todas as corridas de 10 km, pelo
Em todo o canto vazio, mas cheio de dois corredores à beira da estrada. Brasil afora, para me reacostumar.
tempo que nada preenche. Como “Um deles abrigava seus setenta e No ano seguinte, competi a Meia
tantos anos embaixo de um suado Maratona (21 km) Internacional,
aqui no Rio, e a Volta da Pampulha, naquele trajeto - ou no sentir o vento, cerca de 80 participantes, vindos
em Belo Horizonte. Aos 50 anos, já ou no pisar no asfalto, ou no ouvir o de diferentes estados, e corremos,
readaptado aos grandes percursos, barulho do mar, ou...”. cada um no seu ritmo, desde a Rua
voltei a correr Maratonas. Participei, Com o passar do tempo, Bira Alice, em Laranjeiras, até o alto do
então, da de Porto Alegre, em 2010, começou a perceber que sentia mais Sumaré, percorrendo aproximados
duas de Buenos Aires, em 2010 e prazer nos treinos e nas corridas 15 km. Há quatro meses atrás, em
2012, e duas do Rio de Janeiro, em em grupo do que nas competições agosto, o encontro foi em Goiânia. Já
2011 e 2012. Nós, maratonistas, propriamente ditas. “Hoje, o meu recebi convite para ir a Mossoró, no
somos privilegiados pois colhemos objetivo primeiro é fazer amizades, Ceará, e a Campo Grande, no Mato
ao longo de 42km de estrada os interagir, conhecer pessoas. Atual- Grosso do Sul, mas, por motivos de
frutos do que plantamos no asfalto mente, participo apenas das princi- trabalho, ainda não combinamos
e que regamos com o próprio suor, pais corridas do calendário. Priorizo quando serão estes treinos. Eu viajo
dia a dia, treino a treino. Ao fim da um bom treino com amigos, e foi para fazer amigos, conhecer lugares
maratona, passadas 2h50min, ou com este pensamento que lancei o e ouvir histórias que têm sido con-
3h25min, ou 4h20min, não importa projeto ‘Um Longão em Cada Estado’. tadas no blog BiraNaNet.com, que
o tempo de cada um, cruzamos a Por intermédio do Facebook, a ideia criei recentemente. A três anos e
linha de chegada para descobrir que é reunir corredores de todo Brasil meio da aposentadoria, eu pareço ter
a felicidade sempre esteve ao nosso para um ‘longo treino’, e já começou descoberto a minha maneira de lidar
lado, pelo caminho. Ela esteve no a funcionar. O primeiro encontro com o tempo esparramado: escrever,
olhar de um amigo - feito ali mesmo foi em maio último onde juntamos correr e pintar”.
Bate-papo carioca,
com Carlos Lessa
E
le foi presidente do seja conhecendo profundamente de amar a capital não é comum. Por
BNDEs, reitor da UFRJ, suas mazelas urbanas e, sobretudo, exemplo, na Argentina, Buenos Aires
assessor do então criando ideias e soluções com o não é amada pelo povo do interior. O
presidente do PMDB, sonho de rever o Rio como objeto de Rio ganhou enorme prestígio mun-
Ulysses Guimarães, desejo e prestígio mundial. dial como paraíso tropical, tendo
professor de José Serra e da pre- Bebericando uma das cachaças como símbolo o Copacabana Palace,
sidente Dilma Roussef, ajudou a fluminenses que vem relançando onde a pessoa podia estar de terno
fundar o Instituto de Economia da no Casarão Ameno Resedá, outro de um lado da calçada, e do outro
Unicamp, escreveu mais de uma imóvel centenário que recuperou estar de calção de banho. Isto é
dezena de livros, entre tantas outras no Catete, Carlos Lessa concedeu , único no mundo: uma metrópole
experiências ao longo dos seus 77 com exclusividade para a Revista balneária. Nunca fizeram ainda uma
anos de idade. Mas, é como “muito do TCMRJ, uma simpática e informal tese sobre isso, mas no cinema
brasileiro e muito carioca” que entrevista onde abordou inúmeros internacional da década de 50 e na
Carlos Lessa gosta de se apresentar. temas da agenda carioca. A seguir, literatura policial, sempre o bandido
Apaixonado pela cidade, dedica- algumas de suas máximas: fugia para o Rio. Era o imaginário do
se a ela de corpo e alma, seja re- paraíso. E esta imagem dominava
vitalizando o degradado casario Recuperação carioca tanto para fora como para dentro.
da Rua do Rosário, no Centro, que E ainda meteram o Cristo Redentor
“O Rio foi objeto de desejo bra-
transformou-se em point gastro- de braços abertos, que é a Estátua
sileiro em todo século XIX e todo
nômico e cultural, ou militando em da Liberdade brasileira. Esse objeto
século XX, o que não é pouco, porque,
favor da preservação do Maracanã, de desejo foi sendo desconstruído
por incrível que pareça, esta ideia
”
Eu lembro, uma vez, que teve um
bandido preso em São Paulo cha- poder estar na cidade.
mado Carioca. E saiu na primeira
página: “Carioca foi preso”. Era uma
coisa sistêmica. O Rio foi perdendo
prestígio. com o deslocamento do da cidade um Patrimônio Mundial da imagem faz-se, então, através do
poder público para o Planalto e da Humanidade; depois, a ideia dos resgate do imaginário, chamando os
do poder privado para São Paulo. grandes eventos. Constrói-se todo grandes eventos para cá e contando
Sinais de decadência foram brutais, um discurso de recuperação do Rio e, com uma economia que lhe dá
porém o Rio continuou sendo Rio, ao mesmo tempo, a economia do pe- retaguarda”.
mas não mais objeto de desejo. tróleo faz com que, na mediocridade
Após este longo período sendo brasileira dos últimos 20 anos, seja Mobilidade urbana
degradado, dá-se a regressão, com uma das poucas atividades em que o
“Eu pergunto: essa recuperação
a construção de um discurso para a Brasil consegue se manter razoável,
da imagem corresponde a um pro-
recuperação do Rio: primeiro, fazer e que estava no Rio. A reconstrução
minhas dúvidas pelo seguinte: pri- necessidade é interromper a ver- você demolir casas para ampliar rua,
meiro, sob o ponto de vista urbano, ticalidade, você tem que fazer uso fora o transtorno da obra, vai reduzir
a intervenção mais importante não do seu carro, da sua bicicleta, do a superfície de moradia. No limite,
foi feita até hoje, que é o metrô de ônibus, até um determinado ponto você faz como em Los Angeles,
superfície. Nós temos dois eixos, e dali tomar o metrô. Metrô significa acaba com todo o centro da cidade.
partindo da antiga Central e da frequência de 4 em 4 minutos de Por isto ela é chamada Cidade de
antiga Leopoldina. Mais ou menos um trem para outro; se conseguir Cristal, exemplo da pior metrópole
60% da população do município vive fazer um intervalo de dois minutos, do mundo”.
