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CURSO PARA A PROVA OBJETIVA

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DIREITO ELEITORAL
MATERIAL COMPLEMENTAR

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SUMÁRIO
1) PRINCÍPIOS ELEITORAIS............................................................................................................... 3
2) SISTEMAS ELEITORAIS................................................................................................................ 13
3) FASES DO PROCESSO ELEITORAL .............................................................................................. 17
4) DIREITOS POLÍTICOS................................................................................................................... 28
5) PARTIDOS POLÍTICOS.................................................................................................................. 44
6) ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ELEITORAL...................................................................................... 69
7) MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL.............................................................................................. 80
8) PROCESSO PENAL ELEITORAL.................................................................................................... 84
9) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL ELEITORAL OU REPRESENTAÇÃO JURISDICIONAL ELEITORAL. RECURSO CONTRA A DI-
PLOMAÇÃO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO...................................................... 118

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DIREITO ELEITORAL

1) PRINCÍPIOS ELEITORAIS

Pluralismo político

Previsão:

Art. 1º, CF. A República Federativa do Brasil, formada pela união indis-
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
V - o pluralismo político.

Como corolário, pois, dos valores democráticos esposados pela Constituição, o prin-
cípio do pluralismo político fundamenta a democratização do poder e o respeito à diversidade,
não se resumindo, portanto, ao pluripartidarismo. O pluralismo político, ao determinar que o
poder político deve ser democratizado e difuso, reforça a necessidade de construção de uma
sociedade livre para se autodeterminar, na qual todos sejam politicamente iguais.

Nesse sentido, o Direito Eleitoral revela-se como instrumento de grande relevância


para a consagração do pluralismo político e da própria cidadania (revelada pela existência de
direitos políticos fundamentais de participação, consubstanciados pela Carta Constitucional).
Afinal, é o Direito Eleitoral o ramo do Direito Público que tem como objetivos a efetivação das
garantias da normalidade e legitimidade do exercício do poder de sufrágio popular, garantindo,
assim, a diversidade política e a soberania do povo, próprias da democracia.

Anualidade ou anterioridade da lei eleitoral (segurança jurídica)

Encontra-se insculpido no art. 16 da CF:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da
data de sua vigência.

Como as eleições ocorrem sempre no primeiro domingo do mês de outubro, qual-


quer alteração legislativa de regras que disciplinam o processo eleitoral deve ser feita até o
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao pleito.

Obs1: A “Lei da Ficha Limpa” – LC 135/2010 – que incluiu novas hipóteses de inele-
gibilidade, foi publicada no DOU em 07/06/2010, sendo que, nos termos de seu art. 5º, deveria
entrar em vigor na data de sua publicação.

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Surgiu, então, acalorada discussão sobre a não aplicabilidade da referida lei já para
as eleições de 2010, eis que teria alterado o processo eleitoral. É que, tendo sido publicada
naquele ano, a aplicação imediata afrontaria o princípio da anualidade ou anterioridade da lei
eleitoral, previsto no art. 16 da CF.

Os defensores de sua aplicabilidade imediata, contudo, argumentavam que a referi-


da lei não teria alterado o processo eleitoral e que este sequer havia iniciado (argumentou-se
que o início do processo eleitoral ocorreria no momento do registro das candidaturas e a LC foi
publicada antes de tal estágio, ou seja, em 07/06/2010).

Foi formulada consulta ao TSE que, em 10 de junho de 2010, após a oitiva da repre-
sentante do MP Eleitoral, por maioria, decidiu que “lei eleitoral que disponha sobre inelegibi-
lidade e que tenha a sua entrada em vigor antes do prazo de 5 de julho poderá sim ser efetiva-
mente aplicada para as eleições gerais de 2010”.

A questão, de índole constitucional, foi, então, submetida à apreciação do Supremo


Tribunal Federal, que, já em 2011, a consolidou no sentido de que a Lei da Ficha Limpa não
seria aplicável para as eleições de 2010, pois, se tal ocorresse, haveria violação ao princípio
da anualidade ou anterioridade da lei eleitoral contida no art. 16, da CF.(RE 633703, rel. Min.
Gilmar Mendes, Pleno, julgado em 23/03/2011).

Por outro lado, nas ADCs nº 29 e 30, de 16/02/2012, de relatoria do Min. Luiz Fux, por
maioria de votos, prevaleceu o entendimento em favor da constitucionalidade de aplicação
da LC nº 135/2010 a atos e fatos ocorridos antes de sua vigência. Vamos entender.

“Lei da Ficha Limpa” e presunção de inocência

O STF (na análise conjunta das Ações Declaratórias de Constitucionalidade – ADCs


29 e 30, e da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 4578), por maioria de votos (divergente
Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso) entendeu que, prevalece a morali-
dade para o exercício do mandato em detrimento do princípio da presunção da inocência. Fri-
sou, inclusive, que a lei não trata de aplicação de sanção ou penalidade, o que, em tese, afasta
a incidência do p. in dubio pro reo (atenção: a lei foi questionada quanto à sua aplicabilidade e
conteúdo). Entendeu-se que a lei poderia ser aplicada nas eleições de 2012, alcançando os fatos
ocorridos antes de sua vigência.

O inciso III do artigo 15 da Constituição Federal foi o principal argumento utilizado


pelos ministros que votaram contra a validade da lei. O texto indica que a cassação de direitos
políticos se dará, entre outros casos, quando há condenação criminal transitada em julgado.
A Lei, entretanto, diz que quem for condenado por órgão colegiado, mesmo que ainda haja
possibilidade de recursos, torna-se inelegível. Essa parte da lei, para os ministros divergentes, é
inconstitucional. Lewandowski reagiu afirmando que, diante de dois valores de natureza cons-

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titucional de mesmo peso, os artigos 14 e 15 da CF, os parlamentares fizeram a opção legislativa
legítima ao selecionar o que trata do princípio da moralidade (Art. 14). Enfatize-se que é uma lei
de iniciativa popular.

Vedação à possibilidade de detração

As alíneas “e” e “l” do inciso I do art. 1º da LC 64/90 estabelecem que os condenados


por determinados crimes ou então por improbidade administrativa decorrente de lesão ao pa-
trimônio público e enriquecimento ilícito, ficarão inelegíveis desde a condenação até o trans-
curso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena.

Observe a seguinte situação:

O político “X” é condenado por órgão colegiado em 01/03/2012. A partir desta data ele
já se torna inelegível. O trânsito em julgado da condenação só ocorre em 01/03/2014, data em
que ele inicia o cumprimento da pena. O político “X” termina de cumprir a pena em 01/03/2016.

Pela redação da LC, a inelegibilidade deste político irá durar por mais 08 anos, após
cumprir toda a pena, ou seja, como terminou de cumprir a pena em 01/03/2016, somente ter-
minará sua inelegibilidade em 01/03/2024. Este político poderia “descontar” destes 08 anos de
inelegibilidade, o tempo que ficou inelegível antes do trânsito em julgado e antes de cumprir
a pena? Em nosso exemplo, como o político “X” ficou inelegível desde 01/03/2012, poderia ele
descontar o período de 01/03/2012 até 01/03/2016 (quatro anos), ficando apenas mais quatro
anos inelegível após o cumprimento da pena? Em outras palavras, seria possível fazer uma es-
pécie de detração?

Não. Sobre este ponto, entendeu-se, vencido o Relator, que este prazo de inelegibili-
dade e a forma de sua contagem foram uma opção político-normativa do legislador, não sendo
permitido ao STF atuar como legislador positivo e adotar, impropriamente, a detração.

Portanto, no exemplo dado, o político “X” ficaria inelegível por um total de 12 anos.

Obs2: O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, respondendo à consulta, asseverou


que as disposições previstas na Lei nº 12.875/2013 (alterações concernentes à divisão dos re¬-
cursos do fundo partidário e modificação da divisão do horário da propaganda eleitoral), que
alteram o processo eleitoral, não tiveram aplicação nas eleições de 2014.

A consulta foi assim formulada:

1. As novas regras dispostas pela Lei nº 12.875/2013 a respeito da propa-


ganda eleitoral de candidatos alteram o processo eleitoral?
2. As novas regras estabelecidas pela Lei nº 12.875/2013 são considera-

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das válidas para as eleições de 2014?
Inicialmente, o Plenário afirmou que a Lei nº 12.875/2013 promoveu al-
terações significativas nos arts. 29 e 41-A da Lei nº 9.096/1995, concer-
nentes à divisão dos recursos do Fundo Partidário, além de ter modifica-
do a divisão do horário da propaganda eleitoral.
Ressaltou que o art. 16 da Constituição da República dispõe: “a lei que
alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação,
não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigên-
cia”.
No ponto, esclareceu que o princípio da anterioridade eleitoral inscrito
nesse dispositivo visa impedir a edição de norma que possa causar de-
sigualdade entre os partidos e os candidatos ou que possa modificar os
procedimentos já iniciados para a realização das eleições.
Destacou ser indubitável que a alteração introduzida pela Lei nº
12.875/2013 altera o direito de os partidos políticos terem acesso ao rá-
dio e à televisão, previsto no § 3º do art. 17 da Constituição da Repúbli-
ca, o que desestabiliza as oportunidades de as agremiações acessarem
os meios de comunicação social para difundir a propaganda eleitoral,
reduzindo o tempo garantido à minoria na legislação original e aumen-
tando o espaço da maioria a partir de regra nova.
Dessa forma, respondeu afirmativamente à primeira pergunta e negati-
vamente ao segundo questionamento.
Consulta conhecida somente em parte.
(Consulta nº 433-44, Brasília/DF, rel. Min. Luciana Lóssio, em 29/05/2014).

Princípio da moralidade eleitoral

Com previsão no art. 14, § 9º, da CF, o princípio da moralidade eleitoral estabelece
que pessoas que não tenham condições morais para exercer cargos públicos, vislumbrada, in-
clusive, a sua vida pregressa, devem ser consideradas inelegíveis, o que fundamentou, em 2010,
a publicação da “Lei da Ficha Limpa” (LC 135/10).

Art. 14. (...).


§ 9º. Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os
prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa,
a moralidade para o exercício de mandato, considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a in-
fluência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
ou emprego na administração direta ou indireta.

Segundo a CF, portanto, LC pode fixar novas hipóteses de inelegibilidade para prote-
ger os seguintes institutos:

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• probidade administrativa;
• moralidade para o exercício do mandato;
• normalidade e legitimidade das eleições contra abusos do poder econômico ou
político.

A Súmula nº 13 do TSE entende que referido dispositivo não é autoaplicável: Não é


autoaplicável o § 9º, art. 14, da Constituição, com a redação da Emenda Constitucional de Revisão
nº 4/94.

A LC 64/90, em seu art. 1º, regulamentou os casos de inelegibilidade baseados no


princípio da moralidade. Referida LC sofreu alteração pela LC 135/2010, conhecida como Lei
da Ficha Limpa, que aumentou as hipóteses de inelegibilidade, visando proteger a probidade
administrativa e a moralidade no exercício do mandato. Destarte, passou-se a prever a inelegi-
bilidade dos candidatos que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida
por órgão judicial colegiado, em razão da prática de crimes contra a economia popular, a fé pú-
blica, a administração pública e o patrimônio público; contra o patrimônio privado, o sistema
financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; e contra o meio
ambiente e a saúde pública.

E, ainda, que serão declarados inelegíveis os candidatos que tenham cometido cri-
mes eleitorais para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; de abuso de autorida-
de, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício
de função pública; de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; de tráfico de entorpe-
centes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; de redução à condição aná-
loga à de escravo; contra a vida e a dignidade sexual; e praticados por organização criminosa,
quadrilha ou bando.

Como se vê, a “Lei da Ficha Limpa” fundamenta-se na proteção da probidade admi-


nistrativa e da moralidade, considerando a vida pregressa do candidato.

Fixada tese de repercussão geral em RE sobre aplicação do prazo de inelegibilidade


anterior à aprovação da Lei da Ficha Limpa

Na sessão de 01 de março de 2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por


maioria de votos, aprovou a tese de repercussão geral no Recurso Extraordinário (RE) 929670,
no qual o Tribunal julgou válida a aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade aos conde-
nados pela Justiça Eleitoral antes da edição da Lei Complementar (LC) 135/2010 (Lei da Ficha
Limpa). A tese fixada, proposta pelo relator do processo, ministro Luiz Fux, foi a seguinte: “A
condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial elei-
toral, transitada em julgado, ex vi do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, em sua
redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo 1º, inciso I, alínea ”d”,
na redação dada pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de regis-
tros de candidatura em trâmite”.

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Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais

A Lei 9.504/97, em seus arts. 73 a 77, trata da proteção à moralidade quanto às con-
dutas dos agentes públicos que visem a reeleição. Como não precisam se afastar do cargo para
realizar campanha política, podem se aproveitar da máquina pública para beneficiar sua pró-
pria candidatura.

Senão vejamos:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as se-
guintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre
candidatos nos pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coliga-
ção, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou in-
direta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Le-
gislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e
normas dos órgãos que integram;
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou
indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de
seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido
político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se
o servidor ou empregado estiver licenciado;
IV- fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido po-
lítico ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter
social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa
causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar
ou impedir o exercício funcional e, ainda,  ex officio, remover, transferir
ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses
que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de ple-
no direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou
dispensa de funções de confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público,
dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da
República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até
o início daquele prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funciona-
mento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa

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autorização do Chefe do Poder Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de
agentes penitenciários;
VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e
Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de ple-
no direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação for-
mal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com
cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergên-
cia e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham con-
corrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, pro-
gramas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, es-
taduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração
indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário
eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se
de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;
VII - realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com pu-
blicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média
dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o
pleito; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos
servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder
aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabe-
lecido no art. 7º* desta Lei e até a posse dos eleitos.
§1º. Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomea-
ção, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades
da administração pública direta, indireta, ou fundacional.
§ 2º. A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha,
de transporte oficial pelo Presidente da República, obedecido o dispos-
to no art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos candidatos a reeleição
de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Gover-
nador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas
residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões
pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato
público.
§ 3º. As vedações do inciso VI do caput, alíneas b e c, aplicam-se apenas

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aos agentes públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam
em disputa na eleição.
§ 4º. O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a suspensão
imediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os responsá-
veis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR.
§ 5º. Nos casos de descumprimento do disposto nos incisos do caput e no
§ 10, sem prejuízo do disposto no § 4o, o candidato beneficiado, agente
público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma.
§ 6º. As multas de que trata este artigo serão duplicadas a cada reinci-
dência.
§7º.As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda, atos de im-
probidade administrativa, a que se refere o  art. 11, inciso I, da Lei nº
8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-se às disposições daquele diplo-
ma legal, em especial às cominações do art. 12, inciso III.
§ 8º. Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes públicos responsáveis
pelas condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que de-
las se beneficiarem.
§ 9º. Na distribuição dos recursos do Fundo Partidário (Lei nº 9.096, de
19 de setembro de 1995) oriundos da aplicação do disposto no § 4º, de-
verão ser excluídos os partidos beneficiados pelos atos que originaram
as multas.
§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gra-
tuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública,
exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de
programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no
exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o
acompanhamento de sua execução financeira e administrativa.  (Incluí-
do pela Lei nº 11.300, de 2006)
§ 11.  Nos anos eleitorais, os programas sociais de que trata o § 10 não
poderão ser executados por entidade nominalmente vinculada a candi-
dato ou por esse mantida. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 12.  A representação contra a não observância do disposto neste artigo
observará o rito do art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de
1990, e poderá ser ajuizada até a data da diplomação. (Incluído pela Lei
nº 12.034, de 2009)
§ 13.  O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste arti-
go será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no
Diário Oficial. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Art. 74.  Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art.
22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência
do disposto no  § 1º do art. 37 da Constituição Federal, ficando o res-
ponsável, se candidato, sujeito ao cancelamento do registro ou do diplo-

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ma. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
# Art. 37. (...).
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou ima-
gens que autorizem promoção pessoal de autoridades ou servidores pú-
blicos.
Art. 75. Nos três meses que antecederem as eleições, na realização de
inaugurações é vedada a contratação de shows artísticos pagos com re-
cursos públicos.
Parágrafo único.  Nos casos de descumprimento do disposto neste arti-
go, sem prejuízo da suspensão imediata da conduta, o candidato benefi-
ciado, agente público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do
diploma.(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Art. 76. O ressarcimento das despesas com o uso de transporte oficial
pelo Presidente da República e sua comitiva em campanha eleitoral será
de responsabilidade do partido político ou coligação a que esteja vincu-
lado.
§ 1º. O ressarcimento de que trata este artigo terá por base o tipo de
transporte usado e a respectiva tarifa de mercado cobrada no trecho
correspondente, ressalvado o uso do avião presidencial, cujo ressarci-
mento corresponderá ao aluguel de uma aeronave de propulsão a jato
do tipo táxi aéreo.
§ 2º. No prazo de dez dias úteis da realização do pleito, em primeiro tur-
no, ou segundo, se houver, o órgão competente de controle interno pro-
cederá ex officio à cobrança dos valores devidos nos termos dos pará-
grafos anteriores.
§ 3º. A falta do ressarcimento, no prazo estipulado, implicará a comu-
nicação do fato ao Ministério Público Eleitoral, pelo órgão de controle
interno.
§ 4º. Recebida a denúncia do Ministério Público, a Justiça Eleitoral apre-
ciará o feito no prazo de trinta dias, aplicando aos infratores pena de
multa correspondente ao dobro das despesas, duplicada a cada reitera-
ção de conduta.
Art. 77.  É proibido a qualquer candidato comparecer, nos 3 (três) me-
ses que precedem o pleito, a inaugurações de obras públicas. (Redação
dada pela Lei nº 12.034, de 2009)
Parágrafo único.  A inobservância do disposto neste artigo sujeita o in-
frator à cassação do registro ou do diploma.  (Redação dada pela Lei nº
12.034, de 2009)

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Princípio da atipicidade eleitoral

O princípio da atipicidade eleitoral, também denominado por alguns doutrinadores,


como “princípio in dubio pro candidato”, tem como fundamento a proteção do exercício dos
direitos políticos no Estado Democrático de Direito, ao estabelecer que eventuais restrições a
tais direitos ocorram sempre de forma minimalista, afim de que o exercício das plenas capaci-
dades políticas dos cidadãos, nas suas dimensões ativa e passiva, seja preservado sempre que
possível.

Como corolário do princípio da atipicidade eleitoral, surge o postulado segundo o


qual onde não houver previsão de restrição a direitos políticos, não cabe ao intérprete fazê-la.
Eventuais restrições, assim, ao exercício de tais direitos, devem obedecer à estrita legalidade.

TSE-Súmula nº 09. A suspensão de direitos políticos decorrentes de con-


denação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a
extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de repara-
ção dos danos.

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2) SISTEMAS ELEITORAIS

Sistema de representação eleitoral

“O conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realiza-


ção de eleições, destinadas a organizar a representação do povo no ter-
ritório nacional, se designa sistema eleitoral. Conjuga técnicas como a
divisão do território em distritos ou circunscrições eleitorais, o método
de emissão do voto, e os procedimentos de apresentação de candida-
tos e de designação dos eleitos de acordo com os votos emitidos”. (José
Afonso da Silva)

Da análise da CF, denota-se a adoção de 02 (dois) sistemas de representação eleito-


ral: o sistema majoritário e o sistema proporcional.

Sistema majoritário

Considera-se eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos apurados, indepen-
dentemente da legenda partidária à qual estiver filiado.

É o sistema adotado para a eleição de Prefeito, Governador, Presidente da República


(e respectivos vices), bem como para Senador.

Haverá, nas eleições majoritárias, exceto para o Senado e para a Chefia do Executivo
nas cidades com menos de 200 mil eleitores, dois turnos de votação, salvo se algum dos can-
didatos obtiver a maioria absoluta dos votos no primeiro turno, NÃO se computando os votos
em branco e os nulos.

O sistema majoritário pode ser:

- Por maioria simples, pelo qual está eleito o candidato mais votado. Adotado para a
eleição de Senador da República, bem como para Prefeito e Vice-Prefeito de cidades com popu-
lação igual ou inferior a 200 mil eleitores.

- Por maioria absoluta, pelo qual está eleito o candidato que obtiver mais da metade
dos votos, não se computando os votos em branco e nulos. Adotado para Presidente da Repú-
blica, Governador de Estado, Governador do DF e Prefeito de cidades com mais de duzentos mil
eleitores, bem como respectivos vices.

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Sistema proporcional

Segundo José Afonso da Silva, por este sistema, “pretende-se que a representação,
em determinado território (circunscrição), se distribua em proporção às correntes ideológicas
ou de interesse integrada nos partidos políticos concorrentes”.

É empregado para eleições destinadas ao preenchimento de cargos do Poder Legis-


lativo (à exceção do cargo de Senador), ou seja: Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputa-
do Distrital e Vereador.

Para se saber se determinado candidato foi ou não eleito, deve-se fazer um cálculo
aritmético: descobrir os números referentes ao quociente eleitoral, partidário e à distribuição
das sobras.

Mas, mesmo nas eleições pelo sistema proporcional, pode ocorrer a eleição por
maioria de votos. É o que prevê o seguinte dispositivo do Código Eleitoral:

Art. 111. Se nenhum Partido ou coligação alcançar o quociente eleito-


ral, considerar-se-ão eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os
candidatos mais votados.

Quociente Eleitoral (QE) (nº de votos válidos/nº de lugares a preencher no parlamen-


to) = número mínimo necessário para que um partido político ou coligação eleja um parlamen-
tar.

É calculado a partir da divisão entre o número de votos válidos (todos os votos dados
aos partidos e aos candidatos, excluídos desse cômputo, os votos em branco e nulos) e o nú-
mero de lugares a preencher no parlamento, desprezando-se a fração igual ou inferior a meio e
elevando-se para um a fração superior a meio.

O partido ou coligação elegerá tantos candidatos quantas vezes atingir o número de


votos indicados pelo QE. Se não atingir nenhuma vez o número, não elegerá representantes no
parlamento.

Quociente Partidário (QP) (nº de votos conquistados pelo partido/quociente elei-


toral) = número de vagas obtidas pelos diversos partidos e coligações em determinado pleito
eleitoral.

