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Ementário Forense

(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador


Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Liberdade Provisória
(Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 1159

“Habeas Corpus” nº 328.880/8


Art. 155 do Cód. Penal; art. 594 do Cód. Proc. Penal

– No regime processual vigente, a regra geral é que o réu se defenda em


liberdade. Destarte, a menos conspirem motivos de excepcional gravidade,
que lhe justifiquem a custódia cautelar, tem o réu o direito de apelar em
liberdade, máxime se estava solto ao tempo da prolação da sentença
condenatória.
–“A prisão processual tem como pressuposto a necessidade. Assim, quando o
réu responde ao processo em liberdade, impor que recorra preso,
necessário se faz indicar, na decisão, o fato novo para evidenciar a
mudança de tratamento. Não pode ser, evidente, a simples condenação”
(STF; HC nº 3.356-8-PA; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 11.4.94;
v.u.).

Voto nº 1372

Apelação Criminal nº 1.140.745/1


Art. 10 da Lei nº 9.437/97
– Mais que a apelação — cabível das “decisões definitivas, ou com força de
definitivas” (art. 593, nº II, do Cód. Proc. Penal) —, é o recurso em
sentido estrito o que, por analogia com o inciso V do art. 581 do sobredito
estatuto, convém às hipóteses de indeferimento de revogação de liberdade
provisória; como o legislador previu essa espécie recursal para os casos de
concessão de liberdade provisória, não é muito que sirva também a
impugnar a decisão que a revogue ou deixe de fazê-lo.
– Tão sagrado é o direito à liberdade, que unicamente o fato excepcional e
da primeira urgência, previsto em lei, poderá sacrificá-lo.

Voto nº 1394

“Habeas Corpus” nº 340.438/9


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– A periculosidade do agente e a urgência de acautelar os direitos e interesses


da sociedade são os principais motivos que impedem a concessão de
liberdade provisória a autor de roubo, ainda que primário, trabalhador e
de vida imaculada. O que pratica esta espécie de crime representa sempre
grave ameaça à ordem social, pois já se mostrou capaz de violar-lhe os
preceitos fundamentais.

Voto nº 1361

“Habeas Corpus” nº 338.532/2


Art. 180 do Cód. Penal; art. 10 da Lei nº 9.437/97

– Isto de liberdade provisória, a lei faculta ao Juiz concedê-la ao preso


unicamente quando “verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a
inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva”
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– Primariedade e bons antecedentes não obstam à decretação de custódia
preventiva e nem têm força para fundamentar-lhe a revogação; tampouco
servem a justificar a concessão de liberdade provisória.
Voto nº 1428

“Habeas Corpus” nº 340.954/5


Art. 155 do Cód. Penal

– Visto constitui ônus processual do réu preso em flagrante aguardar, no


cárcere, a decisão final de mérito, não se lhe há relaxar a prisão, exceto se
nulo o respectivo auto.
– Não faz jus à liberdade provisória o réu cuja biografia penal mostra que
está a resvalar amiúde na ladeira da delinquência; nos crimes afiançáveis,
somente é possível deferi-la a quem a mereça (pois se trata de benefício),
mediante prova de primariedade, bons antecedentes, residência fixa e
ocupação lícita (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 1794

“Habeas Corpus” nº 352.794/3


Art. 180 do Cód. Penal; art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Não faz jus ao benefício da liberdade provisória o réu que responde a


processos por crimes dolosos. A reiteração criminosa diz em seu
descrédito, visto que passa por pedra-de-toque da periculosidade.
– Não configura constrangimento ilegal, antes argui discrição e raro aviso, o
despacho do Magistrado que indefere a réu liberdade provisória, enquanto
não comprovar, por certidões criminais atualizadas, que tem direito ao
benefício (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 2059

“Habeas Corpus” nº 359.234/1


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Em obséquio à pessoa humana, de quem a liberdade é atributo


fundamental, como o proclamam graves autores — “Sempre a liberdade...
Algo haverá mais importante do que ela? Tenho para mim que dela
depende a definição do homem” (Goffredo Telles Junior, A Folha
Dobrada, 1999, p. 321) —, há mister restringir ao máximo os casos de
encarceramento de réus antes de condenação definitiva. A regra geral é que
se defendam em liberdade.
– Não tem jus o réu, entretanto, ao benefício da liberdade provisória, se
presente alguma das “hipóteses que autorizam a prisão preventiva” (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 5838

“Habeas Corpus” nº 472.901-3/1-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os


requisitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de defender-se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
– A justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de roubo, não
está subestimando a necessidade da repressão da delinquência nem fazendo
tábua rasa do direito positivo, mas olhando ao intuito mesmo da lei, que
reserva o “carcer ad custodiam” para aquelas hipóteses em que, extrema
sua periculosidade e extraordinária a gravidade do delito que lhe é
imputado, deva o réu manter-se apartado do convívio social.
– Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Voto nº 5859

“Habeas Corpus” nº 472.386-3/0-00


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarce-
ramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os
desiguais, na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a.
ed., p. 25).

