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ENSINO DE Historia: CONTEUDOS E CONCEITOS BASICOS HOLIEN GONGALVES BEZERRA A lei 9394/96, que estabelece as Diretrizes ¢ Bases da EducacZo Nacional, em seu artigo 22, aponta o caminho a perseguir na educa- 40 basica: “(...) desenvolver 0 educando, assegurar-lhe a formacao co- mum indispensdvel para o exercicio da cidadania ¢ fornecer-lhe meios para progredir no trabalho ¢ em estudos posteriores”. Assim, as dire- trizes, os principios pedagégicos, os valores a serem transmitidos, as competéncias € capacidades visualizadas, a selegio dos contetidos das diversas areas de conhecimento, os conceitos fundamentais, as estraté- gias de trabalho ¢ as propostas de intervengao do professor estdo todas pautadas por esse princfpio maior que vincula a educagao & pratica so- cial do aluno, ao mundo do trabalho, & formagao para a cidadania. A tOnica incide sobre o desenvolvimento da capacidade de aprender e de adquitir conhecimentos ¢ habilidades, ¢ sobre a formacao de valores. Portanto, os objetivos da escola basica, segundo essa lei, nfo se restrin- gem a assimilacao maior ou menor de contetidos prefixados, mas se comprometem a articular conhecimento, competéncias e valores, com a finalidade de capacitar os alunos a utilizarem-se das informagoes pa- ra a transformagio de sua prépria personalidade, assim como para atuar de maneira efetiva na transformagio da sociedade. ‘Tendo como referéncia essas observacées mais gerais, nos per- guntamos como vincular a elas os contetidos e os conceitos bésicos pa- 37 HISTORIA NA SALA DE AULA ra o ensino de Histéria. O que propor, em nossa 4rea, para favorecer aprendizagens essenciais que auxiliem os alunos em sua formagao de cidadaos auténomos, criticos, participativos, que possam atuar na so- ciedade com competéncia, dignidade ¢ responsabilidade. SELECAO E ORGANIZAGAO DOS CONTEUDOS E dever da escola, ¢ direito dos alunos do ensino fundamental e médio, oferecer ¢ trabalhar os conjuntos de conhecimentos que foram socialmente elaborados e que os estudiosos consideram necessdrios pa- ra o exercicio da cidadania. No entanto, as dificuldades acentuam-se quando se trata de explicitar o que esta sendo entendido como neces- sdrio, como aquilo que € comum a todos os alunos brasileitos. Jé é con- senso que a escola nao tem por finalidade apenas transmitir conheci- mentos. Passa a ser consenso também, entre os profissionais da Histéria, ainda que com menor intensidade, que os contetidos a serem trabalhados em qualquer dos niveis de ensino/pesquisa (basico, médio, superior, pés-graduado) nao ¢ todo o conhecimento socialmente acu- mulado e criticamente transmitido a respeito da trajetéria da humani- dade. Forcosamente, devem ser feitas escolhas e selegdes. Por outro la- do, em vista da diversidade dos enfoques tedrico-metodolégicos que foram sendo construfdos, especialmente nas viltimas décadas, nado é possivel pensar em uma metodologia tinica para a pesquisa ¢ para a ex- Posigao dos resuleados, nem mesmo para a pratica pedagégica do ensi- no de Histéria. Selecao de contetidos A necessaria selegao de contetidos faz parte de um conjunto for- mado pela preocupasio com o saber escolar, com as capacidades ¢ com as habilidades, ¢ n3o pode ser trabalhada independentemente. Os con- tetidos curriculares nao sao fim em si mesmos, como vem sendo cons- tantemente lembrado, “mas meios bésicos para constitui competén- 38 HOLIEN GONGALVES BEzERRA cias cognitivas ou sociais, priorizando-as sobre as informagées” (Dire- trizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, artigo quinto, 1). Séo considerados meios para a aquisicao de capacidades que auxiliem os alunos a produzir bens culturais, sociais ¢ econémicos e deles usufruir. Nesse sentido, os contetidos ocupam papel central no processo de en- sino-aprendizagem, ¢ sua selegao ¢ escolha devem estar em consonan- cia com as problemdticas sociais marcantes em cada momento histéri- co. Além disso, eles sao concebidos nao apenas como a organizagao dos fenémenos sociais historicamente situados, na exposigao de fatos e conceitos, mas abrangem também os procedimentos, os valores, as normias € as atitudes. Esse conjunto de especificidades cxplica a grande variedade de propostas curriculares, desde as mais cldssicas até as mais recentes ten- tativas de inovagdes, que despontam como promissoras possibilidades de caminhar para melhorias cada vez mais substantivas Diversidade na apresentagao dos contetidos © exemplo classico de