É obtido através da divisão entre o número de votos conquistados pelo partido ou


coligação e o quociente eleitoral, desprezando-se a fração.

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Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido
ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a
10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo
quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um
tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de
votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de
acordo com as regras do art. 109. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

VUNESP/ TJRJ/ 2016 - O quociente eleitoral é instrumento do sistema proporcional,


sendo determinado dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a
preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a meio,
equivalente a um, se superior.

ATENÇÃO: VOTAÇÃO NOMINAL MÍNIMA: ainda que atingido o quociente


partidário, somente serão eleitos os candidatos que obtiverem um número mínimo de votos,
correspondentes a 10% do quociente eleitoral, afim de impedir que candidatos que receberam
um número ínfimo de votos sejam eleitos apenas em virtude da representatividade do partido
político.

Distribuição das sobras - técnica aplicada no caso de, após o cálculo do quociente
partidário, houver vaga a ser preenchida. Está prevista no Código Eleitoral:

Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes


partidários e em razão da exigência de votação nominal mínima a que se
refere o art. 108 serão distribuídos de acordo com as seguintes regras:
(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou


coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo
do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou
coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher,
desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal
mínima; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher;


(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que
atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas
aos partidos que apresentem as maiores médias. (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

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§ 1o O preenchimento dos lugares com que cada partido ou coligação
for contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus
candidatos. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2o Somente poderão concorrer à distribuição dos lugares os partidos


ou as coligações que tiverem obtido quociente eleitoral. (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 2o Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos
e coligações que participaram do pleito. (Redação dada pela Lei nº
13.488, de 2017)

Síntese dos sistemas eleitorais:

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3) FASES DO PROCESSO ELEITORAL

3.1. Alistamento

“Alistamento eleitoral é o ato pelo qual o indivíduo se habilita, perante a Justiça Elei-
toral, como eleitor e sujeito de direitos políticos, conquistando a capacidade eleitoral ativa (di-
reito de votar)” – Armando Antônio Sobreira Neto.

Trata-se de ato declaratório e constitutivo, que atribui capacidade eleitoral ativa ao


cidadão.

É obrigatório para os brasileiros natos e naturalizados maiores de 18 anos (CF, art.


14, § 1º, I). É facultativo para os analfabetos; para os maiores de setenta anos de idade e para os
maiores de 16 e menores de 18 anos de idade.

Em se tratando de brasileiro naturalizado, o alistamento e o voto devem ocorrer em


até 01 ano, contado da naturalização.

O analfabeto pode adquirir capacidade eleitoral ativa através do alistamento, mas


não possui capacidade eleitoral passiva, pois o analfabetismo é causa de inelegibilidade.

São inalistáveis apenas e tão-somente:

a) os estrangeiros; (Art. 14, § 2º, CF)


Português equiparado, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros residen-
tes em Portugal, pode votar e ser votado, salvo para os cargos privativos de brasileiro nato.
b) os conscritos (homens que se encontram prestando serviço militar obrigatório
para as Forças Armadas); (Art. 14, § 2º, CF)
c) os que tenham perdido os direitos políticos em razão do cancelamento da natura-
lização por sentença transitada em julgado, pela prática de atividade nociva ao interesse nacio-
nal; (Art. 15, I, CF)
d) os que tenham perdido os direitos políticos em razão da aquisição de outra nacio-
nalidade por naturalização voluntária, salvo nos casos de reconhecimento da nacionalidade
originária pela lei estrangeira, ou de imposição da naturalização como condição para perma-
nência ou exercício dos direitos civis; (Art. 12, § 4º, II, a e b)
e) os que tenham os seus direitos políticos suspensos, nos casos de:

- incapacidade civil absoluta; (Art. 15, II, CF)


- condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos;
(Art. 15, III, CF)
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; (Art. 15, IV,
CF) ou

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- improbidade administrativa (Art. 15, V, CF).

A partir de uma interpretação sistemática do texto constitucional, também são ina-


listáveis os menores de dezesseis anos de idade, que não completarem esta idade até a data do
pleito (Resolução TSE nº 21.538/03). Destaca-se que, nos termos da citada resolução, é possível
o alistamento de menor, com 15 anos de idade, desde qe o mesmo complete 16 anos até a data
do pleito. Todavia, mesmo neste caso, o requerimento de inscrição não será recebido dentro
dos 150 dias anteriores à data da eleição.

Inscrição eleitoral é ato de preenchimento do Requerimento de Alistamento Eleitoral


– RAE.

Nos termos do parágrafo único do Art. 42, do CE, para o efeito da inscrição, é domicí-
lio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistado mais de
uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

IMPORTANTE:

Ac.-TSE nº 16.397/2000: “O conceito de domicílio eleitoral não se con-


funde com o de domicílio do direito comum, regido pelo Direito Civil.
Mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o
interessado tem vínculos políticos e sociais”. No mesmo sentido, Ac.-TSE
nºs 21.829/2004 e 4.769/2004.

A rigor, a entrega do título eleitoral independe de apreciação judicial, salvo em caso


de dúvidas sobre a pessoa do eleitor.

Incumbe aos partidos políticos, na pessoa de seus delegados, e ao MP Eleitoral, na


pessoa do Promotor de Justiça Eleitoral, a fiscalização do procedimento. A eles a lei eleitoral
outorgou legitimidade para impugnar, no prazo de 10 dias, o ato judicial de deferimento do
pedido de alistamento eleitoral. O prazo é contado a partir da exposição da lista contendo a
relação das inscrições incluídas no cadastro eleitoral. Essa listagem é posta à disposição dos
partidos políticos e do MP pelo Cartório Eleitoral nos dias 1º e 15 de cada mês ou no primeiro
dia útil seguinte a essas datas.

Em caso de indeferimento do pedido de alistamento, o próprio eleitor tem legitimi-


dade para, no prazo de 5 (cinco) dias, interpor recurso.

Os recursos interpostos, seja no caso de deferimento, seja no caso de indeferimento,


serão processados e julgados pelo TRE, no prazo de 05 (cinco) dias.

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De acordo com o art. 91 da Lei nº 9.504/97 nenhum requerimento de inscrição elei-
toral ou de transferência será admitido no período de 150 (cento e cinquenta) dias anteriores à
data da eleição.

Consequencias do não alistamento

Se o brasileiro nato não se alistar eleitor até os 19 anos de idade, incorrerá em multa
a ser arbitrada pelo Juiz Eleitoral e cobrada no ato de inscrição. Não se aplicará a pena de multa
ao não alistando que requerer sua inscrição eleitoral até o 151º (centésimo quinquagésimo pri-
meiro) dia anterior à eleição subsequente à data em que completar os 19 anos – Resolução nº
21.538/03, art. 15, parágrafo único.

À mesma penalidade estará sujeito o brasileiro naturalizado que não se alistar eleitor
até 1 (um) ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira.

Transferência e segunda via

O pedido de transferência do alistamento eleitoral deve cumprir os seguintes requi-


sitos: entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até 151 dias antes da
eleição; transcurso de, pelo menos, 1 ano da inscrição ou da última transferência; residência
mínima de 3 meses no novo domicílio, declarada sob as penas da lei, pelo próprio eleitor e pro-
va de quitação com a Justiça Eleitoral.

Com efeito, segundo o Art. 91, da Lei 9.504/97, nenhum requerimento de inscrição
eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinqüenta dias anteriores à data
da eleição.

Indeferido o pedido de transferência, caberá recurso, no prazo de 3 (três) dias, para


o TRE. Esse recurso pode ser interposto pelo eleitor ou por partido político. Também é cabível
recurso dos pedidos de transferência deferidos, no mesmo prazo, contado da divulgação da lis-
tagem contendo a relação de inscrições atualizadas no cadastro, por qualquer partido ou pelo
MP (Art. 57, § 2º, CE).

Quando o eleitor estiver em situação irregular (por ex. cancelamento automático,


perda e suspensão dos direitos políticos etc.), não poderá pedir a transferência, salvo após re-
gularizar sua situação perante a Justiça Eleitoral.

Ainda, o pedido de segunda via do título de eleitor pode ser feito em ano eleitoral até
dez dias antes da eleição, porém, mesmo sem o título, o eleitor poderá votar regularmente ao
apresentar outro documento que o identifique perante a mesa receptora de votos.

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Se o pedido de segunda via for baseado na inutilização ou dilaceração, deve ser ins-
truído com a primeira via do título. No caso de perda ou extravio, o juiz, após receber o requeri-
mento, fará publicar, pelo prazo de 5 dias, a notícia da perda ou do extravio, deferindo o pedido,
findo este prazo, se não houver impugnação.

Causas de cancelamento da inscrição eleitoral (Art. 71, caput, do CE)

a) infração aos arts. 5º e 42

O art. 5º do CE não tem mais aplicabilidade.

Já o art. 42 trata das regras do domicílio eleitoral.

b) suspensão ou perda dos direitos políticos;

c) pluralidade de inscrições;

d) falecimento do eleitor;

O óbito de cidadãos alistáveis deve ser comunicado à Justiça Eleitoral, pelos oficiais
de registro civil, até o dia 15 (quinze) de cada mês consecutivo ao do falecimento, sob as penas
do art. 293 do CE (art. 71, §3º).

e) deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. – “abstenção reiterada”

A ocorrência de qualquer dessas causas acarretará a exclusão do eleitor, que poderá


ser promovida ex officio, a requerimento de delegado de partido ou de qualquer eleitor”.

De acordo com o art. 81 do Código Eleitoral, cessada a causa do cancelamento, pode-


rá o interessado requerer novamente a inscrição eleitoral.

Revisão do eleitorado

O TRE, ao receber denúncia fundamentada de fraude no alistamento eleitoral, deve-


rá realizar correição, sob a responsabilidade da Corregedoria Regional Eleitoral. O eleitor que
não comparecer à revisão terá a sua inscrição eleitoral cancelada de ofício.

Em regra, não haverá revisão em ano eleitoral, salvo nos casos excepcionais, devida-
mente autorizados pelo TSE.

Segundo dispõe a Lei 9.504/97 – Lei das Eleições:

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Art. 92. O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos
títulos eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas
Eleitorais sempre que:
I – o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja
dez por cento superior ao do ano anterior;
II – o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze
anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele
Município;
III – o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população
projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE).

Res.-TSE nº 21.538/2003, arts. 58 a 76: normas sobre revisão do eleitorado. Res.-TSE


nº 21.372/2003: correições ordinárias pelo menos uma vez a cada ano. Res.-TSE nºs 20.472/1999,
21.490/2003, 22.021/2005 e 22.586/2007, dentre outras: necessidade de preenchimento cumu-
lativo dos três requisitos.

Res.-TSE nºs 20.472/1999 e 21.490/2003: revisão quando o eleitorado for superior a


80% da população. Res.-TSE nº 21.490/2003: nos municípios em que a relação eleitorado/popu-
lação for superior a 65% e menor ou igual a 80%, o cumprimento do disposto neste artigo se dá
por meio da correição ordinária anual prevista na Res.-TSE nº 21.372/2003.

Res.-TSE nº 21.538/2003, art. 58, § 2º: Não será realizada revisão de eleitorado em ano
eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Fiscalização do alistamento

3.2. Fase preparatória

As medidas preliminares às votações, (tais como a composição e organização das


mesas receptoras de votos; a escolha, designação e treinamento dos mesários e escrutinado-
res), são de responsabilidade dos Tribunais Regionais Eleitorais (nos Estados e no DF) e dos
Juízes Eleitorais (nas zonas eleitorais).

Mesas receptoras

São órgãos administrativos da Justiça Eleitoral, subordinadas diretamente ao Juiz


eleitoral. Cada mesa receptora é composta por seis membros, a saber: um Presidente, um Pri-
meiro Mesário, um Segundo Mesários, dois Secretários e um suplente. Os membros são nomea-
dos pelo Juiz Eleitoral de cada Zona, 60 (sessenta) dias antes das eleições, preferencialmente
entre eleitores da própria Seção Eleitoral e, dentre estes, os diplomados em escola superior, os
professores e os serventuários da Justiça.

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Dispõe o art. 63, da Lei das Eleições que qualquer partido pode reclamar ao Juiz Elei-
toral, no prazo de cinco dias, da nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser proferida
em 48 horas.

Haverá uma Mesa Receptora para cada Seção Eleitoral, salvo no caso de agregação
(CE, arts. 117 e 119), visando à racionalização dos trabalhos eleitorais, desde que não importe
qualquer prejuízo à votação (Resolução TSE nº 23218/10, art. 8º, parágrafo único).

NÃO poderão compor a Mesa eleitoral (CE, art. 120), seja como presidente ou mesá-
rio:

- os candidatos e seus parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusi-
ve, e bem assim o cônjuge;
- os membros de Diretórios de partidos desde que exerçam função executiva;
- as autoridades e agentes policiais, bem como funcionários no desempenho de car-
gos de confiança do Executivo;
- os que pertencerem ao serviço eleitoral.
*As pessoas pertencentes ao serviço eleitoral poderão ser nomeadas para atuar em
Mesas que sejam exclusivamente receptoras de justificativas (Resolução TSE nº 23218/10, art.
10, § 3º).
- menores de 18 anos
- parentes em qualquer grau ou servidores da mesma repartição pública ou empresa
privada na mesma mesa, turma ou junta eleitoral.
* Não se incluem nessa proibição os servidores de dependências diversas do mes-
mo Ministério, Secretaria de Estado, Secretaria de Município, autarquia ou fundação pública de
qualquer ente federativo; de sociedade de economia mista ou empresa pública, e os serventuá-
rios de cartórios judiciais e extrajudiciais diferentes (Resolução TSE nº 23.218/10, art. 10, § 5º).

O juiz eleitoral nomeará os membros das mesas, publicando os respectivos nomes


no jornal oficial, onde houver, e, não havendo, em cartório, intimando os mesários através des-
sa publicação para constituírem as mesas no dia e lugares designados. É conferido o prazo de
05 dias, a contar da nomeação, para apresentarem motivos de impedimento. Da decisão do juiz
eleitoral que acolhe ou não o motivo, cabe recurso para o TRE.

Os partidos políticos, as coligações e o MP também podem apresentar impugnação


(reclamação), no prazo de 05 dias, contados da audiência de nomeação do mesário, sob pena
de preclusão. O Juiz deverá decidir, no prazo de 48 horas, cabendo recurso (inominado), no
prazo de 03 dias, para o TRE.

Os membros que não declararem a existência de qualquer impedimento ficam sujei-


tos às sanções previstas no art. 310 do CE (pena de detenção de até seis meses ou pagamento
de multa).

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Prevê o Código Eleitoral (Art. 124) que o membro da Mesa Receptora que não compa-
recer no local, em dia e hora determinados para a realização da eleição, sem justa causa apre-
sentada ao Juiz Eleitoral até 30 (trinta) dias após, incorrerá em multa de 50% (cinqüenta por
cento) a 1 (um) salário mínimo vigente na Zona Eleitoral.

IMPORTANTE

Ac.-TSE, de 28.4.2009, no HC nº 638: «O não comparecimento de mesá-


rio no dia da votação NÃO configura o crime estabelecido no art. 344 do
CE, pois prevista punição administrativa no art. 124 do referido diploma,
o qual não contém ressalva quanto à possibilidade de cumulação com
sanção de natureza penal”. No mesmo sentido, Ac.-TSE nº 21/1998.

3.3. Votação

- Lugares de votação (CE, art. 135): locais onde funcionam as mesas receptoras. São
indicados pelos Juízes Eleitorais 60 dias antes das eleições. Há publicação na imprensa oficial,
nas capitais, e mediante editais afixados no local de costume, nas demais Zonas Eleitorais.

Deve-se dar prioridade aos edifícios públicos, mas nada impede o uso de proprie-
dades particulares se faltarem aqueles em número e condições adequadas. As propriedades
particulares são obrigatórias e gratuitamente cedidas para esse fim.

Fica vedada a escolha de locais pertencentes a candidato, membro de diretório de


partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos cônjuges e pa-
rentes, consanguíneos ou afins, até o 2º grau. Proíbe-se, também, a localização de Seções Elei-
torais em fazenda, sítio ou qualquer propriedade rural privada, mesmo que exista no local pré-
dio público, incorrendo o Juiz nas penas do art. 312, em caso de infringência.

Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido reclamar ao Juiz


Eleitoral, no prazo de três dias, contados da publicação, devendo a decisão ser proferida em
quarenta e oito horas. Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, no
prazo de três dias.

Nos termos do art. 136 do Código Eleitoral, deverão ser instaladas Seções nas vilas
e povoados, assim como nos estabelecimentos de internação coletiva, inclusive para cegos, e
nos leprosários onde haja, pelo menos, 50 (cinquenta) eleitores.

ATENÇÃO: O voto é obrigatório para: os maiores de 18 (dezoito) anos; facultativo


para: a) os analfabetos; b) os maiores de 70 (setenta) anos; c) os maiores de 16 (dezesseis) e
menores de 18 (dezoito); e vedado para: a) os estrangeiros; b) os conscritos, durante o período
do serviço militar obrigatório.

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- Mesas receptoras – Lei 9.504/97:

Art. 63. Qualquer partido pode reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de


cinco dias, da nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser pro-
ferida em 48 horas.
§ 1º Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional,
interposto dentro de três dias, devendo ser resolvido em igual prazo.
§ 2º Não podem ser nomeados Presidentes e mesários os menores de
dezoito anos.
Art. 64.  É vedada a participação de parentes em qualquer grau ou de
servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na mesma
Mesa, Turma ou Junta Eleitoral.

- Sistema eletrônico de votação

Adota-se, prioritariamente, o sistema eletrônico de votação, mas, no caso de não


funcionamento das urnas, terá de ser utilizado o método tradicional das cédulas.

O que é zerésima?

Antes de se permitir que o primeiro eleitor venha a votar, o Presidente da Mesa Re-
ceptora deverá providenciar a emissão da zerésima, isto é, um documento emitido pela urna
eletrônica, comprobatório de que não consta nenhum voto nela inserido até aquele momento.

- As eleições são realizadas, simultaneamente, em todo o país, no primeiro domingo


do mês de outubro, em primeiro turno, e no último domingo do mês de outubro, em segundo
turno, onde houver, por sufrágio universal e voto direto e secreto.

- Vedado o uso de celular ou máquina filmadora ou fotográfica.

- Preferência na votação (Art. 143, § 2º, CE): observada a prioridade assegurada aos
candidatos, têm preferência para votar o Juiz Eleitoral da Zona, seus auxiliares de serviço, os
eleitores de idade avançada, os enfermos e as mulheres grávidas.

Ainda, policiais em efetivo exercício no dia da eleição, fiscais e delegados de partidos


e coligações devidamente munidos das respectivas credenciais e empregados da Empresa Bra-
sileira de Correios e Telégrafos – ECT, em serviço.

- Justificativa de não comparecimento à eleição: o eleitor que estiver fora do seu do-
micílio no dia da eleição poderá comparecer a qualquer seção eleitoral mais próxima de onde
estiver, ou naquela indicada pela Justiça Eleitoral, e justificar a ausênciado pleito. Não compa-
recendo à seção de justificação, poderá, ainda, justificar a sua ausência, no prazo de 60 (sessen-

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ta) dias da eleição, por meio de requerimento dirigido ao Juiz Eleitoral. Se o eleitor estiver no
dia da eleição no exterior, terá o prazo de 30 (trinta) dias, a contar do seu retorno ao Brasil, para
justificar a falta.

- A votação é permitida apenas na Seção em que estiver incluído o nome do eleitor –


a Lei 9.504/97 não permite exceções em se tratando de votação através de urna eletrônica:

Art. 62. Nas Seções em que for adotada a urna eletrônica, somente pode-
rão votar eleitores cujos nomes estiverem nas respectivas folhas de vota-
ção, não se aplicando a ressalva a que se refere o art. 148, § 1º, da Lei nº
4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral.

3.4. Apuração, totalização dos votos e proclamação dos eleitos

» Incumbe a cada urna eletrônica contabilizar os respectivos votos, resguardado o


sigilo e a inviolabilidade, garantindo aos partidos políticos, coligações e candidatos a ampla
fiscalização de todo o processo (Lei nº 9.504/97, art. 61).

» Boletins de urna (BU): são emitidos em cada seção eleitoral, devendo ser impressos
em 05 vias obrigatórias e em até 15 vias adicionais. A não expedição do BU imediatamente após
a votação, exceto nos casos de defeito da própria urna eletrônica, constitui o crime inserto no §
2º do art. 68 da Lei 9.504/97.

ATENÇÃO:

O art. 5º da Lei nº 12.034 previu que, a partir das eleições de 2014, além do voto ele-
trônico, a urna deveria também imprimir um voto em papel para ser conferido pelo eleitor e
depositado em local previamente lacrado.

O STF julgou essa previsão INCONSTITUCIONAL sob o argumento de que haveria


maiores possibilidades de violação ao sigilo dos votos, além de potencializar falhas e impedir o
transcurso regular dos trabalhos nas diversas seções eleitorais (STF. Plenário. ADI 4543/DF, rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/11/2013).

Já no ano de 2018, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua juris-
prudência, decidindo, por oito votos a dois, derrubar o voto impresso nas eleições de 2018, para
eventual conferência dos resultados da disputa. A maioria concordou com ação da Procurado-
ria-Geral da República, que apontou que a medida coloca em risco o sigilo do voto.

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Teoria da “própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”

Lei 9.504/97:

Art. 16-A.O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar to-
dos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário
eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna
eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos
votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por
instância superior.
Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos
votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da
eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato.

Como se vê, a participação do candidato sub judice nos atos relacionados à campa-
nha eleitoral, dá-se por sua “conta e risco”. Isso porque, a validade dos votos atribuídos a esse
candidato ficará condicionada ao deferimento do seu pedido de registro perante a Justiça Elei-
toral. No momento da apuração, a computação dos votos a ele atribuídos deve ser realizada
em separado (os votos ficarão “engavetados”, daí o nome da teoria) e não são contabilizados
para qualquer fim até que a Justiça Eleitoral julgue o respectivo pedido de registro. Vindo a ser
deferido, mesmo que posteriormente à data da eleição, os votos dados devem ser “desengave-
tados” e contabilizados normalmente ao candidato até então sub judice, inclusive, se for o caso,
realizando-se um novo cálculo dos quocientes eleitoral e partidário. Por outro lado, vindo a ser
indeferido o pedido de registro, os votos serão definitivamente descartados.

Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da cam-


panha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se
igualmente ao candidato cujo pedido de registro tenha sido protocolado
no prazo legal e ainda não tenha sido apreciado pela justiça eleitoral.

As teorias “da propria conta e risco” e dos “votos engavetados” não se aplicam, con-
tudo, por ausência de previsão legal, quando da interposição de AIME ou RCD, mas apenas
quando do ajuizamento da AIRC.

Ainda a esse respeito: Informativo TSE nº 33/2011 – Não contagem de votos de candi-
datos com registro indeferido.

Ementa: RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. CÔMPUTO DE VO-


TOS.
Não são computados para partido ou coligação os votos atribuídos a
candidato com registro indeferido (art. 16-A, parágrafo único, da Lei nº.
9.504/97). Agravo regimental não provido (Agravo Regimental no Recur-

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so contra Expedição de Diploma nº 1623/RR, Rel. Min. Arnaldo Versiani,
DJE de 3.11.2011).

- Nas eleições municipais, a apuração compete às Juntas Eleitorais; nas eleições ge-
rais (Governador, Senador e Deputados), aos Tribunais Regionais Eleitorais; e, nas eleições pre-
sidenciais, ao Tribunal Superior Eleitoral.

- Após a apuração e totalização dos votos, cabe à Justiça proclamar o resultado ofi-
cial das eleições.

3.5. Diplomação

É o ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta quem são, efetivamente, os eleitos e os
respectivos suplentes com a entrega do diploma devidamente assinado. Com a diplomação os
eleitos se habilitam a exercer o mandato que postularam, mesmo que haja recurso pendente
de julgamento.

Trata-se de ato jurisdicional não contencioso (ato de jurisdição voluntária) de cunho


declaratório.

- Competência:

- TSE: Presidente e Vice-Presidente;

- TRE: Governador e Vice-Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Esta-


dual e Deputado Distrital.

- Junta Eleitoral: Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

Nos Municípios com várias juntas eleitorais a competência será daquela que for pre-
sidida pelo Juiz Eleitoral mais antigo.

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4) DIREITOS POLÍTICOS

Definição

Os direitos políticos representam o poder que possui o nacional de participar ativa e


passivamente da estrutura governamental estatal. Em outras palavras, é o conjunto de regras
que disciplina a forma de atuação da soberania popular em um determinado Estado.

Como a pessoa adquire os direitos inerentes à cidadania?

Os direitos inerentes à cidadania são adquiridos no momento da formalização do


alistamento, isto é, na ocasião em que o indivíduo obtém, nos termos da lei, a qualidade de
eleitor e, “ipso facto”, adquire o direito de votar nas eleições em geral, nos plebiscitos e nos re-
ferendos, bem como de subscrever projetos de lei de iniciativa popular. A capacidade eleitoral
passiva (direito de ser votado), contudo, é gradativa, isto é, aos 18 (dezoito anos), desde que
preencham os demais requisitos de elegibilidade, adquire-se a capacidade para ser Vereador;
aos 21 anos (vinte e um) anos, para ser Deputado Estadual, Distrital, Deputado Federal, Prefei-
to ou Vice-Prefeito; aos 30 (trinta) anos, para Governador e Vice-Governador de Estado ou do
Distrito Federal; e aos 35 (trinta e cinco) anos, para Presidente, Vice-Presidente da República e
Senador.

VUNESP/ TJRJ/ 2014 - A capacidade eleitoral ativa consiste nos direitos políticos do
cidadão de votar e ser votado.

Na lição de José Afonso da Silva, “direitos políticos ativos consistem no conjunto de


normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos
governamentais”.

Os direitos políticos passivos ou capacidade eleitoral passiva, por sua vez, estão rela-
cionados com a elegibilidade da pessoa ou o direito de ser votada.

Fundamento

Nos termos da CF:

Art. 1º(...).
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O Brasil é, assim, simultaneamente uma democracia direta e representativa (é, pois,


uma democracia semidireta ou participativa).

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Com efeito, a democracia semidireta ou participativa, é caracterizada pela combina-
ção da representação popular definida nas eleições com a existência de meios de participação
direta do povo no exercício do poder soberano do Estado. A esses meios chamamos de “institu-
tos da democracia participativa”, destacando-se o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular
de lei, previstos constitucionalmente e regulamentados pela Lei nº 9.709/98.

Democracia direta e representativa

Democracia direta (art. 14, CF)

São instrumentos que viabilizam o exercício da democracia direta (soberania popu-


lar):

a) Sufrágio: direito público subjetivo de natureza política de votar e ser votado. Este
sufrágio pode ser:

• restrito – quando existem limitações ao exercício do sufrágio por motivos diver-


sos, tais como fortuna, grau de instrução, sexo ou raça.
• Universal – quando eliminadas as restrições ao exercício do voto.

b) Voto: é direto, secreto, periódico e universal (tais características são, inclusive,


cláusula pétrea).

Voto é o meio de exercício do sufrágio, ao passo que escrutínio é o modo do exercício


do voto.

Hipóteses de voto indireto

1) Art. 81, §1º: eleições indiretas (feitas pelo CN) para Presidente da República quan-
do houver vacância nos cargos de Presidente e Vice, no segundo período do mandato.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,


far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presiden-
cial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da últi-
ma vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de
seus antecessores.

2) Art. 224, §§ 3º e 4º: realização de novas eleições em virtude da perda do mandato


de candidato eleito pelo sistema majoritário.

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MP-SP
§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do regis-
tro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito
em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização
de novas eleições, independentemente do número de votos anulados.               
§ 4o A eleição a que se refere o § 3o correrá a expensas da Justiça Elei-
toral e será:            
I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final
do mandato;            
II - direta, nos demais casos. 

A Procuradoria-Geral da República ajuizou ação direta de inconstitucionalidade con-


tra os §§ 3º e 4º, do Art. 244 do Código Eleitoral, incluídos pela Lei 13.165/2015.

CE – Art. 224 (...)


§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do regis-
tro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito
em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização
de novas eleições, independentemente do número de votos anulados. §
4º A eleição a que se refere o § 3º correrá a expensas da Justiça Eleitoral
e será: I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses
do final do mandato; II - direta, nos demais casos.

Quanto ao § 3º, a PGR aduziu que a exigência de trânsito em julgado para a realiza-
ção de novas eleições seria uma espera “exagerada e desproporcional, em face da gravidade
das condutas que autorizam cassação de diploma e de mandato”. Para a PGR se o TSE já tiver
julgado todos os recursos sobre o tema (pendente apenas RESE), deve-se realizar, de imediato,
novas eleições. Isso porque o recurso extraordinário não possui efeito suspensivo.

Quanto ao § 4º do art. 224 do Código Eleitoral a PGR alegou violação ao Art. 81, caput
e § 1º da CF/88:

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,


far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º - Ocor-
rendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a elei-
ção para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

O STF concordou com a PGR e declarou a inconstitucionalidade da locução “após


o trânsito em julgado”, prevista no § 3º do art. 224 do CE. A Corte entendeu que a exigência do
trânsito em julgado para a perda do mandato contraria o princípio democrático e o princípio da
soberania popular.

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Em relação aos prazos de sucessão, o STF decidiu que o disposto no §4º, do Art. 224,
CE, deveria receber uma interpretação conforme a Constituição, de modo a afastar do seu âm-
bito de incidência as situações de vacância nos cargos de Presidente e Vice, bem como no de
Senador, situações essas reguladas pela própria CF\88.

No caso de Senador, também há uma previsão expressa no art. 56, § 2º da CF/88: Art.
56 (...) § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se falta-
rem mais de quinze meses para o término do mandato.

É possível harmonizar as disposições do Art. 224, §4º, do Código Eleitoral com o Art.
102, I e II, da Constituição do Estado da Bahia?

Art. 102 – (...)


§ 1º - Vagando os cargos de Governador e Vice-Governador, far-se-á elei-
ção noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 2º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do mandato governa-
mental, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
última vaga, pela Assembleia Legislativa, na forma da lei.

Se a vacância estiver fundada em razão de causas não eleitorais (ex: Governador e


Vice morreram durante o mandato): aplica-se a regra prevista na Constituição Estadual. Isso
porque como se trata de matéria político-administrativa, tais entes possuem autonomia fede-
rativa para legislar. Se a vacância tiver razões eleitorais (ex: Governador e Vice perderam o man-
dato por compra de votos): aplica-se o Art. 224, § 4º do Código Eleitoral (Competência privativa
da União para legislar sobre Direito Eleitoral).

c) Plebiscito: instrumento de consulta direta e originária à população, sobre determi-


nada matéria. Inexiste qualquer deliberação anterior sobre o assunto.
• Ex.: plebiscito para divisão do Estado do Pará.

d) Referendo: instrumento de consulta direta à população, acerca de matéria já deli-


berada pelo Poder Público.
• Ex.: referendo sobre o Estatuto do Desarmamento.

Ressalte-se que cabe ao Congresso Nacional autorizar plebiscito e convocar referen-


do. (Art. 49, XV).

e) Iniciativa popular de leis: a CF dificulta sobremaneira a utilização deste instrumen-


to, impondo requisitos de difícil execução (art. 61, §2º), quais sejam:
• Que o projeto de lei seja subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional;
• Distribuído por, pelo menos, 05 Estados;
• Com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.

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Dois projetos de lei de iniciativa popular foram aprovados em matéria eleitoral: Lei
da Ficha Limpa e Lei 9840/99 (lei que alterou o art. 41 da lei 9504/97, transformando em crime a
compra de votos mediante promessas eleitorais).

Democracia representativa

No tema, destacam-se os seguintes tópicos:

a) Condições de elegibilidade (art. 14, §3º)

Para que o indivíduo possa ser eleito, é preciso, antes, que preencha determinados
requisitos (condições de elegibilidade) e não incorra em nenhuma das hipóteses de inelegibili-
dade previstas em lei, além de ter que atender às condições de registrabilidade.

Existe uma diferença teórica, sustentada pela jurisprudência do TSE e do STF, entre
as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade, residente no fato de que é admi-
tida a disciplina infraconstitucional das condições de elegibilidade por lei ordinária, enquanto
que as causas de inelegibilidade, no plano infraconstitucional, só podem ser criadas e discipli-
nadas por lei complementar.

Existem duas espécies de condições de elegibilidade: (a) expressas (próprias, tí-


picas ou nominadas): contidas no art. 14, § 3º da CF; (b) implícitas (impróprias, atípicas ou
inominadas): verdadeiros obstáculos ou impedimentos eleitorais relacionados à participação
no pleito eletivo (ser escolhido em convenção partidária, desincompatibilização, ser alfabetiza-
do, quitação eleitoral, etc).

São condições de elegibilidade:

I. Nacionalidade brasileira
» excluem-se os estrangeiros;
» o art. 12, §3º, discorre sobre cargos privativos de brasileiros natos, quais sejam: Pre-
sidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do
Senado Federal, Ministro do STF, membros da carreira diplomática, oficial das Forças Armadas
e Ministro de Estado da Defesa.

II. Estar em pleno gozo dos direitos políticos

III. Alistamento eleitoral


É a comprovação da regularidade do candidato junto à Justiça Eleitoral.
Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos (Art. 14, § 2º da CF).

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IV. Domicílio eleitoral na circunscrição
» candidato a cargo municipal: deve ter domicílio no município; candidato a cargo
estadual: deve ter domicílio no Estado; e candidato à Presidência da República: deve ter domi-
cílio no país.
» o domicílio deve estar fixado pelo menos seis meses antes das eleições (art. 9º, lei
9504/97). Já para o simples eleitor, ou seja, aquele que pretende apenas votar em determinada
eleição, deverá providenciar a inscrição ou transferência eleitoral na respectiva circunscrição
até 151 dias antes do pleito.

Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicí-


lio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar
com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. (Redação dada
pela Lei nº 13.488, de 2017)

Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o pra-


zo estipulado no caput, será considerada, para efeito de filiação partidá-
ria, a data de filiação do candidato ao partido de origem.

- é vedado ao prefeito que já exerceu dois mandatos consecutivos em um Município,


se candidatar em Município diverso do mesmo ou de outro Estado – “Prefeito itinerante” ou
“Prefeito profissional”. A esse respeito:

STF impede terceiro mandato consecutivo de prefeito em municípios distintos. (...) o


Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, por maioria dos votos, entendimento do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sentido de que se torna inelegível para o cargo de prefeito
cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos na chefia de executivo municipal, mesmo
que pleiteie candidatura em município diferente.

A questão foi analisada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE 637485) inter-


posto por Vicente de Paula de Souza Guedes contra acórdão do TSE que confirmou decisão de
cassar o diploma dos candidatos eleitos para os cargos de prefeito e vice-prefeita do município
de Valença (RJ), no pleito de 2008. Por decisão majoritária, os ministros deram provimento ao
recurso, ao entender que TSE poderia ter modificado antiga jurisprudência sobre a matéria,
mas, para isso, deveria modular os efeitos da decisão, por motivo de segurança jurídica.

O exame do RE promoveu discussão sobre a possibilidade de prefeito reeleito para


um determinado município transferir seu domicílio eleitoral e concorrer ao mesmo cargo em
município diverso e, assim, caracterizar o exercício de um terceiro mandato, situação na qual
poderia ser aplicada inelegibilidade prevista no artigo 14, parágrafo 5º, da Constituição Federal.
Tal hipótese foi chamada pela jurisprudência do TSE de “prefeito itinerante” ou “prefeito pro-
fissional”.

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C U RSO PARA A
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V. Filiação partidária

Candidaturas avulsas estão proibidas no Brasil, até o presente momento. Destaca-se


que, até a atualização deste material, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão
geral da matéria tratada no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1054490, no qual um ci-
dadão recorre de decisão que indeferiu sua candidatura avulsa a prefeito do Rio de Janeiro (RJ)
nas eleições de 2016.

Deve-se destacar, ainda, que a Lei 13.488, que alterou a Lei nº 9504, incluiu a veda-
ção, de forma expressa, no art. 11, §14º, do registro de candidatura avulsa, ainda que o reque-
rente tenha filiação.

O candidato deve estar filiado a algum partido político pelo menos 06 (seis) meses
antes da data da eleição (Art. 9ª, da Lei 9504/97, com redação dada pela Lei 13.165/2015), mas
é facultado aos partidos políticos estabelecer em seus estatutos prazo maior para que seus can-
didatos possam participar da convenção para escolha de candidatos.

Ressalte-se que o candidato militar – apesar de concorrer por um determinado par-


tido (afinal são vedadas as candidaturas avulsas) – não precisam estar filiados a este partido.

ATENÇÃO: antes da Lei nº 12.891/13, configurada dupla filiação, ambas eram consi-
deradas nulas para todos os efeitos. Conduzia, pois, à inelegibilidade. Contudo, o art. 22 da Lei
nº. 9.096/95 foi alterado, de forma que havendo coexistência de filiações partidárias, prevale-
cerá a mais recente.

Art. 22. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos


casos de:
I – morte;
II – perda dos direitos políticos;
III – expulsão;
IV – outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória
ao atingido no caso de quarenta e oito horas da decisão.
V – filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz
da respectiva Zona Eleitoral.
Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevale-
cerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancela-
mento das demais.

Lei nº 12.891/13.

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VI. Idade mínima
» 35 anos: Presidente e Senador;
» 30 anos: Governador;
» 21 anos: Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito e Juiz de Paz;
» 18 anos: Vereador.

Nos termos do § 2º do art. 11 da Lei nº 9.504/97 (com a redação dada pela Lei nº
13.165/2015), a idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilida-
de é verificada tendo como referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos,
hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.

As demais condições de elegibilidade são aferidas no momento da formalização dos


pedidos.

b) Hipóteses de inelegibilidade

Segundo Alexandre de Moraes: “a inelegibilidade consiste na ausência de capacida-


de eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, consequentemente, ser votado,
constituindo-se, portanto, em condição obstativa ao exercício passivo da cidadania”.

As hipóteses de inelegibilidade estão inseridas diretamente na CF (art. 14, §§4º a 8º)


e na LC nº 64/90 (Lei das Inelegibilidades).

A declaração de inelegibilidade de candidato a Presidente da República se estenderá


ao respectivo Vice?

Não. De acordo com o art. 18 da LC nº 64/90, a declaração de inelegibilidade do can-


didato à Presidência da República, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Muni-
cipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-Prefeito, assim como
a destes não atingirá aqueles.

Inelegibilidades constitucionais

As inelegibilidades constitucionais (chamadas, por alguns de absolutas) são aquelas


encartadas no texto constitucional (art. 14, §§4º a 7º). Não precluem e podem ser arguidas a
qualquer tempo.

Se a inelegibilidade for constitucional, acaso perdido o prazo para o ajuizamento da


Ação de Impugnação de Registro de Candidaturas – AIRC, o interessado poderá valer-se da Ação
de Impugnação de Mandato Eletivo – AIME ou Recurso contra a Diplomação – RCD. Se a maté-
ria for infraconstitucional, caberá apenas a AIRC, sob pena de preclusão, salvo se o motivo for
superveniente.

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C U RSO PARA A
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São inelegíveis:
- (§ 4º) os inalistáveis (art. 14, §2º) e os analfabetos. Inalistáveis são os estrangeiros e
os conscritos.
- (§ 5º) os chefes do Poder Executivo reeleitos, e aqueles que os tenham substituído
ou sucedido no curso do mandato:

Art. 14. (...).


§ 5º. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequen-
te.

- (§ 6º) os que não se desincompatibilizarem até 06 meses antes das eleições.

Art. 14. (...).


§ 6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem re-
nunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Desincompatibilização consiste no afastamento do exercício de um cargo, emprego


ou função para se tornar elegível.

A medida tem por finalidade impedir que o candidato se utilize indevidamente do


cargo, emprego ou função que ocupa em proveito pessoal ou de sua família, comprometendo o
equilíbrio do processo eleitoral.

Outras autoridades também precisam se afastar dos cargos públicos que ocupam
nos prazos estabelecidos na LC nº 64/90, os quais são fixados em 03, 04 ou 06 meses.

Podemos citar:

a) para os cargos de Presidente e Vice:


- os que, membros do Ministério Público, não se tenham afastado das suas funções
até 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
- os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da Ad-
ministração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos
Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 3(três)
meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos integrais.

b) para o cargo de Prefeito e Vice-Prefeito:


- no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos
de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do

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Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização;
- os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício na Comarca,
nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais.
- inelegibilidade reflexa, decorrente de laços de consanguinidade ou afinidade com
os Chefes do Poder Exceutivo:

Art. 14. (...).


§ 7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e
os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção,
do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.
Súmula 6 do TSE: É inelegível, para o cargo de prefeito, o cônjuge e os
parentes indicados no § 7º do art. 14 da Constituição, do titular do man-
dato, ainda que este haja renunciado ao cargo há mais de 06 meses.

ATENÇÃO: exceção à súmula 6: segundo orientação do TSE, se o titular do manda-


to se afastar definitivamente do cargo 6 (seis) meses antes das eleições e não se candidatar à
reeleição quando tinha o direito de fazê-lo, os respectivos parentes poderão exercer um único
mandato eletivo. Tal fenômeno é conhecido como heterodesincompatibilização.

Ex: em 1998, Garotinho foi eleito Governador do RJ. No final do seu 1º mandato (em
2002), ele renunciou ao cargo para se desincompatibilizar e concorrer à Presidência da Repúbli-
ca. Sua esposa, Rosinha, candidatou-se ao cargo de Governadora na eleição de 2002, tendo sido
eleita. O TSE considerou que Rosinha poderia concorrer e assumir o cargo porque seu marido
havia renunciado e ainda estava no 1º mandato. A lógica utilizada pelo TSE foi a seguinte: ora, se
o próprio Garotinho poderia concorrer novamente ao cargo de Governador, não haveria sentido
em negar à sua esposa o direito de disputar a eleição, como se estivesse exercendo o 2º man-
dato consecutivo. Logo, em 2006 não poderia ela concorrer novamente ao Governo do Estado.

ATENÇÃO: De acordo com o STF, as hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14,


§ 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares.

ATENÇÃO:

Súmula Vinculante nº 18. A dissolução da sociedade ou do vinculo con-


jugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º
do art. 14 da Constituição Federal.

Como constou do voto do Ministro Ricardo Lewandovski no RE 68.596/MG:

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“como se sabe, o principal escopo visado pelo constituinte com a regra
do art. 14, § 7º da CF foi o de impedir o continuísmo de parentes do Chefe
do Executivo no poder, com a constituição de clãs familiares, resquício
do patrimonialismo, do patriarcalismo, do clientelismo, do coronelismo
e do mandonismo, práticas de extração autoritária e antidemocrática,
que historicamente imperaram no País, em especial em seus rincões
mais afastados”.

Diversa, no entanto, é a solução dada pelo STF no caso de morte. Senão vejamos:

AG. REG. NA MED. CAUT. NA AC N. 3.298-PB. RELATOR: MIN. TEORI ZAVAS-


CKI. EMENTA: CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AÇÃO CAUTELAR. MORTE
DE PREFEITO NO CURSO DO MANDATO, MAIS DE UM ANO ANTES DO SEU
TÉRMINO. INELEGIBILIDADE DO CÔNJUGE. CF, ART. 14, § 7º. INOCOR-
RÊNCIA.
1. Evidencia risco de dano irreversível “a subtração ao titular, ainda que
parcial, do conteúdo do exercício de um mandato político.” (ADI 644-MC,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Pleno, DJ de 21.2.1992).
2. Há plausibilidade na alegação de que a morte de Prefeito, no curso do
mandato (que passou a ser exercido pelo Vice-Prefeito), não acarreta a
inelegibilidade do cônjuge, prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Fe-
deral. Trata-se de situação diferente da que ocorre nos casos de dissolu-
ção da sociedade conjugal no curso do mandato, de que trata a Súmula
Vinculante 18.
3. Agravo regimental improvido (*noticiado no Informativo 703, do STF).

A inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição NÃO ALCANÇA o cônjuge supérs-


tite (sobrevivente, viúvo) quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com
regular sucessão do vice-prefeito, e tendo em conta a construção de novo núcleo familiar.