ao longo destes dois eixos. A maior desafoga inteiramente. O Rio poderia
modalidade de transporte no Rio é o ser paradisíaco”. Densificação do Centro
ônibus, numa sociedade que segurou
“A Zona Oeste é uma maluquice
a economia brasileira comprando População mecânica
do Rio. O urbanista Sergio Magalhães
carros financiados. Criou com isto
“O que está por trás das recentes chama atenção para uma coisa que é
uma questão de mobilidade urbana
manifestações é que a qualidade de dramática: a densidade demográfica
que eu denuncio há anos, mas que
vida está uma porcaria. Para vir da do Rio hoje é igual a de 1863. Fize-
agora explodiu. O Rio de Janeiro é
minha casa, no Cosme Velho, para mos a metamorfose de converter
uma cidade complicadíssima para
cá, no Catete, levei 25 minutos. Da toda a zona rural em zona urbana,
resolver o problema de mobilidade
minha casa para Copacabana, são porém não fizemos infraestrutura.
porque não somos nem estelares,
30, 40 minutos. Quando eu era reitor Se você sobrevoar o Rio de Janeiro,
radiais, tampouco somos xadrez.
da UFRJ, vinte anos atrás, gastava 15 parece que é uma cidade que se
Somos lineares, ou seja, nossos bair-
minutos para chegar ao Fundão, hoje esparramou um pedacinho aqui,
ros se enfileiram uns com os outros,
levo quase uma hora. Nenhuma cida- uma enorme área ali, um pedacinho
da Zona Sul até o Centro e depois
de segura um crescimento de 9% na lá. Quando diagnostiquei que o
abrem-se duas derivações, que são
frota automobilística por ano, como charme do Rio do ponto de vista
a Central do Brasil e a Leopoldina.
é aqui no Rio de Janeiro. Em Brasília, urbanístico era densificar os velhos
Se você olhar o Rio de Janeiro abs-
são 15%. Em São Paulo, outro dia, bairros do Porto, eu estava pensando
tratamente, ele é um Y. Quando se
deu um congestionamento que a na Avenida Rodrigues Alves até o pé
tem o xadrez, há uma combinação de
Polícia Militar calculou em 300 km de São Cristóvão. Em toda esta região
alternativas para se chegar do ponto
e não conseguiu descobrir a razão. podem caber 200 mil residências-
A para o B, o que não ocorre aqui.
Aqui, qualquer acidente de bicicleta -padrão para uma família média
A topografia do Rio nos condena,
pode produzir um engarrafamento de 4 pessoas. Se fizer residências
dá esta beleza deslumbrante, mas
de horas. Um pneu que fura tampa de qualidade, com apoio comercial,
ao mesmo tempo não há superfície
um túnel do Rio. Eu gosto muito de irá gerar uma imensa concentração
edificável e dá-se o enfileiramento
raciocinar a relação entre a popula- de população, quase um milhão de
dos bairros. A questão da mobilidade
ção humana e a população mecânica. pessoas que irão a pé para o Centro.
no Rio é dramática, porque estamos
Todo novo ser humano exige algum Descongestionaria brutalmente o
beirando os 11 milhões de habitan-
investimento para ele poder estar na sistema de transporte da cidade. Ao
tes, considerando as periferias do
cidade. Exige a construção de uma mesmo tempo, há terrenos desocu-
Rio e Niterói. A única maneira de
vaga no sistema de saúde, no sistema pados na beira da Avenida Brasil, que
resolver a mobilidade é aquela ideia
educacional, uma certa ampliação no poderiam abrigar polos de pequenas
que nós recomendamos, quando fui
sistema de abastecimento alimentar, e médias empresas. Estas ideias
coordenador do Plano Estratégico do
e assim por diante. Cada novo cida- foram ditas, repetidas e... foram
Rio, que era dar prioridade absoluta
dão mecânico exige, para começo palavras ao vento”.
ao metrô de superfície. Estamos
de conversa, 30 metros quadrados
inteiramente vulneráveis, com um
novos de pista de rolamento e área Na Copa e nas Olimpíadas...
plano de melhoria de infraestrutura
de estacionamento. Se não houver
urbana que não vai ao ponto central, “Não vai bastar decretar feriado,
este adicional, degrada a qualidade
que é restaurar a via rápida, onde tem que decretar interdição de
de trânsito. Só que, dialeticamente,
está a antiga Rede Ferroviária. Ali circulação urbana, para todo mundo
há o seguinte problema: a própria
já está tudo desapropriado, é só ficar em casa porque, senão, o que o
obra para ampliar esses 30 m2 por
construir um sistema confiável de carioca gosta de fazer? Não vai para
carro já dificulta muito até ficar
circulação e colocar bons trens. o Maracanã porque é muito caro e
pronta. Então, se a população de
É uma fração do investimento de agora, depois da reforma, possui
automóveis cresce, é impossível a
S
omente cinco segundos tem a menor densidade populacional Elaine Condor, Ricardo Kawamoto e
foram suficientes para, do município. Além disso, lembra Márcio Leite elaboraram um projeto
na chuvosa manhã de 24 que sua capacidade de tráfego que previa proteção acústica do
de novembro, cerca de demonstrava sobrecarga. Estudo de viaduto e utilização de sua sombra
um quarto do Elevado impacto realizado em 2010 aponta na altura da Praça Mauá, para um
da Perimetral vir abaixo e encerrar que naquela época o ideal de 2.000 espaço de caminhadas e de convi-
definitivamente um capítulo na his- veículos por hora por sentido tinha vência. Também o arquiteto Jorge
tória do trânsito do Rio de Janeiro. sido ultrapassado em muito. A Jauregui idealizou a transformação
Por décadas, a via-expressa com contagem chegava a mais de 4.753 do elevado em um espaço público
5,5 km de extensão inseriu-se no veículos em direção ao Centro, com de lazer, com uma rua verde para
sistema viário como uma importante 119% a mais do que o regular; e pedestres e pequenos veículos elé-
ligação entre as Praças XV e Mauá, rumo à rodoviária, trafegavam 4.255 tricos, capazes de ligar o Aeroporto
Av. Brasil e Ponte Rio-Niterói. Até veículos, excedendo a capacidade Santos Dumont à rodoviária.
sua interdição, estima-se que 85 em 106%. Até 2015, as vias Binário do Porto
mil veículos passavam pelo viaduto Arquitetos e urbanistas, em e Expressa, juntas, substituirão a Pe-
todos os dias. contrapartida, defendiam soluções rimetral. A primeira foi inaugurada
A demolição faz parte do projeto alternativas à demolição, como a no início de novembro. Seus 3,5 mil
de revitalização da Zona Portuária e criação de um parque suspenso, nos metros se estendem em paralelo
gerou controvérsias entre os mora- moldes do High Line Park de Nova à Avenida Rodrigues Alves, em três
dores da cidade. Já por muitos anos, York, ou a utilização do elevado para faixas por sentido e várias saídas,
políticos e urbanistas discutiram abrigar outros meios de transporte, para facilitar a distribuição interna
o fim da Perimetral, por razões como o Veículo Leve sobre Trilhos do trânsito e os acessos ao Centro
estéticas e práticas. Por um lado, a (VLT). Vencedores de concurso da cidade. A Via Expressa ligará o
Prefeitura alega que o viaduto con- público, promovido em 2004, que Aterro do Flamengo à Avenida Brasil
tribuiu para a degradação da área, tinha como objetivo encontrar saídas e à Ponte Rio-Niterói e comportará
do patrimônio público e privado, e viáveis para o marco arquitetônico um túnel de 3.450 metros, que será
para o esvaziamento da região, que famoso por sua feiúra, os arquitetos o maior do país.
ng.br
tráfego da antiga Perimetral até 2015.
him.e
Grande parte do concreto será recicla-
do e usado em obras de pavimentação
oibra
da própria Zona Portuária da cidade.
