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PATRICIA UES DA SILVA DELARISSA

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA


ESCOLA REGULAR

Campo Grande, MS
2018
PATRICIA UES DA SILVA DELARISSA

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA


ESCOLA REGULAR
Artigo apresentado ao Curso de Pós-
Graduação TEA como requisito para
obtenção do título de Especialista
em TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA.

Orientadora: Prof.ª Mestra


Perpétua Aparecida Albuquerque
Dutra.

Campo Grande, MS
2018
PATRICIA UES DA SILVA DELARISSA

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA


ESCOLA REGULAR

Artigo aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de especialista


no curso de pós-graduação em TEA da Faculdade de NOVOESTE, tendo
obtido a nota _________ (____________________________________).

Campo Grande, MS, novembro de 2018.

______________________________________________

Prof.ª Mestra Perpétua Aparecida Albuquerque Dutra.


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA
ESCOLA REGULAR

Patricia Ues da Silva Delarissa1


Prof.ª Mestra Perpétua Albuquerque Dutra 2
RESUMO
Esse artigo apresenta uma visão geral a respeito das características da criança
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma compreensão dos autismos a
partir da nova classificação dos Transtornos do Neurodesenvolvimento por
meio do DSM-5/2013.A inserção dessa criança na escola regular é pontuada
nas principais legislações, serviços e discussões acerca dessa temática. A
educação especial é na perspectiva da educação inclusiva, entretanto para o
processo de inclusão efetivar-se alguns aspectos necessitam estar ligados às
discussões e orientações atuais. O Atendimento Educacional Especializado
(AEE), a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) e o Plano de Ensino
Individualizado (PEI) engendram esse processo de inclusão. Considera-se que
a inclusão escolar é um direito desses educandos, para que exista um sucesso
nesse processo é preciso que exista uma articulação e parceria entre os
professores, família, alunos e funcionários. O atendimento adequado e a
efetiva aprendizagem de educandos autistas se dá mediante a parceria do
Atendimento Educacional Especializado com os professores da sala de aula
regular.

Palavras chave: Educação Especial. Transtorno do Espectro Autista.


Educação Inclusiva.

1
Patricia Ues da SilvaDelarissa. Graduada em Pedagogia, Licenciatura pelaUniversidade
Anhanguera Uniderp Campo Grande, MS, Brasil.

2
Prof.ª Mestra Perpétua Albuquerque Dutra.Mestra em Educação pela UCDB, professora e
orientadora pela Faculdade Novo Oeste. Campo Grande, MS, Brasil.
INTRODUÇÃO

