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ABSTRACT
This article is an ethnographic experience in the field of psychosocial care in the context
of psychiatric deinstitutionalization in Brazil. The research has been developed through
an iconographic device constituted by ethnomethodology (paintings, drawings and
creations of images) of Mental Health users that raised a reflection under a social
anthropological perspective, dimensions about psychiatric deinstitutionalization,
medicalization of the mental suffering experience, forms of mental health treatment and
biographies. These are themes present in the study of verbal and visual narratives made
by the survey informants.
Keywords: Ethnography and Mental Health; Ethnography and Art; Artistic creation and
Mental Health.
Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, ISSN 1984-2147, Florianópolis, v.8, n.20, p. 24-44, 2016.
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1 INTRODUÇÃO
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Mestre em Teoria e Crítica da Arte. Doutor em Antropologia Social Universidade de Barcelona.
Professor e pesquisador Universidade Federal do Pampa. thomasjosuesilva@gmail.com
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fazer artístico emic à margem dos sistemas das artes oficiais, como se evidencia nas
narrativas e representações visuais dos informantes acerca daquilo que concebiam e
entendiam como sendo arte. Observou-se na fala de um informante: “Esta é minha arte,
eu expresso aqui o que sinto. Isto é minha arte”
Portanto, as criações iconográficas elaboradas pelos informantes dão pistas de
um fazer artístico contextual e próprio, a partir da escuta de narrativas verbais e da
observação de criações visuais que brindam a uma riqueza de representações acerca
das vivências do sujeito acometido por sofrimento psíquico e de sua interface com o
mundo.
Esta experiência etnográfica foi valiosa por vislumbrar-se que o objeto de
pesquisa, por sua natureza complexa, foi constituído a partir de um verdadeiro mosaico
narrativo, composto por fragmentos de criações iconográficas, narrativas verbais e
contextos biográficos, tomando como empréstimo as ideias metodológicas da pesquisa
social de Howard S. Becker (1999, p. 104) ao mencionar: “Diferentes fragmentos
contribuem diferentemente para nossa compreensão; alguns são úteis por sua cor,
outros porque realçam os contornos de um objeto.” Os fragmentos narrativos, sejam
criações iconográficas ou verbais, constituíram a construção de elementos biográficos
que permitiram o acesso à cosmovisão que formou parte importante do itinerário
etnográfico no contexto da atenção psicossocial.
A interação com fragmentos narrativos de sujeitos em situação de
vulnerabilidade psíquica, que resultou no desenvolvimento do estudo etnográfico, foi no
Atelier de Expressão (ATE), local destinado ao desenvolvimento de atividades artísticas
para usuários de Saúde Mental provenientes de um Centro Público de Atenção
Psicossocial que era subsidiado pela Secretaria de Saúde da cidade de Novo
Hamburgo, Estado do Rio Grande do Sul, região Sul do Brasil. O referido Centro de
Atenção Psicossocial, fundado nos anos 90, preconizava um atendimento
descentralizado, extra-hospitalar, baseado em uma perspectiva de política de
desinstitucionalização psiquiátrica.
Privilegiou-se para o estudo etnográfico o recorte analítico de um estudo de caso
que se acompanhou no período de 1991 a 1994, sendo revisitado o campo da pesquisa
na década de 2000. O informante se chamará Pedro, usuário do ATE, que através de
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suas criações iconográficas e narrativas verbais, nos brinda com temas importantes ao
campo dos estudos qualitativos em Saúde Mental e para a Desinstitucionalização
Psiquiátrica, como: discurso hegemônico acerca do tratamento da doença mental,
modelos de atenção em Saúde Mental, institucionalização e desinstitucionalização da
doença mental, subjetividade e experiência com o fenômeno do sofrimento psíquico.
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interface entre produção simbólica visual e experiência com a dimensão do sofrimento
psíquico.
Contudo, seria utópico dizer que mesmo uma Arte Bruta, segundo sua histórica
conceitualização, estaria livre das normas do campo artístico, como apontou Pierre
Bourdieu (1996, p. 278) acerca das regras do mundo artístico, em especial, em sua
análise sobre a Arte Bruta:
[...] os teóricos da Arte Bruta não podem constituir as produções
artísticas de crianças ou dos esquizofrênicos como uma forma limite da
arte pela arte, por uma espécie de contra senso absoluto, senão porque
ignoram que elas só podem aparecer como tais para um olho produzido,
como o deles.
