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2014
PORTUGUÊS
Teoria
Nome:
Realização:
PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
GRAMÁTICA
Apresentação
GRAMÁTICA E TEXTO
Introdução
Nesta apostila, vamos falar de algo fundamental para o vestibular e para a nossa vida:
o português. Vamos abordar dois aspectos da língua: a gramática e o texto.
Sobre a gramática, pretendemos falar das principais questões que envolvem seus
compartimentos. São quatro as partes da gramática (mas não falaremos diretamente da
primeira): a fonética e a fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica. Além disso, falaremos
de algumas regras gerais que sempre criam dúvidas na hora de usar a norma padrão:
ortografia, pontuação, dúvidas mais frequentes...
Sobre o texto, a ideia que temos é de revisar alguns pontos que certamente vão ajudar
você a lê-los e interpretá-los de forma mais eficiente. Selecionamos alguns tópicos como
intertextualidade, coerência, coesão e estratégias de leitura.
Leia a apostila não como um compêndio de regras que precisam ser decoradas.
Esforçamo-nos aqui para deixar a gramática da forma mais leve possível e sempre relacionada
ao texto. Avante!
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Morfologia
Introdução
Morfemas
Antes de falarmos dos diferentes processos pelos quais as palavras podem ser
formadas, precisamos fazer um breve aparte e discutir os morfemas, ou seja, as unidades que
as formam. Basicamente, as palavras são formadas por:
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Olhe a palavra “cantávamos”. Temos um radical (“cant-“), uma vogal de ligação (“-á-”),
uma desinência de modo e tempo (“-va-”) e uma desinência de número e pessoa (“-mos”).
Agora a palavra “infelizmente”. Temos um radical (“feliz”), um prefixo (“in-”) e um sufixo (“-
mente”). Tranqüilo, não?
Processos
Agora, sim! Vamos descobrir como são formadas as palavras? Existem vários
processos por meio dos quais uma palavra pode ter sido formada. Alguns deles podem se
dividir em dois grupos maiores e principais, que são:
6. Neologismo: palavra nova ou palavra usada com um novo sentido, que surgem a
partir dos processos de formação de palavras da nossa língua. São muito interessantes os
casos de neologismo, porque eles mostram como nossa língua não é estática, está sempre em
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mudança. Na literatura, Guimarães Rosa é um dos grandes autores que produziram diversos
neologismos. Quem não se lembra de “mensalão”? É um neologismo formado por derivação
sufixal (“mensal” e o sufixo “-ão”).
Classes de Palavras
Agora, um tema visto muito conhecido: as classes de palavras. São dez classes de
palavras. Vamos começar pelo mais básico: o SUBSTANTIVO. Os substantivos são palavras
que nomeiam seres. E, para aprendê-los, uma tabela classificatória:
Primitivos Derivados
Simples Compostos
formados por uma única palavra formados por mais de uma palavra
Próprios Comuns
Concretos Abstratos
Coletivos
DEFINIDOS INDEFINIDOS
O, a Um, uma
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-R -NDO -ADO/-IDO
Pessoal Impessoal
seguem modelo não seguem alterações têm conjugação têm várias formas
de conjugação modelo de profundas no incompleta de conjugação
conjugação radical
O verbo pode sofrer 4 tipos de flexão: pessoa (1ª, 2ª e 3ª), número (singular e plural),
modo (indicativo, que exprime um fato certo, subjuntivo, que exprime um fato incerto, e
imperativo, que exprime ordem ou pedido) e tempo (basicamente pretérito, presente e futuro).
Algo muito importante de que não podemos nunca nos esquecer acerca dos advérbios
é o fato de que eles são invariáveis, ou seja, não sofrem flexão.
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Coordenativas Subordinativas
Por fim, temos a INTERJEIÇÕES. São palavras que exprimem emoções, sensações,
estado de espírito ou apelo como: cuidado, ai, nossa, parabéns, tchau, que pena, e muitas
outras.
Saber as características das palavras e saber identificá-las é importante. Conhecer um
pouco sobre suas funções num texto também é. Escolher o melhor substantivo e adjetivo para
um texto permite que aquilo que você deseja passar ao leitor não tenha mal-entendidos. Falar
“menino”, “garotinho” ou “moleque” tem sentidos diferentes, concorda? A mesma coisa em dizer
“bonito”, “belo”, “maravilhoso”.
O uso dos artigos define e especifica de quem se fala. Experimente falar perto de sua
namorada “Essa é a Júlia, uma namorada que eu tenho” e veja o que acontece...
Os numerais conferem credibilidade ao seu argumento. Além disso, são expressão de
frieza. Dizer que 67% dos brasileiros usa o Facebook é mais forte do que dizer que muitos
deles o utilizam.
Pronomes evitam que haja muita repetição em seus textos. Utilizá-los com equilíbrio
funcionam muito bem.
Sintaxe
Introdução
O que é sintaxe?
Vamos lá. Agora que você terminou o estudo da morfologia, começamos o estudo da
sintaxe do português brasileiro. Mas o que é a tal da sintaxe? Sintaxe é o conjunto de regras
finitas que estabelece as relações entre as palavras numa sentença. É a sintaxe que permite
que um falante de português diga, por exemplo:
I) Ontem fui à festa com João.
Ou:
II) Com João, fui à festa ontem.
É ela também que não permite que se fale:
III) * Festa à João com ontem fui (o asterisco em frente à sentença indica que ela não é
possível em nossa língua).
Você vai perceber que falaremos aqui da nomenclatura clássica dos termos de uma
sentença. Contudo, uma ressalva: o mais importante é que você entenda como os recursos
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Sujeito e predicado
A primeira divisão básica de uma sentença é entre sujeito e predicado. O segundo é
formado pelo verbo, mais eventuais complementos. Calma, nós vamos falar mais sobre eles
daqui a pouco.
A ordem clássica desses termos é sujeito + verbo + complementos. No entanto, às
vezes eles podem trocar de lugar.
O verbo sempre concorda com o núcleo (palavra mais importante) do sujeito. E preste
atenção: nunca se separa, com vírgula, o sujeito do predicado.
Aqui trazemos a definição clássica de sujeito e predicado, para que você relembre:
sujeito é o termo sobre o qual recai uma afirmação do predicado; predicado é o termo que
afirma algo sobre o sujeito.
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Obs. Não é sempre que existe um verbo na 3ª pessoa do plural que existe sujeito
indeterminado. Às vezes, podemos identificá-lo pelo contexto.
A partícula “se” com um verbo transitivo indireto (calma de novo! Veja logo adiante!)
também indetermina o sujeito, como em V.
5. Inexistente – Não existe sujeito. Neste caso, a sentença só possui predicado.
Ocorre quando falamos de fenômenos da natureza e com o verbo “haver” na 3ª pessoa do
singular.
VI) Trovejou a noite toda.
VII) Havia uma pista crucial para o caso nesta sala.
2. O complemento que responde a uma pergunta do tipo “de que, de quem, de qual, a
que, a quem, à qual, em que, em quem” é chamado Objeto Indireto (OI). O verbo ao qual se
associa um OI é um Verbo Transitivo Indireto (VTI).
I) O presidente quer medidas rápidas e eficientes.
Quer – VTD
Medidas rápidas e eficientes – OD
II) O presidente precisa de medidas rápidas e eficientes.
Precisa – VTI
De medidas rápidas e eficientes – OI
Há verbos que não precisam de objetos. São os Verbos Intransitivos (VI).
III) O presidente morreu.
Por outro lado, há verbos que precisam dos dois objetos. São os Verbos Transitivos
Diretos e Indiretos (VTDI).
IV) O presidente enviou donativos aos refugiados do Oriente Médio.
Enviou – VTDI
Donativos – OD
Aos refugiados do Oriente Médio – OI
Observe que podemos adicionar mais informações à sentença:
V) Ontem, o presidente enviou rapidamente donativos aos refugiados do Oriente
Médio.
3. As perguntas que esses termos respondem são do tipo “enviou quando?”, “enviou
como?”. São os Adjuntos Adverbiais (AAdv). Exprimem circunstâncias de realização do
verbo.
No caso, temos:
Ontem – AAdv de tempo
Rapidamente – AAdv de modo
Finalmente, o Agente da Voz Passiva. Para tanto, precisamos observar o que é Voz
Passiva.
VI) Os bombeiros apagaram o incêndio do prédio.
Esta sentença está na Voz Ativa. “Os bombeiros” é o sujeito agente (aquele que faz a
ação) da sentença.
Os bombeiros – Sujeito Determinado Simples (Agente)
Apagaram – VTD
O incêndio do prédio – OD
Poderíamos reescrever transformando OD em sujeito.
VII) O incêndio do prédio foi apagado pelos bombeiros.
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Esta sentença está na Voz Passiva. “O incêndio” é o sujeito paciente (aquele que
recebe a ação) da sentença.
O incêndio – Sujeito Determinado Simples (Paciente)
Foi apagado – VTD
Pelos bombeiros – Agente da Voz Passiva
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3. O termo que se associa ao nome e que caracteriza um alvo, algo ao qual o nome se
destina, é um Complemento Nominal (CN).
Obs. Todos os artigos que acompanham os nomes também são AAdn, pois
caracterizam intrinsecamente o nome.
Façamos uma análise sintática completa de uma sentença:
IX) O juiz considerou o réu inocente culpado.
O juiz – Sujeito Determinado Simples
Considerou o réu inocente culpado – Predicado
O – AAdn de juiz
Juiz – Núcleo do sujeito
Considerou – VTD
O réu inocente – OD
Inocente – AAdn de réu
Culpado – PO de réu
Por fim, veja a sentença:
X) O Amazonas, maior rio do mundo, contém uma rica biodiversidade.
“Maior rio do mundo” explica “Amazonas”.
Vocativo
O Vocativo é um termo que não se liga a nenhum outro da sentença. Traz um
chamamento (“vocare”, por sinal, vem do latim e significa “chamar”), algo que chama a atenção
do interlocutor (aquele com quem se fala).
I) Mãe, posso ir à casa do Márcio?
“Mãe”, na sentença I, é um vocativo.
Veja que a forma como você se dirige ao interlocutor, ou seja, como usa o vocativo,
pode indicar a maneira como você enxerga esse interlocutor, ou mesmo apresentar uma forma
de argumentação.
II) Mamãezinha querida, posso ir à casa do Márcio?
Em II, a probabilidade de a mãe deixar o emissor (aquele que fala) ir à casa de Márcio
é maior.
Partícula “se”
A partícula “se”, por conta de suas inúmeras funções, causa algumas confusões que
merecem uma atenção especial. Vamos falar aqui de cinco usos do “se”. Coragem! Os três
primeiros são absolutamente tranquilos.
I) João se lavou.
1. Esta sentença poderia ser reescrita como “João lavou João”, ou “João lavou a si
mesmo”. Neste caso, “se” é um Pronome Reflexivo.
II) Eles se chutaram.
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2. Esta sentença poderia ser reescrita como “Eles chutaram uns aos outros”. Neste
caso, “se” é um Pronome Recíproco.
III) Se você não fizer a tarefa, vai ficar de castigo.
3. “Se” estabelece uma condição. Portanto, é uma Conjunção Condicional
Os dois últimos casos criam um pouco mais de confusão, mas também são tranquilos.
Vamos a eles.
IV) Vende-se esta casa.
Dizemos que esta frase está na Voz Passiva Sintética. Observe o raciocínio:
V) Eu vendo esta casa. (Voz Ativa)
VI) Esta casa é vendida por mim. (Voz Passiva)
VII) Esta casa é vendida. (sem o Agente da Voz Passiva)
VIII) Vende-se esta casa.
4. Quando conseguimos realizar todas estas passagens, dizemos que o “se” passa a
sentença para a Voz Passiva. “Esta casa” é sujeito, “Vende” é VTD e “se” é Partícula
Apassivadora.
O “se” como partícula apassivadora não interfere na existência do sujeito da oração.
Assim, o verbo sempre continua concordando com o sujeito.
IX) Vendem-se estas casas.
A Partícula Apassivadora acontece somente com VTD.
Observe, agora, a sentença:
X) Precisa-se de advogado.
É impossível fazer o raciocínio feito anteriormente.
XI) Eu preciso de advogado.
XII) * De advogado é precisado.
5. Neste caso, a partícula “se” indetermina o sujeito da sentença “Precisa-se de
advogado”. Sabe-se que alguém precisa de um advogado, mas não podemos inferir quem.
Assim, “se” é Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS).
Se o sujeito é indeterminado, o verbo não concorda com ele e fica na 3ª pessoa do
singular.
XIII) Precisa-se de advogados.
O IIS acontece com VTI e VI.
Exercícios de vestibular que trazem a questão da partícula “se” podem trazer placas de
rua com desvios da norma padrão. Ficar atento ao uso considerado correto é uma boa
estratégia para não escorregar neles.
Orações Coordenadas
As orações coordenadas são orações que se justapõem sem nenhum tipo de relação
de dependência. Se quisermos separá-las em dois períodos, podemos fazê-lo sem problemas.
