Sei sulla pagina 1di 8

Universidade de São Paulo

Departamento de Filosofia
PIC - Programa de Iniciação Científica

Relatório Parcial das Atividades de Pesquisa

São Paulo, Abril de 2019

Relatório Parcial das Atividades de Pesquisa


Título: Dialética da Consciência na Fenomenologia do Espírito
Aluno: Pedro Henrique Marques Silva Mauad
Curso: Filosofia
Orientador: Prof. Dr. Marco Werle

1. Resumo

Será apresentado aqui os caminhos pelos quais a pesquisa passou desde seu início: as

mudanças referentes ao objeto pesquisado, as considerações e reflexões feitas sobre a

metodologia de pesquisa e também sobre a bibliografia levantada. A pesquisa encontra-se em

andamento, portanto, será apresentado somente conclusões parciais das atividades realizadas

e intenções futuras de trabalho.

2. Introdução

Esta pesquisa, desde seu início, passou por algumas transformações em relação ao seu

objeto. A intenção inicial era investigar o conceito de ‘sujeito’ na Fenomenologia do

Espírito, de Hegel. No entanto, após apontamentos do meu orientador, prof. Marco Werle, e

algum tempo de reflexão, percebi que essa investigação apostava em uma temática

demasiadamente genérica, além de exigir que outras questões fossem elucidadas para que o
objeto pudesse ser devidamente investigado. Sendo assim, optei por outros caminhos, até que

o tema e objeto pudessem ser definidos com melhor precisão.

Por se tratar de meu primeiro contato com a pesquisa científica em filosofia, as

primeiras tentativas de abordagem do objeto mostraram-se inconsistentes, principalmente

naquilo que se refere ao método. Partia de premissas genéricas, em nada óbvias, ou seja,

carentes de explicação, e não se definia com precisão o objeto pesquisado, passando ao largo

do rigor metodológico que se espera em uma pesquisa. Além disso, o escopo também era

insuficientemente delimitado, tornando-se muito amplo para uma pesquisa inicial.

Após as fragilidades serem identificadas e compreendidas, decidi por um novo objeto:

a consciência (Bewusstsein) em seu processo dialético de conhecimento de si nos quatro

primeiros capítulos da Fenomenologia do Espírito. Optei, assim, por tentar compreender em

que medida podemos enxergar nesses capítulos uma epistemologia hegeliana e o que Hegel

propunha ao descrever o modo como a consciência conhece segundo um processo dialético,

que se dá em movimento. Ou seja, o problema inicial que tínhamos em relação ao método da

pesquisa tornou-se uma reflexão sobre o método hegeliano e sua originalidade.

3. Atividades Realizadas

Iniciei a pesquisa visando esclarecer o conceito de substância na filosofia de

Espinosa, ao qual Hegel, possivelmente, opõe seu conceito de sujeito, para então investigar o

conceito de sujeito por meio das noções de negatividade (Negativität), mediação

(Vermittlung) e reconhecimento (Anerkennung) tais como aparecem na Fenomenologia do

Espírito. Acreditava, assim, que essas três noções compõem o núcleo do sujeito bem como

são as chaves de entendimento das outra figuras do Espírito encontradas na Fenomenologia.

Além do livro base da pesquisa, Fenomenologia Do Espírito, foram feitas leituras de autores

como Jean Hyppolite, Slavoj Zizek, Robert Pippin, Gerard Lebrun entre outros. Porém, como
mencionado na introdução, surgiram dificuldades para uma boa delimitação do objeto, uma

vez que o conceito de sujeito encontra-se diluído ao longo de todo o livro. Também uma série

de pressupostos não esclarecidos tornavam a pesquisa inviável por esse caminho. Desse

modo, buscando compreender melhor a formação do pensamento hegeliano em relação à

conceitos como o de subjetividade, sujeito e consciência-de-si e o modo como aparecem na

Fenomenologia, busquei investigar os textos de Hegel ao longo do seu período em Jena.