Voto nº 5941

Mandado de Segurança nº 464.059-3/4-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

–“As atribuições do Ministério Público, bem compreendidas, são as mais


belas que existem” (De Molénes; apud J. B. Cordeiro Guerra, A Arte de
Acusar, 1a. ed., p. 99).
–“Não podem ser ampliados os casos de efeito suspensivo de recurso em
sentido estrito” (apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 17a. ed., p. 414).
– Mesmo em se tratando de crime hediondo, têm nossas Cortes de Justiça
consagrado a orientação de que o réu faz jus à liberdade provisória, se
ausente hipótese que lhe autorize a decretação da prisão preventiva, a qual
deve assentar em razão sólida, justificada pela necessidade (art. 312 do
Cód. Proc. Penal).
– Somente a violação de direito líquido e certo, pedra angular do instituto,
admite a concessão de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const.
Fed.).

Voto nº 5973

Embargos de Declaração nº 470.444-3/2-01


Art. 121, “caput”, e § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 408, § 2º, e 619 do Cód. Proc. Penal

– Em princípio, o autor de crime hediondo — a cujo número pertence o


homicídio qualificado, ainda que na forma tentada — não faz jus ao
benefício da liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
– Os embargos de declaração não rendem ensejo a reapreciação de matéria
já decidida, pois não têm caráter infringente; armam só ao fim de desfazer
ambiguidade, contradição ou obscuridade do acórdão (art. 619 do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 5975

“Habeas Corpus” nº 474.677-3/2-00


Arts. 121, § 2º, ns. I, III e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal

– O decreto de prisão preventiva — “última forma coercitiva para casos


excepcionalíssimos”, na frase de Lucchini (cf. Rev. Tribs., vol. 130, p. 3)
— deve apresentar suficiente fundamentação, para que o Magistrado não
empreste sua força e autoridade a uma providência que, sobre iníqua, passa
por odiosa.
– Mas, ainda que não seja o arquétipo da decisão bem motivada, não há
averbar de carecente de fundamentação aquela que encerre base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de tentativa de
homicídio qualificado, crime de extrema gravidade, a necessidade e a
conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.
– Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é
o homicídio —, tem contra si a presunção de periculosidade.
– A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da
ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 5990

“Habeas Corpus” nº 474.693-3/5-00


Art. 121, § 2º, ns. I, IV e V, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

– Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve


encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu”
(cf. Código de Processo Penal Anotado, 17a. ed., p. 219).
– Todo o acusado de homicídio qualificado tem contra si a presunção de
periculosidade. É que, delito que repugna fortemente à consciência popular,
somente o pratica sujeito cuja personalidade se deformou no atrito com a
vida infamante de crimes. A sociedade mesma, portanto, como forma de
defesa legítima, é a que lhe exige a segregação até que preste contas inteiras
à Justiça.
– A decretação da prisão preventiva, por amor da ordem pública, não arma
ao efeito somente de prevenir a reiteração da prática de delitos, mas
também acautelar o organismo social e a própria credibilidade da Justiça,
agravados pela exacerbação da delinquência.
– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no
cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se
não satisfaz aos requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
– Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (mesmo em
sua forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade
provisória (art. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6023

“Habeas Corpus” nº 474.780-3/2-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, e § 3º, última parte, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594 do Cód. Penal

– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será ver-


dadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível
inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº
I, do Cód. Proc. Penal).
– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá
cedido à de sua culpabilidade.

Voto nº 6111

“Habeas Corpus” nº 478.408-3/5-00


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 499 do Cód. Proc. Penal

– A revogação da liberdade provisória por descumprimento das condições


impostas ao beneficiário não configura constrangimento ilegal, senão
medida legítima e justa. A quebra da palavra empenhada em Juízo obriga
à sanção do direito (no caso, a revogação do benefício); do contrário, seria
introduzir a malícia nos atos judiciais e escarnecer da majestade da lei.
–“Concedida a liberdade provisória mediante compromisso de comparecer a
todos os atos processuais, sob pena de revogação, o não-comparecimento e
a mudança de endereço sem comunicação ao juízo é motivo para
revogação do benefício” (Rev. Tribs., vol. 813, p. 575; rel. Passos de
Freitas).

Voto nº 6127

“Habeas Corpus” nº 478.995-3/2-00


Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Não tem o caráter de mera reiteração (e, por isso, pode ser conhecido)
pedido de “habeas corpus” que se baseia em fato novo ou argumentos
inéditos (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarce-
ramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável,
pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para
sua prisão preventiva” (TJSP; Rev. Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 17a. ed., p. 216).
– Mesmo em se tratando de crime hediondo, têm nossas Cortes de Justiça
consagrado a orientação de que o réu faz jus à liberdade provisória, se
ausente hipótese que lhe autorize a decretação da prisão preventiva, a qual
deve assentar em razão sólida, justificada pela necessidade (art. 312 do
Cód. Proc. Penal).