A Súmula Vinculante 18 do STF não se aplica aos casos de extinção do vínculo conju-
gal pela morte de um dos cônjuges.

STF. Plenário. RE 758461/PB, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/5/2014 (reper-
cussão geral).
- os militares alistáveis são elegíveis, desde que obedecidos alguns requisitos:
-se tiver menos de 10 anos de serviço, deverá se afastar da atividade;
-se tiver mais de 10 anos de serviço, será agregado por uma autoridade superior e, se
eleito, passa para a inatividade.

Ressalte-se que as hipóteses de inelegibilidade do art. 14 constituem um rol mera-


mente exemplificativo. Outras hipóteses podem ser criadas, desde que por Lei Complementar,
conforme previsto no § 9º.

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Inelegibilidades infraconstitucionais

A LC n. 64/90, com as alterações implementadas pela LC nº 81/94 e LC nº 135/2010


(Lei da Ficha Limpa) trata de outros casos de inelegibilidade.

Devem ser arguidas no período do registro, sob pena de preclusão, salvo se superve-
nientes. Estão agrupadas em sete níveis, a saber:

Nível 01 – inelegíveis para qualquer cargo;


Nível 02 – inelegíveis para Presidente e Vice-Presidente da República;
Nível 03 – inelegíveis para Governador e Vice-Governador do Estado e do Distrito Fe-
deral;
Nível 04 – inelegíveis para Prefeito e Vice-Prefeito;
Nível 05 – inelegíveis para o Senado Federal;
Nível 06 – inelegíveis para a Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara
Legislativa;
Nível 07 – inelegíveis para a Câmara Municipal.

Quadro de inelegibilidade do “Vice”


Hipótese 01 Hipótese 03
VICE-CHEFE DO EXECUTIVO CANDIDATO À VICE QUE SUCEDE O TITULAR DA CHEFIA DO
REELEIÇÃO (novamente Vice): é reelegível EXECUTIVO: poderá ser candidato ao pró-
para um único mandato subsequente prio cargo uma única vez, pois a hipótese é
considerada como reeleição.
Hipótese 02 Hipótese 04
VICE-CHEFE DO EXECUTIVO CANDIDATO À VICE QUE DESEJA CONCORRER A OUTRO
CHEFE DO EXECUTIVO: poderá ser candidato CARGO ELETIVO: não há desincompatibiliza-
a chefe do Poder Executivo e, se eleito, candi- ção, mas se substituir o titular nos seis meses
datar-se à reeleição antes do pleito, fica inelegível

O que se entende por inelegibilidade inata e inelegibilidade cominada?

A inelegibilidade inata, primária, implícita ou imprópria é aquela oriunda da falta de


uma ou mais condições de elegibilidade da própria pessoa. Ex: ser analfabeto.

A inelegibilidade cominada (nata), secundária ou própria é aquela decorrente de


sanção pela prática de uma conduta ilícita.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

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Inelegibilidades absolutas

Esta espécie de inelegibilidade tem o condão de impedir a candidatura do pretenso


candidato a qualquer cargo eletivo. Por esta razão, ou seja, pelo fato de o cidadão (ou estran-
geiro) ser considerado inelegível para todos os cargos, chama-se inelegibilidade “ampla, geral,
total ou absoluta”. Como bem assevera José Afonso:

“As inelegibilidades absolutas implicam impedimento eleitoral para


qualquer cargo eletivo. Quem se encontre em situação de inelegibili-
dade absoluta não pode concorrer a eleição alguma, não pode pleitear
eleição para qualquer mandato eletivo e não tem prazo para desincom-
patibilização que lhe permita sair do impedimento a tempo de concorrer
a determinado pleito”.

Por assim se apresentar, esta espécie de inelegibilidade só pode ser estabelecida pela
Constituição Federal. Para os absolutamente inelegíveis não há previsão de cessação do impe-
dimento: enquanto presente a situação geradora do impedimento, não estará apto ao exercício
do mandato eletivo.

Inelegibilidades relativas

Por outro lado, tratando-se de limitação para o exercício de cargo específico, tere-
mos inelegibilidade relativa, restrita, parcial ou especial. Nas precisas palavras de José Afonso,
“constituem restrições à elegibilidade para determinados mandatos em razão de situações es-
peciais em que, no momento da eleição, se encontre o cidadão.”

A inelegibilidade relativa subdivide-se em funcional, por parentesco ou reflexa e por


motivo de domicílio. A primeira dá-se na hipótese de a restrição ter por fundamento o desem-
penho de determinada função pelo pretenso candidato. A outra hipótese decorre da relação de
parentesco, conforme previsão constitucional exposta no art. 14, § 7º.

Baseado nas lições de José Afonso da Silva, podemos afirmar que há uma terceira
subdivisão da inelegibilidade relativa, qual seja, a por motivo de domicílio. Isto porque, como
“o domicílio eleitoral na circunscrição é uma das condições de elegibilidade”, conclui-se que “é
inelegível para mandato ou cargo eletivo em circunscrição em que não seja domiciliado pelo
tempo exigido em lei”.

ATENÇÃO:

Súmula 1 do TSE: Proposta a ação para desconstituir a decisão que rejei-


tou as contas, anteriormente à impugnação, fica suspensa a inelegibili-
dade (Lei Complementar nº 64/90, art. 1º, inciso I, alínea “g”).

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Art. 1º. São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
(...).
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato do-
loso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão
competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder
Judiciário, para as eleições que se realizarem nos oito anos seguintes,
contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso
II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa,
sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;

Mas, o TSE assentou entendimento posterior segundo o qual a mera propositura


da ação anulatória, sem a obtenção de provimento liminar ou tutela antecipada, não suspen-
de a inelegibilidade. Nesse sentido: Ac-TSE, de 24/08/2006, no RO nº 912; de 13/09/2006, no RO
nº 963; de 29/09/2006, no RO nº 965 e no RESP nº 26.942; e de 16/11/2006, no AgRgRo nº 1057,
dentre outros).

c) perda e suspensão dos direitos políticos (art. 15)

Como regra, não poderá haver a cassação dos direitos políticos, mas somente a per-
da ou suspensão nas situações a seguir abordadas. Perda é a privação definitiva dos direitos
políticos, enquanto suspensão é a privação temporária de tais direitos.

A doutrina não é uníssona quanto à classificação das hipóteses elencadas pela CF, no
art. 15, como perda ou suspensão.

Para o doutrinador Roberto Moreira de Almeida, são hipóteses de perda:

- cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, pela prática de


atividade nociva ao interesse nacional (Art. 15, I);
- aquisição de outra nacionalidade por naturalização voluntária (art. 12, § 4º, II).
As demais hipóteses seriam de suspensão, quais sejam:
- incapacidade civil absoluta (Art. 15, II);
- condenação criminal, transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (Art.
15, III);
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (Art. 15, IV);
- improbidade administrativa (Art. 15,V);

Considerações importantes:
- A suspensão automática dos direitos políticos em virtude de condenação transitada
em julgado em processo de improbidade administrativa é possível, desde que haja, nesse senti-
do, manifestação explícita e motivada do juízo acerca de tal suspensão de direitos.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
- A suspensão dos direitos políticos ocorre como efeito da condenação criminal tran-
sitada em julgado de qualquer espécie, mesmo quando o crime for culposo e a pena for de
multa.
- Segundo a Lei Geral dos Partidos Políticos, o cancelamento imediato da filiação par-
tidária verifica-se somente no caso de perda dos direitos políticos. Restrições de direitos não
admitem interpretação extensiva.

A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a


perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador? O STF, ao condenar um parla-
mentar federal, poderá determinar a perda do mandato eletivo?

A condenação criminal transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos po-


líticos (artigo 15, III/CF) e, por conseguinte, a perda do mandato por falta de condição de elegi-
bilidade (artigo 14, 3º, II/CF).

1ª corrente: necessidade de deliberação da Casa respectiva (artigo 55, VI e 2º/CF –


norma específica que excepciona a regra geral) - STF adotou este posicionamento no julgamen-
to da AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013.

2a corrente: desnecessidade de deliberação da Casa respectiva se a decisão conde-


natória determinou a perda do mandato, nos termos do artigo 92, I do CP (a deliberação da
Casa Legislativa possui efeito meramente declaratório). Se na decisão, o STF não determinou a
perda do mandato eletivo, essa somente poderá ocorrer se a maioria absoluta da Câmara ou do
Senado assim votar - STF adotou este posicionamento no julgamento da AP 565/RO, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 e AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 10
e 13/12/2012.

3a corrente: A perda do cargo será consequência da condenação, se o Deputado ou


Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, nos termos do art. 55, III e § 3º
da CF/88. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, pela
perda ou não do mandato, se o Deputado ou Senador for condenado a cumprir pena em regime
aberto ou semiaberto. STF adotou esse posicionamento no julgamento da AP 694/MT, Rel. Min.
Rosa Weber, 1ª Turma julgado em 2/5/2017.

Ainda:
- O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, reafirmou que a con-
versão da pena  privativa de liberdade em restritiva de direitos não afasta a suspensão dos
direitos políticos decorrente da condenação criminal transitada em julgado, prevista no art.
15, inciso III, da Constituição da República.
Asseverou ainda que a simples propositura de revisão criminal não cessa os efeitos
dessa  condenação, o que somente ocorre quando há concessão de liminar ou acolhimento
do pedido da ação revisional.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
- No que se refere à hipótese de sursis (suspensão condicional da pena) também en-
tende o TSE que, por continuar a existir condenação com trânsito em julgado, mantém-se a
suspensão dos direitos políticos do condenado (Ac. 466, de 31.10.06, do TSE, DJ de 27.11.06).
- Já na hipótese de suspensão condicional do processo, como ainda não houve con-
denação criminal transitada em julgado, o réu preserva seus direitos políticos. O mesmo ocorre
na hipótese de transação penal imposta nos termos do art. 76 da Lei 9.099/95, uma vez que não
há, neste caso, sentença penal condenatória.

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5) PARTIDOS POLÍTICOS

Segundo Celso Ribeiro Bastos, “trata-se de uma organização de pessoas reunidas em


torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo ou,
ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e oposições”.

Os partidos políticos viabilizam a democracia representativa, pois sem filiação parti-


dária, como regra, não há candidatura.

Criação

Segundo a CF (art. 17), é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos


políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os
direitos fundamentais da pessoa humana.

E, no § 2º do referido dispositivo, consta que os partidos, após adquirirem persona-


lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

A seu turno, o art. 7º da Lei nº 9.096/95 prevê os requisitos necessários para a criação
de um novo partido, entre os quais destaca-se o chamado de “apoiamento mínimo de eleito-
res”, que consiste em uma declaração de apoio à nova agremiação.

A Lei nº 13.165/2015 alterou o § 1º deste art. 7º com o objetivo de dificultar a criação


de novos partidos, ao exigir que o apoiamento dos eleitores seja obtido durante um período
mínimo de 2 anos e que estes eleitores não sejam filiados a partido político. Confira-se a nova
redação:

Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma


da lei civil, registra seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1o  Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha
caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no
período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido
políticos, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cen-
to) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputa-
dos, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um
terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por
cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles. (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)

ATENÇÃO, segundo decidiu o STF, é compatível com a Constituição a Lei 13.107/2015,


que alterou o artigo 7º, § 1º da Lei 9096/95, não tendo havido violação à autonomia constitu-
cional dos partidos políticos. (Plenário. ADI 5311-MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
30/9/2015).

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Natureza jurídica

Partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (Lei 9.096/95).

Após adquirirem personalidade jurídica nos termos da lei civil, registrarão seus esta-
tutos perante o Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, § 2º, CF). Segundo o STF, a natureza deste
registro perante o TSE é de ato meramente administrativo, destinado a verificar a obediência ou
não aos requisitos constitucionais e legais.

O que um partido político necessita fazer para participar de uma eleição?

Dois são os requisitos para que uma agremiação partidária venha a participar de
uma eleição:

a) que tenha o estatuto registrado junto ao TSE há pelo menos seis meses antes das
eleições;

b) que haja constituído órgão de direção nacional nas eleições presidenciais (perante
o TSE), órgão de direção estadual (perante o TRE) ou órgão de direção municipal (perante o juiz
eleitoral) até a data da convenção para a escolha de candidatos.

Art. 4º Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes
do pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral,
conforme o disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de
direção constituído na circunscrição, de acordo com o respectivo estatu-
to (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Autonomia

Segundo a CF (Art. 17, caput e § 1º), os partidos políticos detém autonomia para:

- deliberar sobre criação, fusão, incorporação e extinção;


- definir sua estrutura interna, organização, funcionamento e regras para a escolha,
formação e duração dos seus órgãos permanentes e provisórios;
- adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obri-
gatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital, ou
municipal.

Sobre as coligações, deve-se destacar que a EC 97/2017 vedou a celebração nas elei-
ções proporcionais. Porém, os efeitos desta emenda foram adiados para as eleições de 2020, de
forma que, no pleito de 2018, ainda serão permitidas coligações para as eleições proporcionais.

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Atenção: até a EC 52/06, a decisão tomada pela cúpula nacional do partido, com rela-
ção às coligações, vinculava a agremiação em nível estadual e municipal. A EC citada extinguiu
a verticalização das coligações, conferindo autonomia ao partido nas três esferas.

Recursos do fundo partidário e propaganda gratuita no rádio e na televisão

Art. 17, CF. [...]


§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gra-
tuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97,
de 2017)

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3%


(três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)

II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos


em pelo menos um terço das unidades da Federação. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização para-


militar.

§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no §


3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda
do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidá-
rio e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

Sobre este tema, destaco os comentários elaborados pelo professor Marcio, autor do
blog Dizer o Direito:

Direito dos partidos políticos de acesso gratuito ao rádio e à TV (“direito


de antena”)
Direito de antena consiste no direito dos partidos políticos de terem
acesso gratuito aos meios de comunicação. Encontra-se previsto consti-
tucionalmente no § 3º do art. 17 da CF/88.

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Cláusula de barreira imposta pela EC 97/2017:
A EC 97/2017 criou uma cláusula de barreira (ou de desempenho) pre-
vendo que os partidos somente terão acesso aos recursos do Fundo Par-
tidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão se
atingirem um patamar mínimo de candidatos eleitos.

Os requisitos acima são muito rigorosos e praticamente asfixiam parti-


dos pequenos. No caso do inciso II, a grande maioria dos partidos atual-
mente não possui 15 Deputados Federais. É o caso, por exemplo, do So-
lidariedade, do PC do B, do PSC, do PPS, PHS, PV, PSOL, REDE e PEN.
Logo, em tese, eles terão que se valer do inciso I.

Chamo a atenção para o fato de que os requisitos são alternativos.

Mudança de partido do candidato eleito por uma agremiação que não


atingiu os requisitos

A EC 97/2017 trouxe, ainda, uma regra peculiar dizendo que se um can-


didato for eleito por um partido que não preencher os requisitos para
obter o fundo partidário e o tempo de rádio e TV, este candidato tem
o direito de mudar de partido, sem perder o mandato por infidelidade
partidária:
Art. 17 (...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no §
3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda
do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidá-
rio e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.

Ex: João é eleito Deputado Federal pelo PNCO (Partido Nanico). Ocorre
que o PNCO não elegeu 15 Deputados Federais. Logo, João poderá mu-
dar para o PMDB, por exemplo, não levando consigo essa filiação para
fins de aumentar os recursos do fundo partidário e do tempo de rádio e
TV para o partido de destino.

Regra de transição
Vale ressaltar que essa restrição do novo § 3º do art. 17 somente vai pro-
duzir todos os seus efeitos a partir das eleições de 2030.
Enquanto isso, a Emenda previu uma regra de transição de forma que, a
cada eleição, os requisitos vão se tornando mais rigorosos até que atinja
os critérios do § 3º do art. 17 em 2030.
Veja:

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Na legislatura seguinte às eleições de 2018:
Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita
no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo me-
nos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação;

Na legislatura seguinte às eleições de 2022:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita
no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
2% (dois por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um por cento)
dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em
pelo menos um terço das unidades da Federação;

Na legislatura seguinte às eleições de 2026:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita
no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo,
2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo me-
nos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1,5% (um
e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação.

Na legislatura seguinte às eleições de 2030:


Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita
no rádio e na televisão os partidos políticos que:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3%
(três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação.

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Recursos do fundo partidário

O fundo partidário consiste no valor repassado aos partidos políticos para custear a
sua manutenção. Decorre do orçamento da União e também de multas, penalidades, doações
e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei.

Quanto aos critérios de distribuição dos recursos, é preciso observar as alterações


promovidas pelas Leis nº 12.875/2013 e 13.165/2015.

Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos


(Fundo Partidário) é constituído por:
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código
Eleitoral e leis conexas;
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter per-
manente ou eventual;
III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de
depósitos bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;
IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano,
ao número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao
da proposta orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de
real, em valores de agosto de 1995.
§ 1º (VETADO)
§ 2º (VETADO)
Art. 39. Ressalvado o disposto no art. 31, o partido político pode receber
doações de pessoas físicas e jurídicas para constituição de seus fundos.
§ 1º As doações de que trata este artigo podem ser feitas diretamente
aos órgãos de direção nacional, estadual e municipal, que remeterão, à
Justiça Eleitoral e aos órgãos hierarquicamente superiores do partido, o
demonstrativo de seu recebimento e respectiva destinação, juntamente
com o balanço contábil.
§ 2º Outras doações, quaisquer que sejam, devem ser lançadas na conta-
bilidade do partido, definidos seus valores em moeda corrente.
§ 3o  As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetua-
das na conta do partido político por meio de: (Redação dada pela Lei nº
13.165, de 2015)
I - cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósi-
tos; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - depósitos em espécie devidamente identificados;  (Incluído pela Lei
nº 13.165, de 2015)
III - mecanismo disponível em sítio do partido na internet que permita
inclusive o uso de cartão de crédito ou de débito e que atenda aos se-
guintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

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MP-SP
a) identificação do doador; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realiza-
da. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 4º (Revogado pela Lei nº 9.504, de 1997)
§ 5o  Em ano eleitoral, os partidos políticos poderão aplicar ou distribuir
pelas diversas eleições os recursos financeiros recebidos de pessoas
físicas e jurídicas, observando-se o disposto no § 1º do art. 23, no  art.
24 e no § 1o do art. 81 da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997*, e os
critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas normas
estatutárias.
* Este dispositivo foi revogado pela Lei nº 13.165/2015.

# Limites das doações – Lei 9.504/97#:

Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimá-


veis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1o As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas


a 10% (dez por cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no
ano anterior à eleição. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 1o-A. (Revogado pela lei nº 13.488, de 2017)

§ 1o-B - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2o As doações estimáveis em dinheiro a candidato específico, comitê


ou partido deverão ser feitas mediante recibo, assinado pelo doador, ex-
ceto na hipótese prevista no § 6o do art. 28. (Redação dada pela Lei nº
12.891, de 2013)

§ 3º A doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o


infrator ao pagamento de multa no valor de até 100% (cem por cento) da
quantia em excesso. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 4o As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas


na conta mencionada no art. 22 desta Lei por meio de: (Redação dada
pela Lei nº 11.300, de 2006)

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I - cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósi-
tos; (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

II - depósitos em espécie devidamente identificados até o limite fixado


no inciso I do § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

III - mecanismo disponível em sítio do candidato, partido ou coligação


na internet, permitindo inclusive o uso de cartão de crédito, e que de-
verá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009)

a) identificação do doador; (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada.


(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

IV - instituições que promovam técnicas e serviços de financiamen-


to coletivo por meio de sítios na internet, aplicativos eletrônicos e ou-
tros recursos similares, que deverão atender aos seguintes requisitos:
(Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

a) cadastro prévio na Justiça Eleitoral, que estabelecerá regulamen-


tação para prestação de contas, fiscalização instantânea das doações,
contas intermediárias, se houver, e repasses aos candidatos; (Incluído
pela Lei nº 13.488, de 2017)

b) identificação obrigatória, com o nome completo e o número de inscri-


ção no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) de cada um dos doadores e das
quantias doadas; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

c) disponibilização em sítio eletrônico de lista com identificação dos


doadores e das respectivas quantias doadas, a ser atualizada instanta-
neamente a cada nova doação; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

d) emissão obrigatória de recibo para o doador, relativo a cada doação


realizada, sob a responsabilidade da entidade arrecadadora, com envio
imediato para a Justiça Eleitoral e para o candidato de todas as informa-
ções relativas à doação; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

e) ampla ciência a candidatos e eleitores acerca das taxas administrati-


vas a serem cobradas pela realização do serviço; (Incluído pela Lei nº
13.488, de 2017)

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f) não incidência em quaisquer das hipóteses listadas no art. 24 desta
Lei; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)
g) observância do calendário eleitoral, especialmente no que diz respei-
to ao início do período de arrecadação financeira, nos termos dispostos
no § 2o do art. 22-A desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

h) observância dos dispositivos desta Lei relacionados à propaganda na


internet; (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

V - comercialização de bens e/ou serviços, ou promoção de eventos de


arrecadação realizados diretamente pelo candidato ou pelo partido po-
lítico. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 4º-A Na prestação de contas das doações mencionadas no § 4o deste


artigo, é dispensada a apresentação de recibo eleitoral, e sua comprova-
ção deverá ser realizada por meio de documento bancário que identifi-
que o CPF dos doadores. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 4o-B As doações realizadas por meio das modalidades previstas nos


incisos III e IV do § 4o deste artigo devem ser informadas à Justiça Elei-
toral pelos candidatos e partidos no prazo previsto no inciso I do § 4o
do art. 28 desta Lei, contado a partir do momento em que os recursos
arrecadados forem depositados nas contas bancárias dos candidatos,
partidos ou coligações. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 5o Ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de tro-


féus, prêmios, ajudas de qualquer espécie feitas por candidato, entre o
registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas. (Incluído pela Lei nº
11.300, de 2006)

§ 6º Na hipótese de doações realizadas por meio das modalidades pre-


vistas nos incisos III e IV do § 4o deste artigo, fraudes ou erros cometidos
pelo doador sem conhecimento dos candidatos, partidos ou coligações
não ensejarão a responsabilidade destes nem a rejeição de suas contas
eleitorais. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 7º O limite previsto no § 1o deste artigo não se aplica a doações esti-


máveis em dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de
propriedade do doador ou à prestação de serviços próprios, desde que
o valor estimado não ultrapasse R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) por
doador. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
§ 8o Ficam autorizadas a participar das transações relativas às modali-

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dades de doações previstas nos incisos III e IV do § 4o deste artigo todas
as instituições que atendam, nos termos da lei e da regulamentação ex-
pedida pelo Banco Central, aos critérios para operar arranjos de paga-
mento. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 9o As instituições financeiras e de pagamento não poderão recusar a


utilização de cartões de débito e de crédito como meio de doações elei-
torais de pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamen-


te doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de
publicidade de qualquer espécie, procedente de:

I - entidade ou governo estrangeiro;

II - órgão da administração pública direta e indireta ou fundação manti-


da com recursos provenientes do Poder Público;

III - concessionário ou permissionário de serviço público;

IV - entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária,


contribuição compulsória em virtude de disposição legal;

V - entidade de utilidade pública;

VI - entidade de classe ou sindical;

VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.

