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NÃO ACEITA QUE DÓI MAIS: uma análise discursiva dos comentários sobre

uma situação de violência contra a mulher nas redes sociais

Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho*


Ana Maria de Fátima Leme Tarini**

RESUMO: As redes sociais se tornaram um espaço de divulgação ampla do que ocorre na sociedade atual,
nada foge à necessidade de informação atualizada o tempo todo, cada sujeito ganha protagonismo ao ter
um smartphone em suas mãos. A fanpage Catraca Livre, noticiou o assédio sofrido por algumas mulheres
por um turista estrangeiro, a notícia fala do revide da cantora e essa notícia ao ser veiculada na página
contou com centenas de comentários. O presente trabalho tem por objetivo analisar como a figura da
mulher, vítima de violência simbólica, é silenciada por discursos hegemônicos nas redes sociais e como
estes sujeitos são afetados por estes discursos. Para isso, foi coletado o corpus no Facebook, que consiste
em uma postagem da fanpage e alguns comentários acerca da notícia veiculada. A metodologia utilizada
para a análise do corpus foi a Análise do discurso de linha francesa, que se apoiou principalmente nos
Estudos de Pêcheux (1990, 2009), Orlandi (1995 e 2001) e nos estudos de Bourdieu (2017) no tocante aos
estudos envolvendo dominação masculina. Ao final das análises, chegamos a algumas conclusões, como a
reversão, mesmo que momentânea do discurso machista por meio das atitudes tanto da cantora como de
alguns sujeitos que comentaram a postagem e a abertura na mídia para que o tema da violência e assédio
sexual fosse debatido de forma pública e sem censura nas redes sócias, o que demonstra que a luta
feminista em busca da reversão do silenciamento a ela imposto não é em vão.

ABSTRACT: Social networks have become a space of widespread dissemination of what happens in today's
society, nothing escapes the need for updated information all the time, each subject gains prominence when
having a smartphone in their hands. The catraca Livre fanpage, reported the harassment suffered by some
women by a foreign tourist, the news speaks of the return of the contora and this news when being published
in the page counted on hundreds of comments. The present work aims to analyze how the figure of the
woman, victim of symbolic violence, is silenced by hegemonic discourses in social networks and how these
subjects are affected by these discourses. For this, the corpus was collected on facebook, which consists of
a fanpage post and some comments about the news post. The methodology used for the analysis of the
corpus was the French Line Discourse Analysis, which was based mainly on the Studies of Pêcheux (1990,
2009), Orlandi (1995 and 2001) and the studies of Bourdieu (2017) regarding the studies involving male
domination. At the end of the analysis, we came to some conclusions, such as the reversal, even if
momentary of the macho discourse through the attitudes of both the singer and some subjects who
commented on the posting and the opening in the media so that the subject of violence and sexual
harassment was debated publicly and uncensored in partner networks, which demonstrates that the feminist
struggle for the reversal of the silence imposed on her is not in vain.

PALAVRAS CHAVE: Assédio; Análise do Discurso; Violência.

KEYWORDS: Harassment; Speech analysis; Violence.

INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 7, Edição número 27, Abril/Setembro de 2018- p


1
APRESENTAÇÃO

As mulheres têm sofrido inúmeras violências, sejam elas as mais invisíveis como a
simbólica e a psicológica ou a violência física que deixa marcas mais visíveis, o fato é e
que está presente desde o ambiente de trabalho com o assédio moral, no seu trânsito das
cidades ou mesmo na internet quando fazem uso das redes sociais e até mesmo em seus
lares.

O tema ganhou visibilidade e, como resposta à crescente violência e à pressão feminista


para se buscar soluções para a situação vivida pelas mulheres, foram criadas delegacias
para atendimento específico das mulheres, a partir de 1985, e políticas afirmativas de
proteção às mulheres, da qual a lei Maria da Penha faz parte. Além destas, outros
mecanismos foram criados para proteger a mulher, como a lei que pune a divulgação de
conteúdo íntimo por parceiros na internet.

Buscando discutir a temática envolvendo violência simbólica sofrida pela mulher e suas
implicações em seu cotidiano, este trabalho propõe analisar como a figura da mulher,
vítima de violência simbólica, é silenciada por discursos hegemônicos nas redes sociais
e como estes sujeitos são afetados por estes discursos.