I) Gosto de maçã. (período simples)
II) Gosto de banana. (período simples)
III) Gosto de maçã e (gosto) de banana. (período composto por coordenação)
As orações coordenadas podem ou não conter síndetos, ou conjunções. Assim, elas
se subdividem em:
1. Orações Coordenadas Assindéticas (OCA)
Não possuem síndeto.
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1. OSS Subjetiva
Tem valor de sujeito: Convinha-nos que você comparecesse.
2. OSS Objetiva Direta
Tem valor de OD: Todos desejavam que você se recuperasse.
3. OSS Objetiva Indireta
Tem valor de OI: Ninguém se opôs a que todos participassem.
4. OSS Predicativa
Tem valor de PS: O problema é que a população está aumentando.
5. OSS Completiva Nominal
Tem valor de CN: Tenho dúvida de que o dólar caia.
6. OSS Apositiva
Tem valor de aposto: Só quero uma coisa: que você seja feliz.
Um ponto importante que vale não só para as subordinadas substantivas, mas para
todos os períodos compostos: as orações podem ser acrescentadas indefinidamente.
Entretanto, isto resulta em um período muito longo, que dificulta a compreensão. O ideal é
utilizar este recurso com equilíbrio. IV e V exemplificam um mau uso e um bom uso de
coordenadas e subordinadas, respectivamente.
IV) É preciso considerar que a guerra, que começou há alguns dias e que deve
terminar logo, está atingindo todos os países que se levantaram contra o ditador cuja família
ainda é refém de seus inimigos, mas que pode muito bem, neste momento, estar morta, uma
vez que os contatos entre eles não acontece desde o mês passado.
V) É preciso considerar que a guerra, que começou há alguns dias e que deve terminar
logo, está atingindo todos os países que se levantaram contra o ditador. Sua família ainda é
refém de seus inimigos. Entretanto, uma vez que os contatos entre eles não acontecem desde
o mês passado, pode muito bem estar morta.
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Quando a OS Adjetiva vier com “que”, é interessante tentar substituí-lo por “o qual”
para identificar a oração como adjetiva.
Elas se subdividem em:
1. OS Adjetiva Restritiva
III) As crianças que brincam com fogo fazem xixi na cama.
A oração sublinhada restringe o grupo “crianças”: não são todas as crianças que fazem
xixi na cama, somente aquelas que brincam com fogo.
2. OS Adjetiva Explicativa
IV) As crianças, que brincam com fogo, fazem xixi na cama.
A oração sublinhada explica o grupo “crianças”: todas as crianças brincam com fogo, e
todas fazem xixi na cama.
Identificar a diferença entre uma adjetiva restritiva e outra explicativa é o mais
importante sobre este tópico.
Orações Subordinadas Adverbiais
As OS Adverbiais têm valor de advérbio.
I) Chegamos ao litoral tarde.
II) Chegamos ao litoral quando entardecia.
Elas se subdividem em:
1. OSAdv Causal
A assembleia foi suspensa porque ninguém compareceu.
2. OSAdv Condicional
Desde que concordem, os lugares serão mudados.
3. OSAdv Conformativa
Venceu o partido de esquerda, conforme previram as pesquisas.
4. OSAdv Concessiva
Ainda que ele falasse baixo, ouviram bem a palestra.
5. OSAdv Consecutiva
Ela era tão alto que batia no teto.
6. OSAdv Comparativa
A inflação foi mais baixa que a (inflação) do mês passado (foi).
Os portões se abriram para que todos passassem.
8. OSAdv Temporal
Depois que terminou da festa, voltou para casa.
9. OSAdv Proporcional
Quanto maior for o cargo, maior a responsabilidade.
Sintaxe de Colocação
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2. O pronome enclítico é empregado se houver uma frase iniciada por verbo, verbo no
imperativo, no gerúndio ou no infinitivo impessoal.
IV) Faça-me um favor: suma daqui.
A palavra regência, que dá o nome ao fenômeno linguístico que você vai estudar,
deriva do verbo reger, que, dentre outras acepções, significa governar, guiar. Dessa forma,
pode-se afirmar que o fenômeno da regência (tanto verbal quanto nominal) nada mais é do que
uma ralação de poder que há na frase, em que um termo governa e o outro se submete às
tais “ordens”. Quando dizemos: “a assembleia concordou com as propostas da direção do
sindicato”, percebemos que antes de “propostas” usou-se a preposição “com”. Isso acontece
porque “propostas” é complemento de concordar, o termo que governa e sua exigência é que
se coloque a preposição com antes de seu complemento. Aprender regência ajudará você,
principalmente, a não cometer gafes ao redigir sua redação!
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Obs: Há nomes que regem duas ou mais preposições como, por exemplo: próximo (de
ou a), furioso (de ou com), parecido (a ou com), rente (de, a ou com), pronto (em ou para),
respeito (a, de ou por), querido (de ou por), apto (a,para).
ATENÇÃO: Observe as construções abaixo:
- Os tiros de que o garoto foi vítima vieram do morro.
- Os tiros que vitimaram o garoto vieram do morro.
Em ambas, que é pronome relativo, já que pode ser substituído por dos quais e os
quais, respectivamente. Observa-se que, na primeira frase, ele está preposicionado e na
segunda, não. Isso ocorre porque a regência de cada um: na primeira, o pronome relativo que
é regido pelo nome vítima e, que exige preposição de (vítima de algo); na segunda, quem o
rege é o verbo vitimar, que, como VTD, dispensa preposição.
Concordância Verbal
A regra geral que você, certamente, já conhece é a que diz que o verbo e o núcleo do
sujeito sempre concordam em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda e
terceira). Ex: O aluno acredita no sucesso que terá nos vestibulares.
CASOS ESPECIAIS: Como já foi visto em sintaxe, alguns casos merecem destaque.
1. O agente passivador: estará sempre ligado a VTD e VTD e I. Fará parte de uma
oração cujo sujeito será sempre determinado, com o qual o verbo concordará na terceira
pessoa do singular ou do plural. Ex: Julgaram-se os indiciados do assassinato da freira.
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2. Verbos impessoais: sem sujeito, ficam na terceira pessoa do singular. São exemplos
muito usados:
Haver no sentido de existir, acontecer. Ex: Houve muitos casos semelhantes ao seu.
Verbos que indicam fenômeno da natureza (chover, ventar, amanhecer) quando
usados no sentido literal. Ex: Amanheceu mais cedo ontem.
3. Sujeito constituído por núcleos no singular que dão ideia de plural (a maioria, a maior
parte, uma porção, um bando, etc.).
- Se o núcleo estiver seguido de uma expressão no plural, o verbo pode ficar no
singular ou no plural. Ex: A maioria dos moradores votou/votaram a favor da nova medida de
segurança do prédio.
- Se o núcleo NÃO estiver seguido de expressão no plural, o verbo fica no singular.
Ex: A maioria, segundo a pesquisa, ainda não escolheu seus candidatos.
4. Sujeito composto
A) Posposto ao verbo, admitem-se duas construções:
- Verbo no plural: Subiram no palanque o prefeito, a primeira dama e os vereadores.
- Verbo concorda com o núcleo mais próximo: Subiu no palanque o prefeito, a primeira
dama e os vereadores.
B) De pessoas diferentes: o verbo vai para o plural, prevalecendo a pessoa de
número mais baixo. Ex: Eu, tu e tua família viajaremos no mesmo ônibus.
5. Se o sujeito é um nome próprio que só tem plural (Estados Unidos, Minas Gerais,
Andes, etc.), o verbo ficará no singular caso não tenha um determinante procedendo-o. Se
houver ele deverá ficar no plural. Exemplos: Estados Unidos ameaça intervir na Colômbia. Os
Estados Unidos ameaçam intervir na Colômbia.
Concordância Nominal
CASOS ESPECIAIS
1. Um adjetivo para qualificar dois ou mais substantivos.
1.1 Se o adjetivo estiver posposto aos substantivos, há duas possibilidades:
a) O adjetivo fica no plural prevalecendo o masculino caso um dos substantivos seja
desse gênero. Ex: O aluno demonstrou talento e inteligência fabulosos.
b) O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo apesar de referir-se a todos.
Ex: O aluno demonstrou talento e inteligência fabulosa.
Obs: Apesar de correta gramaticalmente a construção de (b) não são muito claras, uma
vez que o leitor pode julgar que a qualidade esteja referindo-se ao ultimo elemento. Por isso,
aconselhamos que se use a primeira opção de concordância, a qual não dá margem a dúvidas.
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1.2 Se o adjetivo estiver anteposto aos substantivos, deve concordar com o mais
próximo.
Ex: Você escolheu má hora e lugar para a reunião.
Obs: Neste caso, se os substantivos forem nomes próprios o adjetivo ficará
obrigatoriamente no plural (desde que, obviamente, a qualidade se estenda a todos). Ex: O
professor expulsou os bagunceiros João e Pedro da sala de aula
4. Nas expressões compostas pelo verbo ser e um adjetivo (é proibido, é bom etc.). Se
o núcleo do sujeito não estiver precedido de um determinante, estas expressões ficaram
invariáveis. Caso contrário, concordam com o sujeito. Ex: Proibido entrada de crianças.
Proibida a entrada de crianças.
Exercícios
16 – (FUVEST) “Mas aquele pendão firma, vertical, beijado pelo vento do mar, veio
enriquecer nosso canteirinho vulgar com força e uma alegria que fazem bem.” (Rubem Braga)
Suponha que o início desse período seja: ”Mas aqueles...”. Reescreva o período
fazendo apenas as alterações que se tornarem gramaticalmente necessárias.
Ortografia
Introdução
O objetivo deste item é comentar um pouco sobre a importância da ortografia nas
provas dos vestibulares. Bom, primeiro, o básico: o que é ortografia? Olha só, a palavra tem
origem grega e quer dizer “escrita correta”. Para nós, então, dizer que uma palavra está
ortograficamente correta significa dizer que ela está escrita de acordo com a norma padrão ou
norma culta.
Portanto, amigo, lembre-se daquilo que falamos na introdução desta apostila: o
vestibular, sendo um meio no qual se espera um uso formal da linguagem, também
espera o uso da ortografia padrão do português. Assim, nada de escrever no meio da prova
da mesma forma que a maioria das pessoas escreve no Messenger ou no Orkut. Veja só:
esses locais são meios em que o uso de uma escrita não ortográfica é permitido. No vestibular,
não.
Vamos falar de três casos específicos que podem ajudar você na hora de escrever
ortograficamente nas provas. Falaremos um pouco das influências da oralidade na escrita,
da origem das palavras e da acentuação.
Atenção! Discutiu-se muito neste ano sobre o acordo ortográfico. Procure se informar,
pois os vestibulares adoram fazer perguntinhas sobre assuntos recentes.
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O primeiro fato é óbvio: na fala, nós usamos gestos e expressões para ajudar a passar
ao outro aquilo que queremos. Também nos valemos da prosódia, ou seja, da maneira como
pronunciamos uma palavra ou sentença (podemos falar baixo, falar alto, de forma mais rápida,
mais pausada, em tons que denunciem nosso humor...). Na escrita, a pontuação (de que
falaremos mais tarde) tenta representar algumas dessas marcas de prosódia.
Mas vamos nos deter ao modo como falamos algumas palavras em específico. Você já
reparou que nós trocamos as letras “e” e “o” por “i” e “u”? Veja bem, pronuncie as sentenças:
I) Vendemos motores e tratores.
II) Os meninos mataram os mosquitos.
Temos uma tendência a dizer algo como:
III) Vendemusmotoris e tratoris
IV) Usmininus mataram usmusquitus.
Chamamos esse fenômeno de elevação de vogal. Não há problema algum em fazer
isso na fala, mas, na escrita, devemos manter o “e” e “o” bonitinhos. Prestar atenção nisso na
hora de escrever já é um ótimo começo.
Outra influência da oralidade na escrita é que costumamos “comer” algumas letras
enquanto falamos. Às vezes somente não as pronunciamos e outras podemos até mesmo
substituí-las por outras. A frase II poderia muito bem ser dita assim:
V) Usmininumatarusmusquitu.
Mais uma vez: não há problemas quando isso acontece na fala. Há, sim, quando
passamos essas características para a escrita. Primeiro, há a questão da concordância do
artigo e do substantivo: ela precisa ser mantida, o “s” não pode ser omitido na escrita. Depois,
veja que mudamos “mataram os” por “matarus”. Atente para isso quando for escrever. Você vai
perceber que grande parte dos problemas de ortografia acontece por isso. O mesmo acontece
no final de verbos. Olhe aí:
VI) Preciso cortar o papel.
Costumamos falar:
VII) Preciso cortá o papel.