.emili Na área, serão realizadas obras de
/www
“
Depoimento
Diante da discussão em torno da derrubada do Elevado da Perimetral, eu, como
usuária diária desta via, em especial nos horários de rush, me vi reticente com esta
possibilidade pois, diante do alto número de carros que por lá trafegavam, eu não
vislumbrava nada que pudesse amenizar aqueles engarrafamentos que há anos
transtornavam nossas vidas.
Contudo, o novo trajeto que utilizo, entre o viaduto do gasômetro e o centro da
cidade, passando pela via binário do Porto, até o momento se mostra muito satisfatório,
”
apesar de eu considerar, s.m.j, ser essencial a presença dos agentes de trânsito que lá
se encontram e que contribuem efetivamente para a fluidez do trânsito.
histórico
Vinícius de Moraes
Foto: Acervo pessoal de Eucanaã Ferraz
Helena Severo
cientista política
N
a excelente biografia
“Vinícius de Moraes- O
Poeta da Paixão”, José
Castello registra que
“o poeta foi um ho-
mem que viveu para se ultrapassar
e para se desmentir. Para se entregar
e fugir, depois, em definitivo. Para
jogar, enfim, com as ilusões e a cre-
dulidade, por saber que a vida nada
mais é que uma forma encarnada de
ficção. Foi antes de tudo um apaixo-
nado – e a paixão, sabemos desde os
gregos, é o terreno do indomável. Daí
porque fazer sua biografia era uma
obra ingrata.”
Castello tinha razão. Nar-
rar a vida de um persona-
gem múltiplo como Vinícius
não deve ter sido tarefa fácil. Poe-
ta, diplomata, compositor, eterno
namorado de lindas mulheres, eis
algumas das inúmeras “personas”
distintas unidas em Vinícius pelo
fio condutor da paixão, sedução
e sensibilidade. Uma trajetória
digna dos melhores personagens de
grandes folhetins que transitam pela
vida em movimentos aparentemente
contraditórios
Com uma história de vida tão
variada, é natural que sua biografia
comporte diferentes abordagens
que mesclam aspectos de sua obra
poética a recortes da vida privada.
Sob este ponto de vista pode-se
dizer que Vinícius foi um amalga-
ma, um personagem em estado de
transformação permanente que
soube, como ninguém, reinventar-se,
adaptando-se ao seu tempo.
Dele se pode dizer que foi, so-
A Glória do Rio
“
dos
s
Bairro
”
abandonara o seu nicho da proa e se refugiara no cimo do outeiro, onde à
noite se via brilhar o seu resplendor por entre as árvores.
E
romancista, que protagonizaram membros da monarquia brasileira,
foi assim, através das duras batalhas com portugueses e como o imperador Dom Pedro II, o
aventuras marítimas índios pela posse da região, durante templo foi construído sobre o terre-
do jovem Aires Brito, a implementação frustrada da no onde antes havia sido edificado o
personagem de “Al- “França Antártica”. Dois anos após forte do cacique Uruçumirim, líder
farrábios: O Ermitão fundar a cidade do Rio de Janeiro, dos índios tamoios que, ao aliar-se
da Glória”, que o escritor José de em 1565, o líder português Estácio aos franceses, teve o território
Alencar descreve o início do culto à de Sá foi flechado fatalmente em tomado pelos portugueses em 1567.
Nossa Senhora da Glória, em pleno meio aos conflitos, tal qual ocorreu Muitos anos depois, em 1714, deu-
século XVII, no antigo Morro do a São Sebastião, padroeiro da se início à construção da igreja,
Laripe. A santa não só emprestou cidade, como demonstra a estátua cujo término ocorreu em meados
nome ao oiteiro, que atualmente em homenagem ao santo ferido, do século XVIII.
abriga a Igreja de Nossa Senhora erguida na Praça do Russel.
Matérias publicadas na imprensa que, por sua atualidade, não perderam o interesse.
O Presidente Thiers Montebello abre a solenidade, ladeado, à esquerda, pelo Defensor Público Nilson Bruno Fº, Procuradora Maria
Cristina Palhares Tellechea, Conselheiro Sebastião Helvécio, Pres. do TCE/RJ, Jonas Lopes e a Presidente do TJRJ, Leila Mariano; e, à
direita, pelo Prefeito Eduardo Paes, Ministro Jorge Scartezzini e Desembargador Luiz Eduardo Rabello
O
s conselheiros do rentes e amigos dos homenageados e geral, Nilson Bruno Filho.
Tribunal de Contas do autoridades civis e militares de todo o Em discurso de abertura da
Município do Rio de país. Participaram da mesa de entrega cerimônia, o presidente do TCMRJ,
Janeiro premiaram, do prêmio o prefeito da Cidade do Rio Thiers Montebello, agradeceu a
com o Colar do Mérito de Janeiro, Eduardo Paes, o presidente presença de todos e confessou
Ministro Victor Nunes Leal, o desem- do Tribunal de Contas do Município “sentir regozijo pessoal – e para o
bargador Adilson Vieira Macabu; o do Rio de Janeiro, Thiers Montebello, Tribunal – por ter a oportunidade de,
conselheiro presidente da Atricon, o conselheiro presidente do Tribunal a cada ano, reconhecer publicamente
Antonio Joaquim M. Rodrigues Neto; de Contas do Estado do Rio de Janeiro, pessoas ilustres que contribuíram
o procurador de Justiça do Estado Jonas Lopes de Carvalho, o conselheiro para o fortalecimento dos tribunais
do Rio de Janeiro, Astério Pereira vice-presidente do Tribunal de Contas de contas, e ajudaram a construir a
dos Santos; o ministro presidente de Minas Gerais, Sebastião Helvecio democracia e a República”.
do Tribunal de Contas da União, Ramos de Castro, a procuradora Presidente do Tribunal de Contas
Augusto Nardes; o juiz federal José de Justiça, Maria Cristina Palhares da União, ministro Augusto Nardes
Arthur Diniz Borges; e o jurista Mi- Tellechea, o ministro Jorge Scartezzini, agradeceu a honra de receber o Colar
guel Seabra Fagundes, in memoriam. a desembargadora presidente do do Mérito e de representar os demais
Realizada no Palácio da Cidade – Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, agraciados. “Que minhas rápidas
sede da Prefeitura do Rio de Janeiro Leila Maria Carrilo C. R. Mariano, o palavras sejam representativas
–, no dia cinco de novembro, a sessão desembargador Luiz Eduardo Gui- do sentimento que imagino estar
solene de condecoração reuniu pa- marães Rabello, e o defensor público contido também em seus corações
presidente do Preservale,
Conselheiro Nestor Rocha
N
o dia em que Vassouras co- de estudantes da rede
memorou seus 156 anos pública do Vale e receber
de vida (29/09/2013), o gratuitamente mais de oito
conselheiro do Tribunal mil pessoas na exposição
de Contas - TCM/RJ, Nestor Rocha, Casa Real. “Sem o apoio que
recebeu das mãos da presidente da recebemos da Light, da CEG
Câmara, vereadora Rosi Farias, a Gás Natural e da Piraquê,
Comenda General Severino Sombra, através de projetos da Lei de
maior honraria da cidade, concedida Incentivo do Estado (ICMS),
apenas uma vez a cada ano, pela não teríamos conseguido
grande contribuição para o desen- promover um restauro com
volvimento do turismo histórico na a qualidade alcançada e,
região, pelas ações afirmativas no certamente, veríamos uma
campo da educação, desenvolvidas preciosidade como aquela
em Vassouras e, principalmente, ruir a nossa frente,” disse.
para a preservação da memória e Para Nestor Rocha, que Nestor Rocha recebe a Comenda da vereadora Rosi Farias
história do Vale do Café. também é presidente do
Em seu discurso de agrade- Preservale - Instituto de Preser- ela, a preservação do patrimônio,
cimento, o conselheiro, que foi vação e Desenvolvimento do Vale tão defendida pelo conselheiro, é um
vereador no Rio de Janeiro por do Café, é fundamental que todos dos caminhos para que o Vale do Café
quatro legislaturas, ressaltou que a que trabalham pela preservação do seja de fato reconhecido como um
homenagem o colocava ao lado de patrimônio se unam em torno da destino do turismo histórico para
ilustres brasileiros, como o senador luta, para que as Leis de Incentivo todo país.