O corpus é composto por uma postagem em uma página do Facebook sobre a violência
sofrida por um grupo de mulheres e a reação da cantora Karol Conká que testemunhou a
agressão sofrida por elas e dois quadros de comentários a respeito dessa postagem. Até o
momento da seleção do corpus havia mais de três mil comentários, destes, selecionamos
dois quadros de comentários que “dialogam” entre si, pois ambos ancoravam outros
comentários, feitos como resposta à primeira postagem. Analisaremos os comentários
com base na teoria da Análise do Discurso de linha francesa (AD), liderada por Pêcheux,
nos anos 1960 e 1970, e no Brasil alguns autores, principalmente Orlandi (1995 e 2001).

1 . PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Inicialmente, precisamos pensar a AD como uma teoria que se propõe a analisar o texto
enquanto discurso considerando suas condições de produção. Em AD, conceituamos
discurso como “efeito de sentido entre locutores”, trazendo em si as marcas da articulação
da língua com a história (ORLANDI, 2001 p. 63).

Outro conceito importante para a análise que propomos é o conceito de sujeito. Ou seja,
o indivíduo empírico, se torna sujeito por um processo que Pêcheux chama de
assujeitamento ou interpelação, o autor explica este processo dizendo que:

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Convencionou-se chamar interpelação, ou assujeitamento do sujeito como
sujeito ideológico, de tal modo que cada um seja conduzido, sem dar conta, e
tendo a impressão de estar exercendo sua livre vontade, a ocupar o seu lugar
em uma ou outra das duas classes sociais antagonistas do modo de produção
(ou naquela categoria, camada ou fração de classe ligada a uma delas)
(PÊCHEUX, 1990, p. 162).

Este processo que, como já falamos, transforma indivíduos em sujeitos empíricos,


somente é possível por conta do trabalho da ideologia. Nesta mesma obra, o autor, citando
Althusser, explica que “a ideologia não existe senão por e para sujeitos”, e que “não existe
prática senão sob uma ideologia” (PÊCHEUX, 1990, p. 31). Desta forma, tudo o que o
sujeito produz é reflexo da sua inscrição em determinadas Formações Discursivas (FD),
ou seja, os efeitos de sentido são constituídos nas/pelas FDs. A noção de FD está
diretamente ligado a noção de sujeito e assujeitamento no processo de interpelação
ideológica.

Pêcheux ao falar de sentido e de “o todo complexo das formações ideológicas”, explica


que “as palavras, expressões, proposições, etc., mudam de sentido segundo as posições
sustentadas por aqueles que as empregam” (PÊCHEUX, 2009, p.146-147). Nesta
proposição, o autor explica que dependendo do contexto em que a palavra é empregada,
ela adquire um ou outros sentidos, dependendo da FD em que ela é usada. O que em uma
FD é transparente, em outra, aquele sentido é visto como opaco. Assim, a FD é
Aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição
dada numa conjuntura dada, determina o que pode e deve ser dito (articulando
sob a fira de uma arenga, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de
um programa etc.) (PÊCHEUX, 2009, p.147).

Este conceito é importante, também, para nos fazer refletir que, tudo aquilo que não pode
e não deve ser dito está exterior àquela(s) formação(ões) discursivas, e, é
consequentemente jogado no âmbito do silêncio, do que não pode e não deve ser dito,
desta forma, o que não está em uma FD, está em outra, silenciado, esquecido.

Associando esse conceito ao tema, por exemplo, veremos que a palavra mulher, é
simbolizada em determinadas FDs de maneira diferente, ou seja, o que seria mulher para
uma comunidade africana é diferente do que é para a comunidade indígena ou para uma
comunidade contemporânea, de uma grande cidade. Essas proposições nos fazem pensar
que cada comunidade vai materializar a mulher por um viés, cada uma delas apresentará
um olhar para a mulher; a comunidade indígena poderia pensar a mulher como aquela
que desempenha tarefas de agricultura e cuidado com os afazeres domésticos; já a mulher
em algumas comunidades africanas, seria a responsável por proteger o acampamento
quando os homens saíssem para caçar, ou poderia se pensar essa mulher como aquela
responsável por garantir a perpetuação da tribo por meio da maternidade, ficando a ela
atribuídas atividades domésticas e artesanais com cunho ornamental. E há a mulher

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moderna das grandes cidades que sai de casa (trabalha fora) para garantir o sustento da
família, que poderia não ser aquela de configuração tradicional, aquela apontada por
Bourdieu (2017).

Para cada uma destas situações o termo mudou de significado, isso nos ajuda a entender
como os efeitos são produzidos e como eles podem deslizar ou até mesmo se deslocarem
quando se muda de FD.

Estes conceitos de discurso, sujeito e formação discursiva, elencados aqui, servirão de


base para a análise do corpus selecionado, além destes conceitos principais, utilizaremos
alguns outros que nos ajudarão, ampliando as possibilidades na análise.