Além desses dois casos, há também o da troca de letras. Algumas variedades
lingüísticas do português (daqui a pouco falamos melhor delas) mudam a forma como dizem
algumas palavras. Há também casos em que várias letras representam o mesmo som. Abaixo
há uma tabela com alguns exemplos:
Sal Sau
Filme Firme
Açougue Assogue
Exagero Ezagero
Jeito Geito
Trabalho Trabaio
Veja que todos os exemplos trazem problemas de ortografia que surgem por um dos
motivos: ou falamos de forma diferente ou existem muitas letras para representar o mesmo
som. É por isso que algumas pessoas escrevem “chicrete” ao invés de “chiclete”; “ezalstor” por
“exaustor”. Aí não tem muito jeito. É necessário um trabalho para reconhecer quando usamos
uma letra ou outra ou quando falamos de acordo com uma variedade que não é baseada na
escrita. A leitura e a prática ajudam nesse momento. Não tem receita mágica.
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
isso não tem por que ser com “z”. Outro exemplo: os prefixos de origem grega como “mini” e
“extra” sempre vêm grudadinhos à palavra. Assim: “minibiblioteca”, “extracorporal”.
Acentuação
Por fim um assunto absolutamente simples mas que causa as maiores confusões por
pouco. Como acentuar as palavras?
Primeiro: todas as palavras do português têm acento, ou seja, têm uma sílaba que é
pronunciada de maneira mais forte. O que precisamos saber é quais dessas palavras têm um
sinal gráfico que marca essa sílaba mais forte, também chamada de tônica. Esses sinais
gráficos são os acentos agudo (agulhinha da vovó - ´), circunflexo (chapeuzinho do vovô - ^)
e grave (agulhinha da vovó ao contrário - `). O til (~) e o trema (¨) não são acentos. Vamos
aqui nos concentrar nos dois primeiros.
As sílabas tônicas das palavras do português podem se encontrar na última sílaba
(palavras oxítonas), na penúltima sílaba (palavras paroxítonas) ou na antepenúltima sílaba
(proparoxítonas). Se você tem problemas em identificar a sílaba tônica, experimente gritar o
nome e notar que sílaba sai mais forte: “BRUxa! liquidificaDOR! LÂMpada!”. Identificar a sílaba
tônica é o principal. Agora vamos ver quais delas são marcadas por sinais gráficos.
Acentuam-se as
Paroxítona Túnel
terminadas em “l”;
Em “i”; Táxi
Em “n”; Abdômen
Em “u(s)”; Bônus
Em “r”; Fêmur
Em “ã”; Órfã
Em “x”; Tórax
Em “ão”; Órfão
Em ditongos. Episódio, páreo
Âncora, rápido,
Proparoxítona Todas próximo, ânimo, límpido,
rústico, esquizofrênico
Há, sem dúvida, outros casos e exceções. No entanto, acreditamos que aqui temos
algumas regras que cobrem a maioria dos casos. Quanto às paroxítonas, que possuem o maior
número de regrinhas, lembre-se do amigo LINUS RÃXÃO.
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
Alfabeto:
- O alfabeto ganha três letras (k, y e w)
Antes: 23 letras
Depois: 26 letras
Trema:
- O trema cai, de vez, em desuso, exceto em nomes próprios e seus derivados. Grafado nos
casos em que o “u” é átono e pronunciado (que, qui, gue, gui), o sinal não será mais utilizado
nas palavras da língua portuguesa.
Antes: tranqüilo, conseqüência, cinqüenta
Depois: tranquilo, consequência e cinquenta
Hífen:
- O sinal não poderá ser mais usado quando a primeira palavra terminar com vogal e a
segunda começar com consoante.
Antes: anti-rugas, auto-retrato, ultra-som
Depois: antirrugas, autorretrato, ultrassom
- O hífen também não deve ser grafado quando a primeira palavra terminar com letra diferente
da que começar a segunda
Antes: auto-estrada, infra-estrutura
Depois: autoestrada, infraestrutura
- O sinal deverá ser usado quando a palavra seguinte começa com b, h, r, m, n ou com vogal
igual à ultima do prefixo
Antes: anti-imperialista, super-homem, inter-regional
Depois: anti-imperialista, super-homem, inter-regional
- Outro caso que se faz necessário o uso do hífen é quando a primeira palavra terminar com
vogal ou consoante igual à letra que começar a segunda
Antes: microônibus, contraataque, microondas
Depois: micro-ônibus, contra-ataque, micro-ondas
Acento agudo:
- Os ditongos abertos “éi” e “ói” das palavras paroxítonas não serão mais acentuados
Antes: assembléia, apóio, platéia, européia
Depois: assembleia, apoio, plateia, europeia
* As palavras herói, papéis e troféu continuam sendo acentuadas porque têm a ultima sílaba
mais forte
- O acento some também no “i” e no “u” tônicos quando vierem depois de ditongo em palavras
paroxítonas
Antes: feiúra, bocaiúva
Depois: feiura, bocaiuva
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
* O acento permanece se o “i” ou o “u” estiverem na última sílaba, a exemplo de Piauí e tuiuiú
- Na letra “u” dos grupos que, qui, gue e gui o acento também deixa de existir
Antes: apazigúe, averigúe
Depois: apazigue, averigue
- O acento diferencial também some em alguns casos
Antes: pára, péla, pêlo, pólo, pêra
Depois: para, pela, pelo, polo, pera
* O acento diferencial não deixa de ser usado em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde
(pretérito) / pode (presente). Fôrma também continua sendo acentuada para ser diferenciada
de forma.
Acento circunflexo:
O acento circunflexo some nas palavras terminadas em “êem” e “ôo”
Antes: crêem, vêem, lêem, enjôo
Depois: creem, veem, leem, enjôo
Estratégias de Leitura
Introdução
Neste item vamos comentar algumas coisas relacionadas ao modo como devemos nos
preparar para ler os textos do vestibular. Na verdade, o que falaremos aqui traz algumas
orientações para que você leia textos diversos, não só os da prova.
Procure praticar um pouco essas estratégias de leitura. Todas as provas são antes de
tudo, provas que avaliam a capacidade de leitura do candidato. Isso quer dizer que, para
responder às questões, utilizar seus conhecimentos e escrever redações, é fundamental que
você saiba interpretar os textos que aparecem.
Há diversas estratégias de leitura que fazemos quando temos um texto na nossa
frente. Vamos nos concentrar aqui em três estratégias: a formulação de hipóteses, a relação
entre linguagens e a identificação de referenciais.
Formulação de Hipóteses
Sempre, quando lemos, fazemos hipóteses sobre o texto. Isso significa que, antes de
ler, já temos uma ideia, por exemplo, do tema do texto, de como uma história vai continuar
(no caso de uma narrativa), das opiniões que serão apresentadas. Além disso, podemos
fazer hipóteses a partir do contexto no qual o texto circula. Em que época ele apareceu? Em
que veículo de comunicação circula (TV, internet, jornal, revista, livro)? De que gênero de
texto se trata (um artigo de opinião, uma notícia, uma crônica)? Podemos começar a ler e a
interpretar um texto sem observar todas as palavras que o constitui. Isso é muito importante!
Fazer essa pré-leitura do texto permite que sua interpretação seja muito melhor. Experimente
se fazer essas perguntas antes de começar a ler.
Outra estratégia de leitura que ajuda muito é observar o título do texto. Que ideia ele
traz? Sugere algum tipo de opinião? Apresenta personagens ou fatos? Às vezes o título
pode ser até um resumo de um acontecimento. Há situações em que o título traz algo
chamativo para conseguir a atenção do leitor. Jornais fazem isso com muita frequência.
O exemplo a seguir foi retirado do site www.vitaminasecia.hpg.ig.com.br. Vamos lá: o
nome do site já nos diz sobre o que o texto vai falar: “Vitamina e Cia” provavelmente vai tratar
dos inúmeros benefícios que vários alimentos podem trazer. O título do texto especifica que
trará basicamente informações sobre o abacate. Como ele circula pela internet, o uso de
imagens é interessante para chamar a atenção do leitor. Abaixo, no item “Receitas”, pode-se
ver um link, recurso da internet. Enfim, este é um exemplo de como podemos realizar uma pré-
leitura antes de observar todo o conteúdo do texto.
Abacate
Rico em gorduras e proteínas, o abacate é excelente para pessoas fracas e
desnutridas porque facilita o processo de digestão, elimina dores e acaba com a prisão de
ventre.
Apesar de rico em gordura vegetal, ele não ataca o fígado, eliminando a sensação de
peso no estômago.
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
O abacate contém muito Fósforo, que ajuda na formação dos ossos e dentes e evita a
fadiga mental.
Como remédio, o abacate tem grande utilidade. O caroço moído e queimado, e
misturado ao leite, resolve problemas renais, desinterias e doenças do aparelho reprodutor
feminino (corrimentos).
Suas folhas, tomadas sob a forma de chá, são altamente digestivas, estimulantes e
normalizam irregularidades, como a menstruação. O chá combate também infecções da
garganta, elimina a rouquidão e a tosse. Bom também é mastigar as folhas de abacate frescas
para curar afecções da boca, estomatites, ânsias, além de fortificar as gengivas e os dentes.
Na cozinha, o abacate mostra-se muito versátil. Dá uma salada de excelente aparência
quando cortado em cubos e misturado a rodelas de ovos cozidos, cebola, temperado com sal,
vinagre e pimenta do reino. Pode ainda se transformar em sorvete, bastando para isso batê-lo
no liquidificador com suco de limão, açúcar e leite e levá-lo ao congelador em forminhas.
Importante é saber que ele se conserva na geladeira por 2 a 4 semanas, quando de
boa qualidade.
Seu período de safra vai de fevereiro a agosto.
Cem gramas de abacate fornecem 162 calorias.
Receitas
Pratique em casa antes da prova. Leia textos buscando fazer uma pré-leitura utilizando
essas estratégias. Não vai cair um exercício específico no vestibular perguntando sobre as
estratégias. Mas elas são pré-requisito para que você entenda os textos das provas.
http://tirinhasdogarfield.blogspot.com/2006/09/garfield-e-o-rato.html
Note a relação entre imagem e texto: No primeiro quadrinho Jon fala para Garfield de
seu interesse por uma das banhistas. Observe como a imagem da cara de Garfield demonstra
tédio pelo que seu dono diz – provavelmente é a décima vez que Jon se interessa por uma
mulher e Garfield sabe que não vai dar certo. O estilo de Jon é do típico sujeito que não se dá
bem com o sexo feminino; seu calção de banho chega ao umbigo.
Se a imagem fosse colorida, você veria no segundo quadrinho que a palavra tubarão,
que já está destacada, está em vermelho, o que reforça o fato de que o homem gritou para
todo mundo ouvir. A expressão de Garfield mudou, passando agora para surpresa.
Finalmente, no terceiro quadrinho, o humor surge porque Jon chama a atenção de
todos os banhistas e não só da “gatinha” pela qual se interessou. O desenho da expressão das
pessoas correndo (assustadas, com os olhos esbugalhados) reforça o efeito humorístico.
Identificação de Referenciais
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Pontuação
Vamos lá, colega, força. Sabemos que há muita coisa, mas infelizmente é necessário.
Agora vamos falar de pontuação. Felizmente, este é um assunto que não traz tantos
problemas. Pra começar, existem dez sinais de pontuação em nossa língua: ponto final (.),
ponto de exclamação (!), ponto de interrogação (?), vírgula (,), ponto-e-vírgula (;), dois
pontos (:), reticências (...), aspas (“”), parênteses (()) e travessão (-). Falaremos de dois
deles, os que mais trazem dúvidas na hora de escrever ou compreender um texto. A vírgula e
as aspas.
Pra começar: vírgula significa pausa, sim, mas não como a nossa professora da
primeira série dizia: “sempre que você der uma respiradinha pra falar”. Na verdade, existem
normas para emprego de vírgula específicas na escrita, e elas têm poucas semelhanças com a
fala. Existem casos em que a vírgula não pode ser colocada, casos em que ela deve ser
colocada e casos em que ela pode ser colocada. Por questões de espaço, mais uma vez,
vamos nos restringir a alguns exemplos.
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Agora vamos às aspas. Existem quatro situações nas quais você pode utilizá-las:
1. Quando você faz citações de textos que não são seus. Tanto faz se forem trechos de
textos escritos ou falas, se o que for dito não vier de você, use as aspas. Ah, vale lembrar que a
citação deve ser exatamente igual a que foi dita.
I) O presidente, ontem, deu seu veredicto: “Não vamos diminuir os juros até o final do
ano”.
2. Quando você se refere a títulos de jornais, músicas, notícias, revistas, filmes etc..
II) O filme “O Senhor dos Anéis” é baseado num livro muito famoso de Tolkien.
Para finalizar, uma dica para o uso de exclamação e interrogação. Limite-se a colocar
somente um desses sinais quando for o caso. Nada de colocar seqüências com cinco, seis
sinais juntos.
V) Uma coisa de que esse país precisa é educação!
E não:
VI) Uma coisa de que esse país precisa é educação!!!!!
Coerência e Coesão
Este tópico traz dois dos critérios mais discutidos sobre um texto. Na apostila de
redação, você verá algumas discussões mais aprofundadas sobre o tema. A nós, aqui, cabe
falar sobre como isso influencia na compreensão do texto. Há exercícios no vestibular que
pedem para que você identifique quais problemas existem na coesão e/ou na coerência de um
texto. Conhecer um pouco sobre esses critérios permite que você passe por esses exercícios
sem grandes problemas. Vamos começar com a coesão.