VIII - entidades beneficentes e religiosas; (Incluído pela Lei nº 11.300,


de 2006)

IX - entidades esportivas; (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

X - organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;


(Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

XI - organizações da sociedade civil de interesse público. (Incluído pela


Lei nº 11.300, de 2006)

XII - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)


§ 1o Não se incluem nas vedações de que trata este artigo as cooperati-

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vas cujos cooperados não sejam concessionários ou permissionários de
serviços públicos, desde que não estejam sendo beneficiadas com re-
cursos públicos, observado o disposto no art. 81. (Redação dada pela
Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 4o O partido ou candidato que receber recursos provenientes de fon-


tes vedadas ou de origem não identificada deverá proceder à devolução
dos valores recebidos ou, não sendo possível a identificação da fonte,
transferi-los para a conta única do Tesouro Nacional. (Incluído pela Lei
nº 13.165, de 2015)

Art. 24-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Art. 24-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Art. 24-C. O limite de doação previsto no § 1o do art. 23 será apurado


anualmente pelo Tribunal Superior Eleitoral e pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 1o O Tribunal Superior Eleitoral deverá consolidar as informações so-


bre as doações registradas até 31 de dezembro do exercício financeiro a
ser apurado, considerando: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - as prestações de contas anuais dos partidos políticos, entregues à Jus-


tiça Eleitoral até 30 de abril do ano subsequente ao da apuração, nos ter-
mos do art. 32 da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995; (In-
cluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - as prestações de contas dos candidatos às eleições ordinárias ou su-


plementares que tenham ocorrido no exercício financeiro a ser apurado.
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2o O Tribunal Superior Eleitoral, após a consolidação das informações


sobre os valores doados e apurados, encaminhá-las-á à Secretaria da
Receita Federal do Brasil até 30 de maio do ano seguinte ao da apuração.
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

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§ 3o A Secretaria da Receita Federal do Brasil fará o cruzamento dos
valores doados com os rendimentos da pessoa física e, apurando indí-
cio de excesso, comunicará o fato, até 30 de julho do ano seguinte ao
da apuração, ao Ministério Público Eleitoral, que poderá, até o final do
exercício financeiro, apresentar representação com vistas à aplicação
da penalidade prevista no art. 23 e de outras sanções que julgar cabí-
veis. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

ATENÇÃO! MUITO IMPORTANTE

O STF decidiu que as contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais


e partidos políticos são inconstitucionais. As contribuições de pessoas físicas são válidas e
regulam-se de acordo com a legislação em vigor (STF. Plenário. ADI 4650/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 16 e 17/9/2015).

# Confira-se o resumo dos principais argumentos utilizados pelo STF:

- Violação ao regime democrático e à cidadania

Para o STF, as doações feitas por pessoas jurídicas para campanhas eleitorais não são
compatíveis com o regime democrático e com a cidadania.

- Pessoa jurídica não exerce cidadania

O exercício de cidadania, em sentido estrito, pressupõe três modalidades de atuação


física: a) o “jus sufragius”: direito de votar; b) o “jus honorum”: o direito de ser votado; e c) o di-
reito de influir na formação da vontade política por meio de instrumentos de democracia direta
como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de leis.

- Doações feitas por pessoas jurídicas inflacionam os custos das campanhas

A participação de pessoas jurídicas apenas encarece o processo eleitoral, sem ofere-


cer, como contrapartida, a melhora e o aperfeiçoamento do debate, com a veiculação de ideias
e de projetos pelos candidatos

Na verdade, o que se observa é que os candidatos que gastam maiores recursos em


suas campanhas possuem, em geral, maior êxito nas eleições.

- Desequilíbrio da competição e violação ao princípio da igualdade

A excessiva participação do poder econômico no processo político desequilibra a


competição eleitoral e viola a igualdade política entre candidatos.

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O êxito das eleições, atualmente, depende mais dos recursos despendidos nas cam-
panhas do que das plataformas e ideias políticas. Essa realidade é muito nociva porque faz com
que grande parte da população seja desestimulada a disputar os pleitos eleitorais já que não
teria condições econômicas de obter sucesso.

- Mesmo sem as doações de pessoas jurídicas, será possível a realização das campa-
nhas

Vale ressaltar que o fim das doações feitas por pessoas jurídicas não prejudicará a
sobrevivência dos partidos políticos nem impedirá que os candidatos façam suas campanhas.
Isso porque todos os partidos políticos têm acesso ao fundo partidário e à propaganda eleitoral
gratuita nos veículos de comunicação, podendo assim promover suas ideais e propostas.

- Não basta melhorar os mecanismos de controle dos financiamentos de campanha

Havia um argumento no sentido de que as doações de pessoas jurídicas deveriam


continuar sendo permitidas e que o mais importante seria melhorar os mecanismos de controle
desse financiamento.

Tal argumentação foi afastada.

Entendeu-se que isso seria insuficiente para resolver o atual cenário, no qual o poder
político mostra-se atraído pelo poder econômico.

- Mas as pessoas jurídicas poderão continuar doando para campanhas e partidos de


forma escondida (“caixa dois”)

É verdade. Isso é possível. No entanto, tal realidade não pode servir como argumen-
to para evitar que o STF declare inconstitucionais as leis que autorizam a doação por pessoas
jurídicas. A possibilidade de que as empresas continuem a investir elevadas quantias — não
contabilizadas (caixa dois) — nas campanhas eleitorais, não constitui empecilho para que o STF
declare a inconstitucionalidade do atual modelo.

- Violação à isonomia

O STF invocou ainda um último argumento para declarar inconstitucionais as doa-


ções realizadas por pessoas jurídicas. Trata-se do fato de que o art. 24 da Lei das Eleições proíbe
que determinadas pessoas jurídicas façam doações. É o caso, por exemplo, das associações de
classe, entidades sindicais e entidades do terceiro setor. Como resultado dessa proibição, o que
se observava, na prática, é que apenas as empresas privadas (que se destinam à obtenção de
lucro) faziam doações, o que representava um tratamento desigual entre as próprias pessoas
jurídicas.

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Destarte, o STF declarou inconstitucionais:

• o art. 23, §1º, I e II; o art. 24; e o art. 81, “caput” e § 1º, da Lei nº 9.504/97 (Lei das
Eleições), que tratam de doações realizadas por pessoas físicas e jurídicas, exclusivamente em
relação a estas;

• o art. 31; o art. 38, III; o art. 39, “caput” e § 5º, da Lei nº 9.096/95 (Lei Orgânica dos
Partidos Políticos), que regulam a forma e os limites em que serão efetivadas as doações aos
partidos políticos, também exclusivamente no que diz respeito às doações feitas por pessoas
jurídicas.

Modulação dos efeitos

O STF cogitou modular os efeitos da decisão, fazendo com que ela somente produzis-
se efeitos daqui a alguns anos. No entanto, não foi atingido o número mínimo de votos neces-
sários para tanto (segundo o art. 27 da Lei nº 9.868/99, exige-se o voto de 2/3 dos membros do
STF - 8 Ministros - para que haja a modulação dos efeitos).

Assim, a presente decisão foi aplicada para as eleições de 2016.

Doações Ocultas

Em março do 2018, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a possibi-


lidade de campanhas eleitorais receberem doações ocultas de pessoas físicas, prática liberada
na minirreforma eleitoral de 2015. O Plenário decidiu, por unanimidade, que o sigilo viola os
princípios constitucionais da publicidade e da moralidade.

Os ministros derrubaram trecho acrescentado pelo artigo 2º da Lei 13.165/2015: a va-


lidade da expressão “sem individualização dos doadores”, constante do parágrafo 12 do artigo
28 da Lei das Eleições.

Após a decisão do STF, ocorreu alteração da lei n 9.504/1997, pela Lei nº 13.165/2015,
que autorizou apenas doações de pessoas físicas para as campanhas eleitorais.

Art. 41-A. Do total do Fundo Partidário:


I - 5% (cinco por cento) serão destacados para entrega, em partes iguais, a
todos os partidos que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos
recursos do Fundo Partidário; e (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos na propor-
ção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. 
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II, serão desconsideradas
as mudanças de filiação partidária em quaisquer hipóteses.    (Redação dada
pela Lei nº 13.107, de 2015)

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Como se vê, a distribuição do fundo partidário é regulada pelo art. 41-A da Lei nº
9.096/95. Referido dispositivo prevê quanto maior o número de Deputados Federais eleitos
pelo partido, maior será o valor recebido.

O que mudou com a Lei nº 13.107/2015?

Se houver fusão ou incorporação de partidos políticos, a soma dos votos dos par-
tidos fundidos ou incorporados NÃO será mais considerada para fins de repasse do fundo
partidário.

Art. 42. Em caso de cancelamento ou caducidade do órgão de direção


nacional do partido, reverterá ao Fundo Partidário a quota que a este
caberia.
Art. 43. Os depósitos e movimentações dos recursos oriundos do Fundo
Partidário serão feitos em estabelecimentos bancários controlados pelo
Poder Público Federal, pelo Poder Público Estadual ou, inexistindo es-
tes, no banco escolhido pelo órgão diretivo do partido.
Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão aplicados:
I - na manutenção das sedes e serviços do partido, permitido o paga-
mento de pessoal, a qualquer título, observado, do total recebido, os
seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
a) 50% (cinquenta por cento) para o órgão nacional; (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015)
b) 60% (sessenta por cento) para cada órgão estadual e municipal;  (In-
cluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - na propaganda doutrinária e política;
III - no alistamento e campanhas eleitorais;
IV - na criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de
doutrinação e educação política, sendo esta aplicação de, no mínimo,
vinte por cento do total recebido.
V - na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da
participação política das mulheres, criados e mantidos pela secretaria
da mulher do respectivo partido político ou, inexistindo a secretaria,
pelo instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação po-
lítica de que trata o inciso IV, conforme percentual que será fixado pelo
órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco
por cento) do total;(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
VI - no pagamento de mensalidades, anuidades e congêneres devidos a
organismos partidários internacionais que se destinem ao apoio à pes-
quisa, ao estudo e à doutrinação política, aos quais seja o partido políti-
co regularmente filiado; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
VII - no pagamento de despesas com alimentação, incluindo restauran-

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tes e lanchonetes. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 1º Na prestação de contas dos órgãos de direção partidária de qualquer
nível devem ser discriminadas as despesas realizadas com recursos do
Fundo Partidário, de modo a permitir o controle da Justiça Eleitoral so-
bre o cumprimento do disposto nos incisos I e IV deste artigo.
§ 2º A Justiça Eleitoral pode, a qualquer tempo, investigar sobre a apli-
cação de recursos oriundos do Fundo Partidário.
§ 3o Os recursos de que trata este artigo não estão sujeitos ao regime
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, tendo os partidos políticos au-
tonomia para contratar e realizar despesas.        
§ 4o Não se incluem no cômputo do percentual previsto no inciso I deste
artigo encargos e tributos de qualquer natureza.
§ 5o O partido político que não cumprir o disposto no inciso V do caput de-
verá transferir o saldo para conta específica, sendo vedada sua aplica-
ção para finalidade diversa, de modo que o saldo remanescente deverá
ser aplicado dentro do exercício financeiro subsequente, sob pena de
acréscimo de 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento) do valor
previsto no inciso V do caput, a ser aplicado na mesma finalidade. (Re-
dação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 5o-A.  A critério das agremiações partidárias, os recursos a que se re-
fere o inciso V poderão ser acumulados em diferentes exercícios finan-
ceiros, mantidos em contas bancárias específicas, para utilização futura
em campanhas eleitorais de candidatas do partido. (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015)
§ 6o No exercício financeiro em que a fundação ou instituto de pesquisa
não despender a totalidade dos recursos que lhe forem assinalados, a
eventual sobra poderá ser revertida para outras atividades partidárias,
conforme previstas no caput deste artigo. 
§ 7o  A critério da secretaria da mulher ou, inexistindo a secretaria, a cri-
tério da fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política, os
recursos a que se refere o inciso V do caput poderão ser acumulados em
diferentes exercícios financeiros, mantidos em contas bancárias especí-
ficas, para utilização futura em campanhas eleitorais de candidatas do
partido, não se aplicando, neste caso, o disposto no § 5o.  (Incluído pela
Lei nº 13.165, de 2015)

Propaganda gratuita no rádio e na televisão

O acesso dos partidos políticos aos meios de comunicação, chamado de “direito de


antena” foi objeto de recente alteração (lembre-se da regra de transição acima mencionada),
de forma que a atual redação do art. 17, da Constituição Federal, assim dispõe:

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§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gra-
tuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97,
de 2017)

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3%


(três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização para-


militar.

§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no §


3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda
do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidá-
rio e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

Propaganda partidária

Tinha como objetivos a difusão de ideias e a conquista de novos filiados pelos parti-
dos políticos, não tendo conotação eleitoral propriamente dita. A Lei Eleitoral n. 13487/2017 ex-
tinguiu com a propaganda partidária no rádio e na televisão ao revogar, no art. 5o de seu texto,
os dispositivos da Lei n. 9.504/97 que tratavam sobre o tema.

Propaganda intrapartidária

Disciplinada pela Lei 9.504/97, a propaganda intrapartidária é destinada aos filiados


de partidos políticos, no período anterior às convenções partidárias realizadas em ano eleitoral.
Portanto, o postulante à candidatura pode, na quinzena anterior à convenção, realizar propa-
ganda no âmbito do respectivo partido político, com vistas à indicação de seu nome, vedado o
uso de rádio, televisão e outdoor.

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Propaganda eleitoral

É a espécie de propaganda política destinada à conquista do voto do eleitor, sendo


permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição até a véspera do pleito

A distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita, nas emissoras de rádio e


TV, é disciplinada pelo art. 47 da Lei nº 9.504/97, totalmente alterado pela Lei 13.165/2015. Se-
não vejamos:

Art. 47.  As emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por


assinatura mencionados no art. 57 reservarão, nos trinta e cinco dias
anteriores à antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação,
em rede, da propaganda eleitoral gratuita, na forma estabelecida neste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 1º A propaganda será feita:
I - na eleição para Presidente da República, às terças e quintas-feiras e
aos sábados:
a) das sete horas às sete horas e doze minutos e trinta segundos e das
doze horas às doze horas e doze minutos e trinta segundos, no rádio; (Re-
dação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) das treze horas às treze horas e doze minutos e trinta segundos e das
vinte horas e trinta minutos às vinte horas e quarenta e dois minutos e
trinta segundos, na televisão; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - nas eleições para Deputado Federal, às terças e quintas-feiras e aos
sábados:
a) das sete horas e doze minutos e trinta segundos às sete horas e vinte
e cinco minutos e das doze horas e doze minutos e trinta segundos às
doze horas e vinte e cinco minutos, no rádio;  (Redação dada pela Lei nº
13.165, de 2015)
b) das treze horas e doze minutos e trinta segundos às treze horas e vin-
te e cinco minutos e das vinte horas e quarenta e dois minutos e trinta
segundos às vinte horas e cinquenta e cinco minutos, na televisão; (Re-
dação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
III - nas eleições para Senador, às segundas, quartas e sextas-feiras: (Re-
dação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
a) das sete horas às sete horas e cinco minutos e das doze horas às doze
horas e cinco minutos, no rádio, nos anos em que a renovação do Senado
Federal se der por um terço; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) das treze horas às treze horas e cinco minutos e das vinte horas e trin-
ta minutos às vinte horas e trinta e cinco minutos, na televisão, nos anos
em que a renovação do Senado Federal se der por um terço;  (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

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c) das sete horas às sete horas e sete minutos e das doze horas às doze
horas e sete minutos, no rádio, nos anos em que a renovação do Sena-
do Federal se der por dois terços;  (Redação dada pela Lei nº 13.165, de
2015)
d) das treze horas às treze horas e sete minutos e das vinte horas e trinta
minutos às vinte horas e trinta e sete minutos, na televisão, nos anos
em que a renovação do Senado Federal se der por dois terços; (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
IV - nas eleições para Deputado Estadual e Deputado Distrital, às segun-
das, quartas e sextas-feiras:
a) das sete horas e cinco minutos às sete horas e quinze minutos e das
doze horas e cinco minutos às doze horas e quinze minutos, no rádio, nos
anos em que a renovação do Senado Federal se der por um terço;(Reda-
ção dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) das treze horas e cinco minutos às treze horas e quinze minutos e das
vinte horas e trinta e cinco minutos às vinte horas e quarenta e cinco mi-
nutos, na televisão, nos anos em que a renovação do Senado Federal se
der por um terço; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
c) das sete horas e sete minutos às sete horas e dezesseis minutos e das
doze horas e sete minutos às doze horas e dezesseis minutos, no rádio,
nos anos em que a renovação do Senado Federal se der por dois ter-
ços;(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
d) das treze horas e sete minutos às treze horas e dezesseis minutos e
das vinte horas e trinta e sete minutos às vinte horas e quarenta e seis
minutos, na televisão, nos anos em que a renovação do Senado Federal
se der por dois terços; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
V - na eleição para Governador de Estado e do Distrito Federal, às segun-
das, quartas e sextas-feiras: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
a) das sete horas e quinze minutos às sete horas e vinte e cinco minutos
e das doze horas e quinze minutos às doze horas e vinte e cinco minutos,
no rádio, nos anos em que a renovação do Senado Federal se der por um
terço; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) das treze horas e quinze minutos às treze horas e vinte e cinco minutos
e das vinte horas e quarenta e cinco minutos às vinte horas e cinquenta
e cinco minutos, na televisão, nos anos em que a renovação do Senado
Federal se der por um terço; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
c) das sete horas e dezesseis minutos às sete horas e vinte e cinco minu-
tos e das doze horas e dezesseis minutos às doze horas e vinte e cinco
minutos, no rádio, nos anos em que a renovação do Senado Federal se
der por dois terços; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
d) das treze horas e dezesseis minutos às treze horas e vinte e cinco mi-
nutos e das vinte horas e quarenta e seis minutos às vinte horas e cin-

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quenta e cinco minutos, na televisão, nos anos em que a renovação do
Senado Federal se der por dois terços; (Redação dada pela Lei nº 13.165,
de 2015)
VI - nas eleições para Prefeito, de segunda a sábado: (Redação dada pela
Lei nº 13.165, de 2015)
a) das sete horas às sete horas e dez minutos e das doze horas às doze ho-
ras e dez minutos, no rádio; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
b) das treze horas às treze horas e dez minutos e das vinte horas e trinta
minutos às vinte horas e quarenta minutos, na televisão; (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)
VII - ainda nas eleições para Prefeito, e também nas de Vereador, me-
diante inserções de trinta e sessenta segundos, no rádio e na televisão,
totalizando setenta minutos diários, de segunda-feira a domingo, dis-
tribuídas ao longo da programação veiculada entre as cinco e as vinte
e quatro horas, na proporção de 60% (sessenta por cento) para Prefeito
e 40% (quarenta por cento) para Vereador.  (Redação dada pela Lei nº
13.165, de 2015)
§ 1o-A Somente serão exibidas as inserções de televisão a que se refere
o inciso VII do § 1o  nos Municípios em que houver estação geradora de
serviços de radiodifusão de sons e imagens. (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)
§ 2o Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos termos
do § 1o, serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que te-
nham candidato, observados os seguintes critérios: (Redação dada pela
Lei nº 12.875, de 2013)  (Vide ADI-5105)
I - 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao número
de representantes na Câmara dos Deputados, considerados, no caso de
coligação para eleições majoritárias, o resultado da soma do número de
representantes dos seis maiores partidos que a integrem e, nos casos de
coligações para eleições proporcionais, o resultado da soma do número
de representantes de todos os partidos que a integrem;  (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente.  (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 3o  Para efeito do disposto neste artigo, a representação de cada par-
tido na Câmara dos Deputados é a resultante da eleição. (Redação dada
pela Lei nº 11.300, de 2006)
§ 4º O número de representantes de partido que tenha resultado de fu-
são ou a que se tenha incorporado outro corresponderá à soma dos re-
presentantes que os partidos de origem possuíam na data mencionada
no parágrafo anterior.
§ 5º Se o candidato a Presidente ou a Governador deixar de concorrer,

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C U RSO PARA A
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MP-SP
em qualquer etapa do pleito, e não havendo a substituição prevista no
art. 13 desta Lei, far-se-á nova distribuição do tempo entre os candida-
tos remanescentes.
§ 6º Aos partidos e coligações que, após a aplicação dos critérios de dis-
tribuição referidos no caput, obtiverem direito a parcela do horário elei-
toral inferior a trinta segundos, será assegurado o direito de acumulá-lo
para uso em tempo equivalente.
§ 7o Para efeito do disposto no § 2o, serão desconsideradas as mudanças
de filiação partidária em quaisquer hipóteses.(Redação dada pela Lei nº
13.107, de 2015)
§ 8o As mídias com as gravações da propaganda eleitoral no rádio e na
televisão serão entregues às emissoras, inclusive nos sábados, domin-
gos e feriados, com a antecedência mínima: (Incluído pela Lei nº 12.891,
de 2013)
I - de 6 (seis) horas do horário previsto para o início da transmissão, no
caso dos programas em rede; (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
II - de 12 (doze) horas do horário previsto para o início da transmissão,
no caso das inserções. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
§ 9o As emissoras de rádio sob responsabilidade do Senado Federal e da
Câmara dos Deputados instaladas em localidades fora do Distrito Fede-
ral são dispensadas da veiculação da propaganda eleitoral gratuita dos
pleitos referidos nos incisos II a VI do § 1o.  (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)

Nota-se que os horários reservados à propaganda eleitoral gratuita são distribuídos


entre todos os partidos e coligações que tenham candidato, sendo que aqueles partidos e coli-
gações que possuam maior número de representantes na Câmara dos Deputados terão tempo
proporcionalmente maior.