A elaboração desse artigo foi realizada mediante revisão de literatura, o


referencial teórico utilizado subsidiou as discussões acerca da temática e nos
oportunizou um aprofundamento teórico importante. Entre os quais destacamos
Brasil (1988,1996, 2008, 2011, 2012), Araújo; Neto (2014), Caponi (2014),Silva;
Gaiato; Reveles (2012), Ferreira (2018), entre outros. Sua escrita justifica-se no
Transtorno do Espectro Autista (TEA) e nos processos que fazem materializar
a inclusão dessas pessoas que são parte do público alvo da educação especial
no país pontuado pela legislação, discussões e orientações atuais, levantando
a importância da mediação escolar na inclusão do autista nos processos ensino
aprendizagem.
Na primeira parte do artigo e considerada como sua temática, foram
levantados aspectos inerentes a criança com o Transtorno do Espectro Autista
(TEA) e suas características.Cientificamente comprovou-se que algumas
características inerentes e comuns às pessoas com TEA, auxilia os diversos
profissionais (da educação, da saúde) e familiares, envolvidos ao longo da vida
dessa pessoa, ao tratamento mais adequado.
Entretanto atrelado a esses aspectos inerentes a pessoa com TEA,
destaca-se as narrativas dos pacientes, as histórias de vida, as causas sociais
e psicológicas específicas que podem ter provocado determinado sofrimento
psíquico ou determinado comportamento, que são relevantes no diagnóstico
desse indivíduo e considerado de relevância na quebra do paradigma da
normalização nos levando a um melhor esclarecimento dos processos de
inclusão.Chamamos a atenção para o fato de cada pessoa ser única, com suas
especificidades e particularidades, no entanto não existe o Autismo, mas sim,
os autismos.
Na segunda parte do artigo abordamos os aspectos legais que
sustentam as políticas públicas referentes à inclusão da pessoa com o
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foi a partir da década de 1990 que o
processo de inclusão foi impulsionado no Brasil, logo após a Constituição da
República Federativa de 1988, correspondendo aos encontros internacionais
que permeavam pela redução das desigualdades, a educação sobressai como
um espaço de força para a ação do Estado. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional consolidada em 1996 prepondera o discurso vigente.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008) consolida o discurso da inclusão, o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) no contraturno da escolarização do educando
e rompe com o discurso dubio. E significa o sucesso das políticas públicas
referentes à inclusão ao discorrer que os alunos Público-Alvo da Educação
Especial (PAEE) 3devem ser matriculados em escola comum do ensino regular.
Em 2012, após a discussão de diversos setores da sociedade civil
consolida-se a Lei nº 12.764, como a política nacional de proteção dos direitos
das pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a qual representa
um avanço nos direitos desse público alvo que antes disso nãopossuía um
política específica, garantindo-lhes direitos em todas as áreas de pessoa com
deficiência.
Na terceira parte em diante desse texto tratamos da política de inclusão
escolar destinadas aos educandos com TEA. O Atendimento Educacional
Especializado (AEE) que por meio de um lócus de atendimento para a
consolidação das ações dessa política, se efetivam e materializam-se na Sala
de Recursos Multifuncionais (SRM),estabelecida pelo Programa de
implementação das mesmas via portaria n° 13 (BRASIL, 2007)desse modo são
classificados como os alunos incluídos, inclusão passou a ser sinônimo de
matrícula, já que a partir de 2008 aumentaram consideravelmente o número de
matrículas na rede pública de ensino do Brasil. Entretanto devemos considerar
que esses educandos necessitam manter-se incluídos na escola, sendo assim
as pontuações de políticas públicas não bastam e sim o envolvimento de toda
uma sociedade para uma efetiva materialização em sua cultura, já que
históricamente esses educandos eram mantidos pelo viés da exclusão que se
materializava por meio de políticas e das práticas educacionais de segregação
e integração.

3
No presente artigo utilizamos o termo “Público-Alvo da Educação Especial em referência ao Decreto n°
7.611, de 17 de novembro de 2011, o qual em seu artigo 1° define como PAEE “as pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altashabilidades ou superdotação” (Brasil,
2011, p. 1).
1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

A Associação Psiquiátrica Americana (APA), publicou em 2013, o


Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-5 (DSM-5), essa mais
nova edição representou importantes mudanças desde a sua primeira
publicação em 1953. Com foco na aplicação clínica, o DSM-I era básico, uma
lista de diagnósticos divididos em categorias e um glossário que explicava as
descrições clínicas dos transtornos do neurodesenvolvimento. Sendo assim, o
DSM-5 é o resultado de uma nova classificação que hoje entendesse por mais
segura e embasada em ciência, para ser utilizada em pesquisa e na prática
clínica. (ARAUJO; NETO, 2014, p. 69-70).Essa nova classificação dos
Transtornos do Neurodesenvolvimento alterou-se:
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento, que incluíam o
Autismo, transtorno Desintegrativo da Infância e as Síndromes
de Asperger e Rett foram absorvidos por um único diagnóstico,
Transtornos do Espectro Autista. A mudança refletiu a visão
científica de que aqueles transtornos são na verdade, uma
mesma condição com gradações em dois grupos de sintomas:
déficit na comunicação e interação social; padrão de
comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos.
Apesar da crítica de alguns clínicos que argumentam que
existem diferenças significativas entre os transtornos, a APA
entendeu que não há vantagens diagnósticas ou terapêuticas
na divisão e observa que a dificuldade em subclassificar o
transtorno poderia confundir o clínico dificultando um
diagnóstico apropriado (ARAUJO; NETO, 2014, p. 70).

