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RESUMO: As redes sociais se tornaram um espaço de divulgação ampla do que ocorre na sociedade atual,
nada foge à necessidade de informação atualizada o tempo todo, cada sujeito ganha protagonismo ao ter
um smartphone em suas mãos. A fanpage Catraca Livre, noticiou o assédio sofrido por algumas mulheres
por um turista estrangeiro, a notícia fala do revide da cantora e essa notícia ao ser veiculada na página
contou com centenas de comentários. O presente trabalho tem por objetivo analisar como a figura da
mulher, vítima de violência simbólica, é silenciada por discursos hegemônicos nas redes sociais e como
estes sujeitos são afetados por estes discursos. Para isso, foi coletado o corpus no Facebook, que consiste
em uma postagem da fanpage e alguns comentários acerca da notícia veiculada. A metodologia utilizada
para a análise do corpus foi a Análise do discurso de linha francesa, que se apoiou principalmente nos
Estudos de Pêcheux (1990, 2009), Orlandi (1995 e 2001) e nos estudos de Bourdieu (2017) no tocante aos
estudos envolvendo dominação masculina. Ao final das análises, chegamos a algumas conclusões, como a
reversão, mesmo que momentânea do discurso machista por meio das atitudes tanto da cantora como de
alguns sujeitos que comentaram a postagem e a abertura na mídia para que o tema da violência e assédio
sexual fosse debatido de forma pública e sem censura nas redes sócias, o que demonstra que a luta
feminista em busca da reversão do silenciamento a ela imposto não é em vão.
ABSTRACT: Social networks have become a space of widespread dissemination of what happens in today's
society, nothing escapes the need for updated information all the time, each subject gains prominence when
having a smartphone in their hands. The catraca Livre fanpage, reported the harassment suffered by some
women by a foreign tourist, the news speaks of the return of the contora and this news when being published
in the page counted on hundreds of comments. The present work aims to analyze how the figure of the
woman, victim of symbolic violence, is silenced by hegemonic discourses in social networks and how these
subjects are affected by these discourses. For this, the corpus was collected on facebook, which consists of
a fanpage post and some comments about the news post. The methodology used for the analysis of the
corpus was the French Line Discourse Analysis, which was based mainly on the Studies of Pêcheux (1990,
2009), Orlandi (1995 and 2001) and the studies of Bourdieu (2017) regarding the studies involving male
domination. At the end of the analysis, we came to some conclusions, such as the reversal, even if
momentary of the macho discourse through the attitudes of both the singer and some subjects who
commented on the posting and the opening in the media so that the subject of violence and sexual
harassment was debated publicly and uncensored in partner networks, which demonstrates that the feminist
struggle for the reversal of the silence imposed on her is not in vain.
As mulheres têm sofrido inúmeras violências, sejam elas as mais invisíveis como a
simbólica e a psicológica ou a violência física que deixa marcas mais visíveis, o fato é e
que está presente desde o ambiente de trabalho com o assédio moral, no seu trânsito das
cidades ou mesmo na internet quando fazem uso das redes sociais e até mesmo em seus
lares.
Buscando discutir a temática envolvendo violência simbólica sofrida pela mulher e suas
implicações em seu cotidiano, este trabalho propõe analisar como a figura da mulher,
vítima de violência simbólica, é silenciada por discursos hegemônicos nas redes sociais
e como estes sujeitos são afetados por estes discursos.
O corpus é composto por uma postagem em uma página do Facebook sobre a violência
sofrida por um grupo de mulheres e a reação da cantora Karol Conká que testemunhou a
agressão sofrida por elas e dois quadros de comentários a respeito dessa postagem. Até o
momento da seleção do corpus havia mais de três mil comentários, destes, selecionamos
dois quadros de comentários que “dialogam” entre si, pois ambos ancoravam outros
comentários, feitos como resposta à primeira postagem. Analisaremos os comentários
com base na teoria da Análise do Discurso de linha francesa (AD), liderada por Pêcheux,
nos anos 1960 e 1970, e no Brasil alguns autores, principalmente Orlandi (1995 e 2001).
1 . PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Inicialmente, precisamos pensar a AD como uma teoria que se propõe a analisar o texto
enquanto discurso considerando suas condições de produção. Em AD, conceituamos
discurso como “efeito de sentido entre locutores”, trazendo em si as marcas da articulação
da língua com a história (ORLANDI, 2001 p. 63).
