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Estoril, Parte 1:
Após ouvir inúmeras histórias de frequentadores assíduos do Estoril, sobre
como ele era um lugar de encontro de boêmios, poetas, músicos e intelectuais da
época, nos despertou o interesse de estudarmos sobre o assunto, pois como um lugar
que costumava ser de suma importância para a cidade de Fortaleza tornou-se uma
simples edificação difícil de se manter de pé?
A casa da família Porto foi a primeira casa de maior relevo construída na orla
marítima de Fortaleza (MARCIANO LOPES), estava locada em uma área distante que
não possuía nenhuma construção nas suas imediações, na Praia do Peixe.
A Praia do Peixe também não tinha esse nome à toa, era um lugar onde
diversos pescadores trabalhavam para conseguir seu ganha-pão diário da época.
Com o surgimento da Vila Morena, a área se tornou, aos poucos, cada vez mais
habitada. Em cerca de 10 anos, o nome mudou de Praia do Peixe para a Praia de
Iracema. A iniciativa de mudar o nome do bairro surgiu da jornalista cearense Adília
Albuquerque através de um concurso na revista Ceará Ilustrado (1925).
As críticas eram muito intensas. Diversas pessoas quando as viam pelas ruas,
comentavam “filho, não olhe! Ela é uma coca-cola!” tratando-as com desprezo e certo
preconceito.
Uma outra grande crítica que partia dos intelectuais, era o que ocorria dentro
da Vila Morena Cassino, de acordo com o texto Viveu de Como Na Mão, de Ciro
Morales: “(...) No clube dos americanos ainda se via um restinho de farra, com cochilos
pelas cadeiras, ao som baixo da radiola que rodava “La Conga” ou um bolero de Pedro
Vargas, nunca um samba, nunca uma marcha, apenas aqui e ali, raramente, um fox-
trot ou um blues”. Eles questionavam pelo fato de que não houve uma valorização do
local que eles estavam utilizando nem a cultura do país que estavam instalados.
Porém, também houveram coisas boas com a vinda dos americanos para cá, pois o
governo americano financiou a vinda de peças da Broadway e artistas famosos da
época, como Heddy Lamar, Nelson Eddy e Jeannette Macdonald, são grandes
cantores de operetas cinematográficas, e isso chamava a atenção de diversas
pessoas de Fortaleza. Porém, seus encontros em público eram no Estoril, e ninguém
de Fortaleza se sentia à vontade, não por causa dos soldados americanos, mas pela
presença das “coca-colas”, pois sentiam-se traídos por trocaram suas morais e cultura
de Fortaleza pela “sacanagem” e proveito dos americanos.
No livro de Luciano Maia, relata que, pós a saída dos americanos, José Nelson
Gonçalves comprou o Estoril entre 1950 e 1951, tendo também em serviço o Zé
Pequeno, o Raimundinho (Bebê) e o Citônio. Em 2 anos, o empreendimento ficou com
um dono que o manteve por pelo menos 40 anos, Zé Pequeno, pago através do Banco
Frota Gentil, localizado na atual Rua Floriano Peixoto, no centro de Fortaleza. Esta
história também é relatada por Totonho Laprovitera.
“não fui frequentador do Estoril, mas conheci muitos que ali estavam sempre
presentes, como o radialista João Ramos, Antônio Girão Barroso, Milton Dias,
José Auriz Barreira, Virgílio Maia, Christiano Câmara, Rodger Rogério,
Aleardo Freitas, Carlos Paiva, Rogaciano Leite Filho, Guilherme Neto,
Francisco Soares, Caio Cid, Otávio Santiago, Luciano Maia, Roberto Aurélio,
Lustosa da Costa, Milton Alves, Vilamar Damasceno, Augusto Pontes,
Hildeberto Torres, Airton Monte, Aicides Pintos, Claudio Pereira, César
Barreto, Calé Alencar Zé Limeira, entre outros”. Nirez, p. 34
Trechos como o escrito acima são difíceis de achar apenas por livros e textos.
Muitas das coisas que aconteciam eram histórias que não são repassadas via texto,
nem gravação de qualquer tipo. As histórias, romances, músicas e momentos vividos
no Estoril se encontram muito mais com os autores, com os frequentadores,
armazenados em suas memórias, nas quais o papel invejaria muito possuir esse tipo
de conhecimento. Porém, apenas os relatos mais formais e simples, como nomes de
pessoas que passaram por lá são mais encontrados.
“(...) o Estoril era principalmente visitado por gente que lá ia (...) para
um longo sarau: pandeiros, violões, cavacos e bandolins. Por esse tempo a
turma jovem não havia descoberto o lugar. Os donos da noite do Estoril eram
cobras criadas, músicos e poetas maduros.” (MAIA, 1995).
Nas visitas dos autores para o Bairro Praia de Iracema, a Rua Das Tabajaras
se encontrava totalmente, com diversas pichações e sem sinais de reforma alguma
durante o período.
De acordo com Machado, Isolda; A praia de Iracema recebeu uma proposta de
requalificação nos anos de 1990, para uma reforma turística e não uma reforma
cultural. Uma reforma que, nessa diferença, mudou o uso do espaço de como
realmente veio a ficar a Praia de Iracema. Uma citação dela “ Aos poucos, a Praia de
Iracema foi se transformando em um espaço diferente do espaço original. As antigas
construções foram dando lugar às boates, restaurantes e pontos comerciais. Hoje, o
local é conhecido por ter vida noturna intensa e pela ocupação de turistas; apresenta
poluição sonora, visual e ambiental, e a segurança deixa muito a desejar.”
As condições da Praia de Iracema são muito altas para manter o bairro ativo,
mas, ainda assim, muitas pessoas deixaram a Praia de Iracema, incluindo o Estoril,
como ponto de encontro. Porém, ambos ainda são pontos fortes em festas como o
Ano Novo e o Carnaval. Pelo site da Prefeitura, muitos eventos foram divulgados na
Praia de Iracema, próximo ao Estoril. Além disso, o Estoril se torna um lugar de
encontro durante as festas de carnaval.