Fidelidade

O TSE editou a Resolução nº 22.610, de 25/10/2007, alterada pela Resolução nº


22.733/2008, para disciplinar o processo de perda do mandato eletivo em virtude de infidelida-
de partidária.

De acordo com a Resolução, considera-se justa causa para a desfiliação partidária: a)


incorporação ou fusão com outro partido; b) criação de novo partido; c) mudança substancial
ou desvio reiterado do programa partidário; d) grave discriminação pessoal.

Aludida resolução foi editada no sentido de reconhecer que o mandato eletivo per-
tence ao partido político e, destarte, a troca de legenda, após o pleito, sem uma justificativa
razoável, caracteriza infidelidade partidária a sujeitar o infrator ao perdimento do próprio cargo
para o qual fora eleito. Neste caso, assumirá a vaga o suplente ou o vice.

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MP-SP
A competência para processar e julgar a ação para a decretação da perda de mandato
eletivo por infidelidade partidária é sempre originária de tribunal.

ATENÇÃO:

Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político pelo
qual foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa?
Depende.

O STF fez a seguinte distinção, no julgamento da ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Bar-
roso, julgada em 27/5/2015 (Info 787):

A decisão do STF foi inovadora?

SIM. Isso porque o TSE entendia que a infidelidade partidária, ou seja, a mudança de
partido político após a diplomação, acarretava a perda do mandato tanto para cargos propor-
cionais como majoritários. Essa conclusão estava expressa na Resolução 22.610/2007 do TSE.

Dessa forma, o STF julgou PARCIALMENTE INCONSTITUCIONAL A RESOLUÇÃO


22.610/2007 DO TSE NOS TRECHOS EM QUE SE REFERE AOS CARGOS MAJORITÁRIOS.

ATENÇÃO: A Lei nº 13.165/2015 alterou a Lei nº 9.096/95, passando, finalmente, a


tratar expressamente sobre o tema “infidelidade partidária”. Senão vejamos:

Art. 22-A.  Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfi-


liar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito. (Incluído pela Lei nº

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C U RSO PARA A
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13.165, de 2015)
Parágrafo único.  Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária
somente as seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; (In-
cluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - grave discriminação política pessoal; e  (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que
antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, ma-
joritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. (Incluído pela
Lei nº 13.165, de 2015) (“janela” para a troca de partidos).

# Ex: Pedro, que já é Vereador (eleito pelo partido “X”), deseja concorrer à reeleição
nas eleições municipais de 02/10/2016. Ocorre que ele deseja sair do partido “X” e concorrer
pelo partido “Y”. A Lei nº 13.165/2015 acrescentou a possibilidade de que ele saia do partido
sem perder seu mandato de Vereador. Basta que faça a troca um mês antes do término do pra-
zo para filiação partidária, até 6 meses antes das eleições. Em nosso exemplo, ele teria do dia
02/03/2016 até 02/04/2016 para mudar de partido e não perder o mandato.

Atenção: A EC 91 estabeleceu a possibilidade, excepcional e em período determina-


do, de desfiliação partidária, sem prejuízo do mandato. Ou seja, criou mais uma “janela” para
que os políticos possam trocar de partido sem perder o cargo que ocupam. Dispõe a emenda:

Art. 1º É facultado ao detentor de mandato eletivo desligar-se do partido


pelo qual foi eleito nos trinta dias seguintes à promulgação desta Emen-
da Constitucional, sem prejuízo do mandato, não sendo essa desfiliação
considerada para fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário e
de acesso gratuito ao tempo de rádio e televisão.
Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publi-
cação.

Como a EC 91/2016 foi promulgada em 18/02/2016, os titulares de cargo eletivo pro-


porcional tiveram até o dia 19/03/2016 para se desfiliarem do seu partido sem que perdessem
o mandato.

Em regra, o número de Deputados Federais que o partido possui interfere no valor


que será recebido a título de fundo partidário, e no tempo gratuito que cada agremiação terá
no rádio e na TV.

A EC 91/2016 autorizou que os políticos mudassem de partido, mas proibiu que eles
“levassem” para a outra agremiação os recursos do fundo partidário e o tempo de rádio e TV.

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Dessa forma, se, dentro da “janela” da EC 91/2016, o partido “A” perdeu 10 Deputa-
dos Federais para o partido “B”, essa mudança não irá interferir no cálculo do fundo partidário e
do tempo de rádio e TV. O partido “A” não irá perder nem o partido “B” irá ganhar mais recursos
ou tempo de rádio e TV.

Diferença entre as duas “janelas”:

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Portanto, a criação, incorporação ou fusão do partido não é mais considerada “justa
causa” para fins de desfiliação partidária. Assim, se o partido em que detentor do cargo se ele-
geu passou por um processo de incorporação ou fusão com outro partido, a princípio, isso não
autoriza que ele mude de partido, salvo se provar que houve uma mudança substancial ou des-
vio reiterado do programa partidário. Da mesma forma, o detentor do cargo não pode mais sair
do partido pelo qual se elegeu para se filiar a um novo partido que foi recém-criado. Se assim
proceder, perderá o mandato.

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6) ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ELEITORAL

No âmbito da Justiça Eleitoral, prevalece o princípio da “periodicidade da investidu-


ra das funções eleitorais”, ou seja, o exercício do mister jurisdicional eleitoral é temporário. Com
efeito, no âmbito dos Tribunais Eleitorais (TSE e TRE), salvo motivo devidamente justificado, os
Juízes e Ministros servirão por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos (CE,
art. 14).

Na primeira instância, os magistrados também exercerão as funções eleitorais por


dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. Nas zonas eleitorais que abrangem
comarca com um único juízo (vara única), o próprio juiz exercerá as funções eleitorais até que
seja destituído, promovido, venha a se exonerar ou aposentar (prazo indeterminado).

Atenção: A partir da homologação da convenção partidária até a diplomação dos


eleitos, não poderá atuar como magistrado eleitoral aquele que for cônjuge ou parente consan-
güíneo ou afim (até o segundo grau) de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição
(CE, art. 14, § 3º).

A Justiça Eleitoral brasileira, segundo a Carta de 1988, é integrada pelos seguintes


órgãos:

- Tribunal Superior Eleitoral;


- Tribunais Regionais Eleitorais;
- Juízes Eleitorais e
- Juntas Eleitorais.

Tribunal Superior Eleitoral

É o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, tem sede em Brasília e jurisdição em todo o


território nacional. Suas decisões são irrecorríveis, salvo quando contrariarem a CF, denegarem
habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção ou habeas data.

Compõem-se o TSE de, no mínimo, de 07 membros, escolhidos:

a) mediante eleição, pelo voto secreto:


- 03 juízes, dentre os Ministros do STF (dos quais se elegerá o Presidente e o Vice-Pre-
sidente).
- 02 juízes, dentre os Ministros do STJ (dos quais se elegerá o Corregedor-Geral Elei-
toral).

Os membros eleitos que exercem função eleitoral não se afastam de suas funções
originárias. Por isso, fala-se que a justiça eleitoral é “noturna”.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

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b) por nomeação do Presidente da República:
- 02 juízes, dentre seis advogados de notório saber jurídico e idoneidade moral, indi-
cados pelo STF.

De acordo com o CNJ, o Juiz Eleitoral da classe dos advogados tem o direito de exer-
cer o mister advocatício concomitantemente com a judicatura, desde que em área diversa da
eleitoral.

O TSE decide por maioria de votos, com a presença da maioria de seus membros.
Devem estar presentes todos os membros do TSE para fins de:

1.Discussão da legislação eleitoral frente à CF/88 (declaração de inconstitucionalida-


de);
2. Cassação do registro de partido político;
3. Recurso que verse sobre anulação geral de eleições;
4. Perda do diploma (declaração dada pela justiça eleitoral conferindo o direito sub-
jetivo do candidato à posse).

Quanto à competência, conforme dispõe o Código Eleitoral:

Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:


I - Processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus di-
retórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da
República; exige presença de todos os membros do TSE
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais
de Estados diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral
e aos funcionários da sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos
pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;

Atenção: a competência criminal originária do TSE foi esvaziada após o advento da


Constituição Federal de 1988. Desde então, os Juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais são pro-
cessados e julgados, pela prática de crime comum ou de responsabilidade, pelo STJ (art. 105, I,
a, CF) e os Ministros do TSE, pelo cometimento dos mesmos delitos, pelo STF (art. 102, I, c, CF).

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, re-


lativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos
Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo
de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover
sobre a impetração; (Execução suspensa pela RSF nº 132, de 1984)

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Atenção: É da competência do STF processar e julgar o habeas corpus, inclusive em
matéria eleitoral, sendo paciente o Presidente da República, o Vice-Presidente da República,
os membros do Congresso Nacional, os Ministros do STF e o Procurador-Geral da República,
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, os membros dos
Tribunais Superiores, os membros do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão di-
plomática de caráter permanente; bem como processar e julgar mandado de segurança e o
“habeas data” contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do
próprio STF (art. 102, I, “d”, CF). É da competência do STJ processar e julgar os mandados de
segurança e os “habeas data” contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha,
Exército e Aeronáutica ou do próprio Tribunal (art. 105, I, “b”, CF).

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos


políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus
recursos;
g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos elei-
tos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente
da República;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais
Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por
partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interes-
sada. (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)
i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta
dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distri-
buídos. (Incluído pela Lei nº 4.961, de 1966)
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada
dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se
o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. (Incluído
pela LCP nº 86, de 1996)

Ou seja, a ação rescisória, no âmbito do processo eleitoral, caberá tão somente, de


decisões transitadas em julgado do TSE em matéria de inelegibilidades, desde que observa-
dos os requisitos motivadores da citada ação previstos no CPC.

O STF, na ADIn n. 1.459-5, declarou a inconstitucionalidade da expressão “possibili-


tando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”.

Ac.-TSE, de 10.11.2011, no AR nº 93296: configuração de decadência caso a ação res-


cisória seja proposta fora do prazo de 120 dias do trânsito em julgado da decisão rescindenda.

II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do
Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa.

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C U RSO PARA A
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De acordo com a CF (art. 121, § 4º), compete ao TSE processar e julgar:

- Recurso Especial:
a) quando a decisão do TRE tiver sido proferida contra expressa disposição de lei ou
violar a CF;
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais
Regionais Eleitorais.

- Recurso Ordinário, quando as decisões dos TRE’s:


a) versarem sobre: I) inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais
ou estaduais; ou II) anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais
ou estaduais;
b) denegarem habeas corpus, mandado de segurança; habeas data ou mandado de
injunção.

Ministro do STF estará impedido de participar de julgamento de recurso extraordinário


quando tiver funcionado no mesmo processo junto ao TSE?

Não. Dispõe a Súmula 72, STF:

No julgamento de questão constitucional vinculada à decisão do Tribu-


nal Superior Eleitoral, não estão impedidos os Ministros do Supremo
Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo processo, ou no
processo originário.

As decisões do TSE são, em regra, irrecorríveis. Exceção: decisões que contrariarem a


Constituição e as denegatórias de habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e man-
dado de injunção.

Código Eleitoral:
Art. 22. (...).
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, sal-
vo nos casos do Art. 281.
Constituição Federal:
Art. 121. (...).
§ 3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as
que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus
ou mandado de segurança.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s)

São os órgãos jurisdicionais de segundo grau da Justiça Eleitoral. Têm sede nas capi-
tais dos Estados e no DF e jurisdição no respectivo território.

Compõe-se de 07 magistrados, que exercerão o mister jurisdicional por 02 anos (per-


mitida uma recondução), assim escolhidos:

a) mediante eleição, pelo voto secreto:

- 02 juízes, dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça;

Serão eleitos Presidente e Vice-Presidente do TRE.

O Corregedor Regional Eleitoral será escolhido na forma do regimento interno de


cada tribunal.

Não havendo um terceiro magistrado do Tribunal de Justiça, alguns tribunais regio-


nais (como em SP) atribuem a função de Corregedor ao Vice-Presidente, cumulativamente, en-
quanto outros prescrevem a eleição dentre os demais juízes que o compõem.

- 02 juízes, dentre Juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

b) 01 juiz do TRF (Desembargador Federal) ou, não sendo o TRE sede de TRF, 01 juiz
federal, escolhido pelo TRF;

c) por nomeação, pelo Presidente da República:

- 02 juízes, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indi-
cados pelo Tribunal de Justiça.

Os advogados são indicados em duas listas tríplices elaboradas pelo TJ, enviadas ao
TSE para publicação, cabendo impugnação no prazo de 5 dias pelos partidos políticos e pelo
MP eleitoral. Nos termos do art. 25, § 2º, do CE, a lista não poderá conter nome de Magistrado
aposentado ou de membro do Ministério Público.

De acordo com as Resoluções nº 20.958/01 e 21.461/03 do TSE, o advogado deve ter,


no mínimo, 10 anos de prática profissional advocatícia para exercer o cargo de Juiz Eleitoral. É
dispensada esta comprovação se já foi juiz de TRE.

Res.-TSE nº 21.644/2004: necessidade, ainda, de participação anual mínima em cinco


atos privativos em causas ou questões distintas, nos termos do art. 5º do Regulamento Geral do
EOAB.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentes-
co, ainda que por afinidade, até o 4º grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se
neste caso a que tiver sido escolhida por último.

Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a


presença da maioria de seus membros.

Conforme dispõe o Código Eleitoral:

Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:


I - processar e julgar originariamente:
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e mu-
nicipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador,
Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembléias
Legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Re-
gional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e es-
crivães eleitorais;
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;

Em uma interpretação conforme a constituição, quem responde perante o TJ por cri-


me de responsabilidade, cometendo crime eleitoral, responderá perante o Tribunal Regional
Eleitoral, o que inclui, portanto, os juízes eleitorais, promotores eleitorais, prefeitos e deputa-
dos estaduais.

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, con-


tra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça
por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou
concedidos pelos juízes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando
houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente
possa prover sobre a impetração;

Ac.-TSE, de 2.5.2012, no HC nº 5003: a assunção do cargo de prefeito, no curso de pro-


cesso criminal eleitoral, desloca a competência para o TRE, mas não invalida os atos praticados
por juiz de primeiro grau ao tempo em que era competente.

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos


políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus
recursos;
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos Juízes
eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
por partido, candidato Ministério Público ou parte legitimamente inte-
ressada, sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. (Re-
dação dada pela Lei nº 4.961, de 1966)
II - julgar os recursos interpostos:
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais.
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem
habeas corpus ou mandado de segurança.
Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis,
salvo nos casos do Art. 276.

# Art. 121, § 4º, da CF: Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá
recurso quando: I) forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II)
ocorrer divergência na interpretação da lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III) versarem
sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV) anula-
rem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V) denegarem
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.

ATENÇÃO: RECURSOS COM EFEITO SUSPENSIVO: art. 257, § 2º do CE: O recurso or-
dinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral
que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será
recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo.

Dentre as competências privativas dos TRE’s (Art. 30) encontra-se: VII – apurar, com
os resultados parciais enviados pelas Juntas Eleitorais, os resultados finais das eleições de Go-
vernador e Vice-Governador, de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos di-
plomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior,
cópia das atas de seus trabalhos.

Juízes eleitorais

No primeiro grau de jurisdição, haverá a divisão do Estado e do DF em zonas eleito-


rais, sendo que um Juiz de Direito será nomeado pelo TRE para exercer a jurisdição eleitoral na
respectiva área, sem se afastar da jurisdição ordinária.

Nos termos do CE,

Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das Zonas Eleitorais a um Juiz
de Direito em efetivo exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal
que goze das prerrogativas do art. 95 da Constituição.

No entanto, já decidiu o TSE:

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Ac.-TSE nº 19.260/2001: “O juiz de direito substituto pode exercer as fun-
ções de juiz eleitoral, mesmo antes de adquirir a vitaliciedade, por força
do que disposto no art. 22, § 2º, da Loman”. Ac.-TSE nº 15.277/1999: “A
Lei Complementar nº 35 continua em vigor na parte em que não haja in-
compatibilidade com a Constituição, como sucede com seu art. 22, § 2º.
Assim, podem atuar como juízes eleitorais os magistrados que, em virtu-
de de não haver decorrido o prazo previsto no art. 95, I, da Constituição,
não gozam de vitaliciedade”.

E, nos termos do parágrafo único do referido artigo, onde houver mais de uma Vara,
o Tribunal Regional designará aquela ou aquelas, a qual incumbe o serviço eleitoral.

Segundo a LC nº 75/1993, arts. 78 e 79: cabe ao promotor eleitoral o exercício das


funções eleitorais perante os juízes e juntas eleitorais; será ele o membro do Ministério Público
local que oficie perante o juízo incumbido do serviço eleitoral na zona ou, nas hipóteses de sua
inexistência, impedimento ou recusa justificada, o que for designado pelo Procurador Regional
Eleitoral, por indicação do Procurador-Geral de Justiça.

Sobre a competência dos juízes eleitorais, dispõe o Código Eleitoral:

Art. 35. Compete aos juízes:


I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Su-
perior e do Regional;
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem co-
nexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos
Tribunais Regionais;

Com o advento da CF de 1988, a competência penal originária do TSE, conforme visto


anteriormente, ficou esvaziada. Nenhum crime será processado e julgado originariamente pelo
TSE.

Importante:

Ac.-STJ, de 11.6.2003, no CC nº 38.430: competência do juízo da vara da infância e da


juventude, ou do juiz que exerce tal função na comarca, para processar e julgar ato infracional
cometido por menor inimputável, ainda que a infração seja equiparada a crime eleitoral.

Ac.-TSE, de 5.4.2011, no AgR-HC nº 31624: competência do juiz eleitoral para o julga-


mento de crimes eleitorais praticados por vereador.

III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleito-


ral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente à

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instância superior.
IV - fazer as diligências que julgar necessárias à ordem e presteza do ser-
viço eleitoral;
V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbal-
mente ou por escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as provi-
dências que cada caso exigir;
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça
que deve ter o anexo da escrivania eleitoral;
VII - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994);
VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão
de eleitores;
IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
X - dividir a Zona em Seções Eleitorais;
XI - mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de
cada Seção, para remessa à Mesa Receptora, juntamente com a pasta
das folhas individuais de votação;
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos
eletivos municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional;

LC nº 64/90, Art. 2º. (...). Parágrafo único: A arguição de inelegibilidade será feita pe-
rante: III – os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das se-
ções;
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública
anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros
das Mesas Receptoras;
Lei nº 9.504/97, art. 63, § 2º: vedada a nomeação, para presidente e me-
sários, de menores de 18 anos.
XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas
mesas receptoras;
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos vi-
ciosos das eleições;
XVIII - fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não
alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente
das sanções legais;
XIX - comunicar, até as 12 horas do dia seguinte à realização da eleição,
ao Tribunal Regional e aos Delegados de partidos credenciados, o nú-
mero de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua
jurisdição, bem como o total de votantes da zona.

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Juntas eleitorais (ou apuradoras)

As Juntas Eleitorais são compostas de um Juiz de Direito, que será o Presidente (via
de regra, o próprio Juiz Eleitoral), e de 02 (dois) ou 04 (quatro) cidadãos de notória idoneidade,
convocados e nomeados pelo Tribunal Regional Eleitoral.

O juiz eleitoral, enquanto órgão, é permanente; a junta eleitoral é temporária.


São criadas 60 dias antes das eleições, sendo, ao lado dos Juízes Eleitorais, órgãos de
primeiro grau de jurisdição.

Até 10 (dez) dias antes da nomeação, os nomes das pessoas indicadas para compor
as Juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de
3 (três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações (Art. 36, § 2º, CE).

Art. 36 (...).
§ 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou
auxiliares: (rol exemplificativo)
I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo
grau, inclusive, e bem assim o cônjuge;
II - os membros de Diretórios de partidos políticos devidamente registra-
dos e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no de-
sempenho de cargos de confiança do Executivo;
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Lei nº 9.504/97, art. 64: é vedada a participação de parentes em qualquer grau ou de


servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na mesma mesa, turma ou junta
eleitoral.

Ainda: os membros do Ministério Público; os fiscais e delegados de partidos políticos


ou coligações.

Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o Presidente da Junta co-


municará ao Presidente do Tribunal Regional as nomeações que houver
feito e divulgará a composição do órgão por edital publicado ou afixado,
podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de
3 (três) dias.

Dentre a competência das Juntas Eleitorais encontra-se (CE, art. 40, incisos I a IV c/c
a Resolução TSE nº 23.218/10, art. 88, incisos I a III):

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» apurar, no prazo de 05 dias*, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição;

*Este prazo esta em consonância com a Resolução TSE nº 23.218/10; o prazo previsto
no CE é de 10 (dez) dias. Na prática, a contagem e a totalização dos votos em todo o Brasil são
concluídas poucas horas após o encerramento da votação.

» resolver as impugnações, dúvidas e demais incidentes verificados durante os tra-


balhos de apuração;

O Juiz eleitoral tem competência para resolvê-los durante a votação.

» expedir os boletins de urna na impossibilidade de sua emissão normal nas seções


eleitorais, com o emprego dos sistemas de votação, de recuperação de dados ou de apuração; e

» expedir diploma aos eleitos para cargos municipais (Prefeito, Vice-Prefeito e Verea-
dor).

Nos Municípios onde houver mais de uma Junta Eleitoral, a expedição dos diplomas
será feita pela que for presidida pelo Juiz Eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão os
documentos da eleição.

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7) MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

É o órgão do Ministério Público incumbido de promover, junto à Justiça Eleitoral, a


defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indispo-
níveis.

Não existe um Ministério Público Eleitoral enquanto órgão autônomo. Esta função é
exercida pelo Ministério Público Federal, com fundamento em dois princípios:

a) Princípio da federalização – as atribuições eleitorais do MPE serão desenvolvidas


pelo MPF. Art. 72 da LC 75.

b) Princípio da delegação – atuam como promotores eleitorais membros do MP esta-


dual, sob delegação.