Francisco Dornelles e o ministro do passem a destinar obrigatoriamente Em suas palavras finais, Nes-
Supremo Tribunal Federal - STF, Luiz pelo menos 20% dos recursos para tor Rocha agradeceu à vereadora
Roberto Barroso. Ele enfatizou ainda a recuperação destes patrimônios, Gracie, que lhe concedeu o Título
a parceria com sua mulher, a jorna- espalhados não apenas pelo vale de Cidadão Vassourense e é autora
lista Liliana Rodriguez, fundamental histórico. Ele cita o caso do Rio de Ja- do projeto que criou a Rua Barão
para a recuperação de São Luiz da neiro, com seus corredores culturais de São Luiz, no Centro Histórico
Boa Sorte, um primor do Século XIX, imensos e construções centenárias da Cidade. Agradeceu também aos
que data de 1835, adquirido quase entregues à própria sorte. “Todos políticos presentes, o ex-prefeito
em ruínas. nós temos por obrigação lutar para e atual deputado federal, Eurico
O conselheiro defendeu com que não se perca mais a memória Júnior; o deputado federal Fernando
veemência que o Estado apóie os pro- deste país”, defendeu Nestor. Jordão; a ex-governadora e atual
prietários de Fazendas Históricas, já A presidente da Casa, vereadora prefeita de Campos, Rosinha Mateus
que, sozinhos, eles não têm condições Rosi Farias, que indicou o nome Garotinho; a deputada estadual
de mantê-las de pé, a fim de utilizá-las do conselheiro, com o apoio dos Clarissa Garotinho; o presidente
como geradoras de renda através das demais vereadores, elogiou as ações da Fundação Educacional Severino
visitações. Para mostrar a importância empreendidas pelo proprietário Sombra, Marco Capute, e fez uma
de investimentos no setor, Nestor da São Luiz da Boa Sorte. “Nestor saudação especial ao prefeito Renan
Rocha lembrou que a sua fazenda - a Rocha tem se movido pela cultura e Vinícius: “Prefeito, temos de tra-
São Luiz da Boa Sorte - foi a primeira pelo turismo de nossa cidade. É um balhar pela preservação de nossos
a conseguir apoio para a restauração grande orgulho homenagear alguém patrimônios, pois somos apenas os
de parte do seu acervo e, só por que leva o nome de Vassouras para guardiões temporários de toda esta
isto, pôde ser visitada por milhares todo canto do país”, elogiou. Para riqueza.”
F
aleceu, no último dia 25 de ou-
tubro, o conselheiro aposenta-
do do TCMRJ, Oscar Maurício
de Lima Azêdo, conhecido
em sua vida profissional de
jornalista e na vida pública como Maurício
Azêdo. Nascido no bairro de Laranjeiras,
no Rio de Janeiro, em 1934, formou-se
na Faculdade de Direito do Catete, mas
decidiu seguir a carreira de jornalista,
atuando como repórter, redator, cronista,
editor, chefe de reportagem, editor-chefe e
diretor de redação em inúmeros veículos,
como o Jornal do Commercio, Diário
Carioca, Jornal do Brasil, Diário de Notícias,
Jornal dos Sports, Última Hora, O Dia, O
Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, entre
outros jornais diários.
Foi também colaborador de jornais al-
ternativos de resistência à ditadura militar
(1964-1985), como a Folha da Semana,
periódico criado pelo Partido Comunista
Brasileiro, Opinião, Movimento e Hora
do Povo e o clandestino Voz Operária. Por
isto, foi perseguido pela ditadura, sendo
inclusive barbaramente torturado, fato
que marcou sua trajetória na defesa dos
Direitos Humanos.
A partir de 1982, Maurício Azêdo
dedicou-se à política, tendo sido vereador
do Rio de Janeiro por três legislaturas
(1983-88, 1989-1992, 1993-1996); pre-
feito interino em exercício por oito dias
(15-22/3/83); presidente da Câmara
Municipal no biênio 1983-85; secretário
municipal de Desenvolvimento Social
(1986-1987); e, de 1999 a 2004, conse-
lheiro do Tribunal de Contas do Município
do Rio de Janeiro, no qual foi aposentado
compulsoriamente por limite de idade, em
setembro de 2004, época em que assumiu a
presidência da ABI. Foi reeleito em outras
três oportunidades – 2007, 2010 e 2013
– sendo o último mandato interrompido
prematuramente.
O
governador de Ser- deputado federal e também foi na Câmara dos Deputados em
gipe, Marcelo Déda, prefeito da capital, Aracaju. 1998. Já em 2000, conquistou o
de 53 anos, morreu Marcelo Déda foi um dos home- primeiro mandato de prefeito de
na madrugada do nageados pelo Tribunal de Contas Aracaju, referendado por 52,8%
dia 02 de dezembro, do Município do Rio de Janeiro dos votos válidos. Reeleito em
no Hospital Sírio-Libanês, em São com o Colar do Mérito Ministro 2004, Déda começou a consolidar
Paulo, onde estava internado para Victor Nunes Leal, em 2007, por a trajetória política para a candi-
tratar de problemas decorrentes suas funções e atividades que datura ao governo de Sergipe. Em
de câncer no estômago e no pân- despertaram o respeito e consi- 2006, eleito em primeiro turno
creas. O governador lutava contra deração dos tribunais de contas. com 52% dos votos, Déda investiu
a doença havia quatro anos. Déda era militante do PT desde em infraestrutura no interior do
Déda cumpria o seu segundo 1985 e conquistou o seu primeiro estado. Durante sua campanha à
mandato como governador, após cargo político em 1986, quando reeleição, disse que o foco de seu
ser reeleito nas eleições de 2010. foi eleito deputado estadual com segundo mandato seria o combate
Filiado ao PT desde os anos 1980, mais de 32 mil votos. Voltou à à violência, o aprofundamento das
iniciou a carreira como deputado política em 1994, quando foi eleito políticas sociais e a continuidade
estadual. Foi eleito por duas vezes deputado federal, sendo reeleito das obras de infraestrutura.