2 . MULHER: silenciamentos no discurso hegemônico

Por muito tempo as mulheres desempenharam um papel de submissão, subalterno e


ligados às questões que envolviam a casa. Bourdieu afirma em seu livro A dominação
Masculina como isso se dava:

Excluídas do universo das coisas sérias, dos assuntos públicos, e mais


especialmente econômicos, as mulheres ficaram durante muito tempo
confinadas ao universo do doméstico e às atividades associadas à reprodução
biológica e social da descendência; atividades (principalmente maternas) que,
mesmo quando aparentemente reconhecidas e por vezes ritualmente
celebradas, só o são realmente quando permanecem subordinadas às atividades
de produção, as únicas que recebem uma verdadeira sanção econômica e
social, e organizadas em relação aos interesses materiais e simbólicos da
descendência, isto é, dos homens” (BOURDIEU, 2017, p. 135-136)

Como afirma o autor, à mulher somente cabia um local de destaque em questões que
envolviam o cuidado com o lar, desta forma, em qualquer outra questão do dia a dia as
mulheres eram excluídas, não lhes sendo dado o direito a se manifestar, a não ser que esse
fosse de interesse dos homens.

Nos tempos atuais, esse discurso de inferioridade feminina tem encontrado cada vez mais
resistência, ou seja, as mulheres estão confrontando a ideologia dominante em busca de
direitos que já lhes são garantidos enquanto sujeitos inseridos em uma sociedade, mas na
prática nem sempre se efetivam.

Nesta luta travada pelas mulheres em busca de voz e vez, temos observado pequenos
avanços em direção à igualdade de direitos, mas enfrentando uma massa machista que
reproduz o discurso da dominação masculina e tenta naturalizá-lo.

O corpus que trazemos para análise será exposto em três momentos: a postagem do
Catraca livre no Facebook; um quadro de comentários que se dialogam e outro quadro

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de comentários que não dialoga com o primeiro, mas entre si e também se refere à
postagem inicial. Assim, primeiramente temos a postagem feita pela fanpage Catraca
livre que traz uma fala da cantora Karol Conká, em que ela diz: “Quando você se cala
diante de uma situação de abuso ou agressão, você é cumplice”.

Fonte: www.facebook.com

Na postagem, o site apresenta a seguinte chamada: “Karol Conká dá soco em homem que
assediou mulheres no Rio”. O conteúdo da postagem refere-se a turistas que estavam se
masturbando e assediando mulheres que estavam utilizando a piscina de um hotel, o
mesmo em que se hospedava a cantora. Ao presenciar a agressão/assédio, a cantora saiu
em defesa das duas vítimas do assédio. O caso repercutiu bastante nas redes sociais ao
ponto de a postagem ter milhares comentários e mais de 4 mil curtidas.

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Como já foi mencionado, analisaremos alguns comentários que ancoraram outros
comentários. Na análise buscaremos mostrar que a mulher, enquanto sujeito, é vítima de
um silenciamento e/ou apagamento de seu discurso. Desta forma, levando em
consideração as condições de produção dadas, iniciaremos a nossa análise pelo enunciado
que aparece na chamada da postagem SD1: “quando você se cala diante de uma situação
de abuso ou agressão, você é cumplice”

Com a SD1, ao enunciar “quando você se cala”, compreendemos que o sujeito tem uma
postura de resistência frente ao discurso hegemônico, já que no fragmento, o advérbio
“quando” demonstra que o sujeito tem um efeito de consciência, achando que ele fala de
um lugar em que esta escolha lhe cabe, que ele é senhor daquilo que diz. Ao produzir o
discurso, podemos dizer que “o sujeito se constitui pelo “esquecimento” daquilo que o
determina” (PÊCHEUX, 2009, p.150), ou seja, o sujeito ao se filiar a uma determinada
FD, ele “apaga” quaisquer outros discursos, o que faz com que ele, sujeito, estando
identificado com a FD que o domina, ele não consiga “ouvir” outros discursos, estando
“armado”, pronto para defender suas posições, já que dentro da formação discursiva em
que ele se filia, ele fica autorizado a dizer algumas coisas e outras não, aqui, o sujeito se
levanta contra o discurso da coerção por meio do abuso e da agressão sexual.

Este sujeito está inserido em uma FD que não permite a agressão contra a mulher. Em seu
discurso, o sujeito se entrega, mostra sua posição-sujeito, o lugar de fala, um lugar que é
diferente daquele que tenta calar a sua voz com um discurso de dominação por meio do
sexo, aqui representado pelo abuso sexual.