Organização

Perante o Tribunal Superior Eleitoral

Exercerá as funções de Procurador-Geral, junto ao TSE, o próprio Procurador Geral da


República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal. O Procurador-Ge-
ral poderá designar outros membros do Ministério Público da União, com exercício no Distrito
Federal, e sem prejuízo das respectivas funções, para auxiliá-lo junto ao Tribunal Superior Elei-
toral, onde não poderão ter assento.

Atribuições (CE)

Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público


Eleitoral:
I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões;
II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de
competência originária do Tribunal;
III - oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal;
IV - manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos sub-
metidos à deliberação do Tribunal, quando solicitada sua audiência por
qualquer dos juízes, ou por iniciativa sua, se entender necessário;
V - defender a jurisdição do Tribunal;
VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais,
especialmente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País;
VII - requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao
desempenho de suas atribuições;
VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tri-

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bunais Regionais;
IX - acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente
ou por intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem
realizadas.

Perante o Tribunal Regional Eleitoral

- em capital-sede de Tribunal Regional Federal, atuará como chefe do Ministério Pú-


blico Eleitoral no Estado e no DF, o Procurador Regional Eleitoral. Ele é nomeado pelo Procu-
rador Geral Eleitoral para um mandato de dois anos e nunca por mais de dois biênios conse-
cutivos, dentre membros do Ministério Público Federal com atuação na segunda instância da
Justiça Federal (Procuradores Regionais da República).

- em capital que não seja sede de Tribunal Regional Federal, oficia como Procurador
Regional Eleitoral um Procurador da República (membro do Ministério Público Federal, com
atuação na primeira instancia da Justiça Federal), para um mandato de dois anos e nunca por
mais de dois biênios consecutivos.

As atribuições são as mesmas do Procurador-Geral Eleitoral, só que perante o respec-


tivo Tribunal Regional Eleitoral.

Perante os Juízes e Juntas Eleitorais

Trabalham na primeira instância da Justiça Eleitoral (perante os Juízes e Juntas Elei-


torais) os membros do Ministério Público do Estado ou do DF (Promotores de Justiça). São indi-
cados pelo Procurador-Geral de Justiça e nomeados pelo Procurador Regional Eleitoral (aplica-
-se o princípio da delegação).

Em geral, terão um mandato de 02 anos, mas, nas zonas eleitorais com apenas um
Promotor, o exercício da função eleitoral dar-se-á por prazo indeterminado.

Exerce suas funções de acordo com as fases do processo eleitoral.

Importante sobre a atuação do Ministério Público:

MP PODE RECORRER DA SENTENÇA QUE DEFERIU REGISTRO DE CANDIDATURA MES-


MO QUE NÃO TENHA APRESENTADO PRÉVIA IMPUGNAÇÃO

O Plenário do STF reconheceu que o Ministério Público Eleitoral possui legitimidade


para recorrer de decisão que deferiu registro de candidatura, mesmo que não tenha apresenta-
do impugnação ao pedido inicial.

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# O STF, com essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE (STF. Plená-
rio. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/12/2013 - Info 733).

O relator do caso, Min. Ricardo Lewandowski, sustentou que o art. 127 da CF/88, ao
incumbir o Ministério Público de defender a ordem pública e o regime democrático, outorga a
ele a possibilidade de recorrer, como custos legis (fiscal da lei), contra o deferimento de regis-
tros, mesmo que não tenha impugnado o pleito original, por se tratar de matéria de ordem pú-
blica. O MP é legitimado nato para zelar por tudo que diga respeito aos direitos políticos, inexis-
tindo disposição legal que vede a interposição de recurso nesses casos, questionando registros
concedidos em contrariedade à lei, não se podendo falar em preclusão para a atuação do órgão,
uma vez que se trata da proteção de valores da mais elevada hierarquia constitucional.

Considerado o relevante múnus conferido ao Ministério Público, e inexistente dispo-


sição legal a vedar a interposição de recurso na situação examinada, a instituição tem o poder-
-dever de atuar na qualidade de fiscal da lei para reverter candidatura eventualmente deferida
em desacordo com a lei.

O Parquet não é parte interessada na matéria. Ele desempenha um papel de fiscal da


legalidade do processo eleitoral, e pode, a qualquer tempo, contrapor-se a registros de candi-
daturas que não se enquadram nos ditames legais.

É incabível invocar-se o Enunciado 11 da Súmula do TSE para obstar o exercício dessa


competência ministerial, uma vez que o verbete, ao não mencionar o Ministério Público, produ-
ziu um silêncio eloquente, sendo aplicável apenas aos partidos políticos, que são, ao contrário
do MP, parciais. Logo, a preclusão consumativa somente incide para os partidos políticos, dada
sua condição de parte interessada na disputa eleitoral.

MP PODE REQUISITAR A INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL PARA APURAR CRI-


MES ELEITORAIS

O TSE editou a Resolução n. 23.396/2013 prevendo que o inquérito policial para apu-
rar crimes eleitorais somente poderá ser instaurado se houver uma determinação da Justiça
Eleitoral (art. 8º). Assim, pelo texto da Resolução, o Ministério Público não poderia requisitar a
instauração de inquérito policial para apurar crimes eleitorais.

O STF, ao apreciar medida cautelar, decidiu que esse dispositivo é INCONSTITUCIO-


NAL por dispor sobre norma de direito processual e por violar prerrogativa constitucional do
Ministério Público prevista no art. 129, VIII, da CF/88 (STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014).

* O Procurador-Geral da República ajuizou uma ADI contra a referida Resolução e o


STF deferiu a medida cautelar para suspender, até julgamento final da ação, a eficácia do art.
8º da Resolução 23.396/2013.

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Os Ministros apontaram a existência de vícios formais e materiais.

Inconstitucionalidade formal

Há vício de inconstitucionalidade formal, uma vez que o art. 8º da Resolução não se


limitou a regulamentar a lei, mas sim editou verdadeira norma de direito processual penal, cuja
competência é do Congresso Nacional, em desacordo com o princípio da legalidade estrita.

O Min. Celso de Mello salientou que o poder normativo do TSE caracteriza-se como
competência normativa de segundo grau ou secundária, a qual está necessariamente subordi-
nada, no que diz respeito à sua validade e eficácia, à autoridade hierárquica das leis e, acima
delas, da Constituição. No presente caso, o art. 8º da Resolução do TSE contrariou a lei e a Cons-
tituição, ao proibir a requisição de inquérito policial pelo MP, o que o legislador não fez.

Inconstitucionalidade material

O art. 8º apresenta também vício de inconstitucionalidade material porque esse dis-


positivo teve como objetivo subtrair a atribuição do Ministério Público Eleitoral de determinar
a instauração de inquérito policial, o que viola as funções constitucionais do Ministério Público,
previstas nos arts. 127 e 129 da CF/88.

O poder de requisição do Ministério Público representa prerrogativa de ordem cons-


titucional insculpida no art. 129, VIII.

Vale ressaltar que, apesar de se tratar ainda de uma decisão provisória, os argumen-
tos expostos pelos Ministros foram muito enfáticos no sentido de que a previsão do art. 8º é
flagrantemente inconstitucional.

# Ac.-TSE nº 309/1996: “As normas da Lei Orgânica do Ministério Público da União re-
vogaram o art. 27 e seus parágrafos do Código Eleitoral, porquanto regularam completamente
a matéria”.

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8) PROCESSO PENAL ELEITORAL

Sendo a Justiça Eleitoral órgão integrante do Poder Judiciário da União, incumbe à


Polícia Federal exercer a atribuição de polícia judiciária eleitoral. Todavia, como a polícia fede-
ral não está presente em todos os municípios brasileiros, tem-se admitido a atuação suplemen-
tar da Polícia Civil.

Notícia-crime eleitoral

Todo crime eleitoral é de ação pública incondicionada. Assim, qualquer pessoa do


povo, ao tomar conhecimento da prática delitiva, poderá, verbalmente ou por escrito, comuni-
car o fato ao Juiz Eleitoral local. Este deverá remeter a notícia-crime ao Ministério Público ou,
se entender pertinente, à polícia judiciária eleitoral (PF ou PC), para a instauração do inquérito
policial (IPL) ou, se o crime for de menor potencial ofensivo, para a lavratura do termo circuns-
tanciado de ocorrência (TCO).

As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem for encontrado em fla-
grante delito pela prática de infração eleitoral, salvo quando se tratar de crime de menor poten-
cial ofensivo, comunicando imediatamente o fato ao Juiz Eleitoral, ao MP Eleitoral e à família do
preso ou a pessoa por ele indicada (CPP, art. 306, caput). Em até 24 horas após a realização da
prisão, será encaminhado ao Juiz Eleitoral o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não
informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública (CPP, art. 306, §1º). E
nesse prazo, o preso receberá a nota de culpa, assinada pela autoridade policial, com o motivo
da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas (Código de Processo Pena, art. 306, §2º).

Ao receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz Eleitoral deverá fundamentadamen-


te (CPP, art. 310):

I – relaxar a prisão ilegal;


II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 do CPP, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas caute-
lares diversas da prisão; ou
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato am-
parado por excludente de ilicitude, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liber-
dade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de
revogação (CPP, art. 310, § único).

Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o Juiz Elei-


toral deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares di-
versas da prisão, previstas no art. 319 e 282, ambos do CPP.

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Quando a infração for de menor potencial ofensivo, a autoridade policial elaborará
termo circunstanciado de ocorrência e providenciará o encaminhamento ao Juiz Eleitoral.

Garantia eleitoral impeditiva de prisão, salvo em flagrante delito:

a. Eleitores: não podem ser presos desde 5 dias antes e até 48 horas depois da elei-
ção, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime ina-
fiançável ou por desrespeito a salvo conduto;
b. Membros das mesas receptoras e fiscais de partidos políticos: não podem ser
presos ou detidos durante o exercício de sua função;
c. Candidatos: não podem ser presos 15 dias antes da eleição.

Inquérito policial e termo circunstanciado

Segundo o art. 8º da Resolução 23396 do TSE, que dispõe sobre a apuração de crimes
eleitorais, o Inquérito Policial somente será instaurado mediante determinação da Justiça Elei-
toral, salvo a hipótese de prisão em flagrante.

Como visto, o STF, ao apreciar medida cautelar, decidiu que esse dispositivo é IN-
CONSTITUCIONAL por dispor sobre norma de direito processual e por violar prerrogativa cons-
titucional do Ministério Público prevista no art. 129, VIII, da CF/88. (STF. Plenário. ADI 5104 MC/
DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014).

O IP eleitoral deverá ser concluído em até 10 dias, se o indiciado estiver preso em


flagrante ou preventivamente, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão. Se estiver solto, tem que ser concluído em até 30 dias.

A autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os
autos ao Juiz Eleitoral. No relatório, poderá a autoridade policial indicar testemunhas que não
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade po-
licial poderá requerer ao Juiz Eleitoral a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
serão realizadas no prazo marcado pelo Juiz Eleitoral (Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).

Se o Ministério Público Eleitoral considerar necessários maiores esclarecimentos e


documentos complementares ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los direta-
mente de quaisquer autoridades ou funcionários que possam fornecê-los, ressalvadas as infor-
mações submetidas à reserva jurisdicional (CE, art. 356, § 2º).

Quando o inquérito for arquivado por falta de base para o oferecimento da denúncia,
a autoridade policial poderá proceder a nova investigação se de outras provas tiver notícia, des-
de que haja nova requisição, nos termos dos artigos 5º e 6º da já citada resolução.

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Aplica-se subsidiariamente ao inquérito policial eleitoral as disposições do Código
de Processo Penal, quando omissa a resolução.

Haverá a instauração de termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e não de inqué-


rito policial, quando o delito investigado for de menor potencial ofensivo, isto é, quando a pena
máxima em abstrato cominada ao crime for igual ou inferior a dois anos.

Processo Penal Eleitoral

Processo penal eleitoral é o instrumento através do qual o titular da ação penal plei-
teia a aplicação de uma pena ou medida de segurança a determinada pessoa acusada do come-
timento de um ou mais crimes eleitorais.

São condições da ação penal:

- legitimidade “ad causam”: nos crimes eleitorais, o titular da ação penal é sempre o
Ministério Público. Cabe, todavia, ação penal privada subsidiária da pública, no caso de inércia
do representante do MPE.

Por força do princípio da obrigatoriedade da ação penal, se o membro do MP não


oferecer a denúncia no prazo legal, o Código Eleitoral determina que a autoridade judiciária re-
presente contra o Promotor de Justiça Eleitoral ao Procurador Regional Eleitoral para apuração
de eventual ilícito penal.

Art. 357. (...).


§ 3º. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no pra-
zo legal representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da
apuração da responsabilidade penal.
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal,
denúncia ou deixar de promover a execução de sentença condenatória:
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Quanto ao polo passivo, ressalta-se que não há persecução penal eleitoral em face
de pessoa jurídica.

- interesse de agir (trinômio: necessidade, utilidade e adequação).


- possibilidade jurídica do pedido.

Classificação das ações penais eleitorais

Como já visto, todas as ações penais eleitorais são de iniciativa pública incondicio-
nada (CE, art. 355). Todavia, admite-se, no âmbito doutrinário e jurisprudencial, a ação penal
eleitoral privada subsidiária da pública, nos casos de inércia do Ministério Público Eleitoral.

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Ação penal pública eleitoral é aquela que se inicia através de denúncia oferecida pelo
Ministério Público Eleitoral.

O Código Eleitoral determina que a denúncia, não importa se preso ou solto o indi-
ciado, deve ser apresentada no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro


do prazo de 10 (dez) dias.

Ac.-TSE, de 18.8.2011, no HC nº 78048: possibilidade de o Ministério Público, titular


da ação penal pública, deixar de acionar certos envolvidos, como ocorre no tipo corrupção do
art. 299 do CE quanto ao eleitor, geralmente de baixa escolaridade e menos afortunado, que
tenha recebido benefício para votar em determinado candidato.

Res.-TSE nº 21.294/2002, Ac.-STJ, de 9.4.2003, no CC nº 37.595, e Ac.-TSE nº 25.137/2005:


aplicabilidade das leis nºs 9.099/1995 e 10.259/2001 (transação penal e suspensão condicional
do processo) no processo penal eleitoral, salvo para crimes que contam com sistema punitivo
especial.

Ac.-TSE nºs 234/1994 e 4.692/2004: a inobservância do prazo para denúncia não ex-
tingue a punibilidade.

Ac.-TSE, de 8.5.2012, no REspe nº 685214904: o recebimento da denúncia por juiz


incompetente é nulo e não interrompe o prazo prescricional.

Procedimento processual penal eleitoral

O Código Eleitoral dispõe, nos arts. 359 a 363, sobre o rito ou procedimento a ser
observado na tramitação do processo penal eleitoral, aplicando-se, subsidiariamente, o CPP.

Competência

Nada obstante a ausência de regulamentação, é pacífico o entendimento jurispru-


dencial segundo o qual é da competência da Justiça Eleitoral o julgamento dos crimes eleitorais
e dos crimes comuns que lhe são conexos.

Destarte, salvo nas exceções previstas em lei ou na Constituição, os crimes eleitorais


devem ser processados e julgados perante a Justiça Eleitoral (primeira instância) do lugar da
prática delitiva, salvo as seguintes exceções:

a) foro privilegiado por prerrogativa de função;

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* Desde o advento da CF/88 ficou esvaziada a competência penal originária do TSE,
ficando sem efeito o disposto no art. 22, I, “d”, do Código Eleitoral. Com efeito, os Ministros do
Tribunal Superior Eleitoral são processados e julgados, inclusive pela prática de crime eleitoral
(crime comum), perante o STF (CF, art. 102, I, “c”), e osmembros dos Tribunais Regionais Eleito-
rais, perante o STJ (CF, art. 105, I, “a”).

Os Tribunais Regionais Eleitorais são competentes para processar e julgar as infra-


ções penais eleitorais praticadas pelas seguintes autoridades:

1) Juízes Federais de sua área de jurisdição, incluídos os da Justiça Militar (Juízes


Auditores Militares) e da Justiça do Trabalho (Juízes do Trabalho), pois foi ressalvada
a competência dos TRFs para processar e julgar os crimes eleitorais, os quais são da
competência da Justiça Eleitoral, in casu, o TRE – Art. 108, I, “a”, CF;
2) Os Membros do MP da União, ou seja, do MP Federal (Procuradores da República),
do Ministério Público do Trabalho (Procuradores do Trabalho), do Ministério Público
Militar (Promotores e Procuradores Militares) e do Ministério Público do DF (Promo-
tores de Justiça do DF), ressalvados aqueles que têm exercício funcional perante Tri-
bunais, os quais serão processados e julgados junto ao STJ – Art. 108, I, “a”, CF;
3) Juízes Estaduais e do Distrito Federal e Territórios – Art. 96, III, CF;
4) Os Membros do Ministério Público dos Estados, inclusive aqueles que tenham
atuação perante o Tribunal de Justiça, ou seja, os Promotores de Justiça, os Procura-
dores de Justiça e o Procurador-Geral de Justiça – Art. 96, III, CF;
5) Deputados Estaduais e Deputados Distritais (parlamentares locais do DF) – por si-
metria constitucional, os Deputados Estaduais e do DF são processados e julgados
perante o Tribunal de Justiça, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
6) Prefeitos Municipais;

Os Juízes Eleitorais são competentes para processar e julgar os crimes eleitorais e os


comuns que lhe forem conexos, salvo nos casos de competência originária dos Tribunais Regio-
nais Eleitorais, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Trata-se, pois,
de competência residual.

b) prática de ato infracional equiparado crime eleitoral por menores de dezoito anos
de idade;

O processo e julgamento do ato infracional, independentemente da natureza do de-


lito assemelhado (inclusive o crime eleitoral), é da competência da Justiça Estadual (Juízo da
Vara da Infância e da Juventude).

c) cometimento de crime doloso contra a vida, conexo com crime eleitoral.

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Haverá separação dos processos, isto é, o Tribunal do Júri processará e julgará o cri-
me doloso contra a vida, e a Justiça Eleitoral, o crime eleitoral.

Rito processual por crime eleitoral

Procedimento criminal eleitoral na primeira instância

O Código Eleitoral (arts. 356 a 363) fixa rito especial para o processo e julgamento dos
crimes eleitorais de competência dos juízes eleitorais de primeiro grau.

Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoi-


mento pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do
Ministério Público.

• Ac.-TSE, de 8.5.2012, no REspe nº 685214904: o recebimento da denúncia por juiz


incompetente é nulo e não interrompe o prazo prescricional.
• Ac.-TSE, de 22.5.2012, no AgR-REspe nº 385827: não há dispositivo legal que deter-
mine a intimação de réu para participar do interrogatório de corréus.

Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 (dez) dias para
oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.
Art. 360. Ouvidas as testemunhas de acusação e da defesa e praticadas
as diligências requeridas pelo Ministério Público e deferidas ou ordena-
das pelo Juiz, abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias a cada uma das partes
– acusação e defesa – para alegações finais.

• Ac.-TSE, de 31.5.2012, no RHC nº 66851: não caracteriza cerceamento de defesa,


nem ofensa ao devido processo legal, a decisão que, em sede de ação penal, indefere pedido
de oitiva de testemunhas que não contribuirão para o esclarecimento dos fatos narrados na
denúncia.
Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao Juiz dentro de
quarenta e oito horas, terá o mesmo 10 (dez) dias para proferir a senten-
ça.
Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso
para o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão
imediatamente os autos à instância inferior para a execução da senten-
ça, que será feita no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao
Ministério Público.
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a
execução da sentença serão aplicadas as normas constantes dos pará-
grafos 3º, 4º e 5º do art. 357.

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Não obstante especial o procedimento, já se previa que, para o processo e julgamen-
to dos crimes eleitorais e comuns que lhe eram conexos, assim como para os recursos e para
a execução penal, dever-se-ia aplicar, subsidiariamente, o Código de Processo Penal (CE, art.
364).

Com o advento da Lei 11.719/2008, que derrogou o CPP, entende-se (assim se posi-
ciona o doutrinador Roberto Moreira de Almeida) ser cabível a adoção, pela Justiça Eleitoral de
primeiro grau, dos procedimentos comum ordinário, sumário e sumaríssimo, tal como estatuí-
do no novo diploma normativo.

Procedimento criminal eleitoral na segunda instância (TRE)

O Código Eleitoral não disciplinou o rito processual ou o procedimento penal no que


concerne aos crimes eleitorais de competência originária dos Tribunais Regionais Eleitorais.

A Lei nº 8.038/90 disciplina o procedimento especial para os crimes de competência


originária do STF e do STJ. A Lei nº 8.658/93, por seu turno, determinou a aplicação da Lei nº
8.038/90 aos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do DF.

O TSE possui precedentes no sentido de que as inovações do CPP não incidem no


procedimento dos crimes eleitorais, pois o Código Eleitoral disciplina especificamente a maté-
ria e consiste em lei especial, não podendo ser afastada por lei posterior de caráter geral.

“Recurso em habeas corpus. Divulgação de fatos inverídicos e difamação. Concurso


material (art. 323 e 325 do Código Eleitoral). Aplicação do procedimento previsto no Código
de Processo Penal. Defesa preliminar. Impossibilidade. Nulidade da citação. Não ocorrência.
Recurso desprovido. 1. É pacífico o entendimento deste Tribunal de que as infrações penais
eleitorais definidas na legislação eleitoral se submetem ao procedimento previsto no Código
Eleitoral, devendo ser aplicado o Código de Processo Penal apenas subsidiariamente. 2. Não
merece acolhida a alegação de nulidade da citação, porquanto o rito processual adotado está
em conformidade com a legislação eleitoral, não havendo falar em cerceamento de defesa e
violação ao devido processo legal. [...]
(Ac. de 21.6.2012 no RHC nº 74475, rel. Min. Gilson Dipp.)