Voto nº 6160

“Habeas Corpus” nº 843.550-3/8-00


Art. 16 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que


se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado
responder preso ao processo.
– Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº
10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 6227

Recurso em Sentido Estrito nº 391.288-3/2-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requi-


sitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de defender-se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
– A Justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de tráfico de
entorpecentes, não está subestimando a necessidade da repressão da
delinquência nem fazendo tábua rasa do direito positivo, mas olhando ao
intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad custodiam” para aquelas
hipóteses em que, extrema sua periculosidade e extraordinária a gravidade
do delito que lhe é imputado, deva o réu manter-se apartado do convívio
social.
– Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Voto nº 6278

“Habeas Corpus” nº 840.884-3/0-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 393, nº I, e 594 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ

– É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o


pratica insigne desprezo para com o semelhante, demais de ousadia e
maldade. Aliás, liberdade provisória e roubo são termos que se implicam:
dignos dela são unicamente os que não apresentam o execrável labéu moral
da periculosidade, comum aos autores dessa espécie de crime.
–“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
– Entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso
ou conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 6422

“Habeas Corpus” nº 879.206-3/7-00


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal
arts. 312 e 313 do Cód. Proc. Penal

– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal
reapreciar a matéria do litígio senão mediante recurso ordinário.
– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não
se deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida,
Auxiliar Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
–“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os
desiguais, na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a.
ed., p. 25).
– A alta probabilidade de o réu vir a frustrar a ação da justiça e subtrair-se ao
rigor da Lei — visto que já estivera foragido por largo tempo — é razão
bastante para indeferir-lhe o benefício da liberdade provisória (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 6807

“Habeas Corpus” nº 923.591-3/7-00


Arts. 155, § 4º, ns. I, II e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

– De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é


defender-se o réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto
constitucional, entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da
ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o réu preso em
flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e
ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.
– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no
cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se
não satisfaz às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão
de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7803

“Habeas Corpus” nº 1.031.693-3/6-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que


se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado
responder preso ao processo.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarce-
ramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 7832

“Habeas Corpus” nº 1.037.668-3/6-00


Art. 121, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal

– Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons


antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o
homicídio —, tem contra si a presunção de periculosidade.
– A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da
ordem social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.
– É o homicídio o crime que mais repugna à consciência jurídica. Chamou-lhe
o profundo Nélson Hungria “o ponto culminante na orografia dos crimes”
e “a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade
civilizada” (Comentários ao Código Penal, 1981, vol. V, p. 25).

Voto nº 8000

“Habeas Corpus” nº 1.039.861-3/1-00


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310 e 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90

– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de


inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII),
subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os
requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
– Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve
encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu”
(cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o
acusado de homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
– Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (mesmo em
sua forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade
provisória (art. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
– Enquanto não demonstrada de forma cabal sua inocência, a liberdade do
réu arguido de homicídio qualificado representa inconveniente conspícuo
para os interesses da Justiça e da ordem social, à qual repugna sempre a
impunidade de autor de crime hediondo.

Voto nº 2062

Apelação Criminal nº 1.197.513/1


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– Tem peso formidável a palavra da vítima na aferição das circunstâncias do


roubo; ao cabo das contas, foi ela a que manteve contacto direto com o
malfeitor e padeceu-lhe os traumas da ação delituosa. É, por isso, a pessoa
mais capacitada a descrever os lances do crime e as características de seu
autor.
– O réu inocente já o declara na Polícia, não permanece aí calado, embora
direito seu. O silêncio foi havido sempre pelo refúgio natural dos que,
tocados da evidência da própria culpa, não podem defender-se, que lhes
falecem argumentos.

Voto nº 2364

“Habeas Corpus” nº 368.104/0


Arts. 157, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Embora seja o roubo dos crimes que mais afligem a sociedade e afrontam a
ordem jurídica, pode-se deferir a seu autor liberdade provisória, em
caráter excepcional, se ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Assim, tem
jus ao benefício o acusado de tentativa de roubo simples, primário, de bons
antecedentes, menor de 21 anos e residente no foro da culpa.
– Os cuidados com a saúde do preso devem antepor-se à preocupação de
punir do Estado.
– A concessão da liberdade provisória, nesses casos, não se entende por
complacência da Justiça com os que violam o Direito Positivo, senão
oportunidade singularíssima que lhes enseja de endireitar os passos para o
caminho do bem e da honra.

Voto nº 2700

“Habeas Corpus” nº 376.200/2


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal

– Ao Estado não cabe apenas o exercício do “jus puniendi”, senão também a


tutela da integridade física do indivíduo (art. 5º da Const. Fed.).
– Não há fraqueza na Justiça quando, mesmo em se tratando de réu que se
declara culpado, adianta-lhe algum benefício, mas rasgo de fé na emenda
do infrator cuja alma não se ache de todo empedernida pelo crime.
– O réu que, sem rebuços, confessa perante o Magistrado a prática de crime e
revela arrependimento é digno de recompensa, v.g.: liberdade provisória,
visto se pôs ao lado da Justiça, ainda que com dano para si mesmo.
Voto nº 2519

“Habeas Corpus” nº 370.618/7


Arts. 155, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Com a promulgação do novo pacto federal, o princípio da presunção de


inocência foi exaltado à condição de garantia fundamental do indivíduo
(art. 5º, nº LVII, da Constituição da República). Por amor desse dogma
constitucional, passou a direito do réu o defender-se em liberdade; mas,
benefício que é, pressupõe-lhe méritos.
– A liberdade provisória não é carta de indenidade para a prática de novos
crimes; assim, aquele que, fraudando a confiança da Justiça, torna a
delinquir, esse não tem jus a novo benefício, que isto não seria dispensar
justiça, mas incentivar o infrator a prosseguir na meta da delinquência, pela
certeza da impunidade.
– Não deve a Justiça, sob pena de desprestígio seu e grave dano da ordem
jurídica e social, deferir o benefício da liberdade provisória àquele que
recalcitra em percorrer a senda tortuosa do crime.