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Da mesma forma, a etnografia constituída por meio da expressão artística do
informante aponta para uma abordagem hermenêutica onde as imagens possuem vida
própria carregada de uma infinitude de possibilidades semânticas. A partir disso, não se
pode esgotar a análise iconográfica em interpretações unidimensionais (JOLY, 1994).
Como as imagens visuais não podem ser decifradas em sua totalidade, pensar o
dispositivo iconográfico é, também, pensar no discurso verbal que o acompanha, pois
uma imagem necessitará sempre, ainda que somente de forma provisória, de uma
mediação verbal para agregar-lhe um sentido. Jacques Aumont ([1990], 1993, p. 248)
esclarece sobre o problema do sentido da imagem: “[...] a relação entre imagens e
palavras, entre imagem e linguagem... não existe imagem pura, puramente icônica, já
que para ser plenamente compreendida uma imagem precisa do domínio da linguagem
verbal.”
Quando se utiliza o dispositivo iconográfico para estudos qualitativos em
Ciências Sociais, busca-se um recurso interpretativo que não seria possível somente
com o uso de uma etnografia clássica constituída pelo texto escrito. Este tema é tratado
por Erving Goffman (1991, p. 138-142) em uma importante contribuição teórica sobre
seus estudos sobre representação social, onde o autor, utilizando o recurso
iconográfico no estudo da interação social, aporta a seguinte questão: “Observemos,
además, que el texto, que explica más o menos lo que passa, suele ser, con frecuencia,
algo superfulo, pues la imagen cuenta por si misma su própria historia.” O autor segue:
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sociais que coexistem dentro de uma mesma sociedade, de subculturas específicas.
(LAPLANTINE, 1996).
O caminho etnometodológico foi trilhado na experiência com a criação
iconográfica em Saúde Mental num contexto psicossocial específico, que oportunizou o
contato e a interação com universos subjetivos, com biografias e representações de
mundo. Uma experiência local, mas substancialmente capaz de produzir uma amplitude
do conhecimento acerca do “outro”. Como aponta Geertz (1983, 2001), todo “saber
local” é substantivo, é de alguém e, portanto, pode representar uma abertura
significativa de conhecimento.
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A filosofia norteadora de trabalho no ATE seguia uma perspectiva de interação
social dos usuários de Saúde Mental do município com a comunidade artístico-cultural e
no desenvolvimento de uma atenção integral e interdisciplinar em Saúde Mental que a
Reforma Psiquiátrica Brasileira definia como:
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Mental que não estabelecem relações com o espaço sociocultural e comunitário mais
amplo, quase sempre vinculadas a uma noção meramente de ofício terapêutico, de
adaptabilidade normativa. O autor enfatiza a importância da criação de novos espaços
de trocas sociais para os usuários de Saúde Mental, fora do âmbito restrito do campo
psiquiátrico.
A partir das questões suscitadas por Amarante, pode-se considerar que os
trabalhos nas oficinas do ATE não se caracterizavam como práticas terapêuticas
através da criação iconográfica, mas como um lugar fora do âmbito clínico e
ambulatorial, preconizando o desenvolvimento da expressão criadora de seus
frequentadores e, também, na promoção de novas formas de expressão subjetiva, do
resgate de singularizações que são absolutamente negligenciadas pela lógica da
doença, do clínico.
A questão fica evidente nas falas e nas representações visuais dos
frequentadores sobre temas sobre cotidiano, memórias de vida, questões sociais e,
sobretudo, das experiências subjetivas com a estigmatização do fenômeno saúde-
doença mental, como fica expresso na fala de uma das frequentadoras do ATE: “Aqui
no ATE eu falo de mim, daquilo que eu sofro e sou discriminada... sabe... desenho e
pinto também... diferente de lá do ambulatório de Saúde Mental, onde eu sou só
tratada, só minha doença.” Outro frequentador expressa: “O Atelier de Expressão é uma
inovação para o acompanhamento de cultura e de informação. No ambulatório é só
doença; aqui eu expresso livremente minhas ideias e pensamentos.”
