Sei sulla pagina 1di 70

Questões por TEMA:

“O QUE É FILOSOFIA?” c) III e IV.


d) I, II e III.
001. (UEL-2003) - “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, e) I, III e IV.
pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário
único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse 004. (UEL-2003) “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois
princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... podendo com foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário
boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse
filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... podendo com
(REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta
1990. p. 29.)
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.”
(REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus,
filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o 1990. p. 29.)
texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros
por eles investigado. filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o
texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema
a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. por eles investigado.
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte. Ainda sobre o mesmo tema, é correto afirmar que a filosofia:
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos
científicos. a) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da realidade sensível, e em oposição aos mitos gregos.
ordem do mundo. b) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional,
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua formulando hipóteses lógico-argumentativas.
legislação. c) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer
prova da existência de alguma força divina.
002. (UEL-2004) “Mais que saber identificar a natureza das d) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos,
contribuições substantivas dos primeiros filósofos é fundamental graças à supremacia cultural dos gregos.
perceber a guinada de atitude que representam. A proliferação de e) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses
óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da endossadas pela força da tradição.
tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser
destacado entre as propriedades que definem a filosoficidade.”
(OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Présocráticos: a invenção da filosofia. Campinas: 005. (UEM) “Há efeitos de verdade que uma sociedade como a
Papirus, 2000. p. 24.)
Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que sociedade ocidental, e agora se pode dizer que a sociedade
o texto afirma ter sido promovida pelos primeiros filósofos. mundial, produz a cada instante. Produz-se verdade. Estas
produções de verdade não podem ser dissociadas do poder e dos
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos mecanismos de poder, ao mesmo tempo porque estes mecanismos
acontecimentos naturais. de poder tornam possíveis essas produções de verdade, as
b) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser induzem; e elas próprias são efeitos do poder que nos ligam, nos
modificadas ou reformuladas. conectam.”
(FOUCAULT, M. Poder e Saber In MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba:
c) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse SEED, 2009, p. 237).
substituir a verdade imposta pela religião. A partir do texto citado, assinale o que for correto.
d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como
fundamentos para o conhecimento. 01) O poder induz à produção da verdade na medida em que
e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da estabelece os meios para obtê-la.
“proliferação de óticas” conflitantes entre si. 02) Para o filósofo, o poder político é o único que pode produzir
uma verdade científica.
003. (UEL-2005) Sobre a passagem do mito à filosofia, na 04) Os mecanismos de poder determinam a produção da
Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir. verdade.
08) Se a verdade é produzida pelas sociedades, então ela não
I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus é de fato verdade, já que foi elaborada para manipular e
componentes, já contêm características essenciais da controlar politicamente.
compreensão de mundo grega que, posteriormente, se 16) O filósofo destaca a íntima relação que há entre
revelaram importantes para o surgimento da filosofia. conhecimento científico e as formas de poder.
II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se
evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que 006. (UEM) “O nascimento da filosofia pode ser entendido como
nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos. o surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar
III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de
movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de
para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando geração a geração [...]. Os mitos apresentavam uma religião
o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico. politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado,
devido à assimilação que os gregos fizeram da sabedoria dos apenas concentrada na tradição oral, é isso que se entende por
povos orientais, sabedoria esta desvinculada de qualquer base teogonia”.
religiosa. (Filosofia / vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 18).
Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.
Estão corretas apenas as afirmativas:
01) Na Grécia Antiga, o conhecimento dos mitos era transmitido
a) I e II. pelos padres da Igreja.
b) II e IV.
02) O livro do Gênesis repete o primeiro capítulo da Teogonia 011. (UEM) “Mesmo que Sófocles tenha tomado do mito o enredo
de Hesíodo, que trata da criação do mundo. da história, as figuras lendárias apresentam-se com a face
04) A teogonia visa explicar a genealogia dos deuses e sua humanizada, agitam-se e questionam o destino. A todo momento
relação com os fenômenos do mundo. emerge a força nova da vontade que se recusa a sucumbir aos
08) A oralidade constitui a forma privilegiada de transmissão desígnios divinos e tenta transcender o que lhe é dado, por meio
do pensamento mítico. de um ato de liberdade. [...] A tragédia consiste justamente em
16) O mito representa uma forma de pensamento religioso revelar a contradição entre determinismo e liberdade, na luta
contrário à racionalidade filosófica de Platão e dos filósofos contra o destino levada a cabo pela pessoa que emerge como ser
pré-socráticos. de vontade. [...] A tentativa de reflexão e de autoconhecimento
retrata o logos nascente. Daí em diante a filosofia representará o
009. (UEM) “Por volta de 700 a.C., com o surgimento do alfabeto, esforço da razão em compreender o mundo e orientar a razão”
facilitando a linguagem escrita, teve início uma transformação (ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed.
revisada. São Paulo: Moderna, 2009, p. 235).
cujas consequências se observam até os dias atuais. O relato oral Com base no excerto acima, assinale o que for correto.
foi perdendo a relevância exclusiva de antes, pois o texto escrito,
que lentamente se difundia, falava por si mesmo e, para escutá-lo, 01) A reflexão filosófica reelabora elementos disponíveis na
o orador deixou de ser imprescindível. E a linguagem da reflexão sabedoria trágica.
foi gradativamente suplantando o papel antes desempenhado pelo 02) Ao tomar conhecimento da determinação divina, o herói
relato oral dos acontecimentos: passou-se a perguntar ‘o que é a trágico assume o destino e anula a sua liberdade.
sabedoria?’, ‘o que é a coragem?’, sem recorrer aos exemplos de 04) A tragédia de Sófocles reflete o valor do autoconhecimento
Ulisses ou Aquiles.” do homem, a fim de orientar-se como ser de vontade.
(ECHEVERRÍA, R. Ontología del lenguaje. In: COTRIN, G. Fundamentos da filosofia. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2006, p. 16). 08) A tragédia inspira-se na herança mítica, de onde retira os
Sobre a afirmação acima e os conhecimentos sobre o surgimento nomes dos heróis e os acontecimentos de suas vidas.
da filosofia, assinale o que for correto. 16) Mitologia, tragédia e filosofia se confundem, pois são
experiências do pensamento humano em vias de explicar o
01) A prática da escrita, depois do surgimento do alfabeto, fez mundo.
crescer a importância da retórica e da oratória.
02) São representantes da oralidade as antigas formas de 012. (UEM) “A relação da filosofia com sua história não coincide,
pensamento, marcadas pelas teogonias e pelas cosmogonias. por exemplo, com a relação entre a ciência e sua história. Neste
04) Perguntas especulativas, como o que é a sabedoria e a último caso, são duas coisas distintas: por um lado, a ciência e, por
coragem, são características da mitologia, formuladora de outro, o que foi a ciência, ou seja, sua história. São independentes;
questões abstratas sobre o homem. a ciência pode ser conhecida, cultivada e existir à parte da história
08) As narrativas míticas encontram-se presentes na rapsódia do que foi. Na filosofia, o problema é ela mesma. [...] Há,
dos poetas, representantes da cultura oral. portanto, uma inseparável conexão entre filosofia e história da
16) Com o advento da escrita, a prática de narrativas lendárias filosofia. A filosofia é histórica, e sua história lhe pertence
ou míticas ganhou mais potencialidade. essencialmente. Por outro lado, a história da filosofia não é uma
mera informação erudita a respeito das opiniões dos filósofos, e
010. (UEM) “– Logo, a arte de imitar está muito afastada da sim a exposição verdadeira do conteúdo real da filosofia. É,
verdade, sendo que por isso mesmo dá a impressão de poder fazer portanto, com todo rigor, filosofia”
tudo, por só atingir parte mínima de cada coisa, simples simulacro. (MARÍAS, Julián. História da filosofia. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas
e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 279).
O pintor, digamos, é capaz de pintar um sapateiro, um carpinteiro A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
ou qualquer outro artesão, sem conhecer absolutamente nada das
respectivas profissões. No entanto, se for bom pintor, com o retrato 01) A história da filosofia também é um objeto de reflexão
de um carpinteiro, mostrado de longe, conseguirá enganar pelo filosófica.
menos crianças ou pessoas simples e levá-las a imaginar que se 02) O passado da filosofia, sua história, não é uma coleção de
trata de um carpinteiro de verdade. – Como não? – Mas a meu ideias sem sentido filosófico.
ver, amigo, o que devemos pensar dessa gente é o seguinte: 04) A investigação científica não necessita do conhecimento da
quando alguém nos anuncia que encontrou um indivíduo história da ciência para ser verdadeira hoje.
conhecedor de todas as profissões e de tudo o que se pode saber, 08) A filosofia é uma subárea da disciplina da história.
e isso com a proficiência dos maiores especialistas, seremos levados 16) Os conhecimentos passados se apresentam de modos
a suspeitar que falamos com um tipo ingênuo e vítima, sem dúvida, diferentes para a ciência e para a filosofia.
de algum charlatão e imitador, e que se o tomou por sábio
universal foi apenas pelo fato de ser incapaz de fazer a distinção 013. (UEM) “Entre o conhecimento comum e o conhecimento
entre o conhecimento, a ignorância e a imitação.” científico, a ruptura nos parece tão nítida que estes dois tipos de
(PLATÃO. A República, Livro X. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba:
SEED, 2009, p. 557-558). conhecimento não poderiam ter a mesma filosofia. O empirismo é
A partir do trecho citado e dos conhecimentos sobre a filosofia a filosofia que convém ao conhecimento comum. O empirismo
de Platão, assinale o que for correto. encontra aí sua raiz, suas provas, seu reconhecimento. Ao
contrário, o conhecimento científico é solidário com o racionalismo
01) Para Platão, a reprodução de algo não comporta a e, quer se queira ou não, o racionalismo está ligado à ciência, o
Verdade desse algo, sua essência verdadeira. racionalismo reclama fins científicos. Pela atividade científica, o
02) Para Platão, conhecer um objeto sensível implica tomar racionalismo conhece uma atividade dialética que prescreve uma
contato apenas com o simulacro dele. extensão constante de métodos”
04) Para Platão, a reprodução de algo espelha uma parte do (BACHELARD, G. A atualidade da história das Ciências. In: Filosofia, Curitiba: Seed-PR,
2006, p. 241).
ser e não o que ele é verdadeiramente. A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
08) Para Platão, a verdade de algo está para além de sua
manifestação sensível. 01) Segundo o filósofo, há duas formas de conhecimento,
16) Para Platão, é impossível haver conhecimento de qualquer científico e comum, ambas válidas.
coisa. 02) O empirismo não pode ser considerado como filosofia.
04) Para o filósofo, os conhecimentos científicos e comuns
possuem bases filosóficas.
08) O racionalismo apresenta-se, em geral, como um razão ou, enfim, na compreensão intelectual daquilo que
conhecimento mais científico em relação ao empirismo. julgamos.”
16) As justificações do empirismo apoiam-se no conhecimento (MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p.193-4)
comum dos homens. Sobre o excerto citado e seus conhecimentos sobre o
racionalismo, assinale o que for correto.
014. (UEM) “O objeto da filosofia se constitui pelos problemas do
presente e a história da filosofia só é importante à medida que 01) A reflexão sobre o bem e o mal não pertence à filosofia,
pode contribuir para identificar como se construíram as relações mas ao domínio da religião e do misticismo popular, que
presentes e quais os problemas deixados sem solução. A filosofia justificam a crença em Deus e no transcendente.
da práxis, além de uma teoria política revolucionária, também se 02) A filosofia é o produto de uma tentativa de explicação
apresenta como um método de abordagem do real, que possibilita intelectual do pensamento de Deus, a partir do qual o homem e
entender que fazemos parte de um conjunto de estruturas que se o mundo empírico são desconsiderados.
articulam, muitas vezes de modo contraditório, gerando as 04) A matemática, naquilo que depende exclusivamente da
condições materiais de existência, novas formas de vida e de razão e da percepção sensível sob o controle do entendimento,
modos de pensar que se produzem e reproduzem continuamente.” é um exemplo de operação intelectual que serve de modelo ao
(MARÇAL, J. [org.] Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 262). racionalismo.
Com base nessa citação e nos seus conhecimentos sobre filosofia 08) Cada um, por si mesmo, deve ser capaz de alcançar,
da práxis, assinale o que for correto. racional e livremente, os motivos pelos quais acredita em algo,
sem apelo a qualquer constrangimento externo.
01) A filosofia da práxis deve enfrentar, segundo esse modelo 16) A filosofia é uma forma de discurso que evita a
de filosofia, as contradições da existência. arbitrariedade, devendo trazer em si mesma o argumento ou a
02) Os problemas do passado são insolúveis, pois apenas o prova de sua validade.
presente importa para a filosofia.
04) São efeitos do pensamento a renovação do mundo e o 017. (UEM) “A razão especulativa, porém, embora não possa
continuísmo, isto é, estado de coisas que permanece invariável conhecer o ser em si – abstrato, que não se oferece à experiência
ao longo do tempo. e aos sentidos –, pode pensá-lo e coloca problemas que só serão
08) Valorizando a renovação praticada pelas ciências, a resolvidos no âmbito da razão prática, isto é, no campo da ação
filosofia da práxis aproxima-se de Auguste Comte e dos ideais e da moral. Ou seja, embora Deus, a liberdade e a imortalidade
positivistas. não possam ser conhecidos (agnosticismo) por não terem uma
16) O que torna a filosofia da práxis revolucionária é o seu teor matéria que se ofereça à experiência sensível, nem por isso têm sua
metafísico, isto é, a preocupação com os problemas do ser e da existência negada.”
aparência. (ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna,
2005, p. 115)
Sobre o excerto citado, assinale o que for correto.
015. (UEM) “Para referir-se à palavra e à linguagem, os gregos
possuíam duas palavras: mythos e lógos. Diferentemente do 01) Razão especulativa e razão prática se ocupam dos mesmos
mythos, lógos é uma síntese de três ideias: fala/palavra, objetos.
pensamento/ideia e realidade/ser. Lógos é a palavra racional em 02) Nem tudo o que existe pode ser matéria de conhecimento.
que se exprime o pensamento que conhece o real. É discurso (ou 04) A razão prática ocupa-se da moral.
seja, argumento e prova), pensamento (ou seja, raciocínio e 08) O conhecimento é da ordem do sensível.
demonstração) e realidade (ou seja, as coisas e os nexos e as 16) A razão prática se confunde com o agnosticismo.
ligações universais e necessárias entre os seres). [...] Essa dupla
dimensão da linguagem (como mythos e lógos) explica por que, 018. (UEM) “Mais que um saber, a filosofia é uma atitude diante
na sociedade ocidental, podemos comunicar-nos e interpretar o da vida, tanto no dia a dia como nas situações-limite, que exigem
mundo sempre em dois registros contrários e opostos: o da palavra decisões cruciais. Por isso, no seu encontro com a tradição
solene, mágica, religiosa, artística e o da palavra leiga, científica, filosófica, é preferível não recebê-la passivamente como um
técnica, puramente racional e conceitual.” produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo,
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 187-188).
A partir do texto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade.”
(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. São
Paulo: Moderna, 2009, p.20)
01) O mythos é uma linguagem que comunica saberes e Com base no excerto citado, assinale o que for correto.
conhecimentos.
02) As coisas próprias do domínio religioso são inefáveis, ou 01) A filosofia é uma forma de conhecimento que questiona a
seja, não podem ser pronunciadas e ditas pela linguagem realidade.
humana. 02) A filosofia é um saber teórico, não pragmático, que
04) O mythos não possui o mesmo poder de convencimento e de desconsidera a aplicação prática.
persuasão que o lógos. 04) A filosofia é uma experiência de vida que responde às
08) O lógos é, ao mesmo tempo, o exercício da razão e sua questões fundamentais da existência.
enunciação para os seres humanos. 08) A filosofia não pode ser reaberta ou discutida, pois os
16) O lógos é muito mais do que a palavra, é a expressão das filósofos já morreram.
qualidades essenciais do ser, a possibilidade de conhecer as 16) A filosofia é uma ideologia, pois não se ocupa com o debate
coisas nos seus fundamentos primeiros. político.

016. (UEM) “A filosofia procura explicar tanto a ordem do real 019. (UEM) Aranha e Martins (2005) definem o senso comum
como a posição do homem nessa ordem (o que para nós é o bem como o “primeiro olhar sobre o mundo, ainda não-crítico, a partir
e o mal) sem o recurso a nenhum mistério e nenhuma do qual as pessoas participam de uma comunhão de ideias e
arbitrariedade. Isso significa encontrar o porquê do real, do bem realizam as expectativas de comportamento dos grupos sociais
e do mal sem ter que apelar para a opinião dos outros, à própria a que pertencem.”
opinião ou mesmo à própria experiência, se elas forem insuficientes (ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna,
2005, p.144).
para mostrar as razões de aceitarmos nossos julgamentos. Apenas
Sobre o senso comum, assinale o que for correto.
serão aceitos como filosóficos os julgamentos fundados na
experiência suficiente para demonstrarmos o que julgamos, na
01) O senso comum é um conjunto de ideias cuja finalidade é a da China), Buda (proveniente da Índia) e Zaratustra (proveniente
crítica ao saber estabelecido. da Pérsia), fazendo da filosofia grega uma espécie de
02) O senso comum é um conjunto de ideias e práticas cegas e comunhão dos saberes da antiguidade.
incompatíveis com a verdade. 02) O surgimento da filosofia é coetâneo ao advento da pólis
04) Ao ser definido como o primeiro olhar, o senso comum é um (cidade). Novas estruturas sociais e políticas permitiram o
saber metafísico das causas e dos primeiros princípios. desenvolvimento de formas de racionalidade, modificadoras da
08) Todos os homens, intelectuais e analfabetos, participam do prática do mito.
senso comum. 04) Por serem os únicos filósofos a praticar a retórica, os sofistas
16) O senso comum confunde-se com as ideologias de uma classe representam, indiscutivelmente, o ponto mais alto da filosofia
ou de um grupo social. clássica grega (séculos V e IV a.C.), ultrapassando Sócrates,
Platão e Aristóteles.
020. (UEM) “Perguntar e buscar é precisamente a raiz de toda a 08) Filósofo é aquele que busca certezas sem garantias de
atividade do homem: o compreender, decidir e fazer humanos possuí-las efetivamente. Por essa razão, o filósofo deseja o
supõem a função ontologicamente prévia do perguntar, isto é, têm conhecimento do mundo e das práticas humanas por meio de
a estrutura de resposta a uma questão (teórica ou prática). O critérios aproximativos e compartilhados (de aceitação comum),
homem torna tudo questionável: o seu perguntar não pode terminar através do debate.
nem se esgotar. Esta constatação experiencial mostra que o 16) A atividade filosófica pode ser definida, entre outras
perguntar ilimitado constitui a dimensão ontológica fundamental habilidades, pela capacidade de generalização e produção de
do homem.” conceitos, encontrando, sob a multiplicidade de objetos do
(ALFARO, J. O prazer de pensar. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de mundo, relações de semelhança e de identidade.
filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.18).
Sobre o texto e a interrogação filosófica, assinale o que for
correto. 023. (UEM) “Quando não há problemas, não pensamos, só
usufruímos. Lembra-se da afirmação de Fernando Pessoa?
01) A interrogação esgota-se com o tempo. [Pensar é estar doente dos olhos.] Se nossos olhos são bons, nem
02) A função da filosofia é interrogar. sequer nos lembramos disso: gastamos nossas energias
04) Uma interrogação fundamenta uma ação. usufruindo o que vemos. Não nos lembramos de sapatos
08) A filosofia não tem utilidade prática. confortáveis, mas eles se tornam o centro de nossa atenção
16) A ontologia diz respeito ao ser. quando apertam um calo. Pensamos quando nossa ação foi
interrompida. O pensamento é, em seu momento inicial, uma
021. (UEM) “O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, tomada de consciência de que a ação foi interrompida: este é o
em outras palavras, que se serve da razão para tentar pensar o problema. Tudo o que se segue tem por objetivo a resolução do
mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou problema, para que a ação continue como antes”
(ALVES, Rubens. Filosofia da ciência. São Paulo: Loyola, 2000, p.34).
da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser apreendido, Sobre essa reflexão, assinale o que for correto.
já que ninguém nasce filósofo e já que filosofia é, antes de mais
nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O 01) Segundo o texto, o pensamento é uma prática intelectual
importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem que requer a saúde do corpo: não pensamos quando estamos
tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é inquietos ou precisando de algo.
tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum. 02) O movimento esquemático proposto pelo texto é: a) repouso;
Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar sem mais tardar” b) problema; c) pensamento; d) repouso.
(COMPTESPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Apud ARANHA, Maria Lúcia de Arruda;
MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São 04) A frase “pensamos quando nossa ação foi interrompida”, no
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.15). texto, significa que a ação de pensar está proibida e distorcida
A partir dessas considerações, assinale o que for correto. por obstáculos e impedimentos à prática do pensamento.
08) Segundo o texto, todo o pensamento visa a resolver um
01) A filosofia é uma atividade que segue a via pedagógica de problema.
uma prática escolar, já que não pode ser apreendida fora da 16) Segundo o texto, o pensamento é uma reação espontânea
escola. contra a preguiça e o descompromisso diante da vida.
02) O enunciado relaciona a filosofia com o ato de pensar.
04) O enunciado contradiz a motivação filosófica contida na 024. (UEM) “Ao instaurar a ruptura entre mythos [mito] e lógos
seguinte afirmativa de Aristóteles: “Todos os homens têm, por [razão], a cultura ocidental provocou um acontecimento
natureza, desejo de conhecer”. desconhecido em outras culturas: o conflito entre a fé e a razão,
08) Para André Compte-Sponville, quanto antes e com mais que se manifestou desde muito cedo, já na Grécia antiga”.
intensidade nos dedicarmos à filosofia, mais cedo estaremos (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.332).
livres dela, pois todo assunto se esgota. Sobre as relações entre fé e razão, assinale o que for correto.
16) A citação do texto afirma que sempre é tarde para começar
a filosofar, razão pela qual a filosofia é uma prática da 01) Para enfrentar os questionamentos que a filosofia, através
maturidade científica e o coroamento das ciências. da razão, impõe à fé, a religião elabora uma ciência do
conhecimento de Deus, isto é, a teologia, segundo a qual o
022. (UEM) “A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados conhecimento de Deus ocorre por meio da razão.
e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que 02) Ludwig Feuerbach considerou a religião como uma
a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar expressão da essência transcendental do homem, todavia,
respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres condenou a teologia que, segundo ele, deve ser substituída por
humanos, os acontecimentos materiais e as ações dos seres uma antropologia da religião.
humanos podem ser conhecidos pela razão humana”. 04) Santo Agostinho considera a fé e a graça como os únicos
(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.32). meios de aproximar-se de Deus e condena a teologia pela
Considerando o exposto, assinale o que for correto. prepotência em querer conhecê-lo através da razão.
08) O deísmo é uma reação à religião revelada. Afirma a
01) A filosofia surgiu na Grécia durante o séc. VI a. C.. Apesar existência de um Deus, cujo caráter é uma força, uma energia
de seu nascimento ser considerado o “milagre grego”, é inteligente, imanente à natureza e que pode ser conhecido pela
conhecida a frequentação de Atenas por outros sábios que razão.
viveram no século VI a.C., como Confúcio e Lao Tse (provenientes
16) Epicuro considerou que a religião não passa de uma além de trazer aos homens bens úteis, capazes de melhorar a
fabulação ilusória que os homens criaram por medo da morte e existência.
das forças da natureza. 08) Friedrich Nietzsche segue a tradição socrática e considera o
homem bom e nobre aquele que for capaz de dominar a
025. (UEM) Diferenciam-se, na Filosofia, os juízos de vontade de potência, submetendo-a, com sabedoria, às
conhecimento e os juízos de valor. Os primeiros qualificam os exigências da razão.
seres em suas propriedades objetivas, enquanto os segundos 16) Para Karl Marx, o saber da burguesia é uma ideologia, pois
revelam as relações estabelecidas entre os seres a partir de um sua função é ocultar a realidade com o intuito de exercer e
sujeito que julga. Sobre os juízos de conhecimento e os juízos de conservar um poder classista.
valor, assinale o que for correto.
028. (UEM) “Hipótese (etimologicamente, hypó, ‘debaixo de’,
01) Uma proposição do tipo “A caneta é azul” é um juízo de ‘sob’, e thésis, ‘proposição’) é o que ‘está’ sob a tese, o que está
conhecimento. Uma proposição do tipo “A caneta é ruim, pois suposto. A hipótese é a explicação provisória dos fenômenos
falha muito” é um juízo de valor. observados, a interpretação antecipada que deverá ser ou não
02) A temática dos valores considera, de maneira notável, os confirmada.”
juízos morais (realidade do dever ser) e os juízos estéticos ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2003, p. 186.
(realidade dos sentimentos em relação aos objetos belos). Sobre a metodologia hipotética da investigação científica,
04) Enquanto a moral é o conjunto de regras de conduta assinale o que for correto.
admitidas em determinada época por um grupo de pessoas, a
ética é a parte da Filosofia que se ocupa da reflexão sobre a 01) Na pesquisa científica, a construção de hipóteses é um
moral. processo heurístico, de invenção e descoberta.
08) Juízos de conhecimento, assim como juízos de gosto, são 02) O raciocínio é dito hipotético-dedutivo quando a
relativos à vontade dos indivíduos e não podem encontrar, por comprovação empírica da hipótese é retirada dos efeitos ou das
isso, fundamento racional que lhes dê estatuto universal e consequências de uma teoria científica.
coletivo. 04) Os critérios para julgar o valor ou a aceitabilidade das
16) Para o existencialismo, os juízos morais são indiscutíveis, hipóteses são: a relevância, a possibilidade de ser submetida a
razão pela qual se devem aceitar os padrões de conduta sem testes e a compatibilidade com outras hipóteses já confirmadas.
julgamento pessoal ou segundo as particularidades dos 08) O axioma é uma hipótese que tem grande probabilidade
indivíduos. de ser comprovada pela observação de experiências empíricas.
16) As teorias científicas não podem conter hipóteses, pois são
026. (UEM) A Filosofia existe há mais de 26 séculos. Nessa compostas de teoremas, isto é, de proposições não sujeitas à
história tão longa e de períodos diferentes, surgiram temas, demonstração.
disciplinas e campos de investigação específicos. Sobre os
diversos campos de atuação da Filosofia, assinale o que for 029. (UEM) “Na cultura da chamada sociedade ocidental, a
correto. palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra ratio e a
palavra grega lógos. Essas duas palavras são substantivos
01) Chama-se metafísica o conhecimento das causas e primeiros derivados de dois verbos que têm um sentido muito parecido em
princípios de toda a realidade, de todos os seres. latim e em grego. Lógos vem do verbo legein, que quer dizer
02) A epistemologia (do grego episteme, “ciência”) estuda as contar, reunir, juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer
relações de poder existentes entre as esferas pública e privada. dizer contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular.”
Por essa razão, o debate epistemológico vale-se da psicologia CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 61-62.
social do imaginário, que lhe confere um estatuto intermediário Sobre os conceitos de lógos e ratio, assinale o que for correto.
entre a ciência e a filosofia.
04) A filosofia da história tem por objeto a exegese dos mitos, 01) Uma das diferenças entre lógos e ratio é que a primeira é
sua participação no divino, o discurso dos trágicos e a história uma atividade intelectual sintética, e a segunda, uma atividade
das narrativas que deram origem ao mundo. intelectual analítica.
08) Chama-se filosofia analítica a corrente filosófica que se 02) A ratio não se opõe à revelação, por isso os filósofos cristãos
interessa pelas regras e modos de funcionamento da linguagem. não distinguem a luz natural – a razão – da luz sobrenatural –
Seu início é atribuído a Ludwig Wittgenstein. a revelação.
16) Chama-se estética o debate filosófico em torno da 04) A Filosofia grega da antiguidade clássica não conheceu o
moralidade das obras de arte e da eticidade do artista. Para o pensamento conceitual, pois o lógos representava o mundo
campo da estética, recorre-se à filosofia moral e à ética, sem as apenas por meio de ideias.
quais ela perde a especificidade e o rigor metodológico. 08) A ratio é superior ao lógos, pois ela é composta de princípios
lógicos, como o da não contradição, o do terceiro excluído e o
027. (UEM) Na história da Filosofia, encontramos a expressão da identidade, desconhecidos pelo lógos.
de diferentes tipos de debate que discutem a relação entre 16) O desenvolvimento do lógos participou do processo de
saber e poder. Sobre essa relação de conceitos, assinale o que secularização da sociedade e da cultura da antiguidade clássica
for correto. grega. Além disso, o desenvolvimento da ratio desempenhou um
papel significativo no processo de secularização, advindo com o
01) Na obra O príncipe, Maquiavel critica os “profetas período histórico chamado de modernidade na cultura ocidental.
desarmados”, isto é, os homens que, sem nenhum poder e
conhecimento da realidade política, imaginam formas ideais de 030. (UEM) A faculdade de imaginar tem, na história da
governo. Filosofia, diferentes acepções. Para os intelectualistas, é uma
02) Michel Foucault considera que o poder como dominação forma enfraquecida da percepção e, por isso, deformadora da
exercida pelos homens, nas relações sociais, é consequência da realidade. Para o Romantismo alemão, ao contrário, é a
ignorância e que o saber adquirido pela educação é o meio faculdade artística por excelência, colocada acima da razão e
capaz de libertar os homens da opressão mútua. do entendimento. Com base na afirmação acima, assinale o que
04) Francis Bacon critica a Filosofia clássica grega porque ela for correto.
desenvolveu um saber meramente contemplativo. Para Francis
Bacon, o saber deve traduzir-se em poder sobre a natureza,
01) Para Sartre, a imaginação tem uma função irrealizadora, Assinale o que for correto.
isto é, ela apresenta objetos ausentes, fazendo da consciência
intencional uma consciência imaginante. 01) A concepção de mundo de um povo, de uma cultura, de uma
02) Na obra Crítica da razão pura, de Immanuel Kant, a função civilização com seu conjunto de ideias, de valores e de práticas
da imaginação é fornecer uma imagem a um conceito, razão pelas quais uma sociedade apreende e compreende o mundo e
pela qual a imaginação tem um papel formal no conhecimento. a si mesma deve ser considerada como filosofia.
04) Gaston Bachelard desprezou o papel da imaginação 02) Pela fé, a religião aceita princípios indemonstráveis e até
criadora, pois, fundamentalmente, o mundo deve ser objeto da mesmo aqueles que podem ser considerados irracionais pelo
experiência empírica. pensamento, enquanto a filosofia não admite
08) Através da literatura e das artes cênicas, a experiência indemonstrabilidade e irracionalidade de coisa alguma. Pelo
artística não se vale do papel produtivo da imaginação, já que contrário, o pensamento filosófico procura explicar e
utiliza exclusivamente a gramática da linguagem, os conceitos e compreender mesmo o que parece ser irracional e
a razão prática instrumental. inquestionável.
16) Destaca-se, nas teorias da imaginação, a relação da 04) Como fundamento teórico e crítico, a filosofia ocupa-se com
imagem com a analogia, isto é, a produção da semelhança no os princípios, as causas e as condições do conhecimento que
dessemelhante, tal como ocorre nas metáforas. pretende ser racional e verdadeiro, com a origem, a forma e o
conteúdo dos valores éticos, políticos, religiosos, artísticos e
031. (UEM) Segundo Marilena Chauí, a metafísica consiste na culturais.
construção de um sistema teórico a partir da investigação 08) A filosofia é útil, pois permite superar, pela análise e pela
filosófica em torno de uma pergunta fundamental: “O que é?”. reflexão crítica, a ingenuidade e os preconceitos do senso comum
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 180). e oferece a possibilidade de libertar o homem das ideias
Com base na afirmação acima, assinale o que for correto. despóticas que o subjugam a um poder dominante e ilegítimo.
16) A filosofia é exclusivamente teórica, isto é, contemplativa,
01) David Hume, na obra Investigação sobre o entendimento por ser incapaz de incorporar, nos seus procedimentos
humano, afirma que os tratados de metafísica deveriam ser metodológicos, a observação e a experimentação.
lançados ao fogo, pois são compêndios de sofismas e ilusões.
02) O nome “metafísica” (meta: “depois”, “após” + tà physica: 034. (UEM) O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras
“aqueles da física”) surge por acaso. Andrônico de Rodes vezes, postos sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que
organizou as obras de Aristóteles sobre o tema, colocando-as ele divaga e perde-se em reflexões sobre questões abstratas
depois dos tratados de Física ou da natureza. que nada têm a ver com o cotidiano das pessoas. Em relação à
04) Para Aristóteles, os livros de metafísica eram denominados natureza e à finalidade da filosofia, assinale o que for correto.
de escritos de Filosofia primeira.
08) No séc. XVII, Jacobus Thomasius considerou que a palavra 01) A filosofia é, em termos gerais, um esforço intelectual para
correta para designar os estudos de metafísica deveria ser se interpretar o mundo e os eventos que nele se passam,
“ontologia”. compreender o próprio homem e iluminar o agir que do homem
16) Contemporaneamente, o estudo das essências e das causas se espera.
primeiras de todas as coisas é chamado de holismo hiperbólico 02) O termo filosofia foi utilizado durante vários séculos como
dos entes. nome geral para diferentes ramos do saber, como matemática,
geometria, astronomia; isso muda a partir do século XVII com a
032. (UEM) O que caracteriza a filosofia é a coragem para revolução metodológica iniciada por Galileu e com o
enfrentar a tradição irrefletida, o distanciamento dos problemas estabelecimento das ciências particulares pela delimitação de
imediatos da vida, a procura pela unidade do saber em face à campos específicos de pesquisa.
pluralidade das ciências, a crítica da cultura e das ideologias, 04) Refletir sobre os valores, sobre os conceitos como liberdade
assegurando a racionalidade e a reflexão crítica. Sobre o e virtude faz parte da atividade do filósofo. Nessa medida, a
exposto, assinale o que for correto. filosofia apresenta-se como uma sabedoria prática que auxilia
na orientação da vida moral e política, proporcionando o bem
01) Sócrates, no seu trabalho de maiêutica e ironia, enfrentou a viver.
sociedade do seu tempo e obteve a pena máxima, condenado 08) É consenso entre os cientistas que, porque na investigação
a tomar cicuta. filosófica o filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na
02) Filósofo é aquele que pergunta e que transforma as observação empírica, a filosofia não contribui para o progresso
respostas em perguntas, porque nenhum saber é eterno e isento do conhecimento.
de críticas em seus fundamentos. 16) A história da filosofia constitui-se de teorias que se
04) A reflexão filosófica, por ser racional e abstrata, não tem contradizem. Os filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de
aplicação prática, reproduzindo eternamente as mesmas modo que o pensamento crítico próprio da filosofia consiste em
perguntas sem sentido. pôr em dúvida toda afirmação, jamais chegando a conclusões.
08) Com as teses do materialismo histórico de Karl Marx, a
filosofia perdeu sua vocação prática de transformar a HISTÓRIA DA FILOSOFIA (ANTIGA):
realidade e ficou ainda mais isolada, condenada à sala de aula
e ao círculo dos intelectuais. 035. (UEM) “A ciência grega [...] não constituiu uma tecnologia
16) Mais do que um saber teórico, a filosofia é uma atitude e verdadeira porque não aperfeiçoou a física. Mas por que, ainda
um modo de vida, pois não se trata de acumular verdades, mas uma vez, ela não o fez? Pelo que parece, porque não procurou
radicalizar a dúvida e a insatisfação diante dos problemas fazê-lo. E isso, sem dúvida, porque ela acreditava que não era
fundamentais da existência. factível. De fato, fazer a física no nosso sentido do termo – e não
naquele dado a esse vocábulo por Aristóteles – quer dizer aplicar
033. (UEM) “Dizer que as indagações filosóficas são sistemáticas ao real as noções rígidas, exatas e precisas das matemáticas, e,
significa dizer que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e antes de tudo, da geometria. Uma tarefa paradoxal, caso
rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, houvesse, porque a realidade, aquela da vida cotidiana, no meio
opera com conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de da qual nós vivemos, não é matemática. Nem mesmo
demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é matematizável.”
enunciado e pensado.” (KOYRÉ, A. Du monde de l’àpeuprès à l’univers de la précision. In ARANHA, M. Filosofar
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 21). com textos: temas e história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 176).
A partir do texto citado, é correto afirmar: c) O nascimento, a diversidade e a organização dos seres
naturais têm uma explicação natural e esta pode ser
01) Para os filósofos gregos, na vida cotidiana não se faziam compreendida racionalmente.
necessários conhecimentos matemáticos. d) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos
02) Os filósofos gregos desconheciam a matemática e por isso naturais, mas a explicação da totalidade dos mesmos está além
foram incapazes de produzir conhecimentos físicos. da capacidade humana.
04) O conhecimento físico em nossos dias pressupõe um e) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe uma
conhecimento matemático em razão da ciência moderna ser multiplicidade de explicações e nem todas estas explicações
matematizável. podem ser racionalmente compreendidas.
08) A física aristotélica buscava uma explicação racional do
mundo sem recorrer à fundamentação matemática. 038. (UEL-2005) “- Mas a cidade pareceu-nos justa, quando
16) A matematização da ciência moderna é resultado de sua existiam dentro dela três espécies de naturezas, que executavam
exigência por rigor e precisão, algo inerente a esse tipo de cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua vez, temperante,
conhecimento. corajosa e sábia, devido a outras disposições e qualidades dessas
mesmas espécies.
036. (UEL-2003) “Você está acompanhando, Sofia? E agora vem - É verdade.
Platão. Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável na - Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua
natureza quanto pelo que é eterno e imutável na moral e na alma estas mesmas espécies, merece bem, devido a essas mesmas
sociedade. Sim... para Platão tratava-se, em ambos os casos, de qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade”.
uma mesma coisa. Ele tentava entender uma ‘realidade’ que fosse (PLATÃO. A república. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
eterna e imutável. E, para ser franco, é para isto que os filósofos Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em
existem. Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais Platão, é correto afirmar:
bonita do ano, ou os tomates mais baratos da feira. (E exatamente
por isso nem sempre são vistos com bons olhos). Os filósofos não a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por
se interessam muito por essas coisas efêmeras e cotidianas. Eles benefícios pessoais, havendo a possibilidade de ficarem
tentam mostrar o que é ‘eternamente verdadeiro’, ‘eternamente invisíveis aos olhos dos outros.
belo’ e ’eternamente bom’.” b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de
(GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995. p. 98.) direito, conforme o princípio universal de igualdade entre todos
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias os seres humanos, homens e mulheres.
de Platão, assinale a alternativa correta. c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o
qual, quando ocupa cargos políticos, faz as leis de acordo com
a) Para Platão, o mundo das ideias é o mundo do “eternamente os seus interesses e pune a quem lhe desobedece.
verdadeiro”, “eternamente belo” e “eternamente bom” e é d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem
distinto do mundo sensível no qual vivemos. na alma, isto é, deve habitar o interior do homem, sendo
b) Platão considerava que tudo aquilo que pode ser percebido independente das circunstâncias externas.
diretamente pelos sentidos constitui a própria realidade das e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos
coisas. demais aquilo que se tomou emprestado, atitudes que garantem
c) Platão considerava impossível que o homem pudesse ter ideias uma velhice feliz.
verdadeiras sobre qualquer coisa, seja sobre a natureza, a
moral ou a sociedade, porque tudo é sonho e ilusão. 039. (UEM) “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com
d) Para Platão, as ideias sobre a natureza, a moral e a efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser
sociedade podem ser explicadas a partir das diferentes humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e
opiniões das pessoas. a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção
e) De acordo com Platão, o filósofo deve preocupar-se com as entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem primeiro e
coisas efêmeras e cotidianas do mundo, tidas por ele como as inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em
mais importantes. que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o
mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos
037. (UEL-2004) “Entre os ‘físicos’ da Jônia, o caráter positivo sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier
invadiu de chofre a totalidade do ser. Nada existe que não seja depois de suportarmos essas dores por muito tempo.”
natureza, physis. Os homens, a divindade, o mundo formam um (EPICURO. Carta sobre a felicidade. In ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P.
Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. 251).
universo unificado, homogêneo, todo ele no mesmo plano: são as A partir desta citação de Epicuro, assinale o que for correto.
partes ou os aspectos de uma só e mesma physis que põem em
jogo, por toda parte, as mesmas forças, manifestam a mesma 01) Felicidade e infelicidade são estabelecidas pelos efeitos do
potência de vida. As vias pelas quais essa physis nasceu, prazer e da dor.
diversificou-se e organizou-se são perfeitamente acessíveis à 02) O sentimento de prazer é inato à natureza humana.
inteligência humana: a natureza não operou ‘no começo’ de 04) Epicuro defende o prazer sem medidas.
maneira diferente de como o faz ainda, cada dia, quando o fogo 08) O prazer corporal é um mal causado pelo pecado original.
seca uma vestimenta molhada ou quando, num crivo agitado pela 16) O hedonismo de Epicuro não é imediatista, mas moderado.
mão, as partes mais grossas se isolam e se reúnem.”
(VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. de Ísis Borges B. da
Fonseca. 12.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. p.110.) 040. (UEM) “É pois com direito que a filosofia é também chamada
Com base no texto, assinale a alternativa correta. a ciência da verdade: o fim da [ciência] especulativa é, com efeito,
a verdade, e o da [ciência] prática, a ação; porque, se os práticos
a) Para explicar o que acontece no presente é preciso consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo e o
compreender como a natureza agia “no começo”, ou seja, no presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a
momento original. causa.”
b) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a (ARISTÓTELES, Metafísica (L. II, cap. 1). Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1979, p. 39-40).
aceitação de elementos sobrenaturais. A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Para Aristóteles, a verdade deve ser eterna e imutável.


02) Segundo Aristóteles, a filosofia é a única ciência verdadeira. Igreja, responsável pela formulação da base filosófica da
04) Conhecer a causa de uma ação é conhecer a sua verdade. doutrina cristã.
08) Para Aristóteles, a verdade de algo se conhece por meio 16) Chamamos de flovística a escola de Siracusa (Magna-
das causas desse algo. Grécia) que toma como ponto de partida os ensinamentos de
16) Para Aristóteles, a ciência prática volta suas atenções para Pirro de Élis.
como as coisas estão dispostas e não para as causas destas.
044. (UEL-2003) “Para concluir, acho que só há um caminho para
041. (UEM) “[...] quanto à excelência moral, ela é o produto do a ciência – ou para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua
hábito. [...] É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas beleza e apaixonarmo-nos por ele; casarmo-nos com ele, até que
de excelência moral se constitui em nós por natureza, pois nada a morte nos separe – a não ser que encontremos outro problema
que existe por natureza pode ser alterado pelo hábito. [...] ainda mais fascinante, ou a não ser que obtenhamos uma solução.
Portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza a Mas ainda que encontremos uma solução, poderemos descobrir,
excelência moral é engendrada em nós, mas a natureza nos dá a para nossa satisfação, a existência de toda uma família de
capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o encantadores, se bem que talvez difíceis, problemas filhos, para
hábito”. cujo bem-estar poderemos trabalhar, com uma finalidade em vista,
(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco in MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio até ao fim dos nossos dias.”
de Janeiro: Zahar, 2007, p. 53). (POPPER, Karl. O Realismo e o objetivo da ciência. Trad. de Nuno Ferreira da Fonseca.
A partir do texto citado, assinale o que for correto. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997. p. 42.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre epistemologia,
01) Segundo Aristóteles, alguém que nasce com falta de assinale a alternativa correta.
moralidade não poderá alterar essa condição de sua
personalidade. a) Para a ciência e a filosofia, a solução dos problemas que elas
02) Segundo Aristóteles, o hábito significa a repetição de ações mesmas propõem é um objetivo inatingível.
morais, com vista a seu aperfeiçoamento. b) Os problemas, filosóficos ou científicos, são prejudiciais à
04) Segundo Aristóteles, as pessoas já nascem com excelências investigação.
morais, isso é algo inato. c) Para a investigação científica, ou filosófica, é irrelevante a
08) Segundo Aristóteles, a excelência moral é algo que os existência de problemas.
indivíduos podem ou não adquirir. d) A ciência e a filosofia investigam problemas que constituem
16) Segundo Aristóteles, todos os seres humanos possuem a para elas o elemento motivador de suas próprias atividades.
capacidade de se aperfeiçoar moralmente. e) A ciência e a filosofia investigam problemas que não têm
relação com a realidade.
042. (UEL-2003) “Embora nosso pensamento pareça possuir esta
liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais 045. (UEM) “É, pois, com direito que a filosofia é também chamada
minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito a ciência da verdade: o fim da [ciência] especulativa é, com efeito,
reduzidos e que todo poder criador do espírito não ultrapassa a a verdade, e o da [ciência] prática, a ação; porque, se os práticos
faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo e o
materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a
experiência.” causa.”
(HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. Trad. de Anoar Aiex. São (ARISTÓTELES, Metafísica, livro II, cap. I. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 39-40).
Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 36. Coleção Os Pensadores.) A partir do texto é correto afirmar que:
De acordo com o texto, é correto afirmar que, para Hume:
01) Aristóteles diferencia a ciência especulativa da ciência
a) Os sentidos e a experiência estão confinados dentro de limites prática.
muito reduzidos. 02) A ciência prática volta-se para conhecer as coisas relativas
b) Todo conhecimento depende dos materiais fornecidos pelos à ação humana.
sentidos e pela experiência. 04) A ciência especulativa busca conhecer como as coisas são,
c) O espírito pode conhecer as coisas sem a colaboração dos sua condição presente, sua relação.
sentidos e da experiência. 08) Para Aristóteles, conhecer verdadeiramente algo é conhecer
d) A possibilidade de conhecimento é determinada pela a sua causa.
liberdade ilimitada do pensamento. 16) Para Aristóteles a verdade é eterna e imutável.
e) Para formar as ideias, o pensamento descarta os materiais
fornecidos pelos sentidos. 046. (UEM) “[...] Talvez alguém diga: ‘Sócrates, será que você não
pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quieto, calado?’ Ora,
043. (UEM) A história da filosofia possui momentos distintos eis a coisa mais difícil de convencer alguns de vocês. Pois se eu
(antiga, medieval, moderna e contemporânea), que marcam, de disser que tal conduta seria desobediência ao deus e que por isso
forma genérica, temáticas distintas (ser, razão, verdade, não posso ficar quieto, vocês acharão que estou zombando e não
linguagem etc.) e escolas distintas (sofística, patrística, acreditarão. E se disser que falar diariamente da virtude e das
escolástica, fenomenologia, filosofia analítica etc.). Assinale, outras coisas sobre as quais me ouvem falar e questionar a mim e
segundo os conceitos bases da tradição filosófica, o que for a outros é o bem maior do homem e que a vida que não se
correto. questiona não vale a pena viver, vão me acreditar menos ainda.”
(PLATÃO, Apologia de Sócrates, in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de
01) Chamamos de sofistas os filósofos cuja interlocução com Janeiro: Zahar, 2007, p. 20).
Sócrates, Platão e Aristóteles é marcada pelo debate de ideias A partir do texto citado é correto afirmar que:
políticas e metafísicas.
02) Chamamos de pré-socráticos os filósofos preocupados com 01) Sócrates não aceita a sentença de seus interlocutores porque
o princípio unificador da realidade. a rebeldia e a não aceitação das ordens são próprias de um
04) Chamamos de fenomenologia a tradição empírico- filósofo.
racionalista que estuda a teoria das quatro causas: formal, 02) Sócrates defende uma atitude permanente de
material, eficiente e final. questionamento para os homens, sem a qual a vida não valeria
08) Chamamos de patrística a filosofia de influência a pena ser vivida.
neoplatônica que surgiu a partir do século II com os Padres da
04) Para Sócrates, o questionamento é mais do que um momento Com base no texto e nos conhecimentos sobre a arte em Platão,
na vida humana, é uma conduta permanente que deve ser é correto afirmar:
cultivada.
08) Para Sócrates, o questionamento é algo intrínseco da a) Platão é contrário à imitação, por ela ser a “aparência da
natureza humana e não somente dele, um filósofo. aparência” ou uma cópia da realidade, num nível inferior.
16) Ao citar deus, Sócrates compreende que está zombando de b) Platão valoriza a presença dos artistas nas cidades, por sua
seus interlocutores, pois seus questionamentos não possuem capacidade de imitar todas as coisas.
nenhuma relação com a religião. c) Platão concebe a imitação como uma atividade que, ao invés
de copiar aparências, imita emoções e ações.
047. (UEM) “Ao contrário de seus contemporâneos – como d) Platão valoriza os poemas porque eles, apesar de imitarem
Parmênides – Heráclito não rejeitava as contradições e queria as coisas, proporcionam um grande prazer sensível.
apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as e) Platão admite a possibilidade de a imitação adquirir uma
coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado perspectiva positiva, desde que seja concebida como contendo
momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: uma visão que se afaste da sofística.
‘Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio’, pois, na segunda
vez, não somos os mesmos, e também as águas mudaram. Para 050. (UEM) “É, pois, manifesto que a ciência a adquirir é a das
Heráclito, o ser é múltiplo [...] por ele estar constituído de oposições causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa
internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora,
surgimento de novos seres, mas a luta dos contrários [...]. É da luta causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por
que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.” causa a substância e a quididade (essência) (o ‘porquê’ reconduz-
(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: se pois a noção última, e o primeiro ‘porquê’ é causa e princípio);
Moderna, 2012, p.287).
A partir desta afirmação sobre a filosofia de Heráclito, assinale a segunda [causa] é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde
o que for correto. [vem] o início do movimento; a quarta [causa], que se opõe à
precedente, é o ‘fim para que’ e o bem (porque este é, com efeito,
01) O princípio motor do movimento é a tensão de forças o fim de toda a geração e movimento).”
(ARISTÓTELES. Metafísica, livro I, cap. III. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Abril
contrárias entre si. Cultural, 1979, p. 16).
02) Na Grécia arcaica ou pré-socrática, o curso dos rios não A partir do trecho citado e com base nos conhecimentos da
estava estabelecido, razão pela qual eles mudavam de lugar filosofia de Aristóteles, assinale o que for correto.
de um dia para outro.
04) O princípio do devir ou da transformação contínua visa 01) As causas são os princípios dos seres.
compreender a ordenação cosmológica do mundo. 02) Conforme o texto, só há uma única causa de todos os seres.
08) O surgimento de novos seres é explicado pela 04) A terceira causa, também conhecida como gênese ou origem,
intermediação divina, criadora ex nihilo. opõe-se à quarta causa, que é a finalidade ou o fim de algo.
16) A multiplicidade do real é pensada a partir do princípio 08) A matéria de algo é causa na medida em que não pode
lógico de não contradição entre o ser e o não ser. existir ser ou substância sem matéria.
16) O conhecimento verdadeiro de algo implica o conhecimento
048. (UEM) “Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser de suas causas.
é, e o nada, ao contrário, nada é: afirmação que bem deves
considerar. [...] Jamais se conseguirá provar que o não ser é; 051. (UEM) “O surgimento da polis como a primeira experiência
afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e de vida pública enquanto espaço de debate e deliberação tornou-
nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, se campo fértil para o florescimento da filosofia. Na praça pública,
nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecido ou Sócrates interrogava os homens e criava um novo método de
pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, reflexão que a história conheceu como a ironia e a maiêutica”
que te revelou minha palavra. Resta-nos assim um único caminho: (Filosofia. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 43).
o ser é.” Com base nessa afirmação e nos conhecimentos sobre a filosofia
(PARMÊNIDES. Poema. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Filosofia. RJ: Zahar, de Sócrates, assinale o que for correto.
2007, p. 13).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. 01) Ao afirmar que “só sei que nada sei”, Sócrates inicia, ainda
que de forma irônica, a busca filosófica pelo verdadeiro
01) Afirmar o que o ser é implica uma impossibilidade racional, conhecimento.
visto ser impossível descobrir a natureza das coisas. 02) A maiêutica socrática consiste na prática de ajudar as
02) Investigar o que é o ser implica fazer um discurso afirmativo pessoas a encontrar a verdade que traziam em si mesmas, ainda
sobre a natureza de algo. que elas não soubessem.
04) As experiências sensíveis não são suficientes para provar a 04) A prática de interrogar a tudo e a todos não incomodou o
natureza do ser ou o que ele é. poder constituído e levou Sócrates a ser condecorado pelos
08) Sobre o não ser, o que se pode afirmar é sua cidadãos de Atenas como exemplo a ser seguido.
impossibilidade, sendo vedado afirmar qualquer coisa. 08) Assim como os sofistas, a filosofia de Sócrates acontece na
16) O não ser é impossível de ser demonstrado racionalmente. praça pública de Atenas e promove um debate amplo sobre o
que é o cidadão e o que deve ser a cidade.
049. (UEL-2003) “Se chegasse à nossa cidade um homem 16) A ironia é uma forma de tratar o saber e aparece na história
aparentemente capaz, devido à sua arte, de tomar todas as formas também como reação ao dogmatismo, isto é, quando existem
e imitar todas as coisas, ansioso por se exibir juntamente com os verdades impostas pelas crenças ou pela autoridade, impedindo
seus poemas, prosternávamo-nos diante dele, como de um ser as pessoas de pensarem livremente.
sagrado, maravilhoso, encantador, mas dir-lhe-íamos que na nossa
cidade não há homens dessa espécie, nem sequer é lícito que 052. (UEM) “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com
existam, e mandá-lo-íamos embora para outra cidade, depois de efeito, nós o identificamos com o bem primeiro e inerente ao ser
lhe termos derramado mirra sobre a cabeça e de o termos coroado humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa e a
de grinaldas.” ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção
(PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7. ed. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 1993. p. 125.) entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem primeiro e
inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em
que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o 055. (UEM) Protágoras de Abdera (480-410 a.C.) é
mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos considerado um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito
sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier tempo em Atenas, sendo atribuído à sua autoria a seguinte
depois de suportarmos essas dores por muito tempo” máxima da filosofia: “O homem é a medida de todas as coisas”.
(EPICURO. Carta sobre a felicidade. In: ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história Sobre Protágoras e os sofistas, assinale o que for correto.
da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 330).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
01) De forma semelhante a pensadores contemporâneos, os
01) Todos os seres humanos buscam prazer sempre e em tudo, sofistas problematizam a multiplicidade de perspectivas do
evitando toda e qualquer dor. conhecimento.
02) Os prazeres imediatos anulam as dores que podem decorrer 02) O relativismo de Protágoras pode ser defendido
desses. filosoficamente a partir da percepção do movimento, tese já
04) Dor e prazer não são contraditórios, pois de atos dolorosos defendida anteriormente por Heráclito.
podem advir situações prazerosas e vice-versa. 04) Platão e Aristóteles contrapuseram-se aos sofistas, ao não
08) A noção de prazer não está ligada somente à sensação defender o homem como medida de todas as coisas.
imediata, mas aos efeitos que uma ação pode gerar no ser 08) Em razão de seu humanismo, atribui-se a Protágoras a
humano. inversão coperniciana, isto é, a tese de que não é o sol que gira
16) A busca da felicidade na vida não se restringe a escolhas em torno da Terra, mas a Terra que gira em torno do sol.
prazerosas, mas a ações que geram prazer, apesar de essas 16) O saber contido na frase de Protágoras é prático, além de
conterem, às vezes, algumas doses de sacrifício. teórico, ou seja, mobiliza o campo da filosofia para a retórica.