organizagdo dos contetidos é 0 que se constityi a partir das temporalidades. Preponderante ainda na maioria das escdlas brasileira, 0 tempo, considerado em sua dimenso crono- Idgica, continua sendo a medida utilizada para explicar a trajetéria da humanidade. A periodizagado que se impés desde 0 século XIX — His- téria Antiga, Medieval, Moderna e Contemporainea — esté presente em grande parte dos livros didaticos; retrocede-se as origens, estabele- cendo-se trajetérias homogéneas do passado ao presente, ¢ a organiza- go dos acontecimentos é feita com base na perspectiva da evolugao. O que caracteriza a organizacao dos contetidos, nessa perspectiva, é a li- nearidade e a seqiiencialidade. Mais recentemente, encontra-se uma tentativa de superacao da seqiiencialidade ¢ linearidade em obras que tomam como fio condutor da exposi¢ao a chamada Histéria integrada, em que América e Brasil figuram juntamente com povos da Pré-Histé- ria, assim como a presenga da Histéria da Africa. 39 HISTORIA NA SALA DE AULA Hé propostas diferenciadas, em que os contetidos so organiza dos tendo como referéncias temas selecionados ou eixos tematicos, es- perando-se maior liberdade e criatividade dos professores. A organiza- go dos contetidos ¢ sua selegdo com base em uma concepgao ampliada de currfculo escolar foram assumidas de forma mais sistematizada e aprofundada nas propostas, 4 amplamente conhecidas, dos Parame- tros Curriculares Nacionais (PCNs). Nota-se, ainda, uma via intermedidria: mantém-se a op¢ao pela exposigao cronolégica dos eventos histéricos consagrados pela historio- grafia, mas agora intercalada ou informada por exercicios ¢ atividades, chamadas estratégias, por meio dos quais os alunos sao levados a perce- ber todos os meandros da construgo do conhecimento histérico, ins- tados a envolver-se nas problematicas comuns ao presente e ao passado estudado e encorajados a assumir atitudes que levam ao posicionamen- to como cidadaos. Aproximam-se, assim, as preocupagdes com a sé qiiencialidade dos contetidos e as finalidades da educagao na formacio de individuos conscientes ¢ criticos, com autonomia intelectual. Por fim, a organizagao dos contetidos, em muitos casos, é assu- mida de forma responsdvel pelos professores, tendo como referéncia suas experiéncias docentes ou as orientagdes dos érgios responsdveis pelas politicas educacionais dos estados e dos municipios. Cuidados especiais Seja qual for a proposta apresentada, hd cuidados especiais que merecem ser lembrados. O primeiro se refere ao envolvimento do alu- no com © objeto de estudo que esté sendo trabalhado. Na exposigio factual ¢ linear, que supée © aluno como receptaculo de ensinamentos, além dos textos expositivos e detalhados, estao presentes exercicios vol- tados especificamente para o teste de compreensao ¢ fixagao de conteti- dos. A preocupagao com o desenvolvimento de competéncias habili- dades nio faz parte dos horizontes dessas propostas pedagégicas. 40 HOLIEN Goncalves BEZERRA J& as propostas curriculares que concebem o curriculo e a edu- cagao dentro dos padrées mais atualizados constroem a trama exposi tiva procurando envolver o aluno por meio da problematizagao dos ce- mas, de sua abordagem, da relagio necesséria com 0 mundo cultural do aluno; as atividades constituem o cerne do trabalho pedagégico apresentado, pensado sempre do ponto de vista da construgéo de um conhecimento escolar significative. A preocupasao nao é com a quan- tidade dos contetidos a serem apresentados, ou com as lacunas de con- tetido de Histéria que ficariam por ser preenchidas, de acordo com a lista de assuntos que tradicionalmente fazem parte dos contetidos a se- rem transmitidos pela escola. O que esta em evidéncia é 0 modo de tra- balhar historicamente os temas/assuntos/objetos em pauta. CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DE HISTORIA NA ESCOLARIDADE BASICA Alguns conceitos fazem parte do arcabouco que foi se consti tuindo através dos tempos, pela prética dos historiadores. Construiu- se uma “légica da Histéria”, que pode ser concebida como um conjun- to de procedimentos € conceitos cm torno dos quais devem girar as preocupacées dos historiadores. Independentemente das mais variadas concepgées de mundo, posicionamentes ideoldgicos ou proposigées de ordem metodolégica, nao hd como nfo trabalhar com esses conceitos, ou pelo menos com uma parte importante deles. As propostas pedagé- gicas, sejam elas quais forem, tém um compromisso implicito com es- sas praticas historiogréficas