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Fonte: www.facebook.com

SD2 (1): Mais uma figura pública deste país que vive a incoerência entre discurso e
prática. Ela é o reflexo daqueles que são a favor de um discurso de amor e praticam o
"ódio" por meio da agressão. Defendem a criminalização da agressão física contra uma
mulher, mas a mulher tem direito de, se quiser, agredir um homem e manter-se impune,
pois os direitos iguais entre homens e mulheres ainda não chegou no campo da
criminalização de uma agressão física feita por mulheres, contra um homem. Tomara
que ela sendo defensora de direitos iguais entre os sexos, seja a favor da criminalização
do crime que ela TAMBÉM cometeu, porque um crime não justifica outro. (Aspas do
autor, grifos meus)

Na SD2, enunciada por 1 (um), o sujeito apresenta o que ele chama de incoerência da
figura pública, que saiu em defesa das mulheres assediadas. Nesta SD2, observamos a
tentativa do enunciador apagar o acontecimento que provocou a reação e, ao mesmo

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tempo em que mostra discordar de quem reage a agressões, legitima o silenciamento
imposto a quem sofre abuso sexual. Tem-se, ainda nessa SD, a palavra “ódio”, de forma
que essa palavra posta entre aspas demonstra que o mesmo não é justificado, tendo seu
“valor” atenuado, o que banaliza mais uma vez a ação de revide por parte das mulheres
que sofreram o assédio e da própria cantora que reage a isso.

Em seguida, percebe-se uma incoerência no enunciado ao afirmar, que a mulher se


esconde atrás das leis que punem os homens quando agridem as mulheres, mas não existe
dispositivo semelhante que garanta punição às mulheres em caso de agressão, o que é
equivocado, pois a Lei Maria da Penha não pune, orienta a conduta dos órgãos públicos
para o trabalho com as mulheres vítimas de violência. Além disso, o código penal já prevê
punições para os atos de violência em seus diferentes graus tanto para homens quanto
para mulheres. Promover a confusão e/ou desfigurar informações é um ato que busca
deslegitimar a reação das mulheres, o discurso, mesmo que falso, vindo de uma posição
machista tem por objetivo silenciar o discurso das minorias.

Ainda na SD2, observa-se que o sujeito cobra da “agressora” um senso de autopunição,


já que a mesma cometeu um crime enquanto estava defendendo-se e outras mulheres de
abuso sexual. A palavra “também”, em caixa alta expressa o desejo do sujeito em querer
que a punição seja empregada à cantora que agrediu o hóspede, o que demonstra que as
mulheres não deveriam reagir ao assédio, e que seu crime se tornou até maior que o
praticado pelo assediador. Quanto ao “também”, em caixa alta, ressaltamos que na
linguagem da internet é considerado falar alto, gritar, é uma forma de coagir o outro e
interpelá-lo de forma a aceitar que a sua “verdade” é a que deve prevalecer. Para
Nascimento (2010, p. 2) “o grito representa uma função de descarga, e tem o papel de
uma ponte no nível da qual alguma coisa do que se passa pode ser capturada e identificada
na consciência do sujeito”.

Ainda sobre o gritar na internet, o autor avalia que o mesmo tem a função de apelo, de
demanda de satisfação ao Outro, desta forma, o “TAMBÉM” demonstra que o sujeito
quer se fazer “ouvir” pelo gritar expresso no caps lock ativado e, consequentemente, quer
ter a sua demanda atendida, ou seja, ter a sua posição ideológica aceita pelas outras
pessoas que comentaram.

No comentário de 2 (dois), SD3 (2): “Vc é burro assim de nascença? ”, percebe-se que
2 (dois), na sua posição, conseguiu ler o discurso da postagem e seus efeitos de sentido
ficaram claros para ele, já que a violência simbólica era a grande questão ali envolvida e
não o revide por parte da cantora. Percebe-se que, 1 (um) não consegue produzir os
mesmos efeitos de sentido que 2 (dois), pois o mesmo está fielmente certo de que aquilo
que pensa é a única verdade a ser considerada e se fecha para o contra discurso. Com
relação a isso, Orlandi (2001, p. 104) afirma que “quanto mais centrado o sujeito, mais
cegamente ele está preso à sua ilusão de autonomia ideologicamente constituída. Quanto
mais certezas, menos possibilidades de falhas”. Sendo assim, entendemos que nenhum

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dos dois está disposto a aceitar o discurso do outro, não há espaço para contra discurso,
os dois estão surdos um para o outro, o que é refletido na forma agressiva que se relaciona
com o outro.