053. (UEM) “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é 056. (UEM) Para Jean Pierre Vernant, o nascimento da filosofia,
nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a apesar de ser considerado um “milagre” grego, está ligado a
morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara condições históricas bem definidas. Entre as novidades materiais
de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da época, destacam-se a moeda e a escrita, e, no plano político,
da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e a isonomia e a isegoria. Sobre o surgimento da filosofia na
eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível Grécia, assinale o que for correto.
na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há
nada de terrível em deixar de viver. É tolo, portanto, quem diz ter 01) O surgimento da filosofia pode ser entendido como
medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, passagem da palavra mágica (inspirada por deus) à palavra
mas porque o aflige a própria espera.” dialogada (discutida pelos homens).
(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed. Unesp, 2002, p. 27. In: 02) A ágora, ou praça pública, é um lugar de debate político
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. SP: Saraiva, 2006, p. 97). onde se discutiam os interesses dos cidadãos.
A partir do trecho citado, é correto afirmar que 04) A assembleia dos guerreiros, que dava aos participantes
direitos iguais, é considerada um modelo de isonomia e de
01) a morte, por ser um estado de ausência de sensação, não é isegoria.
nem boa, nem má. 08) A economia pré-monetária e a oralidade marcam um
02) a vida deve ser considerada em função da morte certa. modelo de pensamento mítico e concreto.
04) o tolo não espera a morte, mas vive apoiado nas suas 16) Os primeiros filósofos são os sofistas, que apresentam, na
sensações e nos seus prazeres. academia de Atenas, um compêndio de fragmentos sobre a
08) a certeza da morte torna a vida terrível. metafísica.
16) a espera da morte é um sofrimento tolo para aquele que a
espera. 057. (UEM) Na Metafísica, Aristóteles afirma: “O ser se diz de
muitos modos, mas se diz em relação a um termo único e única
054. (UEM) Uma das obras de Platão (428-347 a.C.) mais natureza e não de modo equívoco. [...] uns são ditos ser porque
conhecidas é A República, na qual se encontra o mito da são substâncias, outros porque são afecções de substâncias, outros
caverna. “Platão imagina uma caverna onde pessoas estão porque são um caminho para a substância, ou destruições,
acorrentadas desde a infância, de tal forma que, não podendo ver privações, qualidades, causas produtivas ou geradoras para a
a entrada dela, apenas enxergam o seu fundo, no qual são substância ou do que é dito relativamente da substância, ou são
projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde negações de uma delas ou da substância; por esta razão dizemos
há uma fogueira. Se um desses indivíduos conseguisse se soltar das inclusive que o não ser é não ser”
correntes para contemplar, à luz do dia, os verdadeiros objetos, (ARISTÓTELES, Metafísica, livro IV, cap. 2. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula.
Volume 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 33-34).
ao regressar, relatando o que viu aos seus antigos companheiros,
esses o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.” A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H. Filosofando: introdução à filosofia. 3.ª ed. revista. São
Paulo: Moderna, 2003, p.121). 01) Um ser pode ser a negação de uma substância.
Sobre a citação acima e o alcance epistemológico do mito da 02) Do ser pode-se gerar uma substância, sem que isso que a
caverna, assinale o que for correto. gerou seja necessariamente uma substância.
04) A substância é anterior e prioritária ao ser.
01) As imagens produzidas na caverna são sombras que podem 08) A substância é necessariamente um ser.
ser confundidas com a realidade. 16) Uma das exigências da definição de ser é que ela seja
02) A todo aquele que sai da caverna é vetada a possibilidade unívoca.
de retorno.
04) A imagem da fogueira se contrapõe, fora da caverna, à 058. (UEM) Afirma o filósofo Epicuro (séc. III a.C.), conhecido
presença do sol, responsável pela verdadeira luz. pela defesa de uma filosofia hedonista: “(...) o prazer é o
08) Tal qual o mito da Esfinge, decifrado por Édipo, Platão começo e o fim da vida feliz. É ele que reconhecemos como o
descreve três estados da humanidade: infância, juventude e bem primitivo e natural e é a partir dele que se determinam
maturidade. toda escolha e toda recusa e é a ele que retornamos sempre,
16) Tal qual o mundo sensível, ilusório e efêmero, as imagens da medindo todos os bens pelo cânon do sentimento. Exatamente
caverna possuem um grau ontológico deficitário ou duvidoso. porque o prazer é o bem primitivo e natural, não escolhemos
todo e qualquer prazer; podemos mesmo deixar de lado muitos
prazeres quando é maior o incômodo que os segue.”
(EPICURO, A vida feliz. In: ARANHA, M. L.; MARTINS, M. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. 01) A palavra sofista vem de sophos, “sábio”, pois designava os
São Paulo: Moderna, 2005, p. 228.)
Considerando os conceitos de Epicuro, é correto afirmar que professores da sabedoria. Adquiriu, posteriormente, sentido
pejorativo, em virtude da utilização de raciocínios capciosos,
01) estudar todo dia não é bom porque a falta de prazer anula chamados “sofismas”.
todo conhecimento adquirido. 02) O pensamento dos sofistas foi valorizado por Georg
02) todas as escolhas são prazerosas porque naturalmente os Wilhelm Hegel, no século XIX, que chamava o período em que
seres humanos rejeitam toda dor. viveram de “Aufklärung grega”, comparado ao Iluminismo do
04) comer uma refeição nutritiva e saborosa em demasia é ruim século XVIII.
porque as consequências são danosas ao bemestar do corpo. 04) Os sofistas não representam a nobreza aristocrática
08) a beleza corporal é uma finalidade da vida humana porque enraizada de Atenas, razão pela qual não praticavam a
o prazer de ser admirado é a maior felicidade para o ser filosofia por amor à sabedoria, como Sócrates, Platão e
humano. Aristóteles, uma vez que, para garantir o subsistência, cobravam
16) o prazer não é necessariamente felicidade porque ele pode por suas aulas.
gerar o seu contrário, a dor. 08) Platão, na obra Teeteto, opõe-se radicalmente a
Protágoras, autor da afirmação “o homem é a medida de todas
059. (UEM) Os sofistas são conhecidos por serem os as coisas”.
“antifilósofos”, os adversários preferidos dos primeiros filósofos 16) Pelo teor fortemente relativista em suas teses sobre a origem
gregos. Entre as acusações a eles endereçadas estava que das espécies, Aristóteles também pode ser considerado um
“aboliram o critério, porque afirmam que todas as aparências e sofista.
todas as opiniões são verdadeiras e que a verdade é algo
relativo, pois que tudo o que é aparência ou opinião para um 062. (UEM) A filosofia ocidental origina-se na Jônia e na Magna
indivíduo existe [deste modo] para ele.” Grécia. Entre os primeiros filósofos jônicos, destacam-se os nomes
(MARQUES, M. P. Os sofistas: o saber em questão. In: FIGUEIREDO, V. de (Org.) Filósofos de Anaxágoras, Anaximandro, Anaxímenes e Tales de Mileto.
na Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, v. 2, p. 31). Sobre o pensamento dos filósofos jônicos, assinale o que for
Sobre a atitude filosófica dos sofistas, é correto afirmar que correto.
01) os sofistas não desejam a busca da verdade, pois essa era 01) Os filósofos jônicos polemizaram contra Sócrates e
uma tarefa dos filósofos. refutaram a filosofia socrática por considerá-la incapaz de
02) os sofistas não negavam a verdade, apenas apontavam os fundamentar qualquer verdade e, por conseguinte, conduzir os
problemas relativos à sua aquisição. homens ao ceticismo.
04) os sofistas apresentavam, com suas contraargumentações, 02) Sócrates criticava o caráter metafísico e subjetivista da
problemas relevantes para os filósofos. filosofia jônica, pois acreditava que a filosofia deveria indagar
08) filósofos e sofistas perfazem duas personagens relevantes a realidade objetiva.
da filosofia na Grécia antiga. 04) Empédocles, filósofo da Magna Grécia, concordava com os
16) os sofistas pretendiam desmascarar os filósofos na sua jônicos no que se referia à procura da origem, isto é, a arché do
capacidade de desvirtuar e iludir a juventude. cosmos na physis; todavia, Empédocles discordava dos jônicos,
quando eles procuravam a origem em um único elemento da
060. (UEM) Para Platão, o mundo sensível, que se percebe pelos matéria.
sentidos, é o mundo da multiplicidade, do movimento, do ilusório, 08) A filosofia jônica distingue-se da representação mítica do
sombra do verdadeiro mundo, isto é, o mundo inteligível das mundo, pois rompe com uma explicação monogenética e
ideias. Sobre a filosofia de Platão, assinale o que for correto. sobrenatural da origem do cosmos, além de apresentar uma
concepção natural e pluralista do universo.
01) É com a teoria da reminiscência que Platão explica como é 16) A filosofia pré-socrática, que inclui a escola jônica,
possível ultrapassar o mundo das aparências; essa teoria desenvolveu-se durante um período de grandes mudanças
permite explicar como os sentidos servem apenas para históricas ocorridas no nível jurídicopolítico da organização
despertar na alma as lembranças adormecidas do mundo das social da Grécia antiga.
ideias.
02) Para Platão, um homem só é um homem enquanto participa 063. (UEM) As considerações científicas da antiguidade, com o
da ideia de homem. desenvolvimento da matemática, da geometria, da astronomia,
04) A epistemologia e a filosofia política são, para Platão, duas da medicina, da física mecânica etc., representam o gênio e a
áreas de conhecimento dissociadas, pois a política deve se capacidade humana de compreender e explicar os fenômenos
submeter à realidade dos acontecimentos e não pode ser da natureza. Sobre a ciência na antiguidade, assinale o que for
orientada por um mundo ideal. correto.
08) Platão distingue quatro graus de conhecimentos: crença,
opinião, raciocínio e intuição intelectual. O raciocínio, que se 01) No pensamento pré-socrático, ciência e Filosofia estão
realiza de maneira perfeita na matemática, purifica o unidas, pois o estudo da arché, princípio de todas as coisas,
pensamento das crenças e opiniões e o conduz à intuição envolve a consideração de questões que, hoje, poderíamos
intelectual, ao verdadeiro conhecimento, isto é, às essências das chamar de científicas.
coisas – às ideias. 02) No Egito e na Grécia antiga, o desenvolvimento da
16) A teoria cosmológica do primeiro motor imóvel e a teoria matemática e da geometria está ligado ao conhecimento
estética da mímesis, de Aristóteles, fundamentam-se na teoria prático, cujo exemplo pode ser encontrado no teorema de
platônica da participação entre o mundo fenomênico e o mundo Pitágoras: “o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
das ideias. quadrados dos catetos”, que representa a possibilidade de
calcular a altura de uma pirâmide.
061. (UEM) São designados sofistas os interlocutores de Sócrates 04) O “juramento hipocrático”, que homenageia o pai da
e Platão, pertencentes ao século V a.C., que deram enfoque medicina, Hipócrates de Cós (século V a.C.), manifesta a prática
antropológico a questões morais, políticas e metafísicas que de concepções mágicas e supersticiosas com o corpo humano, na
debatiam. Sobre a filosofia dos sofistas, assinale o que for origem da ciência médica.
correto. 08) Entre os antigos, destaca-se um período de desinteresse dos
romanos pela ciência. Os romanos eram notáveis como
civilização essencialmente prática e pouco dada a especulações homens se corrompem mutuamente, e a virtude só pode ser
teóricas. encontrada se cada indivíduo viver isoladamente.
16) Após a morte de Alexandre, o Grande, a ciência 02) Aristóteles afirma que duas pessoas más podem ser amigas
matemática de Euclides, preocupada com o tao da física e o por prazer ou interesse, porém, pelo que são em si mesmas,
quantum da matéria, ocupa um lugar de destaque na cidade de somente pessoas boas podem cultivar a amizade.
Alexandria. 04) No cristianismo, a importância da amizade como fenômeno
humano primário declina na literatura filosófica. O conceito mais
064. (UEM) Ordem e desordem são princípios presentes nos amplo passa a ser o de caritas, conforme definido por Santo
deuses olímpicos (forças medidas) e nos deuses titânicos (forças Agostinho, isto é, o amor pelo meu semelhante em Deus.
desmesuradas, fora de medida), respectivamente, 08) Para Aristóteles, a amizade tem uma função política, já que
representantes da passagem do caos para a ordem, conforme mantém as cidades unidas, enquanto que, para Epicuro, a
a descrição mítica do mundo, anterior ao surgimento da Filosofia. amizade e a política não possuem nenhuma compatibilidade.
Sobre a herança mítica na Filosofia, assinale o que for correto. 16) No existencialismo de Jean-Paul Sartre, a amizade consiste
no ser-para-outro, momento em que ela deixa de existir como
01) Sófocles, Aristófanes, Hesíodo e Homero são autores que ser-para-mim e estabelece com os homens o principal objetivo
legaram à Filosofia a compreensão mítica, não racionalizada, da vida, a solidariedade.
do pensamento grego arcaico.
02) O livro do Gênesis, na Bíblia Sagrada, contém o ato divino 067. (UEM) A matemática origina-se das necessidades que
da criação do mundo, presente no primeiro capítulo da surgem de determinadas atividades práticas, tais como medir
Teogonia, de Hesíodo. terrenos para reparti-los entre os membros de uma comunidade,
04) O advento da pólis e a invenção da moeda e da escrita avaliar distâncias entre lugares geográficos no exercício da
colaboraram para a passagem do mito à razão filosófica, que navegação, quantificar bens econômicos para distribuí-los ou
está direcionada para as questões do tempo presente. vendê-los. Pode-se afirmar que na sua origem a matemática é
08) A finalidade dos concursos trágicos, no século V a.C., é a de um conjunto de atividades práticas não constituídas por um
fazer renascer, nos habitantes da polis, aspectos do mito, sob a sistema de conhecimento científico. Sobre o exposto, assinale o
forma do drama. que for correto.
16) Segundo a elaboração do mito, Édipo é o primeiro cidadão
que defende o livre arbítrio e uma explicação racional para a 01) Foram os gregos que transformaram o conhecimento
permanência, a mudança e a continuidade das coisas. empírico da arte de contar e medir em ciência. Na obra de
Euclides, que trata da geometria e da teoria dos números,
065. (UEM) A filosofia de Epicuro (341 a 240 a.c.) pode ser encontra-se a matemática constituída num sistema científico.
caracterizada por uma filosofia da natureza e uma 02) Pitágoras de Samos considera que a arché de todos as
antropologia materialista; por uma ética fundamentada na coisas, princípios de onde deriva a harmonia da natureza, é
amizade e a busca da felicidade nos princípios de autarquia feita à imagem da harmonia do número.
(autonomia e independência do sujeito) e de ataraxia 04) Os gregos deram uma grande contribuição para o avanço
(serenidade, ausência de perturbação, de inquietação da da ciência matemática quando introduziram o número cardinal
mente). Sobre a filosofia de Epicuro, assinale o que for correto. zero como expressão da ausência de quantidade.
08) Na Academia de Platão, só eram aceitas a álgebra e a
01) A filosofia de Epicuro fundamenta-se no atomismo de aritmética; a geometria era excluída, pois representava os
Demócrito. Epicuro acredita que a alma humana é formada de objetos do mundo sensível.
um agrupamento de átomos que se desagregam depois da 16) A matemática na Grécia clássica concebeu o número da
morte, mas que não se extinguem, pois são eternos, podendo mesma maneira como é conceituado pela matemática moderna.
reagrupar-se infinitamente. Por essa razão, a matemática pode ser considerada uma ciência
02) Para Epicuro, a amizade se expressa, sobretudo, por meio que nunca mudou, no decorrer da história, seus paradigmas.
do engajamento político como forma de amar todos os homens
representados pela pátria. 068. (UEM) Sócrates foi um dos mais importantes filósofos da
04) Epicuro, como seu mestre Demócrito, foi ateu, considera que antiguidade. Para ele, a filosofia não era um simples conjunto
a crença nos deuses é o resultado da fantasia humana produzida de teorias, mas uma maneira de viver. Sobre o pensamento e a
pelo medo da morte. vida de Sócrates, assinale o que for correto.
08) Epicuro critica os filósofos que ficavam reclusos no jardim das
suas academias e ensinavam apenas para um grupo restrito de 01) Sócrates acreditava que passar a vida filosofando, isto é, a
discípulos. Acredita que a filosofia deve ser ensinada nas praças examinar a si mesmo e a conduta moral das pessoas, era uma
públicas. missão divina na qual um deus pessoal o auxiliava.
16) Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois, enquanto 02) Nas conversações que mantinha nos lugares públicos da
vivemos, a morte está ausente e quando ela for presente nós não Atenas do século V a.C., Sócrates repetia nada saber para,
seremos mais; portanto, a vida e a morte não podem encontrar- assim, não responder às questões que formulava e motivar seus
se. Devemos exorcizar todo temor da morte e sermos capazes interlocutores a darem conta de suas opiniões.
de gozar a finitude da nossa vida. 04) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade nasce de
um acordo ou de um contrato social, Sócrates escreveu a
066. (UEM) A amizade, chamada de filia pelos gregos, é República, na qual demonstra ser o homem um animal político.
definida por Nicola Abbagnano (Dicionário de Filosofia) como, 08) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia em
em geral, a comunhão entre duas ou mais pessoas ligadas por questionar e em investigar a natureza dos princípios e dos
atitudes concordantes e por afetos positivos. O conceito de valores que devem governar a vida. Assim se comportando,
amizade recebe, porém, variações conotativas no decorrer da Sócrates contraiu inimizades de poderosos que o executaram
história da Filosofia. Com base nessa afirmação, assinale o que sob a acusação de impiedade e de corromper a juventude.
for correto. 16) A maiêutica socrática é a arte de trazer à luz, por meio de
perguntas e de respostas, a verdade ou os conhecimentos mais
01) A Filosofia epicurista, conhecida também como a Filosofia importantes à vida que cada pessoa retém em sua alma.
do jardim, desprezava a amizade, pois acreditava que os
069. (UEM) Na Grécia arcaica, a geração da ordem do mundo 16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final de
é apresentada por mitos que narram a genealogia e a ação de uma coisa são, respectivamente, o agente que atua sobre essa
seres sobrenaturais. A filosofia, com a escola jônica, caracteriza- coisa e o fim a que ela se destina.
se por explicar a origem do cosmos, recorrendo a elementos ou
a processos encontrados na natureza. Assinale o que for correto. 072. (UEM) “Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando
numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de
01) O mito é incapaz de instituir uma realidade social, pois seu uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na
caráter fantasioso não possui credibilidade alguma para seus frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância,
ouvintes. algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que
02) A transformação de uma representação dominantemente não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o
mítica do mundo para uma concepção filosófica expressa, entre que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os
os séculos VIII e VI a. C., na antiga Grécia, uma mudança habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros,
estrutural da sociedade. consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na
04) Os filósofos da escola jônica realizaram uma ruptura parede ao fundo da caverna?”.
definitiva entre a mitologia e a filosofia; depois deles, não é (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002.
p. 83).
possível encontrar, no pensamento filosófico, presença alguma Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele
de mitos. representa, assinale o que for correto.
08) O mito de Édipo, encontrado na tragédia de Sófocles, será
aproveitado por Sigmund Freud para explicar o complexo de 01) No mito da caverna, Platão pretende descrever os
édipo como causa de determinadas neuroses. primórdios da existência humana, relatando como eram a vida
16) Homero foi o primeiro historiador grego. Na Ilíada e na e a organização social dos homens no princípio de seu processo
Odisseia, descreve o comportamento de homens heroicos cujas evolutivo, quando habitavam em cavernas.
ações não possuem mais componente mitológico algum. 02) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e
parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento
070. (UEM) Os filósofos pré-socráticos tentaram explicar a filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua
diversidade e a transitoriedade das coisas do universo, famosa teoria das Idéias.
reduzindo tudo a um ou mais princípios elementares, os quais 04) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação
seriam a verdadeira natureza ou ser de todas as coisas. Assinale espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover,
o que for correto. libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos
preconceitos.
01) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo Aristóteles, teria 08) É uma característica essencial da filosofia de Platão a
afirmado “tudo é água”, indicando, assim, um princípio material distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro
elementar, fundamento de toda a realidade. ocupado pelas Ideias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos,
02) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do universo. que participam daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.
Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo muda; que a 16) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla
mudança é a passagem de um contrário ao outro e que a luta e a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna para
a harmonia dos contrários são o que gera e mantém todas as libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na
coisas. concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o
04) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. Deduziu mais apto a governar a cidade.
a imobilidade e a unidade do ser do princípio de que “o ser é”
e “o não-ser não é”, elaborando uma primeira formulação dos 073. (UEM) Os gregos da Antiguidade Clássica tiveram
princípios lógicos da identidade e da não-contradição. consciência dos limites da experiência na obtenção do
08) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco conhecimento humano. O desenvolvimento da matemática deve-
significativas para o desenvolvimento da filosofia e da ciência, se à necessidade de suprir esses limites, desde então a
uma vez que os pré-socráticos sofreram influência do matemática é incorporada como parte importante de muitas
pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram fragmentos correntes filosóficas. Assinale o que for correto.
e comentários de autores posteriores.
16) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui de 01) A matemática pré-helênica não chegou a desenvolver
átomos, isto é, partículas indivisíveis e invisíveis que, movendo-se conceitos como “proporção”, “demonstração”, “definição”,
e agregando-se no vácuo, formam todas as coisas; geração e “postulado”, “axioma”. Todos esses termos aparecem na obra
corrupção consistiriam, respectivamente, na agregação e na de Euclides.
desagregação dos átomos. 02) Na Grécia clássica, a noção de número tem um sentido bem
diferente da noção de número na matemática moderna. A noção
071. (UEM) Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção de número para os gregos da Antiguidade indica aquilo que é
entre ato e potência, Aristóteles busca explicar a realidade do capaz de ter partes; para eles, “dois” é a soma de duas
devir e da mudança a que estão submetidas as coisas causadas. unidades, ou duas quantidades “discretas”, três é o triplo da
Assinale o que for correto. unidade, etc.
04) O intercâmbio cultural que Aristóteles manteve com a
01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da civilização persa resultou na incorporação da álgebra na
potência ao ato; o ato é o estado de plena realização de uma matemática praticada pelos filósofos gregos, particularmente
coisa; a potência, a capacidade que algo tem para assumir uma pelos pitagóricos.
determinação. 08) O nível de formalização de problemas matemáticos que
02) Segundo Aristóteles, tudo o que acontece tem suas causas, encontramos nos Elementos de Euclides recebeu importante
essas são a explicação ou o porquê de certa coisa ser o que é. subsídio das discussões filosóficas da Grécia clássica,
04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final principalmente com Platão e os matemáticos que faziam parte
são os quatros sentidos que Aristóteles distingue no termo causa. da Academia.
08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal de 16) Para Platão, a primeira etapa do conhecimento inteligível é
uma coisa são, respectivamente, aquilo de que essa coisa é feita representada pela dianóia, isto é, o conhecimento discursivo e
e aquilo que ela essencialmente é. mediatizador, que estabelece ligações racionais: é o
conhecimento típico das matemáticas.
concepção filosófica fundamentada na razão (lógos), e as leis
074. (UEM) “Os antigos, ou melhor, os antiquíssimos, (teólogos), de origem divina confrontam-se com as leis escritas. A tragédia
transmitiram por tradição a nós outros seus descendentes, na forma expressa os conflitos e os impasses em que se encontram não
do mito, que os astros são Deuses e que o divino abrange toda a apenas a pólis, mas também a alma (psyché) do homem grego.
natureza ... Costuma-se dizer que os Deuses têm forma humana, ou Assinale o que for correto.
se transformam em semelhantes a outros seres viventes ... Porém,
pondo-se de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto 01) A tragédia grega criticava o povo, era uma arte elitista à
é, se se acreditou que as substâncias primeiras eram Deuses, qual só a aristocracia podia assistir.
poderia pensar-se que isto foi dito por inspiração divina ...” 02) Ésquilo, ao escrever Prometeu Acorrentado, defende que
(Aristóteles, Metafísica, XII, 8, 1074b, apud Mondolfo, O pensamento antigo, I, São Paulo: todos os homens, inclusive os escravos, fossem libertados da
Mestre Jou, 1964, p.13).
Com base nesse excerto e no seu conhecimento sobre a questão obrigatoriedade do trabalho, de forma que pudessem gozar a
da origem da filosofia, assinale o que for correto. vida no benefício do ócio e do prazer.
04) Aristóteles, na Poética, afirma que a tragédia nasceu de
01) Antes de fazerem filosofia, os gregos já indagavam sobre a formas líricas como o ditirambo, isto é, um canto coral em louvor
origem e a formação do universo; e as respostas a esse a Dionísio, o deus do vinho.
problema eram oferecidas sob a forma de mito, isto é, por meio 08) Sófocles escreveu uma tragédia intitulada Édipo Rei, que
de uma narrativa alegórica que descreve a origem ou a trata do patricídio e da prática do incesto, essa tragédia é
condição de alguma coisa, reportando a um passado imemorial. utilizada por Sigmund Freud para elaborar a teoria do
02) Na Teogonia, Hesíodo descreve a gênese do mundo complexo de Édipo na psicanálise.
coincidindo com o nascimento dos deuses; as forças e os domínios 16) É uma das características da tragédia grega representar a
cósmicos não surgem como pura natureza, mas sim como vontade e as ações humanas tentando, em vão, escapar ao
divindades: Gaia é a Terra, Urano é o Céu, Cronos é o Tempo, destino que impera sobre a vida do homem.
aparecendo ora por segregação, ora pela intervenção de Eros,
princípio que aproxima os opostos. 077. (UEM) Sócrates representa um marco importante da história
04) Os primeiros filósofos gregos buscaram descobrir o princípio da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava
(arché) originário de todas as coisas, o elemento ou a substância com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o
constitutiva do universo; elaborando uma cosmologia, não se conhecimento indagando o homem. Assinale o que for correto.
contentavam com doutrinas divinamente inspiradas, mas
tentavam compreender racionalmente o cosmo. 01) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante
08) Os gregos foram pouco originais no exercício do dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.
pensamento crítico racional; apropriaram-se das conquistas 02) Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista da
científicas e do patrimônio cultural de civilizações orientais com maior parte de seus diálogos, o seu mestre.
mínimas alterações. 04) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica
16) É tese hoje bastante aceita que o nascimento da filosofia na e a ironia.
Grécia não foi um “milagre” realizado por um povo 08) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro
privilegiado, mas a culminação de um processo lento, tributário pelos seus ensinamentos.
de um passado mítico, e influenciado por transformações 16) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria,
políticas, econômicas e sociais. com isso, sinalizar a necessidade de adotar uma nova atitude
diante do conhecimento e apontar um novo caminho para a
075. (UEM) O Período Helenístico inicia-se com a conquista sabedoria.
macedônica das cidades-estados gregas. As correntes filosóficas
desse período surgem como tentativas de remediar os 078. (UEM) Aristóteles considera que só o homem é um animal
sofrimentos da condição humana individual: o epicurismo político, porque somente ele é dotado de linguagem na forma
ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo de palavra (lógos) e com ela pode exprimir o bem e o mal, o
instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os justo e o injusto. O fato de os homens poderem estabelecer em
acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a comum esses valores é o que torna possível a vida social e
suspender os julgamentos sobre os fenômenos. Sobre essas política. Assinale o que for correto.
correntes filosóficas, assinale o que for correto.
01) A retórica é a arte da eloquência, de bem falar e
01) Os estóicos, acreditando na ideia de um cosmo harmonioso argumentar. Foi utilizada na Antiguidade Clássica como um dos
governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e principais recursos da política.
feliz é o homem que vive de acordo com a natureza e a razão. 02) Os sofistas desenvolveram e ensinaram a retórica como
02) Conforme a moral estóica, nossos juízos e paixões dependem instrumentalização da linguagem cujo objetivo era torná-la uma
de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas estratégia para vencer adversários nos embates políticos.
temos. 04) Para os gregos antigos, a palavra mito (mythos) significa
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o narrativa, é a palavra que narra a origem dos deuses, do
verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de mundo, dos homens, da comunidade humana e da vida do grupo
sofrimentos do corpo e de perturbações da alma. social.
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é 08) A linguagem para os gregos antigos tem duas formas de
para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos expressão: o mythos e o lógos. O mythos desenvolve a palavra
nós que deixamos de ser. mágica e encantatória; o lógos, a linguagem como poder de
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões conhecimento racional.
são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras 16) A obra filosófica de Platão é isenta de qualquer mito, é o
nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da que permite caracterizá-la como sendo absolutamente
suspensão do juízo advém a paz e a tranquilidade da alma. racionalista.

076. (UEM) A tragédia grega teve seu auge entre os séculos VI HISTÓRIA DA FILOSOFIA (MEDIEVAL – PATRÍSTICA E
e IV a.C. É a expressão de profundas mudanças ocorridas na ESCOLÁSTICA)
ordem sociopolítica e cultural dessa época. A mitologia já não é
a única forma de representação do mundo, mas rivaliza com a
079. (UEM) “Vi claramente que todas as coisas boas podem, 082. (UEM) A palavra religião vem do latim religio, formada
entretanto, se corromper, e não se poderiam corromper se fossem pelo prefixo re (“outra vez, de novo”) e o verbo ligare (“ligar,
sumamente boas, nem tampouco se não fossem boas. Se fossem unir, vincular”). A religião é um vínculo entre o mundo profano e
absolutamente boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada o mundo sagrado. A tentativa para transformar a religião em
de bom nelas, não poderiam se corromper. [...] Portanto, todas as saber racional chama-se Teologia. Sobre as relações entre
coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma Filosofia e Teologia, assinale o que for correto.
substância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou
seria uma substância incorruptível e então seria um grande bem, 01) Santo Agostinho, na obra As confissões, não admite que a
ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não religião possa ser transformada em Teologia, pois a
poderia se corromper. Percebi, portanto, e isto pareceu-me racionalização da religião significaria a destruição da fé.
evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma 02) Para Aristóteles, a metafísica é, ao mesmo tempo, a ciência
substância que Vós [Deus] não criastes.” do ser como tal e a ciência da substância eterna, imóvel e
(AGOSTINHO. O problema do mal. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. separada, ou seja, Deus, por isso, chamou também a metafísica
RJ: Ed. Zahar, 2007, p. 63).
A partir do exposto, assinale o que for correto. de Teologia.
04) O teólogo medieval Guilherme de Ockham desenvolveu uma
01) Em todas as coisas existe algum bem. ética da liberdade que se opõe a uma Teologia, cujo objetivo é
02) Se tudo que existe foi Deus quem criou e o mal existe, logo legitimar a teocracia.
Deus criou coisas más. 08) O teólogo protestante Martin Lutero rompe com a Santa Sé,
04) O mal existe no mundo e é um algo, uma substância. porque considerava que a Igreja católica apostólica romana não
08) Mal e bem, para Agostinho, não são juízos que os homens respeitava o princípio teológico do livre-arbítrio.
emitem sobre as coisas. 16) A religião e a Teologia cristã nunca foram fundamentalistas,
16) Para Agostinho, é impossível que Deus criasse algo que não pois esta é uma característica da religião islâmica, que é ímpia.
fosse bom.
083. (UEM) Filosofia patrística, representada principalmente por
080. (UEM) “Os artigos de fé não são princípios de demonstrações Santo Agostinho, inicia no séc. I d.C. e termina no séc. VIII d.C.,
nem conclusões, não sendo nem mesmo prováveis, já que parecem quando teve início a Filosofia medieval. Com base na afirmação
falsos para todos, para a maioria ou para os sábios, entendendo acima, assinale o que for correto.
por sábios aqueles que se entregam à razão natural, já que só de
tal modo se entende o sábio na ciência e na filosofia.” 01) Um dos motivos pelo qual Santo Agostinho escreve A cidade
(OCKHAM, G. [1280-1349]. In: COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia, São Paulo: de Deus foi para eximir o cristianismo, depois da tomada de
Saraiva, 2006, p. 120). Roma por Alarico, das acusações de ser a causa da decadência
A partir do trecho citado, é correto afirmar que do Império Romano.
02) A patrística introduziu, no pensamento filosófico, ideias
01) os argumentos calcados na fé não podem ser submetidos a desconhecidas pelos filósofos greco-romanos, como a ideia de
demonstrações lógicas. criação do mundo a partir do nada, a escatologia do fim dos
02) o filósofo apresenta a típica separação entre aquilo que é tempos e a ressurreição dos mortos.
do domínio da fé e do domínio da razão para o pensamento 04) A patrística é um esforço para conciliar o cristianismo com o
medieval. pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois acreditava
04) os artigos de fé são falsos por natureza, visto que não estão que somente com tal conciliação seria possível a conversão dos
submetidos nem à ciência nem à filosofia. pagãos.
08) as demonstrações e as conclusões, para os filósofos, não 08) Um dos principais temas da Filosofia patrística é o da
podem ser deduzidas a partir de princípios falsos. possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé. Santo
16) a distinção entre a teologia e a ciência ou a filosofia está, Agostinho considerava que a razão e a fé são conciliáveis, mas
entre outras coisas, nos diferentes procedimentos ou nos métodos subordinava a razão à fé.
de comprovação utilizados por elas. 16) A Filosofia medieval conserva e discute problemas da
patrística e acrescenta outros, como o problema dos universais.
081. (UEM) Um texto de um filósofo anônimo da Idade Média A partir do séc. XII, a Filosofia medieval passa a ser chamada
apresenta de modo claro um problema central para a filosofia de escolástica.
e a ciência do seu tempo. Ele afirma: “Boécio divide em três as
partes da ciência especulativa: natural, matemática e teológica. 084. (UEM) A patrística surge no séc. II d.c. e estende-se por todo
Da mesma forma, o Filósofo [isto é, Aristóteles] divide-a em o período medieval conhecido como alta Idade Média. É
natural, matemática e metafísica. Assim, isto que Boécio chama considerada a filosofia dos Padres da Igreja. Entre seus
teologia, o Filósofo chama metafísica. Elas são, portanto, objetivos encontramos a conversão dos pagãos, o combate às
idênticas. Mas a metafísica não é acerca de Cristo. Logo, a heresias e a consolidação da doutrina cristã. Sobre a patrística,
teologia também não o é” assinale o que for correto.
(Quaestio de divina scientia. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. Vol. 3. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 68).
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A patrística deixa de ser predominante como doutrina do
cristianismo quando, a partir do séc. IX, surge uma nova corrente
01) A teologia apresenta-se na Idade Média como a ciência filosófica denominada escolástica, que atinge o apogeu no séc
principal. XIII.
02) A teologia é objeto da filosofia de Aristóteles, apesar de 02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo escreveu o
ela não ter esse nome para ele. livro Confissões, razão pela qual é considerado o primeiro
04) A teologia é uma ciência que não diz respeito à investigação filósofo cristão.
da natureza de Cristo. 04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo Agostinho,
08) A teologia é, para esses filósofos, tão científica quanto a tomam ideias da filosofia clássica grega, particularmente de
matemática. Platão, que são adaptadas às necessidades das verdades
16) A teologia e a metafísica são conhecimentos adquiridos por expressas pela teologia cristã.
meio da ciência especulativa. 08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e razão
caracteriza-se por um predomínio da fé sobre a razão; em
Santo Agostinho, a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada.
16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ajudou 04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção dos
Santo Agostinho a compreender os princípios da filosofia de universais, ou seja, acreditou que os universais têm realidade
Aristóteles, sem a qual Santo Agostinho não poderia construir seu objetiva.
próprio sistema filosófico. 08) Para os nominalistas, como Roscelino, os universais são
simples palavras que expressam os conteúdos mentais.
085. (UEM) Na Idade Média, o patrimônio cultural do Ocidente 16) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero, espécie ou
cristão é enriquecido com valiosas contribuições dos intelectuais propriedade predicada de vários indivíduos.
muçulmanos. O renascimento cultural promovido pelos árabes no
Oriente, nos séculos VIII e IX, é marcado por avanços científicos 088. (UEM) Na obra A Essência do Cristianismo, Feuerbach faz
e pela retomada do pensamento racional grego. Assinale o que uma crítica à religião cristã. Para ele, o homem aliena sua
for correto. essência na religião, pois os seres humanos se esquecem de que
foram os criadores da divindade e invertem a relação quando
01) Os cientistas islâmicos foram responsáveis pela introdução acreditam que foram criados pelos deuses. Assinale o que for
da álgebra, da trigonometria e do conceito do número zero na correto.
matemática.
02) O islamismo, por ser uma religião de caráter 01) Para Feuerbach, o verdadeiro fundamento do homem é
fundamentalista e fanático, perseguia persistentemente os apenas ele mesmo; assim, o único fundamento absoluto de todo
judeus e os cristãos, tendo como consequência a destruição pensamento humano é o homem como razão, como vontade,
sistemática da cultura judaico-cristã, tanto na península ibérica como coração.
quanto na itálica. 02) A teoria da alienação religiosa de Feuerbach ofereceu uma
04) Avicena, com suas obras Livro da cura e O cânon da contribuição importante à filosofia política, particularmente à de
medicina, monumentais enciclopédias médicas, trouxe à medicina Marx.
um desenvolvimento significativo. 04) Feuerbach critica a religião, todavia aceita a teologia, pois
08) Averróis foi médico e filósofo; na filosofia, destacase por ser acredita que ela pode nos conduzir a um conhecimento racional
um dos maiores comentaristas da obra do filósofo grego da essência de Deus.
Aristóteles, tornando-se, assim, um dos mais ilustres pensadores 08) A crítica de Feuerbach à alienação religiosa levou Marx a
da baixa Idade Média. aderir à filosofia existencialista de Feuerbach.
16) Os grandes cientistas renascentistas Galileu Galilei e 16) Quando Marx declara que a religião é o ópio do povo, ele
Nicolau Copérnico frequentaram as universidades árabes, onde concorda com Feuerbach que a religião é uma alienação; para
adquiriram conhecimentos que revolucionaram a ciência Marx, a religião amortece a combatividade dos oprimidos e dos
moderna. explorados, porque lhes promete uma vida feliz no futuro e no
outro mundo.
086. (UEM) “Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo
o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a 089. (UEM) A Filosofia Medieval a partir do século IX é chamada
alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas
um conselho que induza a perda (...) Conservarei imaculada minha das catedrais, a filosofia escolástica tinha por problema
vida e minha arte (...) Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada
doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário...” pelo exercício da razão, todavia apoiado na autoridade
(Juramento de Hipócrates. In: Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação. (Auctoritas), seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja, seja de
Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 260).
Assinale o que for correto. um sistema de filosofia pagã. Sobre a escolástica, assinale o que
for correto.
01) A medicina de Hipócrates pesquisou a influência dos
elementos naturais sobre a saúde humana, tais como o clima, os 01) O pensamento platônico, ou mais exatamente o
ventos, a qualidade da água e a alimentação. neoplatonismo de Plotino, porque mais facilmente conciliável com
02) Chama-se Bioética o ramo da ética que lida com as as doutrinas cristãs, foi a única filosofia pagã aceita durante
implicações morais decorrentes das práticas médicas, das toda a escolástica.
descobertas das ciências biológicas e das relações do homem 02) A fermentação intelectual e o interesse pelo racional na
com o meio ambiente. escolástica evidenciam-se pela criação de universidades por
04) Até o começo do Renascimento, no século XVI, a Igreja toda a Europa; o método de exposição das ideias filosóficas
Católica proibia a exumação e a dissecação de cadáveres nessas escolas era a disputa: uma tese era colocada e passava-
fundamentada na ética do juramento hipocrático. se a refutá-la ou a defendê-la com argumentos retirados de
08) Na filosofia socrática, a arte maiêutica significa a arte de alguma autoridade.
parir o conhecimento; Sócrates fundamentou seu método na 04) Representante do pensamento político da escolástica, o
prática obstetra da medicina hipocrática. cardeal Martin Heidegger trata, em sua obra Ser e Tempo, do
16) Hipócrates buscou, na Ética a Nicômaco, de Aristóteles, os problema da subordinação do poder temporal dos reis e dos
fundamentos da deontologia médica. nobres ao poder espiritual do Papa e da Igreja.
08) Um tema recorrente na filosofia escolástica foi a
087. (UEM) A questão dos universais é introduzida na Filosofia demonstração racional da existência de Deus. Santo
Medieval pelos comentários de Boécio à sua tradução da lógica Anselmo (1034-1109) formula a prova tradicionalmente
de Aristóteles no século VI. Todavia a polêmica acerca da chamada argumento ontológico, no qual deduz a existência de
existência real dos universais assume forma e importância maior Deus da própria ideia de perfeição de Deus.
a partir do século XI. Sobre a questão dos universais, assinale o 16) O apogeu da escolástica acontece no século XIII com Santo
que for correto. Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o pensamento
de Aristóteles, fez a síntese mais fecunda da filosofia com o
01) Para os realistas, os particulares são as coisas mais reais; cristianismo na Filosofia Medieval.
para os nominalistas, o mais real é o abstrato.
02) As coisas abrangidas por um universal, embora diversas e 090. (UEM) A questão dos universais foi um dos grandes
múltiplas, são semelhantes em alguns aspectos. problemas debatidos na Filosofia Medieval. A dificuldade era
determinar o modo de ser das ideias gerais, gêneros ou
espécies, tais como homem, animal etc.; ou seja, saber se os
universais correspondem a uma realidade fora de nós ou se são 04) A arte explora as disposições formal e material dos objetos
puras abstrações do espírito e sem realidade. Realismo e de modo inédito e contrário à expectativa usual dos mesmos.
nominalismo foram as duas soluções típicas do problema, 08) Na experiência estética pós-moderna, a imaginação está
surgindo o conceitualismo como solução intermediária. Em submetida a regras de imitação da natureza.
relação à questão dos universais, assinale o que for correto. 16) A representação fiel dos objetos do mundo, por mais
“naturalista” que seja, contém elementos espirituais e
01) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que os interpretativos.
universais existiam na realidade, independentemente das coisas
individuais. 093. (UEL-2004) Leia o texto a seguir.
02) Os realistas foram os primeiros filósofos a acreditarem na A relação entre arte e política suscita uma reflexão sempre
realidade virtual; foram, assim, precursores da inteligência polêmica que envolve arte e vida e não “arte pela arte” em
artificial. sentido estrito. De algum modo, a arte sempre esteve ligada à
04) Uma forma moderada de realismo foi defendida por Santo vida. Muitos artistas são tocados pelo instante em que vivem,
Tomás de Aquino, o qual, sob influência de Aristóteles, supôs que criando obras motivadas pela circunstância política ou social de
o universal estaria na coisa, como sua forma ou substância; seu tempo. Assim, muitos artistas foram importantes tanto do
depois da coisa, como conceito no intelecto; e antes da coisa, na ponto de vista artístico quanto do político, agregando à função
mente divina, como modelo das coisas criadas. estética a do comprometimento social. A arte engajada e
08) No conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais são comprometida, isto é, a arte como metáfora para uma crítica
conceitos que não existem na realidade, nem são meros nomes; social pode, portanto, ser observada ao longo da história da
eles são o significado dos nomes e podem subsistir mesmo na arte.
falta de particulares a que se apliquem. (Adaptado de AMARAL, Aracy. Arte e sociedade: uma relação polêmica. Disponível em:
<http:// www.itaucultural.org.br>. Acesso em 20 set. 2003.)
16) O nominalismo asseverou que os universais nada têm de Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto
real; são meros nomes, pois o que realmente existe são os afirmar que apresentam, de forma direta, a arte como crítica
particulares. social e política, apenas as imagens:
091. (UEM) A Patrística foi a Filosofia Cristã dos primeiros
séculos de nossa era. Consistia na elaboração doutrinal das
crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa contra os
ataques dos pagãos e contra as heresias. Dado o encontro entre
a nova religião e o pensamento filosófico greco-romano, o
grande tema da Filosofia Patrística foi o da possibilidade ou
impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo Agostinho,
expoente dessa filosofia, sobre a relação fé e razão, defendia
a tese que se pode resumir nesta frase: “Credo ut intelligam”
(Creio para entender).
A esse respeito, assinale o que for correto.

01) Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das


Ideias à luz do cristianismo e formula a teoria da iluminação
segundo a qual o homem recebe de Deus o conhecimento das
verdades eternas: à semelhança do sol, Deus ilumina a razão e
torna possível o pensar correto.
02) De acordo com Santo Agostinho, a razão é superior e
precede a fé; pois, se o homem, ser racional, for incapaz de
entender os ensinamentos religiosos, não poderá acreditar neles.
04) Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com a razão,
esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela subordinada. I. Napoleão primo console Jean-
08) Para Santo Agostinho, fé e razão são inconciliáveis, pois os Auguste Dominique Ingres, 1804.
mistérios da fé são insondáveis e manifestam-se como uma
loucura para a razão humana.
16) A fé, para Santo Agostinho, não oprime a razão, mas, ao
contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé mantinha fechados.
A partir dos princípios da fé, a razão, por suas próprias forças,
deduzirá consequências e tentará resolver os problemas que
Deus deixou para nossas livres discussões.

ARTE E ESTÉTICA

092. (UEM) “A luz, a cor, o volume, o peso, o espaço, enquanto


dados sensíveis, não são experimentados da mesma maneira na
vida do dia a dia e na arte. [...] O artista, portanto, não copia o
que é; antes cria o que poderia ser e, com isso, abre as portas da
imaginação.”
(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009. p.
418).
Sobre a experiência estética, assinale o que for correto. II. Banquete de los pobres Diego
Rivera , 1928.
01) O juízo estético pode ser identificado com o juízo moral e
com o juízo de conhecimento.
02) A arte é uma manifestação sensível.
01) Bornheim está se valendo do conceito hegeliano de morte
da arte, isto é, a mudança funcional da arte ao longo da
História.
02) A normatividade pertence ao conceito de imitação,
decorrente do movimento inaugural da arte e da crítica.
04) A elaboração estética do nosso tempo não mais defende
regras ou cânones objetivos.
08) A crítica de arte tornou-se obsoleta e descompromissada
com os artistas e com as obras de arte.
III. Banquete
16) O ato criador retornou ao conceito de obra-prima, segundo
dos oficiais da Milícia St. George Company Frans Hals, 1616.
os ideais de acabamento e perfeição formal do produto
artístico.

096. (UEM) A estética pós-moderna representa uma série de


transformações no contexto de produção, de exposição e de
fruição da obra de arte, tal como vinha sendo até o século XX.
Sobre a estética pós-moderna, é correto afirmar que

01) retorna ao naturalismo clássico, segundo o qual a arte imita


IV. a natureza.
Massacre na Coréia Pablo Picasso, 1951. 02) substitui o conceito de obra-prima pelas performances e
pelas instalações.
a) I e II. 04) constitui uma experiência voltada para a subjetividade do
b) I e III. espectador.
c) II e IV. 08) desenvolve o conceito iluminista de arte para a maioridade
d) I, III e IV. da razão.
e) II, III e IV. 16) utiliza recursos da mídia e da tecnologia de informação.