A
presença do Gover- lhenta, mas sim no sentido de dar ponderou Nardes, convocando,
nador Sergio Cabral segurança ao gestor público. Para ao final de suas palavras, todos
foi percebida como isto é necessária uma convivência os presentes a uma parceria em
apoio ao propósito e à harmoniosa, e troca de experiências”, prol da governança brasileira.
necessidade do tema falou ele na abertura do encontro. Na mesa de abertura estiveram
que norteou o evento Diálogo Público Logo no início, o presidente do TCU também presentes o vice-presidente
pela Melhoria da Governança Pública, insistiu que “desatar o nó da buro- do TCU, Aroldo Cedraz; o presidente
promovido pela Escola da Magis- cracia é fundamental para a gover- do TCE/RJ, Jonas Lopes; a desem-
tratura do Estado do Rio de Janeiro nança” e destacou que as auditorias bargadora do TJ/RJ, Leila Mariano;
- Emerj - e pelos Tribunais de Contas operacionais são os instrumentos o conselheiro do TCE/PE, Valdecir
da União, Estado e Município do Rio de controle que melhor permitem Pascoal; e o vice-governador do Rio,
de Janeiro, no dia 17 de setembro. avaliar e visualizar a eficiência do Luiz Fernando Pezão.
“Aqui começa o diálogo”, pronunciou- Estado. Ele deu como exemplos as Na parte da tarde, em continu-
-se o presidente do TCMRJ, Thiers auditorias que ultimamente o órgão ação ao encontro Diálogo Público
Montebello, após os discursos do federal vem empreendendo nas para a Melhoria da Governança
presidente do TCU, Augusto Nardes, áreas de Saúde e Educação, cujos Pública, cujo objetivo é apresentar
e de Cabral. Montebello ressaltou mapeamentos favorecem a avaliação conceitos da governança para apri-
a vocação para o papel pedagógico das políticas públicas adotadas moramento da gestão e tratar de
que os tribunais de contas e o pelo governo. “Não queremos go- temas como licitações e contratos,
Ministério Público devem reforçar. vernar, mas mostrar onde estão os convênios, obras e controle interno,
“Nossa atuação não deve ser baru- gargalos da administração pública”, Gino Novis Cardoso, secretário-ge-
Norte-Nordeste
O
Tribunal de Con-
tas dos Municípios
do Pará cedeu seu
auditório para se-
diar o 7° Coninter
Norte-Nordeste, nos dias 19 e 20
de setembro último, na cidade de
Belém. O evento reuniu um público
de cerca de 250 pessoas vindas
de todas as partes do Brasil e
cumpriu seu objetivo maior de
capacitar servidores e gestores
que atuam na área de controle
interno e externo, contábil e de
planejamento, com informações
atualizadas na criação, execução
e desenvolvimento da auditoria
interna. Para tanto, durante suas
16 horas/aula, o congresso apre-
sentou roteiros, procedimentos e
experiências de sucesso, através de
palestrantes com larga experiência
no assunto.
Evocando a crise econômica
mundial que eclodiu a partir da
falência do banco norte-americano
Lehman Brothers, o coordenador
científico do evento, o conselheiro do
TCMRJ, Antônio Carlos Flores de Mo-
raes, alertou para a importância dos
debates propostos pelo congresso:
– Podemos distinguir o mundo
antes de Lehman Brothers e depois
de Lehman Brothers. Entramos
na era da incerteza, que impõe
novos desafios ao Estado, cujo papel
de provedor chega ao final de sua
história - falou Flores de Moraes na
abertura do evento, ao lado do presi-
dente do TCMRJ, Thiers Montebello,
e dos conselheiros Sebastião Colares, lestras, os participantes tiveram pecialistas em assuntos como os
representando a Atricon, Severiano a oportunidade de trocar experi- reflexos da desoneração da folha
Costandrade Aguiar, presidente do ências, especialmente pelas boas de pagamentos nas contratações
IRB, e Luiz da Cunha Teixeira (TCE/ práticas apresentadas, bem como de obras e serviços contínuos;
PA), todos convidados a compor a de conjugar entendimentos das controle dos concursos públicos
mesa pelo presidente do TCM/PA, atuações dos controles interno e e t e r m o d e c o m p ro m i s s o d e
José Carlos Araújo. externo. A programação contem- gestão.
Ao longo dos dois dias de pa- plou a visão de destacados es-
O
s tribunais de contas
brasileiros estiveram
representados pela
ATRICON e pelos
Tribunais de Contas
do Município do Rio de Janeiro e do
Estado de Santa Catarina no “VIII
Congresso da EURORAI”, realizado
na Alemanha, de 17 a 18 de outubro
de 2013.
A Organização Europeia das
Organizações Regionais de Controle
Externo (EURORAI) é um projeto de
cooperação entre os órgãos de con-
trole público (tribunais de contas e
assemelhados). Por seu intermédio,
são facilitados o intercâmbio de
experiências nos setores públicos
locais e regionais. Entre seus muitos
objetivos estão a informação perma-
nente a respeito da legislação e suas
mudanças aos órgãos associados, os
estudos de matérias relacionados
à fiscalização, e a construção de
uma terminologia adequada. São
membros permanentes da entidade
a maioria dos tribunais de contas,
controladorias, sindicaturas e ou-
tros órgãos de controle externo
regionais. Fundada em 1992, a
organização conta atualmente com
45 membros, entre os quais, dois
tribunais de contas brasileiros: os
dos Estados do Paraná e de Santa
Catarina. No Congresso realizado
em Halle (Alemanha), estiveram
presentes mais de 100 participantes
de 15 países. O tema central foi
Desafios Atuais em Auditoria da
Atuação Econômica das Entidades
Regionais e Locais.
Curiosidade: na Suíça
Na Suíça, o Tribunal de Contas não tem autonomia para
decidir onde instalar sua sede. Em outubro passado, o
Conselho de Estado de Genebra deu parecer contrário à
mudança das instalações do TC local, alegando que o novo
aluguel não poderia passar para 2,5 vezes a mais sobre o
custo anterior. As divergências envolveram a Comissão de
Finanças do Estado e se estenderam até novembro, quando
o Tribunal e o Conselho chegaram, enfim, a um acordo.
Resultado: a Corte de Contas de Genebra rescindirá o atual
contrato e passará a acomodar seus 21 membros, entre
magistrados e funcionários, em um imóvel de 373 metros
quadrados, de propriedade do governo.
O
Tribunal de Contas
do Município do Rio
de Janeiro recebeu,
em 07 de novembro,
membros do Comitê
Gestor de Avaliação de Qualidade
e Agilidade do Controle Externo.
O TCMRJ é um dos 28 TCs que
aderiram ao procedimento.
O presidente do TCMRJ, Thiers
Montebello, fez questão de re-
cepcionar os membros do Comitê
Gestor, conselheiros Edilson Sousa
Silva (TCE/RO), Joaquim Keneddy
Nogueira Barros e Jaylson Lopes
Campelo (ambos do TCE/PI),
e os técnicos Américo Corrêa e
Risodalva Castro, da Atricon, e
Miguel Garcia de Queiroz, do TCE/
RO (na foto), que assistiram a uma
ampla exposição da situação da
instituição e tiveram acesso a todas questionário com 133 perguntas. da realidade do controle externo
as informações necessárias, repas- Os integrantes do comitê também foi apresentado durante o XXVII
sadas por diretores de diversos visitaram setores para confirmar Congresso de Tribunais de Con-
setores, para checagem das infor- informações recebidas. tas do Brasil, em dezembro, em
mações enviadas na resposta ao O relatório com o diagnóstico Vitória-ES.