Outro conceito importante para a análise que propomos é o conceito de sujeito. Ou seja,
o indivíduo empírico, se torna sujeito por um processo que Pêcheux chama de
assujeitamento ou interpelação, o autor explica este processo dizendo que:
Este conceito é importante, também, para nos fazer refletir que, tudo aquilo que não pode
e não deve ser dito está exterior àquela(s) formação(ões) discursivas, e, é
consequentemente jogado no âmbito do silêncio, do que não pode e não deve ser dito,
desta forma, o que não está em uma FD, está em outra, silenciado, esquecido.
Associando esse conceito ao tema, por exemplo, veremos que a palavra mulher, é
simbolizada em determinadas FDs de maneira diferente, ou seja, o que seria mulher para
uma comunidade africana é diferente do que é para a comunidade indígena ou para uma
comunidade contemporânea, de uma grande cidade. Essas proposições nos fazem pensar
que cada comunidade vai materializar a mulher por um viés, cada uma delas apresentará
um olhar para a mulher; a comunidade indígena poderia pensar a mulher como aquela
que desempenha tarefas de agricultura e cuidado com os afazeres domésticos; já a mulher
em algumas comunidades africanas, seria a responsável por proteger o acampamento
quando os homens saíssem para caçar, ou poderia se pensar essa mulher como aquela
responsável por garantir a perpetuação da tribo por meio da maternidade, ficando a ela
atribuídas atividades domésticas e artesanais com cunho ornamental. E há a mulher
Para cada uma destas situações o termo mudou de significado, isso nos ajuda a entender
como os efeitos são produzidos e como eles podem deslizar ou até mesmo se deslocarem
quando se muda de FD.
Como afirma o autor, à mulher somente cabia um local de destaque em questões que
envolviam o cuidado com o lar, desta forma, em qualquer outra questão do dia a dia as
mulheres eram excluídas, não lhes sendo dado o direito a se manifestar, a não ser que esse
fosse de interesse dos homens.
Nos tempos atuais, esse discurso de inferioridade feminina tem encontrado cada vez mais
resistência, ou seja, as mulheres estão confrontando a ideologia dominante em busca de
direitos que já lhes são garantidos enquanto sujeitos inseridos em uma sociedade, mas na
prática nem sempre se efetivam.
Nesta luta travada pelas mulheres em busca de voz e vez, temos observado pequenos
avanços em direção à igualdade de direitos, mas enfrentando uma massa machista que
reproduz o discurso da dominação masculina e tenta naturalizá-lo.
O corpus que trazemos para análise será exposto em três momentos: a postagem do
Catraca livre no Facebook; um quadro de comentários que se dialogam e outro quadro
Fonte: www.facebook.com
Na postagem, o site apresenta a seguinte chamada: “Karol Conká dá soco em homem que
assediou mulheres no Rio”. O conteúdo da postagem refere-se a turistas que estavam se
masturbando e assediando mulheres que estavam utilizando a piscina de um hotel, o
mesmo em que se hospedava a cantora. Ao presenciar a agressão/assédio, a cantora saiu
em defesa das duas vítimas do assédio. O caso repercutiu bastante nas redes sociais ao
ponto de a postagem ter milhares comentários e mais de 4 mil curtidas.
Com a SD1, ao enunciar “quando você se cala”, compreendemos que o sujeito tem uma
postura de resistência frente ao discurso hegemônico, já que no fragmento, o advérbio
“quando” demonstra que o sujeito tem um efeito de consciência, achando que ele fala de
um lugar em que esta escolha lhe cabe, que ele é senhor daquilo que diz. Ao produzir o
discurso, podemos dizer que “o sujeito se constitui pelo “esquecimento” daquilo que o
determina” (PÊCHEUX, 2009, p.150), ou seja, o sujeito ao se filiar a uma determinada
FD, ele “apaga” quaisquer outros discursos, o que faz com que ele, sujeito, estando
identificado com a FD que o domina, ele não consiga “ouvir” outros discursos, estando
“armado”, pronto para defender suas posições, já que dentro da formação discursiva em
que ele se filia, ele fica autorizado a dizer algumas coisas e outras não, aqui, o sujeito se
levanta contra o discurso da coerção por meio do abuso e da agressão sexual.