O que podemos perceber por meio do DSM-5 de 2014 que uma nova
nomenclatura começaria ser utilizada a partir de então, o espectro. Assim o
autismo é considerado conforme a sua gravidade, analisada de maneira
específica e conforme a necessidade de apoio que o indivíduo necessitará, os
níveis de comprometimento (leve, moderado ou grave) é a nova compreensão,
a partir disso não existe o autismo, e sim os autismos.
O TEA passou a ser diagnosticado por meio de especificadores, assim a
individualização do diagnóstico é mais precisa. O transtorno de Asperger, por
exemplo, passa a ser considerado transtorno do espectro autista, porém esse,
sem comprometimento da fala ou intelectual. O TEA é considerado a partir da
carência em iniciar e manter interação social recíproca e comunicação social, e
por uma sucessão de padrões repetitivos, restritos e inflexíveis de interesse e
de comportamento, as crianças com TEA, se interessam por contato social,
mas não conseguem mantê-los. (DSM-V, 2014); (SILVA; GAIATO; REVELES,
2012).
O que podemos perceber diante do exposto que, o diagnóstico do TEA é
sobre eminente clínico, e para descartar outras hipóteses de diagnóstico são
realizados exames de laboratório e de imagem. (SCHWARTZMAN, 2011).
Essa classificação é feita na área da saúde, por médicos psiquiatras ou
neuropsiquiatras. O sintoma produz a classificação, isso dá origem a um
indivíduo fora da norma, e nos remete a história de exclusão nos processos de
segregação e integração do considerado hoje PAEE.
Entretanto esse manual recebeu diversas críticas pois desconsiderava
as “[...] narrativas dos pacientes, das histórias de vida, das causas sociais e
psicológicas específicas que podem ter provocado determinado sofrimento
psíquico ou determinado comportamento.” (CAPONI, 2014). Essa mesma
autora ainda afirma que o DSM-V restringe-se a enumerar uma lista de
sintomas, levando-nos a uma tendência de normalização a qual não é o
objetivo proposto pela inclusão.
Assunto qual, encaminharemos esse texto, relevante se faz o apoio de
outros profissionais entre os quais psicólogos e psicopedagogos, e também o
apoio dos pais ou responsáveis servindo como suporte para esses
profissionais, ao relatar o desenvolvimento do comportamento da criança.
Lembrando que esse diagnóstico não deve ser um rótulo e sim um
direcionamento de intervenção para uma melhor qualidade de vida dessa
pessoa.
O TEA não é uma doença, mas sim um transtorno que se manifesta na
infância e continua durante a vida adulta.Manifestando-se geralmente antes
dos três anos de idade caracterizado como um transtorno global do
desenvolvimento infantil que manifesta-se por toda a vida. Engloba um
conjunto de sinais, esses por sua vez afetam algumas áreas de socialização,
comunicação e comportamento, entretanto a mais comprometida é a interação
social. (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012).
É uma condição neurodivergente, de acordo com indícios científicos, o
Autismo tem como origem a combinação de vários genes, sendo assim impõe
uma forma de processamento neuronal em determinadas informações de
maneira usual. Como um neurodesenvolvimento atípico desencadeia um
prejuízo em três áreas: da comunicação com o uso de ecolalias por exemplo,
da interação social como em ser monotemático e interesses restritos e
movimentos repetitivos como a prática de rituais no dia a dia, e a frequência de
stims. (FERREIRA, 2018).

1.1 O ALUNO COM O TEA NA ESCOLA REGULAR

A Constituição da República Federativa de 1988 expressa a educação


como um direito social, assim como seu direito à saúde, à vida, à alimentação,
ao lazer, à cultura, ao respeito, entres outros expressos, sendo o seu artigo 227
uma referência ao explorarmos a respeito desse direito.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988).