O
presidente do TCMRJ,
Thiers Montebello,
recepcionou a de-
legação do Comis-
sariado de Macau,
em visita ao Rio de Janeiro, em
novembro último. O grupo era
composto por Ho Veng On, Comis-
sário da Auditoria de Macau; Ho
Wai Heng, chefe de gabinete do
Comissário da Auditoria; Custódia
Maria Vieira Neves, assessora do
Comissário da Auditoria; e Che Kim
Cheong, assessor do Comissário da
Auditoria.
F
oi aberto, no dia 11 de
novembro, o Simpósio
Internacional: Crise de
Representatividade —
desafios e oportunidades
para o controle externo.
O evento, promovido pelo Tribu-
nal de Contas de Santa Catarina até o
dia 13 de novembro, foi realizado no
auditório do edifício-sede do TCE/
SC, em Florianópolis. O governador
em exercício, deputado estadual
Joares Ponticelli, abriu o Simpósio
com a Conferência Magna – Crise de
representatividade: desafios para a
governabilidade. Para o governador,
as recentes manifestações populares
que ocorreram em todo o país são
uma cobrança da sociedade por um
olhar para dentro de cada instituição
do poder.
Presente na abertura do evento, o
vice-presidente do Tribunal de Con-
tas de Minas Gerais e vice-presidente
do Instituto Rui Barbosa (IRB), con-
selheiro Sebastião Helvécio Ramos
de Castro, reconheceu que a crise
de representatividade pode acabar
se tornando uma oportunidade
para destacar o controle externo.
da Olacefs
E
stiveram presentes na
abertura da Assembleia
Geral da Olacefs, em 09
de dezembro, no Chile,
os presidentes do TCMRJ
e do TCE/AM, Thiers Montebello e
Érico Desterro, e o conselheiro do
TCM/BA, Francisco Neto. Esta é a 23ª
edição do encontro da Organização
Latinoamericana e do Caribe de
Entidades de Fiscalização Superiores,
que tem por objetivo fortalecer a
solidariedade e a cooperação regional
na luta contra a corrupção, e apoiar a
boa governança. A abertura contou
com a participação do presidente do
Chile, Sebastián Piñera, e de mais de
100 representantes de entidades de
20 países.
R
ealizado em Vitória (ES) indução da melhoria da prestação do Rui Barbosa (IRB), conselheiro
no período de 3 a 6 de serviço público. Severiano Costandrade Aguiar; do
dezembro, o XXVII Con- Durante a programação foram presidente do TCU, Ministro Augusto
gresso dos Tribunais de realizadas duas conferências. A Nardes e do governador do Espírito
Contas do Brasil teve primeira enfocou a relação dos Santo, Renato Casagrande.
por objetivo debater a importância tribunais de contas com a sociedade, Em seu discurso, o conselheiro
dos tribunais de contas no contexto sob a ótica do controle social e da Carlos Ranna comemorou o grande
nacional e a atuação destes enquanto transparência e qualidade fiscal. A número de membros inscritos no
instrumentos de cidadania para o segunda, com foco na relação com os congresso. Para o conselheiro, falar
aprimoramento da gestão pública, Poderes Legislativo e Judiciário, traz de tribunais de contas significa falar
o desenvolvimento econômico e debates sobre a criação do Conselho de temas de interesse social, inclusi-
a redução da desigualdade social. Nacional dos Tribunais de Contas, a ve saúde, educação e sustentabilida-
A organização do congresso foi de elaboração de uma Lei Processual de. “O papel do Tribunal é contribuir
responsabilidade da Associação Nacional para julgamento de contas para um mundo melhor”, resumiu
dos Tribunais de Contas do Brasil públicas, o impacto dos julgados Carlos Ranna. A utilidade das cortes
(Atricon), do Tribunal de Contas do na aplicação da Lei da Ficha Limpa de contas também foi defendida
Estado do Espírito Santo (TCE-ES), e a questão da competência no pelos demais componentes da mesa
da Associação dos Tribunais de julgamento de contas de governo e de abertura em seus discursos.
Contas dos Municípios (Abracom) e contas de gestão. Durante a abertura foi proferi-
do Instituto Rui Barbosa (IRB). da palestra magna do presidente
A temática escolhida levou em Abertura Solene do Tribunal de Contas da União,
consideração o papel desempenhado ministro Augusto Nardes. Durante
pelas instituições de controle exter- A abertura solene do XXVII Con- sua exposição, ele comentou a
no, que além de fiscalizarem a gestão gresso dos Tribunais de Contas do importância da evolução do controle
dos recursos públicos, contribuem Brasil foi realizada na terça-feira externo para o Brasil.
decisivamente para a capacitação (3/12). A solenidade foi iniciada Nardes destacou os trabalhos de
e orientação dos gestores, na exe- com a fala do anfitrião, o presidente Auditoria Coordenadas nas áreas
cutoriedade de políticas públicas do TCE-ES, conselheiro Sebastião do Meio Ambiente, realizadas nos
e de legislações que impactam Carlos Ranna, seguido do presidente Estados da Amazônia, e de Educação.
diretamente no progresso do país, da Atricon, conselheiro Antonio “Hoje nós temos um retrato do
no estímulo ao controle social e na Joaquim; do presidente do Instituto Ensino Médio no Brasil”, comemo-
Os Tribunais
de Contas e a Sociedade
da OAB, foi a terceira pessoa a falar do Tribunal Superior Eleitoral, de Informação, Transparência e
durante as atividades matinais de Henrique Neves, encerrando as Controle, o auditor do TCU Rafael
quinta-feira. Ele defendeu a criação apresentações da manhã. Apontando Jardim, representando o ministro
de um órgão de controle dos TCs diferenças entre as contas de go- Valmir Campelo, apresentou alguns
brasileiros, mas não a aderência verno e de gestão, o ministro ainda problemas recorrentes encontrados
de conselheiros e ministros destas comentou pontos específicos da Lei na fiscalização das obras da Copa
Cortes à alçada do CNJ. da Ficha Limpa. do Mundo de 2014, tais como a di-
Ministro do TSE e auditor do ficuldade da administração pública
TCU participam do XXVII Congresso Painel Fiscalização das Obras em contratar projetos básicos. “É
Nacional dos TCs da Copa do Mundo de 2014 difícil aplicar a modalidade técnica
“As prestações de contas dos can- e preço nas licitações para este tipo
didatos às eleições poderiam passar Na parte da tarde, durante o de contrato”, reconheceu Jardim.
a ser analisadas pelos tribunais de painel Fiscalização das Obras da Entre alguns resultados obtidos pelo
contas”, assim sugeriu o Ministro Copa do Mundo de 2014: Estratégia Tribunal de Contas da União, citou as
economias geradas pelas auditorias
Senador Wellington Dias (PT/PI) fala sobre realizadas no Maracanã (R$ 97
a visão do Poder Legislativo sobre os TCs milhões), Estádio de Manaus (R$
84 milhões), Aeroporto de Confins
(R$ 70 milhões), Portos (R$ 80
milhões), entre outros.
Sem precisar sustar qualquer
execução das 30 obras para a Copa
do Mundo no Estado de Pernambu-
co, a postura pró-ativa de contribuir
resultou em 22 alertas e 10% de
economia, segundo o conselheiro
Valdecir Pascoal. “O TCE-PE tomou
a iniciativa de se inserir num con-
texto de colaboração, como tribunal
parceiro”, falou o relator, explicando
que as análises dos contratos foram
tempestivas, à medida que os docu-
mentos estavam sendo formalizados.