Coesão
A coesão pode ser definida como a habilidade que um texto tem de ser uno,
interligado. Se um texto tem conexão entre suas partes, entre palavras, sentenças e
parágrafos, dizemos que ele é coeso.
Há recursos lingüísticos que permitem a coesão de um texto. Vamos falar deles:
Anáfora
Não se assuste com os nomes. A anáfora é a referência que fazemos a um termo do
texto depois que ele aparece. Geralmente, as anáforas surgem por meio de um pronome e
evitam a repetição dos termos.
I) Joana e Cláudia sempre gostaram de cavalos. Elas praticam hipismo desde os seis
anos. Vê-las cavalgar pelo campo traz uma sensação de liberdade muito boa.
Em I, os termos sublinhados retomam “Joana e Cláudia” por meio de anáforas.
Catáfora
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A catáfora também retoma um termo por meio de pronomes, mas o termo aparece
depois.
II)Ele caminhava sem medo. Passou por diversos indivíduos, que o olhavam com
profundo respeito. Enfim, o ancião chegou a seu destino. Finalmente resolveria o problema.
Em II, os pronomes retomam “ancião”, que só aparece depois.
Elipse
Elipse significa omissão, ocultamento. Assim, ela se caracteriza pelo apagamento de
um termo que é óbvio pelo contexto. Tome cuidado ao construir elipses! Às vezes elas podem
trazer ambigüidades desnecessárias. O exemplo II também traz elipses, que retomam “ele” ou
“o ancião”. Marcamos abaixo com [ ].
III) Ele caminhava sem medo. [ ]Passou por diversos indivíduos, que o olhavam com
profundo respeito. Enfim, o ancião chegou a seu destino. Finalmente [ ] resolveria o problema.
Expressões sinônimas
As expressões sinônimas auxiliam na construção de coesão de um texto, na medida
em que evitam a repetição e acrescentam informações àquilo sobre o que se fala. Também têm
um papel na construção da argumentação de um texto, já que podemos, por meio delas,
atribuir qualidades positivas ou negativas ao referente (falaremos mais disso em estratégias de
leitura).
IV) Qualquer um conhece algo sobre os Estados Unidos. Maior economia do planeta, o
país gosta de impor sua vontade sobre os outros, principalmente aqueles que oferecem algum
recurso de que ele não dispõe. As guerras, por exemplo, que a potência egoísta tem liderado
no Oriente Médio, são por conta do petróleo, recurso que este capitalista selvagem considera
essencial. Na verdade, a hegemonia tem petróleo, mas deseja conservá-lo para o futuro.
No exemplo IV, observe que o uso das expressões sinônimas, dentre outros recursos,
revela a posição desfavorável em relação aos Estados Unidos.
Conectores
Por último, os conectores. Na verdade, os conectores são as conjunções que você
deve utilizar no texto pra estabelecer relações. É muito importante que você perceba que o uso
inadequado de uma conjunção cria um problema no texto, já que a relação estabelecida será
diferente da que se espera. Usar uma conjunção de oposição, por exemplo, quando se quer
usar uma conclusiva, altera completamente aquilo que será lido pelo leitor. Existem muitos
exercícios que lidam justamente com essa questão nas provas. Atente para isto. Abaixo um
exemplo de como as relações são afetadas pelos conectores.
I) Kelly gosta de andar de carro, mas seu namorado dirige muito mal.
II) Kelly gosta de andar de carro porque seu namorado dirige muito mal.
Em I, Kelly gosta de andar de carro mas, provavelmente, não anda com seu namorado
porque ele não dirige bem. Já em II, o fato de Kelly gostar de andar de carro é uma
conseqüência para o fato de que seu namorado não dirige bem. Provavelmente ela foi obrigada
a gostar porque sempre precisa dirigir no lugar dele.
Coerência
Um texto coerente é aquele que faz sentido dentro de um determinado universo. Ele
tem uma espécie de acordo entre aquilo que diz e aquilo que se tem na realidade. Uma notícia
que corra na “Folha de S. Paulo” e que diga, por exemplo, que o Brasil é a maior potência
econômica mundial, descartando um efeito de humor, certamente é incoerente, porque traz
uma informação que não condiz com nossa realidade. Por outro lado, o livro “Alice no País das
Maravilhas” traz acontecimentos que só fazem sentido para o mundo que Lewis Carroll criou,
ou seja, são coerentes de acordo com o universo criado pelo autor.
Às vezes podemos quebrar a coerência de um texto de propósito, para criar um efeito
de humor, de ironia, de crítica. No entanto, fazer isso exige um grau de elaboração textual
avançado. Fazer isso no vestibular é bastante arriscado, uma vez que temos muito pouco
tempo para produzir um texto naquele espaço. Sugerimos que não você treine esta habilidade
no dia da prova, limitando-se a identificar e responder de forma eficiente exercícios que tratem
dessa questão.
Há dois tipos de coerência: a interna e a externa.
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Coerência Interna
A coerência interna fala do acordo que deve haver entre as partes do texto. Se dizemos
no começo de um texto que uma personagem se chama Márcia, não podemos mudar o nome
dela pra “Luciana” no meio do caminho. No exemplo abaixo existem dois casos de incoerência
interna. Veja se consegue encontrá-los.
“Ontem foi meu primeiro encontro com Carolina. Foi tudo muito perfeito: o passeio pelo
shopping, o sorvete do McDonald’s, o cinema... tudo muito simples, mas inesquecível porque
era com ela. Como é bonita! Seus olhos têm um ar de mistério muito intrigante, o que só me faz
ficar mais apaixonado. Hoje, quinze anos depois, lembro-me ainda com ternura daquele
primeiro encontro naquela prainha paradisíaca.”
Coerência Externa
A coerência externa, por outro lado, define o acordo que deve existir entre o texto e a
realidade à qual pertence. No exemplo abaixo estamos supondo uma narrativa que acontece
em nosso mundo e há uma incoerência. Identifique-a também. Não é difícil.
“Não agüentava mais aquela vida. Pulei. Durante os cem metros de que despenquei,
não parava de pensar nela. Por que fizeram comigo o que nunca tinha feito com qualquer
outro? Não era possível, por mais que dissesse que não me amasse, os fatos provavam o
contrário. Decidi-me. Assim que cheguei ao chão, levantei-me e fui falar com ela.”
Identificar uma incoerência de um texto sempre pressupõe certo conhecimento de
mundo. Por isso, mais uma vez, leitor: informe-se para realizar as provas. Saber que coisas
acontecem a seu redor evita que você seja pego desprevenido, ok?
Intertextualidade
A intertextualidade, ou relação entre textos, é um assunto que também sempre cai nas
provas do vestibular. O que se entende por textualidade é a idéia de que um texto sempre traz,
em seu conteúdo, conteúdos, idéias, opiniões de outros textos. A própria prova de redação que
você fará nos vestibulares é um exemplo de intertextualidade. Ao usar a coletânea, você fará
referência a outros textos e, assim, teremos intertextualidade.
Existem dois tipos de intertextualidade, a explícita e a implícita. Vejamos.
Intertextualidade Explícita
A intertextualidade explícita acontece quando fazemos uma referência direta no texto.
As citações de fala do outro são exemplos de relações intertextuais explícitas.
“O presidente do Banco Central disse ontem aos jornalistas que não vai baixar as taxas
de juros. ‘O país passa por um momento crucial em sua economia. Baixar as taxas de juros
agora seria um ato muito arriscado”, afirmou.
Intertextualidade Implícita
Um pouco mais difícil de identificar, a intertextualidade implícita exige do leitor certo
conhecimento de mundo, para que ele reconheça um outro texto dentro do que lê. Não por
acaso, a intertextualidade implícita é mais demandada nas provas. Os textos de humor utilizam
bastante este recurso.
“A “Universidade X” ADVERTE: ESSA PALESTRA FAZ BEM À SAÚDE.”
Essa propaganda traz uma relação intertextual implícita com a propaganda do
Ministério da Saúde sobre o cigarro: “O Ministério da Saúde adverte: fumar faz mal à saúde”.
Variedades Linguísticas
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
é igual àquela que os jovens utilizam. Se você foi para outros estados ou assistiu a algum filme
ou novela que mostre pessoas que não são de São Paulo, percebeu que elas também têm
particularidades na forma como falam e escrevem. Mas não precisa sair de São Paulo: se
observarmos a forma como as pessoas do interior e as pessoas da capital utilizam a língua,
vemos que também é diferente.
Enfim, todas essas formas diferentes de que fazemos uso do português constituem
variedades linguísticas. Outra ideia super importante sobre as variedades é a de que não
existe uma melhor que outra, mas a mais adequada a cada contexto. Dessa maneira, fala e
escreve bem aquele que se mostra capaz de escolher a variante adequada a cada situação e
consegue o máximo de eficiência dentro da variante escolhida.
Abaixo vamos listar alguns tipos de variedades linguísticas. Mais uma vez, não se
prenda aos nomes. O importante é que você saiba identificar a variedade e descrever as
diferenças na hora de responder questões.
Variedades Históricas
A língua varia de acordo com a época. Se você tiver a oportunidade de ver uma versão
da carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal na descoberta do Brasil, verá que
as diferenças são enormes. Mas não precisamos ir tão longe. É fácil perceber que a camada
mais jovem da população usa uma língua diferente daquela usada pelos mais velhos. Hoje
chamamos uma mulher bonita de “gatinha”. Nossos avôs diziam “broto”... Enquanto nós
falamos que uma coisa é “legal”, “da hora”, escutamos “do balacobaco” ou “supimpa” dos mais
velhos. Tudo isso são exemplos de variedades históricas.
Variedades Regionais
Percebemos que pessoas vindas de diferentes regiões do país têm um vocabulário
específico e um tipo de pronúncia (sotaque). É o que caracteriza as variedades regionais.
Alguns falam “mexerica” e outros “tangerina”. Um caso clássico é o do “r” falado em diferentes
regiões do país. O “r” caipira é falado no interior de São Paulo, diferente do “r” falado na capital
e diferente também do “r” dito no Rio de Janeiro.
Variedades Sociais
As variedades sociais são aquelas que definem as falas das pessoas das diferentes
classes. A maioria das pessoas mais pobres fala de forma diferente da maioria das pessoas
mais ricas. Algumas diferenças se caracterizam pela troca de letras (“bicicreta” e “bicicleta”) e
pela concordância (“nóis vai” e “nós vamos”).
Esse tipo de variedade é a que causa mais problemas devido ao preconceito
lingüístico. Algumas pessoas costumam atribuir valor às variedades, dizendo que a fala das
pessoas mais ricas é melhor, mais bonita, enquanto que a fala das pessoas mais pobres é
“tosca”, de gente “burra”. Veja só, isso não passa de preconceito e ignorância. As pessoas que
falam dessa forma conseguem se comunicar perfeitamente nos locais em que ela se mostra
utilizável. Por isso, não há problemas no uso dentro de seu contexto. Podemos dizer que há
situações nas quais o emprego dessa variedade é inadequado, mas afirmar que ela é pior ou
que demonstra a falta de intelecto das pessoas é bastante limitado.
Variedades Situacionais
Se alguém vai fazer uma entrevista para conseguir um emprego, certamente falará de
modo diferente com o entrevistador do que quando fala com seus amigos. Isso mostra que a
língua também varia de acordo com o grau de formalidade da situação. Podemos falar e
escrever de maneira mais ou menos formal, ou seja, com mais cuidado e vigilância (formal) ou
de modo mais espontâneo e menos controlado (informal). Aqui você já percebe que tipo de
variedade terá de escolher para o vestibular, não?
Digamos que essas são as causas das variações. Agora, vamos especificar tipos de
variedades de acordo com critérios lingüísticos.
Variedades Fonético-Fonológicas
São as variedades que se evidenciam pelo som. O sotaque é a forma mais comum
dessa variedade.
Variedades Lexicais
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Variedades Sintáticas
Dizem respeito às variedades que têm diferença na concordância, por exemplo. “As
pernas” e “as perna”, “nós vamos” e “nóis vai” são exemplos.
Semântica
Exercícios
28 – (FUVEST – adaptada) Observe este texto, criado para propaganda de
embalagens:
“Ao final do processo de reciclagem, aquele lixo de lata vira lata de luxo, embalando as
bebidas de que todo mundo gosta, da marcas em que todo mundo pode confiar.” Transcreva do
texto um trecho em que a presença de um recurso de estilo torne a mensagem mais expressiva.
Explique em que consiste esse recurso.
Figuras de Linguagem
Elas servem para dar sentidos figurados, novos, diferentes da língua. Aprendê-las
ajudará você a interpretar os textos presentes no vestibular, além de ser um bom artifício para
enriquecer o conteúdo de sua redação.
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
pessoa, uma instituição ou um comportamento. Ex: “Era tão esperto que se deixou enganar
três vezes.”