A observação das falas dos informantes neste novo espaço, longe das marcas
da doença e da normatividade clínica vivenciadas no ambulatório de Saúde Mental do
município, faz lembrar as reflexões dos trabalhos de Felix Guattari (1992, p. 17) nas
oficinas de arte da Clínica La Borde, na França:
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Transfigurando as marcas nosológicas presentes no território ambulatorial do
Serviço Municipal de Saúde Mental, este estudo etnometodológico cede lugar a uma
nova perspectiva: um território de resgate de narrativas transpatológicas, de narrativas
biográficas, representações subjetivas sobre saúde-doença mental, de formas visuais
que expressavam ideias, memórias e multiformas de comunicação com o mundo,
espaços possíveis de acolhida das singularizações dos sujeitos. O ATE possibilitou um
lugar de trocas sociais e de singularização, sem sombra de dúvida, o que aproxima das
ideias de Rotelli (1990, p. 91-92) ao refletir sobre a necessidade de romper com a lógica
patologizante no campo da atenção psicossocial, e que se faz necessário criar nestes
cenários psicossociais laboratórios de oportunidades onde o sujeito recupere sua
singularidade e sua subjetividade, “espaços de vida” e não de doença.
Pensando o ATE como um laboratório de oportunidades, este trabalho
etnográfico vivenciado nas oficinas de expressão artística do ATE pode oferecer a
percepção de um espaço não medicalizado a partir de uma dialética social que figurou
uma territorialidade habitada por expressões iconográficas multiformes, por expressões
simbólicas, que revelaram cosmovisões de mundo; da mesma forma, é um lugar de
convívio social distinto daquele do ambulatório, onde as relações eram pautadas por
papéis fixos, numa relação de poder entre aqueles que tratam – os médicos e os
terapeutas – e aquele que é tratado: o usuário marcado pela doença que recebe a
assistência. Tal premissa fica evidente na fala desta usuária: “No ambulatório eu sou
tratada, ninguém sabe de minha história de vida. Aqui no ATE posso falar de minha
vida, de minha história. Aqui eu desenho, eu pinto, eu converso com meus colegas.”
Esta pesquisa etnográfica foi desenvolvida a partir do estudo das criações
iconográficas e do discurso verbal dos frequentadores do ATE do Serviço Municipal de
Saúde Mental de Novo Hamburgo. Considerado um lugar descontaminado do
psicopatológico, o ATE caracteriza-se como sendo um espaço de interação social que
possibilitou uma escuta social distinta daquela escuta nosológica presente nos espaços
de atenção psicossociais tradicionais. Assim, a criação iconográfica e o discurso verbal
dos informantes levaram a uma polissemia rica de significados e representações que
ajudou a construir um caminho etnometodológico particular, para refletir sobre a
experiência do sofrimento psíquico e sua relação com o campo da atenção
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psicossocial, como se observará em seguida, na análise do estudo de caso do
informante Pedro.
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contestação por parte da Marinha Nacional, negando seu pedido de incorporação.
Pedro comentou na época: “Eu desejava seguir a carreira militar da Marinha, mas não
consegui” (ATE, 1991).
Após este depoimento, Pedro desenhou a figura de um grande navio de combate
e escreveu no verso da folha em que havia desenhado a figura da nave: “Horizonte
aberto. Mistério é o que vem antes do horizonte aberto... Bonanza que existe depois da
tempestade. Navio de combate.”
Aos 18 anos, Pedro teve seu primeiro surto e foi encaminhado para internação
em um hospital psiquiátrico próximo à cidade de Novo Hamburgo, onde permaneceu
internado durante três meses. No mesmo período, relatou que as atividades que mais
lhe agradavam no Hospital, durante sua internação, eram aquelas realizadas nas
oficinas de criação plástica.
No mesmo período das primeiras interações com Pedro no ATE (1991),
narrativas da infância mesclavam-se em criações visuais e depoimentos verbais, como
se observa neste fragmento de sua fala e na criação de uma iconografia que representa
um parque infantil da cidade, onde brincava quando criança. Pedro segue narrando:
“Fugi da realidade... do local, e fugi para minha infância.”
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Ilustração 2: “Meu tempo de criança” (ATE, 1991).
Neste mesmo momento, nos anos que se passaram da interação com Pedro no
ATE, imagens e narrativas verbais figuravam uma sucessão de recordações de sua
biografia infantil.
Sobretudo nas iconografias associadas ao discurso verbal, observa-se a
presentificação de um tempo biográfico vivido que o informante resgatava a cada
momento no curso da interação com ele no campo, como se observa na ilustração que
segue, onde o informante representa mãos que narram: “mãos que brincam no ar...
tempo da infância.”