ao produzirem © conhecimento histérico escolar com suas especificidades e particularidades. O que diferencia as diversas concepgées de Histéria ¢ a forma come esses conceitos € pro- cedimentos so entendidos e trabalhados. Importa tentar perceber quais s4o os conceitos que s4o impres- cindiveis para que os alunos saidos da escola basica tenham uma for- magao histérica que os auxilie em sua vivéncia como cidadaos. A titu- lo de sugesto ¢ como inicio de discusso, propde-se uma reflexto 4 HISTORIA NA SALA DE AULA sobre alguns conceitos considerados fundamentais ¢ sobre os desdobra- mentos contidos em sua abrangéncia. * Histéria O objetivo primeiro do conhecimento histérico ¢ a compreen- sdo dos processos ¢ dos sujeitos histéricos, o desvendamento das rela- g6es que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tem- pos © espacos. Os historiadores estéo arentos as diferentes ¢ muiltiplas possibilidades ¢ alternativas apresentadas nas sociedades, tanto nas de hoje quanto nas do passado, que emergiram da acao consciente ou in- consciente dos homens; procuram apontar para os desdobramentos que se impuseram com o desenrolar das agdes desses sujeitos. A aprendizagem de metodologias apropriadas para a construcéo do conhecimento histérico, seja no ambito da pesquisa cientifica seja no do saber histérico escolar, torna-se um mecanismo essencial para que o aluno possa apropriar-se de um olhar consciente para sua pré- pria sociedade e para si mesmo. Ciente de que o conhecimento é provi- sorio, o aluno teré condigées de exercitar nos procedimentos proprios da Histéria: problematizacao das questées propostas, delimitagio do objeto, exame do estado da questéo, busca de informacées, levanta- mento ¢ tratamento adequado das fontes, percepgao dos sujeitos histé- ricos envolvidos (individuos, grupos sociais), estratégias de verificacao ¢ comprovagao de hipéteses, organizacio dos dados coletados, refina- mento dos conceitos (historicidade), proposta de explicagéo para os fe- némenos estudados, elaboracao da exposigio, redagio de textos. Dada a complexidade do objeto de conhecimento, é imprescindivel que seja incentivada a prética inverdisciplinar. Faz parte da construgo do conhecimente histérico, no ambito dos procedimentos que Ihe sao préprios, a ampliagio do conceito de fontes hist6ricas, que podem ser trabalhadas pelos alunos: documentos oficiais, textos de época € atuais, mapas, ilustracées, gravuras, imagens 42 Hotien Goncatves BEZERRA de herdis de histérias em quadrinhos, pocmas, letras de muisica, litera- tura, manifestos, relatos de viajantes, panfletos, caricaturas, pinturas, fotos, radio, televiséo etc. O importante é que se alerte para a necessi- dade de que as fontes recebam um tratamento adequado, de acordo com sua natureza. E preciso deixar claro, porém, que nio é proposta do ensino bé- sico a formagao de pequenos historiadores. O que importa é que a or- ganizacao dos contetidos e a articulagéo das estratégias para trabalhar com eles leve em conta esses procedimentos para a produgao do conhe- cimento histérico. Com isso, evita-se passar para o educando a falsa sensagao de que os conhecimentos histéricos existem de forma acaba- da, ¢ assim sao transmitidos. Processo histérico Para além da descrigao factual e linear, a Histéria busca explicar tanto as uniformidades ¢ as regularidades das formaces sociais quan- to as rupturas e diferengas que se constituem no embate das agdes hu- manas. Na verdade, o passado humano nao ¢ uma agregagao de agdes separadas, mas um conjunto de comportamentos intimamente interli- gados, que tém uma razio de ser, ainda que na maioria das vezes im- perceptivel para nossos olhos. O processo histérico constitui-se dessas prdticas, ordenadas ¢ estruturadas de manciras racionais. Sao os proble- mas colocados constantemente na indeterminagao do social que fazem com que os homens se definam pelos caminhos possiveis e desenhem os acontecimentos que passam a ser registrados. Os registros ou as evi- déncias da luta dos agentes histéricos so o ponto de partida para en- tendermos os processos histéricos. Deve-se ressaltar, igualmente, que 0 conceito de processo histé- rico supe que sua enunciagio resulta de uma construgao cognitiva dos estudiosos. No entanto, embora os processos nao existiram exatamen- te como estao sendo descritos, cles tem uma sedimentagao na realidade 43 HISTORIA NA SALA DE AULA social, Pode-se dizer que o status ontoldgico do passado garante a com- preensibilidade do processo. A dimensao