4. Eufemismo: Consiste em amenizar uma ideia chocante. Ex: “Seu pai passou desta
para uma melhor.”
5. Hipérbole: Consiste em exagerar uma ideia para destacá-la. Ex: “Te liguei mil vezes
ontem.”
6. Gradação: Consiste em expressar um raciocínio através da disposição de ideias em
ordem gradativa (do maior para o menor ou vice-versa). Ex: “Ela disse, gritou, e berrou que te
amava.”
7. Prosopopeia ou personificação: Consiste em atribuir características de seres
animados a seres inanimados ou características humanas a animais ou objetos. Ex: “O vento
gosta é de cantar: quem faz letra para a canção do vento?” (Mário Quintana).
O verbo fazer
É necessário tomar cuidado com o sentido que ele tem em determinadas frases, pois
poderá ser pessoal ou impessoal. “Fazer” é impessoal quando tem sentido de tempo decorrido,
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
portanto sempre ficará na 3ª pessoa do singular. Ex: Faz dez dias que não o vejo; Fazia anos
que estava naquela cama.
Obs: Quando os verbos impessoais estiverem acompanhados de um verbo auxiliar, a
sua impessoalidade se transfere para o auxiliar. Ex: Devia fazer umas duas horas que o
paciente estava esperando.
Mal/mau
- Mau só pode ser adjetivo (é o contrário de bom), admitindo o emprego no feminino, no
plural conforme o nome que caracteriza. Ex: Eles sempre foram maus exemplos para os filhos.
- Mal pode ter três classificações:
a) Conjunção temporal: pode se substituído pó “assim que”. Ex. Mal iniciou a gravidez,
ela já sentia enjoos.
b) Advérbio de modo (é invariável, não esqueça!). Ex: As bailarinas passaram mal
antes da apresentação.
c) Substantivo: pode ter artigos e ser passado para o plural (é o antônimo de bem). Ex:
Foi condenado porque praticou o mal.
Mas/mais
Mas: Pode ser substituído por “porém’. Ex: Eu li, mas não compreendi.
Mais: Emprega-se como antônimo de menos. Ex: Ela sempre foi a aluna mais aplicada.
Onde x em que
Onde só se usa em referência a lugar. Nas demais situações, usamos “em que”. Ex: O
Brasil é o país onde vivemos; A sociedade em que vivemos é muito desigual.
Ao encontro de x de encontro a
Ao encontro de: Dá ideia de similaridade, afinidade. Ex: Meu pensamento vai ao
encontro do seu. De encontro a: Choque, confronto. Ex: O carro foi de encontro ao poste.
A princípio x em princípio
A princípio: Inicialmente, no princípio. Ex: A princípio, tudo são flores; depois, só
dissabores.
Em princípio: Teoricamente, hipoteticamente. Ex: Em princípio, todos são bons alunos –
ao menos, até a primeira prova...
Referências Bibliográficas:
http://www.reformaortografica.net/acordo-ortografico/
http://www.livrariamelhoramentos.com.br/Guia_Reforma_Ortografica_Melhorame
ntos.pdf
http://www.comvest.unicamp.br/
LITERATURA
Introdução
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
Como qualquer outra forma de arte, a Literatura é uma criação humana. Até hoje não se
encontrou uma definição capaz de compreender a Literatura em todas as suas formas de
expressão e seu significado para as diferentes sociedades nas diferentes épocas. No entanto,
não podemos negar a importância dessa forma de expressão artística que, através das letras,
nos permite entrar em contato com um grande acervo cultural acumulado ao longo de séculos.
Nesta apostila, esperamos que você possa “VerdeNovo” o conteúdo de Literaturas de
Língua Portuguesa (Brasil e Portugal) exigido pelo vestibular da Unicamp e de outras
universidades brasileiras. Para aqueles que deixaram passar algum conteúdo importante, aqui
está a chance de verem em tempo para a prova, e de, principalmente, aprenderem.
A Literatura, como todas as outras formas de expressão artística, reflete as relações do
homem com seus semelhantes e com o mundo. Na medida em que tais relações foram se
modificando historicamente, a Literatura acompanhou essas transformações. Assim, as obras
de cada período histórico possuem características que as identificam, ainda que cada uma
possua suas particularidades; por isso é tão importante estudarmos o contexto histórico em que
uma obra foi produzida. É levando em conta as características comuns às obras de
determinado período que dividimos toda a história da Literatura em escolas literárias/
movimentos literários.
Nesta apostila você vai encontrar todas as escolas literárias tradicionais que dividem a
literatura portuguesa. Nossa ideia é que você estude as características de cada uma,
analisando com a ajuda do professor, ao final, uma obra representativa do momento. Além
disso, o material traz os livros que serão utilizados pelos vestibulares da USP e da Unicamp
neste ano. Cada livro se encontra dentro da escola literária em que se inscreve. Por exemplo,
“Dom Casmurro” está dentro do tópico que fala do Realismo.
Abaixo, seguem as competências necessárias para que a análise seja feita de maneira
eficiente. Avante!
Foco narrativo
O tema das viagens sempre foi parte integrante da literatura portuguesa, desde o século XIV
quando os navegadores portugueses registravam suas histórias de navegação. Eles produziam
uma literatura que não ficava restrita aos acontecimentos da viagem, mas que continha
também os motivos que os levavam a se deslocar de um local a outro e as descrições em
forma narrativa sobre as terras e os homens que encontravam. Assim, pode-se dizer, que a
literatura de viagem não fica restrita ao desejo de conquistar novos territórios, mas, através do
contato com outros povos e culturas, pensar de uma nova maneira o seu próprio eu.
Almeida Garrett faz parte dessa tradição literária ao escrever Viagens na minha terra. Nessa
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PROJETO VERDENOVO 2014 - PORTUGUÊS
novela, a viagem não serve apenas para entrelaçar os fatos ali tratados, mas serve em si como
elemento temático fundamental. A viagem como tema da obra está assinalada desde o primeiro
capítulo, onde o autor-narrador deixa claro que vai “nada menos que a Santarém”, tornando
sua novela uma crônica-ensaio. Através da viagem pelo interior do próprio país do autor-
narrador, busca-se a fonte do que é ser português em um momento de drásticas mudanças no
país.
O pano de fundo em Viagens na minha terra é a Revolução Liberal. Grosso modo, as ideias
liberais surgiram como oposição ao monarquismo, ao mercantilismo e ao domínio religioso.
Portugal, na época um país monarquista com fortes raízes católicas, via qualquer ideia
liberalista como antinacional.
O país já estava enfrentando diversas crises (as invasões de Napoleão e crise do colonialismo
no Brasil) e o embate entre Miguelistas (favoráveis ao monarquismo absolutista de então) e
Liberais acabou por gerar uma guerra civil, em 1830. O embate terminou com uma vitória dos
Liberais e a restauração da monarquia constitucional.
Almeida Garrett, que sempre lutou pelos ideais liberais, mantém nas Viagens este propósito,
através da narração de fatos do presente e do passado, sempre denegrindo àquele em favor
do outro. Para tanto, brinca-se também com a questão do verossímil, criando-se a ilusão do
verdadeiro através do uso de um tom calculadamente coloquial e uma aproximação com o
quotidiano.
Dessa forma, as digressões do narrador sobre os mais diversos temas, da literatura à política,
servem para demarcar ideologicamente a obra. O discurso do autor-narrador revela o caótico
estado em que se encontra Portugal, a corrupção da sociedade, a aristocracia decadente e o
modelo familiar burguês corrompido por atitudes individualistas. Assim, pode-se dizer que para
o narrador a crise moral coletiva tem origem na moral individual.
A personagem protagonista Carlos, aparece como símbolo deste embate entre tradição
(monarquismo) e modernidade (ideias liberais). Carlos não consegue se decidir entre Joaninha
(que representa o velho Portugal) e Georgina (representante do novo Portugal). Por fim, o
protagonista acaba por desistir de ambas, perdendo sua identidade e sua moral. Carlos termina
como uma representação de uma sociedade alienada e degradante.
Resumo da Obra
A obra é composta por dois eixos narrativos bem distintos. No primeiro, o narrador conta suas
impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas e históricas das mais
diversas, com um tom fortemente subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades. Dentre
as referências literárias, podemos levantar citações a Willian Shakespeare, Luis de Camões,
Miguel de Cervantes, Johann Goethe e Homero. Já dentre as citações históricas e filosóficas,
temos Napoleão Bonaparte, D. Fernando, Bacon e outros.
Já o segundo eixo, que é interposto no meio dos relatos de viagem, conta o drama amoroso
que envolve cinco personagens. Essa narrativa amorosa tem como pano de fundo as lutas
entre liberais e miguelistas (1830 a 1834).
O livro começa com o narrador contando sobre a sua vontade de partir em uma viagem de
Lisboa à Santarém. Chegando a seu destino, o narrador começa a tecer comentários através
da observação de uma janela. Nesse ponto, dá-se início à história de amor entre Joaninha e
Carlos.
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No romance, Joaninha é uma moça que mora apenas com sua avó, D. Francisca.
Semanalmente, elas recebem a visita de Frei Dinis, que traz notícias do filho de D. Francisca,
Carlos. Ele está ausente da cidade já há alguns anos e faz parte do grupo de D. Pedro. Frei
Dinis e D. Francisca guardam algum segredo sobre Carlos.
Frei Dinis foi um nobre cheio de posses, mas resolveu abandonar tudo e sumir e volta para
Santarém dois anos depois, como frei. O narrador critica essa mudança, por para ele qualquer
um poderia facilmente ser ordenado frei de uma hora para outra.
Quando a guerra civil atinge Santarém, Carlos, que havia ido para a Inglaterra após
desentender-se com Frei Dinis, resolve voltar à cidade. É quando ele reencontra sua prima
Joaninha. Eles trocam um beijo apaixonado como se fossem namorados. Porém, Carlos tem
uma esposa na Inglaterra, chamada Georgina, se vê atormentado pela dúvida de contar ou não
a verdade para sua prima.
Ferido durante a guerra, Carlos fica hospedado próximo à casa de Joaninha. Após se
recuperar, ele pede para que D. Francisca revele o segredo que ela esconde. Então, ela acaba
contando que Frei Dinis é o pai de Carlos e que sua verdadeira mãe já morreu.
Ao saber da verdade, Carlos parte e volta a viver com a esposa. Porém, Georgina diz ter
ouvido de Frei Dinis toda a história de amor entre Carlos e Joaninha e declara não mais amar o
marido. Carlos pede perdão à esposa e diz não mais amar Joaninha, porém, Georgina não o
aceita de volta.
Na parte final sabemos através de Frei Dinis o destino das personagens: Carlos larga as
paixões e começa sua carreira na política como barão, mas depois de um tempo desaparece.
Joaninha, sem seu grande amor, e D. Francisca morrem. Georgina vai para Lisboa. “Santarém
também morre; e morre Portugal”, termina por relatar Frei Dinis.
Personagens
Carlos: é um homem instável que não consegue se decidir sobre suas relações amorosas,
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No caso do Brasil, tal estilo de época apresenta uma questão fundamental, que se
relaciona diretamente com o momento histórico (Independência) no qual se firmou: a
construção da identidade nacional. Nesse sentido, os autores da época descrevem
(inventam) um país dotado de uma natureza própria, exuberante e tropical, na qual os
portugueses colonizadores e os índios brasileiros se movimentam e relacionam, num processo
de ligação política, cultural e também étnica.
Principais Características:
*Idealização: O escritor romântico não aceita a realidade tal como ela se apresenta, por isso
ele a idealiza, constrói um mundo perfeito habitado por seres perfeitos. É nesse sentido que
concebe o amor e a mulher. Lembrando a tradição lírica medieval, o ente amado surge como
um ser inatingível a que o poeta somente contempla. É o amor contemplativo ou platônico.
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Estrutura do romance
A ação de Til ocorre na Fazenda das Palmas, localizada na região de Campinas, interior do
estado de São Paulo, e transcorre temporariamente a partir de 1826.
O livro é dividido em duas partes. A primeira serve como apresentação das personagens e das
tramas e é nela que conhecemos Berta, personagem central do romance e típico arquétipo da
heroína romântica. Nessa primeira metade da obra, o que mais chama a atenção é a
contrariedade do comportamento de Berta (cujo apelido é Til): sempre movida por boas
intenções, ela usa de sua influência e bondade para manipular as outras personagens.
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Foco narrativo
O romance é narrado em terceira pessoa e o narrador é onisciente neutro, ou seja, ele conhece
todos os pensamentos e planos das personagens e os revela ao leitor, mas não há
intromissões autorais diretas (o autor falando com uma voz impessoal, na terceira pessoa,
dentro do próprio romance). A característica principal da onisciência é que o narrador sempre
descreverá a narrativa, mesmo em uma cena, da forma como ele a vê, e não como suas
personagens a veem.
Tempo
O tempo é predominantemente psicológico, ou seja, o romance não segue uma narrativa linear
e o narrador manipula o tempo conforme as circunstâncias. Assim, o narrador pode ir ao
passado e ao futuro sem obedecer às ordens do tempo cronológico.
