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Falha do sistema
Sempre há uma probabilidade de que, ao fabricar um produto ou prestar um serviço, as
coisas possam sair erradas. Erros são inevitáveis e parte intrínseca da vida; nada é
perfeito. Aceitar que ocorrerão falhas não é, entretanto, a mesma coisa que ignorá-las.
Também não implica que a produção não possa ou não deva tentar minimizar falhas; e
ainda, nem todas as falhas são igualmente sérias. Algumas falhas são incidentais e podem
não ser percebidas. No final de um concerto, um violinista pode tocar uma J.10ta errada
e o efeito tem pouca probabilidade de ter grande impacto. Se ele ou ela está executando
um solo, entretanto, o erro pode estragar toda a execução. Um concerto, como todos os
sistemas, pode ser mais tolerante com relação a alguns tipos e alguns níveis de falhas do
que com relação a outros.
As organizações, portanto, precisam discriminar as diferentes falhas e prestar atenção
especial àquelas que são críticas por si só ou porque podem prejudicar o resto da produção
(veja quadro sobre a Hoechst). Para fazer isso precisamos entender por que alguma coisa
falha e ser capazes de medir o impacto da falha.
Falhas de projeto
O projeto global de uma produção pode ser a causa primeira de uma falha. Em sua etapa
de projeto, uma produção pode parecer perfeita no papel; somente quando deve lidar com
circunstâncias reais as inadequações tornam-se evidentes. Algumas falhas de projeto
ocorrem porque uma característica de demanda não foi bem observada ou foi mal
calculada. Uma linha de produção pode ter sido instalada em uma fábrica que na prática
não consegue lidar com as demandas que lhe são feitas. Alternativamente, o arranjo físico
do saguão de um teatro pode causar um fluxo de clientes confuso e
atrapalhado em momentos de pico. Nos dois exemplos, não houve demanda inesperada
sobre as operações; foram erros evidentes na tradução das necessidades da demanda em
um projeto adequado que causaram os problemas.
Falhas de instalações
Todas as instalações (isto é, máquinas, equipamentos, edifícios e acessórios) de uma
produção têm probabilidade de quebrar. A "avaria" pode ser somente parcial, por
exemplo, um carpete gasto ou manchado em um hotel ou uma máquina que somente está
conseguindo trabalhar com a metade de sua velocidade normal. Alternativamente,
também pode ser o que normalmente chamamos de "falha" uma interrupção total e
repentina na produção.
Falhas do pessoal
Falhas de pessoas são de dois tipos: erros e violações. "Erros" são enganos de julgamento;
a posteriori, percebe-se que alguém deveria ter feito algo diferente e o resultado é algum
desvio significativo da produção normal. Por exemplo, se o gerente de uma loja de artigos
esportivos falhar na antecipação de um aumento da demanda de bolas de futebol durante
a Copa do Mundo, a loja esgotará seu estoque e não atenderá seus clientes potenciais.
Falhas de fornecedores
Qualquer falha no prazo de entrega ou na qualidade de bens ou serviços fornecidos para
uma produção pode causar falha dentro da produção. A falha de uma banda ao deixar de
comparecer a um concerto causará o "fracasso" de todo o evento.
Falhas de clientes
Nem todas as falhas são causadas (diretamente) pela produção ou por seus fornecedores.
Os clientes podem usar mal os produtos e serviços que a produção produziu. Por exemplo,
uma máquina de lavar pode ter sido fabricada de forma eficiente e isenta de falhas e o
cliente que a compra pode sobrecarregá-la ou usá-la mal de alguma outra forma, o que a
leva a falhar. O cliente não tem "sempre razão". A falta de atenção dos clientes, a
incompetência ou a falta de bom senso podem ser a causa da falha.
Análise de falhas
Uma das atividades críticas para uma organização quando uma falha ocorre é entender
por que ocorreu. Esta atividade é chamada análise de falhas. Há diversas técnicas e
abordagens diferentes que são usadas para descobrir a causa primeira de falhas.
1. o que falhou?
2. qual a falha?
REFERÊNCIA
MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da Produção.
São Paulo : Saraiva, 5ª Ed., 2006.
Manutenção
Manutenção é o termo usado para abordar a forma pela qual as organizações tentam
evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas. É uma parte importante da maioria
das atividades de produção, especialmente aquelas cujas instalações físicas têm um papel
fundamental na produção de seus bens e serviços. Em operações como centrais elétricas,
hotéis, companhias aéreas e refinarias petroquímicas, as atividades de manutenção serão
responsáveis por uma parte significativa do tempo e da atenção da gerência de produção.
BENEFÍCIOS DA MANUTENÇÃO
Antes de examinar as diversas abordagens para a manutenção, é valioso considerar por
que a produção se preocupa em cuidar de suas instalações de forma sistemática.
Segurança melhorada. Instalações bem mantidas têm menor probabilidade de se
comportar de forma não previsível ou não padronizada, ou falhar totalmente,
todas podendo apresentar riscos para o pessoal.
Confiabilidade aumentada. Conduz a menos tempo perdido com conserto das
instalações, menos interrupções das atividades normais de produção, menos
variação da vazão de saída e níveis de serviço mais confiáveis.
Qualidade maior. Equipamentos mal mantidos têm maior probabilidade de
desempenhar abaixo do padrão e causar problemas de qualidade.
Custos de operação mais baixos. Muitos elementos de tecnologia de processo
funcionam mais eficientemente quando recebem manutenção regularmente:
veículos, por exemplo.