Este sujeito está inserido em uma FD que não permite a agressão contra a mulher. Em seu
discurso, o sujeito se entrega, mostra sua posição-sujeito, o lugar de fala, um lugar que é
diferente daquele que tenta calar a sua voz com um discurso de dominação por meio do
sexo, aqui representado pelo abuso sexual.
SD2 (1): Mais uma figura pública deste país que vive a incoerência entre discurso e
prática. Ela é o reflexo daqueles que são a favor de um discurso de amor e praticam o
"ódio" por meio da agressão. Defendem a criminalização da agressão física contra uma
mulher, mas a mulher tem direito de, se quiser, agredir um homem e manter-se impune,
pois os direitos iguais entre homens e mulheres ainda não chegou no campo da
criminalização de uma agressão física feita por mulheres, contra um homem. Tomara
que ela sendo defensora de direitos iguais entre os sexos, seja a favor da criminalização
do crime que ela TAMBÉM cometeu, porque um crime não justifica outro. (Aspas do
autor, grifos meus)
Na SD2, enunciada por 1 (um), o sujeito apresenta o que ele chama de incoerência da
figura pública, que saiu em defesa das mulheres assediadas. Nesta SD2, observamos a
tentativa do enunciador apagar o acontecimento que provocou a reação e, ao mesmo
Ainda sobre o gritar na internet, o autor avalia que o mesmo tem a função de apelo, de
demanda de satisfação ao Outro, desta forma, o “TAMBÉM” demonstra que o sujeito
quer se fazer “ouvir” pelo gritar expresso no caps lock ativado e, consequentemente, quer
ter a sua demanda atendida, ou seja, ter a sua posição ideológica aceita pelas outras
pessoas que comentaram.
No comentário de 2 (dois), SD3 (2): “Vc é burro assim de nascença? ”, percebe-se que
2 (dois), na sua posição, conseguiu ler o discurso da postagem e seus efeitos de sentido
ficaram claros para ele, já que a violência simbólica era a grande questão ali envolvida e
não o revide por parte da cantora. Percebe-se que, 1 (um) não consegue produzir os
mesmos efeitos de sentido que 2 (dois), pois o mesmo está fielmente certo de que aquilo
que pensa é a única verdade a ser considerada e se fecha para o contra discurso. Com
relação a isso, Orlandi (2001, p. 104) afirma que “quanto mais centrado o sujeito, mais
cegamente ele está preso à sua ilusão de autonomia ideologicamente constituída. Quanto
mais certezas, menos possibilidades de falhas”. Sendo assim, entendemos que nenhum
SD4 (1): A minha capacidade em saber fazer uma análise crítica e elaborar uma
compreensão que seja oposta ao que foi apresentado na matéria não deve ser
considerado burrice, apenas uma opinião diferente da dela, desta página de Facebook e,
provavelmente, da sua. Pelo menos a minha fala tem coerência, diferente da sua e da
dela. 👍Valeu pela sua análise. (Grifos meus)
Nessa SD, o enunciador enfatiza pelas palavras capacidade, análise crítica e coerência,
que a sua opinião tem mais valor que a opinião de 2 (dois) e que a da fanpage que postou
a notícia, o sujeito mostra que por ter mais capacidade, saber fazer uma análise crítica e
ter coerência, a sua opinião é que deve prevalecer, o que inferioriza os outros discursos,
já que nas palavras grifadas, demonstra uma superioridade e autoridade que os outros não
possuem. O emoticon em sinal de positivo, deixa claro que ali ele pôs um ponto final na
discussão, logo em seguida, quando diz “valeu pela sua análise”, observa-se um ar de
desdém, como se a análise do outro não tivesse importância, ou melhor, que o tom raivoso
do outro não tivesse mérito algum como análise.
SD5 (3): Tá mais e o cara que tava batendo punheta e alisando as mina? Não vi você
falar sobre o assédio em momento algum. Ridículo isso! A vergonha é no débito, crédito
ou no boleto?
