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PDE - O plano de

desestruturação da
educação superior


Produzido pelo Grupo de Trabalho Políticas Educacionais e
pela Assessoria de Comunicação do ANDES-SN - Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
SCS, Qd. 2, Bl.C, Edifício Cedro II, 5º andar
CEP 70.302-914 – Brasília-DF
Telefone: 61 3322 7561

Diretor responsável:
Evson Malaquias de Moraes Santos
Edição de texto, projeto gráfico e editoração eletrônica:
Elizângela Araújo (MTB 1494)
Ilustrações:
Ricardo Borges
Revisão:
Maria Margarida Pinto Coelho
Tiragem:
40 mil exemplares

A versão eletrônica para reprodução pode ser obtida em:


www.andes.org.br.


PDE - o plano de
desestruturação da
educação superior

Brasília
Outubro de 2007



Sumário

Apresentação............................................................................................. 7

Por que o PDE desestrutura a universidade pública................................. 9

REUNI maquia estatísticas........................................................................ 11

Expansão apenas “inchará” as universidades públicas.............................13

Aprovação em massa.................................................................................15

A Diretrizes Gerais do REUNI e as metas impossíveis..............................17

Ataque à autonomia universitária.............................................................. 20

Aumento das verbas é ilusório.................................................................. 21

Professor-equivalente: empobrecimento do ensino.................................. 23

IFET - centrais de instituições................................................................... 26

A comunidade se mobiliza e reafirma a defesa da


universidade pública e gratuita................................................................. 28

Para saber mais........................................................................................ 30



Apresentação

O Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE do


governo Lula é um conjunto de decretos, projetos de lei, re-
soluções e portarias que se refere à educação em geral, en-
tre os quais há dois decretos e duas portarias interministe-
riais que dão continuidade à reforma universitária e podem
trazer conseqüências negativas para a educação superior.

Apesar de trazer o conceito de desenvolvimento em


sua nomenclatura, o PDE simplesmente “desmonta” a uni-
versidade baseada na indissociabilidade entre ensino, pes-
quisa e extensão com os Decretos n° 6.096/07, que cria o
REUNI, e n° 6.095/07, que cria os
Institutos Federais de Educação, Ci- Apesar de trazer o
ência e Tecnologia - IFET, editados conceito de desen-
no final de abril de 2007. volvimento em
sua nomenclatura,
Além dos decretos, há as por- o PDE simples-
tarias interministeriais nº 22/07 e mente “desmonta”
nº 224/07, que criam e consolidam o a universidade ba-
banco de professores equivalentes. seada na indisso-
No discurso do governo, essas porta- ciabilidade entre
rias visam a facilitar a contratação ensino, pesquisa e
de professores pelas universidades extensão
federais. Na prática, levarão à subs-
tituição gradativa dos professores com dedicação exclusiva
por professores substitutos em regime de 20 ou 40 horas


semanais, ou mesmo por professores substitutos, o que in-
tensificará a precarização do trabalho docente e piorará a
qualidade do ensino.

Como o Sindicato Nacional dos Docentes das Insti-


tuições de Ensino Superior - ANDES-SN vem alertando em
suas análises, a reforma universitária do governo Lula tem
como objetivo principal ampliar o acesso à universidade
sem a correspondente ampliação dos investimentos feitos
pelo Estado.

O governo, em sua ânsia de maquiar as estatísticas


de acesso ao ensino universitário para criar a ilusão de que
efetivou avanços na área da educação, executa sua reforma
de maneira autoritária, por meio de decretos e portarias
sem discuti-la com a sociedade.

Apesar do discurso de respeito à autonomia univer-


sitária, os decretos pressionam os dirigentes universitários
a aderirem às suas regras com a promessa de aumento de
verbas. As drásticas alterações previstas pelos decretos e
portarias interministeriais, no entanto, nem sequer podem
ser discutidas satisfatoriamente pela comunidade universi-
tária devido aos prazos exíguos estipulados pelo MEC.