094. (UEL-2005) “[...] não é ofício do poeta narrar o que 097. (UEM) “Para Baumgarten, a estética tem exigências próprias
aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer em termos de verdade, pois alia a sensação e o sentimento à
dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. racionalidade. A estética, para ele, completa a lógica e deve dirigir
Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem a faculdade do conhecer pela sensibilidade. Define a beleza
verso ou prosa [...] diferem, sim, em que diz um as coisas que estética como ‘a perfeição – à medida que é observável como
sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é fenômeno do que é chamado, em sentido amplo, gosto – é a
algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere beleza’.”
aquela principalmente o universal, e esta o particular”. (ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. São
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. de Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. Paulo: Moderna, 2009, p. 402).
209.) Com base na afirmação anterior e nos seus conhecimentos de
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a estética em estética, assinale o que for correto.
Aristóteles, é correto afirmar:
01) Chamamos de juízo de gosto a apreciação subjetiva dos
a) A poesia é uma cópia imperfeita, realizada no mundo objetos.
sensível, sob a inspiração das musas e distante da verdade. 02) Baumgarten racionaliza a experiência artística.
b) Os poetas, de acordo com a sua índole, representam pessoas 04) O juízo estético reúne o entendimento e a sensibilidade.
de caráter elevado, como ocorre na tragédia, ou homens 08) A perfeição formal do objeto é um dado subjetivo.
inferiores, como na comédia. 16) A beleza é o resultado de aplicação de regras lógicas.
c) A poesia deve ser fiel aos acontecimentos históricos e
considerar os fatos em sua particularidade. 098. (UEM) “A obra de arte é o resultado de uma operação
d) A poesia deve a sua origem à história e a compreensão conjunta da natureza e do espírito, que se dá no artista
daquela supõe o entendimento da própria natureza do ser considerado como “gênio”, isto é, que cria sob o impulso obscuro
humano. da natureza; é o resultado de uma conjunção, ou melhor, de uma
e) A imitação, que ocorre na tragédia, representa uma ação coincidência entre este impulso natural, inconsciente, e a atividade
completa e de caráter elevado, de uma forma narrativa e não consciente, livre, voluntária. ‘A atividade livre torna-se
dramática. involuntária’, e a atividade espontânea, instintiva, torna-se livre. O
artista está acima ou aquém dos contrários, na origem das coisas,
095. (UEM) Sobre os movimentos e as revoluções estéticas ao semelhante a Deus. Ligando-se à origem das coisas, ele consegue
longo da História da Arte, o filósofo G. Bornheim diz o seguinte: decifrar a natureza inteira como um hieróglifo ou como uma obra
“Cabe afirmar que nunca a pesquisa e a elaboração estéticas cujo segredo conhece.”
foram tão intensas quanto em nosso tempo, e nunca também a (HAAR, M. A obra de arte. Tradução de Maria Helena Kühner. 2ª. ed. Rio de Janeiro:
DIFEL, 2007, p. 42-3. Coleção Enfoques – Filosofia)
preocupação com a normatividade se fez tão ausente. A razão
Sobre o excerto citado, assinale o que for correto.
mais palpável para explicar tal situação parece uma decorrência
do seguinte. É que a estética passa a integrar de modo
01) A arte é uma forma de saber ou um conhecimento que revela
completamente novo o ato criador do artista. No passado, a
a natureza implícita das coisas.
estética preexistia à ação criadora e impunha-se a ela, ao passo
02) O gênio é um conceito estético utilizado para designar a
que agora as inquietações estéticas são por assim dizer compostas
atividade criadora do artista.
juntamente com a elaboração da obra”
(BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de 04) Na obra de arte genial, liberdade do espírito e necessidade
textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 140). da matéria são coincidentes.
Segundo a afirmação acima e os conhecimentos de estética, 08) Como os hieróglifos, as obras de arte precisam ser
assinale o que for correto. interpretadas.
16) A arte deforma a natureza, pois o artista, ao contrário de europeia, desde que transformada num produto artístico de
Deus, não é perfeito. caráter nacional.
16) O Dadaísmo, que foi, inicialmente, um movimento literário
099. (UEM) “Para os filósofos gregos, a poesia, a pintura, a que propunha uma criação artística liberta das amarras do
escultura e até mesmo a música são artes miméticas, que têm por racionalismo, sugeriu uma arte como resultado do automatismo
essência a imitação”. psíquico e encontra-se na origem do movimento surrealista da
(NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5ª. ed. São Paulo: Ática, 2010, p.37). pintura.
Sobre o estatuto da mímesis, assinale o que for correto.
102. (UEM) Sob a influência do pensamento marxista, Bertolt
01) Para Platão, a pintura e a escultura não imitam a ideia, a Brecht cria um novo estilo de fazer teatro, denominado Teatro
forma essencial, que é a verdadeira realidade, mas a aparência Épico, que, em oposição à “Forma Dramática”, engloba a
sensível, defectiva e ilusória, que o conhecimento intelectual tem temática social em suas peças. Com base na afirmação acima,
por fim corrigir e conceitualizar. assinale o que for correto.
02) Aristóteles acredita que no homem a tendência imitativa está
associada à própria razão, a qual se manifesta na arte, que é 01) O Teatro Épico tem como objetivo tirar o disfarce do teatro.
um modo correto e racional de fazer e de produzir. Para Bertolt Brecht, o espectador deve tomar consciência de que
04) No teatro, o caráter mimético da arte expressa-se no uso da a história que se passa no palco não é verdadeira.
máscara, usada pelo herói, visto que representa sua verdadeira 02) Bertolt Brecht utiliza, no teatro, os recursos da narração, ao
personalidade. invés da ação, e o raciocínio, ao invés da emoção.
08) Entre os pré-socráticos, Heráclito defende o caráter mimético 04) O teatro de Augusto Boal e o de Bertolt Brecht têm em
da arte, cuja função é representar a unidade harmônica da comum incentivar o público a participar ativamente, interagindo
natureza. com a peça apresentada, de forma a engajar-se socialmente e
16) Para Sócrates, o artista, particularmente o escultor, quando politicamente.
na obra de arte alcança a beleza, consegue reproduzir o estado 08) Para Bertolt Brecht, a “Forma Dramática” de fazer teatro
interior, os movimentos da alma do seu modelo. consiste em fazer com que o público assista às peças,
identificando-se com elas e aceitando-as, como se suas
100. (UEM) A palavra arte vem do latim ars e corresponde ao representações fossem realidade.
termo grego tekhne, “técnica”, significando toda atividade 16) O Teatro Épico de Bertolt Brecht retoma a estrutura e os
humana submetida a regras, tendo em vista a fabricação de elementos que caracterizaram a tragédia grega.
alguma coisa que será acrescentada à natureza. Sobre o
conceito de arte, assinale o que for correto. 103. (UEM) A tragédia grega floresceu em um período curto
(525 – 406 a.C.). Seus autores mais famosos são Ésquilo,
01) Inicialmente ligada às atividades manuais dos artífices, a Sófocles e Eurípedes. Com base na afirmação acima, assinale o
arte, no período clássico, era um saber prático dotado de regras que for correto.
para a produção de um objeto artificial.
02) A partir do conceito de juízo de gosto, amplamente 01) A tragédia tem por matéria-prima as fábulas de Esopo e de
estudado por Immanuel Kant, a experiência artística visa ao La Fontaine, densas de personagens míticos e ação dramática.
ponto de vista do sujeito (espectador, ouvinte, leitor), que avalia 02) Platão, como se sabe, escreveu tragédias e manifestou, na
o objeto belo. sua obra mais importante, A
04) Para Maurice Merleau-Ponty, a arte funda uma tradição República, o apreço pelos rapsodos e poetas.
apoiada sobre outra tradição: a percepção, responsável pelos 04) Ao assassinar Laio e se casar com Jocasta, Édipo, na trilogia
nossos hábitos e, ao mesmo tempo, abertura para o mundo. tebana, é acusado de três crimes: regicídio, patricídio e incesto.
08) É particular à arte, em relação a outros tipos de atividades 08) A tragédia grega exprime um conflito insolúvel, levado a
humanas, o fato de não transformar ou transfigurar a realidade termo pela morte ou confinamento de suas partes conflitantes.
existente, ou seja, é neutra face ao mundo. 16) A tragédia confronta, no personagem do herói, o destino e
16) As artes mecânicas, nos séculos XVII e XVIII, intensificaram a a liberdade, recorrendo ao mito e aos esboços de um ser de
relação entre o artista e o sagrado, razão pela qual as vontade.
vanguardas modernas retornam às manifestações religiosas do
divino, pois é seu papel a preservação dos mitos. 104. (UEM) Os movimentos teóricos em estética, na pós-
modernidade, sofrem transformações, destacando-se, nos modos
101. (UEM) “A arte ocidental do século XX produziu uma ruptura de produção da obra de arte, a reprodutibilidade técnica e a
com o passado, libertando-se das regras tradicionais e da ideia indústria cultural. Com base nessa afirmação, assinale o que for
de representar com exatidão a forma visível dos objetos. Os correto.
artistas modernos desafiaram as convenções e os estilos da
época, seguindo o conselho do pintor Gauguin: ‘... quebrar todas 01) A partir da sociedade industrial ou pós-industrial, os objetos
as janelas velhas, ainda que cortemos os dedos nos vidros’.” de consumo, produzidos em série, são anônimos, descartáveis e
PAULA, C. A. et al. Artes. 2. ed. Curitiba: SEED, 2006, p. 69.
Com base na afirmação acima e nos seus conhecimentos sobre efêmeros, características que encontramos na indústria cultural.
arte moderna, assinale o que for correto. 02) Com o advento da tecnologia, a fotografia e o cinema são
possibilidades de manifestação estética acessíveis a um número
01) O movimento artístico chamado de Expressionismo foi uma maior de espectadores, colaborando para a formação de uma
reação às novas tendências da arte do século XX, pois sociedade unidimensional.
considerava a arte que não expressa a realidade uma forma 04) A sala de concerto e o museu exprimem as formas
estética decadente. tradicionais da obra de arte, contrapostas ao CD, DVD, MP3,
02) A atitude estética de Gauguin diante da arte é equivalente que são tecnologias portáteis, mas também modificadoras da
à atitude de Friedrich Nietzsche diante dos valores morais. experiência estética.
04) A pintura abstrata de Jackson Pollock caracteriza-se por 08) Com o advento da internet, o livro perdeu totalmente seu
uma dissociação entre o artista e o ato de criação da obra de lugar, permanecendo restrito aos intelectuais e frequentadores
arte, por uma capacidade de o autor alienar-se de sua obra. dos museus-biblioteca.
08) O quadro Abaporu dá início, nas artes brasileiras, ao 16) No mundo contemporâneo, a modificação do espaço
movimento conhecido como antropofágico, que aceita a arte urbano, com o fechamento das antigas salas de cinema do centro
das cidades e a construção dos shopping centers, acarreta uma comprometida com o processo de mudança capaz de libertar e
mudança na percepção estética. de emancipar o homem.
08) Schiller acredita que, na prática de uma cultura estética, a
105. (UEM) “Sob o nome de estética encontramos o ramo da humanidade pode reconciliar os impulsos sensuais e intelectivos,
filosofia que estuda racionalmente o belo e o sentimento que suscita harmonizando-os; essa reconciliação se dá por um novo modelo
nos seres humanos.” de sociedade em que a arte, com seu poder de criatividade,
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à pode libertar o homem do trabalho alienante, do sensualismo
filosofia p.369.)
Sobre os conceitos da filosofia aplicados à experiência estética, limitante, do prazer puramente físico e de um intelectualismo
assinale o que for correto. abstrato por teorias incompreensíveis.
16) A arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do
01) O processo criador das artes, no período clássico, é mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares
desarmônico e acidentado, sem prender-se ao estudo da quanto para o apreciador que se entrega a elas para penetrar-
proporção e das leis áureas de composição, simetria e lhes o sentido.
enquadramento.
02) Marcel Duchamp, sob o pseudônimo de R. Mutt, colocou um 108. (UEM) A Estética, enquanto disciplina filosófica, é o estudo
mictório como peça de exposição num museu, atacando, com dos sentimentos, dos conceitos e dos juízos resultantes de nossa
esse gesto, o conceito de arte clássica. apreciação das artes, ou da classe mais geral de objetos
04) Merleau-Ponty, em O olho e o espírito, aproxima-se de considerados tocantes, belos ou sublimes. O conceito de belo
Lessing e do tema clássico “ut pictura poiesis” [como a poesia, a relacionado com as artes recebeu, conforme a época histórica e
pintura], afirmando que a poesia pinta com as palavras e a as correntes filosóficas, definições divergentes. Assinale o que
pintura escreve com as cores. for correto.
08) Martin Heidegger, depois de 1930, abandona o projeto
esboçado em seu livro Ser e tempo e retorna aos poetas, 01) O quadro de Pablo Picasso, Guernica, que retrata os
sobretudo Hölderlin e Rilke, tendo em vista a faculdade horrores da Segunda Guerra Mundial, ao descrever o
nominativa e ontológica da linguagem. bombardeio sobre a cidade espanhola Guernica, não poderia
16) São conceitos fundamentais da estética de Nietzsche o ser considerado como uma obra de arte bela.
apolíneo e o dionisíaco, garantindo para a arte aspectos 02) Para Platão, os objetos são belos na medida em que
essenciais da existência, como o irracional e o inconsciente. participam do ideal de beleza, que é perfeito, imutável,
atemporal e suprassensível.
106. (UEM) As revoluções de paradigmas não acontecem 04) Aristóteles, na Poética, considera o teatro trágico a mais feia
apenas nas ciências. É possível também observá-las no mundo das artes, pois representa os piores dos sentimentos humanos.
da estética, seja nas artes plásticas, na música, no teatro, na 08) David Hume relativiza a beleza ao gosto de cada um. Aquilo
dança ou no cinema. Sobre os conceitos da estética, assinale o que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser
que for correto. discutido racionalmente.
16) A concepção de arte de Hegel provoca a revolução nas
01) Na sua obra República, Platão considera a poesia nociva artes ocorrida no século XX, inclusive influenciando os pintores
para a formação dos cidadãos, enquanto a música é necessária impressionistas.
para a formação dos guerreiros.
02) Para Aristóteles, as artes devem obedecer ao princípio da 109. (UEM) “Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma forma
mímesis, isto é, imitar a realidade. A tragédia é, para ele, a mais de o homem se relacionar com o mundo, forma que se renova
importante das artes, por expressar a realidade subjetiva do juntamente com a produção da vida. O homem (...) busca sempre
ser humano. novas possibilidades de existência, busca transcender, ultrapassar
04) O naturalismo é uma corrente artística que considera a e descortinar novas dimensões da realidade.”
(Filosofia, Ensino Médio. Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 309).
perfeição da natureza superior à arte, razão pela qual a arte Sobre a arte como forma de pensamento, assinale o que for
jamais consegue reproduzir a natureza. correto.
08) Na União Soviética, durante o stalinismo, a arte fica
totalmente submetida ao regime comunista, adquirindo uma 01) A arte fornece um entendimento do mundo dado pela
função eminentemente política, pois seus objetivos são manter a intuição, ou seja, por um conhecimento imediato da forma
lealdade ao Estado e despertar o sentimento cívico. concreta e individual, que não reporta à razão, mas ao
16) Na Idade Média, sob a influência da teologia cristã, houve sentimento e à imaginação.
uma valorização da natureza e do corpo humano, representados 02) A arte compartilha do mesmo universo conceitual da
na arte pictórica e na escultura que apresentam o corpo humano filosofia; pois, como esta, ela alcança uma compreensão do
na sua nudez. mundo por meio de conceitos logicamente organizados,
abstrações genéricas distantes do dado sensorial e do momento
107. (UEM) O significado etimológico da palavra estética traduz vivido.
a ideia de uma percepção totalizante e compreensão sensorial 04) A imaginação desempenha um papel fundamental na arte;
do mundo; como disciplina da filosofia, a estética estuda as é ela que faz a mediação entre o vivido e o pensado, entre a
teorias da criação e da percepção artística. Assinale o que for presença bruta do objeto e sua representação. Na medida em
correto. que torna o mundo presente em imagens, a imaginação nos faz
pensar.
01) Considerando que a obra de arte não entende o mundo por 08) A imaginação do artista é prisioneira da realidade e de sua
meio do pensamento lógico, podemos afirmar que é incapaz de vida cotidiana; e as escolas estilísticas determinam que tipo de
traduzir a realidade e fica, portanto, condenada ao âmbito da obra de arte vale a pena realizar. Sendo assim, o artista, a
ilusão. rigor, não cria coisa alguma, ele apenas copia o que é dado.
02) Aristóteles concebeu a arte como sendo expressão de um 16) Na experiência estética, sentimento e emoção são coisas
mundo ideal, a arte jamais deve imitar a realidade, pois, ao distintas. A emoção é um estado psicológico de agitação afetiva;
fazê-lo, degrada-se. o sentimento, como uma reação cognitiva, esclarece o que motiva
04) A arte pode ser realizada com uma função pedagógica; o a emoção. A emoção é uma maneira de lidarmos com o
pensamento estético de esquerda atribui à arte uma tarefa de sentimento.
crítica social e política, a arte deve ser engajada, isto é,
POLÍTICA 113. (UEL-2003) “Sabemos que Hobbes é um contratualista, quer
dizer, um daqueles filósofos que, entre o século XVI e o XVIII
110. (UEL-2003)“... os traços pelos quais a democracia é (basicamente), afirmaram que a origem do Estado e/ou da
considerada forma boa de governo são essencialmente os sociedade está num contrato: os homens viveriam, naturalmente,
seguintes: é um governo não a favor dos poucos mas dos muitos; sem poder e sem organização – que somente surgiriam depois de
a lei é igual para todos, tanto para os ricos quanto para os pobres um pacto firmado por eles, estabelecendo as regras de comércio
e portanto é um governo de leis, escritas ou não escritas, e não de social e de subordinação política.”
homens; a liberdade é respeitada seja na vida privada seja na vida (RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. In: WEFFORT, Francisco. Os
clássicos da política. São Paulo: Ática, 2000. p. 53.)
pública, onde vale não o fato de se pertencer a este ou àquele
partido mas o mérito.” Com base no texto, que se refere ao contratualismo de
(BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. Trad.
de Marco Aurélio Nogueira. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 141.) Hobbes, considere as seguintes afirmativas:
Com base no texto, considere as seguintes afirmativas sobre os
direitos fundamentais da democracia grega. I. A soberania decorrente do contrato é absoluta.
II. A noção de estado de natureza é imprescindível para essa
I. Todos os cidadãos submetem-se a uma elite, formada pelos teoria.
ricos, que governa privilegiando seus interesses particulares. III. O contrato ocorre por meio da passagem do estado social
II. Todos os cidadãos possuem os mesmos direitos e devem ser para o estado político.
tratados da mesma maneira, perante as leis e os costumes da IV. O cumprimento do contrato independe da subordinação
pólis. política dos indivíduos.
III. Todo cidadão tem a liberdade de expor, na assembleia, seus
interesses e suas opiniões, discutindo-os com os outros. Quais das afirmativas representam o pensamento de Hobbes?
IV. Todo cidadão deve pertencer a um partido para que suas
opiniões sejam respeitadas. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II.
b) Apenas as afirmativas I e III.
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III.
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. d) Apenas as afirmativas II e IV.
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. e) Apenas as afirmativas III e IV.
d) Apenas as afirmativas II e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas III e IV são corretas. 114. (UEL-2003) Leia o texto, que se refere à ideia de cidade
justa de Platão.
111. (UEM) “Uma das conquistas do liberalismo clássico é o ideal “Como a temperança, também a justiça é uma virtude comum a
do Estado não intervencionista, que deixa o mercado livre para sua toda a cidade. Quando cada uma das classes exerce a sua função
autorregulação. Trata-se do Estado minimalista, de baixa própria, ‘aquela para a qual a sua natureza é a mais adequada’,
intervenção, ou seja, de prevalência do livre mercado.” a cidade é justa. Esta distribuição de tarefas e competências resulta
(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, p. do fato de que cada um de nós não nasceu igual ao outro e, assim,
335).
Sobre a teoria liberal, assinale o que for correto. cada um contribui com a sua parte para a satisfação das
necessidades da vida individual e coletiva. (...) Justiça é, portanto,
01) O liberalismo, enquanto teoria econômica e política, no indivíduo, a harmonia das partes da alma sob o domínio
manifesta princípios ideológicos. superior da razão; no estado, é a harmonia e a concórdia das
02) Os pressupostos teóricos do liberalismo se originam do classes da cidade.”
(PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de justiça. In: BRITO, Adriano N.
pensamento de Karl Marx. de; HECK, José N. (Orgs.). Ética e política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.)
04) A privatização de instituições estatais e a abolição da Sobre a cidade justa na concepção de Platão, é correto afirmar:
reserva de mercado são ações de políticas neoliberais.
08) O liberalismo clássico defende o laissez-faire econômico a) Nela todos satisfazem suas necessidades mínimas, e inexistem
(“deixem fazer”) como uma política de Estado. funções como as de governantes, legisladores e juízes.
16) A finalidade do liberalismo é o equilíbrio social e a b) É governada pelos filósofos, protegida pelos guerreiros e
distribuição igualitária de renda entre os trabalhadores. mantida pelos produtores econômicos, todos cumprindo sua
função própria.
112. (UEL-2003) “Toda cidade [pólis], portanto, existe c) Seus habitantes desejam a posse ilimitada de riquezas, como
naturalmente, da mesma forma que as primeiras comunidades; terras e metais preciosos.
aquela é o estágio final destas, pois a natureza de uma coisa é seu d) Ela tem como principal objetivo fazer a guerra com seus
estágio final. (...) Estas considerações deixam claro que a cidade é vizinhos para ampliar suas posses através da conquista.
uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal e) Ela ambiciona o luxo desmedido e está cheia de objetos
social, e um homem que por natureza, e não por mero acidente, supérfluos, tais como perfumes, incensos, iguarias, guloseimas,
não fizesse parte de cidade alguma, seria desprezível ou estaria ouro, marfim, etc.
acima da humanidade.”
(ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Trad. de Mário da Gama Kuri. Brasília: Ed. Universidade de 115. (UEL-2004) Observe a charge e leia o texto a seguir.
Brasília, 1997. p. 15.)

De acordo com o texto de Aristóteles, é correto afirmar que a


pólis:

a) É instituída por uma convenção entre os homens.


b) Existe por natureza e é da natureza humana buscar a vida
em sociedade.
c) Passa a existir por um ato de vontade dos deuses, alheia à
vontade humana.
Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25.
d) É estabelecida pela vontade arbitrária de um déspota. “É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza,
e) É fundada na razão, que estabelece as leis que a ordenam. que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver
em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque
qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, a) I e II.
é um ser vil ou superior ao homem [...].” b) I e IV.
(ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. c) II e III.
p. 13.)
Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar: d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
a) O texto de Aristóteles confirma a ideia exposta pela charge
de que a condição humana de ser político é artificial e um 118. (UEL-2005) “Se todos os homens são, como se tem dito,
obstáculo à liberdade individual. livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser
b) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem
Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à o seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se
coletividade devendo seus representantes serem afastados do despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações
convívio social. da sociedade civil é através do acordo com outros homens para se
c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida
dimensão política do homem independe da convivência com seus confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com
semelhantes, uma vez que o homem basta-se a si próprio. segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra
d) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o aqueles que não são daquela comunidade”.
(LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. Trad. de Magda Lopes e Marisa
homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994. p.139.)
um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contrato social
interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado. em Locke, considere as afirmativas a seguir.
e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a
ideia de que a vida em sociedade degenera o homem, I. O direito à liberdade e à propriedade são dependentes da
tornando-o um animal. instituição do poder político.
II. O poder político tem limites, sendo legítima a resistência aos
116. (UEL-2005) “A escolha dos ministros por parte de um príncipe atos do governo se estes violarem as condições do pacto político.
não é coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, III. Todos os homens nascem sob um governo e, por isso, devem
de acordo com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira a ele submeter-se ilimitadamente.
impressão que se tem de um governante e da sua inteligência, é IV. Se o homem é naturalmente livre, a sua subordinação a
dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficientes e qualquer poder dependerá sempre de seu consentimento.
fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz
de reconhecer a capacidade e manter fidelidade. Mas quando a Estão corretas apenas as afirmativas:
situação é oposta, pode-se sempre dele fazer mau juízo, porque
seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os assessores”. a) I e II.
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, b) I e III.
2004. p. 136.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Maquiavel, é c) II e IV.
correto afirmar: d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
a) As atitudes do príncipe são livres da influência dos ministros
que ele escolhe para governar. 119. (UEL-2005) “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o
b) Basta que o príncipe seja bom e virtuoso para que seu primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto
governo obtenha pleno êxito e seja reconhecido pelo povo. é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-
c) O povo distingue e julga, separadamente, as atitudes do lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não
príncipe daquelas de seus ministros. pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou
d) A escolha dos ministros é irrelevante para garantir um bom enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Defendei-
governo, desde que o príncipe tenha um projeto político perfeito. vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os
e) Um príncipe e seu governo são avaliados também pela frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!’”.
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
escolha dos ministros. desigualdade entre os homens. Trad. de Lourdes Santos Machado. São Paulo:
Nova Cultural, 1997. p. 87.)
117. (UEL-2005) “Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento
ao contrato uma soberania absoluta e indivisível [...]. Ensina que, político de Rousseau, é correto afirmar:
por um único e mesmo ato, os homens naturais constituem-se em
sociedade política e submetem-se a um senhor, a um soberano. Não a) A desigualdade é um fato natural, autorizada pela lei
firmam contrato com esse senhor, mas entre si. É entre si que natural, independentemente das condições sociais decorrentes
renunciam, em proveito desse senhor, a todo o direito e toda da evolução histórica da humanidade.
liberdade nocivos à paz”. b) A finalidade da instituição da sociedade e do governo é a
(CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. Trad. preservação da individualidade e das diferenças sociais.
de Lydia Cristina. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1995. p. 73.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contrato político c) A sociabilidade tira o homem do estado de natureza onde
em Hobbes, considere as afirmativas a seguir. vive em guerra constante com os outros homens.
d) Rousseau faz uma crítica ao processo de socialização, por ter
I. A renúncia ao direito sobre todas as coisas deve ser recíproca corrompido o homem, tornando-o egoísta e mesquinho para com
entre os indivíduos. os seus semelhantes.
II. A renúncia aos direitos, que caracteriza o contrato político, e) Rousseau valoriza a fundação da sociedade civil, que tem
significa a renúncia de todos os direitos em favor do soberano. como objetivo principal a garantia da posse privada da terra.
III. Os procedimentos necessários à preservação da paz e da
segurança competem aos súditos cidadãos. 120. (UEL-2005) “As instâncias do Poder, que os cidadãos
IV. O contrato que funda o poder político visa pôr fim ao estado acreditavam terem instalado democraticamente, estão, sob o peso
de guerra que caracteriza o estado de natureza. da crítica, em vias de perder sua identidade. A opinião não lhes
confere mais o certificado de conformidade que a legitimidade
Estão corretas apenas as afirmativas: deles exige. Jürgen Habermas [...] vê nessa situação ‘um problema
de regulação’. A opinião pública, abalada em suas crenças mais b) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas
firmes, não dá mais sua adesão às regulações que o direito dizem respeito à esfera privada da vida em sociedade.
constitucional ou, mais amplamente, o direito positivo do Estado c) Dependente da religião, devendo ser conduzido por
formaliza”. parâmetros ditados pela Igreja.
(GOYARD-FABRE, Simone. O que é democracia?. Trad. de Cláudia Berliner. São Paulo: d) Dependente da ética, devendo ser orientado por princípios
Martins Fontes, 2003. p. 202-203.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre os Estados morais válidos universal e necessariamente.
Democráticos de Direito na contemporaneidade, é correto e) Independente das pretensões dos governantes de realizar os
afirmar: interesses do Estado.

a) A atual identidade das instâncias do poder é confirmada pela 123. (UEL-2004) “Não sendo o Estado ou a Cidade mais que uma
“crítica”. pessoa moral, cuja vida consiste na união de seus membros, e se o
b) Legalidade e legitimidade das instâncias de poder são mais importante de seus cuidados é o de sua própria conservação,
coincidentes nos Estados Democráticos de Direito. torna-se-lhe necessária uma força universal e compulsiva para
c) A regulação das instituições de poder deve ser independente mover e dispor cada parte da maneira mais conveniente a todos.
da opinião pública. Assim como a natureza dá a cada homem poder absoluto sobre
d) A legitimidade das instâncias de poder deve ser baseada no todos os seus membros, o pacto social dá ao corpo político um
direito positivo. poder absoluto sobre todos os seus, e é esse mesmo poder que,
e) A opinião pública é que deve dar legitimidade às instâncias dirigido pela vontade geral, ganha, como já disse, o nome de
de poder. soberania.”
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Trad. de Lourdes Santos Machado. 3.ed.
São Paulo: Nova Cultural, 1994. p. 48.)
121. (UEL-2004) “Uma vez que constituição significa o mesmo que De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os conceitos de
governo, e o governo é o poder supremo em uma cidade, e o Estado e soberania em Rousseau, é correto afirmar:
mando pode estar nas mãos de uma única pessoa, ou de poucas
pessoas, ou da maioria, nos casos em que esta única pessoa, ou as a) A soberania surge como resultado da imposição da vontade
poucas pessoas, ou a maioria, governam tendo em vista o bem de alguns grupos sobre outros, visando a conservar o poder do
comum, estas constituições devem ser forçosamente as corretas; ao Estado.
contrário, constituem desvios os casos em que o governo é exercido b) O estabelecimento da soberania está desvinculado do pacto
com vistas ao próprio interesse da única pessoa, ou das poucas social que funda o Estado.
pessoas, ou da maioria, pois ou se deve dizer que os cidadãos não c) O Estado é uma instituição social dependente da vontade
participam do governo da cidade, ou é necessário que eles impositiva da maioria, o que configura a democracia.
realmente participem.” d) A conservação do Estado independe de uma força política
(ARISTÓTELES. Política. Trad. de Mário da Gama Kury. 3.ed. Brasília: Editora UNB, 1997. coletiva que seja capaz de garanti-lo.
p. 91.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as formas de e) A soberania é estabelecida como poder absoluto orientado
governo em Aristóteles, analise as afirmativas a seguir. pela vontade geral e legitimado pelo pacto social para garantir
a conservação do Estado.
I. A democracia é uma forma de governo reta, ou seja, um
governo que prioriza o exercício do poder em benefício do 124. (UEM) “Como qualquer sociedade política não pode existir
interesse comum. nem subsistir, sem ter em si o poder de preservar a propriedade,
II. A democracia faz parte das formas degeneradas de e, para isso, castigar as ofensas de todos os membros dessa
governo, entre as quais destacam-se a tirania e a oligarquia. sociedade, haverá sociedade política somente quando cada um dos
III. A democracia é uma forma de governo que desconsidera o membros renunciar ao próprio poder natural, passando-o às mãos
bem de todos; antes, porém, visa a favorecer indevidamente os da comunidade em todos os casos que não lhe impeçam de recorrer
interesses dos mais pobres, reduzindo-se, desse modo, a uma à proteção da lei por ela estabelecida. [...] Sempre que, portanto,
acepção demagógica. qualquer número de homens se reúne em uma sociedade de tal sorte
IV. A democracia é a forma de governo mais conveniente para que cada um abandone o próprio poder executivo da lei de
as cidades gregas, justamente porque realiza o bem do Estado, natureza, passando-o ao público, nesse caso e somente nele haverá
que é o bem comum. uma sociedade civil ou política.”
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1983,p. 67).
A partir do texto citado, é correto afirmar:
Estão corretas apenas as afirmativas:
01) Um dos fundamentos da sociedade política é a renúncia
a) I e III. entre os membros contratantes do poder natural em nome do
b) I e IV. poder político.
c) II e III. 02) A sociedade política é fundada para a preservação da
d) I, II e III. propriedade.
e) II, III e IV. 04) A lei na sociedade civil é estabelecida com base na lei da
natureza.
122. (UEL-2004) “O maquiavelismo é uma interpretação de O 08) Para que haja sociedade política se faz necessário um
Príncipe de Maquiavel, em particular a interpretação segundo a número mínimo de cidadãos.
qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e 16) A sociedade política não anula ou suprime os direitos e
conservação do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio garantias da lei natural, ao contrário, as protege de qualquer
de utilidade e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes um que queira violá-las.
dos de conveniência e oportunidade.”
(BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo
Fait. 3.ed. Brasília: Editora da UNB, 1984. p. 14.) 125. (UEM) “Resta agora ver quais devem ser os modos e os atos
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para de governo de um príncipe para com os súditos ou para com os
Maquiavel o poder político é: amigos. E porque sei que muitos escreveram sobre isso, temo,
escrevendo eu também, ser considerado presunçoso, sobretudo
a) Independente da moral e da religião, devendo ser conduzido porque, ao debater esta matéria, afasto-me do modo de raciocinar
por critérios restritos ao âmbito político. dos outros. Mas, sendo a minha intenção escrever coisa útil a quem
a escute, pareceu-me mais convincente ir direto à verdade efetiva
da coisa do que à imaginação dessa. E muitos imaginaram 16) A sociedade civil deve proteger não somente os indivíduos
repúblicas e principados que nunca foram vistos, nem conhecidos contratantes, mas também as suas propriedades.
de verdade.”
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Hedra, 2009, p. 159). 128. (UEL-2003) - Leia o texto a seguir.
A partir do texto citado assinale o que for correto. Estado Violência
Sinto no meu corpo
01) Maquiavel defende uma teoria imaginária de governo, e A dor que angustia
não uma proposta real e factível. A lei ao meu redor
02) Maquiavel afirma que as repúblicas e os principados nunca A lei que eu não queria
foram conhecidos de verdade. Estado violência
04) Maquiavel se considera presunçoso por conhecer demais o Estado hipocrisia
tema. A lei que não é minha
08) Maquiavel propõe um discurso político que trate de coisas A lei que eu não queria (...)
reais e possíveis no mundo da política. (TITÃS. Estado Violência. In: Cabeça dinossauro. [S.L.] WEA, 1986, 1 CD (ca. 35’97”).
16) Maquiavel propõe um discurso político que se volte para o Faixa 5 (3’07”).)
comportamento do governante, para sua atuação e para o A letra da música “Estado Violência”, dos Titãs, revela a
modo como ele deve se comportar no governo. percepção dos autores sobre a relação entre o indivíduo e o
poder do Estado. Sobre a canção, é correto afirmar:
126. (UEL-2003) “A liberdade natural do homem deve estar livre
de qualquer poder superior na terra e não depender da vontade a) Mostra um indivíduo satisfeito com a sua situação e que apóia
ou da autoridade legislativa do homem, desconhecendo outra o regime político instituído.
regra além da lei da natureza. A liberdade do homem na sociedade b) Representa um regime democrático em que o indivíduo
não deve estar edificada sob qualquer poder legislativo exceto participa livremente da elaboração das leis.
aquele estabelecido por consentimento na comunidade civil...” c) Descreve uma situação em que inexistem conflitos entre o
(LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o governo civil. Trad. de Magda Lopes e Marisa Estado e o indivíduo.
Lobo da Costa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. p. 95.) d) Relata os sentimentos de um indivíduo alienado e indiferente
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema da à forma como o Estado elabora suas leis.
liberdade em Locke, considere as seguintes afirmativas: e) Apresenta um indivíduo para quem o Estado, autoritário e
violento, é indiferente a sua vontade.
I. No estado civil as pessoas são livres porque inexiste qualquer
regra que limite sua ação. 129. (UEM) “O princípio que rege o anarquismo é a preferência
II. No estado pré-civil a liberdade das pessoas está limitada por alternativas de organização voluntária em oposição ao Estado,
pela lei da natureza. considerado nocivo e desnecessário. Para os anarquistas, se a
III. No estado civil a liberdade das pessoas edifica-se nas leis religião, o Estado e a propriedade contribuíram em determinado
estabelecidas pelo conjunto dos membros dessa sociedade. momento histórico para o desenvolvimento humano, passaram
IV. No estado pré-civil a liberdade das pessoas submete-se às depois a restringir sua emancipação.”
leis estabelecidas pelos cidadãos. (ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. Filosofando. Introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo,
Moderna, 2009, p. 327).
Quais das afirmativas representam o pensamento de Locke A partir dessa afirmação e dos conhecimentos sobre o
sobre liberdade? anarquismo, assinale o que for correto.

a) Apenas as afirmativas I e II. 01) Desde as comunidades primitivas até a organização social
b) Apenas as afirmativas I e IV. moderna, Estado, religião e direito à propriedade colaboraram
c) Apenas as afirmativas II e III. para a concretização de projetos de emancipação humana.
d) Apenas as afirmativas II e IV. 02) Os anarquistas defendem o individualismo e o estado de
e) Apenas as afirmativas III e IV. guerra de todos contra todos.
04) Os anarquistas condenam o funcionamento das políticas de
127. (UEM) “Suponhamos os homens chegando àquele ponto em Estado e consideram que os homens devem seguir práticas de
que os obstáculos prejudiciais à sua conservação no estado de regramento espontâneas e naturais.
natureza sobrepujam, pela sua resistência, as forças de que cada 08) Na sociedade anarquista, a ordem deve ser expressão da
indivíduo dispõe para manter-se neste estado. Então, esse estado autodisciplina e da cooperação voluntária. Esse tipo de
primitivo já não pode subsistir, e o gênero humano, se não mudasse ordenação é mais legítimo do que as leis do Estado.
de modo de vida, pereceria. [...] ‘Encontrar uma forma de 16) Apesar do movimento anarquista não reivindicar a formação
associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada de partidos políticos estruturados, defende o ativismo político e
associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo- a propagação de ideologias libertárias.
se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim
tão livre quanto antes’. Esse, o problema fundamental cuja solução 130. (UEM) “Designar um homem ou uma assembleia de homens
o contrato social oferece.” como portador de suas pessoas, admitindo-se e reconhecendo-se
(ROUSSEAU. J-J. O Contrato Social. São Paulo: Editora Nova Cultural, 2005, p. 69-70). cada um como autor de todos os atos que aquele que assim é
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. portador de sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que
disser respeito à paz e à segurança comuns; todos submetendo
01) A sociedade civil que nasce do contrato social exige a desse modo as suas vontades à vontade dele, e as suas decisões à
instalação de um poder político absoluto sobre todos os sua decisão. Isto é mais do que consentimento ou concórdia, é uma
cidadãos. verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa,
02) O estado de natureza pode colocar em risco a vida humana realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de
e, no limite, até o gênero humano. um modo que é como se cada homem dissesse a cada homem:
04) O contrato social proposto é um acordo entre os homens Autorizo e transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a
para solucionar, entre outras dificuldades, os problemas este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de
relativos à conservação da vida presente no estado de natureza. transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira
08) A liberdade política na sociedade civil é mais limitada em semelhante todas as suas ações. Feito isso, a multidão assim unida
relação à liberdade presente no estado de natureza. numa só pessoa chama-se República, em latim Civitas”
(HOBBES, T. Leviatã In: Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 364- 16) A autoridade, na medida em que se vincula a um indivíduo,
365).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. não pode ser transferida para outra pessoa.

01) A República proposta pressupõe a renúncia à liberdade 133. (UEM) “É costume de nossos tribunais condenar alguns para
política dos homens. exemplo dos outros. Condená-los unicamente porque erraram seria
02) O consentimento que funda a República não é mera inepto, como diz Platão. O que está feito não se desfaz; mas é
passividade, mas exige aceitação e participação na para que não tornem a errar ou a fim de que os outros atentem
comunidade política. para o castigo. Não se corrige quem se enforca; corrigem-se os
04) A República é como um indivíduo que governa o conjunto ou demais com ele. Eu faço a mesma coisa. É certo que os meus erros
a assembleia dos contratantes. são naturais e incorrigíveis, mas assim como os homens de bem
08) Essa noção de República funda-se na transferência do oferecem ao povo o exemplo do que este deve fazer, eu os convido
direito de autogoverno em nome da assembleia, que terá por a não me imitarem”
(MONTAIGNE, M. Da arte de conversar. In: Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 2005, p.
missão preservar a união de todos. 245).
16) O pacto social que funda a República não se faz entre A partir do trecho acima, assinale o que for correto.
indivíduos, mas de cada indivíduo com o restante do corpo
político. 01) A punição de um crime não desfaz o erro cometido.
02) Os tribunais não fazem justiça, pois aplicam ao sentenciado
131. (UEM) “A passagem do estado natural ao estado civil produz uma punição em vista dos outros.
no homem uma mudança notável, substituindo em sua conduta o 04) O efeito educador da punição não está no temor que gera
instinto pela justiça, e conferindo às suas ações a moralidade que no restante da comunidade, mas no rigor da sentença.
anteriormente lhes faltava. É somente então que a voz do dever, 08) A imitação das boas ações não se funda no exemplo,
sucedendo ao impulso físico e o direito ao apetite, o homem, que conforme o ditado: “faça o que eu mando, mas não faça o que
até esse momento só tinha olhado para si mesmo, se visse forçado eu faço”.
a agir por outros princípios e consultar a razão antes de ouvir seus 16) A educação dos costumes não se faz visando ao passado,
pendores. [...] Reduzamos todo este balanço a termos fáceis de mas às ações futuras.
comparar; o que o homem perde pelo contrato social é a liberdade
natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e pode alcançar; 134. (UEM) “Porque há tanta diferença entre como se vive e como
o que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que se deveria viver, que quem deixa aquele e segue o que se deveria
possui” fazer apreende mais rapidamente a sua ruína que a sua
(ROUSSEAU, J. J. O Contrato Social. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, preservação: porque um homem que deseja ser bom em todas as
2009, p. 606-607).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. situações é inevitável que se destrua entre tantos que não são bons.
Assim, é necessário a um príncipe que deseja conservar-se no poder
01) O estado civil implica a conquista de novos direitos e a aprender a não ser bom e sê-lo e não sê-lo conforme a
conservação da liberdade civil para os homens. necessidade.”
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, cap. XV, p. 159).
02) A racionalidade inerente ao homem é um dos fatores Conforme o trecho citado, assinale o que for correto.
fundamentais para sua opção em viver no Estado civil.
04) No estado de natureza, não havia moralidade nas ações 01) No mundo da política, o agente político não deve pautar
humanas, porque os homens cediam aos impulsos e aos apetites suas ações apenas pelos princípios morais fundados na ideia de
naturais. bondade e de santidade.
08) A transformação que ocorre no homem na passagem do 02) O mundo da política não comporta ações virtuosas, mas sim
estado de natureza para a sociedade civil é a troca da ação traições e vilanias.
instintiva pela ação regulada pela razão e pela moralidade. 04) O mundo da política obriga o governante a tomar decisões
16) Na sociedade civil, o homem fica limitado politicamente, que contrariam os seus ideais de moralidade e de virtude em
visto que perde sua liberdade natural. nome da conservação do regime político.
08) Os ideais políticos não se fundam sobre a realidade do
132. (UEM) “A palavra auctoritas é derivada do verbo augere, mundo da política, donde suas inadequações e fracassos para
‘aumentar’, e aquilo que a autoridade ou os de posse dela aqueles que os seguem.
constantemente aumentam é a fundação. Aqueles que eram 16) O mundo da política exige ações más, porém disfarçadas
dotados de autoridade eram os anciãos, o Senado ou os paires, os de bondade, isto é, a total hipocrisia do político.
quais obtinham por descendência e transmissão (tradição) daqueles
que haviam lançado as fundações de todas as coisas futuras, os 135. (UEM) Segundo o pensador francês Voltaire (1694-1778):
antepassados chamados pelos romanos de maiores. [...] Para “É verdade que os magistrados não são senhores do povo: são as
compreender de modo mais concreto o que significava usufruir de leis que são as senhoras; mas o resto é absolutamente falso no
autoridade, é útil observar que a palavra auctores pode ser nosso e em todos os Estados. Temos o direito, quando somos
utilizada como o verdadeiro antônimo de artifices, os construtores convocados, de rejeitar ou de aprovar os magistrados e as leis que
e elaboradores efetivos, e isso justamente quando a palavra auctor nos propõem; não temos o direito de destituir os oficiais do Estado
quer dizer a mesma coisa que o nosso ‛autor’ ” quando nos aprouver: esse direito seria o código da anarquia. O
(ARENDET, H. O que é autoridade. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª
ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 103). próprio rei da França, quando deu o cargo a um magistrado, não
A partir do texto citado, assinale o que for correto. pode destituí-lo a não ser por um processo.”
(VOLTAIRE, Ideias republicanas por um membro do corpo. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia
de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 715)
01) A autoridade está ligada ao processo de fundação ou de A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
criação de algo.
02) A autoridade é sinônimo de autor, tal qual quando nós 01) Os magistrados são os senhores do povo e não podem ser
dizemos que alguém produziu algo. destituídos.
04) A autoridade, derivada do processo de criação de algo, 02) A lei deve estar acima de todos: reis, magistrados e povo.
vincula a coisa criada ao seu criador. 04) A liberdade do povo, expressa no poder de aprovação ou
08) A autoridade política é o uso do poder e da força do rejeição das leis, inexiste contra os magistrados.
Senado ou dos maiores. 08) A destituição dos magistrados de seus cargos públicos deve
ser algo previsto em lei e não ao arbítrio da vontade.
16) A liberdade da vontade de um indivíduo não pode estar 08) A liberdade civil não é uma conquista para os homens
acima das leis, sob o risco de cair-se na anarquia. porque eles perdem seu maior bem, a liberdade instintiva.
16) O estado natural é inseguro e injusto porque não há homens
136. (UEM) No Leviatã, o filósofo Thomas Hobbes (1588-1679) moralmente corretos.
afirma: “Este poder soberano pode ser adquirido de duas
maneiras. Uma delas é a força natural, como quando um homem 139. (UEM) Aristóteles, acerca do cidadão, afirma: “Em nada se
obriga os seus filhos a submeterem-se e a submeterem os seus define mais o cidadão, em sentido pleno, do que no participar
próprios filhos à sua autoridade, na medida em que é capaz de os das decisões judiciais e dos cargos de governo. Desses, uns são
destruir em caso de recusa. Ou como quando um homem sujeita limitados no tempo, de modo a não ser possível jamais a um
através da guerra os seus inimigos à sua vontade, concedendo-lhes cidadão exercer duas vezes seguidas o mesmo cargo, mas
a vida com essa condição. A outra é quando os homens concordam apenas depois de um intervalo definido. [...] Consideramos
entre si em se submeterem a um homem, ou a uma assembleia de cidadão o que assim pode participar, como membro, (quer da
homens, voluntariamente, confiando que serão protegidos por ele assembleia quer da judicatura)”.
contra os outros. Esta última pode ser chamada uma república (ARISTÓTELES, Política. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 76).
política, ou por instituição. À primeira pode chamar-se uma Esse conceito clássico de cidadania ainda é aplicável aos nossos
república por aquisição” dias. Com base no texto, é correto afirmar que
(HOBBES, T. Leviatã, cap. XVII. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de Textos Filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 366). 01) nas ditaduras, quando a população não pode participar das
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). decisões políticas, não há cidadania plena.
02) recusar-se a tomar parte nas decisões políticas não é um
01) República por aquisição é o poder soberano adquirido pela direito, mas uma afronta à cidadania.
força natural, como o poder de destruir em caso de 04) a cidadania é uma concessão dos governantes ao povo.
desobediência. 08) não há cidadania plena quando a população não tem como
02) República política é consequência dos acordos e pactos acessar às instituições públicas, como participar delas.
firmados entre os homens voluntariamente. 16) a cidadania se resume à democracia, que é o direito de
04) Os vencedores de uma guerra criam uma república por escolher os governantes.
instituição.
08) Os homens livres, ao pactuarem em assembleia, adquirem 140. (UEM) Tomás de Aquino (1225-1274), no seu livro A
uma república. Realeza, afirma: “Comecemos apresentando o que se deve
16) Instituir e adquirir são formas dos processos políticos entender pela palavra rei. Com efeito, em todas as coisas que
originários das repúblicas. se ordenam a um fim que pode ser alcançado de diversos modos,
faz-se necessário algum dirigente para que se possa alcançar o
137. (UEM) O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) fim do modo mais direto. Por exemplo, um navio, que se move
afirma: “Porque em toda cidade se encontram estes dois humores em diversas direções pelo impulso de ventos opostos, não
diversos: e nasce, disto, que o povo deseja não ser nem chegará ao seu fim de destino se não for dirigido ao porto pela
comandado nem oprimido pelos grandes e os grandes desejam habilidade do comandante”.
comandar e oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce (AQUINO, T. de. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In: Antologia de textos filosóficos.
na cidade de um desses três efeitos: ou o principado, ou a Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 667.)
liberdade, ou a licença” Conforme esse trecho, é correto afirmar que
(MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p. 109).
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) o rei, como um dirigente, não tem um poder opressor ou
dominador sobre os súditos.
01) O povo, ao não querer ser comandado, deseja comandar. 02) o rei é aquele que realiza as coisas sem intermediários.
02) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o desejo de 04) o rei não é necessário em todas as decisões, mas somente
dominar o povo, no caso os pobres. naquelas que envolvem interesses coletivos.
04) Povo e grandes formam dois grupos políticos distintos e 08) as ações do rei não precisam levar em conta os desejos dos
antagônicos em toda cidade. súditos, mas considerar aquilo que é melhor para o reino.
08) Os grandes se unem politicamente para se defenderem do 16) o rei ou o comandante tem a função de dirigir, orientar, o
desejo de dominação do povo. que não implica uma imposição de sua vontade aos súditos.
16) O fenômeno descrito era restrito às cidades italianas do
período histórico do filósofo. 141. (UEM) “São de índole democrática os seguintes
procedimentos: eleger todas as magistraturas entre todos os
138. (UEM) O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) diz cidadãos; governar todos a cada um, e cada um a todos, em
no Contrato Social: “A passagem do estado natural ao estado civil alternância; sortear as magistraturas ou na totalidade, ou então
produz no homem uma mudança notável, substituindo em sua só as que não exijam experiência ou habilitação; impedir que o
conduta o instinto pela justiça, e conferindo às suas ações a mesmo cidadão exerça duas vezes a mesma magistratura, a não
moralidade que anteriormente lhes faltava. [...] O que o homem ser em raras circunstâncias e apenas naquelas escassas
perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito magistraturas que não se relacionam com a guerra; reduzir ao
ilimitado a tudo que o tenta e pode alcançar; o que ganha é a mínimo o período de vigência de todas as magistraturas, ou
liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.” então, do maior número possível delas; atribuir administração
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Contrato Social. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: da justiça a todos os cidadãos escolhidos entre todos; depor a
SEED-PR, 2009, p. 606-607.)
A partir desse trecho, que reproduz uma concepção clássica da supremacia das decisões nas mãos da assembleia no tocante a
filosofia política contratualista, é correto afirmar que: todos os assuntos. Outro aspecto decisivo é o fato de nenhuma
magistratura ser vitalícia e, no caso de um determinado cargo
01) A opção pelo contrato social ocorre porque não há ter resistido a uma antiga reforma, ser democrático o fato de
garantias jurídicas no estado natural. restringir o seu poder fazendo que a magistratura seja ocupada
02) O estado natural é pautado por condutas instintivas porque por sorteio em vez de eleição.”
(ARISTÓTELES. Política. In: Filosofia. Livro Didático Público. Curitiba: SEED-PR, 2006.
não há limitações cívicas ou legais. p.170).
04) O contrato social garante mais liberdade civil porque os A partir dessas informações, assinale o que for correto.
homens agem moralmente.
01) Pode-se afirmar, segundo o texto, que o sorteio de cargos 16) Com a extensão do poder despótico, assiste-se a uma
políticos é preferível ao pleito eleitoral, uma vez que a eleição separação entre a autoridade militar e o poder civil. Uma das
pode favorecer a aristocracia e a oligarquia, bem como consequências disso é a submissão das decisões militares à
ameaçar a democracia. deliberação do poder político.
02) Os ideais democráticos descritos pelo texto estão de acordo
com os princípios de isonomia (igualdade de direitos perante a 144. (UEM) A Idade Média caracteriza-se por uma concepção
lei) e isègoria (igualdade de direitos ao uso político e público teocrática da política. O processo de secularização, que ocorre
da palavra). no bojo da modernidade, produz concepções laicas da política.
04) Segundo o texto, a escolha dos magistrados é endereçada Sobre os novos ideais da modernidade, assinale o que for
apenas àqueles que têm experiência e estão aptos a este ofício, correto.
já que nem todos os cidadãos têm direito a ocupar cargos
públicos. 01) A teoria política contratualista de Jean-Jacques Rousseau foi
08) As reformas administrativas, segundo o texto, entre outras utilizada como ponto de apoio pela burguesia, preocupada em
virtudes no campo democrático, servem para provocar novas modificar a ordem política e social.
eleições. 02) A teoria política de Thomas Hobbes ataca a ideia de
16) No texto, o estado de exceção, suscitado pela guerra, soberania do Estado e preconiza a organização pluralista de
representa o ponto mais alto para o exercício das ideias governo, que dá origem à formação do parlamentarismo inglês.
democráticas. 04) O termo secularização surgiu nos séculos XVI e XVII, no
campo jurídico, para indicar a passagem de um Estado religioso
142. (UEM) “Hobbes não viu que a mesma causa que impede os para um Estado secular, ou da transição de propriedades e
selvagens de usarem sua razão, como o pretendem os nossos prerrogativas eclesiásticas para instituições laicas.
jurisconsultos, impede-os também de abusar das suas faculdades, 08) Para Max Weber, o processo de secularização, que ocorre
como ele próprio o pretende; de sorte que se poderia dizer que os entre a modernidade e o fim da teocracia, teria como
selvagens não são maus precisamente porque não sabem o que é consequência a formação de um Estado democrático, que
ser bom” delegaria todo poder ao cidadão.
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades 16) Maquiavel preconiza, tanto em O Príncipe quanto em
entre os homens. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p.590).
A partir disso, assinale o que for correto. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, a
formulação de um Novo Estado, de caráter laico e autônomo em
01) Jean-Jacques Rousseau aplica à política o princípio relação ao poder espiritual dos pontífices.
ontológico aristotélico, segundo o qual o homem é uma criatura
criada por Deus. 145. (UEM) Entre os problemas principais da Filosofia, destaca-
02) As concepções diferentes que Thomas Hobbes e Jean- se a teoria do conhecimento, que tem por objetivo investigar as
Jacques Rousseau têm sobre a natureza humana os levam a fontes do conhecimento, as formas de juízos verdadeiros e as
divergir sobre a forma de organização que deve fundamentar regras para a obtenção do conhecimento seguro. Sobre a teoria
a sociedade civil. do conhecimento, assinale o que for correto.
04) De acordo com Rousseau, são dois os motivos de o homem
não ser mau no estado de natureza: em primeiro lugar, sendo 01) O problema do conhecimento, em suas diferentes formas de
isolado e não tendo as paixões do homem civil, o homem natural fundamentação, seja racional (através da razão) ou empírica
não ataca, não se vinga, não mata. Além disso, há no homem (através da experiência), não diz respeito ao nascimento da
natural, o sentimento de piedade. Filosofia, na Grécia antiga, nem à filosofia da Idade Média. Ele
08) Para Rousseau, o homem torna-se o lobo do homem, quando, se deve apenas à filosofia moderna.
ao afastar-se do estado de natureza, ele se perverte. 02) O sofista Protágoras, com a afirmação de que “o homem é
16) Segundo Hobbes, os homens tendem sempre para a guerra, a medida de todas as coisas”, pode ser considerado um
pois, se dois homens desejam a mesma coisa ao mesmo tempo, e precursor do relativismo contemporâneo, do ponto de vista da
esta é impossível de ser obtida por ambos, eles se tornam teoria do conhecimento.
inimigos. 04) O que diferencia, segundo Platão, opinião e conhecimento,
é que a opinião fornece apenas um quadro provisório do mundo,
143. (UEM) “Rompendo com o poder despótico, gregos e romanos ao passo que o conhecimento é o estudo do imutável e
inventaram o poder político porque: separaram a autoridade permanente.
pessoal privada do chefe de família (senhorio patriarcal e 08) Para René Descartes, o desejo de verdade não é suficiente
patrimonial) e o poder impessoal público, pertencente à para fundar o conhecimento, mas, sim, regras para a direção do
coletividade; separaram o privado e o público e impediram a espírito, estabelecidas pelo rigor de um método lógico e
identificação do poder político com a pessoa do governante”. metafísico.
(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.437-438). 16) Em se tratando das formas do conhecimento, para Platão,
Sobre as manifestações de poder político, assinale o que for no mito da caverna, abordado em A República, o conhecimento
correto. sensível é idêntico ao conhecimento inteligível.