Nessa SD5, o sujeito deixa claro seu descontentamento com a posição adotada por 1(um),
ele expõe o fato ocorrido, e aponta a tentativa de silenciamento do crime que gerou a
postagem denunciando o turista (“não vi você falar sobre o assédio em algum momento),
ao citar este trecho da fala do outro, 3 (três), quebra exatamente com a “coerência” que 1
(um) se vangloriava de ter e que tornava seu discurso legítimo. Para a SD2, a incoerência
estava na inversão de valores discutidos nas postagens. Orlandi (1995), citando Certeau,
explica que o poder se exerce acompanhado do silêncio, e este é o chamado silêncio da
opressão. O que 1 (um) quer fazer, aqui, é por força de um poder imaginário de
superioridade, forçar o silêncio de quem discorda de seus pontos de vista acerca do caso
do assédio. Quando o sujeito (1), tentou impor o silêncio ao comentar corroborando a
ideia de que a oprimida (assediada) tinha culpa maior ou igual a do agressor, ele “tentou
impedi-la de sustentar outro discurso” (ORLANDI, 1995, p. 102). Ao final, 3 (três),
No penúltimo comentário, na SD6 (4), a qual diz: como sabemos se foi essa situação?
Ela prestou queixa? Fez o BO. Nesta SD fica bem evidente que o sujeito aqui, duvida que
o assédio tenha de fato ocorrido, entende-se que mesmo com as vítimas tendo dado
entrevista e tendo revidado à agressão, o assédio se constitui como consumado apenas se
tiver registro da autoridade legal, o que é feito como 4 (quatro) indicou, por meio de
queixa policial ou B.O. (boletim de ocorrência).
Quando o sujeito 4 (quatro) enuncia, “como sabemos se foi essa situação? Ela prestou
queixa? Fez o BO” há um questionamento da real existência do ato, ou seja, ele questiona
o levantar-se da voz antes calada, questiona a existência de uma ideologia machista por
trás do ato em si, como diz Aiub (2015, p. 105), “negar a existência da ideologia é dar
evidências de que ela existe, e existe produzindo efeitos”, ou seja, negar que houve
agressão sexual, e que a opressão simbólica, representada pelo ato de assédio, corrobora
para se entender que o discurso machista se mantém vivo na sociedade e permeia todas
as instâncias, é algo inconsciente, mas é algo que continua a produzir efeitos.
A SD 9 desta segunda parte da análise aponta para uma questão bem antiga e recorrente
na sociedade. Na SD9 (B): É só um monte de macho escroto defendendo outro macho
escroto. Nada de novo! Temos nessa SD, um sujeito que demonstra toda a sua
insatisfação frente ao ocorrido, já que existem, com B fala, mais sujeitos que sustentam o
mesmo discurso machista em que defendem as atitudes do agressor.
Na SD10, fica claro o que B já havia denunciado, vejamos SD10 (c): “É porque ta tão
comum que as pessoas acham normal, muito triste e somos nós que sofremos diarimente
com esse pensamento machista escroto.”. Ao potencializar o comum por meio do tão
(aqui empregado com o intuito de demonstrar a frequência com que o fato ocorre), o
sujeito C aponta para a normalidade com que essas situações se materializam em palavras
e se concretizam por gestos como os presenciados pelas mulheres agredidas. Quando, na
continuação C fala que “as pessoas acham normal” é porque a dita normalidade apaga por
meio da coerção qualquer tentativa de resistência a esse pensamento que atinge tanto as
mulheres, já que elas não concordam com a postura dominadora imposta pela sociedade
machista.
Este sofrimento é apontado por C quando descreve claramente a situação quando diz,
“somos nós que sofremos diarimente com esse pensamento machista escroto”, a
regularidade apontada por pela palavra diarimente, que apresenta um ato falho, na
palavra, que deveria ser diariamente, e ficou diarimente, pode-se inferir que a agressão é
dolorosa, a palavra ao ser lida, tem semelhança com a palavra ardor, que tem a ver com a
dor, dor essa sofrida pelas mulheres vítimas de agressões de toda sorte. O final da palavra
“mente”, pode estar relacionado às mentiras contidas no discurso, e isso possa ser a causa
da dor apontada pelo ato falho, este erro ortográfico demonstra como o consciente fura o
ritual e deixa transparecer aquilo que está no consciente do sujeito.