Na SD4, analisamos o segundo comentário de 1 (um), nele o mesmo enuncia:

SD4 (1): A minha capacidade em saber fazer uma análise crítica e elaborar uma
compreensão que seja oposta ao que foi apresentado na matéria não deve ser
considerado burrice, apenas uma opinião diferente da dela, desta página de Facebook e,
provavelmente, da sua. Pelo menos a minha fala tem coerência, diferente da sua e da
dela. 👍Valeu pela sua análise. (Grifos meus)

Nessa SD, o enunciador enfatiza pelas palavras capacidade, análise crítica e coerência,
que a sua opinião tem mais valor que a opinião de 2 (dois) e que a da fanpage que postou
a notícia, o sujeito mostra que por ter mais capacidade, saber fazer uma análise crítica e
ter coerência, a sua opinião é que deve prevalecer, o que inferioriza os outros discursos,
já que nas palavras grifadas, demonstra uma superioridade e autoridade que os outros não
possuem. O emoticon em sinal de positivo, deixa claro que ali ele pôs um ponto final na
discussão, logo em seguida, quando diz “valeu pela sua análise”, observa-se um ar de
desdém, como se a análise do outro não tivesse importância, ou melhor, que o tom raivoso
do outro não tivesse mérito algum como análise.

Em seguida, o comentário de um terceiro envolvido mostra como 1 (um) está sendo


machista, e que sua atitude busca apagar e silenciar a situação de assédio, a SD5
demonstra como isso ocorre:

SD5 (3): Tá mais e o cara que tava batendo punheta e alisando as mina? Não vi você
falar sobre o assédio em momento algum. Ridículo isso! A vergonha é no débito, crédito
ou no boleto?

Nessa SD5, o sujeito deixa claro seu descontentamento com a posição adotada por 1(um),
ele expõe o fato ocorrido, e aponta a tentativa de silenciamento do crime que gerou a
postagem denunciando o turista (“não vi você falar sobre o assédio em algum momento),
ao citar este trecho da fala do outro, 3 (três), quebra exatamente com a “coerência” que 1
(um) se vangloriava de ter e que tornava seu discurso legítimo. Para a SD2, a incoerência
estava na inversão de valores discutidos nas postagens. Orlandi (1995), citando Certeau,
explica que o poder se exerce acompanhado do silêncio, e este é o chamado silêncio da
opressão. O que 1 (um) quer fazer, aqui, é por força de um poder imaginário de
superioridade, forçar o silêncio de quem discorda de seus pontos de vista acerca do caso
do assédio. Quando o sujeito (1), tentou impor o silêncio ao comentar corroborando a
ideia de que a oprimida (assediada) tinha culpa maior ou igual a do agressor, ele “tentou
impedi-la de sustentar outro discurso” (ORLANDI, 1995, p. 102). Ao final, 3 (três),

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ironiza a tentativa de 1 (um) de silenciar a resistência de cantora quando pergunta: A
vergonha é no débito, crédito ou no boleto?

No penúltimo comentário, na SD6 (4), a qual diz: como sabemos se foi essa situação?
Ela prestou queixa? Fez o BO. Nesta SD fica bem evidente que o sujeito aqui, duvida que
o assédio tenha de fato ocorrido, entende-se que mesmo com as vítimas tendo dado
entrevista e tendo revidado à agressão, o assédio se constitui como consumado apenas se
tiver registro da autoridade legal, o que é feito como 4 (quatro) indicou, por meio de
queixa policial ou B.O. (boletim de ocorrência).

No último comentário do quadro, a fala de 5 (cinco), na sequência, a SD7 (5): Teve


testemunhas. Quem defende faria o mesmo. Nessa SD, o enunciador se posiciona,
também, contrário ao pensamento do sujeito do primeiro comentário, o que encadeia os
demais e do sujeito do comentário 4 (quatro), quando esclarece que houve testemunhas
da agressão e que tanto os sujeitos 1 (um) e 4 (quatro) seriam coniventes e fariam o
mesmo, já que ao minimizar a agressão e potencializar a reação da vítima, promovem um
silenciamento. No entanto, Orlandi (1995, p. 27) explica que mesmo no silêncio, “sujeito
e sentido se movem largamente”, é nesse mover-se, mesmo em silencio que o sujeito
silenciado, se move em ato de resistência, fura o ritual.

Quando o sujeito 4 (quatro) enuncia, “como sabemos se foi essa situação? Ela prestou
queixa? Fez o BO” há um questionamento da real existência do ato, ou seja, ele questiona
o levantar-se da voz antes calada, questiona a existência de uma ideologia machista por
trás do ato em si, como diz Aiub (2015, p. 105), “negar a existência da ideologia é dar
evidências de que ela existe, e existe produzindo efeitos”, ou seja, negar que houve
agressão sexual, e que a opressão simbólica, representada pelo ato de assédio, corrobora
para se entender que o discurso machista se mantém vivo na sociedade e permeia todas
as instâncias, é algo inconsciente, mas é algo que continua a produzir efeitos.