Optei por começar a investigação nos primeiros anos de Hegel em Jena, quando ele

iniciou a formulação do idealismo objetivo em consonância com a filosofia de Schelling. As

principais obras escolhidas para serem analisadas foram Diferença entre os Sistemas

Filosóficos de Fichte e de Schelling (1801), Fé e Saber (1802) e O Sistema da Vida Ética

(1802/03), com especial atenção ao tratamento teórico que Hegel dá a questão da

subjetividade e da objetividade. Desse modo, no primeiro momento da pesquisa foquei no

período que vai de 1801 a 1803 através das três principais publicações de Hegel

anteriormente mencionadas, com o fito de identificar mais que somente a influência de

Schelling sobre Hegel, mas uma afinidade entre a filosofia de ambos que tinha o mesmo

‘inimigo’ comum, o subjetivismo de Kant e Fichte. Foram lidos os capítulos iniciais dos

respectivos livros buscando enxergar os primeiros traços do sistema hegeliano que a

Fenomenologia do Espírito posteriormente consagrou. Entretanto, não foi buscado aquilo que

na letra hegeliana já indicava de forma embrionária o que mais tarde se consumou na

Fenomenologia, mas também e principalmente, determinados pressupostos e formulações

que aproximam Hegel de Schelling e que foram sendo abandonados ou transformados até a

publicação da Fenomenologia.

Uma vez que o objetivo da pesquisa era compreender o modo como as noções de

subjetividade e consciência foram evoluindo no interior da filosofia hegeliana no período de

Jena, até atingirem a forma e o lugar que ocupam em seu sistema, através, talvez, do conceito
de “sujeito”, tal como exposto na Fenomenologia, mostrou-se imprescindível entender

suficientemente a construção de tais conceitos por meio das críticas que Hegel tinha às

noções de subjetividade fichteana e objetividade schellinguiana.

Num segundo momento da pesquisa, a intenção era fazer a leitura de textos de Hegel

que antecederam a publicação da Fenomenologia do Espírito, com por exemplo, O Sistema

de Jena: Lógica e Metafísica (1804/05). Assim, daria continuidade na identificação das

diferenças teóricas e metodológicas que separam a filosofia de Hegel da filosofia de

Schelling, Fichte e Kant. No entanto, a pesquisa valia-se de um escopo muito grande e

ambicioso para uma primeira aproximação do pensamento de Hegel, o que mostrou-se

impraticável e precisou, mais uma vez, passar por uma reformulação a fim de conseguir

maior rigor e precisão na delimitação do escopo e definição do objeto.

Por fim, após mais algum tempo de reflexão sobre os rumos da pesquisa, foi escolhido

o objeto que até hoje se mantém, como já mencionado: a consciência (Bewusstsein) em seu

processo dialético de conhecimento de si nos quatro primeiros capítulos da Fenomenologia

do Espírito. Partindo da pesquisa de Marcos Nobre sobre a Introdução da Fenomenologia em

seu livro Como Nasce o Novo, descobri, com isso, que a Introdução anunciava um projeto - o

“exame da realidade do conhecer”- para a Fenomenologia que foi transformado ao longo da

escrita e publicação do livro.

No entanto, e é aqui que a atual pesquisa se coloca, acredita-se que os capítulos

iniciais da Fenomenologia são capítulos em que as intenções expostas na Introdução foram

mantidas, e mais que isso, levadas à cabo segundo um método singular que Hegel

desenvolveu, a saber, a exposição do objeto em seu movimento dialético, utilizando-se mais

do artifício da descrição do que de afirmações categóricas. O estágio que a pesquisa se

encontra está em ler o primeiro capítulo, ‘a certeza sensível’, buscando reconstruir os passos

da consciência sensível nas suas primeiras abordagens ao objeto, àquilo que aparece para ela
como fenômeno exterior, na tentativa de elucidar o que significa para a consciência essa

primeira abordagem, e o que a consciência descobre ao atravessar esse caminho.

4. Próximas Etapas

A próxima etapa da pesquisa será realizar a leitura dos capítulos II, III e IV, seguindo

o mesmo método que está sendo aplicado ao capítulo I. Então, posteriormente, feita essa

primeira leitura que tem o fito de se aproximar da forma e do conteúdo apresentados pelo

texto hegeliano, voltarei para o texto da Introdução para traçar e melhor definir em que

medida é possível enxergar nesses quatro primeiros capítulos a realização do que Hegel se

propõe na Introdução. Por fim, realizadas essas etapas, pretende-se refletir sobre a

epistemologia que encontramos nessa parte da obra e o que Hegel tinha em vista ao expressá-

la da forma como foi exposta, e no que ela é inovadora em comparação com as

epistemologias de sua época.