Já no segundo grupo, o dos romances históricos, encontram-se obras como Minas de Prata e
Guerra dos Mascates. O terceiro grupo nasce da vivência nas grandes cidades e da luta entre
o espírito conterrâneo e a invasão estrangeira: são os chamados romances urbanos de
Alencar. Dentre eles, podemos citar Lucíola, Diva e A pata da Gazela.
Por fim, temos o quarto grupo de romances do escritor: os romances regionalistas. Dentre as
obras deste período, podemos citar O Gaúcho, O Tronco do Ipê e Til. Esta nova fase na obra
de José de Alencar nasce da busca de uma nova identidade nacional. Após a independência
política do Brasil, os escritores românticos param de buscar na figura idealizada do índio o
modelo de brasilidade. Agora, o “ser brasileiro” não se encontra mais na floresta, entre rios e
animais selvagens, mas sim nas cantigas do povo, nas fazendas e até mesmo na corte.
Porém, como autor romântico, Alencar não deixa de idealizar a realidade, em maior ou em
menor grau, em todas as suas obras. Assim, tanto nos romances históricos, quanto nos
indianistas e regionalistas, temos em comum o desejo de fuga da realidade presente para
outros tempos e outros lugares mais felizes.
Da mesma forma, as personagens principais de Alencar (com exceção talvez dos romances
urbanos) têm um porte heroico. São personagens inteiriças, que encarnam todas as virtudes
físicas e morais do herói. Assim, a personagem central de Til também não poderia escapar
desse arquétipo: Berta é a meiga e bela heroína, que atrai o carinho e a atenção de todos.
Sempre com a decisão e força de todo bom herói, não mede esforços para conseguir realizar
seus intentos e não hesita em se sacrificar pelo bem dos outros.
Outro ponto interessante que podemos tratar a respeito de Berta é que ela é um arquétipo das
virtudes cristãs: a caridade, a solidariedade, a fraternidade, entre outras. Moça simples e
bondosa, não tem nenhuma atitude estudada para ganhar proveito próprio. Sua influência
sobre as demais personagens da obra são reflexo de personalidade franca e atenciosa. Dessa
forma, Berta surge como elemento de ligação e fraternidade entre todos. Outro dado que
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sustenta esta interpretação é o fato de Berta ensinar rezas a Brás, sempre com a atitude
compassiva própria de uma freira.
Em seus romances regionalistas, José de Alencar tenta caracterizar melhor os grupos sociais
do Brasil do século XIX detalhando melhor alguns aspectos culturais. Dessa forma, vemos em
Til os costumes, festas e comemorações dos negros, que dançavam animadamente nas
senzalas, e do povo rural. Essa vivacidade da vida no campo contrasta diretamente com o
abandono e marginalização que sofrem esse povo.
Apesar de Alencar defender uma ideia de que o campo é que é uma área propícia para se
desenvolver uma cultura autenticamente brasileira, ele sabe que o futuro se dará nas cidades.
Tanto que, ao final de Til, todas as personagens vão embora para a cidade e Berta, que em sua
bondade resolve ficar para amparar os marginalizados (Jão, Brás e Zana), resta sozinha:
“Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os
esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria,
que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça. Era a flor da caridade, alma sóror”.
Resumo da Obra
Besita, moça pobre, porém das mais belas da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão,
jovem fazendeiro, quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça
corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em desposar Besita, pois
ela é pobre.
Influenciada por seu pai, Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de
núpcias, parte em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de família e
fica anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se encontra pela região, Luis procura
Besita, que o recebe achando tratar-se de seu marido. Desse encontro nasce Berta.
Uma tarde, Ribeiro retorna e, ao encontrar sua esposa com uma filha, descontrola-se e
assassina Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue salvar Berta, que
passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Zana, uma negra que vivia com Besita,
enlouquece após presenciar o assassinato desta. Jão torna-se capanga dos ricos da região,
cometendo várias mortes e tornando-se o temido o Jão Fera.
Quinze anos depois de assassinar sua esposa, Ribeiro retorna irreconhecível e com o nome de
Barroso. Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele contrata Jão Fera, que não o
reconhece. Porém, Berta descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis.
Em uma segunda tentativa, dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das
Palmas, Ribeiro incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho, Luis leva uma pancada
na cabeça. Quando está para ser lançado ao canavial em chamas, Luis é salvo por Jão, que
mata os responsáveis pelo incêndio, com exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso em Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma
outra vingança, dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse
momento chega Jão (que tinha se libertado) e mata Ribeiro de forma violenta. Brás, sobrinho
de Luis com problemas mentais, leva Berta para ver a cena. Ela foge horrorizada e João,
sabendo que a moça o desprezava a partir de então, entrega-se a polícia.
Convém neste ponto relatar a relação entre Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas
mentais e é completamente excluído em sua família. Apesar de Brás ser apaixonado por Berta,
ela não pode corresponder aos sentimentos do rapaz, resolvendo então ensinar o abecedário e
rezas a ele. Porém, o menino tem grandes dificuldades em aprender, tendo apenas decorado o
acento "til", que o encantava. Para facilitar o aprendizado, Berta se autonomeia Til e passa a
ensinar Brás relacionando cada coisa com nomes de pessoas que ele conhecia.
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Em certo momento, Luis decide contar toda a verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um
primeiro momento ela se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele deve
reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a procuram e contam tudo, omitindo as
partes desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da prisão e vai procurar Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua
esposa escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a história de sua
mãe Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça Jão, dizendo que ele
sempre cuidou dela, sendo, então, seu pai.
Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela nega e pede que ele leve Miguel. Todos partem
e Berta fica na fazenda com Jão Fera e Brás.
Personagens
Berta, Inhá ou Til: personagem central do livro, Berta, filha bastarda do fazendeiro Luis Galvão
com Besita, é a representação típica da heroína romântica. Após a morte de sua mãe, passa a
viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Muito bonita e graciosa, atrai o carinho e o amor de
todos, tendo contato inclusive com as pessoas mais desprezadas da região. Berta é
personagem central e exerce grande influência sobre todas as outras personagens do livro.
Miguel: filho de nhá Tudinha, mostra-se apaixonado por sua irmã de criação, Berta (ou Inhá,
como ele a chama). Por ser pobre, Miguel busca estudar para ascender socialmente e poder se
casar com Linda.
Luis Galvão: dono da Fazenda das Palmas. Homem de muitas aventuras amorosas desde a
juventude, é sempre protegido por seu "capanga" João Fera.
Linda: é filha de Luis Galvão e D. Ermelinda. Educada aos moldes da corte, mas amiga de
Berta e Miguel, jovens de camada social inferior.
Afonso: irmão de Linda. Possui o mesmo espírito conquistador de seu pai e acaba se
apaixonando por Berta, sem saber que esta é sua irmã de sangue.
Jão Fera ou Bugre: capanga dos ricos da região, é um homem temido. Sem conseguir salvar
Besita, por quem era apaixonado, passa a proteger Berta após a morte de sua mãe.
Brás: sobrinho de Luis Galvão que sofria de ataques epiléticos e era débil mental. Era
apaixonado por Berta (ele a chama de Til), que lhe ensinava o abecedário e rezas.
Zana: negra que trabalhava para Besita e que elouquecera após presenciar o assassinato de
Besita.
Ribeiro ou Barroso: marido de Besita. Logo após a noite de núpcias, parte para longe e fica
anos afastado. Ao voltar e encontrar a esposa com uma filha, planeja vingança e assassina
Besita. Promete vingar-se de Luis Galvão e Berta.
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tempo, ser generoso e humano; Leonardo, o respeitável sargento de milícias, é leal com os
malandros; e por aí afora.
No romance de Manuel Antônio, a psicologia das personagens é sacrificada em prol
das situações coletivas. A ação de um tipo é semelhante à de outro. “ Tipo” porque muitas das
personagens, sem nome, têm como referência algo do físico ou de sua profissão. O apelido,
ligado ao prenome, é outra maneira de distinção – costume do Rio imperial da época de D.
João VI. Disso nascem o compadre barbeiro, a comadre parteira, Maria da Hortaliça, Maria
Regalada, etc.
A observação de Manuel Antônio de Almeida é aguda. Seu romance é pleno de
realismo – não aquele ortodoxo e cientificista do século XIX. É um livro inclassificável, por
conter elementos do Romantismo, então no auge, e algo mais.
Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda
radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios
da elite da época.
Narrador
A narração é feita em primeira pessoa e postumamente, ou seja, o narrador se autointitula um
defunto-autor – um morto que resolveu escrever suas memórias. Assim, temos toda uma vida
contada por alguém que não pertence mais ao mundo terrestre. Com esse procedimento, o
narrador consegue ficar além de nosso julgamento terreno e, desse modo, pode contar as
memórias da forma como melhor lhe convém.
Foco Narrativo
Com a narração em primeira pessoa, a história é contada partindo de um relato do narrador-
observador e protagonista, que conduz o leitor tendo em vista sua visão de mundo, seus
sentimentos e o que pensa da vida. Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas nos
permitirão ter acesso aos bastidores da sociedade carioca do século XIX.
Tempo
A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo, que, desse
modo, pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à
revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do
nascimento e dos fatos da vida.
O pacto de verossimilhança sofre um choque aqui, pois os leitores da época, acostumados com
a linearidade das obras (início, meio e fim), veem-se obrigados a situar-se nessa incomum
situação.
Não-realizações
Publicado em 1881, o livro aborda as experiências de um filho abastado da elite brasileira do
século XIX, Brás Cubas. Começa pela sua morte, descreve a cena do enterro, dos delírios
antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos
linear – interrompida apenas por comentários digressivos do narrador.
O romance não apresenta grandes feitos, não há um acontecimento significativo que se realize
por completo. A obra termina, nas palavras do narrador, com um capítulo só de negativas. Brás
Cubas não se casa; não consegue concluir o emplasto, medicamento que imaginara criar para
conquistar a glória na sociedade; acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é
medíocre; e não tem filhos.
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A força da obra está justamente nessas não-realizações, nesses detalhes. Os leitores ficam
sempre à espera do desenlace que a narrativa parece prometer. Ao fim, o que permanece é o
vazio da existência do protagonista. É preciso ficar atento para a maneira como os fatos são
narrados. Tudo está mediado pela posição de classe do narrador, por sua ideologia. Assim,
esse romance poderia ser conceituado como a história dos caprichos da elite brasileira do
século XIX e seus desdobramentos, contexto do qual Brás Cubas é, metonimicamente, um
representante.
O que está em jogo é se esses caprichos vão ou não ser realizados. Alguns exemplos: a
hesitação ao começar a obra pelo fim ou pelo começo; comparar suas memórias às sagradas
escrituras; desqualificar o leitor: dar-lhe um piparote, chamá-lo de ébrio; e o próprio fato de
escrever após a morte. Se Brás Cubas teve uma vida repleta de caprichos, em virtude de sua
posição de classe, é natural que, ao escrever suas memórias, o livro se componha desse
mesmo jeito.
O mais importante não é a realização ou não dessas veleidades, mas o direito de tê-las, que
está reservado apenas a uns poucos da sociedade da época. Veja-se o exemplo de Dona
Plácida e do negro Prudêncio. Ambos são personagens secundários e trabalham para os
grandes. A primeira nasceu para uma vida de sofrimentos: “Chamamos-te para queimar os
dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado pro outro,
na faina, adoecendo e sarando…”, descreve Brás. Além da vida de trabalhos e doenças e sem
nenhum sabor, Dona Plácida serve ainda de álibi para que Brás e Virgília possam concretizar o
amor adúltero numa casa alugada para isso.
Com Prudêncio, vê-se como a estrutura social se incorpora ao indivíduo. Ele fora escravo de
Brás na infância e sofrera os espancamentos do senhor. Um dia, Brás Cubas o encontra,
depois de alforriado, e o vê batendo num negro fugitivo. Depois de breve espanto, Brás pede
para que pare com aquilo, no que é prontamente atendido por Prudêncio. O ex-escravo tinha
passado a ser dono de escravo e, nessa condição, tratava outro ser humano como um animal.
Sua única referência de como lidar com a situação era essa, afinal era o modo como ele
próprio havia sido tratado anteriormente. Prudêncio não hesita, porém, em atender ao pedido
do ex-dono, com o qual não tinha mais nenhum tipo de dívida nem obrigação a cumprir.
Os personagens da obra são basicamente representantes da elite brasileira do século XIX. Há,
no entanto, figuras de menor expressão social, pertencentes à escravidão ou à classe média,
que têm significado relevante nas relações sociais entre as classes. Assim, "Memórias
Póstumas de Brás Cubas", além de seu enorme valor literário, funciona como instrumento de
entendimento desse aspecto social de nossas classes, como se verá adiante nas
caracterizações de Dona Plácida e do negro Prudêncio.
Resumo da obra
A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época,
é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo”
de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral.
Na escola, Brás era amigo de traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no futuro
defendendo o humanitismo, misto da teoria darwinista com o borbismo: “Ao vencedor, as
batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem sobreviver.
Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma cortesã, ou
prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase: “Marcela amou-me
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durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma das marcas do estilo machadiano, a
maneira como o autor trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na
obra não há, em nenhum momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e
o eufemismo para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que
Marcela só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma
categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e interesse
financeiro estão intimamente ligados.
Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas, presentes
e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma a resolução mais
comum para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o
título de bacharel em Coimbra.
Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai, como
combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.
Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão para o
trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária, gozando dos
privilégios dos bem-nascidos do país.
Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro amor.
Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo pai, que via no
casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que
arrebata do protagonista não apenas a noiva como também a candidatura a deputado que o pai
preparava.
A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna com a
fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no mundo das
aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira de ascensão social,
uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.
Personagens
Brás Cubas: filho abastado da família Cubas, é o narrador do livro; conta suas memórias,
escritas após a morte, e nessa condição é o responsável pela caracterização de todos os
demais personagens.
Virgília: grande amor de Brás Cubas, sobrinha de ministro, e a quem o pai do protagonista via
como grande possibilidade de acesso, para o filho, ao mundo da política nacional.
Eugênia: a “flor da moita”, nas palavras de Brás, já que era filha de um casal que ele havia
flagrado, quando criança, namorando atrás de uma moita; o protagonista se interessa por ela,
mas não se dispõe a levar adiante um romance, porque a garota era coxa.
Nhã Lo Ló: última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que morre de
febre amarela aos 19 anos.
Lobo Neves: casa-se com Virgília e tem carreira política sólida, mas sofre o adultério da
esposa com o protagonista.
Quincas Borba: teórico do humanitismo, doutrina à qual Brás Cubas adere, morre demente.
Dona Plácida: representante da classe média, tem uma vida de muito trabalho e sofrimento.
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Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas,
que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e
do momento histórico.
Ao ser lançado, em 1890, O Cortiço teve boa recepção da crítica, chegando a
obscurecer escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao fato de Aluísio de
Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista, que gozava de grande prestígio na
Europa. O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de
pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro.
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX.
Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico
da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de
modo fictício em O Cortiço estavam muito presentes no país.
Rigor Científico
Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance
L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na
representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica
contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem,
como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças.
Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem
desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.
O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que
cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de
quem habita seu interior.
Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento
de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do
romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se
fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o
narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é
ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma
posição ideologicamente tendenciosa.
Tempo
Espaço
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Enredo
Alegoria do Brasil
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composta por um realismo mais suave, com mais elaboração artística, em que procurava
entender a sociedade burguesa ainda de forma crítica, mas sem o elemento naturalista (veja
logo adiante) que caracterizou a segunda fase. “A Cidade e as Serras” faz parte deste último
momento.
Muito resumidamente, a história trata de Jacinto de Tormes, fidalgo português
riquíssimo cujo palacete é repleto das mais espetaculares maravilhas que o mundo moderno
pode oferecer. José Fernandes, um velho amigo (e narrador) vai visitá-lo um dia e descobre
que Jacinto passa por uma tristeza profunda. O fidalgo é dono de terras no interior de Portugal
e precisa visitá-las. Chegando lá, descobre os encantos de uma vida rural e simples, longe das
turbulências e da artificialidade da sociedade urbana.
Apesar de mostrar uma forte idealização da vida rural, a obra não deixa de criticar a
vida completamente estéril na cidade, em oposição à felicidade que pode ser encontrada no
campo.
A palavra naturalismo vem do latim e significa crença no natural. Esta escola literária surge
praticamente em concomitância com o realismo e é muito difícil falarmos delas separadamente.
Em 1857, no mesmo ano em que no Brasil surgia O guarani, de José de Alencar, na França foi
publicado Madame Bovary, de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da
literatura universal.
Em 1867, Émile Zola publica Thérèse Raquin, inaugurando o romance naturalista.
Tem início, assim, uma nova vertente no campo das artes, genericamente denominada
Realismo, voltada para a análise da realidade social, em nítida oposição à arte romântica, de
gosto burguês.
É muito comum o emprego dos termos Realismo e Naturalismo associados. Algumas vezes,
são termos sinônimos; outras vezes, aparecem como duas estéticas literárias muito próximas
uma da outra. No entanto, existe uma fronteira entre uma coisa e outra: é possível perceber
algumas diferenças entre a prosa realista e a naturalista, apesar do grande número de pontos
em comum.
Alguns preferem ver o Naturalismo como uma espécie de prolongamento mais forte do
Realismo. Sob esse ponto de vista, o Naturalismo seria um Realismo exacerbado. Seria uma
forma mais aprofundada de encarar o homem.
Os naturalistas sempre estariam vendo o lado patológico do homem, o seu envolvimento com
um destino que ele não consegue modificar; as situações de desequilíbrio muito fortes; o
homem que se comporta como um animal, obedecendo a instintos; o homem condicionado ao
meio em que vive, subjugado pelo fator da hereditariedade física e patológica, que determina o
comportamento dos personagens.
Um argumento para tal interpretação está no fato de que, quando se desloca para a serra,
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Jacinto sente uni irresistível ímpeto empreendedor, que luta inclusive contra as resistências dos
empregados ao trabalho.
Personagens
Uma particularidade da personagem José Fernandes está na importância que dá aos instintos,
sobrepondo-os à sua capacidade de sentir ou de pensar. Assim, tanto desilusões amorosas
quanto preocupações sociais são tratadas com almoços extraordinários. Ao longo do romance
ele procura provar o engano que as crenças civilizatórias de seu amigo, Jacinto de Tormes,
podem conduzir, embora o admire exageradamente.
Jacinto de Tormes é filho de uma família de fidalgos portugueses, mas nascido e criado em
Paris. Se cerca de artefatos da civilização e de tudo o que a ciência produz de mais moderno.
Entretanto, o excesso de ócio e conforto o entedia, a ponto de fazê-lo perder o apetite, a sede
lendária, a robustez física e a disposição intelectual da juventude. Levado pelas circunstâncias
a conhecer suas propriedades nas serras portuguesas, apaixona-se pelo campo, lá
introduzindo algumas inovações.
Mesmo em contato com a natureza, Jacinto não abandona alguns de seus hábitos urbanos.
Desenha futuras hortas, planeja bibliotecas na quinta, traz banheiras e vidros desconhecidos
dos habitantes do lugar. Por fim, manda instalar uma linha telefônica nas serras, o que
comprova que no fundo não houve grandes modificações em suas crenças.
Ele representa não apenas uma crítica do escritor à ultracivilização, mas também a utopia de
um novo Portugal, uma nova pátria, capaz de modernizar-se, sem perder as tradições e as
particularidades nacionais.
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*Narrador: Essa é a primeira obra de Graciliano Ramos, na qual ele usa o foco narrativo de 3ª
pessoa. Esse narrador onisciente nos revela os pensamentos, desejos e frustrações dos
personagens. Não é difícil antever que, devido à precariedade da situação em que tais
personagens vivem, eles não se encontrem em condições de grandes arroubos comunicativos.
Desse modo, portanto, fica claro que o autor lança mão do discurso indireto livre (quando há
sobreposição entre as falas do narrador e do personagem).
*Estrutura: O livro é dividido em 13 capítulos que matem certa autonomia podendo, portanto,
serem lidos isoladamente ou como narrativa completa. No entanto, ao que parece, a melhor
maneira de interpretar tal “independência entre as partes” seria como uma sugestão da
incomunicabilidade que serve de temática subjacente à obra.
*Tempo: A ação ocorre entre dois períodos de seca (apresentados no primeiro e no último
capítulos). Embora haja algumas referências cronológicas (menção de estações) presentes na
obra, há uma diluição do tempo cronológico para o predomínio do psicológico. Além disso, o
modo como o autor trabalhou o aspecto temporal (cíclico) associado à temática de fundo
(retirantes fugindo da seca) conferem certo aspecto mítico a essa obra.
*Enredo: O que instiga no enredo dessa narrativa, marcado por uma escassez de enventos, é
justamente seu caráter fragmentário aliado a uma circularidade, que lhe confere propriedade
alegórica e mítica. Há no enredo de Vidas Secas uma ligação do fim com o começo, formando
um anel de ferro, em cujo circulo sem saída se fecha a vida esmagada da pobre família de
retirantes-agregados, mostrando a que a poderosa visão social de Graciliano Ramos neste livro
não depende do fato de ter conseguido criar em todos os níveis, desde o pormenor do discurso
até o desenho geral da composição, os modos literários de mostrar a visão dramática de um
mundo opressivo.
Personagens principais
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Menino mais novo: Caracterizado como uma criança ingênua que idealiza o pai e deseja ser
como ele. Acredita que precisa demonstrar a valentia e a destreza que percebe em Fabiano
quando esse doma bichos bravos como cavalos e bois. Perceba que esta personagem, assim
como seu irmão, é tão desumanizada pelas condições sociais opressoras que nem recebe um
nome próprio.
Menino mais velho: Demonstra certa curiosidade, tentando compreender e contextualizar
algumas expressões desconhecidas, como no momento em que tenta entender o significado da
palavra “inferno”. Para isso, recorre ao pai, que lhe ignora a pergunta. Sem êxito, dirige-se a
mãe, de quem recebe informações insuficientes sobre o que saber. Com a insistência do
menino, ela se irrita e o agride, cerceando assim o direito ao conhecimento.
Baleia: Se por um lado vê-se uma família que se degrada chegando à condição de animal, por
outro, nota-se um animal que parece humanizar-se. Baleia, muitas vezes, solidariza-se com os
retirantes, como no momento em que matou o preá e não comeu sozinha, entregou-o a
Fabiano.
Soldado Amarelo: Simboliza a autoridade governamental. Fabiano, que ao ir à cidade fazer
compras, acaba por jogar cartas com o soldado amarelo. Depois de um pequeno
desentendimento, Fabiano é preso e espancado. Ele tenta compreender a situação, mas não
consegue devido à falta de organização de seus pensamentos. Revolta-se contra a injustiça
que sofre, desejando vingança, mas acaba se conformando.
Retrata a vida de menores abandonados. Um bando, liderado por Pedro Bala, vive no
velho trapiche. Compõe o romance a partir de seus componentes individuais – Dora, amante de
Pedro Bala; o Professor, que revela dotes artísticos; o Gato, conquistador; o Sem-Pernas,
revoltado; o Volta Seca, afilhado de Lampião. Relata o dia-a-dia das crianças à cata de
alimentos e dinheiro, acentuando os desníveis sociais que levam à marginalização.
O romance começa com uma reportagem fictícia intitulada “Crianças ladronas”. A
matéria narra minuciosamente um assalto à casa de um rico negociante, o comendador José
Ferreira. De acordo com o texto, o crime fora praticado pelos Capitães da Areia, descritos como
“o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe”. Depois da reportagem,
a introdução apresenta uma sequência de cartas de leitores do jornal. As duas primeiras são do
secretário do chefe de polícia (que atribui ao juiz de menores a responsabilidade pelos atos
criminosos dos Capitães de Areia) e do juiz de menores (segundo o qual a tarefa de perseguir
os menores é do chefe de polícia).
A carta de uma mulher, cujo filho estivera preso no reformatório, narra os horrores que
eram praticados ali contra os menores infratores. Outra, do padre José Pedro (importante
personagem e aliado dos garotos injustiçados), confirma a denúncia anterior, citando sua
experiência no reformatório. A última carta – e a última palavra –, porém, é a do diretor do
reformatório. Em seu texto, o diretor nega os maus-tratos dispensados aos menores na
instituição que dirige o que é uma hipocrisia, como se poderá observar no decorrer do livro.
Essa forma de início da obra é eloquente. Pode-se ver, na recriação literária de
matérias jornalísticas, a tentativa de dar à história do grupo de meninos um caráter verídico e,
ao mesmo tempo, demonstrar o que há de ficção nas reportagens publicadas. Ou seja, apesar
de ser um romance, Capitães de Areia revela uma situação social real. De outro lado, as
notícias veiculadas pela mídia, que muitas vezes atendem aos interesses das classes sociais
mais ricas, podem estar permeadas de elementos mentirosos. O descaso social com os
meninos de rua é a tônica do romance. Em todos os capítulos, esse abandono é abordado,
seja por meio da reflexão dos garotos ou da dos adultos que estão a seu lado, como o padre
José Pedro e o capoeirista Querido-de-Deus, seja pelos sutis, mas mordazes, comentários do
narrador.
Narrador: O romance é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente (que sabe
tudo o que ocorre). Essa característica narrativa possibilita que seja cumprida uma tarefa
facilmente notada pelo leitor: mostrar o outro lado dos Capitães da Areia. O narrador, ao
penetrar na mente dos garotos, apresenta não apenas as atitudes que a vida bestializada os
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Tempo: A obra apresenta tempo cronológico demarcado pelos dias, meses, anos e horas
conforme exemplificam os fragmentos: "É aqui também que mora o chefe dos Capitães da
Areia, Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus 5 anos. Hoje tem 15 anos. Há
dez anos que vagabundeia nas ruas da Bahia."