Assim, o objetivo desta publicação é chamar a aten-


ção da comunidade universitária e da sociedade para os
malefícios que o PDE trará para o ensino superior do país,
que são, basicamente, a precarização do trabalho docente
e a transformação paulatina de universidades em institui-
ções com um ensino cada vez mais superficial.


No atual estágio mundial
do capitalismo, a educação
é um espaço novo de valori-
zação do capital excedente
de outros setores. Em fun-
ção disso, são implemen-
Por que o PDE tadas ações que aceleram
desestrutura a privatização de setores
como a educação, como já
a universidade aconteceu com a saúde e
vem acontecendo com a
pública Previdência.

Sob o argumento de lência), entre outros motivos,


que as universidades funda- para atender aos interesses
mentadas no ensino, pesqui- do mercado por meio da Lei
sa e extensão demandam al- de Inovação Tecnológica.
tos investimentos, o governo Assim, o governo tem
quer mantê-las em pequeno atribuído à universidade
número (os centros de exce- brasileira um papel que não


lhe corresponde em outras sociedade do desemprego,
partes do mundo: instituição na qual as relações de traba-
destinada exclusivamente lho estão cada vez mais pre-
ao ensino, à profissionali- carizadas. Assim, o Plano de
zação rápida, em cursos de Reestruturação e Expansão
curta duração e, conseqüen- das Universidades Federais
temente, desprovida de am- -REUNI – Decreto 6.096/07,
biente de pesquisa verdadei- que é parte do PDE, promo-
ramente acadêmico. ve significativas alterações
no sistema educacional uni-
Tal instituição já versitário para operaciona-
existe largamente no se- lizar essa estratégia.
tor privado brasileiro: os
centros universitários. Em
outros países, quando exis-
tem, instituições desse tipo
não são consideradas uni-
versidades, e sim colleges
6
A Lei de Inovação Tec-
(instituições preparatórias nológica (Lei nº 10.973,
para a universidade, pare- de 02.12.2004) permite a
cidas com o ciclo básico que utilização do corpo docente
os proponentes do projeto e da estrutura física de uni-
Universidade Nova preten- versidades e outras institu-
dem instituir no Brasil). ições públicas de pesquisa
por empresas privadas, por
Utilizando como jus- meio de convênios, para
tificativa a inegável necessi- a “geração de produtos e
dade de democratizar o aces- processos inovadores”.
so ao ensino universitário, o
governo Lula propõe um en-
sino “pobre para os pobres”,
com ênfase na formação do
cidadão trabalhador para a

10
O REUNI segue uma lógica
produtivista mesquinha,
pois visa a gerar estatísti-
cas positivas compensando
a falta de investimentos
nas instituições de ensino
superior - IES com a pre-
carização do trabalho do-
REUNI maquia cente, tornando o ensino
universitário cada vez mais
estatísticas superficial.

O Decreto 6.096/07 Na urgência da con-


começou a ser delineado no solidação do novo modelo,
segundo semestre de 2006, o Presidente da República
a partir de uma forte cam- instituiu, por meio do Decre-
panha contra a universida- to n° 6.096 de 24 de abril de
de fundamentada na indis- 2007, o Programa de Apoio
sociabilidade entre ensino, a Planos de Reestruturação
pesquisa e extensão. e Expansão das Universida-
des Federais, cujo objetivo é
Essa campanha foi “criar condições para a am-
baseada na divulgação de da- pliação do acesso e perma-
dos estatísticos sobre a falta nência na educação superior,
de vagas nas universidades no nível de graduação”, uti-
públicas e as taxas relativa- lizando-se do “melhor apro-
mente altas de evasão no en- veitamento da estrutura fí-
sino superior, sem uma aná- sica e dos recursos humanos
lise qualitativa consistente. atualmente existentes” nes-