de elaboracao, de construgao cognitiva, nos leva a entender a possibilidade das diversas interpreta- gGes do passado histérico, dependentes de posicionamentos teéricos e iados. metodolégicos diferen Assim, a Histéria, concebida como processo, busca aprimorar 0 exercicio da problematizacao da vida social, como ponto de partida pa- ra a investigagao produtiva ¢ criativa, buscando identificar as rclagdes sociais de grupos locais, regionais, nacionais ¢ de outros povos; perce- ber as diferengas ¢ semelhangas, os conflitos/contradigées ¢ as solida- riedades, igualdades ¢ desigualdades existentes nas sociedades; compa- rar probleméticas atuais e de outros momentos, posicionar-se de forma critica no seu presente e buscar as relagdes possiveis com o passado. Nesse quadro conceitual de processo, se dimensiona a com- preensao do conceito de “fato histérico”, de “acontecimento”, que tém sua importincia como ponto referencial das relacées sociais, no coti- diano da Histéria; no entanto, 0 sentido pleno dos acontecimentos, em sua dimensao micro, se resolve quando remetido aos processos que thes emprestam as possibilidades explicativas. Enfim, o fato histérico toma sentido se considerado como constitutivo dos processos histéri- cos, ¢ nessa escala deve ser considerado. ‘Tempo (temporalidades histéricas) A dimensio da temporalidade € considerada uma das catego- rias centrais do conhecimento histérico. Nao se trata de insistir nas definigdes dos diversos significados de tempo, mas de levar o aluno a perceber as diversas temporalidades no decorrer da Historia e ter cla- ro sua importancia nas formas de organizagao social e seus conflitos. Sendo um produto cultural forjado pelas necessidades concretas das sociedades, historicamente situadas, o tempo representa um conjunto complexo de vivéncias humanas. Daf a necessidade de relativizar as di- 44 HOLIEN GoNncaLves BEZERRA ferentes concepgées de tempo e as periodizages propostas; de situar os acontecimentos histéricos nos seus respectivos tempos. O conceito de tempo supde também que se estabelegam relagdes entre continui- dade e ruptura, permanéncias e mudangas/transformagées, sucessao € simultaneidade, o antes-agora-depois. Leva-nos a estar atentos e fazer ver a importancia de se considerarem os diversificados ritmos do tem- po histérico quando o situamos na duracdo dos fendmenos sociais € naturais. E justamente a compreensio dos fendmenos sociais na dura- cdo temporal que permite 0 exercfcio explicativo das periodizagoes, que sio frutos de concepgées de mundo, de metodologias ¢ até mes- mo de ideologias diferenciadas. As consideragées sobre a riqueza ¢ complexidade do conceito de tempo sao imprescindiveis para que sejam evitados os anacronis- mos, no tao raros nas explicagées histéricas. O anacronismo consis- te em atribuir a determinadas sociedades do passado nossos préprios sentimentos ou razGes, ¢ assim interpretar suas ages; ou aplicar cri- térios ¢ conceitos que foram claborados para uma determinada épo- ca, em circunstancias especificas, para outras épocas com caracteris- ticas diferentes. Sujeito histérico Perceber a complexidade das relagées sociais presentes no coti- diano na organizagao social mais ampla implica indagar qual o lugar que 0 individuo ocupa na trama da Histéria e como sio construidas as identidades pessoais ¢ as sociais, em dimensao temporal. O sujeito histérico, que se configura na inter-relagdo complexa, duradoura e identidades sociais ¢ as pessoais, é 0 verdadeiro construtor da Histéria. Assim, ¢ necessdrio acentuar que a trama da Historia nao € 0 resultado apenas da agao de figuras de destaque, con- contraditéria entre as sagradas pelos interesses explicativos de grupos, mas sim a construcao consciente/inconsciente, paulatina ¢ imperceptivel de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos. 45 HISTORIA NA SALA DE AULA Conceber a Histéria como o resultado de sujeitos histéricos implica nao atribuir o desenrolar do prosesso como sendo aco da vontade de instituigées, como o estado, os pafses, a escola etc., ou re- sultante do jogo de categorias de andlise (ou conceitos), como siste- mas, capitalismo, socialismo etc. Perceber que a trama histérica nao se localiza nas ages individuais, mas no embate das relagdes sociais, no tempo. Cultura A ampliacao do conceito de cultura, fruto da aproximagio en- tre Histéria e Antropologia, enriquece o ambito das andlises, cami- nhando de forma positiva para a abertura do campo cientifico da His téria Cultural. As