01) Com os gregos e com os romanos, a política realiza-se 146. (UEM) Desde a filosofia da antiguidade clássica grega até
mediante a tomada de decisões que implica um processo a filosofia contemporânea, encontra-se, nas obras filosóficas,
deliberativo e aberto à participação dos cidadãos. formulado em várias concepções, o tema da relação entre saber
02) O fim do poder despótico permite uma mudança no teor das e poder. Sobre essa relação, assinale o que for correto.
leis, que deixa de ter um caráter divino, sobrenatural, para ter
seu fundamento na razão humana. 01) Para a teoria da ação comunicativa, de Jürgen Habermas,
04) A instauração de um poder político impessoal e público e a a linguagem deve ser imperativa, de forma que seja conhecida
separação entre a esfera privada e pública têm como e mantida a ordem social; isso explica por que o ato de fala
consequência o fim das lutas de classes. expressa sempre uma relação de poder.
08) O fim do poder despótico acarretou a eliminação do 02) Os sofistas utilizaram a retórica como uma forma de
monopólio da força e da violência, visto que o poder jurídico- maiêutica, de maneira que seus interlocutores, ao descobrirem a
político se concentra nas mãos do Estado. verdade, procuraram, além da ambição política, a melhor forma
de governo.
04) Nicolau Maquiavel considera que o príncipe pode governar 01) Através do modelo de sociedade patriarcal, os romanos
apenas com o uso do poder das armas e que o conhecimento da lançaram as bases ideológicas do processo democrático
realidade política é desnecessário. moderno, centrado na figura do pater.
08) Para Francis Bacon, o conhecimento e a ciência não são 02) Para Gerd Bornheim, o maior desafio das sociedades
apenas instrumentos de exercício do poder sobre a natureza, políticas contemporâneas é o de equacionar, no mesmo regime,
mas também devem ser postos a serviço do poder político, a democracia e o individualismo do sujeito autônomo.
fortalecendo o Estado. 04) Barão de Montesquieu, em O espírito das leis, condenou a
16) Michel Foucault inverte a relação tradicionalmente posta educação moral e cívica e a transformação do indivíduo em
entre saber e poder, segundo a qual o saber antecede o poder. cidadão, pois o homem é, na sua concepção, naturalmente bom,
Para ele, o poder não se encontra separado do saber, mas, sim, e a sociedade o corrompe.
é condição dele. 08) Jean-Jacques Rousseau, no Discurso sobre a origem e o
fundamento da desigualdade entre os homens, está em
147. (UEM) A Filosofia apresentou como debate político, ao desacordo com John Locke e Adam Smith, porque, para eles, é
longo da história, as questões da liberdade do indivíduo na importante garantir a propriedade privada à sociedade civil.
sociedade, teorizando a finalidade do Estado e das instituições 16) O utilitarismo, como princípio de extensão da felicidade ao
sociais. Sobre a natureza do debate filosófico acerca das maior número de pessoas, utiliza o conceito de alienação para
questões políticas, assinale o que for correto. o convencimento dos indivíduos ao interesse maior, que é o
Estado.
01) Em virtude da defesa da Igreja católica, a fundação do
Estado Moderno de Direito é essencialmente dogmática, já que 150. (UEM) Com a secularização do pensamento político,
os teóricos da Idade Média faziam da união dos planos humano filósofos do século XVIII procuram justificar racionalmente o
e divino a exigência central do republicanismo. poder do Estado sem a utilização de argumentos religiosos.
02) O debate político em torno dos ideais liberais e socialistas Recorrem, para isso, à ideia de contrato social como passagem
se dá no interior de questões religiosas, pois nem John Locke nem do estado de natureza à sociedade civil. Sobre o contratualismo
Thomas Hobbes desvinculam o debate político das questões clássico, assinale o que for correto.
metafísicas e morais.
04) A importância do projeto de Ludwig Feuerbach para a 01) Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes estão de acordo
filosofia da época é seu profundo apego ao cristianismo de quanto à forma de vida do homem pré-social ou natural, pois o
Hegel, razão pela qual defendeu, na Essência do Cristianismo, recurso ao estado de natureza é unânime e invariável entre os
a tese espiritualista de que o Estado é o poder de Deus em contratualistas clássicos.
nossas mãos. 02) Thomas Hobbes ilustra sua teoria política com um monstro
08) Para Karl Marx, não basta reivindicar a liberdade sem bíblico retirado do livro de Jó, o Leviatã, que é um ser artificial
tomar decisões históricas e efetivas, capazes de controlar os e idealizado pelos homens para representar o Estado.
meios de produção e formar a consciência de classe dos 04) A partir do conceito de vontade geral, Jean-Jacques
trabalhadores. Rousseau fundamenta sua teoria, para a qual o bem do Estado
16) São conceitos fundamentais do marxismo os conceitos de atinge todos os indivíduos.
fetiche da mercadoria, alienação política, ação política 08) O contratualismo clássico confunde, ao recorrer à hipótese
transformadora e emancipação humana. do estado de natureza, “origem” (termo lógico) e “início” (termo
histórico). Devido a isso, é uma teoria política controversa, na
148. (UEM) A filosofia política encontrou nas utopias contemporaneidade.
renascentistas uma forma peculiar de expressão em que a 16) À ideia de pacto social ou contrato, está associado o
imaginação e a razão conjugam-se para apresentar ideias “problema dos universais”, que vem da Idade Média.
sobre a melhor forma de organização social e política. Sobre o
papel das utopias, assinale o que for correto. 151. (UEM) Chama-se de terrorismo o ato de usar a violência
com a intenção de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas
01) Karl Marx e Friederich Engels criticaram as utopias por para fins políticos, religiosos, psicológicos, entre outros. Sobre o
considerá-las ideologias, isto é, sistemas de ideias dissociadas terrorismo, assinale o que for correto.
da realidade, bem como opuseram, ao socialismo utópico, o
socialismo científico. 01) Robespierre, na França pós-revolucionária, foi um exemplo
02) Thomas More, filósofo humanista renascentista, escreve A de abuso de governos que cerceavam a liberdade em nome da
Utopia para criticar a República de Platão e para afirmar sua liberdade, tendo como efeito a instauração de um período de
adesão à teoria política aristotélica. terror.
04) A Nova Atlântida, utopia escrita por Francis Bacon, reflete 02) Os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, quando
o novo espírito da Idade Moderna, que prestigia a técnica, a terroristas árabes, em atentado suicida, destruíram as torres
experiência e a observação dos fatos, rejeitando a filosofia gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, são expressão
contemplativa da antiguidade clássica. do “fogo amigo”, isto é, o ato de lesar a humanidade com a
08) A Utopia, de Thomas More, é uma obra de ficção científica ajuda de terceiros.
na qual está ausente a crítica social e econômica. Foi escrita com 04) O argumento contra o terrorismo pode ser usado,
o intuito de propor a modernização tecnológica da Inglaterra. ironicamente, como justificativa para a restrição dos direitos, a
16) O humanista renascentista Erasmo de Roterdam escreveu, supressão de garantias, a quebra de sigilo, a prisão sem provas
junto com Francis Bacon, várias utopias para denunciar a e outros, aumentando ainda mais a insegurança dos indivíduos.
insensatez, a loucura e os desmandos dos estados e governantes 08) Chamamos “crimes passionais” os atos de terrorismo
de sua época. psicológico e intimista que resultam de convicções filosóficas
profundas, como a percepção das injustiças sociais, a
149. (UEM) A democracia tornou-se o apanágio das sociedades concentração de renda, o monopólio dos cartéis etc.
políticas modernas, no entanto, do século V a.C. até o século XIX, 16) Para Theodor W. Adorno, uma das fontes da violência é o
teve poucos representantes. Sobre as dificuldades de realização medo. Trabalhar o medo, sem reprimilo, é uma forma de evitar
do processo democrático, assinale o que for correto. o uso da força.
152. (UEM) Lutas populares intensas e profundas crises 16) Na obra Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio,
econômicas forçaram o Estado liberal a tornar-se uma República Maquiavel considera o Estado republicano viável, por permitir o
democrática representativa, ampliando a cidadania política. embate de forças políticas com interesses divergentes. Dessa
Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. forma, a República, ao reconhecer o antagonismo social como
uma realidade inerente à atividade política, realiza-se por meio
01) O Welfare State (Estado de bem-estar social), com da conciliação de interesses divergentes.
fundamentos da teoria do economista John Maynard Keynes,
representa uma ruptura com a concepção da ortodoxia liberal 155. (UEM) As principais características do republicanismo estão
de um Estado minimalista. ligadas à própria definição da res publica, “o regime da coisa
02) O neoliberalismo amplia a política social do Welfare State, pública, do bem público, que se sobrepõe aos interesses privados:
reforçando a intervenção do Estado no sentido de defender e é o regime da abnegação cívica; (...) da ética na política, do
garantir direitos e benefícios sociais no campo da previdência combate incessante à corrupção em que todos – governantes e
social. governados – estão submetidos às leis que eles mesmos criaram;
04) Nos Estados Unidos, o presidente Roosevelt, depois da (...) são essas leis que garantem a liberdade, porque limitam
grande crise de 1929, elabora um plano econômico conhecido poderes”.
como New Deal, caracterizado pelo dirigismo estatal e o (Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado e Educação do Paraná, p. 225-228.)
subsídio financeiro às obras públicas. Sobre o republicanismo, assinale o que for correto.
08) O liberalismo caracteriza-se pela diferença e distância
entre o Estado e a sociedade, pois é essa distância que lhe 01) Na República de Platão, podem-se encontrar os
permite defender a ideia de liberdade econômica e social. fundamentos de todos os princípios políticos do republicanismo
16) O neoliberalismo, como a última das revoluções burguesas, que irão servir de modelo para a formação dos regimes
foi decisivo na conquista da cidadania, ao consolidar os direitos republicanos modernos.
da sociedade civil, permitindo, por exemplo, que as mulheres 02) O republicanismo opõe-se aos sistemas de governo
usufruíssem, em 1930, na França e na Inglaterra, do sufrágio democráticos, pois na democracia há uma incompatibilidade de
universal. princípio entre o interesse individual e o interesse público.
04) Na sua obra Política, Aristóteles defende a democracia
153. (UEM) A formação da polis, na Grécia Antiga, contra as ideias republicanas de Platão, pois considera que, ao
caracterizou-se por uma estrutura sociopolítica em que havia defender a escravidão, Platão fere os princípios políticos da
uma divisão substancial entre a esfera privada e a esfera liberdade e igualdade entre os homens.
pública. Com base na afirmação acima, assinale o que for 08) Na Roma Antiga, o grande mentor do republicanismo foi
correto. Cícero (106 -43 a. C.), autor de Da República. Depois da Idade
Média, as ideias do republicanismo ressurgem na Itália
01) A divisão entre a esfera privada e a pública não impediu renascentista, exercendo uma influência significativa na obra de
que todos os habitantes de Atenas participassem da vida Nicolau Maquiavel.
política que se realizava na esfera pública. 16) O republicanismo é uma alternativa concreta de superação
02) A Retórica era mal vista, pois era considerada um recurso dos limites e contradições do liberalismo, por meio do resgate
linguístico enganoso e demagógico utilizado para ascender ao da importância da participação das pessoas na vida política,
poder da esfera pública. como garantia da liberdade e da não dominação.
04) Na esfera pública, é garantida a igualdade de direitos
perante a lei, isto é, o princípio de isonomia, como também é 156. (UEM) A palavra política é de origem grega: ta politika,
reconhecida a igualdade de direito ao uso público e político da proveniente de polis. Polis é a cidade entendida como a
palavra, ou seja, o princípio de isegoria. comunidade organizada, formada pelos cidadãos (politikos),
08) Aristóteles, na sua obra Política, defende uma democracia isto é, pelos homens nascidos no solo da cidade, livres e iguais,
em que a participação na esfera pública é concedida a todos portadores de dois direitos inquestionáveis: a isonomia, isto é, a
os habitantes da polis. igualdade perante a lei, e a isegoria, isto é, o direito de expor
16) Habituados ao discurso, os cidadãos gregos encontram na e discutir (numa relação de igualdade) opiniões sobre ações que
ágora o espaço social para o debate e o exercício da a cidade deve ou não realizar.
(CHAIUI, Marilena. Convite à filosofia. Unidade 8, Capítulo 9.)
persuasão, dando-lhes a possibilidade de decidir os destinos da Sobre o exposto, assinale o que for correto.
polis.
01) No auge da democracia ateniense, no governo de Péricles,
154. (UEM) Na Itália, a redescoberta das obras de pensadores os princípios de isonomia e de isegoria eram condições para o
da cultura greco-romana, particularmente das antigas teorias exercício de uma prática política isenta de violência na esfera
políticas, suscita um ideal político: o da liberdade republicana pública.
contra o poder teológico-político dos papas e imperadores. Com 02) No Brasil, no ano de 1968, o governo militar, que, por meio
base na afirmação acima, assinale o que for correto. do golpe de Estado de 1964, havia tomado o poder, decreta o
Ato Institucional nº 5 (AI – 5), que caça os direitos civis, entre eles,
01) A história da política da antiguidade greco-romana não o de isegoria, caracterizando a instauração de um regime
desperta interesse para Maquiavel, pois dela não se pode político autoritário.
extrair nenhuma ideia para a construção do Estado moderno. 04) No União Soviética, o ideal socialista de isonomia e de
02) Segundo Maquiavel, o Principado é a única forma de isegoria, que deveria realizar-se por meio dos sovietes
governo possível e viável, pois só o príncipe é capaz de instituir (conselhos de fábrica), foi destruído quando o partido
um Estado racional segundo a natureza humana. bolchevique constituiu-se como partido único e proibiu qualquer
04) Na sua obra O príncipe, Maquiavel considera que a virtù do oposição, eliminando, inclusive, a liberdade de imprensa e de
príncipe consiste em ter uma ética em que os princípios serão expressão.
mantidos em qualquer circunstância, pois só assim seria possível 08) Jürgen Habermas, ao defender, na sua teoria da ação
garantir a ordem e a estabilidade do governo. comunicativa, que na relação dialógica entre dois interlocutores
08) Para Maquiavel, qualquer regime político, pouco importa a deve prevalecer o melhor argumento, invalida o princípio de
forma e a origem que tiver, poderá ser legítimo ou ilegítimo, isegoria.
pois o critério de avaliação que mede a legitimidade ou
ilegitimidade de um governo é a liberdade.
16) Na República de Platão, os sofistas Trasímaco e Calicles 02) Anarquia designa um regime político constituído pelo
defendem que o princípio de isegoria deve fundamentar-se na governo de muitos homens.
lei do mais forte. 04) A autocracia é um regime político em que cada pessoa
exerce apenas o poder sobre si mesmo.
157. (UEM) Thomas Hobbes explica a origem da sociedade e 08) A aristocracia é um regime político no qual o poder é
do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo entre os exercido por uma elite de homens considerados os melhores.
indivíduos para regulamentar o convívio social e garantir a paz 16) A oligarquia é um regime político no qual o poder político é
e a segurança de todos. Sobre a teoria política de Thomas exercido por representantes legitimamente eleitos pelo povo.
Hobbes, assinale o que for correto.
160. (UEM) Maquiavel inaugura o pensamento político moderno.
01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o Seculariza a política, rejeitando o legado ético-cristão.
comportamento dos homens é pacífico, o que é condição para Maquiavel tem uma visão do homem e da política como elas são
instauração do pacto de respeito mútuo às liberdades e não como deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve
individuais. preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como
02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o homem fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. Assinale o que
dispõe de toda liberdade e poder para realizar tudo quanto for correto.
sua força ou astúcia lhe permitir.
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada 01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que governa
por uma multidão de indivíduos que concordaram em transferir com justiça, estabelecendo, entre seus súditos, a igualdade social
seu direito de governarem a si mesmos à pessoa ou à assembleia e uma participação político-democrática.
de pessoas que os represente e que possa assegurar a paz e o 02) Maquiavel redefine as relações entre ética e política, não
bem comum. julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia de
08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas valores dada de antemão, mas em função da necessidade dos
Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o Leviatã, cuja resultados que as ações políticas devem alcançar.
função é salvar os homens do poder despótico dos reis. 04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois considera ser a
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder forma mais eficiente de o príncipe manter-se no poder e garantir
absoluto algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano para a segurança da ordem social e política para seus súditos.
constranger os súditos, pois o controle do poder instituído, como 08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma exclusão
o próprio poder, deve assentar-se no acordo e no entre ética e política, todavia a primeira deve ser entendida a
convencimento. partir da segunda. Para ele, as exigências da ação política
implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada
158. (UEM) “(...) com exceção de Rousseau, o pensamento liberal pelos indivíduos na vida privada.
do século XVIII permanece restrito aos interesses dos proprietários 16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os grandes,
e portanto elitista.” “Embora o pensamento de Montesquieu tenha isto é, os que possuem o poder político e econômico, e o povo
sido apropriado pelo liberalismo burguês, as suas convicções dão oprimido. A sociedade é cindida por lutas sociais, não pode,
destaque aos interesses de sua classe e portanto o aproximam dos portanto, ser vista como uma comunidade homogênea voltada
ideais de uma aristocracia liberal.” para o bem comum.
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à
Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 249).
Assinale o que for correto. 161. (UEM) Guilherme de Ockham (1280-1349) traz novas
ideias à teoria política, “ainda que continue teológica, isto é,
01) Para Rousseau, o soberano é o povo entendido como referida à vontade suprema de Deus. Diante da tradição
vontade geral, pessoa moral coletiva livre e corpo político de teocrática medieval, são novas as ideias de comunidade política
cidadãos, portanto o governante não é o soberano, mas o natural, lei humana política e direito natural dos indivíduos como
representante da soberania popular. sujeitos dotados de consciência e de vontade.”
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 366). Assinale o
02) Montesquieu fundamenta-se na teoria política do contrato que for correto.
social de Rousseau para elaborar sua teoria da formação da
sociedade civil e do Estado. 01) Guilherme de Ockham não separa o poder espiritual da
04) O Estado republicano, para Montesquieu, permite a melhor Igreja do poder temporal da comunidade política; por essa
forma de governo, pois possibilita aos cidadãos exercer um razão, ele afirma que, em nenhuma hipótese, o bom cristão pode
controle eficaz sobre os governantes eleitos, limitando seu poder. contestar a autoridade da palavra do Papa.
08) Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu trata das 02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de Ockham,
instituições e das leis e busca compreender a diversidade das todavia os governados podem resistir ao tirano e procurar
legislações existentes em diferentes épocas e lugares. instrumentos legais que contestam sua autoridade para forçá-lo
16) Montesquieu elabora uma teoria do governo fundamentada a abdicar.
na separação dos poderes, isto é, do poder legislativo, do poder 04) Guilherme de Ockham pertence à corrente nominalista,
executivo e do poder judiciário, cada um desses três poderes segundo a qual os conceitos universais são apenas conteúdos da
deve manter sua autonomia; é dessa forma que se pretende nossa mente, expressos em nomes, isto é, são apenas palavras
evitar o abuso do poder dos governantes. sem nenhuma realidade específica correspondente.
08) Contrariamente ao que pensava Santo Agostinho, o homem,
159. (UEM) “Dois vocábulos gregos são empregados para compor para Guilherme de Ockham, não foi dotado de livre-arbítrio,
as palavras que designam os regimes políticos: arkhé – o que está razão pela qual não pode ser responsabilizado pelos seus atos.
à frente, o que tem comando – e kratós – o poder ou autoridade 16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes tipos de
suprema. As palavras compostas com arkhé (arquia) designam a direitos naturais: o direito natural objetivo, isto é, a ordem
quantidade dos que estão no comando. As compostas com kratós natural hierárquica estabelecida pela lei divina, e o direito
(cracia) designam quem está no poder.” natural subjetivo, possuído pelo indivíduo como ser racional e
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 358). livre.
Assinale o que for correto.
162. (UEM) O nacional-socialismo alemão e o fascismo italiano
01) Poliarquia designa um regime político constituído pelo foram doutrinas e práticas políticas totalitárias. O totalitarismo
governo de alguns homens. caracteriza-se por estabelecer um Estado total, monolítico, que
absorve, em seu interior, em sua organização, o todo da formalismo jurídico do Estado burguês. A verdadeira liberdade
sociedade e suas instituições, controlando-a por inteiro; elimina, e emancipação só podem acontecer quando a esfera da
dessa maneira, a participação política pluralista. Tanto na produção estiver sob o controle dos produtores diretos, isto é, os
Alemanha quanto na Itália, alguns filósofos contribuíram com a trabalhadores.
formação da ideologia do nazi-fascismo ou a ela se opuseram. 02) Para o materialismo histórico, as relações sociais de
Assinale o que for correto. produção são responsáveis pela formação do Estado que Marx
considera como sendo a superestrutura jurídica e política da
01) Friedrich Nietzsche, com sua filosofia política, preconiza uma sociedade.
sociedade coletivista dirigida por um Estado nacional forte, 04) O progresso tecnológico e o desenvolvimento econômico, ao
capaz de valorizar a tradição dos valores culturais alemães. permitirem uma melhor distribuição da renda, são considerados
02) Na Alemanha, a marxista Rosa Luxemburgo, defensora da por Marx condições essenciais para acabar com o Estado
socialdemocracia, criticava a formação de um partido único cuja burguês e com a sociedade de classes.
consequência seria a formação de um governo ditatorial de uma 08) Para Marx, a liberdade deve ser universal, isto é, para
minoria. Combateu o que já se prenunciava com a ascensão do todos os homens; razão pela qual só pode realizar-se com o fim
nazismo ao poder. da sociedade de classes.
04) A resistência do teórico marxista Antônio Gramsci ao regime 16) Para Marx, o Estado burguês sustenta uma economia de
fascista valeu-lhe longos anos de cadeia. Mesmo no cárcere, mercado em que tudo pode transformar-se em mercadoria,
escreveu muito, criticando o dogmatismo do marxismo oficial inclusive o trabalho que pode ser comprado e vendido como
que, ao petrificar a teoria, impedia a prática revolucionária. qualquer mercadoria; nesse processo, o trabalho e o homem
08) Friedrich Hegel foi importante para o desenvolvimento do alienam-se.
pensamento político. Seus seguidores dividiram-se em dois
grupos opostos, chamados de esquerda e de direita hegeliana. 165. (UEM) No Discurso da Servidão Voluntária, Etienne de La
16) Benedito Mussolini e Adolf Hitler aceitaram a crítica marxista Boétie (1530-1563) opõe-se à teoria do direito divino segundo
ao liberalismo, mas ambos recusavam a ideia de uma revolução a qual alguns homens, por terem sido eleitos por Deus e ungidos
proletária. reis, têm mais dignidade que os outros homens, razão pela qual
podem exigir obediência e submissão dos demais que deverão
163. (UEM) Há uma diferença fundamental entre a concepção servi-los. Assinale o que for correto.
da democracia concebida pelos pensadores modernos, que
combateram o Antigo Regime com a Revolução Francesa, e a 01) Etienne de La Boétie insurge-se apenas contra a monarquia
democracia concebida pela Antiguidade Clássica grega em absoluta e hereditária, todavia admite que a obediência e a
Atenas. Essa diferença caracteriza-se, entre outras coisas, pela sujeição são aceitáveis quando os governantes são escolhidos
maneira de articular a relação entre a esfera pública e a esfera pelo povo.
privada da sociedade. Assinale o que for correto. 02) Etienne de La Boétie é o precursor das teorias contratualistas
que irão fundamentar a filosofia política de Jean-Jacques
01) A democracia ateniense era limitada, pois impedia o acesso Rousseau e Thomas Hobbes.
à esfera pública de um grande contingente da população, 04) Para Etienne de La Boétie, a tirania existe não por serem os
composto pelas mulheres, pelos escravos e pelos estrangeiros, homens obrigados a obedecer ao tirano e aos seus
todos eles relegados à vida privada. representantes, mas porque desejam, voluntariamente, servi-los
02) O homem grego realizava-se como cidadão participando por esperar deles obter vantagens em bens materiais ou
da esfera pública, era nela que adquiria notoriedade e podia honoríficos, assim como a garantia para o seu patrimônio.
afirmar sua individualidade como homem livre. 08) O povo, segundo Etienne de La Boétie, é responsável pela
04) Na esfera pública, a relação entre os cidadãos era regida própria servidão, pois pode escolher entre ser livre ou servo.
pelo princípio de igualdade diante da lei e do igual direito à Aceita o jugo por conveniência e por ter medo da liberdade.
palavra. Os cidadãos formavam uma assembleia em que a 16) A teoria política do liberalismo, ao defender a não
prática da violência estava excluída. Na esfera privada, esses intervenção do Estado na economia e o livre mercado, toma,
princípios eram negados. como modelo, a obra de Etienne de La Boétie.
08) Benjamin Constant (1776-1830), ao conceber um sistema de
governo fundamentado na representatividade, pretendia 166. (UEM) “As ideias da classe dominante são, em cada época,
resolver, no Estado moderno, as relações entre a esfera privada as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material
e a esfera pública, dando ao cidadão a liberdade de participar dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual
diretamente da esfera pública ou de delegar essa prerrogativa dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção
para dedicar-se exclusivamente aos negócios da vida privada. material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de produção
16) A república democrática representativa – que deveria, em espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas, ao mesmo
princípio, ampliar a liberdade política por permitir ao cidadão tempo e em média, as ideias daqueles aos quais faltam os meios
escolher entre a dedicação à vida privada ou à vida pública – de produção espiritual.”
apresentou inicialmente um caráter de exclusão sociopolítica (MARX, K., ENGELS, F. A ideologia alemã. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e
história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 453).
semelhante à da democracia ateniense. Isso se se considerar que, A partir do texto citado, é correto afirmar:
em duas das maiores potências mundiais, isto é, na França e na
Inglaterra, as mulheres alcançaram plena cidadania pelo 01) A elite ou classe dominante, por deter os meios de produção,
sufrágio universal só depois da Segunda Guerra Mundial. consegue veicular suas ideias e impô-las ao restante da
sociedade.
164. (UEM) Marx defende as liberdades políticas individuais, 02) As ideias da classe dominante são hegemônicas, pois são as
todavia opõe-se ao liberalismo e à concepção do Estado concepções que venceram, no debate público, as ideias das
burguês. A restrição que Marx faz ao Estado de direito burguês outras classes.
é que esse Estado acaba representando os interesses das classes 04) Força espiritual neste texto se refere, entre outros aspectos,
sociais dominantes, o que torna impossível defender os fins aos valores culturais de uma sociedade e não apenas aos
universais da sociedade no seu todo. Assinale o que for correto. valores religiosos.
08) A classe dominante controla os meios de divulgação do
01) Marx considera que a realização da liberdade humana e a conhecimento, os meios de informação, realizando assim sua
emancipação do homem só podem realizar-se para além do dominação espiritual sobre a sociedade.
16) As ideias da classe dominante formam uma força espiritual 16) A validade de um enunciado lógico não pode ser
por serem dotadas de maior racionalidade. determinada, pois os estoicos defendiam o ceticismo.

167. (UEM) “O abuso do tempo é um grande mal. Outros males 170. (UEM) Considere os argumentos a seguir e depois assinale
ainda piores decorrem das letras e das artes. Assim é o luxo, o que for correto.
nascido como elas da ociosidade e da vaidade dos homens. O luxo A) Todos os humanos desejam por natureza conhecer.
raramente anda sem as ciências e as artes, e estas nunca andam Débora é um ser humano.
sem ele. Eu sei que nossa filosofia, sempre fecunda em máximas Logo Débora deseja conhecer.
singulares, pretende, contra a experiência de todos os séculos, que B) O sábio Dr. Paulo fez um diagnóstico errado.
o luxo faz o esplendor dos Estados; [...] Nós temos físicos, Logo os médicos são incompetentes.
geômetras, químicos, astrônomos, poetas, músicos, pintores. Não C) Andréa foi curada de sua gripe com chás caseiros.
temos mais cidadãos, ou se ainda os restam, dispersos em nossos Logo Camila há de sarar de sua gripe com esses chás.
campos abandonados, eles perecem indigentes e desprezados. Este
é o estado a que foram reduzidos, estes são os sentimentos que 01) A é silogismo válido, B é um sofisma e C é uma analogia.
recebem de nós aqueles que nos fornecem o pão e que dão o leite 02) A é um argumento válido, B é um raciocínio incorreto e C é
a nossas crianças”. uma indução.
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes, segunda parte, in MARÇAL, J. 04) A e B são deduções e C é uma falácia.
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 580/581).
A partir do texto assinale o que for correto. 08) A é uma falácia e B e C são analogias.
16) A é uma dedução, B é uma falácia e C é uma analogia.
01) Segundo Rousseau, muitos males decorrem das ciências, das
letras e das artes. 171. (UEM) Considere os silogismos seguintes e depois assinale
02) Rousseau defende que as ciências e as artes sejam luxuosas. o que for correto.
04) Rousseau chama a atenção para a separação entre as
ciências e as artes em relação aos problemas políticos reais. a) Todo brasileiro é sul-americano.
08) Para Rousseau, os cidadãos são os mendigos e os indigentes. Ora, todo paranaense é brasileiro.
16) Rousseau ressalta o desprezo dos aspectos políticos em Logo, todo paranaense é sul-americano.
relação à exaltação dos saberes artístico e científico.
b) Todos os mamíferos são mortais.
Ora, todas as aranhas são mortais.
RACIOCÍNIO LÓGICO Logo, todas as aranhas são mamíferos.

168. (UEM) Considere os seguintes argumentos: 01) As conclusões são deduções válidas das premissas.
A) Todos os ovíparos são mortais. 02) O silogismo b é um exemplo de falácia.
Ora, os cavalos são mortais. 04) Paranaenses e aranhas são termos médios.
Logo, os cavalos são ovíparos. 08) “Todo paranaense é sul-americano” é uma premissa
verdadeira.
B) Todas as plantas verdes têm clorofila. 16) Ambos os silogismos são compostos por proposições
Ora, algumas coisas que tem clorofila são comestíveis. categóricas.
Logo, algumas plantas verdes são comestíveis.
172. (UEM) A lógica formal aristotélica estuda a relação entre
Assinale o que for correto. as premissas e a conclusão de inferências válidas e inválidas
(segundo a forma), a partir de proposições falsas e verdadeiras
01) “... os cavalos são ovíparos” e “... algumas plantas verdes (segundo o conteúdo). Chamamos de falácias ou sofismas as
são comestíveis” são conclusões dos argumentos. formas incorretas de inferência. Levando em conta a forma da
02) “Mortais” e “clorofila” são termos médios dos silogismos A e inferência, assinale o que for correto.
B, respectivamente.
04) No silogismo A, apesar de as premissas serem verdadeiras, 01) A inferência “Fulano será um bom prefeito porque é um bom
a conclusão é falsa. empresário.” é uma falácia.
08) No silogismo B, a conclusão é falsa, pois não define quais 02) A inferência “Todos os homens são mortais. Sócrates é
plantas são comestíveis ou não. homem, logo Sócrates é mortal.” é válida.
16) A e B são argumentos válidos, pois suas conclusões são 04) A inferência “Ou fulano dorme, ou trabalha. Fulano dorme,
consequência lógica das premissas. logo não trabalha.” é uma falácia.
08) A inferência “Nenhum gato é pardo. Algum gato é branco,
169. (UEM) A lógica megárico-estoica distingue o válido (do logo todos os gatos são brancos.” é uma falácia.
ponto de vista lógico) e o verdadeiro (do ponto de vista 16) A inferência “Todos que estudam grego aprendem a língua
empírico), isto é, distingue a “apresentação formal” do grega. Estudo grego, logo aprendo a língua grega.” é válida.
enunciado e a “significação material” de um argumento. Com
base nessa distinção e nos conhecimentos sobre o silogismo, 173. (UEM) Segundo a lógica clássica ou aristotélica, temos uma
assinale o que for correto. teoria do raciocínio como inferência (do latim inferre, “levar
para”). “Inferir é obter uma proposição como conclusão de uma
01) A utilização de letras do alfabeto para a formulação de outra ou de várias outras proposições que a antecedem e são
premissas leva em conta o teor formal do enunciado. sua explicação ou sua causa. O raciocínio realiza inferências.
02) A lógica formal não trata da semântica ou do significado [Ele] é uma operação do pensamento realizada por meio de
proposicional de uma inferência. juízos e enunciada por meio de proposições encadeadas,
04) Enunciados verdadeiros estão classificados como válidos. formando um silogismo. Raciocínio e silogismo são operações
Enunciados falsos estão classificados como inválidos. mediatas de conhecimento, pois a inferência significa que só
08) O silogismo leva em conta a concatenação ou o conhecemos alguma coisa (a conclusão) por meio de outras
encadeamento entre premissas que permitem inferir uma coisas.”
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 141).
determinada conclusão. Segundo o fragmento transcrito, é correto afirmar que
01) todo pensamento humano é um raciocínio.
02) o silogismo é resultado de uma inferência sobre proposições. 176. (UEM) O silogismo aristotélico é a dedução lógica na qual
04) o conhecimento científico é mediado por raciocínios lógicos. uma conclusão é inferida a partir de suas premissas, a premissa
08) a conclusão é a explicação das proposições das quais foi maior e a premissa menor, pela mediação do termo médio. O
inferida. termo médio liga o termo menor (conceito de menor extensão)
16) o raciocínio é o resultado de um silogismo. ao termo maior (conceito de maior extensão) de acordo com o
princípio lógico de que duas quantidades idênticas a uma
174. (UEM) O silogismo é composto de três juízos ou termos: dois terceira são idênticas entre si. Considere o silogismo a seguir:
termos iniciais, também chamados de premissas, e uma inferência “Todos os brasileiros são sul-americanos;
lógica ou conclusão. Para ser válido, o silogismo deve satisfazer todos os paranaenses são brasileiros;
certas regras de validade, conforme o teor e a extensão das logo, todos os paranaenses são sul-americanos”.
premissas e a forma de raciocínio (indução, dedução) que
expressa. A partir dessas informações, considerando as formas Identifique, respectivamente, o termo médio, o termo maior e o
das proposições a seguir e as regras de validade do silogismo, termo menor.
assinale o que for correto.
“Todos os cães são mamíferos”: proposição universal afirmativa; 01) brasileiros – sul-americanos – paranaenses
“Nenhum animal é mineral”: proposição universal negativa; 02) são – todos – logo
“Algum metal não é sólido”: proposição particular negativa; 04) sul-americanos – paranaenses – brasileiros
“Sócrates é mortal”: proposição singular afirmativa 08) paranaenses – brasileiros – todos
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando, introdução 16) sul-americanos – são – brasileiros
à filosofia. 4.ª ed. revista. São Paulo: Editora Moderna, 2009, p. 133).

01) De duas premissas singulares afirmativas, pode-se inferir 177. (UEM) Do ponto de vista da qualidade, as proposições
uma conclusão singular afirmativa. Exemplo: dividem-se em afirmativas e negativas. De acordo com a
Meu irmão caçula é calvo. quantidade, as proposições podem ser universais, quando o
Meu irmão mais velho é calvo. sujeito se refere a toda uma classe; particulares, quando o
Logo, sou calvo. sujeito se refere à parte de uma classe; singulares, quando o
02) Em um raciocínio de tipo dedutivo, a conclusão é uma sujeito se refere a um indivíduo. Dentre as proposições abaixo,
inferência lógica contida na extensão das premissas anteriores. identifique a(s) que for(em) universal afirmativa, universal
Exemplo: negativa, particular afirmativa.
Todo brasileiro é sul-americano.
Algum brasileiro é índio. 01) Todos os homens são racionais.
Logo, algum índio é sul-americano. 02) Nenhum homem é alado.
04) Constitui uma forma de raciocínio indutivo a seguinte forma 04) Alguns peixes vivem em rios.
de silogismo: 08) O homem não é quadrúpede.
Proposição universal afirmativa. 16) Sócrates é filósofo.
Proposição singular negativa.
Conclusão ambígua (afirmativa e negativa). 178. (UEM) Considere os argumentos a seguir:
08) Segundo as regras de validade do silogismo, a conclusão do (A) “No Brasil, há vários casos de políticos respondendo a
silogismo a seguir é correta: processo criminal, consequentemente a justiça brasileira permite
Todo mercúrio é metal. que políticos com problemas judiciais se mantenham em cargos
O mercúrio não é sólido. eletivos.”
Logo, algum metal não é sólido. (B) “Penso, logo existo.” Assinale o que for correto.
16) Segundo as regras de validade do silogismo, a conclusão do
silogismo a seguir é correta: 01) O argumento (A) é indutivo, pois sua conclusão é uma
Alguma mulher não é justa. generalização indutiva realizada a partir da observação de
Maria é mulher. diversos dados singulares.
Logo, Maria não é justa. 02) No argumento indutivo, o conteúdo da conclusão excede o
das premissas. A certeza da indução nunca é absoluta, mas
175. (UEM) A lógica é o estudo que visa à formalização de apenas provável.
regras com o fim de orientar o bom funcionamento e a validade 04) Embora a indução não possua o rigor do pensamento
dos raciocínios e argumentos. Sobre as considerações da lógica dedutivo, é uma forma fecunda de raciocinar, à qual devemos
na história da Filosofia, assinale o que for correto. grande parte dos conhecimentos da vida diária e é de grande
importância nas ciências experimentais.
01) O primeiro grande filósofo a sistematizar as regras para o 08) O argumento (B) é dedutivo, ou seja, é um tipo de argumento
bom funcionamento da proposição e dos juízos foi Erasmo de cuja conclusão é inferida necessariamente de premissas.
Roterdam, já que, apesar de tratar do silogismo, Aristóteles não 16) Na dedução lógica, o enunciado da conclusão não excede
pode ser considerado o fundador da lógica. o conteúdo das premissas; mas, se não acrescenta nada de novo,
02) Pode-se chamar de raciocínio indutivo a passagem do a dedução é um modelo de rigor que nos permite organizar o
particular ao universal, e de raciocínio dedutivo o movimento conhecimento já adquirido.
contrário, a passagem do universal ao particular.
04) A lógica também pode ser definida como a parte da 179. (UEM) Na lógica clássica, três princípios lógicos (as três leis
Filosofia que estuda os conjuntos coerentes de enunciados, a do pensamento), a saber, os princípios de identidade, de não
partir do conceito de inferência válida. contradição e do terceiro excluído, condicionam o valor de
08) A pós-modernidade introduz, como método de garantir a verdade de todo pensamento e de todo discurso. Assinale o que
verdade científica, os princípios da geometria euclidiana. for correto.
16) A alta Idade Média pode ser caracterizada pelo profundo
debate em torno do pensamento lógico. Prova disso, é o 01) O princípio de identidade afirma que cada coisa é aquilo
reconhecimento de uma disciplina autônoma, que incorpora a que é; uma proposição verdadeira é então verdadeira.
dialética, compilada em grandes manuais, sob o título de
Summae ou Summulae.
02) O princípio de não contradição estabelece que não se pode 183. (UEL-2004) “Que ninguém espere um grande progresso nas
afirmar e negar o mesmo predicado do mesmo sujeito, ao mesmo ciências, especialmente no seu lado prático, até que a filosofia
tempo e na mesma relação. natural seja levada às ciências particulares e as ciências
04) De acordo com o princípio de não contradição, é possível particulares sejam incorporadas à filosofia natural. [...] De fato,
que proposições contraditórias possam ser ambas verdadeiras, desde que as ciências particulares se constituíram e se dispersaram,
mas jamais falsas. não mais se alimentaram da filosofia natural, que lhes poderia ter
08) O princípio do terceiro excluído afirma que uma proposição transmitido as fontes e o verdadeiro conhecimento dos movimentos,
é verdadeira ou é falsa, vale dizer, que é verdadeira a dos raios, dos sons, da estrutura e do esquematismo dos corpos,
disjunção p ou não-p. das afecções e das percepções intelectuais, o que lhes teria
16) De acordo com o princípio do terceiro excluído, há casos em infundido novas forças para novos progressos.”
que uma proposição é parcialmente verdadeira ou (BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio Reis de Andrade. 4.ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 48.)
incompletamente falsa. Com base no texto, é correto afirmar que Francis Bacon:
a) Afirma que a única finalidade da filosofia natural é contribuir
180. (UEM) Considere o argumento a seguir: para o desenvolvimento das ciências particulares.
“Alguns homens são inteligentes; b) Defende que o que há de mais importante nas ciências
ora, alguns homens são professores; particulares é o seu lado prático.
logo, os professores são inteligentes.” c) Propõe que o progresso da filosofia natural depende de que
Sabendo que o argumento é inválido, identifique qual(is), dentre ela incorpore as ciências particulares.
as regras do silogismo abaixo, ele falha em observar. d) Constata a impossibilidade de progresso no lado prático das
ciências particulares.
01) De duas premissas particulares nada resulta. e) Vincula a possibilidade do progresso nas ciências particulares
02) O termo médio nunca entra na conclusão. à dependência destas à filosofia natural.
04) Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas
premissas. 184. (UEL-2005) “[...] Aristóteles estabelecia antes as conclusões,
08) De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa. não consultava devidamente a experiência para estabelecimento
16) De duas premissas negativas nada pode ser concluído. de suas resoluções e axiomas. E tendo, ao seu arbítrio, assim
decidido, submetia a experiência como a uma escrava para
181. (UEM) Uma proposição pode ser descrita como um discurso conformá-la às suas opiniões”.
declarativo que expressa verbalmente a operação mental em (BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio Reis de Andrade. 4. ed. São
que se afirma ou nega a inerência ou a relação entre dois ou Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.)
mais termos; um enunciado suscetível de verdade ou de Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta
falsidade. Conforme essa descrição, assinale o que for uma corretamente a interpretação que Bacon fazia da filosofia
proposição. aristotélica.

01) O homem é um animal político. a) A filosofia aristotélica estabeleceu a experiência como o