Quando a sociedade se mostra mais preocupada em analisar a ação da cantora e menos


em analisar o assédio, temos aí uma cultura. A “Cultura do estupro” é uma expressão para
tratar da maneira como a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e do estupro ao
mesmo tempo em que normaliza o comportamento sexual dos homens. Assim, a
sociedade naturaliza a violência sexual por meio da culpabilização da vítima. Conforme
Tarini (2017), o termo tem sido negado em muitos discursos que afirmam ser ideia de
feminista. “Buscando o motivo da negação e a tentativa de apagamento do discurso, é
possível perceber que admitir a prática é admitir que os homens violentam ou deixam
outros violentarem o corpo feminino”. Nessa circunstância, parece que o problema foi
uma mulher revidar. A ela não cabe enfrentar um homem.

Analisaremos o segundo quadro de comentários que dá vazão a uma série de outros


comentários a respeito da postagem sobre a cantora Karol Conká. A segunda série de
comentários é representada assim:

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Fonte: www.facebook.com

A SD 8 traz o comentário de A, que se materializa desta forma: SD8 (a): 'Engraçado'


como o foco maior nos comentários foi a agressão praticada pela Karol contra o
MACHO ESCROTO em defesa as vítimas do assédio. (Aspas do autor). Essa SD se inicia
com o sujeito denunciando o apagamento da situação por parte de alguns sujeitos que
comentaram anteriormente, ao utilizar “engraçado” entre aspas, esta denúncia fica clara,
por meio de uma ironia, já que ao utilizar a palavra entre aspas e deixando evidente que
não há nada de engraçado naquilo, ou seja, há um deslizamento de sentido. Para as
mulheres envolvidas e as outras que leem o texto, o efeito é contrário, isso expõe a
situação degradante que as mulheres passam todos os dias por terem suas falas
desconsideradas. A ironia é um recurso utilizado, via discurso, para diminuir o discurso
do outro, fazendo com que, pela aceitação do humor, mesmo que esse seja nocivo, seu
discurso seja propagado de forma sutil.

O enunciado ainda aponta para o silenciamento da questão principal, que é a


agressão/assédio sofrido pelas mulheres e, buscando quebrar o silencio imposto pelo
apagamento da agressão nos comentários, o enunciador chama os autores da agressão de
MACHO ESCROTO em letras caixa alta, que como já mencionado, significa no mundo

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virtual, o ato de gritar, falar algo, esbravejar. Infere-se que ao chamar o agressor de
MACHO ESCROTO, o sujeito levanta a voz contra o ato de opressão. A cantora agrediu
o autor do assédio em revide, pois esta se levantou em defesa das outras mulheres
agredidas, porém, a agressão, segundo o enunciador, teria ganho uma proporção de
importância maior que a violência sexual sofrida pelas mulheres; o comentário que segue
corrobora com a posição adotada pelo enunciador A.

A SD 9 desta segunda parte da análise aponta para uma questão bem antiga e recorrente
na sociedade. Na SD9 (B): É só um monte de macho escroto defendendo outro macho
escroto. Nada de novo! Temos nessa SD, um sujeito que demonstra toda a sua
insatisfação frente ao ocorrido, já que existem, com B fala, mais sujeitos que sustentam o
mesmo discurso machista em que defendem as atitudes do agressor.

O enunciador B, ao repetir macho escroto, reforça todo seu descontentamento, já que as


mulheres estavam se defendendo do assédio, que é uma prática oriunda do discurso
machista que se entranhou na sociedade. Logo em seguida, nada de novo, tem por efeito
de sentido, deixar claro que esta é uma prática antiga, vem se perpetuando na sociedade
e não se sabe determinar onde começou, mas que está presente em várias formações
discursivas.

Na SD10, fica claro o que B já havia denunciado, vejamos SD10 (c): “É porque ta tão
comum que as pessoas acham normal, muito triste e somos nós que sofremos diarimente
com esse pensamento machista escroto.”. Ao potencializar o comum por meio do tão
(aqui empregado com o intuito de demonstrar a frequência com que o fato ocorre), o
sujeito C aponta para a normalidade com que essas situações se materializam em palavras
e se concretizam por gestos como os presenciados pelas mulheres agredidas. Quando, na
continuação C fala que “as pessoas acham normal” é porque a dita normalidade apaga por
meio da coerção qualquer tentativa de resistência a esse pensamento que atinge tanto as
mulheres, já que elas não concordam com a postura dominadora imposta pela sociedade
machista.