Enredo: Tendo como cenário as ruas e as areias das praias de Salvador, Capitães da Areia
trata da vida de crianças sem família que viviam em um velho armazém abandonado no cais do
porto. Os motivos que as uniram eram os mais variados: ficaram órfãs, foram abandonadas, ou
fugiram dos abusos e maus tratos recebidos em casa. Aproximadamente quarenta meninos de
todas as cores, entre nove e dezesseis anos, dormiam nas ruínas do velho Trapiche. Tinham
como líder Pedro Bala, rapaz de quinze anos, loiro, com uma cicatriz no rosto.
Durante o dia, maltrapilhos, sujos e esfomeados, mostravam-se para a sociedade,
perambulando pelas ruas, fumando pontas de cigarro, mendigando comida ou praticando
pequenos furtos para poder comer. Esse contato precoce com a dura realidade da vida adulta
fazia com que se tornassem agressivos e desbocados. Além desses pequenos expedientes, os
Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e
procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães.
Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela
sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração,
com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores
infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras
das ruas e da areia a essa falsa instituição.
Personagens
Pedro Bala: Jovem loiro de 15 anos, que tinha um corte no rosto. Era o chefe dos Capitães da
Areia, ágil, esperto, sabia respeitar a todos. Saiu do grupo para comandar e organizar os Índios
Maloqueiros em Aracaju, depois disso ficou muito conhecido por organizar várias greves, como
perigoso inimigo da ordem estabelecida.
Professor:Intelectual do grupo deu início às leituras depois de um assalto em que roubara
alguns livros. Além de entreter os garotos, narrando as aventuras que lê, o Professor ajuda
decisivamente Pedro Bala, aconselhando-o no planejamento dos assaltos. Depois de um
tempo aceitou um convite e se tornou pintor artístico no Rio de Janeiro.
Gato: Era o mais bonito e mais elegante do bando. Candidato a malandro, tinha em caso com
Dalva, uma prostituta, que lhe dava dinheiro e por isso, muitas vezes, não dormia no trapiche.
Só aparecia ao amanhecer, quando saía com os outros, para as aventuras do dia. Tempos
depois foi embora para Ilheús tentar a sorte.
Volta-Seca: Admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, sonha um dia
participar de seu bando.
Sem-Pernas: Era um garoto pequeno para sua idade, coxo de uma perna, agressivo,
individualista. Era quem penetrava nas casas de família fingindo ser um pobre órgão com o
objetivo de descobrir os lugares da casa, onde ficavam os objetos de valor, depois fugia e os
Capitães da Areia assaltavam a casa. Seu destino foi suicidar-se se atirando do parapeito do
elevador Lacerda, pelo ódio que nutria pela polícia baiana.
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João Grande: Negro, mais alto e mais forte do bando. Após a morte de seu pai, João Grande
não voltou mais ao morro onde morava, pois estava atraído pela cidade da Bahia. Cedo, se fez
um dos chefes do grupo e nunca deixou de ser convidado para as reuniões que os maiorais
faziam para organizar os furtos. Uma pessoa boa e forte, por isso, quando chegavam
pequeninos cheios de receio para o grupo, ele era escolhido para ser o protetor deles.
Pirulito: Era magro e muito alto, cara seca, meio amarelado, olhos fundos, boca rasgada e
pouco risonha. Era o único do grupo que tinha vocação religiosa apesar de pertencer ao
Capitães da Areia. Quando parou de roubar, seu destino foi ajudar o padre José Pedro numa
paróquia distante.
Boa-Vida: Era mulato troncudo e feio, o mais malandro do grupo. Muito preguiçoso, era o único
que não participava das atividades de roubo do bando. Era um boa-vida, gostava de violão e de
ficar fazendo nada, contemplando o mar e os barcos. Seu destino foi virar um verdadeiro
malandro, que vivia a correr pelos morros compondo sambas.
Dora: Tinha treze para quatorze anos, era a única mulher do grupo e se adaptou bem a ele.
Era uma menina muito simples, dócil, bonita, simpática e meiga. Seus pais haviam morrido de
“bexiga” e ela ficou sozinha no mundo com seu irmão pequeno. Tentou arrumar emprego, mais
ninguém queria empregá-la, conheceu João Grande e professor que a chamaram para morar
no trapiche, e logo ela já era considerada por todos como uma mãe, irmã e para Bala uma
noiva. Morreu queimando de febre.
João-de-Adão: Estivador, negro fortíssimo e antigo grevista, era igualmente temido e amado
em toda a estiva. Através dele, Pedro Bala soube de seu pai. Ele tinha conhecido o loiro
Raimundo, estivador que tinha morrido, baleado na greve, lutando em prol dos estivadores.
Don’aninha: Mãe de santo, sempre socorria os garotos do bando em caso de doença ou
necessidade.
Padre José Pedro: Padre de origem humilde, só conseguiu entrar para o seminário por ter
sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde era operário. Discriminado por não
possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por
isso, assume a missão de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das
quais os Capitães da Areia são o grande expoente.
Querido-de-Deus: Grande capoeirista da Bahia respeita o grupo liderado por Pedro Bala e é
respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e exerce grande influência sobre os
garotos.
"Sentimento do Mundo" - Aqui o poeta nos revela sua limitação e impotência perante o
mundo ("tenho apenas duas mãos/ e o sentimento do mundo"), mas se declara "cheio de
escravos". "Sentimento do mundo" pode ser entendido também como um poema sobre o
próprio fazer literário ("minhas lembranças escorrem"), onde os poemas ("escravos") surgem
como armas ("havia uma guerra/ e era necessário/ trazer fogo e alimento") resultantes do
"sentimento do mundo" do qual o poeta se conscientiza a partir dessa obra. Drummond revela
neste poema uma visão de mundo extremamente pessimista, com um amanhecer "mais noite
que a noite".
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necessidades que nos são impostas (ler isso, acreditar naquilo, fazer aquilo outro) contrastam
com as necessidades mais básicas e verdadeiras do homem: "É preciso viver com os
homens/é preciso não assassiná-los". A necessidade de agir de acordo com os padrões e
reprimir o ego esbarra no desejo íntimo.
"O Operário no Mar" - poema em prosa cujas imagens rompem a barreira do real
fundamentando-se em bases surrealistas. O operário, figura idealizada do movimento
socialista, aparece como um Cristo ("Agora está caminhando no mar"), mas seu corpo não é
santo ("aparentemente banal") e não há nenhuma coisa que o ajude a passar pelas
turbulências ("não vejo rodas nem hélices no seu corpo") do cotidiano. O poeta deixa claro que
há uma diferença entre o trabalho braçal do operário e o trabalho (talvez cômodo) do fazer
poético ao dizer: "Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados
pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar". Mas há um sorriso
que liga os dois e a esperança de que no futuro o eu-poético consiga compreender o operário.
"Canção do Berço" - neste poema o poeta transmite através de uma irônica amargura a
mensagem de que o futuro já está marcado desde o berço: o amor, a carne, a vida, os beijos
ou mesmo o mundo não têm importância num contexto de lucro imediato que a sociedade de
consumo impõe. Ou seja, as relações humanas não possuem significado dentro de um estilo
de vida baseado nos valores passageiros da sociedade moderna.
"Bolero de Ravel" - este poema tem como mote "Bolero", a obra mais famosa do compositor e
pianista francês Maurice Ravel (1875-1937). Ravel compôs essa música como um simples
exercício de orquestração, sendo construída em um ritmo invariável e numa melodia uniforme e
repetitiva. A única sensação de mudança que temos se dá por uma mudança na intensidade
dos instrumentos em determinadas partes da música. Essas características da obra aparecem
no poema de Drummond através de referências como "espiral de desejo", "infinita,
infinitamente" e "círculo ardente". O poema ganha significado através do contraste entre uma
"alma cativa e obcecada", e um "aéreo objeto". Esta alma, que por não tocar jamais seu objeto
de desejo (por isso "aéreo"), está presa num círculo infinito de "desejo e melancolia". Assim,
"nossa vida" está presa nesse "círculo ardente" do desejo, numa dança infinita, onde os
tambores servem para abafar a verdade de que o Imperador (o "desejo", ou aquele que impõe
o objeto de desejo) na realidade está morto.
"La Possession du Monde" - Georges Duhamel foi um escritor francês que durante a década
de 1930 e 1940 viajou pelo mundo divulgando a língua e a cultura francesa, além da ideia de
construir uma civilização mais baseada no "coração humano" do que no avanço tecnológico.
Tendo isso em mente, podemos pensar que este poema trata de questões como as qualidades
da ética num mundo denegrido por um avanço técnico-econômico megalomaníaco e as
relações secretas que ligam o desejo, o gozo (obtenção do objeto de desejo) e o "sentimento
do mundo", uma vez que a personagem do poema desdenha da "erudita dissertação científica"
ao preferir pedir a fruta amarela engraçada ("ce cocasse fruit jaune").
"Mãos Dadas" - este, que é um dos mais emblemáticos poemas de Drummond, tem como eixo
central o fazer poético e sua relação com o mundo, seu compromisso com o outro. O poeta
deixa claro seu novo sentimento e a direção que sua poesia irá tomar ao declarar que não será
"o poeta de um mundo caduco", ou seja, alienado da realidade presente ("O presente é a
minha matéria"). Embora seus companheiros estejam tristes e calados, nutrem esperanças de
dias melhores e o poeta se solidariza com eles.
"Dentaduras Duplas" - tido como um dos poemas do indivíduo mais extraordinários feitos por
Drummond, "Dentaduras Duplas" trata de um tema que percorre toda a história da poesia: o
envelhecer. Aqui, o "eu" se questiona e questiona a vida de modo mais universal, não isolado e
individualista como nos livros anteriores. O poema é quase todo composto nem versos
pentassílabos, em uma construção rítmica onde uma palavra puxa a outra. Seu final resume
em uma metáfora irônica o apetite do tempo: "mastigando lestas/e indiferentes/a carne da
vida!".
"Elegia 1938" - neste poema Drummond parece utilizar a segunda pessoa do singular, "tu",
como se falasse consigo mesmo. Este desdobramento do eu-lírico em uma outra pessoa
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"Mundo Grande" - as ruas, espaço público onde os problemas e conflitos sociais e políticos se
mostram de modo mais evidente, aparecem claramente em contraposição à alienação de uma
classe privilegiada que se encontra protegia dentro de espaços fechados: "Fecha os olhos e
esquece. Escuta a água nos vidros,/tão calma. Não anuncia nada". Ao utilizar nessa passagem
a terceira pessoa ("fecha", "escuta"), o eu-lírico está se desdobrando numa outra pessoa,
encenando assim um conflito de sentimentos e posições morais.
Resumo da obra
Publicado pela primeira vez em 1940, "Sentimento do mundo" é a terceira obra de Drummond e
reúne 28 poemas. Neste livro, o poeta abraça de vez a poesia de cunho social, refletindo o
momento de instabilidade e inquietação dos anos que antecederam a Segunda Guerra
Mundial. Porém, a temática do eu (a terra natal, o indivíduo, a família etc.), muito presente nos
seus livros anteriores, ainda aparece com destaque em Sentimento do Mundo.
Os poemas deste livro foram escritos entre 1935 e 1940, época em que o mundo tentava se
recuperar da Primeira Guerra Mundial e enfrentava a ascensão de regimes totalitários: a
Alemanha de Hitler, Franco na Espanha, Mussolini na Itália e o Estado Novo de Getúlio Vargas
no Brasil. E, dentro deste contexto histórico-social, o poeta individualista de Alguma Poesia e
Brejo das Almas revê seu fazer poético e toma consciência do mundo, voltando-se para a
experiência coletiva.
Porém, mesmo o poeta estando mais preocupado em escrever poesia social, a temática do eu
continua ocupando lugar de destaque em Sentimento do Mundo, mas dessa vez com uma
pitada de ironia e com um sentido mais universal. Assim, o eu não aparece mais como um
indivíduo isolado, mas sim como alguém presente e conectado ao mundo. Aqui, o eu volta-se
para assuntos mais universais e este seria o sentimento novo da poesia drummondiana a partir
de então.
Essa vontade de união entre os homens contrasta com a pessimista e sombria visão de mundo
do autor. Embora o eu-lírico seja completamente descrente do presente e não acredita em dias
melhores, no fundo há uma utópica esperança permeando todos os poemas do livro. Através
do uso constante do vocativo e da terceira pessoa do plural, pode-se concluir que esta
esperança de dias melhores nasce do ser coletivo, do "nós". Somente com a união entre os
homens é que se pode escapar desse presente sombrio e tenebroso.
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Referencias Bibliográficas:
*Novas Palavras: português, volume único: livro do professor / Emília Amaral... (et. al.). -
2. ed. - São Paulo: FTD, 2003. Outros autores: Mauro Ferreira, Ricardo Leite, Severino
Antonio. 1. Potuguês - Literatura (Ensino Médio).
Links:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/c/capitaes_de_are
ia
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/
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