Tempo de vida mais longo. Cuidado regular, limpeza ou lubrificação podem
prolongar a vida efetiva das instalações, reduzindo os pequenos problemas na
operação, cujo efeito cumulativo causa desgaste ou deterioração.
Valor final mais alto. Instalações bem mantidas são geralmente mais fáceis de
vender no mercado de segunda mão.
Manutenção corretiva
Como o nome diz, esta abordagem significa deixar as instalações continuarem a operar
até que quebrem. O trabalho de manutenção é realizado somente após a falha ter
ocorrido. Por exemplo, as televisões, os equipamentos de banheiros e os telefones em
quartos de hotéis provavelmente somente serão consertados depois de terem quebrado. O
hotel manterá algumas peças de reposição e o pessoal disponível para fazer os consertos
quando necessário. As falhas nessas condições não são nem catastróficas (embora talvez
irritem o hóspede) nem tão frequentes para fazer verificações regulares do estado das
instalações.
Manutenção preventiva
A manutenção preventiva visa eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas por
manutenção (limpeza, lubrificação, substituição e verificação) das instalações em
intervalos pré-planejados. Por exemplo, os motores de um avião de passageiros são
verificados, limpos e calibrados de acordo com uma programação regular depois de
determinado número de horas de voo. Tirar o avião de suas obrigações regulares para
manutenção preventiva é claramente uma opção dispendiosa para qualquer empresa
aérea. As consequências de falhas em serviço, entretanto, são consideravelmente mais
sérias. O princípio também é aplicado a instalações com consequências menos
catastróficas das falhas. A limpeza e a lubrificação regulares das máquinas, mesmo a
pintura periódica de um edifício, podem ser consideradas manutenção preventiva.
Manutenção preditiva
Manutenção preditiva visa realizar manutenção somente quando as instalações
precisarem dela. Por exemplo, equipamentos de processamento contínuo, como os usados
para cobrir papel fotográfico, funcionam por longos períodos, de modo a conseguir a alta
utilização necessária para produção eficiente em custos. Parar a máquina para trocar,
digamos, um mancal, quando não é absolutamente necessário fazê-lo, retiraria esses
equipamentos de operação por longos períodos e reduziria sua utilização. Neste caso,
a manutenção preditiva pode incluir a monitoração contínua das vibrações, por
exemplo, ou algumas outras características da linha. Os resultados desta monitoração
seriam então a base para decidir se a linha deveria ser parada e os mancais substituídos.
Resumo
Problemas de falhas e erros são uma parte inevitável e intrínseca da vida da
produção. As coisas sempre estão saindo errado. Este é o porquê de os gerentes
de produção precisarem estar preocupados com as causas e efeitos de falhas, assim
como serem ativos nas tentativas de minimizar falhas. Nem todas as falhas são
igualmente sérias e a atenção é normalmente direcionada para aquelas que têm o
maior impacto sobre a produção ou seus clientes.
As falhas ocorrem em operações por diversas razões. Algumas são resultado
direto dos bens ou serviços fornecidos para a produção. Outras ocorrem
dentro da produção, seja porque há uma falha global em seu projeto, seja
porque uma ou mais de suas instalações físicas para de funcionar ou porque
há erro humano. Os clientes também podem causar falhas através do manuseio
incorreto dos bens e serviços.
Há três formas de medir as falhas. As taxas de falhas indicam a probabilidade de
frequência de uma falha ocorrer; a confiabilidade mede a probabilidade de uma
falha ocorrer; e disponibilidade é a quantidade de tempo de operação disponível e
útil para o funcionamento que sobra depois de descontadas as falhas.
A probabilidade de alguma coisa falhar durante o tempo pode ser descrita por uma
curva de probabilidades. A mais comum delas é a curva da "banheira", que tem
três etapas - a etapa de mortalidade infantil ou de início de vida, a etapa de vida
de operação normal e a etapa final de desgaste.
A detecção e análise de falhas compreende instalar mecanismos que detectam
quando ocorreu algum tipo de falha e então analisar a falha para tentar
compreender suas causas primeiras.
Depois de detectar e compreender uma falha, os gerentes de produção
precisam trabalhar para melhorar a confiabilidade da produção. Isto pode
ser feito tentando eliminar, no projeto, os pontos de falhas potenciais na
operação, introduzindo redundância na produção, tornando a produção à
prova de falhas, de forma a tornar óbvias as falhas e falhas potenciais. O
método mais comum para melhorar a confiabilidade da produção,
entretanto, é fazer a manutenção das instalações físicas de forma planejada
e sistemática.
Há três abordagens amplas para manutenção. A primeira é fazer funcionar
as instalações até que quebrem e então consertá-las (manutenção corretiva);
a segunda é manter regularmente as instalações, mesmo se não pararem, de
forma a prevenir a possibilidade de paradas futuras; a terceira é monitorar
minuciosamente as instalações para tentar predizer quando a parada pode
ocorrer e antecipá-la através dos reparos na instalação.
O conceito de manutenção produtiva total (MPT) é o mais avançado no
desenvolvimento de ideias de manutenção. É análogo à gestão da qualidade total
(GQT), à medida que propõe o deslocamento da responsabilidade da manutenção
e cuidados para toda a organização.
Paralelamente à prevenção de falhas, a gerência de produção deve planejar
o que vai fazer se ocorrer uma falha. Isto é importante, porque recuperar-se
de uma falha pode ter um efeito significativo na formação das percepções dos
clientes da organização. O planejamento da recuperação de falhas
proporciona um quadro sistemático, que pode ser usado para reagir a falhas
quando estas ocorrerem.
REFERÊNCIA
SLACK, Nigel. Administração de Produção. São Paulo: Atlas, 2002.