representacées sociais dio unidade a todas as cura nao é ape= nas © conjunto de manifestagées artisticas. Envolve as formas de orga- nizagao do trabalho, da casa, da familia, do cotidiano das pessoas, dos ritos, das religides, das festas etc. Assim, 0 estudo das identidades so- ciais, no ambito das representagSes culcurais, adquire significado ¢ im- portancia para a caracterizagao de grupos sociais ¢ de povos. manifestagdes da vida, quer individual, quer social. C Historicidade dos conceitos Os conceitos his éricos somente podem ser entendidos na sua historicidade. Isso quer dizer que os conceitos criados para explicar certas realidades histéricas tém seu significado voltado para essas rea- lidades, nao sendo posstvel empregé-los indistintamente para toda e qualquer situagao semelhante. Dessa forma, os conceitos, quando to- mados em sua acep¢4o mais ampla, nado podem ser utilizados como modelos, mas apenas como indicadores de expectativas analiticas. Ajudam-nos ¢ facilitam 0 trabalho a ser realizado no processo de co- nhecimento, na indagacao das fontes ¢ na compreensio de realidades histéricas especificas. 46 HOLIEN GoNGALVES BEZERRA Registre-se que é possivel distinguir os conceitos, na escala de sua compreensao, entre aqueles que sao mais abrangentes e os que se refe- rem a realidades mais especificamente determinadas. Quando 0 concei- to tem uma compreensao geral, que se aplica a realidades histérico-so- ciais semelhantes, pode receber a denominagao de “categoria”. Por exemplo, a categoria trabalho, homem, continente, revolugao ete. Nesse sentido, os conceitos ou categorias sao abertos, sdo vetores a es- pera de concretizagdes com base na elaboragao de conhecimentos espe- cificos, de acordo com os procedimentos préprios da disciplina Histé ria. No momento em que se atribui a essas categorias as determinagoes histéricas ¢ suas especificidades, como trabalho assalariado, trabalho servil, trabalho escravo, por exemplo, j4 estamos lidando com conceitos que, por sua vez, poderao receber ainda mais especificag6es, como tra- balho servil na Germania, na Franc6nia, e assim por diante; a revolugio socialista, a revolugao industrial etc. Nao hé uma “democracia” consi- derada em sua esséncia, mas democracias: na Grécia, no século XIX, a democracia liberal, a socialista, a atual brasileira etc... Seriam, entao, os conceitos propriamente ditos, considerados como representagées de um objeto ou fenédmeno histérico, por meio de suas caracteristicas. Para efeito dessa andlise, estamos empregando a denominacao “conceito” na acepgao mais ampla e abrangente. Cidadania © conjunto de -preocupagées que informam o conhecimento histérico € suas relagées com o ensino vivenciado na escola levam ao aprimoramento de atitudes e valores imprescindiveis para 0 exercicio pleno da cidadania, como exercicio do conhecimento auténomo e crf tico; valorizagéo de si mesmo como sujeito responsével da Histérias respeito as diferengas culvurais, étnicas, religiosas, politicas, evitando qualquer tipo de discriminagao; busca de solucées possiveis para os problemas detectades em sua comunidade, de forma individual e cole- tivas atuacio firme e consciente contra qualquer tipo de injustica 47 HISTORIA NA SALA DE AULA mentiras sociais; valorizago do patriménio sociocultural, préprio ¢ de outros poves, incentivando o respeito & diversidade; valorizagao dos di- reitos conquistados pela cidadania plena, af incluidos os corresponden- tes deveres, sejam dos individuos, dos grupos e dos povos, na busca da consolidagao da democracia. CONCLUSAO Ao desenvolver a discussdo sobre algumas das quest5es basicas que se colocam para o ensino de Histéria, optamos por sugerir uma sé- rie de consideragdes a respeito de dois blocos de questoe: dos e os conceitos. Com certeza, nao séo questdes consensuais entre historiadores ¢ professores de Histéri os contet- Nao foi intengao definir con- ceitos ou sugerir os contetidos que os alunos deverao dominar no transcorrer da escolaridade bisica. Mas, sim, a de constatar aquilo que est4 mais consolidado na drea, tanto em relagao A necessidade de se rea- lizarem selec6es de contetidos — 0 que jé € feito de forma concreta e diversificada na pratica da organizag&o escolar — quanto em relagdo as consideragées sobre os conceitos mais usuais na drea de Histéria. A partir dessas consideragées é posstvel iniciar um debate construtivo pa- ra corrigit, confirmar, ampliar e sugerir outras possibilidades. 48

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