A outra debatedora do painel da
tarde no XXVII Congresso Nacional
dos Tribunais de Contas, Narda
Consuelo Neiva Silva, presidente
Junho.2013
Dia 04 – Alexandre Cruz, Maurício Rodrigues, Luís Augusto Barcelos Barbosa e Wilson
Cuchieratto Junior
Dia 12 – Conselheiro
Reinaldo Moura, do TCE/SE
Julho.2013
Dia 5 – Conselheiro Julio
Pinheiro, do TCE/AM
Agosto.2013
Dia 14 - Aloisio Freitas,
vereador Rafael Aloisio
Freitas e Renato Borges
Outubro.2013
Dia 10 - Procuradora de Justiça Márcia Maria Tamburini Porto Saraiva, juíza da Vara de
Fazenda Pública Luciana Losada, e o advogado Mauro Roberto Gomes de Mattos
NOTA: Nesta edição, publicamos visitas que, por engano, foram omitidas na revista anterior.
em breves reflexões
“O único meio de se previnir a complicados – pelo menos para A auditoria, portanto, teria
corrupção, decorrente da desordem aqueles que não militam no universo por objetivo a conferência do real
das finanças públicas, é o de fazer das Ciências Contábeis – para uma existente. Segundo Renato Santos
fiscalizar a lei orçamentária por um linguagem simples e clara, sem se Chaves, seria “uma técnica que visa
Tribunal cujos membros sejam vitalí- descuidar da profundidade dos analisar se determinados atos e
cios e, além de independentes, imunes temas, tarefa possível apenas para fatos estão consonantes com critérios
às seduções do Poder Executivo.” aqueles que detêm conhecimento preestabelecidos, sustentada em
Condorcet, em 1792, na Assembléia acadêmico, técnico e prático, haja procedimentos específicos, devendo
Nacional Francesa.1 vista sua atuação como contador, ser relatada a situação encontra-
A
mestre em Contabilidade, conse- da com respaldo em evidências
obra que tenho a honra lheiro e recém-eleito presidente do e provas consistentes” 1. Assim, a
de resenhar tem como Tribunal de Contas do Estado da auditoria extrapola os limites das
tema central a “Audi- Bahia, Pós-Graduado em Auditoria Ciências Contábeis e mergulha em
toria Governamental”. Contábil, em Auditoria Governamen- outras áreas do conhecimento com
Nela, seu autor – que tal, em Administração para auditores a mesma finalidade: verificar se
possui um vasto currículo na área – públicos e auditor concursado. os atos e fatos pertinentes a tais
traz suas reflexões sobre temas que Deste modo, no intuito de instigar áreas estão de acordo com critérios
estão intrinsecamente relacionados a leitura da obra em questão e situar predeterminados em regras, normas
à gestão pública e seu controle. o leitor não familiarizado com os ou padrões.
Seu mentor reuniu resumos de temas propostos, tomo a liberdade Com isto, surgem especializações
seus textos publicados em revistas de traçar breves considerações de auditoria:
especializadas ao longo de mais acerca da matéria. • auditoria interna: analisa atos
de 25 anos, num único trabalho, A literatura dedicada ao tema e fatos ocorridos dentro de uma
organizados da seguinte forma: “Auditoria” nos remete ao campo instituição, por funcionários desta
(I) Auditoria Governamental; (II) da Contabilidade. Trata-se de uma mesma instituição denominados
Auditoria em Programas Governa- das espécies de “Técnica Contábil”, auditores internos;
mentais; (III) Auditoria de Recursos situada ao lado da “Escrituração” • auditoria externa ou indepen-
Municipais; (IV) Sistema de Controle (que tem a função de registrar um dente: os atos e fatos são verifi-
Interno; (V) Instituição de Sistema ato ou fato), da “Demonstração Con- cados por profissional liberal ou
de Controle Interno no Âmbito Mu- tábil” (que consiste num conjunto de instituição independente daquela
nicipal; e (VI) Normas de Auditoria normas para informar as mudanças auditada, portanto, estranhos à
Governamental. contábeis) e da “Análise de Balanços” instituição;
O que mais chama atenção em (destinada a estudar as mudanças • auditoria governamental: anali-
sua leitura é a tradução de temas para futuras tomadas de decisões). sa os atos e fatos levados a efeito
1. Excerto extraído da obra de Jarbas Maranhão intitulada “Propósito do Tribunal de Contas”, publicado pela editora Letra Capital em 2003.
2. Auditoria e Controladoria no Setor Público. Ed. Juruá, 2010, p.14.
96 Verão de 2014 - N. 56 Revista TCMRJ
96 Verão de 2014 - N. 56 Revista TCMRJ
no setor público; os quais se dividem em interno e de acordo com uma estrutura de
• auditoria operacional: atua externo. Discriminam também seus relatório financeiro (...). Já a auditoria
avaliando as metas institucionais órgãos de atuação, sua composição operacional, conforme conceito
relacionadas à economicidade, e funções, como também realçam o também do INTOSAI, compreende
eficiência, eficácia e efetividade; dever do controle interno em apoiar o exame da economicidade, da
• auditoria fiscal: abrange o exame o controle externo no exercício eficiência e da eficácia com as quais
da legalidade dos fatos patri- de sua missão institucional, tanto a entidade auditada utiliza seus re-
moniais em face das obrigações é assim que os responsáveis pelo cursos no exercício de suas funções,
tributárias, trabalhistas e sociais; controle interno devem, sob pena de sendo conhecida, também, como
• auditoria de sistemas: analisa o responsabilidade solidária, dar ciên- auditoria de otimização de recursos.
ambiente computacional e a segu- cia ao tribunal de contas de qualquer Por vezes é também denominada
rança das informações, testando irregularidade ou ilegalidade de que como “auditoria de rendimento ou
e avaliando com profundidade venham a tomar conhecimento (art. de gestão”, como preferem os países
todos os controles num sistema 74, § 1º, CR). de língua espanhola; “performance
informatizado, abrangendo suas Assinala Inaldo Araújo3 que uma audit” e “value for money audit”,
aplicações e produtos; e breve análise destes dispositivos como utilizam, respectivamente, os
• auditoria médica: realiza a aná- constitucionais permite inferir americanos e os ingleses, ou “audi-
lise da qualidade da assistência que o Sistema de Controle Interno toria de resultado” para o português,
médica prestada aos usuários, idealizado pelo constituinte de então na forma pactuada no convênio de
comparando o atendimento pres- deveria cuidar da regularidade da padronização de conceitos comuns
tado com padrões de atendimento execução orçamentária (auditoria fi- utilizados no âmbito do controle
e utilização de recursos previa- nanceira), dos resultados alcançados externo firmado entre o Tribunal de
mente estabelecidos. pela gestão (auditoria operacional) Contas da União (TCU) e o Tribunal
Percebe-se, sem muito esforço, e apoiar o controle externo. Estas de Contas de Portugal (TCP), em
que dentre as espécies acima ar- seriam suas atribuições básicas. 1996, e publicado no Boletim do TCU
roladas encontra-se a “Auditoria A auditoria governamental foi nº 14/96.