Este sofrimento é apontado por C quando descreve claramente a situação quando diz,
“somos nós que sofremos diarimente com esse pensamento machista escroto”, a
regularidade apontada por pela palavra diarimente, que apresenta um ato falho, na
palavra, que deveria ser diariamente, e ficou diarimente, pode-se inferir que a agressão é
dolorosa, a palavra ao ser lida, tem semelhança com a palavra ardor, que tem a ver com a
dor, dor essa sofrida pelas mulheres vítimas de agressões de toda sorte. O final da palavra
“mente”, pode estar relacionado às mentiras contidas no discurso, e isso possa ser a causa
da dor apontada pelo ato falho, este erro ortográfico demonstra como o consciente fura o
ritual e deixa transparecer aquilo que está no consciente do sujeito.

O ato falho é algo que o sujeito produz, fruto do inconsciente, algo que fura o ritual,
Pêcheux ao citar Lacan, explica que a falha é o que deve ser estuda, pois para ele “só há

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causa naquilo que falha”, a falha, aqui, determina que no consciente, o sujeito sofre por
conta da dor imposta pela série de agressões simbólicas sofridas pelas mulheres. Pêcheux
(2014, p.281), explica que não há dominação sem resistência, que significa que é preciso
“ousar se revoltar”, ou seja, a resistência à dominação é um ritual e o se levantar é o que
move esse trabalho que envolve a dominação e resistência.

O sujeito D enuncia retrucando C, sustentando a banalização do ato em si. Temos na


SD11(d): “Comum? Vcs moram na zona? ”, ao questionar se as mulheres que comentam
defendendo o levante ao assédio, D, questiona se elas moram em uma zona de baixo
meretrício, deixando claro, em mais um ato de silenciamento, e que a recorrência de atos
envolvendo violência contra a mulher não existe, que é algo fantasioso e que a luta pela
extinção de atos nesse sentido deve ser descontinuada, já que ele ironiza o “comum”. E
nisto gera o efeito de sentido de que as mulheres somente podem ser molestadas se
estiverem na zona, como se essas coisas não ocorressem na sociedade moderna, ou pelo
menos não em outros espaços além da zona.

Este apagamento da violência busca naturalizar os atos de agressão sofridos pela mulher,
o que demonstra que o discurso machista é alinhado, busca manter sua supremacia a todo
custo, interpelando outros sujeitos no intuito de conseguir mais adesões às FDs que
replicam o mesmo discurso.

Pesquisando os discursos do Direito, Tarini (2017, p. 18), questiona a expressão


“mulheres honestas”, que constou no Código Penal de 1940 até 2003, e que naturalizava
a violência às mulheres não virgens.

não se pode afirmar que as mulheres vivem como na Era Medieval, pois têm
conquistado direitos e forçado a revisão de legislações, como o Código Penal
e o Código Civil, o que tem melhorado consideravelmente suas perspectivas
de vida, mas há uma distância, às vezes invisível ou apagada, entre as letras do
direito e a força dos costumes da sociedade; basta observar que, nos processos
judiciais nos quais figuravam ‘mulheres honestas’, agora aparece ‘idônea’,
mostrando que se mantém o costume de analisar a moral da vítima: muda a
nomenclatura e o efeito de sentido permanece. Mesmo depois da extinção do
Código Filipino1 no século XIX, com os direitos alcançados com a
Constituição de 1988 e com a mudança no Código Penal em 2005, tenho visto
que, no Brasil, as mulheres ainda lutam por igualdade de direitos, tanto que foi
sancionada a Lei 11.340/06, especificamente, em defesa da preservação da
vida das mulheres.

Por fim, o enunciador E retruca o D. A fala se materializa afirmando em SD12 (e): “Só
um homem msm pra achar que situações como essa só acontecem ‘na zona’. Difícil
argumentar com quem não sabe o que nós mulheres passamos diariamente”.

1
Código Filipino (também denominado Ordenações Filipinas) é um documento de Lei de Portugal
aplicado no Brasil por três séculos. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242733>.
Acesso em: 10 fev. 2015.