Voto nº 2551

“Habeas Corpus” nº 371.742/2


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Tratando-se de réu preso, deve a Justiça desvelar-se porque não se agrave o


rigor daquele que, perdida a liberdade, foi já profundamente ferido em sua
condição humana.
– Consoante retrilhada jurisprudência de todos os Tribunais do País, isto de
liberdade provisória é benefício especial, que apenas se concede a réu
primário, de bons antecedentes e que não tenha praticado crime cuja
gravidade lhe justifique a segregação social.
– Dispôs o legislador que liberdade provisória unicamente se deve deferir ao
réu preso, nos casos em que não concorram os motivos ensejadores da
custódia preventiva (cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). O
autor de roubo está compreendido na cláusula restritiva de concessão do
benefício, pela presunção de sua periculosidade.
Voto nº 2552

“Habeas Corpus” nº 372.462/1


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Por amor do princípio da não-culpabilidade, que entre nós tem foros de


dogma constitucional (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), a prisão antes da
sentença final condenatória é ato de violência inaudita contra o “status
libertatis” do indivíduo, que se não deve tolerar salvo em casos
gravíssimos, por garantia da ordem pública e no interesse da sociedade.
– Medida excepcional e drástica (pelo caráter de prisão sem pena), a custódia
processual somente deve ser decretada ao réu quando conspirarem os
requisitos da necessidade e da conveniência.
– Dispõe o art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal que o Juiz, quando
verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de hipótese que
autorize a prisão preventiva, pode conceder ao réu liberdade provisória.

Voto nº 3663

“Habeas Corpus” nº 403.652/9


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Todo aquele que for achado em crime, dispõe a lei que deve ser conduzido à
prisão e nela conservado, até se lhe forme a culpa, exceto se ausentes os
requisitos ensejadores da decretação da custódia preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– Não é de bom exemplo antepor o cidadão, sistematicamente, seus direitos
aos da coletividade, que lhe exige a segregação, como medida de legítima
defesa, enquanto não prestar estritas contas à Justiça no caso de ter violado
a ordem jurídica.
–“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 4121

“Habeas Corpus” nº 421.930/2


Arts. 157, § 2º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Consagrado pela Constituição da República (art. 5º, nº LVII) o princípio da


presunção de inocência, é a regra geral que o réu se defenda em liberdade.
Mas, para tanto, urge atender à letra e ao espírito do art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal, convém a saber: não seja caso de decretação da prisão
preventiva.
– Há repugnância lógica entre a prática de roubo e o benefício da liberdade
provisória: aquele que ousou cometê-lo, quer a sociedade fique segregado,
até que preste severas contas de seu ato à Justiça Criminal.

Voto nº 4345

“Habeas Corpus” nº 430.842/6


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Na forma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal, liberdade


provisória é benefício reservado unicamente àqueles casos em que não
concorra algum dos motivos que justificam a decretação da prisão
preventiva. Dele está excluído, portanto, de regra, o reincidente em crime
doloso, por sua presumida periculosidade.
–“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os
desiguais, na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a.
ed., p. 25).
– Em princípio, não tolera a Justiça que, em caso de réu preso, a instrução
criminal ultrapasse a meta de 81 dias, marco miliário que separa a
legalidade do arbítrio. É de advertir, entretanto, que somente o excesso
injustificado, decorrente de desídia do Juiz ou do Promotor de Justiça,
configura constrangimento ilegal sanável por “habeas corpus”.

Voto nº 4360

“Habeas Corpus” nº 430.888/8


Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal
– Não redunda em constrangimento ilegal despacho que denega liberdade
provisória a autor de furto qualificado, portador de péssimos antecedentes.
Ao benefício tem jus somente o réu primário, de vida exemplar e de
nenhuma ou escassa periculosidade.

Voto nº 9706

“Habeas Corpus” nº 1.160.581-3/1-00


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 499 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encar-
ceramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável,
pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para
sua prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto nº 4362

“Habeas Corpus” nº 429.654/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 594 do Cód. Proc. Penal

– Na esfera do “habeas corpus”, é possível discutir a legitimidade da


“persecutio criminis” para efeito de trancamento da ação penal, desde
que manifesta a ilegalidade do ato ou a falta de justa causa.
– É princípio altamente reputado que o réu que respondeu a processo em
liberdade assim deve aguardar seu julgamento definitivo, exceto se o
obstarem motivos supervenientes de grande vulto (art. 594 do Cód. Proc.
Penal).
– Não entra em dúvida que passa por um dos efeitos da sentença
condenatória ser o réu preso (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal). Mas, se
o Juiz da causa não decretou a prisão preventiva do réu, por julgá-la
desnecessária (senão ilegítima), nisto mesmo deu a conhecer que lhe
franqueara o direito ao recurso em liberdade.