Governamental”, ou seja, aquela classificada pelo autor4 em “contábil” Em resumo, pode-se dizer que
exercida junto ao setor público. e “operacional”. A auditoria contábil auditar, no setor público, é ve-
Neste momento trazemos à lume ou financeira, na forma preconizada rificar com independência o fiel
os dispositivos da Constituição pela Organização Internacional de cumprimento dos princípios da
de 1988 2 , que funcionam como Entidades Fiscalizadoras Superior accountability (obrigação que têm
um sustentáculo do Sistema de (INTOSAI), é a avaliação indepen- as pessoas ou entidades, às quais
Controle existente em nossa Nação, dente, materializada em um relatório foram confiados recursos públicos,
reafirmando o papel das cortes de que representa uma garantia razo- de prestar contas, responder por
contas como titulares precípuas ável de que a situação financeira uma responsabilidade assumida e
da auditoria governamental. de uma entidade bem como os informar a quem lhes delegou esta
Os artigos 70 a 74 delineiam resultados e a utilização de recursos responsabilidade), sempre sob o
as espécies de controle existentes, são apresentados de forma adequada manto da transparência.
3. No setor público, a auditoria governamental foi inserida no ordenamento jurídico pátrio com a Constituição de 1967, que teve seu escopo significa-
tivamente ampliado com a Carta de 1988.
4. Página 65.
5. Nas páginas 31 e 32
Honrado em cumprimentá-lo,
acuso o recebimento do exemplar
com o Parecer Prévio à Prestação
de Contas da Prefeitura da Cidade
Acusamos o recebimento de mais um do Rio de Janeiro, referente ao
exemplar da Revista do Tribunal de Exercício de 2012.
Contas do Município do Rio de Janeiro Agradeço em nome desta Corte,
abordando magníficos artigos de pro- enaltece a consistência do trabalho
fundo interesse público em linguagem apresentado pelo eminente Con-
clara e esclarecedora servindo como selheiro Jair Lins Neto, retratando
Muitíssimo grato pela remessa da
referência para o enriquecimento da questões técnicas de maneira ob-
revista do TCMRJ, edição jun-ago
cultura dos gestores municipais em jetiva, ampliando assim, o alcance
2013. Como sempre, a qualidade
todos os níveis. da transparência da gestão fiscal,
é inquestionável para o adminis-
Não podemos deixar de ressaltar com o intercâmbio de informações.
trador público, com artigos da
o brilhantismo dos articulistas de Na oportunidade, parabenizo
mais alta relevância a orientar
nomeada que trazem a lume as suas ainda Vossa Excelência pela
as suas ações. Desconhecia que
experiências técnicas no exercício publicação da Revista TCMRJ,
a Lei 8666/93 está em processo
de suas carreiras profissionais consolidando o período de junho
de esvaziamento, paulatinamente
nos mais variados segmentos da a agosto de 2013. Com conteúdo
sendo substituída pelo RDC. Creio
administração pública. interessante e abrangente, traz
que isso aumentará muitíssimo,
Sentimo-nos honrados em receber importante contribuição para
a necessidade do controle mais
a Revista do Tribunal de Contas o desenvolvimento e a troca de
efetivo dos Tribunais de Contas
do Município do Rio de Janeiro experiência, não somente entre os
do país.
que traduz um exemplo para os Tribunais de Contas como também
LUÍZ GONZAGA SCHROEDER
administradores públicos deste fomentando conhecimento nas
LESSA
Município. mais diversas esferas da sociedade.
General do Exército
LUIZ COSME PAREDES DIAS JONAS LOPES DE CARVALHO
Presidente da Associação dos JUNIOR
Servidores Públicos – Cube Presidente do TCE/RJ
Municipal
Cumprimentado-o cordialmente,
agradeço a Vossa Excelência a
Agradeço o envio da Revista TCMRJ gentileza de disponibilizar ao Ao cumprimentá-lo agra-
nº 55, ano XXX – já por sua atenção, meu gabinete um exemplar da deço a gentileza demonstrada
também pelo conteúdo do Perió- Revista tcmrj correspondente a pelo envio do livro Tribunal
dico de Comunicação altamente junho-agosto de 2013. de Contas do Município do Rio
qualificado desde o “ Quem projeta EDUARDO BRAGA de Janeiro, ao tempo em que
não constrói” até o dilema levanta- Senador o parabenizo pela excelente
do do Foro Privilegiado. qualidade da obra e pelo seu
Excepcional é memorial de aber- valor técnico e científico.
tura onde você, magistralmente, Agradeço a gentileza de Vossa AROLDO CEDRAZ
comenta o “ movimento das ruas” Excelência pelo encaminhamento Ministro
com ênfase para o Rio de Janeiro. da cópia da matéria “Fundo de
ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS Previdência: serão seus balanços
Presidente da Agência de Regula- realmente transparentes?”, publi-
mentação de Pernambuco cada na Revista TCMRJ, parabeni-
zando os autores pela elaboração
e publicação do artigo.
GARIBALDI ALVES FILHO Agradecemos o envio da Revista
Ministro de Estado da Previ- TCMRJ – nº 55 jun-ago 2013 Ano
dência Social XXX.
Felicitamos o Senhor e a todos
que contribuíram para o resultado
Ao tempo em que o cumprimento,
final dessa elevada publicação.
agradeço a Vossa excelência o en-
Importante veículo de publicidade
vio de exemplar de publicação do Cumpre-me agradecer a V. Exª o dos resultados obtidos pelo Tribunal
Tribunal de Contas do Município envio da Revista nº 55 que, como de Contas do Município do Rio de
do Rio de Janeiro. de costume, contém artigos de Janeiro.
GLEISI HOFFMANN muito interesse. WANDERLEY ÁVILA
Ministra- Chefe da Casa Civil ANTONIO MIRA CRESPO Conselheiro do TCE/MG
Juiz Conselheiro do Tribunal de
Contas de Portugal
Diretoria de Publicações
Editora: Maria Saldanha
Redatores: Denise Cook, e Luciano Clemente
Equipe: Andréa Macedo, Carla Rosana Ditadi, Denise Losso,
Rose Pereira de Oliveira e Soria Guedes
Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro Fotografia: Alexandre Freitas e Bráulio Ferraz
Ano XXX – Nº 56 – Verão de 2014 - ISSN 2176-7181 Projeto gráfico/Edição de arte: Carlos D
Rua Santa Luzia, 732/sobreloja - Centro - Rio de Janeiro - RJ Ilustrações: Carlos D Design (Clarice Goulart)
CEP 20.030 – 042 Diagramação: Carlos D Design e Clarice Goulart
Tel: (0XX21) 3824.3690 - Fax: (0XX21) 2262.7940 Impressão: Meneghitti’s Gráfica e Editora.
Internet: www.tcm.rj.gov.br Tiragem: 5.500 exemplares
E-mail: tcmrj_publicacao@rio.rj.gov.br Capa: Pôr do sol no Arpoador, por Ivan Gorito Maurity
Pedidos de exemplares desta Revista pelo telefone 3824-3690 Os artigos assinados e imagens fornecidas
são de responsabilidade dos autores.
Gabinete da Presidência
Secretário-Geral da Presidência 1. Administração Pública - Controle - Periódicos - Rio
Sérgio Aranha de Janeiro (RJ)
CDU 35.078.3(815.3)(05)
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Ouvidoria do TCMRJ:
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