11
sas instituições. não será capaz nem mesmo
de melhorar as já precárias
O decreto, porém, condições em que se encon-
desconsidera o sucateamen- tram praticamente todas
to das universidades fede- as universidades públicas
rais e o déficit significativo brasileiras e, menos ainda,
de professores, que resulta acolher satisfatoriamente os
na superlotação das salas de novos estudantes. Sem o au-
aula. Além disso, em grande mento real dos investimen-
parte dessas instituições, as tos na educação superior, o
atividades de ensino e pes- governo não possibilitará
quisa não o acesso com garantia de
dispõem de permanência, uma das lu-
Com metas
apoio técnico tas históricas do Movimento
numéricas defini-
necessário. Docente.
das, mas sem os
recursos necessá-
Em que
rios, a proposta
pese o co-
do governo não
nhecimento
será capaz nem
dessa re-
mesmo de melho-
alidade, o
rar as já precá-
REUNI não
rias condições em
prevê o au-
que se encontram
mento dos
praticamente
investimen-
todas as univer-
tos corres-
sidades públicas
pondentes
brasileiras
ao número
das vagas
que pretende criar. Com
metas numéricas definidas,
mas sem os recursos neces-
sários, a proposta do governo

12
O REUNI adota duas metas
principais:

- aumento de quase 100%


do número de alunos por
A expansão professor na graduação,
atingindo a média de 18
apenas alunos por docente.
“inchará” as
- ampliação da taxa de con-
universidades clusão nos cursos de gradu-
ação para 90% em média.
públicas

Essas metas são e extensão – prevê atribui-


apresentadas em todos os ções adicionais ao docente.
documentos preliminares A maioria das instituições
ao decreto, por isso, são cha- mais antigas e com pós-gra-
madas pelos movimentos de duação mais consolidada,
docentes e de estudantes de situadas quase exclusiva-
metas pétreas. mente no eixo Sul-Sudeste,
apresenta relação próxima
Historicamente, a re- a essa. Entretanto, nos úl-
lação numérica é de até 10 timos anos, sob pressão do
alunos por professor na gra- déficit de professores, esse
duação, pois o tripé univer- número vem aumentando
sitário – ensino, pesquisa em quase todas as universi-

13
dades federais. sores atendem a estudantes
de pós-graduação – o que,
A atual relação estu- em princípio,
dante/professor no Brasil é não entra- Quanto
muito próxima às de outros ria no cálcu- maior a
países que têm organização lo –, fazem proporção de
acadêmica semelhante à p e s q u i s a s , alunos por
nossa, por exemplo, os países executam ta- professor,
nórdicos da Europa, a Ale- refas admi- mais pre-
manha e também o Japão. nistrativas e cário será o
supervisio- atendimento
A razão professsor/ nam ativida- aos alunos.
des de exten-
aluno e o número de são. Assim, quanto maior a
alunos por classes proporção de alunos por pro-
fessor, mais precário será o
A razão média de es- atendimento.
tudantes por professor nos
cursos de graduação não é a
mesma coisa que o número
de alunos por classes – três 6
vezes maior em função de Aumentar o número de
cada estudante cursar vá- alunos por professor para
rias disciplinas simultane- 18 é uma maneira irrespon-
amente e por haver vários sável de praticamente dobrar
cursos de tempo integral ou o número de ingressantes,
que necessitem de atividades por meio de uma sobrecarga
experimentais ou de atendi- atroz imposta aos docentes e
mento individualizado como de uma conseqüente diminu-
o de Medicina e outros nas ição da qualidade do ensino:
áreas de ciências e artes. não há como atender bem ao
estudante em classes de 60 a
Além disso, os profes- 80 alunos.

14
A outra meta do REUNI,
que é estabelecer a taxa de
conclusão média dos cursos
presenciais de graduação
em 90%, resulta numa am-
pliação adicional do total de
alunos matriculados, já que
as vagas dos desistentes ou
temporariamente afastados
Aprovação teriam que ser imediata-
mente ocupadas.
em massa