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A fala de E, na SD12, deixa claro que a forma de apagamento da situação de violência
contra a mulher é constante no discurso de D, ao dizer que “Só um homem msm pra achar
que situações como essa só acontecem "na zona", O enunciador E aponta para o discurso
de invisibilidade da violência que a mulher passa na sociedade, além de deixar claro que
tanto o ato como o discurso de violência contra mulheres é próprio da “zona”, só circula
na “zona”, fazendo com que se tenha uma falsa impressão de que socialmente esse
discurso de ódio contra a mulher não é praticado, o que é prontamente desmentido por E.
Ainda aqui a violência contra a mulher não considerada “honesta” é permitida. É ainda o
discurso do Código Filipino citado por Tarini (2017)

O enunciador E, finaliza dizendo que é “Difícil argumentar com quem não sabe o que
nós mulheres passamos diariamente”, isso demonstra que o discurso machista não leva
em consideração os fatos que ocorrem envolvendo a mulher, ele generaliza, se mostra
opressor e busca não dar voz e vez para as mulheres, o que legitima a ação de homens
que buscam na o egoísmo saciar suas próprias vontades sem mesmo um gesto de
alteridade.

CONSIDEREÇÕES FINAIS

A mulher tem sido vítima de toda sorte de violência desde os primórdios da humanidade,
isso se dá por via física ou até mesmo simbólica. Percebe-se que mesmo com o passar
dos anos, a violência não tem diminuído, pelo contrário, as estatísticas demonstram
aumento e o pior, tem se diversificado, já que como a prática é perpetuada por atos, mas
também via discurso. As ações de violência vão se tornando mais sofisticadas e discurso,
este que pode ser entendido como sendo palavra em movimento, circula nas redes sociais
atingindo públicos maiores. Desta forma, o movimento constante do discurso facilita que
as formas de violência sejam propagadas com mais rapidez e abrangência.

No corpus analisamos como o discurso machista busca silenciar discursos de minorias,


neste caso os das mulheres, e de como esse silenciamento das violências contra as
mulheres ganha coro entre alguns sujeitos, principalmente homens. O grito de liberdade
ou o grito de afronta, aqui representado pela Cantora Karon Conká, mostra o quão
fragilizadas estão as mulheres ainda na sociedade atual. Essa fragilização é demonstrada
quando alguns dos sujeitos questionam se houve ou não violência por parte do turista que
estava molestando as mulheres, já que esse tipo de prática - e outras semelhantes como o
assédio sexual e moral, o estupro e outras práticas cometidas por homens - é
discursivisada como normal, pregando que o homem é homem e ele tem de agir assim,
tendo o instinto como seu maior refúgio e licença para agredir.

Percebeu-se na análise que o protagonismo de uma mulher foi suficiente para que se
revertesse, mesmo que momentaneamente, o silenciamento imposto à situação vivida
pelas mulheres molestadas. Os enunciados que trouxemos para análise, em sua totalidade

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de homens defendendo a inversão de papeis no ato de violência, apontam para uma prática
que embora seja inconsciente, já que ela vem via ideológico, ela tem poder e produz
consequências graves nas suas vítimas. Esses comentários que destacam apenas a ação da
cantora, a culpam pela reação, mostrando que mulher não pode reagir. Culpando a mulher
e apagando a ação do homem agressor, vitimando mais uma vez a voz da mulher.

A discussão ampla do tema na sociedade vai propiciar que se discuta velhos hábitos, se
repense algumas práticas e se possa repensar o verdadeiro papel de homem e mulher.
Notadamente, o discurso ainda tem sido a via para muitas formas de violência, o
apagamento ou silenciamento das práticas abusivas reforça isso, ao final desta pesquisa,
conseguimos trazer à tona efeitos de sentido que atestam o quão devastador podem ser as
feridas provocadas pelo silenciamento e a coerção dos sujeitos oriundo das minorias
(sociais, não em números) pela dominação masculina nesta sociedade organizada em
classes.

REFERÊNCIAS

AIUB, Giovani Forgiarini. Quando o sujeito fal (h) a: reflexões a partir das noções de
ideologia e formação discursiva. Domínios de Lingu@ gem, v. 9, n. 3, p. 104-119, 2015.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina . Rio de Janeiro: BestBolso; 2017.

NASCIMENTO, Marcos Bulcão. Alienação, separação e a travessia do


fantasma. Revista Estudos Lacanianos, v. 3, n. 4, p. p-pp, 2010.

ORLANDI, Eni P. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 3. ed. Campinas:


Ed. Unicamp, 1995.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos.


Pontes, 2001.

PÊCHEUX, Michel et al. Análise automática do discurso. Por uma análise automática do
discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux, v. 2, 1990.

______. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. E. P. Orlandi.


4. ed. Campinas, São Paulo: Ed. da UNICAMP, 2009.

TARINI, Ana Maria de Fátima Leme. Os efeitos de sentido da prática discursiva


jurídica sobre a violência sexual contra as mulheres. 2017. (200 f.). Tese (Doutorado
em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Cascavel.

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