Voto nº 5035

“Habeas Corpus” nº 451.856/1


Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o


empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e des-
qualificada” (apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed.,
p. 630).
– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os
requisitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de responder em liberdade a seu processo (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
– A Justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de crime de
receptação dolosa (art. 180, § 1º, do Cód. Penal), não está subestimando a
necessidade da repressão da delinquência nem fazendo tábua rasa do direito
positivo, mas olhando ao intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad
custodiam” para aquelas hipóteses em que, extrema sua periculosidade e
extraordinária a gravidade do delito que lhe é imputado, deve o réu manter-
se apartado do convívio social.

Voto nº 9537

“Habeas Corpus” nº 1.141.397-3/2-00


Arts. 213, 214, 224, alínea a e 226, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 384 e 648, nº II, do Cód. Proc. Penal;
art. 9º da Lei nº 8.072/90; art. 5º da Const. Fed.

– Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos


prazos que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81
dias o prazo legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o
marco miliário que estrema a legalidade do arbítrio.
– Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
– O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus
membros que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de
cumprir a lei e respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação
grave.
– Passa por iniquidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu
que, no caso de condenação, poderá ser recolhido no lugar que se reputa o
pior do mundo antes do cemitério: o cárcere, a que o portentoso Vieira
chamou, com igual elegância que verdade, “meia sepultura” (cf. Sermões,
1748, t. XV, p. 244).

Voto nº 9549

“Habeas Corpus” nº 1.137.311-3/7-00


Arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no


cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se
não satisfaz às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão
de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e des-
qualificada” (apud Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 690).
– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de
inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII),
subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os
requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
– Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve
encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu”
(cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
– De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é
defender-se o réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto
constitucional, entretanto, é a que o procura conciliar com a norma do art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal. Assim, por amor da segurança da
ordem jurídica e cautela dos direitos e interesses sociais, o réu preso em
flagrante só poderá defender-se em liberdade se afiançável seu crime e
ausentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva.

Voto nº 9560

“Habeas Corpus” nº 1.130.652-3/1-00


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 71 do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594 do Cód. Proc. Penal

– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá
cedido à de sua culpabilidade.
– Art. 594 do Cód. Proc. Penal: “Segundo entendimento pacífico do STF,
essa disposição é inaplicável a réu preso em razão de flagrante ou
preventiva, uma vez que ela visa apenas a abrandar o princípio da
necessidade de ele recolher-se à prisão para apelar (RHC nº 56.943, DJU
27.4.79, p. 3.459)” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto nº 9705

“Habeas Corpus” nº 1.160.226-3/2-00


Arts. 14, 16, parág. único, nº IV, e 21 da Lei nº 10.826/03;
Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que


se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado
responder preso ao processo.
– Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº
10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encar-
ceramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– Passa por iniquidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério,
tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 9727

“Habeas Corpus” nº 1.183.068-3/9-00


Art. 148, § 1º, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encar-
ceramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável,
pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para
sua prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto nº 10.682

Recurso em Sentido Estrito nº 993.08.040990-0


Arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os
requisitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de defender-se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
– A justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de tráfico de
entorpecentes, não está subestimando a necessidade da repressão da
delinquência nem fazendo tábua rasa do direito positivo, mas olhando ao
intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad custodiam” para aquelas
hipóteses em que, extrema sua periculosidade e extraordinária a gravidade
do delito que lhe é imputado, deva o réu manter-se apartado do convívio
social.
– Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes
razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a
decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim.
Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 11.779

“Habeas Corpus” nº 990.09.089309-5


Arts. 310, parág. único, e 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante
a ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma;
rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarce-
ramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Para a prisão preventiva não basta a inafiançabilidade do crime, nem a
presunção veemente da existência da criminalidade: é preciso, ainda, para
justificá-la, a sua necessidade indeclinável” (José de Alencar; apud João
Mendes de Almeida Jr., O Processo Criminal Brasileiro, 4a. ed., vol. I, p.
333).
–“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável,
pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para
sua prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 250).

Voto nº 11.753

“Habeas Corpus” nº 990.09.082517-0


Art. 121, § 2º, ns. I e V, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal

– Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, denunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e V, do Cód.
Penal, não comprova possuir mérito pessoal que lhe justifique a outorga do
benefício da liberdade provisória.
–“Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro,
ato IV, cena I, v. 27).

Voto nº 11.761

“Habeas Corpus” nº 990.09.072563-0


Art. 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 312, 313 e 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal

– O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em


princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
– Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. III e IV, do
Cód. Penal, não comprova possuir mérito pessoal que lhe justifique a
outorga do benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.836
Recurso em Sentido Estrito nº 990.09.036862-4
Art. 121, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que


se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado
responder preso ao processo.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarcera-
mento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes
razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a
decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim.
Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).
– Passa por iniquidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá até ser absolvido. Ao demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior
lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com
propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 11.986

Habeas Corpus nº 990.09.086270-0


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95

– O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus


membros que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de
cumprir a lei e respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação
grave.
–“A Justiça Criminal é sobretudo um ofício de consciência, onde importa
mais o valor da pessoa humana, a recuperação de uma vida, do que a
rigidez da lógica formal” (João Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o
Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 2).
–“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do
razoável e do humano” (Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999,
p. 162).