15
Além de aumentar quisas Educacionais Anísio
a taxa de conclusão média, Teixeira - Inep. Nos países
há a necessidade de garan- da Organização para a Coo-
tir que a taxa de reprovação peração e Desenvolvimento
média alcance valores muito Econômico - OCDE, a taxa
mais baixos do que os permi- média de conclusão é de
tidos pelas atuais condições 70%. Nos Estados Unidos,
de ensino no país. Bélgica, França e Suécia,
ela está abaixo dessa média,
Em geral, baixas ta- caindo, na Itália, para 42%.
xas de reprovação estão rela-
cionadas a um atendimento
mais individualizado do alu-
no pelo professor. Portanto,
o índice de conclusão de 90% 6
é incompatí- Números para inglês ver
O índice de vel com os 18
conclusão de alunos por pro- Junto com a ampliação do
90% é incom- fessor previs- ingresso, o aumento da taxa
patível com tos no REUNI. média de conclusão dos
os 18 alunos Se o governo cursos de graduação poderá
por professor insistir nessa resultar num aumento de
previstos no meta, institui- quase 200% nas matrículas.
REUNI rá a aprovação Sem o necessário aporte
automática nas de recursos, num passe
universidades públicas. de mágica malévola, serão
triplicados os estudantes das
Atualmente, a taxa universidades federais e os
de conclusão média nos cur- dados a serem fornecidos
sos das universidades fede- às estatísticas internacionais
rais é de 60%, segundo os terão uma melhoria forjada.
últimos dados do Instituto
Nacional de Estudos e Pes-

16
As Diretrizes Gerais do
REUNI, que detalham os
métodos de cálculo dos
indicadores númericos para
as metas pétreas, foram
definidas por uma comissão
composta por 13 professo-
As Diretrizes res universitários, sob a
responsabilidade do MEC.
Gerais do REUNI No final de julho de 2007, a
e as metas comissão lançou um do-
cumento preliminar e, em
impossíveis agosto, um documento final.

Embora não constem mostra que a comissão en-


de portaria ou instrumento vidou todos os esforços para
legal semelhante, o que, em negar que as metas são pre-
princípio, singnifica que po- judiciais à organização do
dem ser alterados a qualquer ensino superior e, na prá-
momento, esses métodos de tica, impossíveis de serem
cálculo foram oficializados atingidas. Isso deveria ser
pela Chamada Pública MEC/ evidente para qualquer um
SESU nº 08/2007 - REUNI, que tenha experiência nesse
que convoca as IFES a apre- nível de ensino.
sentar propostas destinadas
à execução do programa. A comissão não se
opôs à receita proposta pelo
Uma análise compa- governo brasileiro: deixar
rativa das duas versões das sobreviver apenas algu-
Diretrizes Gerais do REUNI mas poucas instituições

17
com características verda- valente” (Portarias Inter-
deiramente universitárias, ministeriais nº 22/07 e nº
enquanto outras se transfor- 224/07), a comissão tentou
mam em escolões, embora aumentar a razão de alu-
continuem a sustentar, por nos por professor - RAP e
enquanto, o pomposo título incluiu a atividade de pós-
de universidades. graduação no cálculo, di-
minuindo, por meio de um
Esses escolões com desconto, o número de pro-
ensino aligeirado, super- fessores a considerar. Esse
ficial, são destinados à desconto, no entanto, só se
população mais pobre sob mostrou significativo para
o disfarce de ampliação do cerca de 12 universidades
ensino superior. federais, todas praticamen-
te situadas nas regiões Sul e
Amparando-se no Sudeste. Por um erro de cál-
“banco de professores-equi- culo, a Universidade Fede-