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Da mesma forma em que o processo interacionista avançava com o informante
no ATE e apareciam temas da memória infantil que vislumbravam narrativas de sua
história de vida, outros temas de suas experiências biográficas ganhavam lugar em
suas expressões visuais e narrativas verbais. Essas novas temáticas falavam de suas
vivências em instituições psiquiátricas e de suas representações acerca de temas de
saúde-doença mental, como se observará no próximo segmento do artigo.
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da doença. Neste segmento, ele desenha um consultório psiquiátrico e logo comenta:
“O que é a esquizofrenia?”. Pedro manifesta uma preocupação com a ontologia de sua
doença. Assim, ele representa uma mãe que vai dar a luz uma criança doente.
Desenha esta figura feminina grávida, que ele diz “ser uma mãe”, e logo narra: “a
doença... temos que prevenir antes que ele nasça.”
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Ilustração 6: “Ontem e Hoje” (ATE, 1992).
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Ilustração 7: “O manicômio” (ATE, 1994)
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Seria interessante mencionar, portanto, as contribuições teóricas de B. J. Good
para o campo da Antropologia Médica, sobre as estratégias narrativas que o sujeito
encontra para relatar e, ao mesmo tempo, para dar significado e sentido ao que está
vivenciando na dimensão do sofrimento. Good (1994, p.139) reflete sobre o tema:
“Form in which experience is represented and recounted… in which activities and events
are described along with the experiences associated with them and the significance that
lends them their sense for the persons involved.”
Considerando as reflexões suscitadas por Good (1994), pensa-se que o caso de
Pedro oferece um rico exemplo de uma estratégia narrativa no campo da atenção em
Saúde Mental, onde imagens e discurso verbal se fundem num construto narrativo que
expressa ideias e sentimentos sobre vivências com a doença mental e com a instituição
psiquiátrica, transcendendo uma mera perspectiva unidimensional de escuta
psicopatológica do fenômeno.
Todavia, esta experiência etnometodológica possibilitou a abertura para uma
escuta social e intersubjetiva do sujeito que sofre e de suas estratégias narrativas para
dar sentido e significado às experiências do sofrimento psíquico. Estas narrativas
ajudam a compreender que as vivências com a doença-saúde mental não são vividas
de forma fragmentada no sujeito, mas dentro de contextos e de relações intersubjetivas
do sujeito com seu entorno sociocultural, uma questão bastante discutida pela tradição
da Antropologia Médica nas últimas décadas (KLEINMAN, 1988; HERNÁEZ, 2008) e
contemplada por uma perspectiva fenomenológica sobre a natureza da vivência
intersubjetiva do sujeito com seu entorno social, como esclarece Alfred Schütz (1993, p.
75-104), a partir de seus estudos fenomenológicos no campo sociológico, a partir do
termo alemão “Erlebenis” para ilustrar o conceito do significado de vivência, e de sua
extensão no campo das relações sociais na construção dialética de um conhecimento
compreensivo dos fenômenos.
Neste sentido, pensar na própria vivência com o sofrimento psíquico remete a
pensar nas formas de dar significados a vivências extremas num processo dialético com
o mundo social e real em que se vive, naquele contexto sociocultural em que se
estabelecem relações com o outro, onde as vivências subjetivas se estendem no
mundo existente, gerando alteridades.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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formas de cuidado e de desmedicalização do sofrimento mental, fator presente nos
relatos biográficos e nas representações iconográficas dos informantes da pesquisa.
Deste modo, quando se escuta a voz e se observam as criações iconográficas
de Pedro, pode-se pensar que, por mais que esta experiência tenha sido local num
lugar demarcado, ela se torna importante (GEERTZ, 1983, 2001) por ter possibilitado
pensar que uma outra desinstitucionalização é possível, como um caleidoscópio que
convida a uma experiência imaginativa constante, que nunca cessa de oferecer novos
arranjos formais, sempre em movimento, nunca inerte. Isso, sem dúvida, foi o espírito
norteador deste estudo etnográfico e desta experiência no campo psicossocial.
REFERÊNCIAS
GEERTZ, C. Nova luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
______. Local Knowledge: further essays in interpretive Anthropology. New York: Basic
Books, 1983.
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GOOD, B. J. Medicine, Rationality and Experience: an anthropological perspective.
Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
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