O artigo 208 dessa Constituição de 1988, expressa outra observância


sobre o dever do Estado com a educação e assim no inciso (...) III atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino. (BRASIL, 1988).
Utilizamos esses princípios por serem referências máximas e que
orientam todas as outras ações desencadeadas a fim de esses direitos serem
efetivados. Ao se tratar da inclusão, diversos documentos legais expressam a
garantia desses direitos. Sendo um deles o da Educação Nacional promulgada
em 1996, a Lei n° 9.394 LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional). Por meio desse documento o sistema de ensino foi convocado a
atender às necessidades dos alunos, e reforçado por meio da Resolução
CNE/CEB n° 02 em 2001. O artigo 1° dessa Resolução instituiu as Diretrizes
Nacionais para a educação de alunos na Educação Básica que apresentem
necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades do
ensino (BRASIL, 2001).
Alunos com TEA necessitam ter acesso à escola regular,em
consonância com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva(BRASIL, 2008) e com as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001). Essa política de 2008
marca o fim da possibilidade de os alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e aqueles com altas habilidades ou superdotação
conforme a descrição da LDBEN 9.394/96 para o público-alvo da educação
especial, de serem matriculados em escolas especiais, a partir de então a
preferência é que ocupem a escola regular. Em 2016 as matrículas em escola
comum do ensino regular para o público alvo da educação especial alcançam
82%. (BRASIL, 2016).
O primeiro documento que trata do educandoespecificadamente com
TEA acontece em 2012, como a política nacional de proteção dos direitos das
pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)com a promulgação da
Lei nº 12.764 (BRASIL, 2012). Esse documento é uma orientação de direitos
relacionados á educação, á saúde e à profissionalização (mercado de
trabalho), sendo esse último salvo, entretanto, e de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990).
É a partir desse documento de 2012 que altera o inciso 3o do art. 98 da
Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que a pessoa com TEA é
considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais, marca um
importante legado nessa nova redação da Lei. Outro marco importante é o
direito à educação, ao menos o que diz respeito à matrícula, a partir de agora a
escola regular não poderá negar-se a matricular um educando com o TEA. E
assim essa Lei versa no artigo 7°:
O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a
matrícula de educando com transtorno do espectro autista, ou
qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 03
(três) a 20 (vinte) salários-mínimos. § 1º Em caso de
reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado
o contraditório e a ampla defesa, haverá a perda do cargo
(BRASIL, 2012).

Conforme o Decreto n° 7.611, de 2011 esse educando a partir de então


não poderá ser excluído do sistema educacional de ensino sob alegação de
deficiência, e sua permanência aparece garantida no artigo 3,onde versa que o
Atendimento Educacional Especializado necessita ser oferecido a fim de
assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas
e modalidades de ensino. (BRASIL, 2011), apoiando a política nacional de
proteção dos direitos da pessoa com TEA (BRASIL, 2012).
A LDBEN n° 9.394/1996 (BRASIL, 1996) versa a Educação Especial
direcionando aos alunos que serão atendidos em prerrogativa de Lei “para
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação” e que serão atendidos preferencialmente da rede
regular de ensino (BRASIL,1996). Podemos observar que as Leis fazem
sentido entre si e que esses direitos devem ser garantidos pelo Estado e pela
Instituição.
De acordo com a Lei nº 12.764 (BRASIL,2012), a pessoa com TEA
quando incluída na sala comum do ensino regular terá direito à um profissional
especializado mediante necessidade comprovada. Devemos considerar que a
mediação desse professor especializado precisa ser em articulação com os
contextos da escola, assim sendo, as atividades desenvolvidas e propostas em
sala de aula, como as atividades do Atendimento Educacional Especializado
(AEE) acontecidas nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) que se
materializam como o lócus do atendimento especializado e os demais espaços
da escola. O processo de inclusão na escola regular é norteado por alguns
aspectos, sendo que o Atendimento Educacional Especializado (AEE), a Sala
de Recursos Multifuncionais (SRM) e o Plano de Ensino Individualizado (PEI),
engendram três desses aspectos coadunados às discussões e orientações
atuais, são processos que auxiliam o processo de inclusão não deter-se
apenas na matrícula da pessoa PAEE.

1.2 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE)