Voto nº 2848

“Habeas Corpus” nº 382.148/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 648, nº II, do Cód. Proc. Penal

– Não se mostra atendível a alegação de excesso de prazo na formação da


culpa de réu preso, se lhe deu causa a própria Defesa, com insistir na
inquirição de testemunhas; em tal caso, tornou-se o paciente coator de si
mesmo.
–“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
– Tratando-se de roubo, não é muito que o Magistrado indefira a seu autor o
benefício da liberdade provisória. A custódia cautelar, nesse caso, “é
força de reserva na defesa da ordem jurídica” (Nélson Hungria, Comen-
tários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 182).

Voto nº 2707

“Habeas Corpus” nº 376.114/9


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 302 do Cód. Proc. Penal

– No conceito de flagrante delito, segundo os mais dos doutores, também se


encerra e compreende aquele estado em que o agente, logo após o crime, é
reconhecido e apontado pela vítima, que o acusa energicamente como seu
autor. Bem o descreveu o insigne Hélio Tornaghi: “Já não há o fogo, mas
existe a fumaça; a chama se apagou, mas a brasa está quente” (Curso de
Processo Penal, 1980, vol. II, p. 34).
– Se em ordem o respectivo auto, não se relaxa a prisão em flagrante, salvo
caso de injustificável excesso de prazo na formação da culpa, ou se
ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva
(art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal), de que se exclui, por força, o
roubo, crime violento, que a sociedade repele e implacavelmente abomina.
Voto nº 2654

Recurso em Sentido Estrito nº 1.228.599/7


Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– De presente, por força do dogma constitucional da não-culpabilidade do


réu (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), que informa o processo penal, a
prisão cautelar (para que não seja expressão de arbítrio e insigne violência
ao estado de liberdade do indivíduo) somente se justifica em circunstâncias
excepcionais, determinadas por poderosas razões de ordem pública, ou
manifesta periculosidade do agente.
–“A prova da alegação incumbirá a quem a fizer” (art. 156 do Cód. Proc.
Penal).
– Passa por iniquidade remeter às profundezas do cárcere — a que o divino
Vieira chamara meia sepultura (Sermões, 1959, t. XV, p. 276) — sujeito
primário e sem registro criminal em sua biografia, entre réus já condenados,
e não raro por crimes gravíssimos.
– Muito de advertir são estas palavras do célebre Mirabeau: “O amon-
toamento de homens, como o de maçãs, gera a podridão” (apud Mário
Hoeppner Dutra, O Furto e o Roubo, 1955, p. 163).
– Não há “perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus,
enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos
Moços, 1a. ed., p. 42).

Voto nº 2759

“Habeas Corpus” nº 377.692/0


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Não faz jus ao benefício da liberdade provisória, por falta do requisito do


merecimento, o réu cujo nome, desde muito, figura no cadastro da clientela
da jurisdição criminal e revela incontida vocação para a prática de ilícitos
contra o patrimônio.
– A demora justificada no encerramento da instrução da causa não constitui
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus”. É desse número o
atraso na formação da culpa de réu preso não-apresentado a Juízo, embora
devidamente requisitado. Trata-se de caso de força maior, ou razão de
ordem superior, contra a qual nada pode o Juiz, ainda o mais diligente e
prevenido; donde o haver disposto o legislador que, no caso de força maior,
não correrão os prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
–“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 2881

“Habeas Corpus” nº 381.152/9


Arts. 171 e 282 do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº


LVII, da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a
prisão cautelar somente se legitima se determinada por inelutável
necessidade e conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se
funda na gravidade extrema do crime e na periculosidade do agente,
circunstâncias que o obrigam a segregar-se da comunhão social.
– Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem
direito a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes,
responde a processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 2911

“Habeas Corpus” nº 380.946/8


Art. 10,” caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Vigora, de presente, na ordem legal, o princípio de que o réu se defende em


liberdade, exceto se a gravidade do crime e as circunstâncias pessoais do
agente determinarem o contrário, isto é, seu afastamento da comunhão
social (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– Passa por prudente e zeloso o Magistrado que, para evitar graves danos à
personalidade do réu primário e de vida pregressa inculpável, preso em
flagrante delito de porte ilegal de arma de fogo (art. 10, “caput”, da Lei nº
9.437/97), defere-lhe o benefício da liberdade provisória.

Voto nº 3180

“Habeas Corpus” nº 389.776/0


Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os


requisitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de responder em liberdade a seu processo (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
– A Justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de crime de
receptação dolosa (art. 180, § 1º, do Cód. Penal), não está subestimando a
necessidade da repressão da delinquência nem fazendo tábua rasa do direito
positivo, mas olhando ao intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad
custodiam” para aquelas hipóteses em que, extrema sua periculosidade e
extraordinária a gravidade do delito que lhe é imputado, deve o réu manter-
se apartado do convívio social.

