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1 - Por que a estética musical romântica sustenta que a música é superior às outras
artes?
Resposta: Segundo Fubini um novo interesse pela música que emerge na cultura
romântica pode reconhecer-se pelo lugar que os grandes filósofos lhe reservaram nos seus
sistemas: Hegel, Schelling, Schegel, Schopenhauer, Nietzsche, etc. Continua Fubini, a
música tem um lugar bem definido entre os grandes sistemas filosóficos Românticos.
Para Schelling, a arte é representação do infinito no finito, do universal no particular,
objetivação do absoluto no fenômeno. Nesta concepção, a música enquanto pura
temporalidade, mesmo sendo das artes a mais ligada à matéria física enquanto som, “é a
mais distante da corporeidade, na medida em que nos apresenta o puro movimento como
tal, prescindindo dos objetos e é transportada por asas invisíveis e quase espirituais”.
No sistema hegeliano das artes, a música ocupa igualmente um lugar bem definido. A
ideia manifesta-se nas artes como uma forma sensível, mas na música a forma sensível é
superada e, como tal, transforma-se em pura interioridade, em puro sentimento. A música
é portanto, no sistema hegeliano, a revelação do Absoluto na forma do sentimento.
Contudo, a principal função da música não é exprimir os sentimentos particulares, mas
sim revelar ao espírito a sua identidade, “o puro sentimento de si próprio”, graças à
afinidade da sua estrutura com a do próprio espírito. Com efeito, “o tempo, e não o
espaço, é o elemento essencial em que o som ganha existência e valor musical.
Para Schopenhauer a música tem um lugar central na sua filosofia, sendo a sua expressão
máxima, o seu coroamento lógico.
Portanto, a música tem um caráter de universalidade e mantém uma posição abstrata e
formal em relação a cada sentimento determinado e expresso em conceitos. A música deve
exprimir efetivamente “o em si do mundo”, e uma eventual relação com as palavras deve
configurar-se de forma análoga à relação que “qualquer exemplo deve ter com o conceito
geral”; a música, à semelhança do que acontecia em Hegel, não exprime este ou aquele
sentimento determinado, mas sim o sentimento in abstracto.
Portanto, só o fato de a música representar, para o homem romântico, o ponto de
convergência de todas as artes em virtude do seu caráter exclusivamente espiritual, da
ausência de elementos materiais, da sua assemanticidade, comparada com a linguagem
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verbal, faz com que essa se situe acima de qualquer consideração teórica. Mais, a música é
objetivação direta, uma vez que enquanto as outras artes “nos dão apenas o reflexo, a
música dá-nos a essência”.
Fubini diz que apenas no fim da segunda metade do século XIX, com a primeira reação
positivista à filosofia e à estética romântica, o pensamento e a crítica musical adquirem
uma nova fisionomia. Desenvolvendo o movimento tendencialmente formalista já
presente em alguns filósofos românticos e chamando a atenção para aspectos específicos e
peculiares da linguagem e da experiência musical em geral, Eduard Hanslick, crítico e
historiador de música, colaborador musical de revistas importantes, exerceu toda a vida a
crítica militante e, além disso, em 1854, escreveu o famoso ensaio O Belo Musical, onde
estabeleceu as bases do formalismo musical que teve muito sucesso nas décadas seguintes
e que se estendeu praticamente até aos dias de hoje. ... A técnica para Hanslick, um meio
para exprimir sentimentos ou suscitar emoções, mas sim a própria música e nada mais.
O primeiro alvo do ensaio de Hanslick é a estética do sentimento, em particular, a estética
wagneriana. Todo o discurso do crítico boêmio é animado por um espírito de objetividade
científica e, por isso, se opõe à estética romântica. Identificada com a estética dos
diletantes e incompetentes. “O estudo do Belo – afirma Hanslick – se não se quer tornar
de fato ilusório terá de se aproximar do método das ciências naturais”.
Portanto, Hanslick introduz o formalismo na estética musical porque entende que é
preciso de um método mais objetivo para estudar o belo musical.