O processo histórico da escolarização da pessoa com deficiência foi


caracterizado por exclusão. Uma exclusão que foi legitimada por meio de
políticas e das práticas educacionais que reproduzem a organização da
sociedade. Os processos de segregação e integração faziam uma seleção dos
educandos considerados aptos a participar do sistema regular de ensino e
assim a exclusão apresentava características comuns, o que naturalizou o
fracasso escolarmediante esses processos.
O AEE foi estabelecido no artigo 208, da Constituição Federal/1988,
inciso 3° e definido no §1º do artigo 2º, do Decreto que ordena sobre a
educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências, nº 7.611/2011, como um conjunto de atividades entre as quais
recursos que facilitem a acessibilidade e recursos pedagógicos, organizados
institucionalmente e prestados em conformação a complementar ou
suplementar à escolarização. (BRASIL, 2013). Destarte, a educação especial
organizou-se tradicionalmente como AEE. Substitutiva ao ensino regular
surgiram várias instituições especializadas, escolas especiais e classes
especiais.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) atende a pessoa com
deficiência, normalmente acontece na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM),
esse espaço possibilita o amplo alcance das ações destinadas ao público alvo
da Educação Especial, em específico os educandos com TEA. Esse espaço foi
instituído pelo Programa de Implementação da SRM por meio da Portaria n°
13, em 2007. A educação especial visa garantir o AEE ao orientar o professor à
utilização dos serviços e recursos disponíveis (BRASIL, 2008).
O artigo 5° da Resolução n°4 de 2009, aponta que, o AEE é
realizado“prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria
escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da
escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns,[...]”. (BRASIL, 2009).
A função básica do AEE é complementar ou suplementar a formação
integral do educando por meio de recursos de acessibilidade e algumas
estratégias que contribuam para eliminar as barreiras na aprendizagem e na
participação. A SRM atende no turno inverso da sala de aula comum que o
aluno frequenta.
O AEE deve ter um plano, esse de acordo com a Resolução n.º 4/2009
necessita que a sua elaboração e a sua execução devem ser feitas pelo
professor que atua na SRM ou em centros de AEE. Em consonância e
articulação com os demais professores da rede regular de ensino, da família e
outros profissionais como os de assistência social e da saúde. Este plano deve
ter como objetivo principal eliminar barreiras de aprendizagem, que dificultam
ou impedem a interação social e a comunicação. (BRASIL, 2013). Sendo
assim, o plano do AEE deve favorecer:
[...] a identificação das habilidades e necessidades
educacionais específicas; a definição e a organização das
estratégias, serviços e recursos pedagógicos e de
acessibilidade; o tipo de atendimento conforme as
necessidades de cada estudante; o cronograma do
atendimento e a carga horária, individual ou em pequenos
grupos. (BRASIL, 2013).

Nesse sentido, é preciso compreender que o AEE não configura-se


como um reforço escolar, e seu objetivo não é o de repetir os conteúdos
curriculares acontecidos em sala de aula. Auxiliar os processos de ensino e
aprendizagem deve ser seu objetivo principal, entretanto para esses objetivos
serem atingidos a articulação com o professor da sala de aula, da família e
outros profissionais da educação e da saúde necessários aos processos de
inclusão do educando com TEA precisa ser estabelecida.

1.3 PLANO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO (PEI)

A Resolução n.º 4/2009 em seu artigo 9° versa que para o PEI acontecer
diversos profissionais e a família tem de estar envolvidos na sua elaboração e
execução:
A elaboração e a execução do plano de AEE são de
competência dos professores que atuam na sala de recursos
multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os
demais professores do ensino regular, com a participação das
famílias e em interface com os demais serviços setoriais da
saúde, da assistência social, entre outros necessários ao
atendimento. (BRASIL, 2009)

E ainda deve haver interação entre os professores do AEE e da sala de


aula regular, enfatizando o papel da SRM na inclusão do aluno autista. Uma
das atribuições do professor do AEE, instituída legalmente pela Resolução n.º
4/2009 no artigo 13 deve:
Estabelecer articulação com os professores da sala de aula
comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos
pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que
promovem a participação dos alunos nas atividades regulares
(BRASIL, 2009).

A elaboração de um PEI é utilizada para adaptar um currículo, por ser


individualizado visa atender à necessidade específica do aluno. Está amparado
por Leis, entre as quais a LDBEN 9.394/1996.Um norte para a sua elaboração
tem de ser estabelecido, algumas perguntas precisam ser feitas como uma
avaliação diagnóstica a partir da qual com critério nessas informações adaptar
o conteúdo. Questões são consideradas básicas, mas nesses casos
importantes, e que acompanham a elaboração de um PEI. Entre as quais:
Quem é esse educando? O que ele sabe? O que precisa aprender? Quem vai
ensinar e como será ensinado? Quais os recursos que serão utilizados nesse
processo? Como será a avaliação deste ensino?
Profissionais da educação carecem por formação inicial e continuada, o
que possibilitará o desenvolvimento de conhecimentos para as práticas
educacionais, essa é uma das formas de auxiliar o desenvolvimento sócio
cognitivo de estudantes com TEA, visando entres outros aspectos a adoção de
parâmetros individualizados e flexíveis de avaliação pedagógica valorizando os
pequenos progressos de cada estudante em relação a si mesmo e ao grupo
em que está inserido, com a elaboração de um plano no AEE cujo objetivo é a
eliminação de barreiras que impeçam a interação social e a comunicação.
(BRASIL, 2013).
De acordo com Pletsch e Glat (2012), os PDEI’s “[...] poderão auxiliar no
planejamento de práticas pedagógicas que promovam o processo de ensino
aprendizagem desses alunos e seu consequente desenvolvimento”. Pelas
autoras o PEI é conceituado como Plano de Desenvolvimento Educacional
Individualizado (PDEI) e configura-se como mais uma estratégia a fim de
favorecer uma inclusão escolar.