Voto nº 12.474

“Habeas Corpus” nº 990.09.197259-2


Art. 16 da Lei nº 10.826/03;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que


se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de
inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado
responder preso ao processo.
– Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 16 da Lei nº
10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarce-
ramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– “Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável,
pode o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para
sua prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes
razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a
decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim.
Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 12.451

Recurso em Sentido Estrito nº 990.08.042438-6


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os


requisitos que lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o
direito de defender-se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).
– Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
– Não há “perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus,
enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos
Moços, 1a. ed., p. 42).
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes
razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a
decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim.
Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).
– Sucessivas decisões contraditórias repugnam sempre à Justiça, porque
fator e causa de descrédito e insegurança jurídica.

Voto nº 12.531

“Habeas Corpus” nº 990.09.131649-0


Art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;
art. 93 do Cód. Proc. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Em caso de “habeas corpus” fundado na alegação de falta de justa causa,


forçoso é proceder ao exame da prova, único processo lógico de apreensão
da verdade. “O que a lei não permite e o que a doutrina desaconselha é a
reabertura de um contraditório de provas, no processo sumaríssimo de
habeas corpus” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 40, p. 271).
– Como a Justiça Criminal não é foro competente para dirimir conflitos que
entendam com o vasto campo do Direito das Obrigações, não entra em
dúvida que a instauração da persecução penal, nesses casos, constitui grave
exemplo de subversão de princípios capitais de nosso sistema jurídico.
– Toda a ameaça ao “status dignitatis” do indivíduo deve o Juiz, tão logo lhe
venha de molde a ocasião, atalhar com firmeza e vigor, em ordem a não
sancionar, com sua autoridade e prestígio, situação a um tempo ilegal e
injusta; não raro, iníqua.
–“O Estado só deve recorrer à pena quando a conservação da ordem jurídica
não se possa obter com outros meios de reação, isto é, com os meios
próprios do direito civil (ou de outro ramo do direito que não o penal). A
pena é um mal, não somente para o réu e sua família, senão também, sob o
ponto de vista econômico, para o próprio Estado” (Nélson Hungria,
Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VIII, p. 173).

Voto nº 98

“Habeas Corpus” nº 295.180/1


Art. 647 do Cód. Proc. Penal

– Se o processo tramitou, estando o réu em liberdade, o sinal é certíssimo de


que não havia motivos que lhe justificassem a custódia cautelar. Donde a
inferência lógica imediata: se tais motivos então não existiam, também ao
tempo da prolação da sentença não se lhes podia afirmar a existência, se
nenhum ato a autoridade coatora arguiu contra o réu, capaz de fazê-lo
decair de seu anterior “status libertatis”.
–“Em face da nova ordem constitucional, que preconiza o princípio da
inocência presumida, a prisão processual somente é cabível se suficien-
temente demonstrada a necessidade da custódia (art. 3l2 do Cód. Proc.
Penal)” (Boletim do Superior Tribunal de Justiça, nº 15, p. 52; rel. Min.
Vicente Leal).
Voto nº 129

“Habeas Corpus” nº 297.864/7


Art. 155,§ 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal

– Indivíduo que faz do crime profissão evidencia grave incompatibilidade


com as regras que disciplinam o convívio social. Mostra-se incapaz de
sujeitar-se a elas; considera-as com desdém e delas escarnece. Representa,
pois, para os cidadãos e seu patrimônio perpétua ameaça. A não ter sido
preso em flagrante, fora o caso de lhe decretar a custódia cautelar, por
amor da garantia da ordem pública e da boa aplicação da lei pena.
– Fosse episódio isolado de sua vida o crime que lhe imputa a denúncia, e a
Justiça decerto dele se amercearia. Mas, deferir-lhe liberdade provisória,
sem embargo de sua desedificante biografia penal, seria quebrantar os
alicerces da defesa social e premiar, em detrimento dos bons, aqueles que
timbram em maquinar-lhes ruínas e malefícios (art. 310 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 175

“Habeas Corpus” nº 299.396/3


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 648, nº II, do Cód. Proc. Penal

–“Bem que se não deve perder senão com o próprio sangue”, na expressão
eloquente de um de nossos maiores (cf. Bluteau, Vocabulário, 1726, vol. V,
p. 112), a liberdade sempre mereceu extremos desvelos aos que entendem
em matéria de ordem pública.
– O legislador processual penal buscou, a todo o poder que pôde, evitar-lhe o
sacrifício, ainda nos casos de prisão em flagrante. A custódia cautelar, para
que já não subsista, é bastante não estejam presentes os motivos que a
justificaram. Hoje, a regra geral é se defenda o réu em liberdade, mercê da
consagração, entre nós, do princípio da presnção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). De presente, constitui notável exceção, pois, isto de
ser alguém obrigado a aguardar preso a decisão de seu processo.
– Só em casos estritamente forçosos, quando periclitam a segurança pública e
a incolumidade do organismo social, deve privar-se o indivíduo do seu
“status libertatis”. A paciente está nesse número. Acusada de crime grave
(roubo), representaria sua liberdade provisória sério risco à incolumidade
dos cidadãos.
– Assim como nas hipóteses de legítima defesa prevalece a regra de Direito de
que todo o cidadão é autoridade (“omnis civis est miles”), de igual passo,
naquelas em que a própria sociedade é vítima da torrente de delitos graves,
caberá ao Juiz, guardião legítimo dos valores que ela lhe confiou, usar do
rigor adequado à prevenção do mal.