18
ral de Pernambuco - UFPE, universidades federais, está
que era a única do Nordeste tão longe da meta pétrea es-
com bônus maior do que 5% tabelecida que se mostra im-
pela atividade da pós-gradu- possível de ser atingida sem
ção, perdeu esse “privilégio”. a reestruturação profunda
da vida acadêmica que o De-
Mesmo com todo o creto 6.096/07 impõe.
malabarismo utilizado nes-
ses rearranjos numéricos, o A comissão tentou
resultado foi pífio: a razão também chegar a um índice
aluno/professor de 13,2, en- mais próximo de 90% para a
contrada hoje na média das taxa média de conclusão de
cursos de graduação - TCG.
A regra que prevaleceu foi a
Consolidação da elitização de considerar o número to-
das universidades maiores tal de diplomados em cursos
Os critérios apresen- presenciais e dividi-lo pelo
tados consolidam a condição total de vagas de ingresso
de “elite” das universidades oferecidas cinco anos antes,
maiores, mais antigas e com por cada instituição, quan-
pós-graduação bem avaliada do boa parte dos cursos de
pela Capes, ou seja, as que graduação tem a duração de
já têm doutorados consolida- quatro anos.
dos e que podem continuar
sendo universidades na ver- Fica a impressão de que a
dadeira acepção do termo. comissão aposta na conta-
As demais universidades fe- gem da dupla diplomação,
derais - cerca de 80% - ficam apontada pela reestrutura-
condenadas à condição de ção das estruturas curricu-
escolões, já que o aumento lares, segundo a receita do
de estudantes de graduação projeto Universidade Nova
exigido só pode ser atingido por meio de cursos curtos
por meio de aulas gerais para em grandes áreas.
grandes turmas, dispensan-
do-se a pesquisa.
19
A imposição das metas
pétreas de forma indiscri-
minada a todas as univer-
sidades federais, antigas ou
Ataque à novas, consolidadas ou não,
autonomia destoa do discurso pró-au-
tonomia universitária do
universitária governo.

Segundo análises do REUNI, com anuência do


ANDES-SN, essa imposição seu conselho universitário,
ataca o preceito constitucio- estará submetendo a uni-
nal da autonomia universi- versidade, por cinco anos,
tária, pois numa situação a um controle tecnocrático
de coerção e, por vezes co- que obedecerá à lógica do
optação, os dirigentes uni- acompanhamento de metas
versitários são levados a se quantitativas, método que
comprometerem, a toque de caracteriza o funcionamen-
caixa, com um vasto progra- to de algumas empresas
ma de reestruturação para internacionalizadas, e que
o qual fornecem indicadores nem para essas representa
numéricos de acompanha- a melhor solução. Para ati-
mento do cumprimento das vidade tão complexa quanto
respectivas etapas, em seis a educação, o melhor méto-
dimensões absolutamente do é o da ação-reflexão-ação,
abrangentes. que avalia os resultados e
corrige o curso, sempre que
O reitor que aderir ao necessário.

20
O governo promete às uni-
versidades que aderirem ao
REUNI e cumprirem suas
metas um acréscimo de 20%
nos seus orçamentos. En-
tretanto, o Decreto 6.096/07
ressalva que o atendimento
aos planos é condicionado à
capacidade orçamentária e
operacional do MEC e terá
que estar dentro do orça-
mento anual do Ministério.
Conhecendo-se a incapaci-
dade histórica do MEC em
Aumento vencer a disputa por verbas
com o Ministério do Pla-
das verbas nejamento, isso vira uma
é ilusório promessa vã.

A maior parte É muito provável


do total das verbas prometi- que, no decorrer dos próxi-
das, em particular 67% das mos anos, até mesmo os 20%
verbas de custeio, teria que signifiquem apenas o cresci-
ser liberada em 2011 e 2012, mento natural das verbas,
ou seja, no próximo gover- em razão da inflação previs-
no, e não há garantia de que ta pelo próprio governo em
verbas adicionais sejam in- 4,5% ao ano e do possível au-
corporadas ao orçamento mento de arrecadação, sem
mesmo após o cumprimen- nenhuma verba adicional
to das metas estabelecidas real. Expansões ocorridas
pelo REUNI. em outros momentos, tam-

21
bém nas esferas estaduais, tática de dobrar as matrícu-
são exemplos marcantes da las sem aumento de verbas.

Ampliação real
requer mais
financiamento

Para promover
uma ampliação da
oferta do ensino uni-
versitário com quali-
dade, o governo teria
que aumentar o financia-
mento público para a edu-
cação, como um todo, até 10%
do PIB, conforme previsto no
Plano Nacional da Educação -
PNE da sociedade brasileira. Es-
tabilizada a oferta de vagas no patamar necessário
e respeitado o direito da população à educação de
qualidade socialmente referenciada, tal proporção
poderia ser reduzida gradualmente para 7% do PIB
e assim permanecer. Hoje, o Estado brasileiro in-
veste apenas 3,5% do PIB em educação.