02) Vá embora! fundamento da ciência.
04) caneta, lápis, caderno... b) Aristóteles consultava a experiência para estabelecer os
08) Por que somente o homem está sujeito a se tornar imbecil? resultados e axiomas da ciência.
16) As transformações naturais sempre levam a um aumento na c) Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico deveria
entropia do Universo. submeter-se, como um escravo, ao conhecimento da experiência.
d) Aristóteles desenvolveu uma concepção de filosofia que tem
O PENSAMENTO CIENTIFICO E O PARADIGMA DA como conseqüência a desvalorização da experiência.
MODERNIDADE e) Aristóteles valorizava a experiência, por considerá-la um
caminho seguro para superar a opinião e atingir o conhecimento
182. (UEM) “Francis Bacon (1561-1626), com o seu lema ‛saber verdadeiro.
é poder’, critica a base metafísica da física grega e medieval e
realça o papel histórico da ciência e do saber instrumental, capaz 185. (UEL-2005) “[...] nos tempos antigos era a filosofia que
de dominar a natureza. Rejeita as concepções tradicionais de determinava o curso da ciência, o ideal do conhecimento era
pensadores ‘sempre prontos para tagarelar’, mas que ‛são filosoficamente estipulado; nos tempos modernos, pelo contrário,
incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta de palavras, mas o ideal científico, físico, do conhecimento passa a determinar o
estéril em obras’.” conhecimento metafísico”.
(BORNHEIM, Gerd. Galileo Filósofo. In: Estudos sobre Galileo Galilei. Porto Alegre:
(Novum organum, Livro I, LXXI. In ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São
UFRGS, Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul e Consulado Geral da
Paulo: Moderna, 2009, p. 68).
Itália de Porto Alegre, 1964. p. 78.)
Sobre o pensamento de F. Bacon, assinale o que for correto. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre
filosofia e ciência, é correto afirmar:
01) Enquanto na Idade Média o saber contemplativo era
privilegiado em detrimento da prática, F. Bacon valorizava a a) O conhecimento científico, a partir da modernidade,
técnica de experimentação empírica. determina o conhecimento filosófico.
02) O conhecimento dos estados da matéria possibilita o b) A ciência antiga obteve maior êxito que a ciência moderna
controle sobre os fenômenos da natureza, como controlar a pelo fato de ter sido influenciada pela metafísica.
evaporação, por exemplo. c) A filosofia moderna, por partir da ciência, finalmente atinge
04) Entre os conhecimentos práticos da filosofia de F. Bacon a verdade metafísica buscada pelos antigos.
destaca-se a oratória, arte de utilizar técnicas de linguagem a d) A filosofia moderna, quando comparada às suas versões
fim de persuadir o espectador. passadas, possui maior aplicabilidade instrumental.
08) Ao defender a alquimia, F. Bacon valoriza aspectos mágicos e) A ciência moderna, quando traduzida para o discurso
da matéria, revelados pela ciência química. filosófico, resume-se a um conhecimento metafísico.
16) Em sua obra filosófica mais importante, “A poética da
natureza”, F. Bacon descreve o modo pelo qual a mão de Deus 186. (UEL-2005) “O mundo real é simplesmente uma sucessão de
permanece ativa sobre os fenômenos da natureza. movimentos atômicos em continuidade matemática. Nessas
circunstâncias, a causalidade só poderia ser colocada, de maneira
inteligível, nos próprios movimentos dos átomos [...]. Mas que fazer d) É um método no qual há o predomínio da experiência sobre
com Deus? Com a derrubada da causalidade final, Deus, como a razão.
concebido pelo aristotelismo, estava praticamente perdido; negar e) É um método segundo o qual a matemática determina a
francamente sua existência, no entanto, era, à época de Galileu, estrutura da natureza.
um passo demasiado radical para que qualquer pensador
importante pudesse considerá-lo”. 189. (UEL-2004) “Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba
(BURTT, Edwin Arthur. As bases metafísicas da ciência moderna. Trad. de José Viegas Filho de ser tirado da colmeia: ele não perdeu ainda a doçura do mel
e Orlando Araújo Henriques. Brasília: UnB, 1991. p. 78.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de que continha, retém ainda algo do odor das flores de que foi
Galileu, é correto afirmar: recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro,
é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim,
a) Galileu pretendia construir uma nova metafísica em que a todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um corpo
teologia apareceria como princípio último de explicação. encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do
b) Segundo Galileu, tudo o que conhecemos sobre o mundo fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua
natural diz respeito à natureza íntima da força, ou de sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele
essência. torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, embora nele
c) Galileu buscava estabelecer o fundamento das convicções a batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após
respeito da relação determinante do homem com a natureza. essa modificação? Cumpre confessar que permanece: e ninguém o
d) A grandeza revolucionária de Galileu deveu-se a sua atitude pode negar. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera
de responder questões consideradas para além do domínio da com tanta distinção? Certamente não pode ser nada de tudo o que
ciência positiva. notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas
e) O interesse de Galileu estava em mostrar que para todo que se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato,
movimento expressável matematicamente existe uma causa ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma
primária. cera permanece.”
(DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo:
Nova Cultural, 1996. p. 272.)
187. (UEL-2005) “E quando considero que duvido, isto é, que sou Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes:
uma coisa incompleta e dependente, a ideia de um ser completo e
independente, ou seja, de Deus, apresenta-se a meu espírito com a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo
igual distinção e clareza; e do simples fato de que essa ideia se considerando as alterações em sua aparência.
encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuo esta ideia, b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o
concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minha que impossibilita o conhecimento dos mesmos.
depende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos
que não penso que o espírito humano possa conhecer algo com sentidos revela que o conhecimento destes excede o
maior evidência e certeza”. conhecimento sensitivo.
(DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam
Nova Cultural, 1996. p. 297-298.)
Com base no texto, é correto afirmar: aos sentidos comprova a inexistência dos mesmos.
e) A existência e o consequente conhecimento dos corpos têm
a) O espírito possui uma ideia obscura e confusa de Deus, o que como causa os sentidos.
impede que esta ideia possa ser conhecida com evidência.
b) A ideia da existência de Deus, como um ser completo e 190. (UEL-2004) “Para Hume, portanto, a causalidade resulta
independente, é uma consequência dos limites do espírito apenas de uma regularidade ou repetição em nossa experiência de
humano. uma conjunção constante entre fenômenos que, por força do hábito
c) O conhecimento que o espírito humano possui de si mesmo é acabamos por projetar na realidade, tratando-a como se fosse
superior ao conhecimento de Deus. algo existente. É nesse sentido que pode ser dito que a causalidade
d) A única certeza que o espírito humano é capaz de provar é é uma forma nossa de perceber o real, uma ideia derivada da
a existência de si mesmo, enquanto um ser que pensa. reflexão sobre as operações de nossa própria mente, e não uma
e) A existência de Deus, como uma ideia clara e distinta, é conexão necessária entre causa e efeito, uma característica do
impossível de ser provada. mundo natural.”
(MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
p. 183.)
188. (UEL-2004) “[...] a maneira pela qual Galileu concebe um De acordo com o texto e os conhecimentos sobre causalidade em
método científico correto implica uma predominância da razão Hume, é correto afirmar:
sobre a simples experiência, a substituição de uma realidade
empiricamente conhecida por modelos ideais (matemáticos), a a) A experiência prova que a causalidade é uma característica
primazia da teoria sobre os fatos. Só assim é que [...] um do mundo natural.
verdadeiro método experimental pôde ser elaborado. Um método b) O conhecimento das relações de causa e efeito decorre da
no qual a teoria matemática determina a própria estrutura da experiência e do hábito.
pesquisa experimental, ou, para retomar os próprios termos de c) A simples observação de um fenômeno possibilita a inferência
Galileu, um método que utiliza a linguagem matemática de suas causas e efeitos.
(geométrica) para formular suas indagações à natureza e para d) É impossível obter conhecimento sobre a relação de causa e
interpretar as respostas que ela dá.” efeito entre os fenômenos.
(KOIRÉ, Alexandre. Estudos de história do pensamento científico. Trad. de Márcia Ramalho. e) O conhecimento sobre as relações de causa e efeito
2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 1991. p. 74.)
Com base no texto, é correto afirmar que o método científico de independe da experiência.
Galileu:
191. (UEL-2003) A ciência moderna sofreu uma série de
a) É experimental e necessita de uma instância teórica que transformações em relação à ciência antiga. Assinale a
antecede a experiência. alternativa que apresenta uma das características da ciência
b) É um método segundo o qual a experiência interpreta a moderna resultante dessa transformação.
natureza.
c) É independente da experiência, pois a razão está afastada a) A submissão do saber ao conhecimento teórico, para o qual é
da mesma. irrelevante a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
b) A subordinação da razão humana à fé religiosa, com a 194. (UEM) Para Thomas Kuhn, as revoluções científicas são
defesa da concepção de verdade como revelação. explicadas através dos conceitos de “ciência normal”, “crise” e
c) A primazia da análise das qualidades dos corpos em si “novo paradigma”. Segundo Eduardo Barra: “o que realmente
mesmos, tais como cor, odor, tamanho e peso. deve deter nossa atenção nessa concepção proposta por Kuhn
d) A valorização do saber experimental, que visa à sobre as chamadas ‘revoluções científicas’ é o fato de que ele
apropriação, ao controle e à transformação da natureza. jamais menciona a falsidade das antigas teorias abandonadas nem
e) O predomínio da concepção de natureza hierarquizada, a verdade das novas teorias aceitas. [...] Ao ser aceito pela
segundo uma ordem divina. comunidade após uma revolução científica, um novo paradigma,
em geral, é capaz de explicar apenas alguns daqueles problemas
192. (UEL-2003) “Mas logo em seguida, adverti que, enquanto eu que o anterior explicava. Isso explica por que, com frequência,
queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente muitos problemas antes relevantes são abandonados após uma
que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta revolução científica. [...] Não existe o melhor paradigma para
verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas qualquer situação possível. O que existe é o melhor paradigma
as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes para determinados fins, fins esses que também podem ser
de a abalar, julguei que poderia aceitá-la, sem escrúpulo, como o amplamente modificados com o tempo.”
primeiro princípio da Filosofia que procurava.” (KUHN, T. A função do dogma na investigação científica. Curitiba: UFPR, SCHLA, 2012, p.
(DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São 19-20).
Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 92. Coleção Os Pensadores.) A partir da citação acima, assinale o que for correto.
De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre o tema,
assinale a alternativa correta. 01) A função de um paradigma é propor soluções inéditas para
determinadas questões do nosso tempo.
a) Para Descartes, não podemos conhecer nada com certeza, 02) A disputa entre paradigmas é nociva à ciência, pois divide
pois tudo quanto pensamos está sujeito à falsidade. a comunidade científica.
b) O “eu penso, logo existo” expressa uma verdade instável e 04) O melhor paradigma é aquele que responde a questões
incerta, o que fez Descartes ser vencido pelos céticos. metafísicas, como a existência de Deus e a finalidade da
c) A expressão “eu penso, logo existo” representa a verdade natureza.
firme e certa com a qual Descartes fundamenta o conhecimento 08) O que define a escolha de um paradigma não é a verdade
e a ciência. de uma teoria científica.
d) As “extravagantes suposições dos céticos” impediram 16) A crise de um paradigma está ligada a interesses
Descartes de encontrar uma verdade que servisse como princípio econômicos e políticos do primeiro mundo.
para a filosofia.
e) Descartes, ao acreditar que tudo era falso, colocava em 195. (UEM) “Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo
dúvida sua própria existência. tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário
que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta
193. (UEM) Segundo Sergio Paulo Rouanet, o pensamento verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que
ilustrado gerou duas linhagens espirituais: “Uma tem sua origem as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes
em pensadores como Diderot, Helvétius, Holbach. Para eles, o de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo
homem é determinado pelo meio, e conseqüentemente a mudança algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.”
das relações sociais pode modificar suas condições de existência. (DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 62).
Essa linha prolongou-se nos séculos XIX e XX nos utilitaristas, como A partir do texto citado, assinale o que for correto.
Jeremy Bentham, e nos liberais, como Stuart Mill, para os quais o
homem novo pode ser produzido pela legislação e pela educação, 01) A intenção primeira da filosofia de Descartes era a
bem como nos marxistas, para os quais ele pode ser produzido refutação dos céticos.
pela revolução social. A outra linhagem parte de La Mettrie. Ela 02) Descartes buscava um fundamento seguro racionalmente
acredita que o organismo determina o essencial da vida do homem. para elaborar sua filosofia.
É tão eudemonista quanto a primeira linhagem, mas acha que a 04) “Eu penso, logo existo” era uma afirmação extravagante
felicidade deve ser buscada no bom funcionamento do corpo, e dos céticos.
não na transformação social. A linhagem de La Mettrie prosseguiu 08) Descartes sempre pensou que tudo era falso, inclusive a
no darwinismo social, e no uso dos bio-poderes, segundo Foucault, ideia “eu penso, logo existo”.
a tentativa de provocar a docilidade social pela ação sobre os 16) O princípio primeiro da filosofia de Descartes está no
corpos”. pensamento individual que fundamenta a existência humana.
(ROUANET, S. P. O homem-máquina hoje. In: NOVAES, A. (org.). O homem-máquina: a
ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 40). 196. (UEM) “O princípio motor do conceito, enquanto ele não só
A partir da citação acima, assinale o que for correto. dissolve as particularizações do universal, mas, também, enquanto
os produz, eu chamo de dialética – dialética, portanto, não no
01) Ao limitar a razão a fim de fundamentar o conhecimento, o sentido de que ela dissolve, confunde e conduz daqui para lá e de
pensamento ilustrado não tem efeitos sobre as teorias políticas, lá para cá um ob-jeto, uma proposição, dados ao sentimento, à
econômicas e sociais dos séculos XIX e XX. consciência imediata em geral, e só tem a ver com a derivação do
02) A biopolítica, segundo a prerrogativa de Foucault, seu contrário –, uma modalidade negativa de dialética, tal como
caracteriza-se pelo controle das instituições sociais sobre a ela frequentemente aparece também em Platão. [...] A dialética
percepção dos indivíduos. superior do conceito não consiste em produzir e apreender a
04) A linha divisória estabelecida pelas duas linhagens determinação meramente como barreira e como contrário, mas,
espirituais do iluminismo identifica-se com a separação entre “res sim, em produzir e apreender a partir dela o conteúdo e o resultado
cogitans” e “res extensa” (pensamento e extensão), de René positivos, enquanto por essa via, unicamente, a dialética é
Descartes. desenvolvimento e progredir imanente”.
08) O pensamento marxista visa à reorganização do corpo (HEGEL, F., Fenomenologia do Espírito in MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos.
social por meio da transformação das condições materiais de Curitiba: SEED, 2009, p. 315).
produção. A partir do texto citado, é correto afirmar:
16) O darwinismo opõe-se às teorias criacionistas e
préformacionistas. 01) A dialética platônica é negativa por não redundar em
desenvolvimento e progredir imanente do conceito.
02) A dialética hegeliana não é confusão e nem dissolução de 199. (UEM) “Afinal, um laboratório terá uma boa performance
uma proposição. tanto por seu pessoal ser bem organizado e ter acesso a aparelhos
04) As determinações de um objeto não são obstáculos ao precisos como por raciocinar corretamente. A fim de produzir
conhecimento, mas um dado a partir do qual se apreendem os resultados científicos, é preciso também possuir recurso, acesso às
conteúdos positivos desse objeto. revistas, às bibliotecas, congressos etc. É preciso também que, nas
08) Por ser oposição de teses, a dialética hegeliana não unidades de pesquisa, a comunicação, o diálogo e a crítica
redunda em desenvolvimento do conceito. circulem. O método de produção da ciência passa, portanto, pelos
16) Dialética é o princípio motor dos conceitos desenvolvimento processos sociais que permitem a constituição de equipes estáveis e
e progredir imanente. eficazes; subsídios, contratos, alianças sociopolíticas, gestão de
equipe etc. Mais uma vez, a ciência aparece como um processo
197. (UEM) “Nem aos mais cuidadosos dentre eles [os metafísicos] humano, feito por humanos, para humanos e com humanos”.
ocorreu duvidar aqui, no limiar, onde mais era necessário: mesmo (FOUREZ, Gerard. A construção das ciências, in ARANHA, M. Filosofar com textos. São
Paulo: Moderna, 2012, p. 175).
quando haviam jurado para si próprios de omnibus dubitandum [de A partir do texto é correto afirmar que:
tudo duvidar]. [...] Com todo o valor que possa merecer o que é
verdadeiro, veraz, desinteressado: é possível que se deva atribuir 01) Os resultados de uma boa pesquisa dependem,
à aparência, à vontade de engano, ao egoísmo e à cobiça um principalmente, dos recursos financeiros do laboratório.
valor mais alto e mais fundamental para a vida. É até mesmo 02) A qualidade das pesquisas científicas está vinculada
possível que aquilo que constitui o valor dessas coisas boas e estritamente às qualidades intelectuais do pesquisador.
honradas consista exatamente em serem insidiosamente 04) A pesquisa científica mantém uma relação com os aspectos
aparentadas, atadas, unidas, e talvez até essencialmente iguais a humanos dos envolvidos com ela, mesmo quando consideramos
essas coisas ruins e aparentemente opostas. Talvez! – Mas quem se tão somente os seus aspectos metodológicos.
mostra disposto a ocupar-se de tais perigosos ‛talvez’? Para isso 08) Os processos sociais, como o debate e a convivência com
será preciso esperar o advento de uma nova espécie de filósofos, outros cientistas, não interferem no resultado final de uma
que tenham gosto e pendor diversos, contrários aos daqueles que pesquisa.
até agora existiram – filósofos do perigoso ‛talvez’ a todo custo. 16) Os resultados das pesquisas científicas refletem as várias
– E, falando com toda a seriedade: eu vejo esses filósofos relações humanas, sociais, nas quais o pesquisador está inserido.
surgirem.”
(NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. In MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos
présocráticos a Wittgenstein. 2ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 145-146). 200. (UEM) Diz Spinoza: “Proposição XXX: Nenhuma coisa pode
A partir da citação acima, assinale o que for correto. ser má pelo que tem de comum com nossa natureza, mas é má para
nós na medida em que nos é contrária. Demonstração: Chamamos
01) “Além do bem e do mal” representa a suspeita de que o mau o que é causa de Tristeza, isto é, o que diminui ou reduz nossa
valor da verdade não se opõe ao valor da mentira. potência de agir. Se portanto uma coisa, pelo que tem de comum
02) Os positivistas são, para Nietzsche, uma nova classe de conosco, fosse má para nós, essa coisa poderia diminuir ou reduzir
filósofos, que surgirá depois da teologia empirista. o que tem de comum conosco, o que é absurdo. Coisa alguma
04) O exercício da dúvida, entre muitos filósofos que diziam portanto pode ser má para nós pelo que tem de comum conosco,
duvidar de tudo, era apenas o primeiro passo para fundamentar mas, ao contrário, na medida em que é má, isto é, na medida em
a certeza. que pode diminuir ou reduzir nossa potência de agir, ela nos é
08) A filosofia é perigosa, razão pela qual F. Nietzsche e contrária.”
(Spinoza, in MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
Giordano Bruno foram queimados na fogueira. 2007, p. 93).
16) A aparência, mesmo oposta logicamente ao conceito de A partir do texto é correto afirmar:
verdade, é necessária para a manutenção da vida.
01) Segundo o filósofo, é absurdo que uma coisa má tenha algo
198. (UEM) “Do ponto de vista do conhecimento, o subjetivismo é de comum conosco.
a projeção de sua visão de mundo na interpretação dos fatos. Ora, 02) As coisas são consideradas más em função de sua própria
as ciências da natureza aspiram à objetividade, a uma avaliação natureza.
que seja aceita por todos, o que supõe um distanciamento da 04) As coisas más não reduzem a nossa potência de agir.
subjetividade. Para tanto, as ciências da natureza utilizam 08) A tristeza é causada pelos efeitos das coisas más.
instrumentos de controle para testar as hipóteses, além da 16) O filósofo demonstra a contrariedade entre natureza
facilidade de examinar um objeto que é exterior a si mesmo. No humana e maldade.
caso das ciências humanas, o sujeito que conhece é o próprio objeto
que se quer conhecer, circunstância que torna mais difícil a 201. (UEM) “[...] ‘dogmatismo’ é uma atitude filosófica
neutralidade.” caracterizada pela ausência da crítica em relação ao que podemos
(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo:
Moderna, 2012, p. 188). conhecer através da razão. Em filosofia, o dogmatismo
A partir desta afirmação sobre a aplicação do método científico corresponde ao intuito de apresentar verdades últimas sobre as
na produção do conhecimento, assinale o que for correto: questões mais essenciais ao homem, tais como a imortalidade da
alma, a origem do mundo (incluindo nisto o tema da liberdade) e
01) O elemento subjetivo, no processo de interpretação dos a existência de Deus, sem, todavia, indagar-se preliminarmente se,
fatos empíricos, constitui um desafio para a neutralidade de fato, podemos avançar enunciados teórico-especulativos sobre
científica. esses objetos. É isto o que a crítica cuida de examinar, ao instituir
02) A objetividade científica depende de uma maior utilização o que está ao nosso alcance conhecer. Ao fim deste exame, Kant
de máquinas automáticas, não controladas por humanos. conclui pela ilegitimidade dos enunciados dogmáticos acerca do
04) Os interesses psicológicos, econômicos e políticos dos que se encontra para além da experiência, isto é, o suprassensível.
cientistas participam do processo de produção de conhecimento A resposta negativa de Kant representa o fim da metafísica
das ciências humanas. tradicional: ao contrário do que haviam pretendido os filósofos
08) Ciências exatas, como a matemática, são aquelas em que o dogmáticos, não há como fornecer, com base apenas na razão,
teor subjetivista é minimizado ou, dependendo do caso, anulado. um conhecimento de matiz teórico sobre a alma, a liberdade e
16) O elemento subjetivo não se aplica a ciências cujo objeto é Deus. Por outro lado, isso não significa que a razão não possa
o próprio homem, como a psicologia, por exemplo. pensar tais ‘objetos’. Ao contrário, Kant [...] mostra que esses temas
são imprescindíveis para nossa razão em sua dimensão prática e 04) A matéria está imune às operações e às forças naturais, visto
moral.” ser o princípio primeiro dos corpos.
(FIGUEIREDO, V. Kant e a liberdade de pensar publicamente. In: MARÇAL, J. (org.). 08) A origem da ideia de necessidade parece nascer da
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 402).
Com base na afirmação acima, assinale o que for correto. operação dos corpos.
16) Causa e efeito são relações necessárias nos corpos naturais,
01) A impossibilidade de conhecimento sobre objetos motivadas pelas forças que atuam sobre eles.
suprassensíveis não anula a importância desses objetos para o
desempenho da religião e do comportamento moral. 204. (UEM) “A Ciência assume outro aspecto quando concebida
02) O dogmatismo é decorrente da atitude pseudofilosófica que como algo que se propõe atingir conhecimento sistemático e
consiste em confundir, na ordem do conhecimento, objetos seguro, de sorte que seus resultados possam ser tomados como
sensíveis e suprassensíves. conclusões certas a propósito de condições mais ou menos amplas
04) Os objetos da razão, quando não pertencem à experiência e uniformes sob as quais ocorrem os vários tipos de acontecimentos.
sensível, estão comprometidos com o imperativo categórico e Em verdade, segundo fórmula antiga e ainda aceitável, o objetivo
não podem ser conhecidos. da Ciência é ‘preservar os fenômenos’ – isto é, apresentar
08) A metafísica tradicional desejava conhecer a existência de acontecimentos e processos como especificações de leis e teorias
Deus, a imortalidade da alma e a finalidade do mundo. gerais que enunciam padrões invariáveis de relações entre coisas.
16) Kant se apresenta como o pai da metafísica tradicional, pois Perseguindo esse objetivo, a Ciência busca tornar inteligível o
confunde conhecimento racional e empírico. mundo; e sempre que o alcança, em alguma área de investigação,
satisfaz o anseio de saber e compreender que é, talvez, o impulso
202. (UEM) “Um laboratório terá uma boa performance tanto por mais poderoso a levar o homem a empenhar-se em estudos
seu pessoal ser bem organizado e ter acesso a aparelhos precisos metódicos.”
(NAGEL, Ernest. Ciência: natureza e objetivo. In: MORGENBESSER, Sidney. Filosofia da
como por raciocinar corretamente. A fim de produzir resultados ciência. São Paulo: Edusp, 1975, p. 15).
científicos, é preciso também possuir recursos, acesso às revistas, A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
às bibliotecas, aos congressos etc. É preciso também que, nas
unidades de pesquisa, a comunicação, o diálogo e a crítica 01) Buscar tornar o mundo inteligível é saciar um desejo próprio
circulem. O método de produção da ciência passa, portanto, pelos da compreensão humana.
processos sociais que permitem a constituição de equipes estáveis e 02) Preservar os fenômenos significa expor acontecimentos como
eficazes; subsídios, contratos, alianças sociopolíticas, gestão de padrões não variáveis de relações entre coisas.
equipes etc. Mais uma vez, a ciência aparece como um processo 04) A ciência busca explicar tudo por meio de uma única lei
humano, feito por humanos, para humanos e com humanos.” racional.
(FOUREZ, G. A construção das ciências. In: ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. 08) A ciência objetiva um conhecimento sistemático e seguro
Filosofando: introdução à filosofia. 3.ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 193).
Com base nessa afirmação de Gérard Fourez sobre os processos obtido a partir de conclusões de estudos metódicos.
de produção de conhecimento científico, assinale o que for 16) Os homens possuem um desejo natural por conhecer, de
correto. modo que são levados a produzir estudos metódicos, isto é, fazer
Ciência.
01) Fourez desqualifica a utilização das máquinas e dos
aparelhos técnicos para a produção de conhecimentos científicos. 205. (UEM) “Com efeito, não seremos capazes de rebater as
02) Fourez estabelece as condições de trabalho da comunidade investidas dos hereges ou de quaisquer infiéis, se não soubermos
científica como uma instituição humana aberta e suscetível a refutar suas argumentações e invalidar seus sofismas com
interferências sociais, econômicas e políticas. argumentos verdadeiros, para que o erro ceda à verdade e os
04) Fourez afirma que os mecanismos intersubjetivos contidos no sofismas recuem perante os dialéticos: sempre prontos, segundo a
processo de produção do conhecimento pertencem à ordem da exortação de São Pedro, a satisfazer a quem nos peça, razões da
biopolítica. esperança ou da fé que nos anima. Se no curso dessas disputações
08) Fourez afirma que a comunidade científica não alcança seus conseguirmos vencer aqueles sofistas, apareceremos como
objetivos quando faz alianças políticas. verdadeiros dialéticos; e como bons discípulos, tanto mais nos
16) Fourez afirma que a comunidade científica é uma lembraremos de Cristo, que é a própria verdade, quanto mais
camuflagem para fazer negócios que visam ao lucro. fortes nos mostrarmos na verdade das argumentações”
(ABELARDO, P. Epístola 13. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São
Paulo: Ática, 2011, p. 146).
203. (UEM) “É universalmente admitido que a matéria, em todas A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
as suas operações, sofre a atuação de uma força necessária, e que
todo efeito natural está tão precisamente determinado pela 01) O filósofo mostra a necessidade de argumentos racionais
energia de sua causa que nenhum outro efeito, naquelas (dialéticos) para a defesa da doutrina cristã.
circunstâncias particulares, poderia ter resultado dela. A magnitude 02) Nos debates, não basta apenas invocar a palavra de Cristo,
e a direção de cada movimento estão prescritas com tal exatidão é preciso elaborar argumentos racionais contra os infiéis.
pelas leis da natureza que, do choque de dois corpos, seria tão 04) A dialética é um instrumento argumentativo contra os
plausível surgir uma criatura viva quanto um movimento de sofismas, inserindo o debate no campo filosófico e não no campo
magnitude ou direção diferentes do que efetivamente se produziu. doutrinal da fé.
Se quisermos, portanto, formar uma ideia justa e precisa de 08) A fraqueza da argumentação dos infiéis está na sua
necessidade, deveremos considerar de onde surge essa ideia, inconsistência lógica e racional.
quando a aplicamos à operação dos corpos.” 16) Os hereges e os infiéis serão convencidos somente com
(HUME, David. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARÇAL, J. Antologia argumentos oriundos da Bíblia.
de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 378).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
206. (UEM) “Pois bem, o que no passado e no presente foi sempre
01) A magnitude e a direção de cada movimento da matéria, objeto de investigação e sempre objeto de dificuldades, o que é o
na medida em que estão prescritas nas leis da natureza, não ser, é isto: o que é a substância (quanto a isto, uns dizem que há
podem sofrer qualquer desvio que resulte em outra criatura ou uma única, outros que há mais do que uma e uns dizem que é em
movimento diferente. número limitado, outros que é em número ilimitado); por esta
02) O efeito natural de uma força aplicada sobre uma matéria razão, nós devemos investigar, sobretudo, primeira e, por assim
é determinado necessariamente pela energia que o causou. dizer, unicamente o que é o ser concebido deste modo”
(ARISTÓTELES. Metafísica, VII, 1028b2-7. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. V. 08) Segundo o racionalismo, o real e o racional se identificam
3, São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2008, p. 14).
Com base no trecho citado e nos conhecimentos sobre o assunto, por meio da inteligibilidade do pensamento.
assinale o que for correto. 16) O racionalismo compartilha a tese central das ciências
cognitivas, segundo as quais o avanço das pesquisas sobre o
01) A investigação da noção de ser é um problema central para processo cerebral esclarecerá os enigmas do pensamento.
a reflexão filosófica.
02) A definição de substância de algo é, no limite, a definição 209. (UEM) “O espírito humano, por sua natureza, emprega
do ser desse algo. sucessivamente [...] três métodos de filosofar: [...] primeiro o
04) A substância não é alvo de estudos no presente, mas foi método teológico, em seguida o método metafísico, finalmente, o
analisada pelos filósofos do passado. método positivo. [...] No estado teológico, o espírito humano [...]
08) O filósofo defende uma investigação da substância apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e
exclusivamente enquanto o ser de algo, aquilo que algo é. contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja
16) A definição do que é algo, o seu ser, não se altera no tempo intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do
nem no espaço. Universo. No estado metafísico, [...] os agentes sobrenaturais são
substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades
207. (UEM) “Enquanto a filosofia se preocupa com a certeza e com (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres de mundo,
o universal, a história só fornecia relatos particulares e incertos. e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos
Voltaire [...] pensa que o filósofo deve auxiliar o historiador, ou os fenômenos observados [...]. Enfim, no estado positivo, o espírito
melhor, que o historiador dever ser filósofo. No que se refere à humano [...] renuncia a procurar a origem e o destino do Universo,
certeza e à prática do historiador, Voltaire sustenta que ele deve a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se
ter cuidado com suas fontes, duvidar sempre de relatos unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do
inverossímeis e, como se faz em processos judiciários, deve sempre raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas
saber se a testemunha é fidedigna. Justamente por não ser possível relações invariáveis de sucessão e de similitude”
(COMTE, A. Curso de filosofia positiva. In: CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio.
uma certeza histórica, o historiador deve se preocupar em 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 354-355).
multiplicar as evidências que permitem a ele relatar este ou aquele Com base nas afirmações acima e nos conhecimentos sobre
fato e defender esta ou aquela interpretação. [...] Além disso, ciência e senso comum, assinale o que for correto.
Voltaire tentará encontrar um sentido para a história. [...] A
variedade dos povos mostra que é impossível reduzir toda a 01) O método positivo considera a comprovação pelo método
história à história de um povo em particular” científico o único caminho válido para se atingir o conhecimento.
(BRANDÃO, R. Voltaire: filosofia, literatura e história. In: Antologia de textos filosóficos. 02) A formulação do estado teológico baseia-se na explicação
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 698-670).
Com base no trecho citado, assinale o que for correto. da realidade a partir de forças sobrenaturais, como deuses,
anjos e demônios.
01) Voltaire é favorável ao etnocentrismo. 04) O estado metafísico personifica, por meio da imaginação
02) Voltaire defende elementos da prática filosófica ao criadora, os mitos gregos.
exercício do historiador. 08) Para o estado positivo, postulados metafísicos, tais como os
04) O gênio ou o espírito de uma época não pode ser que tratam de entidades como Deus, não podem ser objeto do
determinado, pois a história não é objetiva. conhecimento.
08) A interpretação da história deve estar acompanhada de 16) A sucessão dos estados é cíclica e permanente, razão pela
perícia e da reconstituição meticulosa dos fatos. qual o método filosófico retorna, depois do estado positivo, ao
16) O ofício especulativo do historiador é universal e abstrato, seu princípio, renovando-se continuamente.
independentemente de quais sejam as fontes que pesquisa.
210. (UEM) “Há muito tempo o conceito de ciência faz parte das
208. (UEM) “O racionalismo não indica apenas o método de quem culturas mais antigas, geralmente para indicar algum tipo de
confia nos procedimentos ou nas técnicas da razão, mas alude conhecimento teórico superior. O significado variou conforme a
também à tese metafísica segundo a qual o mundo seria um época ou o pensador, mas apenas no século XVII configurou-se o
organismo racional estruturado de acordo com modos e objetivos conceito moderno de ciência, quando Galileu estabeleceu os novos
inteligíveis. Entendido nesse sentido, o racionalismo constitui o filão métodos de investigação da física e da astronomia. [...] Ao
dominante do pensamento ocidental e é próprio de todas as afirmarmos que a ciência é conquista recente da humanidade, a
doutrinas que acreditam na racionalidade essencial da realidade: indagação que nos vem à mente é sobre que tipo de conhecimento
do platonismo (que vê no mundo uma cópia das ideias) ao tomismo existia antes da revolução científica. Pois é inevitável reconhecer
(que considera o ser à luz dos transcendentais da Verdade, do Bem as inumeráveis conquistas técnicas das civilizações, em todos os
e do Belo), do espinosismo (que na base de tudo põe a Substância tempos. Ou seja, antes de a física se tornar uma ciência, diversos
povos já sabiam como fazer as embarcações flutuarem, como
e a ordem) à fenomenologia (que postula ‛essências ideais’) etc. A
construir palácios, aquedutos, sistemas de irrigação. [...] As
expressão mais significativa do racionalismo metafísico ocidental
civilizações desenvolveram o conhecimento e a técnica conforme o
é representada por Hegel e pelo conhecido aforisma: ‘o que é
senso comum, pelo uso espontâneo da razão e da imaginação. Às
racional é real, o que é real é racional’”
(ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. vezes, por tentativa e erro, outras vezes, por dedução ou indução.
968). E, por fim, pela tradição que acumulava o saber de cada povo,
Com base nessa definição de Abbagnano e nos conhecimentos tornando-o cada vez mais elaborado”
sobre o racionalismo, assinale o que for correto. (ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo:
Moderna, 2012, p. 170-171).
Com base nas afirmações acima e nos conhecimentos sobre
01) Para o racionalismo, a experiência empírica é o fundamento
ciência e senso comum, assinale o que for correto.
do real, sem a qual a razão ou não compreende ou distorce a
realidade.
01) O método científico fundamenta-se pelo processo de
02) O pensamento oriental, tal como se apresenta em religiões
tentativa e erro, dedução e indução.
de orientação budista, está em conformidade com o
02) O senso comum, embora acrítico e espontâneo, revelou-se
racionalismo.
como fonte de orientação fecunda e relevante para os homens,
04) O ponto de convergência entre Platão, Espinosa, Tomás de
em todas as épocas.
Aquino e Edmund Husserl é a religião cristã, a partir da qual o
racionalismo se edifica.
04) O papel de Galileu é importante por ter idealizado da região dos espíritos, eles podem ficar longo tempo golpeando
palácios e aquedutos e modernizado o sistema de irrigação o vazio em suas infrutíferas contendas, sem nunca chegar a
terrestre. qualquer conclusão determinada. Mas se a questão diz respeito a
08) Ligado a fatores determinantes, o conceito de ciência algum assunto da vida e da experiência cotidiana, julgaríamos que
moderna é decorrente da revolução científica do século XVII. nada poderia preservar a disputa indecidida por tanto tempo [...]”
16) O senso comum está associado ao valor dos mitos, pois não (HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano. In: MARÇAL, J. Antologia de
textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 377).
tem natureza científica, apenas imaginativa e cosmológica. A partir do trecho citado, assinale a(s) afirmativa(s) correta(s).
211. (UEM) “A ciência é um tipo de saber capaz de superar a 01) Tendo em vista que as faculdades da mente são iguais, os
subjetividade do próprio cientista e os preconceitos do senso pensamentos produzidos a partir das mesmas impressões
comum. O rigor do método permite atingir um alto grau de sensíveis são também iguais.
objetividade, porque seus procedimentos e produtos podem ser 02) As controvérsias existem pelo fato de as opiniões serem
verificados com isenção pela comunidade científica. Em associações diversas de mesmas ideias a termos diferentes.
decorrência, muitos pensam que a ciência é um saber neutro, ou 04) Disputas que nascem da experiência cotidiana têm sua
seja, que as pesquisas científicas não sofrem influências social ou resolução mais rápida, pois não incorrem na confusão das ideias.
política e visam apenas ao conhecimento ‘puro’ e desinteressado.” 08) O campo da experiência está ao alcance das faculdades
(ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de Filosofia. 3.ª ed. revista. São Paulo:
Moderna, 2005. p.173-174). humanas, visto que fornece um fundamento empírico para as
A partir dessa citação, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). ideias.
16) Nas contendas intelectuais, vale utilizar-se de toda e de
01) Todas as pesquisas científicas atendem a interesses qualquer opinião para obter a vitória.
econômicos muito bem reconhecidos.
02) Todos os experimentos feitos pelo Regime Nazista na 214. (UEM) “É de grande utilidade para o marinheiro saber a
Alemanha, durante a II Guerra Mundial, são válidos, a despeito extensão de sua linha, embora não possa com ela sondar toda a
do modo como foram obtidos. profundidade do oceano. É conveniente que saiba que era
04) Toda pesquisa científica realizada com métodos válidos suficientemente longa para alcançar o fundo dos lugares
deve ser aceita. necessários para orientar sua viagem, e preveni-lo de esbarrar
08) As indústrias farmacêuticas, como todo empreendimento contra escolhos que podem destruí-lo. Não nos diz respeito
capitalista, tentam direcionar os recursos financeiros para conhecer todas as coisas, mas apenas aquelas que se referem à
pesquisas que apresentam, prioritariamente, maior nossa conduta.”
rentabilidade financeira. (LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. In: CHALITA, Gabriel. Vivendo a
filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011. p. 251).
16) O cientista Albert Einstein não pode ser culpado pelo uso da Com base nessa citação em que John Locke considera os
energia nuclear para a fabricação da bomba atômica. conhecimentos do marinheiro, é correto afirmar que
212. (UEM) “Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus 01) o entendimento humano é ilimitado.
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e 02) a profundidade do oceano é maior do que o instrumento de
de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal medida do marinheiro.
assegurados devia ser apenas muito duvidoso e incerto; de modo 04) a medida da linha não precisa ser maior do que o necessário
que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, para orientar a correta navegação do barco.
desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha 08) a linha está orientada apenas em função da pesca.
crença e começar tudo novamente desde os fundamentos, se eu 16) a experiência empírica não é válida.
quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas
ciências.” 215. (UEM) “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais
(DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. In: MARÇAL, J. Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 153). abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo
A partir do texto citado, assinale o que for correto. de livrar os homens do medo e de fazer dele senhores. Mas,
completamente iluminada, a Terra resplandece sob o signo do
01) A verdadeira ciência ou conhecimento verdadeiro deve infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o de livrar o
refutar toda e qualquer crença ou religião. mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular
02) O início do processo filosófico de descoberta da verdade a ilusão, por meio do saber.”
começa com a instauração da dúvida. (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo. In: COTRIM, G. Fundamentos da
Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 166).
04) O espírito de investigação filosófica busca alicerces firmes, Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos sobre o
que não foram dados pelo modo como se adquiria o Iluminismo, assinale o que for correto.
conhecimento até então.
08) A dúvida sobre o conhecimento que se tem decorre das 01) A palavra medo, no texto, diz respeito ao desconhecido.
opiniões e dos saberes mal apreendidos na escola. 02) A razão esclarecida depende de Deus, entidade
16) Os alicerces firmes do conhecimento devem estar além das transcendente que banha a Terra de luz resplandecente.
opiniões das autoridades acadêmicas. 04) Pertence ao projeto iluminista a célebre afirmação de
Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a coragem de servir-se da
213. (UEM) “Pois como se supõe que as faculdades da mente são própria razão”.
naturalmente iguais em todos os indivíduos – e se assim não fosse, 08) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o inatismo, o
nada poderia ser mais infrutífero que argumentarmos ou misticismo e toda forma de pensamento dogmaticamente
debatermos uns com os outros –, seria impossível, se as pessoas estabelecido.
associassem as mesmas ideias a seus termos, que pudessem durante 16) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia da razão,
tanto tempo formar diferentes opiniões sobre o mesmo assunto, segundo a qual o homem atingiria a maioridade.
especialmente quando comunicam suas opiniões, e cada uma das
partes volta-se para todos os lados em busca de argumentos que 216. (UEM) “O pragmatismo opõe-se ao intelectualismo e a todas
possam dar-lhes a vitória sobre seus antagonistas. É verdade que, as formas de pensamento da totalidade, buscando dar atenção aos
se os homens tentam discutir questões que estão inteiramente fora fatos observáveis e às suas consequências. É um método de
do alcance das faculdades humanas, tais como as que concernem esclarecimento das diferenças significativas entre ideias, que se
à origem dos mundos, ou à organização do sistema intelectual ou
assenta na antecipação das consequências futuras que essas ideias em direção ao que não é. Esse fenômeno é chamado de
possam ter.” transgressão.
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 02) Apesar de utilizar a linguagem simbólica e o trabalho para
2005, p. 118)
Com base no excerto citado e nos seus conhecimentos sobre o criar uma “segunda natureza”, o homem apenas se distingue dos
pragmatismo, assinale o que for correto. animais a partir da racionalidade técnica, que introduziu a
internet e o computador.
01) Segundo o pragmatismo, o concretamente experienciável é 04) O instinto é que garante, ao reino animal, reações
indispensável para julgar a pertinência das ideias. harmônicas com a natureza e com a própria espécie. No homem
02) O pragmatismo requer o conhecimento de verdades inatas. essas reações podem ser desempenhadas sobretudo pela
04) Princípios da teoria evolucionista, que considera a inteligência.
continuidade de um ser vivo ligada à capacidade de adaptação 08) A crença no destino, ou na predestinação divina, tal como
ao mundo, estão em conformidade com o pragmatismo. aparece na cultura grega, particularmente na tragédia, constitui
08) Ao criticar o intelectualismo, o pragmatismo pretende liberar uma negação do exercício da liberdade.
a metafísica de conceitos vagos e dar lugar a uma filosofia 16) Entre a multiplicidade de conceitos que definem o que é o
purificada, científica e realista. homem, apenas a definição de Aristóteles sobrevive ao logo do
16) Segundo o pragmatismo, o significado de uma ideia não é tempo, ao definir o homem como “animal político”.
dado por si mesmo, mas em seu valor de uso e nas suas
consequências. 219. (UEM) Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-1642): “A
Filosofia encontra-se escrita neste grande livro que
217. (UEM) “Compete[-nos] estabelecer um forçoso paralelo continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o Universo),
entre o conceito de imitação e o de verdade. Realmente, ambos que não se pode compreender antes de entender a língua e
se apresentam, em sua essência, como triádicos. É importante conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito
observar que a fundamentação teológica da imitação ocorre em língua matemática, os caracteres são triângulos,
paralela à transmutação da essência da verdade. De fato, a circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é
compreensão mais anterior da verdade, entendida como impossível entender humanamente as palavras: sem eles nós
desvelamento, cede o seu lugar a esta outra, que a interpreta vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto”.
(GALILEI, Galileu. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 119 - Coleção Os
como adequação; e se passamos a emprestar então certa pensadores).
hegemonia ao sujeito e ao objeto, tal realce atribuído à Segundo esse fragmento, é correto afirmar:
dicotomia sujeito-objeto não busca preterir a base fundante e,
portanto, a função possibilitadora da presença de Deus em todo 01) Conhecer algo natural implica poder traduzir as informações
o processo da verdade; sem o mundo das essências estáveis em conceitos matemáticos.
abandona-se a dicotomia às errâncias inconseqüentes da 02) A matemática restringe-se ao estudo do Universo.
opinião: a episteme encontra o seu espaço possibilitador na 04) A matemática é uma língua não escrita.
tríade que estabelece o comércio entre sujeito, objeto e 08) A filosofia é o primeiro momento da investigação, que
divindade. Sem Deus, não há conhecimento. E sem Deus, não há precede a matemática.
imitação. Avancemos, pois, que a adequação está para a 16) O estudo da filosofia identifica-se com o estudo da
verdade assim como a imitação está para a arte.” natureza.
(BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In: Antologia de textos filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009. p.134.)
Segundo a citação, assinale o que for correto. 220. (UEM) “Na época do assim chamado grande racionalismo
(séc. XVII), ocorre uma proliferação de filosofias que pode ser
01) A função da tríade (sujeito, objeto e divindade) é apresentar vista como sintoma de um descompasso entre o evidente aumento
garantias de valor absoluto tanto à possibilidade da verdade do poder explicativo da ciência moderna e o anseio da filosofia
quanto à possibilidade da arte. em desvendar os fundamentos últimos dos processos que tornam
02) O conceito de imitação, apesar de ter recebido um possível o conhecimento e, por conseguinte, este progresso. É
fundamento de caráter teológico, perdeu essa característica num exemplar, nesse sentido, a grande quantidade de sofisticadas
segundo momento, ao ser comparado com o conceito de respostas à questão tida por todos como fundamental neste
verdade. momento: como se dá a relação entre matéria e espírito? Apesar
04) Ao contrário da opinião, passível de ser modificada de possuírem naturezas evidentemente distintas estas duas
constantemente, a episteme é estável, razão pela qual a realidades devem poder-se comunicar, caso contrário não haveria
objetividade pode, por meio de um trabalho de fundação passagem possível da percepção das coisas materiais para a
metafísico, regrar o trabalho científico. enunciação de discursos científicos sobre a realidade e nem desta
08) A adoção do conceito de verdade como adequação, antes para a produção das tecnologias que a transforma e domina.”
(MARÇAL, J. (Org.) Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 102.)
desvelamento, significa a passagem de uma interpretação mítica Segundo esse texto, assinale o que for correto.
da natureza para uma perspectiva lógica da linguagem.
16) O conceito de verdade como adequação às essências 01) O grande racionalismo é uma forma de debate
previamente estabelecidas supõe o trabalho de imitação da epistemológico que discute as teses do materialismo histórico e
natureza, pois, sem arte, não há ciência. do espiritualismo de Bergson.
02) A modernidade trouxe ao cenário filosófico a correlação
218. (UEM) “A partir do século XVIII, filósofos, como Kant, sujeito/objeto, a partir da qual aparece o problema da
estabeleceram uma diferença essencial entre natureza e ser representação do mundo para o racionalismo, isto é, das
humano: o reino da natureza é regido por leis necessárias de causa relações das ideias com as coisas e das ideias entre si.
e efeito, é determinado, ao passo que o reino humano, ou da 04) A dualidade entre matéria e espírito está associada a um
cultura, é dotado de liberdade e razão.” debate metafísico sobre a constituição do conhecimento, isto é,
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna,
2005, p. 20). a enunciação da realidade passa, no século XVII, pela equação
Sobre as diferenças entre cultura e natureza, assinale o que for que responde à relação entre matéria e espírito.
correto. 08) O debate em torno do grande racionalismo decorre de uma
teoria positivista, a partir da qual o conhecimento científico
01) A cultura, mesmo quando apresenta a capacidade humana recebe o papel de elucidar a relação entre matéria e espírito.
de proibir e repreender, não exime o homem de modificar-se
16) O propósito do grande racionalismo não é perguntar como 02) riqueza não é sinônimo de liberdade, como pobreza não é
é possível o conhecimento racional do mundo, mas permanecer sinônimo de escravidão.
em sua contingência fática, onde nada é estável e seguro. 04) a justificativa para a falta de liberdade é a pouca idade
dos seres humanos.
221. (UEM) Afirma o filósofo David Hume (1711-1776): “Todos 08) a liberdade é, primeiramente, liberdade de pensamento.
os objetos da investigação ou razão humana podem ser 16) a liberdade é resultado de um esforço pessoal incômodo
naturalmente divididos em duas espécies, quais sejam, relações de para libertar-se das amarras do pensamento.
ideias e questões de fato. Na primeira estão incluídas as ciências
da geometria, álgebra e aritmética, ou, em suma, toda afirmação 224. (UEM) Na introdução do volume dedicado a Descartes, na
intuitiva ou demonstrativamente certa. [...] Questões de fato, que coleção “Os Pensadores”, José Américo Motta Pessanha afirma
são a segunda espécie de objetos da razão humana, não são que o papel da racionalidade cartesiana na fundação das
passíveis de uma certificação como essa, e tampouco nossa ciências se dá da seguinte maneira: “A física de Descartes
evidência de sua verdade, por grande que seja, é da mesma representa uma aplicação de sua metafísica, na qual Deus
natureza que a precedente.” garante o conhecimento científico constituído a partir de ideias
(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. In: Figueiredo, V. (Org.) Filósofos na claras”
sala de aula, São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, v. 3, p. 107). (DESCARTES. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1994, p. 26).
Sobre essa noção de ciência, é correto afirmar que Sobre a fundação da racionalidade moderna, assinale o que for
correto.
01) a filosofia da ciência de Hume trata de objetos, ou seja, de
coisas concretas e materiais. 01) A matemática foi, em diversos momentos da história, uma
02) as ciências matemáticas para Hume possuem certeza e fonte inspiradora e metodológica da prática científica.
verdade. 02) A física cartesiana está orientada contra os princípios de
04) as relações de ideias podem ser verdadeiras desde que uma ciência meramente provável, razão pela qual Descartes
sejam passíveis de demonstração matemática. recusa todos os juízos, demonstrações e dados que não possam
08) há um domínio de objetos de investigação humana – a que ser tidos como verdadeiros e indubitáveis.
pertencem as questões de fato – que não pode ser demonstrado 04) Para Descartes, a diversidade das ciências, que necessita de
matematicamente. campos do saber específicos, inviabiliza a construção de um
16) a razão humana deve ter como objeto de investigação método e de regras para a direção do espírito, aplicáveis a
apenas aquilo que pode ser matematizável. qualquer tipo de conhecimento, seja qual for seu objeto de
estudo.
222. (UEM) “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma teoria se 08) Por Descartes adotar procedimentos céticos para a
torna um modelo de conhecimento ou um paradigma científico. O obtenção da primeira certeza, a reflexão cartesiana é
paradigma se torna o campo no qual uma ciência trabalha precursora do falsificacionismo de Karl Popper, segundo o qual
normalmente, sem crises. Em tempos normais, um cientista, diante a falsificabilidade define uma teoria científica.
de um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o explica 16) O more geométrico cartesiano tem como efeito o
usando o modelo ou o paradigma científico existente. Em desenvolvimento de teorias políticas e o fortalecimento de
contraposição à ciência normal, ocorre a revolução científica. Uma instituições sociais republicanas. Por isso, Jean-Jacques Rousseau
revolução científica acontece quando o cientista descobre que o e Thomas Hobbes tomam o Discurso do Método como ponto de
paradigma disponível não consegue explicar um fenômeno ou um partida do pensamento político moderno.
fato novo, sendo necessário produzir um outro paradigma.”
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 281).
Sobre isso, é correto afirmar que 225. (UEM) “Com a crise da Metafísica e os inusitados abalos
provocados pela Revolução Burguesa, todo o edifício da imitação
01) o paradigma científico é o campo teórico do cientista porque põe-se a desabar, e isso a partir do comprometimento de seus
fornece os parâmetros para a ciência normal. próprios alicerces. São aqueles universais que começam a
02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento porque ela se desfalecer, depauperados em suas bases metafísicas. Digamos que
constitui como uma explicação dos fenômenos para o cientista. o nominalismo, tomada a palavra na acepção o mais ampla
04) o paradigma científico é incompleto porque os cientistas possível, invade todos os cenários: o político, o religioso, o
estão sempre negando os paradigmas. filosófico, o científico e, como não poderia deixar de ser, também
08) a revolução científica é um avanço na ciência porque os o artístico. Passa-se a perceber, por exemplo, que a fórmula
cientistas sempre descobrem que as teorias anteriores estavam científica que serve para designar a água não passa de uma
erradas. construção completamente vazia, que não existe e nem pode
16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos são mutáveis existir, e não acoberta nenhum tipo de realidade, a começar pelas
porque os cientistas podem alcançar os limites dos modelos supostamente divinas – o próprio divino, aliás, se torna suspeito.
teóricos. As coisas se passam de modo até mesmo abrupto. Na arte, em data
quase precisa, assiste-se à derrocada do barroco, última
223. (UEM) O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) estabelece manifestação da arte religiosa na acepção hegeliana de
uma íntima relação entre a liberdade humana e sua capacidade ´substância objetiva´. O mínimo que se pode dizer é que aqueles
de pensar autonomamente, ao afirmar: “Esclarecimento é a universais concretos passam a sofrer uma transmutação radical em
saída do homem da menoridade pela qual é o próprio culpado. sua própria natureza”
(MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED – PR, 2009, p.135).
Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio A partir dessa discussão, assinale o que for correto.
entendimento sem direção alheia. [...] É tão cômodo ser menor.
Possuo um livro que faz as vezes do meu entendimento; um guru 01) O texto menciona o conceito de mímesis – imitação – como
espiritual, que faz às vezes de minha consciência; um médico, teoria da imaginação criadora, que se impôs às artes desde os
que decide por mim a dieta etc.; assim não preciso eu mesmo gregos antigos até o século XVIII, com o advento do
dispensar nenhum esforço. Não preciso necessariamente pensar, impressionismo.
se posso apenas pagar.” 02) No texto, o termo “nominalismo” é apresentado como uma
(KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: Antologia de textos filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 407). unidade do saber em torno de uma essência real e objetiva, que
A partir do texto de Kant, é correto afirmar que aspira a verdade absoluta.

01) liberdade é não precisar de ninguém para nada.