1.4 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

A aquisição de conhecimentos teóricos-metodológicos na área da


Tecnologia Assistiva (TA), voltada à Comunicação Alternativa/Aumentativa
para as pessoas com TEA (BRASIL, 2013) é uma necessidade dos professores
que atuam neste contexto. É fundamental a realizaçãoda parceriado professor
regente e o professor da SRM, seu objetivo é favorecer a comunicação do
estudante e proporcionar um melhor acesso ao currículo regular, adequando o
material didático-pedagógico, utilizando estratégias e recursos tecnológicos.
Um exemplo de TA são as pranchas comunicativas, as quais são
disponíveis em softwares educativos, onde as figuras PEC’s (Picture Exchange
Communication System)são utilizadas. Consiste em um sistema de
comunicação por meio de troca de figuras. Tem como objetivo ajudar a criança
perceber que por meio da comunicação ela pode alcançar seus pedidos mais
rapidamente e que essa maneira pode ser eficaz em sua comunicação.
Outra estratégia visual e que contribui para o estabelecimento de uma
rotina, é a estrutura na perspectiva TEACCH (Treatment and Education
ofAutistic and Related Communication Handicapped Children) que concretiza
uma abordagem conhecida como o ensino estruturado, onde nessa estrutura
estão a organização do espaço físico, horário individualizado, sistema de
trabalho estruturado em atividades e apoio visual e estruturado nas tarefas.
Nessa abordagem, organizada em imagem, alunos com TEA processam as
informações visuais mais facilmente do que aquelas que são verbais.
Eficaz no trabalho com crianças com TEA, pois esta abordagem possui
uma metodologia que dá o resultado esperado em modificação de
comportamento. (ORRÚ, 2012).
Define de maneira operacional o comportamento que deve ser
explorado. Um sistema bem dinâmico que organiza o espaço físico, dando
ênfase ao ambiente social e de aprendizagem adaptando as atividades e
tarefas apropriadas no nível de desenvolvimento do educando com TEA.

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola comum de ensino regular por meio das políticas públicas que
democratizaram o acesso ao público alvo da educação especial é o alicerce
para o desenvolvimento integral das crianças autistas. Ao analisarmos os
processos históricos percebemos que a exclusão era efetivada por meio de
políticas públicas e por meio das práticas educacionais reprodutoras dos
modos de produção da sociedade. Tradicionalmente a educação especial
caracterizou-se pela exclusão da pessoa com deficiência o que efetivava-se
pelos processos de segregação e integração.
Esse acesso foi democratizado pela política de inclusão, e materializa-se
no Atendimento Educacional Especializado por via das Salas de Recursos
Multifuncionais, destarte há barreiras no contexto educativo. Desse modo
consideramos que há inúmeros desafios ainda há percorrer a respeito dessa
temática e assim nosso estudo apresenta inúmeros desafios principalmente no
que se refere ao contexto educacional da pessoa com TEA, que apesar de
tantos entraves, há relevância em considerar o progresso na vida desses
sujeitos por meio da escola.
Concluímos a respeito da necessidade da parceria que precisa
estabelecer-se entre o AEE, pois a educação especial se promove pelo
mesmo, professores da sala de aula regular, escola e a família. É nessa
parceria que os estudantes com TEA tem a possibilidade da construção de
aprendizagem como um todo, não apenas na vida acadêmica.É relevante levar
em consideração as necessidades educacionais especiais e específicas
desses alunos no sentido de complementar ou servindo de apoio ao ensino
comum, além de fornecer apoio as mais variadas situações do cotidiano
escolar e social como um todo.

3 REFERÊNCIAS
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ostranstornos mentais: o DSM-5. Rev. bras. ter. comport. cogn. São Paulo, v.
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