22
O “banco de professores-
equivalente” (Portarias In-
Professor- terministeriais nº 22/07 e n°
equivalente: 224/07) traduz muito bem o
desmonte da indissociabili-
empobrecimento dade entre ensino, pesquisa
do ensino e extensão.

Sob a justificativa de os professores com dedica-


aumentar o número de pro- ção exclusiva (DE) por pro-
fessores sem aumento nos fessores em regimes de 40
gastos, esse instrumento horas ou 20 horas sem DE
substituirá gradativamente ou, mesmo, substitutos em

23
regime de 20 horas. ção de professores não neces-
sitará mais da autorização
A partir do dispos- do MEC ou do Ministério do
to nas portarias, é possível Planejamento, no entanto, é
transformar o cargo de um possível prever que, a longo
professor com dedicação prazo, a qualidade do ensino
exclusiva, que se ocupa do será totalmente rebaixada.
ensino, da
o governo vem pesquisa e
criando a ilusão da exten-
de que o objetivo
principal do “ban-
co de professores-
são, além de
prestar aten-
dimento per-
6
equivalente” é sonalizado Equivalência prevista na
desburocratizar Portaria Interministerial n°
ao aluno, em
224/07
a contratação de cargos para
professores três profes-
- 1 Professor Adjunto, nível
sores em re-
I, no regime de trabalho de
gime de 20 horas, que vão quarenta horas semanais = 1
trabalhar por menos de um professor-equivalente
terço do salário, cada um,
porém apenas com a obriga- - 1 docente efetivo no regime
ção restrita ao ensino. de 40 horas semanais com
dedicação exclusiva = 1,55
No entanto, na pro- professor-equivalente
paganda do PDE, o governo - 1 docente efetivo no regime
vem criando a ilusão de que de 20 horas semanais = 0,5
o objetivo principal do “ban- professor-equivalente
co de professores-equivalen-
te” é desburocratizar a con- - 1 docente substituto no regi-
tratação de professores. De me de 40 horas ou 20 horas =
1 professor-equivalente
fato, enquanto dentro dos
limites do banco, a contrata-

24
perigo da gradual precari-
Precarização do zação das funções docentes,
trabalho docente em contradição com as tare-
A Portaria Intermi- fas universitárias. É preciso
nisterial nº 224/07 corrigiu, lembrar que a própria legis-
em parte, a distorção veri- lação em vigor afirma que
ficada na Portaria Intermi- o regime de 40 horas sema-
nisterial nº 22/07 quanto nais sem dedicação exclusi-
aos professores substitutos, va deveria ser aplicado ape-
contratados no lugar de um nas em casos excepcionais.
professor com dedicação ex-
clusiva, mas não eliminou o Atualmente, 30% dos
cargos docentes na maio-
ria das universidades são
6 ocupados por professores
substitutos, o que é uma re-
O professor substituto alidade aviltante tanto para
não pode assumir cargos a instituição quanto para a
administrativos, desenvol- pessoa que exerce essa fun-
ver ou orientar pesquisas, ção, em geral com compe-
nem submeter ou coordenar tência e dedicação, embora
projetos. Essas tarefas estão receba salários reduzidos.
sendo acumuladas por um
número cada vez menor de
professores efetivos. Além
da precarização salarial, o
professor substituto ainda
deve assumir a responsabili-
dade pela sua aposentadoria
e não fará parte do quadro
de aposentados, “liberando”
gastos e responsabilidades
futuras do governo com a
Previdência Social.

25
Os Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tec-
nologia - IFET, criados
por meio do Decreto nº
6.095/07, também afetarão
a educação superior, pois
poderão ser responsáveis
IFET – pela formação dos professo-
res de matemática, física,
centrais de biologia e química, dentre
instituições outras disciplinas.