O ato falho é algo que o sujeito produz, fruto do inconsciente, algo que fura o ritual,
Pêcheux ao citar Lacan, explica que a falha é o que deve ser estuda, pois para ele “só há
Este apagamento da violência busca naturalizar os atos de agressão sofridos pela mulher,
o que demonstra que o discurso machista é alinhado, busca manter sua supremacia a todo
custo, interpelando outros sujeitos no intuito de conseguir mais adesões às FDs que
replicam o mesmo discurso.
não se pode afirmar que as mulheres vivem como na Era Medieval, pois têm
conquistado direitos e forçado a revisão de legislações, como o Código Penal
e o Código Civil, o que tem melhorado consideravelmente suas perspectivas
de vida, mas há uma distância, às vezes invisível ou apagada, entre as letras do
direito e a força dos costumes da sociedade; basta observar que, nos processos
judiciais nos quais figuravam ‘mulheres honestas’, agora aparece ‘idônea’,
mostrando que se mantém o costume de analisar a moral da vítima: muda a
nomenclatura e o efeito de sentido permanece. Mesmo depois da extinção do
Código Filipino1 no século XIX, com os direitos alcançados com a
Constituição de 1988 e com a mudança no Código Penal em 2005, tenho visto
que, no Brasil, as mulheres ainda lutam por igualdade de direitos, tanto que foi
sancionada a Lei 11.340/06, especificamente, em defesa da preservação da
vida das mulheres.
Por fim, o enunciador E retruca o D. A fala se materializa afirmando em SD12 (e): “Só
um homem msm pra achar que situações como essa só acontecem ‘na zona’. Difícil
argumentar com quem não sabe o que nós mulheres passamos diariamente”.
1
Código Filipino (também denominado Ordenações Filipinas) é um documento de Lei de Portugal
aplicado no Brasil por três séculos. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242733>.
Acesso em: 10 fev. 2015.
O enunciador E, finaliza dizendo que é “Difícil argumentar com quem não sabe o que
nós mulheres passamos diariamente”, isso demonstra que o discurso machista não leva
em consideração os fatos que ocorrem envolvendo a mulher, ele generaliza, se mostra
opressor e busca não dar voz e vez para as mulheres, o que legitima a ação de homens
que buscam na o egoísmo saciar suas próprias vontades sem mesmo um gesto de
alteridade.
CONSIDEREÇÕES FINAIS
A mulher tem sido vítima de toda sorte de violência desde os primórdios da humanidade,
isso se dá por via física ou até mesmo simbólica. Percebe-se que mesmo com o passar
dos anos, a violência não tem diminuído, pelo contrário, as estatísticas demonstram
aumento e o pior, tem se diversificado, já que como a prática é perpetuada por atos, mas
também via discurso. As ações de violência vão se tornando mais sofisticadas e discurso,
este que pode ser entendido como sendo palavra em movimento, circula nas redes sociais
atingindo públicos maiores. Desta forma, o movimento constante do discurso facilita que
as formas de violência sejam propagadas com mais rapidez e abrangência.
Percebeu-se na análise que o protagonismo de uma mulher foi suficiente para que se
revertesse, mesmo que momentaneamente, o silenciamento imposto à situação vivida
pelas mulheres molestadas. Os enunciados que trouxemos para análise, em sua totalidade
A discussão ampla do tema na sociedade vai propiciar que se discuta velhos hábitos, se
repense algumas práticas e se possa repensar o verdadeiro papel de homem e mulher.
Notadamente, o discurso ainda tem sido a via para muitas formas de violência, o
apagamento ou silenciamento das práticas abusivas reforça isso, ao final desta pesquisa,
conseguimos trazer à tona efeitos de sentido que atestam o quão devastador podem ser as
feridas provocadas pelo silenciamento e a coerção dos sujeitos oriundo das minorias
(sociais, não em números) pela dominação masculina nesta sociedade organizada em
classes.
REFERÊNCIAS
AIUB, Giovani Forgiarini. Quando o sujeito fal (h) a: reflexões a partir das noções de
ideologia e formação discursiva. Domínios de Lingu@ gem, v. 9, n. 3, p. 104-119, 2015.
PÊCHEUX, Michel et al. Análise automática do discurso. Por uma análise automática do
discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux, v. 2, 1990.