Voto nº 177

“Habeas Corpus” nº 298.998/1


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 323, nº I, do Cód. Proc. Penal

– É a fiança “direito do réu, não podendo ser negada quando preenchidos os


requisitos legais” (JTACrSP, vol. 53, p. 159).
–“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória” (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.).
–“Ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança” (art. 5º, nº LXVI, da Const. Fed.).

Voto nº 182

“Habeas Corpus” nº 298.644/9


Art. 366 do Cód. Proc. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

–“O art. 366 do Cód. Proc. Penal, com a redação dada pela Lei nº 9.271/96,
somente alcança as infrações penais cometidas a partir da vigência desta,
não sendo admissível para os casos transitórios” (TJSP; HC nº 213.023/3;
rel. Gonçalves Nogueira; 13.8.96; v.u.).
–“Não faz jus à mercê do recurso em liberdade quem no crime demonstrou
desvio de comportamento moral, revelando torpeza, perversão, malvadez,
cupidez ou insensibilidade, circunstâncias denunciadoras de periculo-
sidade” (Rev. Tribs., vol. 524, p. 331).
–“A exigência de prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência” (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 194

“Habeas Corpus” nº 300.220/2


Art. 648, nº II, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ

– Embora decorrido tempo superior àquele que a jurisprudência dos Tribunais


tem estimado pelo máximo razoável para o término da instrução criminal de
réu preso, todavia, no particular de que se trata, não está caracterizado o
constrangimento por excesso de prazo.
– É que, ferindo o ponto, proclamou o Pretório Excelso que “o simples
excesso de prazo não justifica a concessão de habeas corpus. Os prazos
têm por fim evitar a procrastinação do processo. Não são, porém, prazos
de decadência” (Rev. Tribs., vol. 414, p. 80).
–“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constran-
gimento por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
– No que tange à liberdade provisória, a pretensão do paciente chofra as
diretrizes que a Justiça estatuiu para a garantia da ordem social e eficaz
prevenção da criminalidade violenta. A prática de roubo, com efeito, argui
no agente franco menoscabo das regras que disciplinam a vida em
sociedade, sobre denunciar-lhe acentuada carga de desajuste ético. Deferir
liberdade a infratores de tão perigoso estofo não seria só quebrantar os
grilhões que os mantêm a prudente distância dos bons, porque era também
encorajá-los a fazer do crime profissão, a péssima das resoluções do homem
livre.

Voto nº 196

“Habeas Corpus” nº 299.808/7


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal
– O paciente, ainda que se admita primário e de bons antecedentes, não tem
jus à liberdade provisória, que lho não permite a espécie delituosa por que
responde: roubo qualificado. De feito, crime é este que denota em quem o
pratica desmarcado pendor para o malefício, desvio ético e soberbo desdém
pela disciplina social. Sua presença entre os membros da sociedade ordeira
figura-lhes permanente ameaça à incolumidade e ao patrimônio.
– Até que não se lhes apure e proclame a cabal inocência, é direito da
sociedade exigir a segregação daqueles que violaram audaciosamente as
regras de seu convívio. É à Justiça Criminal que toca entender não
somente na repressão dos crimes, senão ainda em sua prevenção. E uma das
mais eficientes maneiras de refrear a criminalidade e acautelar o organismo
social contra os perigosos delinquentes é negar-lhes o “status libertatis”,
que não souberam merecer.
– Salvo naqueles casos de cunho excepcionalíssimo, em que, à vista de razões
mui poderosas e justificadas, o prudente arbítrio do Juiz disponha de forma
diversa, não há deferir liberdade provisória a autor de roubo (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 787

“Habeas Corpus” nº 316.200/0


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Medida de força, em sacrifício da liberdade natural do indivíduo ainda não


condenado, a prisão sem pena somente se justifica em casos de absoluta
necessidade.
– A liberdade do réu, antes de seu julgamento definitivo, é, no regime
processual em vigor, a regra geral (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal). Tal benefício, mais que uma faculdade do Juiz, é direito subjetivo
processual do acusado (cf. Rev. Trim. Jurisp., vol. 77, p. 145).

Voto nº 811

Apelação Criminal nº 1.076.035/1


Art. 180 do Cód. Penal
– Nisto de receptação, é das circunstâncias e indícios do fato delituoso que se
infere o dolo. De operar alguém no comércio de coisas furtadas decorre,
necessariamente, a certeza de que lhes conhecia a origem ilícita.
–“É um exemplo da presunção de homem que aquele que mente em uma
cousa se presume mentir em tudo” (Trigo de Loureiro, Teoria e Prática do
Processo, 1850, p. 127).
– Desde Beccaria, que lhes chamou “horríveis mansões do desespero e da
fome” (Dos Delitos e das Penas, § VI) e, antes dele, o egrégio Vieira, para
quem o cárcere era “meia sepultura” (Sermões, 1959, t. XV, p. 276), há um
consenso em derredor do termo prisão: é o pior lugar do mundo, antes do
cemitério!

(Em breve, novas ementas).

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