Ou seja, acabarão por tão preparadas para ofere-


esvaziar as faculdades de cer bons cursos de formação
educação e as licenciaturas de professores.
das universidades, promo-
vendo, muito provavelmen- Os IFET serão cons-
te, uma formação ainda tituídos a partir da integra-
mais tecnicista dos profes- ção dos centros de educação
sores dessas áreas do que tecnológica e das escolas
aquela que atualmente pro- técnicas e agrotécnicas fede-
duz traumas desnecessários rais de cada estado ou ma-
em muitos alunos, em espe- cro-região que se encontram
cial de matemática e física. espalhados por todo o país,
Como nos IFET não há cur- inclusive as ligadas a uni-
sos de bacharelado dessas versidades.
disciplinas e seus docentes
não têm formação pedagógi- Concebidas dessa for-
ca, tais instituições não es- ma, essas instituições são

26
condicionadas a tornarem-
se mais um espaço, mantido
com dinheiro público, a ser
manipulado pelo interesse
comercial privado para o
desenvolvimento de tecnolo-
gias a baixo custo e para a
formação de recursos huma-
nos, freqüentemente descar-
táveis a médio prazo, para
cobrir suas necessidades es-
pecíficas.

6
Na prática, os
IFET são mais uma for-
ma de substituição da
universidade produtora
de conhecimento crítico e
inovador, defendida pelo
ANDES-SN, por um modelo
de instituição que promove
uma formação incompleta, já
que descarta a possibilidade
de atuação nos vários ramos
do conhecimento e não visa
à constituição de verdadeiro
ambiente acadêmico.

27
A comunidade se mobiliza e
reafirma a defesa da
universidade pública e gratuita
A comunidade universitária, representada pelos sin-
dicatos e pelas organizações estudantis, vem acompanhan-
do, alerta, as tentativas do governo Lula, eleito em 2002 com
forte apoio da sociedade organizada, em justificar-se peran-
te a opinião pública em relação à sua promessa eleitoral
de, pelo menos, dobrar a oferta de ensino público superior.

Todas as propostas de ampliação encaminhadas pelo


governo até agora não abordam a questão central, que é a
falta de financiamento público adequado, e tentam resgatar
a promessa às custas do rebaixamento da qualidade da for-
mação profissional e do trabalho
Todas as propostas de acadêmico. Os decretos do PDE
ampliação encaminha- são mais essa linha de ação.
das pelo governo até
agora não abordam a Expandir a oferta do en-
questão central, que é a sino universitário para atender
falta de financiamento o direito social à educação é um
público adequado anseio antigo da sociedade e da
comunidade universitária, como
bem demonstra o processo de construção do Plano Nacio-
nal de Educação, elaborado em 1997 pelos movimentos or-
ganizados da sociedade brasileira, com o protagonismo do
ANDES-SN e de representantes do movimento estudantil,
dentre outros. Além do PNE, vários documentos que o suce-
deram também revelam o empenho das entidades na defesa
desse direito.

28
As mesmas forças sociais estão se reagrupando, com
destaque para a Frente de Luta contra a Reforma Universi-
tária, para enfrentar a opção adotada pelo
governo e proclamar para o conjunto da Sem o devido
sociedade que, sem o devido financiamen- financiamento,
to, expansão é sucateamento. expansão é
sucateamento
A universidade pública, por cuja
expansão com qualidade estudantes e professores vêm lu-
tando há muito tempo, não pertence aos seus dirigentes,
nem ao governo de plantão. Foi construída num tempo re-
lativamente curto, pelo esforço de toda a sociedade e pelos
que nela trabalham e estudam há gerações. São essas as
forças que não permitirão que patrimônio tão valioso seja
apropriado privadamente e desmontado no seu âmago.

Faça parte dessa luta por mais verbas e pela me-


lhoria da qualidade da educação pública, que é um direito
constitucional de todo o brasileiro.

29
Para saber mais

- Decreto 6.096/2007
- Decreto 6.095/2007
- Portaria Interministerial nº 22/2007
- Portaria Interministerial nº 224/2007
- Diretrizes gerais do REUNI
- As novas faces da Reforma Universitária do Governo
Lula e os impactos do PDE para a Educação Superior
– nota do ANDES-SN
- A Universidade Nova, o REUNI e a queda da qualidade
da universidade pública
- Chamada Pública MEC/SESU nº 08/2007 - REUNI

Esses documentos estão no Dossiê REUNI, na página


eletrônica do ANDES-SN: www.andes.org.br

30
31
SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES
DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

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