Para isso, além da leitura da Fenomenologia, nos serviremos dos comentários de

Marcos Nobre em seu livro supracitado, da Filosofia do Espírito, de Hegel, que encontra-se

na Enciclopédia das Ciências Filosóficas, e de outros comentadores que porventura se

mostrarem adequados ao escopo da pesquisa, como por exemplo, Martin Heidegger e seu

texto “O Conceito de Experiência em Hegel”. Na medida em que se mostrar útil, também

poderei recorrer a outros textos de Hegel que antecedem a publicação da Fenomenologia do

Espírito para buscar esclarecimento de algum conceito ou elucidação de algum possível

problema. No mais, a pesquisa permanece aberta a futuras modificações que o avanço da

investigação venha demandar.


5. Bibliografia

1. HEGEL, F. W. Georg. Ciência da Lógica. A Doutrina da Essência. Editora Vozes. São


Paulo, 2017.
2. _______________. Ciência da Lógica. A Doutrina do Ser. Editora Vozes. São
Paulo, 2016.
3. _______________. Diferença entre os Sistemas Filosóficos de Fichte e de
Schelling. Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Lisboa, 2003.
4. _______________. The Scienc of Logic. Cambridge University Press.
Cambridge, 2015.
5. _______________. Enciclopédia das Ciências Filosóficas 1830. A Filosofia
do Espírito. Editora Loyola. São Paulo, 2011.
6. _______________. Fé e Saber. Editora Hedra. São Paulo, 2011.
7. _______________. Fenomenologia do Espírito. Editora Vozes. São Paulo,
2016.
8. _______________. O Sistema da Vida Ética. Edições 70. Lisboa, 2018.
9. _______________. The Jena System 1804-5: Logic and Metaphysics (Jena,
1804–5), tr. J. Burbidge and G. di Giovanni 1986.
10. _______________. Phänomenologie des Geistes. Nikol Verlag. Hamburg, 2016.
11. KANT, I. Crítica da Razão Pura. Editora Vozes. São Paulo, 2012.

Bibliografia secundária:

1. ADORNO, W. Theodor. Três estudos sobre Hegel. Editora UNESP. São Paulo,
2007.
2. GADAMER, H.G. Hegel Husserl Heidegger. Editora Vozes. São Paulo, 2012.
3. HENRICH, Dieter. Between Kant and Hegel. Harvard University Press.
Massachusetts, 2008.
4. _______________. Hegel en su contexto. Monte Avila Editores. Caracas, 1990.
5. HÖSLE, Vittorio. O Sistema de Hegel. O idealismo da subjetividade e o
problema da intersubjetividade. Edições Loyola. São Paulo, 2007.
6. HYPPOLITE, Jean. Gênese e Estrutura da Fenomenologia do Espírito de
Hegel. Editora Discurso Editorial, 2003.
7. INWOOD, Michael. Dicionário Hegel. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1997
8. JAMESON, Fredric. The Hegel Variations. Editora Verso. Londres, 2010.
9. KOJÈVE, Alexandre. Introdução à leitura de Hegel. Editora Contraponto. Rio
de Janeiro, 2014.
10. LEBRUN, G. A Paciência do conceito – Ensaio sobre o discurso hegeliano.
Editora UNESP. São Paulo, 2000.
11. LUKÁCS, G. O Jovem Hegel e os problemas da sociedade capitalista.
Editora Boitempo. São Paulo, 2018.
12. MALABOU, Catherine. The Future Of Hegel. Plasticity, Temporality and
Dialectic. Editora Routiedge. Nova Iorque, 2005.
13. NOBRE, M. Como Nasce o Novo. Editora Todavia. São Paulo, 2018.
14. PLANA, V. Ramón. Del yo al nosostros. Lectura de la Fenomenología del
Espíritu de Hegel. 3a Edição. Editora PPU. Barcelona, 1994.
15. PIPPIN, B. Robert. Hegel’s Idealism: Satisfactions of Self-Consciousness.
Cambridge University Press. Cambridge, 1989.
16. TAYLOR, Charles. Hegel e a sociedade moderna. Editora Loyolla. São Paulo,
2005

17. WERLE, Marco Aurélio. O acolhimento hegeliano do pensamento


antinômico na época de Jena. In: Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e
Modernidade, 107-125.
18. ____________________. Hölderlin e Hegel: a afirmação trágica e filosófica
do idealismo. In: O que nos faz pensar 24 (36), 315-327.
19. ZIZEK, Slavoj. Menos que nada. Hegel e a sombra do materialismo
dialético. Editora Boitempo. São Paulo, 2013.
20. ___________ . O Sujeito Incômodo. O centro ausente da ontologia política.
Editora Boitempo. São Paulo, 2016.

Potrebbero piacerti anche