04) No texto, a expressão “crise da Metafísica” expressa o responsabilidade social do cientista, criticar os limites e abusos
cenário da filosofia contemporânea, que questiona a unidade da técnica, quando necessário, dentre outros. Sobre a prática
da razão, inclusive no seu fundamento divino. das ciências empíricas, assinale o que for correto.
08) No texto, a derrocada do barroco representa a passagem
da arte clássica às vanguardas modernas que, ao invés de imitar 01) A ciência produz, do ponto de vista prático, um conhecimento
o absoluto, questionam o estatuto do objeto artístico. eficiente e aplicável, razão pela qual a Filosofia deve, em sua
16) No texto, a crise dos fundamentos é um fenômeno crítica, esquecer a teoria e atacar as multinacionais, os meios de
exclusivamente artístico, pois não encontramos, nos outros comunicação e as redes de relacionamento virtual na Internet.
domínios do saber, problemas de caráter epistemológico, moral 02) Para a Escola de Frankfurt, a ciência estabelece uma nova
e metafísico. mitologia a partir da imagem de ciência infalível. Essa imagem
é veiculada pelo senso comum, que representa o cientista como
226. (UEM) “Etimologicamente, a palavra método é constituída gênio ou intelectual superdotado.
pelos termos gregos meta, “por meio de”, e hodós, “caminho”. O 04) A “revolução verde” e outras novidades da biotecnologia
método é, portanto, um caminho por meio do qual chegamos a moderna multiplicaram os ganhos na agroindústria, o que
um fim, atingimos determinado objetivo. Para alcançarmos um acabou fortalecendo a justiça social e a distribuição de renda
conhecimento seguro, devemos seguir um plano, um método. para as famílias pobres.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução 08) Galileu Galilei, por interferência da Igreja, não pode
à filosofia. 4ª. ed. revista. São Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.4).
Sobre a importância do método científico, assinale o que for publicar os resultados científicos de sua pesquisa, considerados
correto. nocivos para os valores religiosos da época.
16) Temas polêmicos da bioética, como a clonagem, a
01) O que caracteriza o advento da ciência moderna é a manipulação genética e a pesquisa em torno de células tronco,
construção de um método universal capaz de ser aplicado a ocupam os filósofos e os desviam do caminho, que é a
todas as ciências. epistemologia das ciências empíricas no plano puramente teórico
02) A aplicação de um método como um conjunto de regras fixas e metafísico, sem discutir a prática científica.
e mecânicas garante à ciência alcançar um conhecimento seguro
e verdadeiro. 229. (UEM) “Dogmatikós, em grego, significa ‘o que se funda em
04) O uso da dúvida metódica, como um dos instrumentos do princípios’, ou aquilo que é ‘relativo a uma doutrina’.
método de René Descartes, conduziu a filosofia a uma atitude Dogmatismo é a doutrina segundo a qual é possível atingir a
cética sobre a possibilidade de se alcançar qualquer certeza.”
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São
conhecimento da verdade. Paulo: Moderna, 2003, p. 54.
08) No pensamento grego, ciência e filosofia achavam-se ainda, Sobre as diferentes formas de manifestação do dogmatismo,
de certa forma, vinculadas e só vieram a se separar a partir da assinale o que for correto.
idade moderna, buscando cada uma delas seu próprio caminho,
ou seja, seu método. 01) A metafísica tradicional, por acreditar que poderia
16) O método por si só não garante a imparcialidade e a progredir sem uma crítica da razão, foi considerada, por
neutralidade da ciência: razão pela qual o trabalho científico Immanuel Kant, dogmática.
deve ser acompanhado de uma reflexão de caráter moral e 02) Uma ciência opõe-se ao dogmatismo, quando ela se declara
político, para que sejam postos em questão fins que orientam os neutra e legitima suas descobertas, acreditando na
meios que estão sendo utilizados. infalibilidade de seu método.
04) As proposições do cálculo e da geometria são, para Kant,
227. (UEM) O Iluminismo moderno é um período da história da dogmáticas, pois são princípios reflexivos que unem a
Filosofia que vai dos últimos decênios do século XVII aos últimos sensibilidade e o entendimento no juízo de gosto.
decênios do século XVIII. Como linha filosófica, caracteriza-se 08) A escola jônica, ao procurar a arché na physis, produz uma
pelo empenho em estender a razão como guia a todos os nova forma de pensamento dogmático, pois todos os seus
campos da experiência humana. Sobre o Iluminismo, assinale o pensadores concordam que o universo tem a mesma origem.
que for correto. 16) A teoria das revoluções científicas, de Thomas Kuhn, e a
teoria da falseabilidade, de Karl Popper, ao romperem com o
01) Os iluministas ingleses fizeram uma crítica à Igreja oficial, cientificismo, afastam a ciência do dogmatismo.
pregaram a tolerância religiosa e desenvolveram uma religião
natural chamada Deísmo. 230. (UEM) A Filosofia da ciência consiste no estudo da natureza
02) Para Immanuel Kant, não há nenhuma relação entre a razão da ciência, de seus métodos, conceitos, pressupostos, teorias e
e a experiência. Fundamentado na filosofia platônica, Kant relações com as outras disciplinas. Sobre a Filosofia da ciência,
afirma que o conhecimento do mundo sensível é fruto das ideias assinale o que for correto.
inatas.
04) Tanto na França de Montesquieu quanto na Alemanha de 01) Gaston Bachelard, na obra Filosofia do não, defende a
Immanuel Kant, o Iluminismo adotou uma posição política de atitude positivista para a ciência, já que o método científico
defesa do sufrágio universal como único instrumento para elimina, no seu processo de labor, os erros e absurdos.
instaurar um Estado democrático. 02) Thomas Samuel Kuhn utiliza os conceitos de anomalia, ciência
08) O Iluminismo inglês teve, na teoria do pacto social de Thomas normal, paradigma e crise, para explicar as revoluções na
Hobbes, um dos seus expoentes, pois, ao realizar um pacto entre ciência.
si, os indivíduos preservavam diante do Estado sua autonomia 04) Considerado o primeiro filósofo da ciência, Aristóteles
política. explica a mudança e o movimento das coisas através do “motor
16) Jean-Jacques Rousseau desenvolveu uma filosofia política imóvel”, isto é, o argumento metafísico, segundo o qual, a causa
inovadora ao distinguir o conceito de soberania do conceito de primeira, causadora do movimento em todas as coisas, não pode
governo, atribuindo, dessa maneira, ao povo, uma soberania ser causada.
inalienável. 08) Segundo Paul Feyerabend, apesar das dificuldades teóricas
e práticas da atividade científica, a produção do conhecimento
228. (UEM) É papel da Filosofia, em relação à prática das é segura e verdadeira, dada à neutralidade do cientista,
ciências empíricas, expor os fundamentos metafísicos, durante a coleta dos dados.
estabelecer critérios de verdade, apontar para a
16) De acordo com A. F. Chalmers, a crença na autoridade da entendimento e das ciências, porém, diferentemente de Bacon,
ciência é um mito moderno, semelhante a uma nova religião, Descartes não vê a necessidade de essa reforma exigir
alimentado pela expectativa do senso comum. mudanças sociais e políticas.
16) Para Descartes, tanto o sujeito do conhecimento, quanto as
231. (UEM) Segundo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a ideias claras e distintas, são mitos filosóficos, pois a consciência
realidade é a manifestação do Espírito infinito ou Absoluto, que não pode ser o objeto de si mesma.
é necessariamente histórico, dialético e realizador da unidade
entre pensamento e mundo. Sobre a manifestação do Espírito na 234. (UEM) Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo.
arte, segundo a Filosofia de Hegel, assinale o que for correto. Endereçou a todos a mesma crítica, a de não terem
compreendido o que há de mais fundamental e essencial à
01) A arte, para Hegel, é a manifestação sensível do Espírito, razão: o fato de ela ser histórica. Com base nessa afirmação,
isto é, a primeira forma de expressão do Absoluto, sucedida assinale o que for correto.
pela religião e pela Filosofia.
02) Entre as obras de arte, a poesia é a mais espiritual de todas, 01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel considera a razão
segundo Hegel, pois a matéria que utiliza é a linguagem. como sendo relativa, isto é, não possui um caráter universal e
04) Para Hegel, a arte sempre renasceu e renascerá não pode alcançar a verdade.
eternamente, pois seu conteúdo histórico deve ser atualizado ao 02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a razão e a
longo do tempo. realidade. Submetida às circunstâncias dos eventos históricos, a
08) A arte sacra (música-coral, arquitetura gótica, esculturas e razão está condenada ao ceticismo, isto é, “ao duvidar sempre”.
afrescos) é, segundo Hegel, uma forma de arte perfeita, pois a 04) A identificação entre razão e história conduz Hegel a
religião é a base do artista. desenvolver uma concepção materialista da história e da
16) De acordo com o processo de autoconsciência do Espírito, realidade, negando entre ambas a possibilidade de uma
Hegel classifica a arte em três momentos ou formas: simbólica, relação dialética.
clássica e romântica. 08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais um
modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do
232. (UEM) Coordenada por Denis Diderot, a Enciclopédia, cuja pensamento. O mundo é a manifestação da ideia, o real é
primeira edição é de 1751, representa a caracterização das racional, e o racional é o real.
ideias iluministas, que exerceram uma influência sobre a 16) Karl Marx, ao afirmar, na Ideologia alemã, que não é a
Revolução Francesa de 1789. Sobre o enciclopedismo, assinale história que anda com as pernas das ideias, mas as ideias é que
o que for correto. andam com as pernas da história, critica, ao mesmo tempo, o
idealismo e a concepção da história de Hegel e dos neo-
01) O Iluminismo como doutrina filosófica fundamenta os seus hegelianos.
pressupostos na Teologia e Filosofia de Santo Agostinho, para
quem a busca pelo conhecimento de Deus é iluminada pela 235. (UEM) O corpo tem muita importância para a Filosofia, pois
graça divina e pela fé. representa uma experiência universal e pré-reflexiva de acesso
02) A revolução científica que ocorre com Copérnico, Kepler e ao mundo. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.
Galileu, durante o Renascimento, influenciou a Filosofia do
Iluminismo. 01) “Dualismo psicofísico” é uma teoria metafísica que explica o
04) No século XVIII, conhecido como o Século das Luzes, ser humano como composto de duas partes diferentes: corpo
Immanuel Kant tenta superar a dicotomia (material) e alma (espiritual).
racionalismo/empirismo, que alimentava a polêmica entre muitos 02) Durante a Idade Média, o corpo foi cultivado de maneira
filósofos do Iluminismo. narcisista, reforçando a liberdade e o amor próprio do
08) Entre os objetivos da Enciclopédia, encontramos o desejo de indivíduo.
renovar o pensamento de forma crítica e ilustrá-lo para o 04) No Renascimento e na Idade Moderna, o corpo passa a ser
grande público. objeto da ciência, associado à ideia mecanicista que o considera
16) Na França, Luís XVI incentivou D’Alembert, Diderot e uma máquina.
Condillac a publicar a Enciclopédia, pois acreditava que a razão 08) Para a fenomenologia, o conceito de corpo não pode estar
iluminista poderia ajudar na manutenção da ordem do Antigo associado ao conceito de espírito, pois é uma escola filosófica
Regime. ligada ao materialismo histórico.
16) Para René Descartes, a alma é mais fácil de ser conhecida
233. (UEM) René Descartes é o inaugurador da Filosofia do que o corpo, já que, na ordem das certezas, a res cogitans é
moderna, por ter investigado a fundo os problemas que ocupam anterior a res extensa.
os filósofos desde o nascimento da Filosofia, a saber: o que é
substância, a relação entre alma e corpo, o problema do 236. (UEM) A epistemologia é marcada por diferentes maneiras
conhecimento, a extensão e o movimento e outros. Sobre a de formular critérios de verdade, nem sempre unânimes ou
Filosofia cartesiana, assinale o que for correto. universalmente aceitos. Destaca-se, nesse debate, a figura do
cético. O ceticismo instaura, de maneira decisiva, a questão
01) René Descartes representa, para a história da Filosofia, sobre a possibilidade do conhecimento. Com base nessa
avanços no plano científico, sem desenvolver a metafísica da afirmação, assinale o que for correto.
modernidade, razão pela qual seu pensamento foi reformulado
pelo movimento enciclopedista, no século XVIII. 01) Para Friedrich Nietzsche, “as convicções são prisões”. O
02) A primeira certeza obtida por Descartes é a constatação de filósofo defende o espírito livre e o pensamento nômade, isto é,
que o “eu penso, enquanto eu duvido, é sempre verdadeiro”, a produção de valores sem proselitismo ou dogma.
resumida pela fórmula “duvido, logo, penso, logo, sou”. 02) O termo ceticismo vem do grego sképsis, que significa
04) David Hume apresenta, em relação a Descartes, um projeto “investigação”, “procura”, pois a sabedoria não consiste em
de continuidade e aprofundamento. Com as teses do idealismo, alcançar a verdade, mas procurá-la.
toda a Filosofia britânica da época tornou-se propagadora do 04) Destaca-se, na representação do pensamento cético, a
pensamento cartesiano. figura de Górgias (séc. IV a.C.), um dos mais importantes sofistas.
08) Como Francis Bacon, Descartes afirma a possibilidade do 08) René Descartes, na obra Meditações metafísicas, ao
conhecimento verdadeiro, por meio de uma reforma do elaborar o método que utiliza a dúvida metódica, demonstra a
impossibilidade das ideias claras e distintas, desnecessárias à 02) Roger Bacon, considerado um dos maiores filósofos e
obtenção da regra. cientistas do séc XIII, defensor do método experimental e
16) Jürgen Habermas, defensor de uma racionalidade pesquisador no campo da ótica, foi condenado à morte pela
comunicativa, afirma que a possibilidade de um consenso sobre Inquisição.
o conhecimento é impossível na pós-modernidade, razão pela 04) Galileu Galilei contestou o aristotelismo, defendeu a
qual o ceticismo é a posição epistemológica mais correta. substituição do modelo ptolomaico do universo e defendeu o
modelo heliocêntrico de Copérnico, revolucionando a física e a
237. (UEM) Para Aranha e Martins, o conhecimento é o “... astronomia. Suas teorias científicas foram consideradas heréticas
esforço psicológico pelo qual procuramos nos apropriar pela Inquisição e, para evitar a pena de morte, foi obrigado a
intelectualmente dos objetos”. negá-las.
(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São 08) A Inquisição não tinha uma finalidade política, não pretendia
Paulo: Moderna, 2003, p. 52).
Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. defender a supremacia do poder espiritual da Igreja sobre o
poder temporal da sociedade laica.
01) Com o passar dos tempos, o que se entende por 16) A Igreja Católica, desde a criação da Inquisição, demorou
conhecimento assumiu diversas definições, dependendo da nove séculos para reconhecer os erros cometidos contra a ciência
maneira pela qual os filósofos explicam o modo como se dá o e retratar-se das sentenças injustas proferidas contra os
nosso contato com as coisas. cientistas que ousaram revolucionar a ciência.
02) Chama-se de intuição o conhecimento imediato, isto é, o
pensamento por insight ou visão súbita, que aparece ao espírito 240. (UEM) A Ilustração, movimento filosófico que marcou o
sem intermediários. século XVIII, apresenta, como uma de suas principais
04) Chama-se de conhecimento discursivo aquele que é características, a aposta na razão como caminho para
produzido sem conceitos, isto é, ideias, predicados e juízos que desenvolver o homem autônomo e esclarecido, seja através do
dispensam a construção lógica da linguagem. conhecimento da natureza, da formulação dos imperativos da
08) Na história da Filosofia, autores, como Henri Bergson, ética e da reflexão sobre os juízos de gosto. Sobre a filosofia
Wilhelm Dilthey e Edmund Husserl, retomaram a discussão sobre ilustrada, assinale o que for correto.
o valor da intuição no processo do conhecimento.
16) Para Kant, as intuições sensíveis e as intelectuais são a 01) É precursor da Ilustração Luís XIV, o rei Sol, que governou a
mesma coisa, já que nossas faculdades de conhecimento são as França absolutista segundo os ideais de uma razão esclarecida.
mesmas para qualquer tipo de objeto. 02) Apesar de desenvolver a crítica da razão, a Ilustração
permaneceu presa à teoria do conhecimento, ignorando
238. (UEM) O Renascimento é considerado um marco da Idade aspectos políticos e estéticos da racionalidade.
Moderna. Uma das características desse período é o processo 04) Immanuel Kant, um dos representantes do movimento
de secularização do universo, da sociedade, da cultura: muitos ilustrado, divide os usos da razão em teórico (possibilidade do
princípios e práticas que tinham uma fundamentação teológica conhecimento puro a priori e empírico) e prático (possibilidade
e religiosa adquirem um caráter laico. É possível constatar isso, de uma lei moral a priori).
inclusive, na nova concepção que o corpo adquire durante o 08) A revolução copernicana foi determinante na teoria do
Renascimento. Sobre o Renascimento e a Idade Moderna, conhecimento de Immanuel Kant, pois considera o sujeito e não o
assinale o que for correto. objeto como o fundamento do conhecimento.
16) Segundo Immanuel Kant, o lema da Ilustração é “sapere
01) Os estudos de anatomia, praticados pelo médico belga aude” (ouse saber), ou seja, faça uso do seu próprio
Vesalius (1514 – 1564) e por Leonardo da Vinci (1452 – 1519), entendimento sem a orientação de outrem.
não só alteram várias concepções inadequadas da anatomia
tradicional, baseadas nas obras de Galeno (séc. II), como 241. (UEM) O que caracteriza a modernidade, segundo
também alteram a representação religiosa do corpo humano e Marilena Chauí, é a descoberta da consciência reflexiva do
lhe dão uma conotação física, naturalista e biológica. sujeito que conhece sua faculdade de conhecer, e, aliada a isso,
02) Por considerar o corpo humano apenas matéria, a Igreja da a tese de que a Natureza pode ser completamente conhecida
Idade Média não se importava com a exumação de cadáveres enquanto objeto das representações do sujeito transcendental.
(CHAUI, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.49).
para a prática de experiências científicas. Sobre a filosofia moderna, assinale o que for correto.
04) A Idade Moderna desenvolve uma concepção mecanicista
do corpo que pode, inclusive, ser encontrada na obra de René 01) A modernidade é o período histórico marcado por avanços
Descartes. tecnológicos e inovações constantes. Só o que é novo e original
08) A secularização da concepção do corpo apresenta-se pode-se dizer moderno, fator que o deixa em estado de
durante o Renascimento na expressão artística, como, por transformação e novidade permanente.
exemplo, na arte pictórica de Rembrandt, que reproduz a 02) Sujeito transcendental é o conceito da modernidade
experiência de Vesalius no seu quadro A lição de anatomia. utilizado na intenção de objetivar o transcendente. Uma vez que
16) A exumação dos cadáveres, sua dissecação e as o mundo em si não é acessível, mas apenas os fenômenos, o
experiências neles exercidas eram, no início da Idade Moderna, sujeito transcendental cumpre a função de estabelecer a ponte
rigorosamente submetidas aos princípios da bioética e entre o sensível e o inteligível, atingindo, nesse processo, o supra-
fiscalizadas por um conselho composto por membros da Igreja e sensível.
magistrados. 04) O filósofo René Descartes, no final da era moderna,
reformulou a tese empirista e racionalista de David Hume e de
239. (UEM) O Santo Ofício, também conhecido como Inquisição, Immanuel Kant, respectivamente, fazendo uma síntese das
foi instaurado em 1223. Sua função era reprimir qualquer doutrinas que representam as teorias do conhecimento do
manifestação do pensamento, qualquer doutrina que período moderno.
contrariasse os valores e dogmas preconizados pela Igreja. 08) Chama-se fenomenologia a corrente filosófica da
Sobre a Inquisição, assinale o que for correto. modernidade que estuda as aparências, tendo por fundadores
Roger Moore e Bertrand Russell.
01) A instauração da Inquisição acontece no período histórico 16) Para René Descartes, no início da era moderna, o
entre o séc. XII e XIV, período em que são fundadas algumas pensamento, também chamado de cogito, conduzido pelo
das mais importantes universidades europeias.
método da dúvida metódica, fundamenta a certeza e a 02) A derrota fragorosa da razão moderna resultou em um
possibilidade do conhecimento verdadeiro e apodítico. colapso intelectual que deixou sem paradigmas as ciências, a
filosofia e as artes. Por isso, as religiões em franca expansão na
242. (UEM) A Filosofia Moderna compreende os séculos XVII e atualidade encontram, no pós-modernismo, uma fonte de
XVIII, caracterizando-se por um acentuado racionalismo que se inspiração duradoura.
opõe ao pessimismo teórico do ceticismo, o qual duvida da 04) Chama-se pós-moderno o modo de pensar que se delineia
capacidade da razão humana poder alcançar um conhecimento a partir da segunda metade do século XX, caracterizado pelo
certo fundamentado em uma verdade universal. Assinale o que afastamento e crítica às ideias da modernidade, denunciando
for correto. como presunçosas e ilegítimas muitas das pretensões da razão
no conhecimento e na prática.
01) René Descartes, no Discurso do Método, instaura a dúvida 08) O Iluminismo, movimento intelectual ocorrido no século XVIII,
metódica; deve ser, portanto, considerado um adepto do manifesta, de maneira especial, os ideais da modernidade,
ceticismo. fomentando as aspirações de liberdade e progresso
02) O dogmatismo opõe-se ao ceticismo, pois é uma doutrina harmonizados pela razão “iluminada”.
segundo a qual é possível atingir a certeza de verdades 16) Os avanços tecnológicos influenciam decisivamente a visão
inquestionáveis. de mundo no tempo pós-moderno. A automação, a
04) Para o racionalismo, o ponto de partida do conhecimento é microeletrônica, a informática alteraram o mundo do trabalho e
o sujeito como consciência de si reflexiva, isto é, como consciência as relações intersubjetivas. O mercado requer profissionais
que conhece sua capacidade de conhecer. versáteis; a sociedade, indivíduos informados, críticos e
08) Francis Bacon é um dos mais importantes céticos do século solidários.
XVII, pois, para ele, o homem nunca poderia libertar-se dos
ídolos que impedem sua razão de alcançar qualquer saber 245. (UEM) Uma das características do Renascimento e da
efetivo. Modernidade que lhe é associada é um processo de
16) O racionalismo acredita que a vida ética pode ser secularização da ciência que se expressa por uma dissociação
totalmente racional, visto que a razão humana é capaz de entre a teologia e a filosofia da natureza. A secularização da
conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das ciência realiza-se na separação entre razão e fé, as verdades
emoções, podendo dominá-las e governá-las. científicas tornam-se independentes das verdades reveladas.
Assinale o que for correto.
243. (UEM) A dialética idealista de G. W. F. Hegel criticou o
inatismo, o empirismo e o criticismo kantiano. Hegel opõe-se à 01) O processo de secularização na Modernidade modifica o
concepção de uma razão intemporal; na filosofia hegeliana, a caráter da ciência; essa deixa de ser essencialmente
racionalidade não é mais um modelo a ser aplicado, mas é o contemplativa para transformar-se em uma ciência instrumental,
próprio tecido do real e do pensamento. Contra a concepção cujo objetivo é conhecer a natureza para intervir nela, controlá-
intemporal da razão, Hegel afirma que a razão é história, e isso la e apropriar-se da mesma para fins úteis.
é o que há nela de mais essencial. Assinale o que for correto. 02) O mecanicismo constitui-se em um aspecto importante da
ciência moderna. A natureza e o próprio ser humano são
01) Sendo a razão história, ela se torna, para Hegel, relativa, comparados a uma máquina, isto é, a um conjunto de mecanismos
isto é, o que vale hoje não vale mais amanhã, nenhuma época cujas leis precisam ser descobertas.
pode, portanto, alcançar verdades universais. 04) Copérnico encontra em Aristóteles os fundamentos teóricos
02) O movimento dialético da razão se realiza, para Hegel, em para combater a concepção heliocêntrica do universo defendida
três momentos, na apresentação de uma tese, enquanto por Ptolomeu e pela Igreja.
afirmação, na constituição de uma antítese, como negação da 08) Vesalius contribui para o conhecimento da anatomia
tese, e na formação de uma síntese, como superação da antítese. humana, ao desafiar a proibição religiosa de dissecação de
04) Para Hegel, a história não é a simples acumulação e cadáveres. Suas observações corrigem muitos erros contidos na
justaposição de fatos e de acontecimentos no tempo, mas resulta medicina de Galeno.
de um processo cujo motor interno é a contradição dialética. 16) Com Galileu Galilei, o experimento torna-se parte do
08) A concepção de história de Hegel e a concepção de história método científico; torna-se um marco do novo espírito da ciência.
formulada por Marx no materialismo histórico são idênticas. É com seus experimentos que ele refuta as teses aristotélicas de
16) Hegel critica Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant por que o peso de um corpo depende de seu tamanho.
terem dado mais atenção à relação entre sujeito humano e
natureza do que à relação entre sujeito humano e cultura ou 246. (UEM) “(...) a própria experiência é um modo de
história. conhecimento que requer entendimento, cuja regra tenho que
pressupor a priori em mim ainda antes de me serem dados objetos
244. (UEM) “(...) há certos momentos na história da humanidade e que é expressa em conceitos a priori, pelos quais portanto todos
em que alterações significativas provocam o que chamamos os objetos da experiência têm necessariamente que se regular e
ruptura de paradigma. Ou seja, os parâmetros que orientam a com eles concordar.”
compreensão do mundo e de nós mesmos deixam de valer em (KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 13).
decorrência do imbricamento de inúmeros fatores. E, enquanto não Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto.
se elabora uma nova ‘visão de mundo’, vive-se um período confuso
de indefinição e de perplexidade, decorrente da crise dos valores 01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na
até então aceitos.” crítica ou na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir
(ARANHA, M. L. de Arruda e MARTINS, M. H. Pires. Temas de Filosofia. 2.ª ed., São Paulo: ao conhecimento das coisas, deve conhecer a si mesma, fixando
Moderna, 1998, p. 46). as condições de possibilidade do conhecimento, aquilo que pode
Assinale o que for correto. legitimamente ser conhecido e o que não.
02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento científico
01) A modernidade, como o conjunto de ideias e de valores que são os limites da experiência, as coisas que não são dadas à
norteou o pensamento e a ação humanos desde o final do século intuição sensível (a coisa em si, as entidades metafísicas como
XVIII, é essencialmente caracterizada pelo racionalismo, isto é, Deus, alma e liberdade) não podem ser conhecidas.
uma firme crença no poder da razão para conhecer e 04) Kant mantém-se na posição dogmática herdada de Hume.
transformar a realidade. Para os dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe
problema. O resultado da crítica da razão é a constatação do acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. Sem
poder ilimitado da razão para conhecer. a ação do hábito, ignoraríamos completamente toda questão de
08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na fato além do que está imediatamente presente à memória ou aos
filosofia é que são os objetos que se regulam pelo nosso sentidos. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou
conhecimento, não o inverso. Ou seja, o conhecimento não reflete como utilizar os nossos poderes naturais na produção de um efeito
o objeto exterior, mas o sujeito cognoscente constrói o objeto do qualquer. Seria o fim imediato de toda a ação, assim como da
seu saber. maior parte da especulação.”
16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural,
1973, pp. 145-146. Os Pensadores).
supera a dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a Filosofia
que tem por objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre de Hume, assinale o que for correto.
os dados da experiência e as intuições e os conceitos a priori da
razão. 01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não há conexão
causal necessária que possa ser verificada na experiência; é o
247. (UEM) O homem tem necessidade de conhecer e de hábito que explica a noção da relação causa e efeito: por
explorar o meio em que vive. O senso comum, o bom senso, a termos visto, várias vezes juntos, dois objetos ou fatos – por
arte, a religião, a filosofia e a ciência são formas de saber que exemplo, calor e chama, peso e solidez –, somos levados, pelo
auxiliam o homem a entender o mundo e a orientar suas ações. costume, a prever um quando o outro se apresenta.
Assinale o que for correto. 02) Como representante do racionalismo, Hume afirmou que o
princípio de causalidade, lei inexorável que regula todos os
01) O senso comum é o conhecimento adquirido por exigências acontecimentos da natureza, é inferido da experiência por um
da vida cotidiana; fornece condições para o agir, todavia é um processo de raciocínio.
conjunto de concepções fragmentadas, recebidas sem crítica e, 04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos fiarmos na
muitas vezes, incoerentes, tornando-se, assim, fonte de razão, fonte do conhecimento verdadeiro, e nos deixarmos
preconceitos. conduzir pelo costume, erraremos inevitavelmente em nossas
02) O bom senso, ao contrário do senso comum, apresenta-se ações e investigações.
como uma elaboração refletida e coerente do saber; em vez da 08) É o hábito que nos permite ultrapassar os dados empíricos,
aceitação cega de determinações alheias, pelo bom senso o os quais possuímos seja na forma de impressão seja na forma de
sujeito livre e crítico questiona os valores estabelecidos e decide ideias, e afirmar mais do que aquilo o qual pode ser alcançado
pelo que se revela mais sensato ou plausível. na experiência imediata.
04) A ciência caracteriza-se como um sistema de conhecimentos, 16) A ideia de causa é apenas uma ideia geral constituída pela
expressos em proposições gerais e objetivas sobre a realidade associação de ideias e baseada na crença formada pelo hábito.
empírica; é um conhecimento construído por um processo de
raciocínio rigoroso e metodicamente conduzido, baseado na 250. (UEM) A filosofia cética alcança na França, com o ensaio A
experiência, permitindo explicar, prever e atuar sobre os Apologia de Raimond Sebon, de Michel Montaigne, uma de suas
fenômenos. máximas expressões. René Descartes opõe-se e combate o
08) Religião e filosofia são duas formas antagônicas de ceticismo, acreditando na possibilidade de alcançar um
interpretação da realidade; a filosofia, unicamente com o conhecimento seguro com a elaboração de um método capaz de
raciocínio lógico-formal, busca entender apenas o mundo natural realizar uma reforma do entendimento e da ciência. Assinale o
e o humano; a religião ocupa-se apenas da razão. que for correto.
16) O conhecimento filosófico caracteriza-se como um saber
elucidativo, crítico e especulativo; como elucidativo, visa a 01) Para René Descartes, a primeira condição para reformar o
esclarecer e a delimitar conceitos e problemas; como crítico, entendimento humano e progredir no conhecimento científico é
nada aceita sem exame prévio e reflexão; como especulativo, expurgar a teologia da filosofia, pois é impossível conduzir a
assume a atitude teórica e globalizadora, que envolve os reflexão filosófica a partir da ideia da existência de Deus.
problemas em uma visão total. 02) Duas atitudes são, para René Descartes, causas do erro
cometido pela reflexão filosófica e pelas ciências: a primeira é
248. (UEM) A epistemologia de Thomas Kuhn tem como tese a prevenção, isto é, a facilidade com que o espírito humano se
fundamental a mudança de paradigmas que provoca as deixa levar pela opinião e pelas ideias alheias, sem se
revoluções científicas; enquanto a epistemologia de Karl Popper preocupar se são verdadeiras ou não; a segunda é a
se caracteriza pelo princípio da falseabilidade. Assinale o que precipitação, isto é, a facilidade com que são emitidos juízos
for correto. sobre as coisas antes de verificar se as ideias são verdadeiras
ou não.
01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas nas teorias 04) Para René Descartes, por ter adotado como método o
científicas desorganizam a ciência a ponto de impedir um procedimento da dúvida metódica, o ceticismo solapou os
avanço do conhecimento. fundamentos da filosofia e da ciência.
02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que substitui a 08) René Descartes combate o racionalismo por considerar que
explicação ptolomaica geocêntrica pela explicação introduz, na filosofia, uma reflexão metafísica. As verdades
heliocêntrica caracteriza uma mudança de paradigma e uma tanto na filosofia quanto na ciência devem ser alcançadas por
revolução na ciência astronômica. procedimentos empíricos, única forma de evitar o ceticismo.
04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede pela 16) O ponto de partida do método de René Descartes é a busca
sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsificada. de uma verdade primeira que não pode ser posta em dúvida.
08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de mundo Por isso, converte a dúvida em método.
expressa em uma teoria; o paradigma serve para auxiliar o
cientista na resolução de seus problemas. 251. (UEM) “Todas as ideias derivam da sensação ou reflexão.
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco,
Karl Popper, não se desenvolve de modo linear. desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela
será suprida? (...) De onde apreende todos os materiais da razão
249. (UEM) “O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da
aquele princípio único que faz com que nossa experiência nos seja experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela
útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.”
(LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 08) A ruptura epistemológica acontece, segundo Bachelard,
165).
Assinale o que for correto. quando um conjunto de métodos, de conceitos, de teorias, de
instrumentos e de procedimentos não alcança os resultados
01) Para John Locke, embora nosso conhecimento se origine na esperados ou não dá conta dos problemas propostos.
experiência, nem todo ele deriva da experiência. No 16) Diversamente de Bachelard, Thomas Kuhn considera que a
entendimento, existem ideias inatas abstraídas das coisas pela história da ciência é feita de descontinuidades e rupturas
reflexão. radicais que ele denomina de revolução científica.
02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a diferença
entre conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual e FRIEDRICH NIETZSCHE, SARTRE E FILOSOFIA
infalível, e conhecimento sensível, que, por depender da CONTEMPORÂNEA
sensação, é suscetível de erro.
04) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento em 254. (UEM) “A bem dizer, não me formulava minhas descobertas.
sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do entendimento Mas creio que agora me seria fácil colocá-las em palavras. O
humano, a investigar explicitamente a natureza, a origem e o essencial é a contingência. O que quero dizer é que, por definição,
alcance do conhecimento humano. a existência não é a necessidade. Existir é simplesmente estar
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se presente; os entes aparecem, deixam que os encontremos, mas
fundamenta na experiência. As impressões formam as ideias nunca podemos deduzilos. Creio que há pessoas que
simples; a reflexão sobre as ideias simples, ao combiná-las, compreenderam isso. Só que tentaram superar essa contingência
formam ideias complexas, como substância, Deus, alma etc. inventando um ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades ser necessário pode explicar a existência: a contingência não é uma
primárias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o absoluto, por
secundárias (cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem conseguinte a gratuidade perfeita”.
(SARTRE, J. P. A Náusea, in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro:
realmente nas coisas, as segundas são relativas e subjetivas. Zahar, 2007, p. 167/168).
A partir do texto assinale o que for correto.
252. (UEM) Opondo-se ao idealismo de Hegel, para quem a
história narra o movimento temporal do Espírito, Marx e Engels 01) A presença dos entes é alcançável por dedução lógica.
afirmam que a história constitui-se nas lutas reais dos seres 02) Um aspecto fundamental dos entes é a sua contingência.
humanos reais, que produzem e reproduzem suas condições 04) Sartre opõe a contingência evidente dos seres à necessidade
materiais de existência, isto é, produzem e reproduzem as de um ser que é causa de si próprio.
relações sociais dentro de antagonismos de classe. Assinale o 08) A existência é absoluta e não deduzível por argumentos.
que for correto. 16) Outros filósofos, além de Sartre, já haviam demonstrado a
necessidade dos entes.
01) Para Hegel, o movimento do Espírito é um movimento
dialético constituído de uma tese, de uma antítese e de uma 255. (UEL-2004) “O positivista desaprova a ideia de que
síntese, é nesse movimento dialético que o Espírito se manifesta possam existir problemas significativos fora do campo da ciência
na realidade. empírica ‘positiva’ – problemas a serem enfrentados por meio
02) O materialismo histórico é dialético, pois afirma que o de uma teoria filosófica genuína. O positivista não aprova a
processo histórico é movido por contradições sociais, sendo a ideia de que deva existir uma [...] epistemologia [...].”
principal a contradição entre o desenvolvimento das forças (POPPER, Karl R. A lógica da pesquisa científica. Trad. de Leônidas Hegenberg. São Paulo:
Cultrix, 1974. p. 53.)
produtivas e a forma de propriedade dos meios de produção. Com base no texto, é correto afirmar que Karl Popper:
04) Marx afirma que os homens fazem sua própria história, mas
não a fazem em condições escolhidas por eles, pois são a) Defende a ideia de que a filosofia é uma ciência.
historicamente determinados pelas condições em que produzem b) Atribui aos positivistas a tese de que a filosofia é uma ciência.
sua vida. c) Afirma que as teorias filosóficas devem resolver os problemas
08) A filosofia política hegeliana preconiza o fim do Estado, pois científicos.
acredita que, com a extinção do Estado, a violência será d) Descreve a rejeição do positivista à epistemologia.
eliminada da história e o Espírito encontrará, no quietismo, a e) Desaprova a ideia de que deva existir uma epistemologia.
paz.
16) Para Marx, o poder político é a maneira legal e jurídica 256. (UEL-2005) Analise a figura a seguir.
pela qual a classe economicamente dominante de uma
sociedade mantém seu domínio sobre as outras classes sociais.

253. (UEM) “(...) para Bachelard, a história das mudanças


científicas é feita de descontinuidades (novas teorias, novos
modelos, novas tecnologias que rompem com os antigos) mas
também comporta continuidades, quando se considera que o novo
foi suscitado pelo antigo e que parte deste é incorporado por
aquele.”
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 223).
Assinale o que for correto.

01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o erro, pois ele
representa um obstáculo definitivo para o progresso da ciência.
02) A ciência, diz Bachelard, não pode ser questionada nos seus
princípios e fundamentos, pois isso gera insegurança na pesquisa
e conduz a razão a duvidar de si mesma.
04) Bachelard escreveu A Filosofia do Não, obra profundamente
Chaplin. Tempos Modernos. (Disponível em: <http://adorocinema.
cética, na qual afirma que todo conhecimento é ilusório devido cidadeinternet.com.br/filmes/temposmodernos/temposmodernos01.jpg> Acesso em: 8
à impossibilidade de o homem poder alcançar uma verdade ago. 2004.)
absoluta.
“Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte
da atividade e do pensamento humanos, a autonomia do homem
enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao
crescente mecanismo de manipulação das massas, o seu poder de
imaginação e o seu juízo independente sofreram aparentemente
uma redução. O avanço dos recursos técnicos de informação se
acompanha de um processo de desumanização. Assim, o progresso
ameaça anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a idéia
de homem”.
(HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. de Sebastião Uchôa Leite. Rio de Janeiro:
Editorial Labor do Brasil, 1976. p. 6.)
Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos sobre
racionalidade instrumental, é correto afirmar:

a) A imagem de Chaplin está de acordo com a crítica de


Horkheimer: ao invés de o progresso e da técnica servirem ao
homem, este se torna cada vez mais escravo dos mecanismos Marilyn Monroe Andy Warhol, 1967.
criados para tornar a sua vida melhor e mais livre. A imagem anterior refere-se a um quadro que foi produzido
b) A imagem e o texto remetem à idéia de que o pelo artista norte-americano Andy Warhol. Valendo- se de
desenvolvimento tecnológico e o extraordinário progresso recursos da “sociedade de consumo” como, por exemplo, fotos
permitiram ao homem atingir a autonomia plena. de artistas famosos, Warhol produziu um número assombroso de
c) Imagem e texto apresentam o conceito de racionalidade que quadros em um curto espaço de tempo. O fenômeno da
está na estrutura da sociedade industrial como viabilizador da reprodução na arte foi estudado pelo filósofo alemão Walter
emancipação do homem em relação a todas as formas de Benjamin, que na década de 30 publicou um ensaio intitulado “A
opressão. obra de arte no tempo de sua reprodutibilidade técnica”. Sobre
d) Enquanto a imagem de Chaplin apresenta a autonomia dos a teoria de Walter Benjamin a respeito das conseqüências da
trabalhadores nas sociedades contemporâneas, o texto de reprodução em massa das obras de arte, é correto afirmar que
Horkheimer mostra que, quanto maior o desenvolvimento o autor:
tecnológico, maior o grau de humanização.
e) Tanto a imagem quanto o texto enaltecem a inevitável a) Entende negativamente o fenômeno da reprodução na arte
instrumentalização das relações humanas nas sociedades por representar a destruição das obras de arte e a sua
contemporâneas. transformação em mercadoria pela indústria cultural.
b) Reconhece que ocorrem mudanças na forma das pessoas
257. (UEL-2005) “As experiências e erros do cientista consistem de receberem as obras de arte e propõe a reeducação das massas
hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas vezes por escrito. como forma de resgate da aura, isto é, daquilo que é dado
Pode então tentar encontrar brechas em qualquer uma dessas apenas uma vez.
hipóteses, criticando-a experimentalmente, ajudado por seus c) Percebe na reprodução da obra de arte a dissolução da
colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem encontrar sociedade moderna, fenômeno este sem volta e que representa
uma brecha nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e esses o triunfo do capitalismo sobre o pensamento crítico e a reflexão.
testes pelo menos tão bem quanto suas concorrentes, será d) Interpreta a reprodutibilidade como um fenômeno inevitável
eliminada”. da sociedade capitalista que provoca alterações na
(POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado. São Paulo: Edusp &
Itatiaia, 1975. p. 226.) interpretação que críticos e artistas fazem das obras de arte,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e método sem maiores conseqüências ou possibilidades políticas.
científico, é correto afirmar: e) Afirma que a reprodutibilidade técnica provoca mudanças na
percepção e na postura das pessoas que têm acesso às obras;
a) O método científico implica a possibilidade constante de por isso certas formas artísticas, sobretudo o cinema, podem vir
refutações teóricas por meio de experimentos cruciais. a desempenhar o papel de politização das massas.
b) A crítica no meio científico significa o fracasso do cientista que
formulou hipóteses incorretas. 259. (UEL-2005) “A indústria cultural não cessa de lograr seus
c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido por quem consumidores quanto àquilo que está continuamente a lhes
as formulou, sem ajuda de outros cientistas. prometer. A promissória sobre o prazer, emitida pelo enredo e pela
d) O método crítico consiste em impedir que as hipóteses encenação, é prorrogada indefinidamente: maldosamente, a
científicas tenham brechas. promessa a que afinal se reduz o espetáculo significa que jamais
e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso científico. chegaremos à coisa mesma, que o convidado deve se contentar
com a leitura do cardápio. [...] Cada espetáculo da indústria
258. (UEL-2004) Observe a imagem a seguir. cultural vem mais uma vez aplicar e demonstrar de maneira
inequívoca a renúncia permanente que a civilização impõe às
pessoas. Oferecer-lhes algo e ao mesmo tempo privá-las disso é a
mesma coisa”.
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido
Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 130-132.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre indústria cultural
em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:

a) A indústria cultural limita-se a atender aos desejos que surgem


espontaneamente da massa de consumidores, satisfazendo as
aspirações conscientes de indivíduos autônomos e livres que
escolhem o que querem.
b) A indústria cultural tem um desempenho pouco expressivo na
produção dos desejos e necessidades dos indivíduos, mas ela é
eficiente no sentido de que traz a satisfação destes desejos e d) A objetividade das expressões é uma característica sem
necessidades. importância para a ciência.
c) A indústria cultural planeja seus produtos determinando o que e) Na ciência as explicações linguísticas são desnecessárias.
os consumidores desejam de acordo com critérios
mercadológicos. Para atingir seus objetivos comerciais, ela cria 262. (UEL-2004) “A doença da razão está no fato de que ela
o desejo, mas, ao mesmo tempo, o indivíduo é privado do acesso nasceu da necessidade humana de dominar a natureza. Essa
ao prazer e à satisfação prometidos. vontade de dominar a natureza, de compreender suas ‘leis’ para
d) O entretenimento que veículos como o rádio, o cinema e as submetê-la, exigiu a instauração de uma organização burocrática
revistas proporcionam ao público não pode ser entendido como e impessoal, que, em nome do triunfo da razão sobre a natureza,
forma de exploração dos bens culturais, já que a cultura está chegou a reduzir o homem a simples instrumento. Naturalmente, as
situada fora desses canais. possibilidades atuais eram inimagináveis nos tempos passados:
e) A produção em série de bens culturais padronizados permite hoje o progresso tecnológico põe à disposição de todos objetos e
que a obra de arte preserve a sua capacidade de ser o suporte bens que antes só existiam nos sonhos dos utopistas. [...] O
de manifestação e realização do desejo: a cada nova cópia, a progresso dos recursos técnicos, que poderia servir para ‘iluminar’
crítica se renova. a mente do homem, se acompanha pelo processo da
desumanização, de tal modo que o progresso ameaça destruir
260. (UEL-2005) “A diversão é o prolongamento do trabalho sob precisamente o objetivo que deveria realizar: a ideia do homem.”
o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. Trad. de Álvaro Cunha. São Paulo:
Paulinas, 1991. v. 3. p. 846.)
processo de trabalho mecanizado, para se pôr de novo em Com base no texto e nos conhecimentos sobre razão instrumental
condições de enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a mecanização em Adorno e Horkheimer, considere as afirmativas a seguir.
atingiu um tal poderio sobre a pessoa em seu lazer e sobre a sua
felicidade, ela determina tão profundamente a fabricação das I. A forma como o domínio da natureza foi alcançado preservou
mercadorias destinadas à diversão, que esta pessoa não pode mais a “ideia do homem”, objetivo central do progresso técnico.
perceber outra coisa senão as cópias que reproduzem o próprio II. O objetivo do homem, desde o início de sua história, era o de
processo de trabalho”. dominar a natureza e fazer uso de seus recursos para viver
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido
Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p.128.) melhor.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre trabalho e lazer III. A dimensão crítica da razão, imune ao progresso tecnológico
no capitalismo tardio, em Adorno e Horkheimer, é correto e ao avanço da ciência, impediu a dominação do homem.
afirmar: IV. A humanidade, nos dias atuais, atingiu um grau significativo
de controle sobre o meio em que vive e, para isso, conta com o
a) Há um círculo vicioso que envolve o processo de trabalho e os auxílio de instrumentos administrativos e tecnológicos.
momentos de lazer. Com o objetivo de fugir do trabalho
mecanizado e repor as forças, o indivíduo busca refúgio no Estão corretas apenas as afirmativas:
lazer, porém o lazer se estrutura com base na mesma lógica
mecanizada do trabalho. a) I e III.
b) Apesar de se apresentarem como duas dimensões de um b) I e IV.
mesmo processo, lazer e trabalho se diferenciam no capitalismo c) II e IV.
tardio, na medida em que o primeiro é o espaço do d) I, II e III.
desenvolvimento das potencialidades individuais, a exemplo da e) II, III e IV.
reflexão.
c) Mesmo sendo produzidas de acordo com um esquema 263. (UEL-2004) “O aumento da produtividade econômica, que
mercadológico que fabrica cópias em ritmo industrial, as por um lado produz as condições mais justas para um mundo mais
mercadorias acessadas nos momentos de lazer proporcionam ao justo, confere por outro lado ao aparelho técnico e aos grupos
indivíduo plena diversão e cultura. sociais que o controlam uma superioridade imensa sobre o resto da
d) Tanto o trabalho quanto o lazer preservam a autonomia do população. O indivíduo se vê completamente anulado em face dos
indivíduo, mesmo nos processos de mecanização que poderes econômicos. Ao mesmo tempo, estes elevam o poder da
caracterizam a fabricação de mercadorias no capitalismo sociedade sobre a natureza a um nível jamais imaginado.
tardio. Desaparecendo diante do aparelho a que serve, o indivíduo se vê,
e) As atividades de lazer no capitalismo tardio, como o cinema ao mesmo tempo, melhor do que nunca provido por ele. Numa
e a televisão, são caminhos para a politização e aquisição de situação injusta, a impotência e a dirigibilidade da massa
cultura pelas massas, aproximando-as das verdadeiras obras de aumentam com a quantidade de bens a ela destinados.”
arte. (ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido
Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. p. 14.)
De acordo com o texto de Adorno e Horkheimer, é correto
261. (UEL-2004) “Só há ciência onde a discussão é possível, e só afirmar:
pode haver discussão entre mim e outra pessoa na medida em que
eu estou em condições de esclarecer, com suficiente exatidão, o a) A alta capacidade produtiva da sociedade garante
significado das expressões que uso e meu interlocutor possa, liberdade e justiça para seus membros, independentemente da
também, explicar-me o significado das palavras por ele forma como ela se estrutura, controlando ou não seus membros.
empregadas.” b) O “desaparecimento” do indivíduo diante do aparato
(STEGMÜLLER, Wolfang. A filosofia contemporânea. Trad. de Nelson Gomes. São Paulo:
EPU/ EDUSP, 1977. p. 283.) econômico da sociedade se deve à incapacidade dos próprios
De acordo com o texto, assinale a alternativa que apresenta cidadãos em se integrarem adequadamente ao mercado de
uma das características fundamentais do discurso científico. trabalho.
c) A ciência e a técnica, independente de quem tem seu controle,
a) Na ciência devem ser usadas expressões subjetivas. são as responsáveis pela circunstância de muitos estarem
b) As expressões usadas na ciência devem ser impossibilitados de atingir o status de sujeito numa sociedade
intersubjetivamente inteligíveis. altamente produtiva.
c) A compreensão intersubjetiva das expressões é irrelevante d) O fato de a sociedade produzir muitos bens, valendose da
para as discussões científicas. ciência e da técnica, poderia representar um grau maior de
justiça para todos; no entanto, ela anula o indivíduo em função mau gosto passou a ser designado pela palavra alemã kitsch e é
do modo como está organizada e como é exercido o poder. assim conhecido até hoje.”
e) O alto grau de autonomia das massas na sociedade (ARANHA, M. L. de A. Temas de Filosofia. 3ª.ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.211-
212.)
capitalista contemporânea é resultado do avançado domínio É característica do kitsch a mistura de cores e estilos de forma
tecnológico alcançado pelo homem. excessiva e extravagante, a procura por objetos artísticos
industrializados, a reutilização de estilos e de objetos
264. (UEL-2003) “Leni Riefenstahl destacou-se nos anos 20 e 30 deslocados do contexto de origem e a redundância (repetição
como cineasta, dirigindo, entre outros, documentários exaustiva de signos com o mesmo significado). A partir destas
encomendados pelo líder da propaganda nazista, Joseph características do kitsch, assinale o que for correto.
Goebbels. Com os filmes “Triunfo da Vontade” (1935), sobre o
culto ao “Führer” Adolf Hitler, e “Olímpia” (1938), um exemplo 01) Recuperar um sítio arqueológico, contendo obras de arte da
da devoção nacional-socialista em torno do corpo e da beleza, antiguidade clássica, é kitsch.
Riefenstahl ganhou fama em todo o mundo. Mas também a 02) Construir uma casa de estilo neoclássico, típico do século XIX,
estampa de ideóloga nazista.” com falsas colunas gregas e romanas, é kitsch.
(O ressurgimento de Leni Riefenstahl. Disponível em:
<http://www.uol.com.br/fsp/mais/fs1911200006.htm> Acesso em 20 nov. 2002.) 04) Decorar as vitrines das lojas com corações vermelhos para a
“Sem dúvida Benjamin, como Marcuse, vê na arte de massa do venda de objetos associados ao dia dos namorados é kitsch.
fascismo, que surge com a pretensão de ser política, perigo de uma 08) Produzir miniaturas de monumentos, como a Torre Eiffel e a
falsa dissolução da arte autônoma. Essa arte propagandística dos Estátua da Liberdade, para vendê-las nas lojas de souvenirs, é
nazistas liquida efetivamente a arte como uma esfera autônoma, kitsch.
mas atrás do véu da politização ela está a serviço, na verdade, da 16) Pintar um quadro à moda impressionista, para vendê-lo em
estetização do poder político bruto.” feira de artesanato, é kitsch.
(FREITAG, Bárbara; ROUANET, Sérgio Paulo (Orgs.). Habermas. São Paulo: Ática, 1990. p.
175.)
Com base nos textos acima e em seu conhecimento sobre a 267. (UEM) Encontra-se no positivismo de Auguste Comte a “lei
relação entre cinema e política, é correto afirmar: dos três estados”. Segundo este princípio básico de classificação,
o primeiro estado é o teológico (quando os fenômenos da
a) O caráter autônomo da arte cinematográfica impede que natureza são explicados a partir de forças divinas e
suas produções sejam apropriadas por regimes políticos, tais sobrenaturais); o segundo estado é o metafísico (quando os
como o nazismo e o fascismo. fenômenos da natureza são explicados a partir de teorias
b) A propaganda ideológica contida nos filmes encomendados arbitrárias e especulativas) e o terceiro estado é o positivo
pelo nazismo valorizou a arte enquanto uma esfera autônoma. (quando os fenômenos da natureza são explicados a partir da
c) A arte cinematográfica ao ser transformada em propaganda observação empírica).
ideológica de regimes autoritários como o nazismo perde seu Sobre a lei dos três estados de Auguste Comte, assinale o que
caráter de esfera autônoma. for correto:
d) Os filmes de Leni Riefenstahl constituem-se em documentários
destituídos de qualquer natureza ideológica ou de propaganda 01) O estado metafísico representa a expectativa de superação
do regime nazista. do estado teológico, pois o sobrenatural é substituído pela razão
e) A propaganda nazista, veiculada pelo cinema, tornou a arte teórica.
um instrumento de crítica das desigualdades sociais. 02) O estado positivo dispõe de leis causais, segundo as quais
os fenômenos físicos são explicados a partir da observação
265. (UEL-2003) “Tudo indica que o termo ‘indústria cultural’ foi empírica.
empregado pela primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, 04) A lei dos três estados influenciou as “metamorfoses de
que Horkheimer [1895-1973] e eu [Adorno, 1903-1969] Zaratustra”. Nessa metaforização de Nietzsche, o camelo
publicamos em 1947, em Amsterdã. (...) Em todos os seus ramos representa a infância da humanidade.
fazem-se, mais ou menos segundo um plano, produtos adaptados 08) Segundo a disposição dos três estados, a ciência moderna
ao consumo das massas e que em grande medida determinam esse corresponde ao estado positivo.
consumo.” 16) Segundo a disposição dos três estados, a mitologia grega
(ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel (Org.). Theodor W. corresponde ao estado teológico.
Adorno. São Paulo: Ática, 1986. p. 92.)
Com base no texto acima e na concepção de indústria cultural 268. “Já existem agora operários, aos quais a luta de classes deu
expressa por Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: um significado novo de dignidade e de liberdade que, quando leem
os cantos dos poetas ou ouvem os nomes dos artistas e dos
a) Os produtos da indústria cultural caracterizam-se por ser a pensadores, se perguntam com mágoa: ‘Por que a escola não
expressão espontânea das massas. ensinou essas coisas também a nós?’ Mas se consolem: a escola,
b) Os produtos da indústria cultural afastam o indivíduo da como se apresentou nos últimos dez anos, como é feita agora pela
rotina do trabalho alienante realizado em seu cotidiano. classe dirigente, não ensina mais nada a ninguém, ou bem pouco.
c) A quantidade, a diversidade e a facilidade de acesso aos A tarefa educativa tende agora a realizar-se por outros caminhos,
produtos da indústria cultural contribuem para a formação de livremente, por meio de associações espontâneas de homens
indivíduos críticos, capazes de julgar com autonomia. motivados pelo desejo comum de melhorarem a si mesmos. Por que
d) A indústria cultural visa à promoção das mais diferentes um jornal não poderia tornar-se o centro de um desses grupos? [...]
manifestações culturais, preservando as características originais Na realidade existem, no conjunto de noções transmitidas por um
de cada uma delas. milenário trabalho do pensamento, elementos que possuem um
e) A indústria cultural banaliza a arte ao transformar as obras valor eterno, que não podem e não devem perecer. Um dos mais
artísticas em produtos voltados para o consumo das massas. graves sinais da degradação à qual nos levou o regime burguês
está no fato de que se perde a consciência desses valores; tudo se
266. (UEM) “Para Umberto Eco, ‘o mau gosto em arte é definido torna objeto de comércio e instrumento de guerra.”
como a pré-fabricação e a imposição do efeito’. Isto significa que (GRAMSCI, A. Crônicas de L’ordine Nuovo. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009, p.294).
em vez de deixar o público, com pelo menos algum conhecimento
de arte, encontrar a proposta e os sentidos de cada obra, esse A partir desta afirmação de Antônio Gramsci, assinale o que for
significado já vem pronto. A partir de meados do século XIX, o correto:
01) A escola enfraqueceu o ensino de valores filosóficos, Ela é, sempre foi, esse pensamento admiravelmente ativo,
científicos e culturais por razões políticas e ideológicas. engenhoso, desenvolto, esse parti pris de tratar todo ser como
02) A imprensa expressa interesses econômicos e políticos, ‘objeto em geral’, isto é, a um tempo como se ele nada fosse para
portanto a escolha de um jornal é um momento da luta de classes. nós, e, no entanto, se achasse predestinado aos nossos artifícios.
04) A crise da burguesia determina o aumento do déficit público, Mas a ciência clássica guardava o sentimento de opacidade do
favorecido pelo reajuste das mensalidades escolares. mundo, era a este que ela pretendia juntar-se por suas construções,
08) A prática do comércio e da guerra representa uma ameaça e por isto é que se acreditava obrigada a procurar para as suas
aos valores historicamente reconhecidos. operações um fundamento transcendente ou transcendental. Há,
16) A escola pública dilapidou a prática científica em razão do hoje em dia – não na ciência, e sim numa filosofia das ciências
comprometimento dessa escola com as classes desfavorecidas. assaz difundida –, isto de inteiramente novo: que a prática
construtiva se toma e se dá por autônoma, e que o pensamento
269. (UEM) “Contudo, embora o nosso pensamento pareça possuir deliberadamente se reduz ao conjunto das técnicas de tomada ou
essa liberdade ilimitada, notaremos, baseados em um exame mais de captação, que ele inventa.”
detalhado, que na realidade ele está confinado dentro de limites (MERLEAU-PONTY, M. O olho e o espírito, in: Textos selecionados. São Paulo: Abril
Cultural, 1984, p.85).
muito estreitos, e que todo o poder criativo da mente se reduz a Com base nesta citação de Merleau-Ponty, assinale o que for
nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou correto:
diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência.
Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais 01) Merleau-Ponty diferencia o pensamento científico
do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já contemporâneo do pensamento científico clássico.
conhecíamos. [...] Em resumo, todos os materiais do pensamento 02) Merleau-Ponty diferencia a prática científica da reflexão
derivam ou do nosso sentimento exterior ou do interior: a mistura filosófica sobre a ciência.
e a composição de ambos dizem respeito à mente e à vontade. Ou 04) Para Merleau-Ponty, a ciência abandona a realidade do
seja, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas mundo para produzir objetos técnicos e modelos operacionais
ideias, percepções mais débeis, são cópias de nossas impressões, eficientes.
mais vivas.” 08) Para Merleau-Ponty, o dever do filósofo é manipular as
(HUME, D. Tratado sobre a natureza humana in MARCONDES, D. Textos básicos de
filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 104.) coisas do mundo no lugar dos cientistas.
A partir do texto citado é correto afirmar que: 16) Para Merleau-Ponty, a prática científica é abusiva quando
decide concorrer com o fundamento transcendente.
01) A liberdade do pensamento é delimitada pelas impressões
sensíveis, pelas percepções que os sentidos captam do mundo. 272. (UEM) “Foucault chamou a atenção para a dificuldade de
02) Podemos pensar numa montanha de ouro sem ter essas construir uma ‘ética do eu’ em nossos dias, marcados pelo
experiências sensíveis, pois a mente humana é criativa. consumismo exacerbado, pelo culto do corpo nas academias e pela
04) Há uma contradição entre a liberdade infinita do exaltação das imagens como propaganda, que poderiam levar a
pensamento e suas reais possibilidades de operação a partir da um hedonismo muito diferente daquele de Epicuro, preocupado
experiência sensível. apenas com os prazeres materiais e imediatos. Mas, ao mesmo
08) O pensamento opera de modo infinito com as impressões tempo, afirmou que essa seria uma tarefa urgente, pois a única
sensíveis, em inúmeras formas de transposição, composição, possibilidade de construir uma autonomia nos dias de hoje,
mistura de elementos. resistindo aos poderes políticos, estaria numa relação consigo
16) A capacidade criativa do pensamento não pode conceber mesmo. [...] Em outras palavras: não viver submetido às regras
coisas sem conexão com as experiências sensíveis. morais que são impostas de fora, mas assumir-se sujeito de suas
próprias escolhas, criar e construir sua vida. [...] É conhecendo a si
270. (UEM) “Na Copa do Mundo de Futebol de 1994, realizada mesmo e cuidando de si mesmo que cada um pode construir sua
nos Estados Unidos, o Brasil se consagrou tetra-campeão mundial. vida na relação com os outros. Uma ética do cuidado de si não
Por interesses de transmissão televisiva, boa parte dos jogos, implica, portanto, isolamento ou egoísmo.”
inclusive a final, teve início [...] sob um calor extenuante. [...] Mas (GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. 1ª. ed. São Paulo: Scipione, 2013, p.
165).
o que levou os organizadores do evento a submeter os ‘artistas da Segundo a afirmação acima, assinale o que for correto:
bola’ a esse sacrifício? Novamente os interesses do mercado, da
propaganda e das empresas predominam. Quase todas as 01) As éticas de Foucault e de Epicuro são equivalentes, pois
produções artísticas e culturais têm de se submeter à lógica da valorizam o prazer material e o prazer sensível.
indústria cultural ou viver em um processo de marginalização, 02) O cuidado de si está caracterizado pelo surgimento das
definhamento e extinção.” academias de ginástica e de centros de estética.
(MELANI, Ricardo. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. 1ª. ed. São Paulo: Ed. Moderna,
2013, p.223). 04) Em nome da autonomia do indivíduo, Foucault afirma a
Com base no texto, assinale o que for correto. necessidade de resistência ao poder do Estado.
08) A ética de Foucault, ao privilegiar o cuidado de si,
01) O futebol é uma mercadoria utilizada pela mídia do desvaloriza o aspecto social, coletivo.
entretenimento. 16) A autonomia do indivíduo frente aos mecanismos de controle
02) O aparelhamento técnico da televisão prejudica a indústria é uma responsabilidade pessoal e intransferível.
cultural.
04) A indústria cultural é criteriosa e atende a padrões elevados 273. (UEM) “Na introdução ao Princípios, Berkeley lamenta: como
de crítica. garantir a credibilidade da filosofia se, ao invés de responder a
08) O futebol é financiado por empresas de divulgação em esta demanda por fundamentos e satisfazer nossos anseios de paz
massa. de espírito, ela nos inunda com uma multiplicidade de teorias que
16) A superexposição de determinados eventos esportivos causa geram disputas e dúvidas sem fim? Depois de fazer levantar uma
o enfraquecimento de outros esportes. espessa poeira de palavras, a própria filosofia reclama por não
conseguir mais ver com clareza aquilo que aparece claro e sem
271. (UEM) “A ciência manipula as coisas e renuncia a habitá-las. problemas ao homem comum...”
Fabrica para si modelos internos delas e, operando sobre esses (SKROCK, E. George Berkeley e a terra incógnita da filosofia. In: MARÇAL, J. (org.).
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 103).
índices ou variáveis as transformações permitidas por sua A partir do exposto, é correto afirmar que a filosofia
definição, só de longe em longe se defronta com o mundo atual.
01) identifica-se com o senso comum. 04) A subjetividade é o domínio cognitivo ou mental do ser
02) propõe questões insolúveis. humano.
04) debate teorias diferentes entre si. 08) A ambiguidade de que fala a fenomenologia de Merleau-
08) proporciona a paz de espírito. Ponty é tributária da religião cristã.
16) estabelece verdades absolutas. 16) A facticidade se opõe à transcendência, que é a disposição
por meio da qual o ser humano vai além de suas determinações
274. (UEM) “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez físicas.
obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos pode ser formulado
em poucas palavras: na produção social da própria vida, os 277. (UEM) Entre variadas acepções do realismo, podemos
homens contraem relações determinadas, necessárias e defini-lo como a tese que afirma a autonomia da existência das
independentes da sua vontade, relações de produção estas que coisas em relação ao ato de conhecer, isto é, a teoria que
correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das sustenta que a existência dos objetos é separada e
suas forças produtivas materiais. [...] A totalidade dessas relações independente da existência subjetiva. As acepções do idealismo
deprodução forma a estrutura econômica da sociedade, a base também variam. Podemos definir o idealismo como a tese
real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, segundo a qual os fenômenos, isto é, os objetos do conhecimento
e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. empírico, dependem de nossas ideias ou representações. A
O modo de produção da vida material condiciona o processo da partir dessa definição de realismo e de idealismo e de suas
vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência dos consequências para o problema do conhecimento, assinale o que
homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser for correto.
social que determina sua consciência.”
(MARX, Karl. Para a crítica da Economia Política. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de 01) O realismo entende a matéria como a realidade dotada de
aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2007, p. 121-122).
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. existência objetiva.
02) A frase de Schopenhauer “O mundo é minha representação”
01) A sociabilidade para Marx é fruto de escolhas livres e é de teor idealista.
autônomas do indivíduo. 04) O idealismo toma o “eu penso” como princípio fundamental
02) A superestrutura jurídica e política, no limite, o Estado, são do conhecimento.
oriundas das relações de produção materiais estabelecidas na 08) A atividade do pensamento, segundo o realismo, não produz
sociedade. a realidade empírica.
04) A vida social é determinada pelos modos de produção da 16) As teses do idealismo e do realismo prejudicam o
vida material. conhecimento, pois são discussões teóricas sem comprovação
08) O ser social dos homens, fruto das relações materiais, é que empírica.
condiciona a consciência dos homens.
16) As relações de produção material, ou seja, a esfera 278. (UEM) “Para explicar convenientemente a verdadeira
econômica da vida não anula as vontades e a liberdade dos natureza e o caráter próprio da filosofia positiva, é indispensável
homens. ter, de início, uma visão geral sobre a marcha progressiva do
espírito humano, considerado em seu conjunto, pois uma concepção
275. (UEM) “Valores e conceitos nascem de necessidades humanas. qualquer só pode ser bem conhecida por sua história. [...] Enfim,
A filosofia deve se debruçar sobre a história dos acontecimentos, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a
do concreto, do saber e de certa época que produz práticas com impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a
efeitos de poder. A intenção é sempre de compreender melhor o origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos
nosso presente e para tal de nada adiantam as análises da fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao
existência ou dos dados da consciência.” uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis
(ARAUJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: MARÇAL, J. efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de
(org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 222). similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos
A respeito dessa afirmação sobre o pensamento de Michel reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre
Foucault, é correto afirmar que Foucault os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo
número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir.”
01) critica as correntes fenomenológicas e existencialistas. (COMTE, Augusto. Curso de Filosofia Positiva. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova
Cultural, 2005, p. 22- 23).
02) conserva o ensinamento dos mitos.
04) correlaciona conhecimento empírico e poder. A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
08) defende o pensamento metafísico.
16) corrobora o uso prático, não só teórico, da filosofia. 01) Para o positivismo, é uma impossibilidade conhecer noções
absolutas, a origem e o destino do universo, bem como as causas
276. (UEM) “Merleau-Ponty desfaz a ideia tradicional de que, de mais íntimas dos fenômenos.
um lado, existe o mundo dos objetos, do corpo, da pura 02) O positivismo postula uma atitude de investigação baseada
facticidade e, de outro, o mundo da consciência e da subjetividade, nas experiências individuais para formular noções absolutas.
da transcendência. O que ele pretende é compreender melhor as 04) Para o positivismo, o conhecimento humano perfaz um
relações entre a consciência e a natureza, entre o interior e o movimento de progressos e de avanços ao longo da história.
exterior. Essas relações são de ambiguidade e sobreposição.” 08) Segundo o positivismo, o progresso da ciência diminui o
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: conhecimento possível dos fenômenos.
Moderna, 2009, p. 241). 16) Para o positivismo, a utilização adequada do raciocínio e
A partir dessa afirmação e dos conhecimentos sobre da observação dos fenômenos permite conhecer as semelhanças
fenomenologia, assinale o que for correto. e as relações causais entre eles (os fenômenos).
01) A facticidade é uma dimensão existencial que todo ser 279. (UEM) “Para os frankfurtianos, contrários ao sistema
humano apresenta, isto é, é um conjunto de determinações capitalista, a irracionalidade do ser humano consistiria na
concretas e objetivas. utilização de seu conhecimento para fins unicamente instrumentais,
02) A fenomenologia visa superar a dicotomia segundo a qual voltados para o acúmulo de lucros e riquezas. Assim, manifestaram
a liberdade é pensada de acordo com as teses do livre-arbítrio suas restrições ao progresso científico, que determina a sujeição
e do determinismo objetivo. dos indivíduos autômatos a um sistema totalitário, que encontra na
uniformização da indústria da cultura o seu mecanismo dissimulado
do poder. [...] É possível afirmar que, para essa corrente, o fato 08) Merleau-Ponty critica as teses do intelectualismo racionalista,
de o ser humano ser dotado de inteligência não o torna segundo o qual o homem é um conceito abstrato idealista.
necessariamente um ser racional. A irracionalidade pode constituir 16) Merleau-Ponty confunde homem e máquina.
uma dimensão constante na vida se não for desenvolvida uma
consciência autocrítica, que esteja sempre direcionada para a 282. (UEM) “(...) o ataque de 11 de setembro [de 2001] é de fato
própria liberdade. [...] Para Adorno, a denominada indústria um ataque bárbaro, e por ser bárbaro é que exige uma resposta
cultural encontra-se voltada unicamente para a satisfação dos civilizada. É bárbaro tanto na forma como no fundo, não por ser
interesses comerciais dos detentores dos veículos de comunicação, organizado por uma religião ou cultura bárbara, mas por ser
que veem a sociedade como um mero mercado de consumo dos organizado em nome da ideia do Bem absoluto. E ele exige uma
produtos por eles impostos, dando origem a um processo de resposta civilizada, ou seja, uma luta sem hipocrisia, não em nome
massificação da cultura” da ideia do Bem ou da civilização, mas em nome da luta pela
(CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 394- diversidade da humanidade, da qual todas as civilizações são
397).
Com base nas afirmações acima, assinale o que for correto. garantia.”
(WOLFF, Francis. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. 3.ª ed. São
Paulo: Moderna, 2005, p. 292).
01) A crítica da Escola de Frankfurt ao capitalismo está na sua A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
prática que visa ao lucro e utiliza a razão como instrumento para
esse fim. 01) Todas as civilizações têm a obrigação de garantir a
02) O otimismo de Adorno em face da indústria cultural está em existência da humanidade; nesse sentido, elas não podem
que ela pode, por meio dos recursos da mídia, alcançar meios defender o extermínio de seres humanos, sejam eles de qualquer
de divulgação em massa. raça ou etnia.
04) Para a Escola de Frankfurt, a razão é inata e o mais 02) Uma resposta bárbara a um ataque bárbaro implica, pelo
compartilhado dos bens. raciocínio do autor, uma vitória da barbárie sobre a civilização.
08) A Escola de Frankfurt associa o domínio científico, 04) Não é sinal de justiça tratar terroristas por regras que eles
proporcionado pelo desenvolvimento racional do homem, como mesmos não reconhecem, como o respeito aos direitos humanos.
o domínio político. 08) As populações consideradas civilizadas têm como Bem
16) Para a Escola de Frankfurt, a utilização da razão não pode absoluto a defesa de seu próprio modelo de civilização.
ser apenas instrumental, mas crítica de si mesma. 16) Uma resposta civilizada está calcada nos princípios que
fundam a civilização moderna ocidental, particularmente, no
280. (UEM) “Para Sartre, principal representante do respeito aos direitos humanos.
existencialismo francês, só as coisas e os animais são ‘em si’, isto
é, teriam uma essência. O ser humano, dotado de consciência, é 283. (UEM) Para o filósofo Karl Popper (1902-1994), “Um
um ‘ser-para-si’, ou seja, é também consciência de si. Isso significa cientista, seja teórico ou experimental, formula enunciados ou
que é um ser aberto à possibilidade de construir ele próprio sua sistemas de enunciados e verifica-os um a um. No campo das
existência. Por isso, é possível referir-se à essência de uma mesa ciências empíricas, para particularizar, ele formula hipótese ou
(...) ou à essência de um animal (...), mas não existe uma natureza sistemas de teorias e submete-os a teste, confrontando-os com a
humana encontrada de forma igual em todas as pessoas, pois ‘o experiência, através de recursos de observação e experimentação.
ser humano não é mais que o que ele faz’.” A tarefa da lógica da pesquisa científica, ou da lógica do
(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. revista. São Paulo: conhecimento, é, segundo penso, proporcionar uma análise lógica
Moderna, 2005. p. 39).
Com base na citação e nos seus conhecimentos sobre o desse procedimento, ou seja, analisar o método das ciências
existencialismo, assinale o que for correto. empíricas”
(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Ed. Cultrix, 1972, p. 27).
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) As coisas e os animais não têm consciência de si.
02) O ser em si não pode ser senão aquilo que é, ao passo que, 01) Observação e experimentação são procedimentos científicos
ao ser-para-si, é permitida a liberdade de ser o que fizer de si. teóricos.
04) A consciência humana é um fator histórico e contingente. 02) O cientista experimental deve comprovar suas teorias
08) O homem possui uma natureza preestabelecida. confrontando-as com a experiência.
16) O existencialismo é uma metafísica de concepção 04) As hipóteses teóricas devem ser submetidas a teste para
essencialista. serem corroboradas.
08) A comprovação científica de uma hipótese não se faz tão
281. (UEM) “É impossível sobrepor, no homem, uma primeira somente pela análise lógica dos procedimentos.
camada de comportamentos que chamaríamos naturais e um 16) A lógica do conhecimento dedica-se à análise dos sistemas
mundo cultural ou espiritual fabricado. No homem, tudo é natural de enunciados científicos.
e tudo é fabricado, como se quiser, no sentido em que não há uma
só palavra, uma só conduta que não deva algo ao ser simplesmente 284. (UEM) O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) afirma
biológico e que ao mesmo tempo não se furte à simplicidade da que “A totalidade das relações de produção forma a estrutura
vida animal.” econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta
(MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M.
H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 53). uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem
Com base na citação e nos seus conhecimentos sobre formas sociais determinadas de consciência. O modo de
fenomenologia, assinale o que for correto. produção da vida material condiciona o processo da vida social,
política e espiritual em geral. Não é a consciência dos homens
01) Merleau-Ponty critica as teses do fisiologismo mecanicista, que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que
segundo o qual o homem pode ser explicado a partir da determina sua consciência”
(MARX, K. Prefácio. In: Para a crítica da Economia Política. SP: Abril Cultural, 1982, p. 23,
causalidade da matéria. apud FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. volume 2. SP: Berlendis & Vertecchia
02) A fenomenologia de Merleau-Ponty se contrapõe ao Editores, 2008, p. 121-122).
dualismo entre espírito e natureza. A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
04) Aliado a Jean-Jacques Rousseau, Merleau-Ponty considera
o estado de natureza, segundo o qual o homem é 01) A economia determina o que acontece nas outras partes da
espontaneamente bom e a sociedade o corrompe. vida social — tudo tem que ser explicado pela economia.
02) Essa teoria marxiana é reducionista, pois tudo se reduz a um (SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Rita Correia Guedes. São
Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9)
princípio explicativo único, o fundamento material. Com base no excerto citado, assinale o que for correto.
04) Antes de serem elementos contraditórios, a superestrutura
jurídico-política se articula com a estrutura econômica da 01) O existencialismo é uma filosofia teológica que procura a
sociedade. razão de ser no mundo a partir da moral estabelecida.
08) A consciência humana não tem o mesmo poder que as 02) A afirmação “o homem está condenado a ser livre” é uma
relações de produção sobre a determinação do ser social dos contradição, pois não há liberdade onde há a obrigação de ser
homens. livre.
16) Para a teoria marxiana, somente pode existir entre os 04) O existencialismo fundamenta a liberdade,
homens relações de produção econômica, que são determinadas independentemente dos valores e das leis da sociedade.
materialmente. 08) Ser livre significa, rigorosamente, ser, pois não há nada que
determine o ser humano, a não ser ele mesmo.
285. (UEM) O filósofo alemão Hegel (1770-1831) afirma que 16) A existência de Deus é necessária, pois, sem ele, o homem
“É tarefa da filosofia conceber o que é, pois, aquilo que é é a deixaria de ser livre.
razão. No que concerne ao indivíduo, cada um é, de todo modo,
um filho de seu tempo; do mesmo modo que a filosofia é seu 288. (UEM) Jürgen Habermas constrói um novo sistema filosófico,
tempo apreendido em pensamentos” fundamentado na teoria da ação comunicativa. Em oposição à
(HEGEL, G. W. F. Excertos e parágrafos traduzidos. In: Antologia de Textos Filosóficos.
MARÇAL, J. (org.). Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 314). filosofia da consciência da tradição moderna, que concebe a
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). razão como uma entidade centrada no sujeito, Habermas
considera a razão como sendo o resultado de uma relação
01) A razão de algo é o conceito desse algo concebido intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por meio da
filosoficamente pelo seu tempo. linguagem, chegar ao entendimento. Assinale o que for correto.
02) Aquilo que é, a essência de algo, é para o filósofo um
conceito racional. 01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René Descartes e,
04) O indivíduo, que é filho de seu tempo, do ponto de vista como ele, acredita que o “penso, logo existo” é a primeira
filosófico, pensa os seus problemas a partir de seu momento certeza a partir da qual podemos alcançar a verdade.
histórico. 02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter
08) Os conceitos filosóficos, por serem determinados imperativo, pois afirma verdades encontradas por uma razão
historicamente, estão restritos ao seu tempo e à sua época, não que obedece aos preceitos da lógica formal.
sendo, pois, universais. 04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo dos
16) A reflexão filosófica está intimamente ligada ao seu frankfurtianos, todavia, mesmo se distanciando da Escola de
momento histórico, visto que leva esse mundo ao plano do Frankfurt, mantém os principais objetivos dessa corrente
conceito. filosófica, isto é, o esclarecimento e a emancipação do homem.
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é resultado de
286. (UEM) A filosofia da ciência contemporânea, ao contrário uma relação dialógica, fundamentada em uma situação ideal de
da tradição clássica e moderna, que acreditava no acúmulo fala, que exclui qualquer relação de poder entre os
linear do conhecimento, questionou a ideia de progresso e de interlocutores.
neutralidade científica. Conceitos como crise, anomalia, 16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão crítica da
descontinuidade, ruptura e incomensurabilidade (entre Ilustração que tem em Kant um dos principais expoentes. A
paradigmas científicos), inauguram uma nova orientação Ilustração opõe-se ao autoritarismo e ao abuso do poder e
epistemológica, voltada para a ideia de ciência construída, mais defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão.
do que verdadeira ou fiel à natureza do mundo. Sobre a
filosofia da ciência contemporânea, assinale o que for correto. 289. (UEM) A expressão indústria cultural foi empregada pela
primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito por
01) As teorias científicas não podem ser verificadas de ponta a Horkheimer e Adorno, filósofos de tendência marxista
ponta, possuindo elementos arbitrários na composição da teoria. pertencentes à Escola de Frankfurt. Designa-se com essa
02) Segundo Paul Fayerabend, os cientistas utilizam persuasão, expressão uma cultura produzida em série, para o mercado de
retórica e propaganda para convencer a comunidade científica. consumo em massa, na qual a realização cultural deixa de ser
04) A validade de uma teoria científica está na maneira como um instrumento de crítica do conhecimento para transformar-se
explica um conjunto ilimitado de fenômenos. em uma mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo,
08) As teorias científicas se completam mutuamente, monetário. Assinale o que for correto.
aproximando-se cada vez mais da ciência divina.
16) A prática científica é igual à do senso comum, pois não se 01) A origem da indústria cultural pode ser encontrada na
ocupa com a verdade dos fatos. prática dos mecenas, particularmente italianos, que financiavam,
durante o Renascimento, a produção das grandes obras de arte.
287. (UEM) “‘Se Deus não existisse, tudo seria permitido’. Eis o 02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei, como ela
ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se gostaria de o fazer crer, o consumidor não é o sujeito da
Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado produção cultural, mas seu objeto.
porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se 04) A indústria cultural eleva o nível cultural da maioria da
agarrar. (...) Com efeito, se a existência precede a essência, nada população e aprimora a apreciação da qualidade estética do
poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza universo das artes.
humana dada ou definitiva; ou seja, não existe determinismo, o 08) A indústria cultural é expressão da ideologia capitalista; sob
homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não seu poderio, as obras de arte foram esvaziadas de seu caráter
existe, não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam criador e crítico, alienaram-se para tornarem-se puro
legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem atrás de nós, entretenimento, isto é, objetos de consumo para um espectador
nem na nossa frente, no reino luminoso dos valores, nenhuma cuja ausência de reflexão o torna passivo.
justificativa e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É o 16) A partir da segunda revolução industrial no século XIX, as
que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser artes usufruem uma fase de produção autônoma; com o advento
livre.” da indústria cultural, tornam-se dependentes das necessidades
mercadológicas do capital.
02) O ponto de vista de Deus não é mais possível, nem
290. (UEM) A Escola de Frankfurt definiu a racionalidade necessário, para a renovação da filosofia.
ocidental como instrumentalização da razão. Para Adorno, 04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a ontologia
Marcuse e Horkheimer, a razão instrumental caracteriza-se pela clássica.
produção de um conhecimento cujo objetivo é dominar e 08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através dele, o
controlar a natureza e os seres humanos. Assinale o que for homem constitui-se de uma consciência fática ou concreta.
correto. 16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a
fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao “meio
01) A razão instrumental expressa uma ideologia cientificista, termo” de Aristóteles.
pois acredita que é neutra, e identifica as ciências apenas com
os resultados de suas aplicações. 293. (UEM) “O pensamento de Foucault gira em torno dos temas
02) Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência do sujeito, verdade, saber e poder. É um pensamento que leva à
deixa de ser uma forma de acesso aos conhecimentos crítica de nossa sociedade, à reflexão sobre a condição humana.
verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, de [...] Não há verdades evidentes, todo saber foi produzido em
poder e de exploração. algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo pode ser
04) A ideologia do progresso no modo de produção capitalista criticado, transformado, e, até mesmo destruído. Foucault
fundamenta-se na razão instrumental por acreditar que essa considera que a filosofia pode mudar alguma coisa no espírito das
promove o avanço tecnológico que permite a racionalização da pessoas. [...] Seu pensamento vem sempre engajado em uma tarefa
produção. política ao evidenciar novos objetos de análise, com os quais os
08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o trabalho em filósofos nunca haviam se preocupado. Entre eles se destacam: o
mercadoria, torna o homem um mero instrumento e aliena-o nascimento do hospital; as mudanças no espaço arquitetural que
social e culturalmente. servem para punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que
16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais eficiente governos controlem a população; a constituição de uma nova
que a práxis para realizar a revolução socialista. subjetividade pela psicologia e pela psicanálise; como e por que a
sexualidade passa a ser alvo de preocupação médica e sanitária;
291. (UEM) “O pós-modernismo, movimento iniciado na como governar significa gerenciar a vida (biopoder) desde o
arquitetura italiana dos anos 1950, coloca-se como reação à nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos mais
busca da universalidade e da racionalidade, propondo a volta do produtivos, sadios, governáveis.”
passado por meio de materiais, formas e valores simbólicos ligados (ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: Antologia
de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 225.)
à cultura local.” Segundo o texto, é correto afirmar:
(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ª ed. rev. São
Paulo: Moderna, 2009, p. 447).
Com base na afirmação acima e nos conhecimentos sobre a 01) A renovação filosófica ocorre no contexto de afirmação
filosofia contemporânea, é correto afirmar que o pós- positivista das ciências e fundação da subjetividade a partir da
modernismo fenomenologia.
02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma prática
01) defende a diferença, o direito das minorias, o pluralismo e política, não só epistemológica.
a desconstrução das práticas discursivas. 04) A sexualidade aparece como tema de análise filosófica em
02) pertence à sociedade pós-industrial, dominada pela razão da repressão dos desejos individuais e coletivos.
tecnologia de informação e pelos meios de reprodução em 08) A expressão “biopoder” significa a associação entre as
massa. potencialidades humanas e o divino.
04) constitui uma síntese dos conhecimentos humanamente 16) O papel da filosofia é revelar verdades metafísicas,
transmissíveis. independentemente de serem contestadas ao longo da História.
08) acompanha a modernidade e o projeto de fundação da
racionalidade. 294. (UEM) No texto O existencialismo é um humanismo, Jean-
16) constitui um retorno aos clássicos e aos conceitos Paul Sartre argumenta contra as acusações feitas ao
fundamentais da metafísica. existencialismo e declara: “O homem é não apenas tal como ele
se concebe, mas como ele se quer, e como ele se concebe depois
292. (UEM) “O pensamento moderno, não por objeção frontal, da existência, o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de
mas pelo desenvolvimento do próprio saber, leva a uma revisão si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo.”
das categorias clássicas, a uma reforma da ontologia clássica do (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In: Antologia de textos filosóficos.
MARÇAL, Jairo (org.). Curitiba: SEED-PR, 2009, p.620).
sujeito e do objeto. O núcleo desse desenvolvimento – que deve Sobre a filosofia de Sartre, assinale o que for correto.
levar, por sua vez, a uma nova filosofia – consiste na descoberta
de que a situação, seja do ‛objeto’, seja do ‛sujeito’, não é mais 01) Ao expressar o primeiro princípio do existencialismo, Jean-
passível de exclusão da trama do conhecimento. Dito de outra Paul Sartre defende a filosofia existencialista das acusações dos
forma: o objeto ‛verdadeiro’, aquele de que a ciência trata, não é comunistas, que a consideravam contemplativa e subjetivista.
mais aquele objeto absoluto de que falavam os clássicos, mas se 02) Jean-Paul Sartre defende-se dos críticos que alegam ser sua
torna, intrinsecamente, relativo. Em suma, não há mais um objeto filosofia existencialista desumana, declarando que seus
puro, em si, um objeto tal como o próprio Deus (isto é, um princípios filosóficos se fundamentam no humanismo cristão.
observador absoluto) o veria. Também não há mais esse sujeito 04) A ética sartreana é individualista, pois considera que o
absoluto, aquele que começava por afastar toda manifestação homem, para ser livre, deve agir sempre no sentido de alcançar
sensível, isto é, que começava por afastar, correlativamente, seu objetivos que atendam estritamente a seus interesses.
próprio corpo para colocar-se como puro espírito.” 08) Jean-Paul Sartre considera que há dois tipos de
(MOUTINHO, L. D. Merleau-Ponty: entre o corpo e a alma. In: Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEEDPR, 2009, p. 494.) existencialismo, ou seja, um existencialismo cristão e outro ateu;
Sobre a nova filosofia de que fala o texto, assinale o que for ambos têm o pressuposto de que a existência precede à
correto. essência.
16) Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado a ser livre.
01) A fenomenologia critica as distinções clássicas, tais como Condenado porque não se criou a si mesmo, e, todavia, livre,
alma e corpo, sujeito e objeto, matéria e espírito, coisa e pois, uma vez lançado no mundo, ele é responsável por tudo o
representação. que faz.
16) Com o advento da televisão, da Internet e do cinema,
295. (UEM) “Marx e Hegel têm em comum a crítica à exacerbação antigos meios de divulgação de ideias desaparecem, como o
do individualismo egoísta moderno, bem como das suas rádio amador, a caixa postal e os livros de poesia e de romance.
consequências, porém discordam quanto às possibilidades de
solução da questão. Um dos elementos fundamentais desse debate 297. (UEM) “A ideologia afirma que somos todos cidadãos e,
é a questão da soberania política”. portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos,
(MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED – PR, 2009, p.466.). políticos e culturais. No entanto, sabemos que isso não acontece de
Sobre as relações entre indivíduo e Estado, assinale o que for fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm
correto. direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas são
inferiores aos das crianças que estão em escolas particulares, pois
01) Karl Marx considera que a emancipação humana realizar- o ensino não é de mesma qualidade em ambas; os negros e índios
se-á na sociedade comunista, pois, nessa sociedade, o indivíduo são discriminados como inferiores; homossexuais são perseguidos
não será mais submetido a um Estado e à divisão social do como pervertidos, etc.”
trabalho, podendo, dessa forma, passar do reino da (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.218.).
necessidade ao reino da liberdade. Sobre as formas da ideologia, assinale o que for correto.
02) Para Karl Marx, a liberdade do indivíduo, como concebida
pelo Estado burguês, não passa de um formalismo jurídico; é uma 01) Direitos das minorias, como movimento dos semterra,
ficção da lei, pois o indivíduo só pode ser livre quando a esfera associações de moradores etc., são direitos individuais e, por
da produção estiver sujeita ao controle daqueles que produzem. isso, não devem ser contemplados pelas políticas públicas.
04) Para G. W. Friedrich Hegel, o Estado deveria ser substituído 02) A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as
pela sociedade civil, pois essa pode representar os interesses divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de
coletivos e é capaz de garantir os interesses de cada indivíduo. diferenças naturais entre os seres humanos.
08) G. W. Friedrich Hegel critica as teorias políticas 04) A diferença entre ideologia e senso comum é que a primeira
contratualistas, segundo as quais os indivíduos isolados representa uma prática das elites sociais, intelectuais e
abandonam o estado de natureza para se reunirem em econômicas, e o segundo representa as classes mais pobres e
sociedade, por meio de um pacto, a fim de formar desfavorecidas.
artificialmente o Estado e garantir a liberdade individual e a 08) Pelo seu estatuto de neutralidade e acuidade científica, a
propriedade privada. filosofia não é ideológica, apenas analítica, sem tomar partido
16) A filosofia política de Karl Marx fundamenta-se numa nova de classes sociais e de classes políticas.
antropologia, segundo a qual a natureza humana varia 16) Podem-se associar religião, alienação e ideologia, já que
historicamente, pois o indivíduo se produz à medida que são práticas que podem funcionar como modelos de ação
transforma a natureza pelo trabalho dentro de certas relações acríticos.
sociais de produção.
298. (UEM) “Jürgen Habermas (1929) é um dos principais
296. (UEM) “A atrofia da imaginação e da espontaneidade do representantes da chamada segunda geração da Escola de
consumidor cultural de hoje não tem necessidade de ser explicada Frankfurt”. Este filósofo elaborou “uma teoria social baseada no
em termos psicológicos. Os próprios produtos paralisam aquelas conceito de racionalidade comunicativa, que se contrapõe à razão
faculdades pela sua própria constituição objetiva. Eles são feitos instrumental”.
de modo que a sua apreensão adequada exige, por um lado, (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução
à filosofia. 4ª. ed. revista. São Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.200).
rapidez de percepção, capacidade de observação e competência Segundo o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for
específica; por outro lado, é feita de modo a vetar, de fato, a correto.
atividade mental do espectador, se ele não quiser perder os fatos
que se desenrolam rapidamente à sua frente. A violência da 01) Jürgen Habermas critica a filosofia de René Descartes, por
sociedade industrial opera nos homens de uma vez por todas. Os considerá-la uma filosofia metafísica fundada em uma reflexão
produtos da indústria cultural podem estar certos de serem solitária, centrada no sujeito.
alegremente consumidos em estado de distração. Mas cada um 02) O positivismo é, para Jürgen Habermas, a teoria e o método
destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que mais seguro para alcançar um conhecimento preciso da
desde o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho quanto realidade social.
no lazer que lhe é semelhante” 04) O uso da razão instrumental é, para Jürgen Habermas,
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. In: CHAUI, Marilena.
Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.364). válido, quando se trata de agir sobre objetos ou sobre natureza,
A partir dessas considerações, assinale o que for correto. a fim de suprir as necessidades do homem.
08) A razão discursiva, que fundamenta a teoria da ação
01) A afirmação de Theodor Adorno e Max Horkheimer segue comunicativa de Jürgen Habermas, tem como princípio que a
a leitura dos fenômenos estéticos segundo a perspectiva verdade só pode ser alcançada na relação intersubjetiva entre
marxista, que estabelece uma relação de determinação da indivíduos que se dispõem a chegar a um consenso.
infraestrutura sobre a superestrutura. 16) Para Jürgen Habermas, o princípio da situação ideal de
02) Pode-se afirmar que o volume a velocidade das informações fala, mesmo sendo contrafactual, é necessário para evitar que
das tecnologias modernas obrigam o homem a adaptar-se às relações de poder possam desviar a linguagem de seu objetivo,
exigências dos ritmos produtivos da sociedade industrial, isto é, alcançar o entendimento.
impondo-lhe novas formas de percepção.
04) Os recursos audiovisuais beneficiam o aprendizado por meio 299. (UEM) A Escola de Frankfurt tem sua origem no Instituto de
do apelo a todos os sentidos (som, imagem e movimento), mas, Pesquisa Social, fundado em 1923. Entre os pensadores
também, colaboram para tornar a percepção infantil, desatenta expoentes da Escola de Frankfurt, destaca-se Walter Benjamin,
e acrítica. que se dedicou particularmente à reflexão sobre a estética.
08) Com a cultura de massas, uma das práticas mais recorrentes Sobre a Escola de Frankfurt e Walter Benjamin, assinale o que
recai sobre o uso da propaganda: propaganda comercial, for correto.
propaganda religiosa e até mesmo propaganda científica. O
consumidor moderno confunde a imagem e o objeto. 01) Walter Benjamin não se interessava pela teoria crítica, pois
concebia a obra de arte e o belo artístico como manifestações
do espírito absoluto e, por isso, não poderiam ser objeto de 16) A gestalt, corrente da Psicologia que se desenvolveu no
crítica. começo do século XX, ao reconhecer a influência da
02) O substantivo “estética” foi introduzido por Walter Benjamin fenomenologia, opõe-se à psicologia de tendência positivista.
para defender a tese de que as obras de arte são
representações confusas, incapazes de serem conceituadas e 302. (UEM) “Diz-se que a modernidade corresponde à sociedade
analisadas. industrial (aquela em que o poder econômico e político pertence às
04) Walter Benjamian retoma, no livro A obra de arte na época grandes indústrias e em que se explora o trabalho produtivo),
da reprodutibilidade técnica, o pensamento do filósofo Paul enquanto a pós-modernidade corresponde à sociedade pós-
Valéry, que considerava o homem moderno um ser fragmentado industrial (aquela em que o poder econômico e político pertence
que não consegue viver plenamente todas as suas dimensões. ao capital financeiro e ao setor de serviço das redes de informação
08) Os integrantes da Escola de Frankfurt, com exceção de e automação)”.
Walter Benjamin, não se preocuparam com a questão cultural (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.54).
da produção artística, por acreditarem que a obra de arte não Com base nessa afirmação, que contextualiza a passagem da
é o objeto da filosofia. modernidade à pós-modernidade, assinale o que for correto.
16) Os teóricos da Escola de Frankfurt, identificando o irracional
e as formas de totalitarismo presentes na história, criticaram a 01) É notório, na pós-modernidade, o contexto filosófico de
razão instrumental. crítica ao racionalismo e abertura a novos campos de
experiência válidos, como as vivências corporais, artísticas e
300. (UEM) “A restrição que Marx faz ao Estado de Direito linguísticas.
burguês, enquanto abstração da condição básica da 02) Ao contrário da modernidade, a pós-modernidade
sociabilidade humana atrelada à imediatidade do viver-junto fundamentou o conhecimento através da subjetividade e suas leis
dos homens, é que este Estado acaba, por força da sua estrutura racionais, tanto no domínio teórico (produção do conhecimento)
burocratizante e da redução do político aos aspectos jurídicos, quanto no domínio prático (mandamentos da ação).
representando os interesses de uma parcela da sociedade e, 04) A sociedade pós-moderna, ao criticar o etnocentrismo das
nessa medida, é impotente para garantir os fins maiores e culturas europeias, deixa de lado o debate epistemológico em
universais da coletividade” nome das teses para a filosofia da história, bem como reconhece
(Filosofia – Ensino Médio. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.224). o sentido descontínuo da história e a crise dos ideais
Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. revolucionários utópicos de emancipação humana.
08) A filosofia moderna, ao estabelecer um consenso na questão
01) É nas ideias do liberalismo clássico de John Locke que Karl da fundamentação do conhecimento, não reproduz o debate,
Marx procura subsídios teóricos para a concepção de uma incessante na pós-modernidade, em torno da natureza humana.
sociedade socialista, segundo a qual a liberdade de cada 16) A sociedade pós-moderna procura estabelecer princípios a
indivíduo seria garantida pela emancipação política de toda a partir dos quais a ciência e a Filosofia podem, através do bom-
coletividade. senso, adquirir resultados universais e andar de mãos dadas,
02) Para Karl Marx, o fim da luta entre as classes sociais tornar- como acontece no positivismo de Auguste Comte.
se-á possível quando o trabalho e o capital chegarem a um
acordo jurídico sobre uma forma democrática de distribuição 303. (UEM) A publicação de A Origem das Espécies, em 1859,
igualitária da renda entre todos os indivíduos de todas as classes por Charles Darwin, dá origem a muitas polêmicas não apenas
sociais. com a ciência, mas também com a religião da época, em virtude
04) Para Karl Marx, a lei deve garantir uma justiça social de seu teor revolucionário. Sobre a teoria evolucionista de
fundamentada no princípio de que o trabalho deve ser Charles Darwin, assinale o que for correto.
remunerado conforme os méritos e a capacidade produtiva de
cada indivíduo. 01) A teoria evolucionista de Charles Darwin contestava a
08) O materialismo histórico de Karl Marx preconiza que a concepção criacionista sobre a origem da diversidade das
estrutura jurídico-política instaurada com o modo de produção espécies. A religião considerava o evolucionismo uma teoria
capitalista precisa ser mantido, de forma que a transição para herética.
uma economia socialista possa ser efetivada sem conturbações. 02) Charles Darwin, ao declarar-se ateu, rejeita a religião e
16) Para Karl Marx, o direito burguês não passa de uma ficção manifesta um confesso anticlericalismo, motivo pelo qual é
da lei e expressão de uma ideologia cuja compreensão e excomungado da Igreja.
desvelamento só pode realizar-se a partir de uma análise da 04) A teoria da evolução de Charles Darwin, ao instituir um novo
infraestrutura econômica do modo de produção capitalista. paradigma na Biologia, acabou influenciando outras ciências,
como, por exemplo, as Ciências Sociais, representando um
301. (UEM) A fenomenologia é um método e uma filosofia que momento importante no processo de secularização do
surge no final do século XIX, com Franz Brentano, tendo como um pensamento e do saber.
dos principais representantes o filósofo Edmund Husserl. Sobre a 08) Charles Darwin desprezou a filosofia aristotélica por
fenomenologia, assinale o que for correto. considerá-la uma mera especulação abstrata e teológica que
ignorava o estudo da natureza.
01) A fenomenologia de Edmund Husserl procura superar as 16) Charles Darwin costumava apresentar como prova de sua
teorias do conhecimento empirista e idealista, como também o teoria da seleção natural e da luta pela sobrevivência o
dualismo entre o sujeito e o objeto. confronto entre o poder espiritual e o poder temporal, que
02) Para a fenomenologia, a consciência é sempre consciência opunha a Igreja cristã aos governos monárquicos.
de alguma coisa; portanto, não há uma realidade pura, isolada
do homem, mas a realidade enquanto ser percebido. 304. (UEM) Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à
04) O filósofo alemão Martin Heidegger, pertencente à escola escola de Frankfurt, também conhecida como Teoria Crítica,
fenomenológica, resgata um conceito de verdade desenvolvido antes de fazer seu próprio caminho de investigação filosófica.
pelos gregos arcaicos: o conceito de alétheia, que significa o Sobre o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for
não-oculto, aquilo que se mostra ou se desvela. correto.
08) O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty defende uma
concepção dualista para a matéria e o espírito. De um lado, 01) Jürgen Habermas opõe-se ao racionalismo cartesiano, por
estão os objetos e o corpo, de outro, o sujeito e a consciência. considerá-lo fundamentado numa filosofia do sujeito e na razão
monológica e logocêntrica.
02) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas 01) Sören Kierkegaard (1813-1885), precursor do
abandona, ao mesmo tempo, a teoria crítica da sociedade e a existencialismo cristão, fez críticas severas à Filosofia moderna,
crítica da razão instrumental. pois nela o ser humano não aparece como ser existente, mas
04) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e reduzido ao conhecimento objetivo.
Walter Benjamin, Jürgen Habermas continua fiel ao materialismo 02) Friedrich Nietzsche (1844-1900), ao perguntar sobre o
histórico, ou seja, à ortodoxia marxista. valor dos valores, não representa uma novidade na maneira de
08) A relação posta pela Filosofia positivista entre o objeto da formular as questões da Filosofia, sobretudo ao propor o
investigação científica e o sujeito que investiga é, para Jürgen movimento genealógico.
Habermas, o caminho a ser adotado por uma racionalidade que 04) Sigmund Freud (1856-1939), fundador da
deseja a emancipação humana. Psicanálise, evidencia o papel da racionalidade da consciência
16) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria da ação e da unidade do eu, estabelecendo, para determinar as pulsões,
comunicativa de Jürgen Habermas, elabora-se na interação a análise sintética a priori.
intersubjetiva, mediatizada pela linguagem de sujeitos que 08) Michel Foucault (1926-1984) introduz, no cenário filosófico,
desejam alcançar, por meio do entendimento, um consenso o conceito de microfísica do poder, isto é, a fragmentação do
autêntico. sujeito em torno de um núcleo teórico unívoco, tanto moral quanto
epistêmico.
305. (UEM) No livro A origem das espécies, Charles Darwin 16) A Escola de Frankfurt utiliza-se da razão instrumental para
rejeita a ideia criacionista da diversidade entre as espécies, isto criticar os céticos e fundamentar, em novas bases, o cientificismo.
é, a ideia de que Deus, ao dar origem ao mundo, criou a
diversidade das espécies. Assinale o que for correto. 308. (UEM) A fenomenologia é um dos fundamentos da Filosofia
de Maurice Merleau-Ponty. No âmbito da escola da
01) A teoria darwiniana não representa um novo paradigma fenomenologia, ele contesta princípios basilares da Psicologia
para a biologia, pois foi negada por Jean- Baptiste Lamarck. clássica, de cunho mecanicista-racionalista.
02) A antropologia física de Charles Darwin fundamentase em Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.
um novo determinismo biológico, por considerar que a estrutura
genética do homem não admite variações. 01) A sensação é concebida, por Merleau-Ponty, pelos efeitos
04) A biologia de Charles Darwin exerceu uma influência sobre que os estímulos externos dos objetos exercem sobre os sentidos.
outros campos do conhecimento, entre os quais, as ciências O campo visual, por exemplo, é concebido como um mosaico de
sociais. sensações despertadas pelos estímulos do objeto sobre a retina.
08) A diversidade entre as espécies é explicada por Charles 02) Para Merleau-Ponty, a percepção é o conhecimento
Darwin, por meio de um processo de seleção natural, na qual a sensorial de formas ou de totalidades organizadas e dotadas
seleção sexual ocupa um papel fundamental. de sentido.
16) O livro de Darwin, A origem das espécies, defende o social- 04) Conforme um dos princípios da fenomenologia de Edmund
nacionalismo, pois insiste na supremacia da raça germânica. Husserl, a consciência, para Merleau-Ponty, não exerce nenhuma
atividade na produção de conhecimentos científicos.
306. (UEM) Para o existencialismo de Jean-Paul Sartre, a 08) Para Merleau-Ponty, a consciência de si é o resultado de um
existência precede a essência, o que significa que o homem esforço intelectual de conhecimento e não depende da
primeiro existe e apenas depois pode ser definido, sem a facticidade de nosso engajamento.
possibilidade de um conceito inato, eterno, ou prédeterminado 16) Para Merleau-Ponty, imanência e transcendência são
sobre sua natureza. Sobre a Filosofia de Sartre, assinale o que conceitos antitéticos que se comunicam, dada a configuração de
for correto. nosso corpo no mundo.

01) Jean-Paul Sartre refutou a fenomenologia, porque esta tinha 309. (UEM) A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) é
um viés positivista, negava a subjetividade do homem e marcada por uma nova relação entre o racional e o irracional,
desenvolvia uma concepção objetivista da realidade. na medida em que o irracional adquire validade por
02) Para Jean-Paul Sartre, há uma incompatibilidade radical corresponder à necessidade de um movimento de afirmação da
entre o marxismo e o existencialismo, por ser o existencialismo vida. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto.
uma filosofia individualista, que rejeita qualquer compromisso
político, e o marxismo, uma filosofia engajada politicamente com 01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os homens de seus
a coletividade. prejuízos, mas reforçou ainda mais seus mitos, como a crença na
04) Na Filosofia existencialista sartreana, só o homem existe, os razão e no conhecimento científico.
objetos não possuem existência; só o homem pode ser um ser- 02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche é a
para-si. genealogia, isto é, movimento teórico que recorre à gênese de
08) Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado à um discurso, conceito ou prática, apontando suas arbitrariedades
liberdade. A liberdade é a primeira dimensão da existência e interesses.
humana, razão pela qual o homem não pode recusar-se a fazer 04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um lento processo
suas escolhas, a engajar-se e a responsabilizar-se pelos seus de acumulação e comprovação empírica, cuja finalidade é
atos. salvar os fenômenos.
16) Há uma correlação entre o existencialismo de Sören 08) Contra a moral dos aristocratas e nobres, Nietzsche defende
Kierkegaard e o de Jean-Paul Sartre, pois, para ambos, a os fracos, isto é, a moral dos escravos.
liberdade do homem e a exigência de escolha criam, no ser 16) A “vontade de potência” é a afirmação do
humano, um sentimento de angústia. nacionalsocialismo alemão, expresso na doutrina do
superhomem e no antissemitismo nietzscheano.
307. (UEM) Um dos elementos fundamentais da Filosofia
contemporânea é o contexto de crise da razão. Nela, criticam- 310. (UEM) “Etimologicamente a palavra alienação vem do latim
se pilares da racionalidade moderna, como a ideia de fundação alienare, alienus, ‘que pertence a um outro’. Alius é o outro.
do conhecimento a partir do sujeito, e a possibilidade de uma Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio,
ação moral universal. Com base na afirmação acima, assinale o transferir para outrem o que é seu”.
que for correto. (ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2003, p. 45).
Em relação à citação, assinale o que for correto.
16) O filósofo francês Jean-Paul Sartre encontrou na
01) Karl Marx considera que a alienação acontece numa forma fenomenologia os fundamentos para elaborar a filosofia
de divisão social do trabalho em que o produto do trabalho existencialista e sua concepção de liberdade.
deixa de pertencer a quem o produziu.
02) Para Ludwig Feuerbach, o homem aliena-se na religião, pois 313. (UEM) É característica da filosofia contemporânea a perda
o homem religioso confere ao ente sobrenatural sua própria do otimismo filosófico de que os seres humanos haviam
essência e qualidades, como se fossem atributos do ser alcançado a maioridade racional, pois o séc. XX nega uma
sobrenatural. ciência universal, defendendo uma pluralidade de culturas e
04) Autores expoentes da teoria crítica, tais como Theodor W. diferenças no momento de criar linguagens, elaborar mitos,
Adorno e Herbert Marcuse, afirmam que, na sociedade organizar o trabalho e conceber as artes.
capitalista, as necessidades são artificialmente estimuladas, (CHAUI, M. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.53)
sobretudo pelos meios de comunicação de massa, os quais levam Sobre a filosofia contemporânea, assinale o que for correto.
os indivíduos a consumirem de maneira alienada.
08) A arte abstrata é alienada, pois perpetua os paradigmas 01) A hermenêutica é a corrente filosófica contemporânea
da concepção estética clássica, fundamentada nos princípios segundo a qual toda interpretação se movimenta sobre um fundo
aristotélicos da mímesis. pré-compreensivo, que já a orienta no que vai interpretar. Este
16) O taylorismo e o fordismo são formas de organizar o fenômeno é o chamado círculo hermenêutico.
processo de trabalho que permitem acabar com a alienação do 02) Um traço específico do período contemporâneo é a crise dos
trabalhador. fundamentos clássicos e modernos. Conceitos herdados da
tradição, como
311. (UEM) Na sua obra 18 Brumário de Luiz Bonaparte, Karl “racionalidade”, “verdade”, “universalidade”, “liberdade” são
Marx afirma que os homens fazem a história, mas não a fazem postos entre parênteses, tendo em vista uma nova imagem do
como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e, mundo revestida de relatividade e arbitrariedade.
sim, sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e 04) É específica no cenário contemporâneo a influência de
transmitidas pelo passado. Michel Foucault para pensar problemas novos, como o
(MARX, Karl. 18 Brumário de Luiz Bonaparte. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 18.) nascimento da clínica e a microfísica do poder na esfera pública
Sobre Karl Marx e sua filosofia, assinale o que for correto. e privada.
08) Encontram-se na pós-modernidade tendências neoclassicistas
01) O materialismo histórico, teoria professada por Karl Marx, de retorno ao clássico. Destacam-se, nesse movimento de
acredita que só as ideias utópicas de uma nova ordem social retorno, o mito da caverna de Platão e o atomismo de Demócrito.
podem libertar o homem dos grilhões da história que o prendem 16) A teoria da comunicação, de Jürgen Habermas e Karl O.
a uma sociedade injusta. Appel, não defende princípios éticos universais e absolutos, como
02) Karl Marx acredita que só um novo contrato social entre a era o imperativo categórico, mas a possibilidade de
classe burguesa e a classe operária pode dar origem a um novo fundamentos dialógicos e pluralistas para a ação moral.
processo histórico capaz de instituir a paz social.
04) Para Karl Marx, a exploração do homem pelo homem 314. (UEM) “Porém, se realmente a existência precede a essência,
jamais terá fim, pois a história demonstra que, desde sempre, a o homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo
natureza humana é essencialmente egoísta. do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é,
08) A história é, para Marx, a história das lutas de classe. Por de submetêlo à responsabilidade total de sua existência. Assim,
encontrar-se no âmago das contradições sociais do modo de quando dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não
produção capitalista, o operariado realizará uma revolução queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua estrita
social que extinguirá a sociedade de classe. individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens.”
16) Como Nicolau Maquiavel, Karl Marx acredita que apenas (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.
6. Os Pensadores).
um homem excepcional, um grande homem, seria capaz de Sobre o existencialismo sartreano, assinale o que for correto.
conduzir o proletariado ao cumprimento de sua missão histórica.
01) Com o lema “a existência precede a essência”, Sartre
312. (UEM) A filosofia de método fenomenológico foi criada na negava haver uma natureza humana; o homem primeiro existe e
Alemanha pelo matemático e filósofo Edmund Husserl. A posteriormente se define conforme suas escolhas e o que decide
fenomenologia como teoria do conhecimento contesta tanto o fazer de si mesmo.
empirismo quanto o idealismo. Para a fenomenologia, o 02) O homem, criatura decaída, está lançado à própria sorte
empirismo conduz ao ceticismo, e o idealismo reduz o até encontrar o sentido de sua existência na graça de Deus, de
conhecimento a uma atividade puramente psicológica. Sobre a quem recebeu o livre-arbítrio.
fenomenologia, assinale o que for correto. 04) Diferente das coisas, só o homem é livre, está “condenado a
ser livre”, pois nada mais é que seu projeto; consciente de sua
01) Para a fenomenologia, só podemos alcançar a verdade existência, é totalmente responsável por ela.
reproduzindo, pelas experiências realizadas nos laboratórios, os 08) O homem, ao delinear seu projeto, o faz na convicção de
fenômenos que observamos na natureza. que o que é bom para si é bom para todos; a imagem do homem
02) Edmund Husserl buscou nos Cursos de filosofia positiva, de que desejamos ser é, ao mesmo tempo, a imagem do homem
August Comte, os princípios que irão fundamentar um método como julgamos que deve ser, de modo que nossa
seguro para alcançar a verdade científica. responsabilidade envolve toda a humanidade.
04) Da mesma maneira que Platão, a fenomenologia considera 16) O existencialismo sartreano, centrado na liberdade
que o mundo sensível apresenta-se sob o engano da aparência. individual, configura-se como uma doutrina egoística, apolítica e
A verdade deve ser procurada no mundo inteligível das ideias. amoral.
08) A fenomenologia considera que a consciência é
intencionalidade, ou seja, a consciência é sempre consciência de 315. (UEM) A primeira grande filosofia da liberdade é exposta
alguma coisa. Por isso, a fenomenologia não busca explicar a por Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco, a qual, com
consciência, mas descrevê-la no ato do conhecimento. É a partir variantes, permanece através dos séculos, chegando até o século
da intencionalidade da consciência que devemos entender como XX, quando foi retomada por Jean-Paul Sartre. Assinale o que
se produz o conhecimento. for correto.
01) Para Aristóteles, a liberdade é um ato de autodeterminação 16) Os valores que constituem a moral aristocrática de senhores
com o qual o homem dá a si mesmo os motivos e os fins de sua são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a
ação, sem ser constrangido ou forçado por ninguém. humanidade com uma força dogmática, de modo que o homem
02) Sartre, na sua obra o Existencialismo é um Humanismo, não se perca.
discute a questão da liberdade como sendo uma questão de
ética, pois implica a responsabilidade para com os outros. 318. (UEM) O postulado básico da fenomenologia é a noção de
04) Fundamentado na sua concepção de liberdade, Aristóteles intencionalidade, pela qual toda consciência é intencional, isto é,
defende a democracia para todos os homens, preconizando, visa a algo fora de si; a consciência é sempre consciência de
inclusive, o fim da escravidão. alguma coisa. Assinale o que for correto.
08) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato voluntário
como princípio de si mesmo. Portanto, para esse filósofo, tanto a 01) Um dos princípios da teoria do conhecimento da
virtude quanto o vício dependem da vontade do indivíduo. fenomenologia é que a verdade do mundo objetivo pode ser
16) O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre acredita que conhecida com segurança, pois os fenômenos naturais
o livre-arbítrio é inerente à essência do homem e, como a apresentam-se à consciência do sujeito como dados empíricos.
essência precede a existência, o homem é um ser capaz de 02) A fenomenologia constrói seus princípios tendo como
autodefinição. fundamento a filosofia positiva, acredita, como Auguste Comte,
que a observação objetiva é a condição necessária para a
316. (UEM) “Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido formação do conhecimento.
por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos 04) A fenomenologia é inatista e idealista, pois acredita que o
os resultados da experiência vivida na coletividade a que homem, ao nascer, já possui, na sua mente, todas as ideias
pertencemos.” necessárias para o conhecimento da realidade objetiva e
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à subjetiva.
filosofia. p.60.)
Considerando essa definição do senso comum adequada à 08) A realidade, para a fenomenologia, é um conjunto de
filosofia da práxis de Antonio Gramsci, assinale o que for significações ou de sentidos que são produzidos pela consciência
correto. ou pela razão, portanto, para a fenomenologia, não há objeto
em si, já que o objeto é sempre para um sujeito que lhe confere
01) O senso comum é o conjunto de ideias, valores e juízos significados.
destituídos de razão e de bom senso, inaptos ao conhecimento e 16) À crença na possibilidade de um conhecimento neutro, a
falsificadores da realidade. fenomenologia contrapõe uma ciência que estabelece uma nova
02) Encontra-se no senso comum a presença de elementos relação entre sujeito e objeto, o ser humano e o mundo,
ingênuos, aleatórios e difusos, além do fato de ser conservador, concebidos como polos inseparáveis.
isto é, resistente a mudanças, constituindo-se numa forma de
conhecimento não sistematizado e acrítico. CONDIÇÃO HUMANA LINGUAGEM E TRABALHO
04) Segundo Antonio Gramsci, os intelectuais orgânicos
representam a elite técnica dos professores e das pessoas de 319. (UEM) “Devemos entender por espírito o universo feito de
conhecimento elevado, formadores da opinião pública e realidades morais e sociais, ou, segundo Paul Valéry, ‛potência de
responsáveis pela organização da cultura. transformação’ da realidade. Mais ainda, espírito é trabalho de
08) A função do intelectual orgânico é favorecer a passagem criação, como tão bem definiu Alain: ‘O que torna o espírito real
do senso comum ao bom senso, isto é, o núcleo sadio das crenças é o que ele faz. Separado da obra, ele não é senão subjetividade
e práticas populares, dotado de ética adequada e ação efetiva sem expressão’.”
(NOVAES, A. A ciência do corpo. In O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São
contra as contradições da realidade. Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 11).
16) Para Antonio Gramsci, a formação dos intelectuais e A partir da citação acima, é correto afirmar que o espírito
governantes é, na maior parte das vezes, ideológica,
favorecendo as disputas de classe e divisões da cultura. 01) restringe-se ao conceito de alma na sua atribuição religiosa;
02) é a possibilidade de ultrapassar a matéria física ou natural;
317. (UEM) Friedrich Nietzsche critica o pensamento socrático- 04) é uma faculdade imprescindível para a obra de arte;
platônico e a tradição da religião judaico-cristã por terem 08) é inato e concupiscível;
desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram as forças 16) faz o homem procurar um sentido para si.
instintivas e vitais do ser humano, a ponto de domesticar a
vontade de potência do homem e de transformá-lo em um ser 320. (UEM) “A linguagem, o mito, a arte, a religião, a ciência são
fraco e doentio. Assinale o que for correto. elementos e condições constitutivas desta forma superior de
sociedade [humana]. São os meios pelos quais as formas de vida
01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada social, que encontramos na natureza orgânica, evoluem para um
hipócrita e decadente, Nietzsche propõe uma moral não- novo estado, o da consciência social, que depende de um duplo
repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo que ato, de identificação e discriminação. O homem não pode
o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e superar encontrar-se, não pode ter consciência de sua individualidade,
o movimento contraditório e antagônico da vida. senão por intermédio da vida social. Para ele, contudo, esse meio
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de criar significa mais que uma força externa determinante. Como os
uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por isso, animais, o homem se submete às regras da sociedade, mas, além
necessário aniquilar os mais fracos. disso, participa ativamente da produção e da mudança das formas
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma da vida social.”
que a história da humanidade é a história das lutas de classes, (CASSIRER, E. Antropologia filosófica. In: ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas
e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 30).
e considera que o socialismo é a única forma de organização
A partir da citação acima, assinale o que for correto.
social aceitável.
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a
01) A natureza orgânica não possui a faculdade de viver em
moral aristocrática de senhores e a moral plebeia de escravos.
sociedade.
A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela
02) A identificação é o processo de reconhecimento de um ser
inveja e pelo sentimento de vingança; é uma moral que nega os
da mesma espécie.
valores vitais e nutre a impotência.
04) A discriminação é o processo que nos diferencia enquanto 04) A palavra, ouvida ou escrita, é o pensamento manifesto em
indivíduos. sua realidade.
08) A força de viver em sociedade impede a emancipação dos 08) A palavra faz uma mediação entre as coisas e o
indivíduos. pensamento.
16) Na humanidade, a consciência individual é anterior à 16) A palavra vincula-se intimamente aos objetos reais, pois é
consciência social. parte do ser desse objeto.

321. (UEM) “Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser 324. (UEM) “O ser humano sempre foi um tema de reflexão para
humano, porém, há coisas que não lhe pertencem como ser humano. os filósofos. Capaz de grandes feitos e também das maiores
Contudo, não se isenta delas na existência como, por exemplo, a atrocidades, admirado por sua razão e poder de conhecer, ele é
definição de suas medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é também o único animal que se engana e erra. Corpo e alma, desejo
notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas coisas, mesmo e razão, liberdade e escravidão, animal e anjo, são termos opostos
sendo humanas, não são condições para que ele seja humano, caso e muito utilizados na história da filosofia para descrever, de muitas
contrário, todas as pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar maneiras, as contradições da natureza humana.”
disso, inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que pobre (BISHAL, T. de S. Pascal e a condição humana. In: FIGUEIREDO, V. de (Org.) Filósofos na
Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, v. 2, p. 86.)
é o discurso daquele que afirma o seguinte: o ser humano é esta Sobre as contradições da condição humana e as considerações
totalidade percebida (pelos sentidos)!” da filosofia, assinale o que for correto.
(AVICENA. A filosofia e sua divisão, in MARÇAL, J., Antologia de textos filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 90-91).
Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que for 01) Na Idade Média, ao mesmo tempo em que se proibia tocar
correto: no corpo do morto ou dissecar cadáveres, a escravidão e as
práticas de tortura eram permitidas.
01) A definição do ser humano depende de suas atribuições 02) Em face do grande número de opiniões sobre os mais
sensíveis. variados temas, e a impossibilidade de consenso sobre um ponto
02) A classe social de um indivíduo compõe um dos elementos da único, a filosofia adota inevitavelmente o ceticismo.
definição do ser humano. 04) A dignidade humana não reside apenas no plano das ações
04) A identidade racial distingue os seres humanos de outros dos homens, que podem ser contraditórias, mas também no plano
seres vivos. dos princípios, ideais e pensamentos.
08) O conceito de ser humano é inteligível. 08) As contradições humanas, para alguns filósofos, representam
16) Qualificações como peso, altura e aparência física sua grandeza, já que, por meio delas, o homem toma consciência
distinguem um ser humano de outro ser humano. de sua condição concreta.
16) Para a filosofia cristã, a situação da queda humana,
322. (UEM) “Primeiramente, o trabalho alienado se apresenta proporcionada pelo pecado original, não é definitiva, já que
como algo externo ao trabalhador, algo que não faz parte de sua podemos, por meio da fé, trilhar um caminho de redenção.
personalidade. Assim, o trabalhador não se realiza em seu
trabalho, mas nega-se a si mesmo. Permanece no local de trabalho 325. (UEM) Antropologia é o estudo sistemático dos
com uma sensação de sofrimento em vez de bem-estar, com um conhecimentos relativos ao “homem”: sua cultura, valores,
sentimento de bloqueio de suas energias físicas e mentais que crenças, raças, divisões sociais e políticas, enfim, sua maneira de
provoca cansaço físico e depressão. Nessa situação, o trabalhador avaliar e compreender o mundo. Com base na afirmação acima,
só se sente feliz em seus dias de folga, enquanto no trabalho assinale o que for correto.
permanece aborrecido. Seu trabalho não é voluntário, mas imposto
e forçado.” 01) O antropólogo francês Claude Levi-Strauss, autor de Tristes
(MARX, K. Manuscritos econômicofilosóficos. Primeiro manuscrito, XXIII. In: COTRIM, G. trópicos, veio ao Brasil em 1935, a fim de pesquisar sobre os
Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 25-36).
A partir do texto, assinale o que for correto. índios brasileiros.
02) Destaca-se, na Antropologia filosófica, o nome de Hannah
01) A alienação do trabalho é fruto do cansaço físico e mental Arendt, autora de A condição humana, obra em que defende a
do trabalhador. complexidade da natureza humana.
02) A forma de trabalho típica do sistema de produção 04) Para compreender o homem e a sociedade, Jean-Jacques
capitalista não realiza o trabalhador. Rousseau imaginou um estado hipotético originário, chamado de
04) Segundo o filósofo, não existe a possibilidade de um “Estado de natureza”.
trabalho que satisfaça o homem. 08) A Antropologia filosófica é o estudo sistemático que visa
08) Não há bem-estar no trabalho quando ele é imposto e superar as diferenças entre os homens e a diversidade de
forçado. concepções de mundo.
16) Um trabalho feito voluntariamente e que não negue o 16) Antropólogos norte-americanos redescobriram, no início do
trabalhador não é um trabalho alienado. século passado, a pedra filosofal, escondida no Egito, às
margens do Rio Sor.
323. (UEM) Um dos principais problemas de nosso tempo diz
respeito à linguagem: seus limites, suas vinculações, em suma, sua 326. (UEM) A filosofia, como o estudo de problemas
capacidade de traduzir em signos as coisas. A esse respeito, o fundamentais da humanidade, divide-se em várias áreas ou
filósofo francês Merleau-Ponty afirma: “A palavra, longe de ser campos do saber, tendo em vista sua multiplicidade de objetos:
um simples signo dos objetos e das significações, habita as coisas o ser, a linguagem, o conhecimento, a arte, a ação moral, a
e veicula significações. Naquele que fala, a palavra não traduz um práxis política, os entes de razão etc. Sobre a multiplicidade de
pensamento já feito, mas o realiza. E aquele que escuta recebe, objetos ou campos da filosofia, assinale o que for correto.
pela palavra, o próprio pensamento”
(In: CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 196). 01) O misticismo é o campo da filosofia que estuda a metafísica,
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). isto é, o que está oculto e além da física, como é a numerologia,
a cosmologia e as ciências místicas.
01) A palavra torna real um pensamento por meio da fala, 02) A lógica, na concepção clássica, é o instrumento para se
conferindo-lhe existência. proceder de modo correto no exercício do pensamento,
02) A palavra não consegue expressar a totalidade do objeto denunciando falácias, conclusões inválidas, tautologias e
enunciado. contradições.
04) O empirismo, tradição oposta ao racionalismo, é uma 329. (UEM) A linguagem verbal é um sistema de símbolos que
tendência na teoria do conhecimento. O empirismo parte da permite aos seres humanos ultrapassarem os limites da
experiência para fundamentar o conhecimento, o racionalismo, experiência vivida e organizar essa experiência sob forma
das ideias do entendimento. abstrata, conferindo sentido ao mundo. Assinale o que for
08) A ontologia é o estudo dos entes e, por isso, utiliza-se do correto.
método científico para determinar o seu objeto.
16) A epistemologia é a parte do sistema de Aristóteles que 01) A linguagem humana, da mesma forma que as linguagens
estuda os temas póstumos, como a morte, a eutanásia e o de computador, é altamente estruturada e, por isso, inflexível;
suicídio. não fosse assim, a comunicação entre as pessoas seria impossível.
02) A linguagem oral é o único meio à disposição do homem
327. (UEM) “A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para sua comunicação e o estabelecimento de relações com os
para indicar as coisas, para a comunicação entre as pessoas e outros indivíduos.
para a expressão de ideias, valores e sentimentos.” 04) A formação do mundo cultural depende fundamentalmente
(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia, p.151.) da linguagem. Pela linguagem, o homem deixa de reagir
Através de leis que podem ser conhecidas, a linguagem constitui somente ao presente imediato, podendo pensar o passado e o
um tema privilegiado para a filosofia desde o seu surgimento futuro e, com isso, construir o seu projeto de vida.
até nossos dias. Sobre o exposto, assinale o que for correto. 08) Os nomes são símbolos ou representações dos objetos do
mundo real e das entidades abstratas. Como representações, os
01) Na Poética e na Retórica, Aristóteles fixa as formas e usos nomes têm o poder de tornar presente para nossa consciência o
da linguagem como resposta ao fenômeno da Torre de Babel, objeto que não está dado aos sentidos.
aperfeiçoando a comunicação entre as pessoas. 16) O homem é a única espécie animal dotada da capacidade
02) O positivismo lógico da Escola de Viena é o movimento de linguagem mediante a palavra e faz uso de símbolos, isto é,
contrário às filosofias de conteúdo “oculto” e “profundo”, tendo refere-se às coisas por meio de signos convencionados, enquanto
em vista a clareza dos conceitos através da análise da na linguagem de outros animais os signos são índices.
linguagem.
04) Chama-se linguagem denotativa aquela que designa ÉTICA E MORAL (LIBERDADE)
diretamente as coisas, e linguagem conotativa aquela em que a
palavra adquire significados implícitos para além do vínculo 330. (UEM) “Todo ser humano tem um direito legítimo ao respeito
direto e imediato que mantém com os objetos da realidade. de seus semelhantes e está, por sua vez, obrigado a respeitar todos
08) Chama-se sincronia da linguagem a sua parte atual ou os demais. A humanidade ela mesma é uma dignidade, pois o ser
presente, e diacronia da linguagem o estudo das transformações humano não pode ser usado meramente como um meio por
que ela recebe ao longo do tempo. qualquer outro ser humano (quer por outros, quer, inclusive, por si
16) Platão, no Crátilo, estabelece as duas teses que comandam mesmo), mas deve sempre ser usado ao mesmo tempo como um
a questão sobre a origem das línguas, a saber: a tese de que os fim. [...] não posso negar todo respeito sequer a um homem
nomes são naturais e adequados às coisas, e a tese de que os corrupto como um ser humano, não posso suprimir ao menos o
nomes são arbitrários e escolhidos pela convenção humana. respeito que lhe cabe em sua qualidade como ser humano, ainda
que através de seus atos ele se torne indigno desse respeito.”
328. (UEM) Em sentido filosófico, o trabalho é uma forma de o (KANT, I. A metafísica dos costumes. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e história
ser humano se autoproduzir; pelo trabalho, o homem desenvolve da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 261).
suas habilidades, conhece a natureza para dela fazer melhor A partir do texto citado, assinale o que for correto.
uso. Porém essa concepção positiva desaparece quando se
considera a condição das pessoas obrigadas ao trabalho 01) Humilhar, agredir ou não tratar bem um criminoso não fere
alienado. Em relação ao trabalho no sistema de produção sua humanidade e nem é uma usurpação dos direitos humanos.
capitalista, assinale o que for correto. 02) Ao afirmar que o ser humano deve ser usado com um fim, o
filósofo destaca o utilitarismo inerente à doutrina dos direitos
01) O surgimento do proletariado é concomitante ao nascimento humanos.
das fábricas; no sistema fabril, os trabalhadores, desprovidos 04) Respeitar a dignidade de todo ser humano é algo que não
dos meios de produção, vendem sua força de trabalho ao precisa, necessariamente, estar escrito em lei, pois é princípio
empresário, que, por sua vez, visando ao lucro, vende os inerente à convivência humana.
produtos da atividade dos proletários. 08) Os diversos tipos de criminosos, particularmente os corruptos,
02) Uma característica do sistema fabril é a dicotomia não merecem o respeito humano em função das consequências
concepção-execução do trabalho, ou seja, o processo no qual de seus atos para a sociedade.
um pequeno grupo de pessoas é responsável por conceber ou 16) A dignidade própria da condição humana não se anula com
inventar um produto, enquanto outro grupo executa o trabalho um crime, donde o respeito a essa condição mínima para todos
de produção, o qual é sempre parcelado. os seres humanos.
04) A partir da segunda metade do século XX, a implantação
de tecnologias avançadas modificou os padrões de 331. (UEL-2004) “A ideia ilusória da vontade livre deriva de
produtividade; o trabalho em equipe, o maior poder de decisão percepções inadequadas e confusas; a liberdade, entendida
dos empregados, a mão-de-obra melhor qualificada corretamente, no entanto, não é o estar livre da necessidade, mas
representam uma evolução nas condições de trabalho nas sim a consciência da necessidade.”
(SCRUTON, Roger. Espinosa. Trad. de Angélica Elisabeth Könke. São Paulo: Unesp, 2000.
sociedades capitalistas. p. 41.)
08) A chamada sociedade pós-industrial é marcada pela Com base no texto e nos conhecimentos sobre liberdade em
ampliação dos serviços, dos quais dependem as próprias Espinosa, considere as afirmativas a seguir.
atividades industriais e agrícolas; o enfoque antes dado à
produção passa à informação e ao consumo; modos mais I. A liberdade identifica-se com escolha voluntária.
flexíveis de trabalho se desenvolvem favorecidos pela II. A liberdade significa a capacidade de agir espontaneamente,
tecnologia da informação. segundo a causalidade interna do sujeito.
16) O sistema de produção capitalista atinge seu objetivo de III. A liberdade e a necessidade são compatíveis.
gerar mais riqueza com o desenvolvimento das forças IV. A liberdade baseia-se na contingência, pois se tudo no
produtivas. universo fosse necessário não haveria espaço para ações livres.
d) I, II e IV.
Estão corretas apenas as afirmativas: e) I, III e IV.

a) I e II. 334. (UEL-2005) “Poder-se-ia [...] acrescentar à aquisição do


b) I e IV. estado civil a liberdade moral, única a tornar o homem
c) II e III. verdadeiramente senhor de si mesmo, porque o impulso do puro
d) I, III e IV. apetite é escravidão, e a obediência à lei que se estatui a si mesma
e) II, III e IV. é liberdade”.
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Trad. de Lourdes Santos Machado. São
Paulo:Nova Cultural, 1987. p. 37.)
332. (UEL-2005) “É na verdade conforme ao dever que o Com base no texto e nos conhecimentos sobre a liberdade em
merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente, e Rousseau, é correto afirmar:
quando o movimento do negócio é grande, o comerciante esperto
também não faz semelhante coisa, mas mantém um preço fixo a) As leis condizentes com a liberdade moral dos homens devem
geral para toda a gente, de forma que uma criança pode comprar atender aos seus apetites.
em sua casa tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois b) A liberdade adquire sentido para os homens na medida em
servido honradamente; mas isto ainda não é bastante para que eles podem desobedecer às leis.
acreditar que o comerciante tenha assim procedido por dever e c) O homem livre obedece a princípios, independentemente de
princípios de honradez; o seu interesse assim o exigia; mas não é eles também valerem para a sociedade.
de aceitar que ele além disso tenha tido uma inclinação imediata d) O homem afirma sua liberdade quando obedece a uma lei
para os seus fregueses, de maneira a não fazer, por amor deles, que prescreve para si mesmo.
preço mais vantajoso a um do que outro”. e) É no estado de natureza que o homem pode atingir sua
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 112.) verdadeira liberdade.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito de
dever em Kant, considere as afirmativas a seguir, sobre a ação 335. (UEL-2005) “A busca da ética é a busca de um ‘fim’, a saber,
do merceeiro. o do homem. E o empreendimento humano como um todo, envolve
a busca de um ‘fim’: ‘Toda arte e todo método, assim como toda
I. É uma ação correta, isto é, conforme o dever. ação e escolha, parece tender para um certo bem; por isto se tem
II. É moral, pois revela honestidade na relação com seus clientes. dito, com acerto, que o bem é aquilo para que todas as coisas
III. Não é uma ação por dever, pois sua intenção é egoísta. tendem’. Nesse passo inicial de a Ética a Nicômacos está delineado
IV. É honesta, mas motivada pela compaixão aos semelhantes. o pensamento fundamental da Ética. Toda atividade possui seu fim,
ou em si mesma, ou em outra coisa, e o valor de cada atividade
Estão corretas apenas as afirmativas: deriva da sua proximidade ou distância em relação ao seu próprio
fim”.
a) I e II. (PAIXÃO, Márcio Petrocelli. O problema da felicidade em Aristóteles: a passagem da
ética à dianoética aristotélica no problema da felicidade. Rio de Janeiro: Pós-Moderno,
b) I e III. 2002. p. 33-34.)
c) II e IV. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética em
d) I, III e IV. Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
e) II, III e IV.
I. O “fim” último da ação humana consiste na felicidade
333. (UEL-2005) “Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser alcançada mediante a aquisição de honrarias oriundas da vida
racional tem a capacidade de agir segundo a representação das política.
leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como II. A ética é o estudo relativo à excelência ou à virtude própria
para derivar as ações das leis é necessária a razão, a vontade não do homem, isto é, do “fim” da vida humana.
é outra coisa senão razão prática. Se a razão determina III. Todas as coisas têm uma tendência para realizar algo, e
infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, que são nessa tendência encontramos seu valor, sua virtude, que é o “fim”
conhecidas como objetivamente necessárias, são também de cada coisa.
subjetivamente necessárias, isto é, a vontade é a faculdade de IV. Uma ação virtuosa é aquela que está em acordo com o
escolher só aquilo que a razão independentemente da inclinação, dever, independentemente dos seus “fins”.
reconhece como praticamente necessário, quer dizer bom”. Estão corretas apenas as afirmativas:
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela.
Lisboa: Edições 70, 1995. p. 47.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a liberdade em a) I e IV.
Kant, considere as afirmativas a seguir. b) II e III.
c) III e IV.
I. A liberdade, no sentido pleno de autonomia, restringe-se à d) I, II e III.
independência que a vontade humana mantém em relação às e) I, II e IV.
leis da natureza.
II. A liberdade configura-se plenamente quando a vontade 336. (UEL-2004) “Quando a vontade é autônoma, ela pode ser
humana vincula-se aos preceitos da vontade divina. vista como outorgando a si mesma a lei, pois, querendo o
III. É livre aquele que, pela sua vontade, age tanto objetivamente imperativo categórico, ela é puramente racional e não dependente
quanto subjetivamente, por princípios que são válidos para de qualquer desejo ou inclinação exterior à razão. [...] Na medida
todos os seres racionais. em que sou autônomo, legislo para mim mesmo exatamente a
IV. A liberdade é a capacidade de o sujeito dar a si a sua mesma lei que todo outro ser racional autônomo legisla para si.”
(WALKER, Ralph. Kant: Kant e a lei moral. Trad. de Oswaldo Giacóia Júnior. São Paulo:
própria lei, independentemente da causalidade natural. Unesp, 1999. p. 41.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre autonomia em
Estão corretas apenas as afirmativas: Kant, considere as seguintes afirmativas:

a) I e II. I. A vontade autônoma, ao seguir sua própria lei, segue a razão


b) II e III. pura prática.
c) III e IV.
II. Segundo o princípio da autonomia, as máximas escolhidas e) As virtudes são disposições desvinculadas de qualquer
devem ser apenas aquelas que se podem querer como lei orientação, seja para o bem, seja para o mal.
universal.
III. Seguir os seus próprios desejos e paixões é agir de modo 339. (UEL-2003) “A virtude é pois uma disposição de caráter
autônomo. relacionada com a escolha e consiste numa mediania...”
IV. A autonomia compreende toda escolha racional, inclusive a (ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. 4 ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 33.)
escolha dos meios para atingir o objeto do desejo. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a virtude em
Estão corretas apenas as afirmativas: Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) I e II. a) A virtude é o governo das paixões para cumprir uma tarefa
b) I e IV. ou uma função.
c) III e IV. b) A virtude realiza-se no mundo das idéias.
d) I, II e III. c) A virtude é a obediência aos preceitos divinos.
e) II, III e IV. d) A virtude é a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a
falta.
337. (UEL-2004) “Ser caritativo quando se pode sê-lo é um e) A virtude tem como fundamento a utilidade da ação.
dever, e há além disso muitas almas de disposição tão
compassivas que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade 340. (UEM) “Os direitos do homem, tais como em geral têm sido
ou interesse, acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua enunciados a partir do século XVIII, estipulam condições mínimas
volta, e se podem alegrar com o contentamento dos outros, do exercício da moralidade. Por certo, cada um não deixará de
enquanto este é obra sua. Eu afirmo porém que neste caso uma aferrar-se à sua moral; deve, entretanto, aprender a conviver com
tal ação, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não outras, reconhecer a unilateralidade de seu ponto de vista. E com
tem contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas vai isso está obedecendo à sua própria moral de uma maneira
emparelhar com outras inclinações, por exemplo o amor das especialíssima, tomando os imperativos categóricos dela como um
honras que, quando por feliz acaso, topa aquilo que momento particular do exercício humano de julgar moralmente.
efetivamente é de interesse geral e conforme ao dever, é Desse modo, a moral do bandido e a do ladrão tornam-se
consequentemente honroso e merece louvor e estímulo, mas não repreensíveis do ponto de vista da moralidade pública, pois violam
estima; pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda o princípio da tolerância e atingem direitos humanos
que tais ações se pratiquem não por inclinação, mas por dever.” fundamentais.”
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 113.) (GIANOTTI, J. Moralidade pública e moralidade privada. In ARANHA, M. Filosofar com
textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 204).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o dever em Kant, A partir do texto citado, é correto afirmar:
é correto afirmar:
01) A moralidade pública julga a partir dos critérios de quem
a) Ser compassivo é o que determina que uma ação tenha valor ocupa o poder político.
moral. 02) A moralidade pública estabelece condições mínimas para a
b) Numa ação por dever, as inclinações estão subordinadas ao convivência entre os homens em face da multiplicidade de
princípio moral. posições morais existentes.
c) A ação por dever é determinada pela simpatia para com os 04) A moral privada está relacionada ao ponto de vista do
seres humanos. indivíduo de tal modo que ela possui uma conotação particular.
d) O valor moral de uma ação é determinado pela promoção 08) Existem duas esferas de moralidade: uma pública e outra
da felicidade humana. privada e elas não necessariamente se identificam.
e) É no propósito visado que uma ação praticada por dever tem 16) Os ladrões e demais criminosos não possuem moralidade,
o seu valor moral. pois não aceitam os princípios morais da sociedade.
338. (UEL-2004) “- O que significa exatamente essa expressão 341. (UEM) “Contudo, não posso negar todo respeito sequer a um
antiquada: ‘virtude’? – perguntou Sebastião. homem corrupto como um ser humano; não posso suprimir ao
- No sentido filosófico, compreende-se por virtude aquela atitude menos o respeito que lhe cabe em sua qualidade como ser humano,
de, na ação, deixar-se guiar pelo bem próprio ou pelo bem alheio ainda que através de seus atos ele se torne indigno desse respeito.
– esclareceu o senhor Barros. Assim, pode haver punições infamantes que desonram a própria
- O bem alheio? – perguntou Sebastião. humanidade (tais como o esquartejamento de um homem, seu
- Sim – disse o senhor Barros – É verdade que a coragem e a despedaçamento produzido por cães, o cortar fora seu nariz e
moderação são virtudes, em primeiro lugar, para consigo mesmo, orelhas). Não só são estas punições mais dolorosas do que a perda
mas também há outras virtudes, como a benevolência, a justiça e a de posses e da vida àquele que ama a honra (que reivindica o
seriedade ou confiabilidade, ou seja, a qualidade de ser confiável, respeito alheio, como devem todos fazê-lo).”
que são disposições orientadas para o bem dos outros.” (KANT, I. A metafísica dos costumes, in ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. Temas de
(TUGENDHAT, Ernst; VICUÑA, Ana Maria; LÓPES, Celso. O livro de Manuel e Camila: Filosofia. São Paulo: Moderna, 2005, p. 234).
diálogos sobre moral. Trad. de Suzana Albornoz. Goiânia: Ed. da UFG, 2002. p. 142.)
A partir do texto citado é correto afirmar que:
Com base no texto, é correto afirmar:
01) O respeito à humanidade deve se manifestar para com
a) As ações virtuosas são reguladas por leis positivas, todos os seres humanos, independentemente dos crimes que
determinadas pelo direito, independentemente de um princípio tenham cometido.
de bem moral. 02) As punições dos crimes não podem desconsiderar a condição
b) A virtude limita-se às ações que envolvem outras pessoas; em de ser humano do criminoso.
relação a si próprio a ação é independente de um princípio de 04) Há punições que extrapolam a dignidade humana, como o
bem. esquartejamento.
c) A ação virtuosa é orientada por princípios externos que 08) O filósofo defende que não haja equiparação entre a pena
determinam a qualidade da ação. e a infâmia cometida, ou seja, a pena não pode ser desonrosa.
d) Ser virtuoso significa guiar suas ações por um bem, que pode 16) O filósofo entende que certos atos criminosos tornam o
ser tanto em relação a si próprio quanto em relação aos outros. criminoso indigno do respeito humano.
342. (UEM) “Todo imperativo [moral] impõe-se como dever, mas
essa exigência não é heterônoma (exterior e cega), e sim 01) A dignidade humana é incondicionada e absoluta, isto é,
livremente assumida pelo sujeito que se autodetermina. A ideia de nenhum imperativo moral é válido se utilizar o homem como meio.
autonomia e de universalidade da lei moral leva a outro conceito: 02) O imperativo moral depende da análise e da aceitação da
o da dignidade humana, e, portanto, do ser humano como fim, e moral cristã.
não como meio para o que quer que seja. Assim diz Kant: ‘Age de 04) Toda pessoa que descobre autonomamente o imperativo
tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na moral deve submeter-se a esse imperativo.
pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e 08) O imperativo moral é anarquista, pois o que é fim para uma
nunca simplesmente como meio’” pessoa é meio para outra.
(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: 16) O imperativo moral está fundado no sujeito racional que, ao
Moderna, 2012, p. 417).
Segundo essa descrição da ética de Immanuel Kant, assinale o estabelecer o reino dos fins, determina a si mesmo.
que for correto.
343. (UEL-2003) Observe a tira e leia o texto a seguir.

(QUINO. Mafalda 5. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 74.)


e) A máxima que rege a ação pode ser universalizada, ou seja,
“Vejo em todo animal uma máquina engenhosa, a quem a quando a ação pode ser praticada por todos, sem prejuízo da
natureza deu sentidos para funcionar sozinha e para garantir- humanidade.
se, até certo ponto, contra tudo quanto tende a destruí-la ou a
desarranjá-la. Percebo precisamente as mesmas coisas na 345. (UEM) “A virtude é, pois, uma disposição de caráter
máquina humana, com a diferença de que a natureza faz tudo relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, a
sozinha nas operações do animal, ao passo que o homem mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio
concorre para as suas na qualidade de agente livre. Um escolhe racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um
ou rejeita por instinto e o outro, por um ato de liberdade.” meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois
(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que
entre os homens. Trad. de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p.
172.) é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e
Com base no texto de Rousseau e na tira, é correto afirmar: escolhe o meio-termo.”
(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, Livro II, cap. 6. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1979, p. 73).
a) A liberdade é a característica que diferencia o homem de A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
todos os outros animais.
b) A tira mostra que as formigas seguem em fila porque são 01) A virtude é uma disposição decorrente de um raciocínio que
desprovidas de cérebro, ao passo que, para Rousseau, os busca um agir equilibrado ou moderado.
animais são livres, mas ignoram que o são. 02) Os vícios são disposições que fogem à moderação, seja
c) Todas as ações dos homens são determinadas pelo instinto, o porque não atingem esse equilíbrio, seja porque o ultrapassam.
que impede que sejam livres. 04) O meio-termo da ação virtuosa não é uma regra única e
d) Os homens submetem-se passivamente às determinações da absoluta, mas deve ser considerada em relação ao indivíduo que
natureza. age, por isso é uma mediania e não uma média.
e) Os animais são livres, pois escolhem ou rejeitam por um ato 08) A coragem é uma ação virtuosa que está a meio-termo entre
de liberdade. os vícios da covardia e do destemor.
16) O meio-termo da ação virtuosa implica a concessão de algo
344. (UEL-2003) “O imperativo categórico é portanto só um e impede que o agente defenda, com contundência, seu ponto
único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas de vista.
ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela.
Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59.) 346. (UEM) “Nascer é, simultaneamente, nascer do mundo e nascer
Segundo essa formulação do imperativo categórico por Kant, para o mundo. Sob o primeiro aspecto, o mundo já está constituído
uma ação é considerada ética quando: e somos solicitados por ele. Sob o segundo aspecto, o mundo não
está inteiramente constituído e estamos abertos a uma infinidade
a) Privilegia os interesses particulares em detrimento de leis que de possíveis. Existimos, porém, sob os dois aspectos ao mesmo
valham universal e necessariamente. tempo. Não há, pois, necessidade absoluta nem escolha absoluta,
b) Ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo dos outros, jamais sou como uma coisa e jamais uma pura consciência [...]. Há
satisfazendo as exigências individuais de prazer e felicidade. um campo de liberdade e uma ‛liberdade condicionada’, porque
c) É determinada pela lei da natureza, que tem como tenho possibilidades próximas e distantes [...]. A escolha de vida
fundamento o princípio de autoconservação. que fazemos tem sempre lugar sobre a base de situações dadas e
d) Está subordinada à vontade de Deus, que preestabelece o possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar minha vida
caminho seguro para a ação humana. do sentido espontâneo que teria, mas o faz deslizando sobre este
sentido, esposando-o inicialmente para depois afastar-se dele, e
não por uma criação absoluta”
(MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. In: CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São pessoas más podem ser amigas, ou então uma pessoa boa e outra
Paulo: Ática, 2011. 14.ª ed., p. 421).
Conforme a citação acima, é correto afirmar que a liberdade má, ou uma pessoa que não é nem boa nem má pode ser amiga de
outra qualquer espécie; mas pelo que são em si mesmas é óbvio
01) identifica-se com o determinismo. que somente pessoas boas podem ser amigas. Na verdade, pessoas
02) depende de um campo de possibilidades concretas. más não gostam uma da outra a não ser que obtenham algum
04) é uma faculdade redentora, antinômica ao mundo físico. proveito recíproco”
(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: Filosofia. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.
08) é uma utopia do espírito humano. 123).
16) é absoluta e incorruptível. A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

347. (UEM) “A filosofia de Hegel constitui, assim, exemplo de um 01) A amizade comporta uma esfera de interesses particulares.
grandioso e radical investimento especulativo, qualificado como 02) A amizade, em alguns casos, é consequência de
Ideia de liberdade. Ao mesmo tempo em que tem a pretensão de condicionantes pessoais dos amigos.
analisar a liberdade segundo um modo conceitual (lógico- 04) As amizades desinteressadas não existem, visto que alguém
ontológico), quer, também, compreendê-la como uma forma sempre tem a ganhar na relação.
histórica de sua manifestação. Ou, dito de outro modo, sem 08) A amizade interessada entre pessoas más também é
abandonar o seu caráter autorreferencial (subjetivo), o filósofo amizade.
pretende efetivá-la na sua necessária forma institucional (objetiva). 16) A amizade é falsa quando não há interesse ou prazer na
(...) Se a liberdade subjetiva não alcançar essa dimensão e se relação.
circunscrever no âmbito dos interesses e desejos particulares dos
indivíduos nas suas relações privadas, o próprio princípio da 350. (UEM) “O que são valores? Valorar é uma experiência
liberdade se vê ameaçado.” fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda
(MARÇAL, J. [org.] Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 309). escolha de vida. Fazer um plano de ação nada mais é do que dar
Com base na citação anterior, assinale o que for correto. prioridade a certos valores positivos (seja do ponto de vista moral,
utilitário, religioso etc.) e evitar os valores negativos, que são
01) O livre arbítrio constitui uma ameaça para a realização da prejudiciais, tais como a mentira, a preguiça, a injustiça etc. O
liberdade. objetivo de qualquer valoração é, sem dúvida, orientar a ação
02) A liberdade deve ser pensada em dois planos distintos: o prática.”
primeiro, autorreferencial ou subjetivo, e o segundo, institucional (ARANHA, M.; MARTINS, M. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.
ou objetivo. 198.)
04) A efetividade do Estado e das instituições sociais constitui um Sobre os juízos de valor, assinale o que for correto.
obstáculo para os desejos particulares dos indivíduos.
08) O exercício da liberdade é característico de um processo 01) Ao relacionar os valores à ação prática, a axiologia
historicamente definido. (filosofia dos valores) não pretende dizer o que são as coisas,
16) A liberdade é uma síntese da religião com o mas como nos comportamos diante delas.
autoconhecimento. 02) É determinante para a valoração a passagem do ser ao
dever ser, isto é, a consideração dos princípios da ação humana
348. (UEM) Diversas circunstâncias fizeram do século XX um a partir das ideias da razão.
período de crise radical, devido à ruptura de paradigmas. 04) Os juízos de valores morais transformam-se em juízos de
Aranha e Martins afirmam que “Nem sequer sabemos ser gosto, ao analisar-se uma obra de arte, pois pertencem ao
possível alcançar a universalidade até então buscada, tão campo dos juízos de conhecimento.
intensa tem sido a heterogeneidade de comportamento dos mais 08) O valor moral apenas se sustenta quando recebe uma
diferentes segmentos (mulheres, gays, negros, indígenas). fundamentação divina, sem a qual ele perde a noção de bem e
Presenciamos, então, uma certa atomização das morais mal, justo e injusto, certo e errado etc.
decorrente das reivindicações de grupos emergentes que 16) A dignidade humana é um valor, independente do fato de
defendem posições igualitárias na sociedade discriminadora” o homem poder ser considerado, em determinado momento,
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, bandido, mercenário, traidor.
2005, p. 232).
A partir do excerto citado e dos seus conhecimentos sobre ética 351. (UEM) A reflexão sobre a ética apresenta, na antiguidade
contemporânea, assinale o que for correto. clássica, três características principais: a) a fusão do sujeito
moral com o sujeito político, pois só enquanto cidadão ou
01) Devido à exigência de se respeitar o pluralismo, o laicismo membro de uma comunidade política pode-se pensar a
e o perspectivismo da sociedade contemporânea, a reflexão moralidade; b) a discussão de princípios éticos metafísicos, pois
sobre a moral não é mais fundamentalista ou dogmática. a moral fundamenta-se a partir de conceitos que descrevem uma
02) O debate a respeito das cotas nas universidades não é interrogação sobre a essência do ser (o que é virtude, o que é a
filosófico, mas político, pois a ética não pode se ocupar de um felicidade, o que é a verdade, etc.); c) a separação entre o
segmento ou grupo social, mas da sociedade como um todo. domínio privado e o domínio público. A partir dessa reflexão
04) Princípios éticos do período clássico, como a caridade e a sobre a ética na antiguidade grega, assinale o que for correto.
tolerância, não são válidos para uma ética que valorize as
diferenças entre as culturas. 01) A fundação platônica da cidade ideal, em A República, dá-
08) Sociedades Protetoras dos Animais e organizações não se sob o signo de uma moralidade subjetiva, isto é, relativa à
governamentais, como a “SOS Mata Atlântica”, são exemplos boa vontade dos indivíduos, seja qual for sua classe social ou
de entidades que defendem ações afirmativas a partir de um política.
objeto específico. 02) Por ser precursor do pensamento político democrático,
16) Princípios éticos e econômicos mínimos, como o conceito de Platão defende os interesses dos escravos, dos metecos, das
desenvolvimento sustentável e o código de defesa do mulheres e das crianças.
consumidor, defendem os direitos das próximas gerações e 04) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles defende os princípios de
diminuem as desigualdades sociais entre patrões e empregados, uma ética relativista, já que, ao defender o “justo meio”, acaba
produtores e consumidores. por defender a medida individual de cada sujeito.
349. (UEM) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles afirma: “Então,
quando a amizade é por prazer ou por interesse mesmo, duas
08) A ética, na cidade-Estado grega, acompanha seu 02) Para Hannah Arendt, a liberdade não representa um ente
fundamento político, razão pela qual a violência não é de razão ou um direito divino, mas um fato político genuíno,
condenada na esfera privada e é proibida na esfera pública. razão pela qual o ser da política é a liberdade, e seu campo
16) Para Aristóteles, as amizades de um homem dependem da de experiência, a ação humana.
pessoa que se é, resultando, se ele for um homem justo e correto, 04) O pensamento liberal defende, majoritariamente, a
no coroamento de todos os bens: a felicidade. Por isso, a filosofia intervenção do Estado, da religião e das ciências na vida do
moral de Aristóteles é uma eudemonia (do grego: “boa vida”, cidadão, pois a ingerência do Estado e das instituições aumenta,
“vida feliz”). segundo o liberalismo, o bemestar e a liberdade dos indivíduos.
08) Para Etienne de La Boétie, a liberdade é espontânea e
352. (UEM) Para Nicola Abbagnano, a liberdade “tem três intransferível, razão pela qual o cidadão jamais perde, mesmo
significações fundamentais, correspondentes a três concepções sob o jugo da escravidão, da ditadura e do despotismo, a
que se sobrepuseram ao longo de sua história e que podem ser consciência de ser livre.
caracterizadas da seguinte maneira: 1. Liberdade como 16) Para Sartre, a liberdade não depende de um projeto
autodeterminação ou autocausalidade, segundo a qual a existencial, pois o existencialismo é uma crítica à razão prática
liberdade é ausência de condições e de limites; 2. Liberdade em nome da razão teórica, que é racional e a priori.
como necessidade, que se baseia no mesmo conceito da
precedente, a autodeterminação, mas atribuindo-a à totalidade 355. (UEM) O tema felicidade aparece na história da Filosofia
a que o homem pertence (Mundo, Substância, Estado); 3. em muitos momentos, sendo objeto de reflexão em sistemas
Liberdade como possibilidade ou escolha, segundo a qual a filosóficos, os quais lhe atribuem concepções diferentes. Com
liberdade é limitada e condicionada, isto é, finita”. relação à afirmação acima, assinale o que for correto.
(ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução da 1.ª ed. coordenada e revista
por Alfredo Bossi. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p.699).
Sobre a liberdade, assinale o que for correto. 01) Para Aristóteles, a felicidade é um eudemonismo, pois há
uma estreita relação entre ética e felicidade. Assim, o
01) O anarquismo individualista defende a segunda concepção comportamento virtuoso é um meio para alcançar a felicidade.
de liberdade, expressa no enunciado. 02) Para o estóico Sêneca, a felicidade não depende da virtude,
02) A filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre desenvolve a pois cada homem pode escolher o que for mais conveniente para
primeira concepção de liberdade, expressa no enunciado. si mesmo ao seguir seu livre arbítrio.
04) A filosofia de Georg Wilhelm Hegel identifica-se com a 04) Epicuro acreditava que o homem é por natureza um animal
segunda concepção de liberdade, expressa no enunciado. político, por isso só poderia alcançar a felicidade participando
08) Para Thomas Hobbes, existe uma liberdade de fazer, não da vida política da polis.
uma liberdade de querer; portanto, a liberdade para este 08) Santo Agostinho acreditava que a verdadeira felicidade
filósofo é caracterizada pela terceira concepção, expressa no consiste em se distanciar dos prazeres mundanos para poder
enunciado. encontrar a beatitude na união com Deus.
16) Enquanto as duas primeiras concepções de liberdade, 16) A Filosofia utilitarista de Jeremy Bentham acredita que a
expressas no enunciado, possuem um núcleo conceitual comum, a felicidade é uma quimera, uma utopia que jamais será
terceira não recorre a esse núcleo. alcançada pelos homens.

353. (UEM) “Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto 356. (UEM) A bioética situa-se no campo da axiologia. É um
é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao ramo da ética como disciplina que trata da investigação e
proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os problematização específica das práticas médicas, das ciências
seus membros” biológicas e das relações humanas com o meio ambiente. Com
(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p.310). base na afirmação acima, assinale o que for correto.
Sobre a moral, assinale o que for correto.
01) Hipócrates, ao declarar, no seu juramento, que jamais daria
01) A ética nasce quando se passa a indagar o que são, de a um paciente um remédio mortal e às mulheres uma substância
onde vêm e o que valem os costumes, pois a ética não pode ser abortiva, age em consonância com a axiologia da bioética.
dissociada da filosofia moral. 02) Emmanuel Levinas considera que a bioética deve preocupar-
02) Santo Agostinho rompe com a concepção moral da religião se com uma análise estrutural da sociedade como produção da
maniqueísta ao defender que o mal não tem uma entidade, mas vida e das condições de saúde, mas também dos processos de
é a ausência do bem. exclusão social.
04) A ética hegeliana fundamenta-se no princípio rousseauniano 04) Não é atribuição da bioética discutir os princípios morais
da bondade natural dos homens, segundo o qual a sociedade é que orientam a pesquisa científica, pois isso significa colocar
que a corrompe. obstáculos ao progresso da ciência.
08) Immanuel Kant afirma que o homem é um ser ávido de 08) A bioética está comprometida com a política, pois o cientista
prazeres insaciáveis, em nome dos quais ele rouba e mata. Para tem uma responsabilidade da qual não pode abdicar.
Kant, não existe bondade natural, pois a natureza do homem é 16) Os resultados das descobertas científicas estiveram sempre
egoísta, ambiciosa, agressiva e cruel. a serviço da humanidade, portanto uma reflexão sobre o sentido
16) Pode-se afirmar, com base nos textos de Platão e de moral da prática científica é desnecessária.
Aristóteles, que, no Ocidente, a ética inicia-se com Sócrates.
357. (UEM) “A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que
354. (UEM) A liberdade é, entre todos os bens, o maior e o mais se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que
difícil de ser exercido, devido à complexidade de sua natureza, fundamentam a vida moral.”
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à
que se relaciona com a ética, com a Filosofia política, com a Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 301).
Filosofia existencialista etc. Sobre os diferentes usos do conceito A ética nasce quando a indagação formula duas questões:
de liberdade, assinale o que for correto. primeiro, de onde vêm e o que valem os costumes; segundo, o
que é o caráter de cada pessoa, isto é, seu senso e consciência
01) Para Guilherme de Ockham, o poder tirânico é contrário à moral. Assinale o que for correto.
liberdade concedida por Deus, e devemos, por isso, submeter
até mesmo a Igreja e o papa ao direito natural e divino. 01) Para Nietzsche, a ética institui um “dever ser” moral, os
princípios e os valores que ela dita são universais, portanto
válidos para todos os homens, independentemente do tempo e que muitos supõem, o mito não desapareceu com o tempo. Sobre
do espaço. os significados do mito, assinale o que for correto.
02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos atenienses sobre o
que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam 01) O mito, como as lendas, é pura fantasia, pois não possui
ao agir inauguram a filosofia moral, porque definem o campo nenhuma coerência lógica e, por ser dissociado da realidade,
no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos não expressa nenhuma forma de verdade.
pela determinação do seu ponto de partida, isto é, a consciência 02) O mistério é um dos componentes do mito: apresenta um
do agente moral. enigma a ser decifrado e expressa o espanto do homem diante
04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em princípios do mundo.
ascéticos, em uma moral da abnegação, como condições 04) Uma das funções do mito é fixar os modelos exemplares de
indispensáveis para impor aos homens um “dever ser” capaz de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas.
conter o caráter perverso dos seus instintos e paixões. Portanto, o mito é um meio de orientação das sociedades
08) A ética não se confunde com a política, todavia elas mantêm humanas.
entre si uma relação necessária, pois a formação ética é, ao 08) O mito é uma intuição compreensiva da realidade, cujas
sobrepor os interesses coletivos aos individuais, importante para raízes se fundam na emoção e na afetividade. O mito expressa
o exercício da cidadania. o que desejamos ou tememos, como somos atraídos pelas coisas
16) Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, o ou como delas nos afastamos.
homem é egoísta, ambicioso, destrutivo, ávido de prazeres que 16) O mito é uma forma predominante de narrativa nas culturas
nunca o saciam e pelos quais mata, mente, rouba; é a razão que não conhecem a escrita. Um de seus objetivos é contar a
pela qual precisa do dever para se tornar um ser moral. origem de um grupo humano.

358. (UEM) O conceito de liberdade recebe denotações 361. (UEM) “Ao criticar o mito e exaltar a ciência,
diferentes ao longo da história. Considerando os autores contraditoriamente o positivismo fez nascer o mito do cientificismo,
Aristóteles, John B. Watson, Burrhus F. Skinner, Jean-Paul Sartre ou seja, a crença cega na ciência como única forma de saber
e Merleau-Ponty, assinale o que for correto. possível. Desse modo, o positivismo mostra-se reducionista, já que,
bem sabemos, a ciência não é a única interpretação válida do real.
01) O behaviorismo de John B. Watson e Burrhus F. Skinner De fato, existem outros modos de compreensão, como o senso
defende a liberdade incondicionada, pois nenhuma comum, a filosofia, a arte, a religião, e nenhuma delas exclui o
determinação condiciona o comportamento humano. fato de o mito estar na raiz da inteligibilidade. A função
02) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato voluntário fabuladora persiste não só nos contos populares, no folclore, mas
como “princípio de si mesmo”, de modo que tanto a virtude também na vida diária, quando proferimos certas palavras ricas
quanto o vício dependem da vontade do indivíduo. de ressonâncias míticas – casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade,
04) A fenomenologia de Merleau-Ponty defende uma morte – cuja definição objetiva não esgota os significados que
concepção de liberdade situada, superando a antinomia clássica ultrapassam os limites da própria subjetividade.”
do determinismo (anulação da liberdade) e do livre arbítrio (ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. rev. São
Paulo: Moderna, 2009, p. 32)
(liberdade absoluta). A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
08) A concepção da liberdade de Jean-Paul Sartre é tributária
do conceito grego de destino, bem visível no nome dos heróis 01) Ao contrário da ciência, o senso comum, a religião e a
das tragédias de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. filosofia refletem uma imagem incompleta e precária do real.
16) Para o existencialismo sartreano, a existência precede a 02) O mito do cientificismo é a aplicação do rigor formal do
essência; por essa razão, o homem jamais poderá ser livre. método científico à dança, à música e a diversas outras formas
de expressão popular.
359. (UEM) Na ética do discurso, Otfried Höffe faz a 04) O positivismo utiliza o inconsciente e o mito como forma de
diferenciação entre a legalidade formal e a legitimidade moral expressão do mundo.
da lei, pois, o que é legal do ponto de vista jurídico nem sempre 08) Explicações de caráter mítico, apesar de pertencerem ao
é legítimo do ponto de vista moral, isto é, nem tudo o que está período antigo, sobrevivem na modernidade.
de acordo com a lei é moralmente justificável, e vice-versa. 16) A função fabuladora recupera aspectos do mito que se
Sobre a distinção entre legalidade formal e legitimidade moral, distinguem da razão e do método científico.
assinale o que for correto.
362. (UEL-2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo
01) Se uma lei está escrita no código de conduta de um povo, está ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram.
comunidade ou nação, significa que ela é justa e legítima. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a
02) Se a pena não estiver prevista na lei, nem houver prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens,
jurisprudência definida para a condenação de um ato, é porque o que acontece com eles? Quem são eles?”
ele não é condenável moralmente. (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar.
04) A Bíblia e o Alcorão apresentam referências de princípios São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)
normativos. Não se encontram valores morais sob essas regras O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando
ou princípios. que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a
08) A pena de talião, “olho por olho, dente por dente”, utiliza- alternativa correta.
se de critérios quantitativos e não qualitativos para o julgamento
da ação. a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de
comprovação.
16) A mera formalidade da lei não garante a justiça; por isso, b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-
princípios éticos são indispensáveis na aplicação das leis. analítico para estabelecer suas verdades.
c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e
PENSAMENTO MÍTICO autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo,
360. (UEM) O mito é um modo de consciência que predomina e sua verdade independe de provas.
nas sociedades tribais e que, nas civilizações da antiguidade, e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento
também exerceu significativa influência. Ao contrário, porém, do racional, tais como a lei de não-contradição.

Potrebbero piacerti anche