Recurso ordinário. Habeas corpus. Ação penal. Inovações. CPP. Aplicação. Processo
penal eleitoral. Impossibilidade. 1. As inovações do CPP introduzidas pela Lei 11.719/2008 não
incidem no procedimento dos crimes eleitorais, pois o Código Eleitoral disciplina especifica-
mente a matéria e consiste em lei especial, não podendo ser afastada por lei posterior de cará-
ter geral. Precedente. 2. Recurso desprovido. NE: trecho do voto da relatora: ‘notadamente dos
arts. 396-a e 397 do CPP, que ampliaram a antiga defesa prévia e passaram a permitir a absolvi-
ção sumária do acusado nas hipóteses legalmente previstas’”. (p.3)
(Ac. de 19.3.2013 no RHC nº 42994, rel. Min. Nancy Andrighi.)

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Crime eleitoral

Crime eleitoral é o delito comum que está tipificado no Código Eleitoral e nas leis
eleitorais extravagantes.

Há previsão de crimes eleitorais:


» No Código Eleitoral (Título IV, Capítulo II, Arts 289 a 354);

ATENÇÃO:

Sempre que a lei penal eleitoral não indicar o GRAU MÍNIMO, entende-se que será ele
de quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a reclusão – CE, art. 284.

Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quan-


tum, deve o Juiz fixa-lo entre 1/5 e 1/3, guardados os limites da pena cominada ao crime – CE,
art. 285.
» Na Lei nº 6.091/74 (fornecimento gratuito de transporte, em dias de eleição);
» Na Lei Complementar nº 64/90 (Lei das Inelegibilidades);
» Na Lei nº 9.504/97 (Lei Geral das Eleições – Arts. 33, 34, 39, 40, 68,70, 72, 87 e 90).

Crime é diferente de ilícito eleitoral (cível).

Bens jurídicos tutelados

Liberdade de exercício dos direitos políticos e autenticidade das eleições.


A objetividade jurídica, em se tratando de crimes eleitorais, está expressa no inte-
resse público de proteger a liberdade e a legitimidade do sufrágio, bem como o exercício dos
direitos políticos, afim de assegurar a regularidade do pleito eleitoral.

Todos os tipos penais são dolosos.

Disposições penais gerais

Os crimes eleitorais encontram-se disciplinados, no Código Eleitoral, nos arts. 289


a 354, os quais são precedidos por apenas três tipos de normas penais gerais relativas a) ao
conceito de funcionário público, b) à aplicação das penalidades e c) um dispositivo específico
relativo à aplicação das normas do CE quanto aos delitos praticados por meio de imprensa.
Senão vejamos:

a) O conceito de funcionário público, previsto nos §§ 1º e 2º do art. 283 do CE, tem a


seguinte redação:

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“Art. 283 – Para efeitos penais são considerados membros e funcionários
da Justiça Eleitoral:
(...)
§ 1º – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos
indicados no presente artigo, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 2º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal ou em sociedade de economia mista”.

O conceito de funcionário público previsto no art. 327 do CP não é aplicável, em vista


da existência de conceituação especial. O “caput” do artigo menciona “membros e funcioná-
rios”. Membros são os do inciso I, II e III (magistrados, cidadãos que temporariamente integrem
a Justiça eleitoral, e cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras), e funcioná-
rios os do inciso IV, que elenca aqueles requisitados pela Justiça Eleitoral.

Tal distinção, todavia, não tem nenhuma relevância prática. A bem da verdade, os
parágrafos, em que pese não utilizarem a nomenclatura mais adequada de agentes públicos,
acabam por demonstrar que a idéia do legislador foi fazer incidir as regras penais previstas no
CE sobre todos aqueles que titularizam cargos, empregos ou funções dentro da Administração
Pública, independentemente de remuneração e ainda que em caráter transitório. É importante
mencionar também que o conceito aqui previsto é mais restrito que o do CP.

b) Relativamente à aplicação das penalidades, dispõe o CE:

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-
-se que será ele de 15 dias para a pena de detenção e de 1 ano para a de
reclusão.
Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem
mencionar o quantum, deve o juiz fixá-lo entre um 1/5 e 1/3, guardados
os limites da pena cominada ao crime.
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro Nacional,
de uma soma de dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é,
no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo, 300 (trezentos) dias-multa.
§ 1º. O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente arbítrio do
juiz, devendo este ter em conta as condições pessoais e econômicas do
condenado, mas não pode ser inferior ao salário-mínimo diário da re-
gião, nem superior ao valor de um salário-mínimo mensal.
§ 2º. A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não possa exce-
der o máximo genérico (caput), se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no
máximo, ao crime de que se trate.

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Os crimes eleitorais são punidos também com a perda do registro ou diploma eleito-
ral, e ainda a suspensão das atividades eleitorais. A pena de cassação do registro está prevista
no tipo do art. 334 do CE. O crime tipificado no art. 11, da Lei nº 6.091/74 prevê, cumulativamen-
te, a pena do cancelamento do registro, se candidato, ou do diploma, se já eleito, ao infrator
desse tipo criminal eleitoral.

c) Com relação aos crimes eleitorais praticados por meio da imprensa, verbis:

Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio
ou da televisão, aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as
remissões a outra lei nele contempladas.

Nos crimes eleitorais cometidos por meio de imprensa, rádio e televisão, aplicar-se-
-á, apenas o CE e o CP, não incidindo o disposto na Lei de Imprensa.

O CE estabeleceu, ainda, a incidência, em caráter subsidiário, das regras estabele-


cidas no Código Penal (CP): “Art. 287 – Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as regras do
Código penal”.

Os crimes eleitorais podem ser agrupados nas seguintes espécies:


» Crimes Eleitorais concernentes à formação do processo eleitoral
» Crimes Eleitorais relativos à formação e funcionamento dos partidos políticos
» Crimes Eleitorais em matéria de inelegibilidades
» Crimes Eleitorais concernentes à propaganda eleitoral
» Crimes Eleitorais relativos à votação
» Crimes Eleitorais pertinentes à garantia do resultado legítimo das eleições
» Crimes Eleitorais concernentes à organização e funcionamento dos serviços eleito-
rais
» Crimes contra a fé-pública eleitoral

Vejamos cada espécie:

Crimes Eleitorais concernentes à formação do processo eleitoral


Nessa modalidade de crime poderão ser incluídas todas as condutas delitivas pre-
vistas na legislação eleitoral que atentam contra a lisura do alistamento eleitoral, ou seja, que
afetam a inscrição e ulterior inclusão dos eleitores no registro próprio. Vejamos:

1) Art. 289 – inscrição fraudulenta do eleitor;

Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:


Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

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Objetividade jurídica: veracidade dos registros pertinentes aos eleitores. É delito for-
mal: consuma-se independentemente do deferimento da inscrição. A transferência fraudulenta
(quando a pessoa nada tem a ver com a cidade), sendo modalidade de inscrição, configura o
crime. TSE - “O pedido fraudulento de transferência compreende-se no tipo do art. 289 do CE”.

2) Art. 290 – induzimento à inscrição do eleitor em infração às normas legais;

Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer


dispositivo deste Código:
Pena – reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

É crime formal, consumando-se com o mero induzimento, independentemente do


deferimento da inscrição, que constitui mero exaurimento do delito.

Ac.-TSE, de 18.8.2011, no REspe nº 23310: o crime de falsidade ideológica eleitoral


(art. 350 do CE) não é meio necessário nem fase normal de preparação para a prática do delito
tipificado neste artigo. Os crimes descritos são autônomos e podem ser praticados sem que um
dependa do outro.

Ainda:

TSE: “Não há absorção do crime previsto no art. 290 pelo delito do art.
299, porque os tipos são diversos, não dependendo a segunda infração
da primeira para sua realização”.

3) Art. 291 – inscrição fraudulenta efetivada pelo juiz;

Art. 291. Efetuar o Juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando:


Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Trata-se de crime próprio.

4) Art. 292 – negativa ou retardamento de inscrição eleitoral sem fundamento legal;

Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento le-


gal, a inscrição requerida:
Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

5) Art. 293 – perturbação ou impedimento do alistamento;

Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:


Pena – detenção de 15 dias a 6 meses ou pagamento de 30 a 60 dias-mul-
ta.

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6) Art. 295 – retenção de título eleitoral ou do comprovante de alistamento eleitoral.

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:


Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Lei nº 9.504/1997, art. 91, parágrafo único: a retenção de título eleitoral ou do com-
provante do alistamento eleitoral constitui crime, punível com detenção, de um a três meses,
com a alternativa de prestação de serviços à comunidade por igual período, e multa no valor de
cinco mil a dez mil Ufirs.

Crimes Eleitorais relativos à formação e funcionamento dos partidos políticos

Nesse particular, o legislador houve por bem estabelecer os tipos penais com o ob-
jetivo claro de resguardar não só a legitimidade de formação dos partidos políticos, como tam-
bém o correto desenvolvimento das atribuições a eles conferidas pela CF/88.

Assim, procurou coibir a prática de eventuais irregularidades discriminadas da se-


guinte forma:

1) Art. 319 – subscrição de mais de uma ficha de filiação partidária;

Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou


mais partidos:
Pena – detenção até um mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa.

2) Art. 320 – inscrição simultânea em dois ou mais partidos;

Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais par-


tidos:
Pena – pagamento de 10 a 20 dias-multa.

Lei nº 9.096/1995, art. 22, parágrafo único.

Com a reforma eleitoral, promovida pela Lei 12.891/2013, havendo inscrição simul-
tânea em mais de um partido, valerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o
cancelamento das demais. Desse modo, parece não subsistir a criminalização da conduta.

3) Art. 321 – coleta de assinatura em mais de uma ficha de registro de partido;

Art. 321. Colher assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro


de partido:
Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa.

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4) Art. 338 – não concessão de prioridade postal;

Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no art.


239:
Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

5) Art. 346 – utilização de prédios ou serviços de repartições públicas para beneficiar


partido ou organização em caráter político.

Art. 346. Violar o disposto no art. 377:


Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal,
autarquia, fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade
mantida ou subvencionada pelo Poder Público, ou que realiza contrato
com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, não poderá
ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.

Lei nº 9.096/1995, art. 51: utilização de escolas públicas ou casas legislativas pelos
partidos políticos para realização de suas reuniões e convenções. Lei nº 9.504/1997, art. 8º, § 2º:
utilização de prédios públicos para realização de convenção para escolha de candidato.

Ac.-TSE, de 13.2.2007, no AgR-REspe nº 25.983: Não caracteriza o crime dos arts. 346
c.c. 377, CE, a simples visita dos candidatos à sede da entidade que recebe subvenção da muni-
cipalidade. Os dispositivos visam coibir o uso efetivo e abusivo de serviços ou dependências de
entes públicos ou de entidades mantidas ou subvencionadas pelo poder público, ou que com
este contrata, em benefício de partidos ou organização de caráter político; não se exige poten-
cialidade do ato, mas sim o uso efetivo das instalações.

Crimes Eleitorais em matéria de inelegibilidades

Segundo dispõe a Lei Complementar nº 64/90:

Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou a im-


pugnação de registro de candidato feito por interferência do poder eco-
nômico, desvio ou abuso de poder de autoridade, deduzida de forma
temerária ou de manifesta má-fé.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de 20 (vinte) a
50 (cinquenta) vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional – BTN e, no
caso de sua extinção, de título público que o substitua.

O BTN foi extinto pelo art. 3º da Lei nº 8.177/1991.

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Ou seja, considera-se crime a arguição de inelegibilidade levada a efeito sem o mí-
nimo de embasamento legal, com o único objetivo de retirar da disputa eleitoral candidatos
opositores.

O grande problema relacionado à caracterização desse crime encontra-se na confi-


guração do aspecto temerário ou de má-fé da demanda proposta, já que somente indícios não
se revelam suficientes para o atingimento desse objetivo.

Crimes Eleitorais concernentes à propaganda eleitoral

O objetivo do legislador ao prescrever essa modalidade de crime foi impedir a reali-


zação de propaganda eleitoral que possa comprometer o equilíbrio das eleições.

O tema da propaganda eleitoral pode ser dimensionado pelos artigos 36 a 57 da Lei


das Eleições (Lei nº 9.504/97) e está dividido em: 1) propaganda eleitoral em geral; 2) propagan-
da eleitoral mediante outdoors; 3) propaganda eleitoral na imprensa; 4) propaganda eleitoral
no rádio e na televisão.

Dentro desse contexto, cumpre fazer referência aos atos que foram descriminalizados
pela Lei nº 9.504/07. Primeiramente, registra-se que não se considera mais como crime o conteú-
do dos arts. 322, 328, 329 e 333 do CE, mas, tão somente, infração de natureza administrativa.

É que a Lei n° 9.504/97, expressamente em seu art. 107, revogou esses dispositivos do
Código Eleitoral, pelo que, nesse particular, ocorreu a abolitio criminis, restando somente apli-
cáveis as penalidades administrativas previstas nesse mesmo diploma legal. Desta forma, o de-
lito que era tipificado no art. 322 do CE e que consistia na conduta de fazer propaganda eleitoral
por meio de alto-falantes nas sedes partidárias, em qualquer outra dependência do partido ou
em veículos fora do período autorizado ou, nesse período, em horários não autorizados, passou
a ser disciplinado no art. 39 da Lei n° 9.504/97, sendo que somente será considerado delito se
ocorrer a utilização no dia da eleição.

Por outro lado, o CE manteve a qualificação penal para as seguintes situações rela-
cionadas à propaganda eleitoral:

1) Art. 323 - divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral;

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em rela-


ção a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante
o eleitorado:
Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150
dias-multa.

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Ac.-TSE, de 15.10.2009, no AgR-REspe nº 35.977: necessidade de que os textos impu-
tados como inverídicos sejam fruto de matéria paga para tipificação do delito previsto neste
dispositivo.

Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela impren-


sa, rádio ou televisão.

2) Art. 324 – calúnia na propaganda eleitoral;

Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de


propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção de seis meses a dois anos e pagamento de 10 a 40 dias-
-multa.

Ac.-TSE, de 23.11.2010, no HC nº 258303: no julgamento da ADPF nº 130, o STF de-


clarou não recepcionado pela CF/88 a Lei nº 5.250/1967, o que não alcança o crime de calúnia
previsto neste artigo.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a pro-


pala ou divulga.
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é ad-
mitida:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido,
não foi condenado por sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absol-
vido por sentença irrecorrível.

3) Art. 325 – difamação na propaganda eleitoral;

Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de


propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 30 dias-
-multa.

Ac.-TSE, de 14.12.2010, no HC nº 187635: desnecessidade de que a ofensa seja prati-


cada contra candidato para a tipificação do crime previsto neste artigo.

Ac.-TSE, de 17.5.2011, no RHC  nº 761681: o deferimento do direito de resposta e a


interrupção da divulgação da ofensa não excluem a ocorrência dos crimes de difamação e di-
vulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral.

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Ac.-TSE, de 13.10.2011, no HC  nº 114080: a tipificação deste delito está relacionada
não ao sujeito da conduta, mas ao contexto eleitoral em que é realizada, bastando que a difa-
mação seja praticada no âmbito de atos típicos de propaganda eleitoral ou visando à propagan-
da, independentemente do ambiente em que é exteriorizada.

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido


é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

4) Art. 326 – injúria na propaganda eleitoral;

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de


propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Ac.-TSE, de 14.12.2010, no HC nº 187635: desnecessidade de que a ofensa seja prati-


cada contra candidato para a tipificação do crime previsto neste artigo.

§ 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena:


I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natu-
reza ou meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-
-multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código
Penal.

5) Art. 327 – causa de aumento de pena para os crimes de calúnia, difamação e injú-
ria;
Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326, aumentam-se de
um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
da ofensa.

TSE: não é necessário que o agente ou ofendido seja candidato, sendo suficiente que
o ato seja praticado no âmbito da propaganda eleitoral ou visando fins de propaganda.

OBS: Código Eleitoral – Crimes contra a Honra – Injúria, Calúnia ou Difamação. São
crimes de ação penal pública incondicionada. Exige-se o elemento subjetivo específico de in-
fluenciar ou incutir no eleitorado uma impressão negativa do candidato.

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Segundo Joel Cândido:

“Correspondem, exatamente, a delitos iguais, com mesma objetividade


jurídica, do Código Penal, no art. 138 e §1º, art. 139, ‘caput’ e art. 140,
respectivamente. A pena privativa de liberdade também é a mesma. Em
Direito Eleitoral não se pune a calúnia contra os mortos”.

Chama atenção, apenas, que o que caracteriza estes crimes como especiais é o com-
ponente eleitoral de seu tipo, consistente na expressão “...na propaganda eleitoral, ou visando
a fins de propaganda...”, constantes de todos eles. Com o uso da palavra “propaganda”, por duas
vezes, de modo diferente, o legislador indicou que eles podem ocorrer tanto no ano eleitoral, no
período de propaganda lícita (das convenções às eleições), o que equivale a ser “na propagan-
da eleitoral”, como em anos e épocas não-eleitorais, na propaganda político partidária, o que
equivale à expressão “visando a fins de propaganda”. Tudo o mais nesses delitos é igual a seus
análogos do direito comum, inclusive no que concerne à exceção de verdade (...), ao perdão
judicial (...) e às hipóteses especiais de aumento de pena...”.

6) Art. 331 – inutilização, alteração ou perturbação de propaganda devidamente em-


pregada;
Art. 331.  Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devida-
mente empregado:
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

7) Art. 332 – impedimento do exercício da propaganda;

Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:


Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

8) Art. 39, § 5º, I e II, da Lei nº 9.504/97 – realização de propaganda eleitoral no dia da
eleição;
Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou elei¬-
toral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.
[...]
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de
seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comu-
nidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil
UFIR:

I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de co-


mício ou carreata;
II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna; (Re-
dação dada pela Lei nº 11.300, de 2006)

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III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políti-
cos ou de seus candidatos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteú-


dos nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, poden-
do ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos publi-
cados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Ac.-TSE, de 27.5.2014, no AgR-REspe nº 8720; e de 26.4.2012, no REspe nº 485993: de-


claração indireta de voto, desprovida de qualquer forma de convencimento, de pressão ou de
tentativa de persuasão, não constitui crime eleitoral.

Ac.-TSE, de 3.9.2014, no AgR-AI nº 498122; e, de 3.5.2011, no RESPE nº 1188716: inapli-


cabilidade do princípio da insignificância ao crime tipificado neste inciso.

Ac.-TSE, de 2.10.2012, no REspe nº 155903: atipicidade da conduta de afixar cartazes


e faixas com propaganda eleitoral em residências em data anterior ao dia das eleições.
OBS: – Há condutas que apenas configuram crime quando são cometidos no dia da
eleição: comício, carreata, distribuição de propaganda eleitoral, uso de alto-falantes, dentre
outras práticas.

ATENÇÃO:

Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e


silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou
candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches,
dísticos e adesivos.
§ 1º É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a
aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como os
instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar
manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos.
§ 2º No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos
servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso
de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido
político, de coligação ou de candidato.
§ 3º  Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido
que, em seus crachás, constem o nome e a sigla do partido político ou
coligação a que sirvam, vedada a padronização do vestuário.
§ 4º No dia do pleito, serão afixadas cópias deste artigo em lugares visí-
veis nas partes interna e externa das seções eleitorais.

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9) Art. 334 – utilização de organização comercial para propaganda ou aliciamento de
eleitores;
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mer-
cadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleito-
res:
Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o res-
ponsável for candidato.

10) Art. 335 – realização de propaganda eleitoral em língua estrangeira;

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua


estrangeira:
Pena – detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo
importa a apreensão e perda do material utilizado na propaganda.

11) Art. 337 – participação de pessoa não detentora de direitos políticos em ativida-
des partidárias e de propaganda eleitoral;

Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo


dos seus direitos políticos, de atividades partidárias, inclusive comícios
e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Lei nº 6.815/1980, art. 107: vedações a estrangeiros.

Res.-TSE nº 21.831/2004: inexistência de proibição a estrangeiros, exceto o asilado


político, de efetuar no Brasil campanha eleitoral de candidatos do país de origem; não se apli-
cam as normas sobre propaganda eleitoral previstas na Lei nº 9.504/1997 e nas instruções que
regulam as eleições brasileiras.

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emisso-


ras de rádio ou televisão que autorizar transmissões de que participem
os mencionados neste artigo, bem como o diretor de jornal que lhes di-
vulgar os pronunciamentos.

O Art. 336 do CE cuida da responsabilidade penal dos diretórios locais de partidos


políticos pela propaganda delituosa.

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer
dos arts. 322, 323, 324, 325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve
o Juiz verificar, de acordo com o seu livre convencimento, se o Diretório

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local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prá-
tica de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.

Arts. 322, 328, 329 e 333 revogados pelo art. 107 da Lei nº 9.504/1997.

Parágrafo único.  Nesse caso, imporá o Juiz ao Diretório responsável


pena de suspensão de sua atividade eleitoral por prazo de 6 a 12 meses,
agravada até o dobro nas reincidências.

Esse dispositivo, para alguns doutrinadores é uma forma de responsabilidade penal


de pessoa jurídica (partido político).

Contudo, há outros que negam essa natureza e dizem que a pena se trata de uma
punição de caráter administrativo e não criminal, pois a suspensão se restringe à atividade elei-
toral, mantendo os serviços administrativos.

E ainda, afirmam que diretório não é Partido Político, mas apenas uma parte do todo
que é o partido em âmbito nacional. E ainda que fosse, aduzem que a única possibilidade au-
torizada pela CF para a punição da pessoa jurídica é por crime ambiental.

A Lei das Eleições (Lei n. 9.504/1997) traz previsão diversa do Código Eleitoral para a
responsabilidade penal dos partidos políticos e coligações. Assim determina:

Art. 90. [...].


§ 1º. Para os efeitos desta Lei, respondem penalmente pelos partidos e
coligações os seus representantes legais.

Os crimes dessa lei estão nos arts 33, § 4º; 34, §§ 2º e 3º; 39, § 5º; 40; 68, § 2º; 72; 87, §
4º; 91, parágrafo único; e 94.

Pelo texto do artigo, deduz-se que o legislador infraconstitucional admite a possi-


bilidade de o partido político figurar como sujeito ativo de crime, contudo não admite a sua
responsabilização. Ao contrário, traz punição para pessoa que não necessariamente atuou na
realização do crime.

12) Art. 33, § 4º, da Lei nº 9.504/97 – pesquisa fraudulenta;

Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pú-


blica relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público,
são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral,
até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:
(...).

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§ 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com
detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem
mil UFIR.

A Unidade Fiscal de Referência (Ufir), instituída pela Lei nº 8.383/1991, foi extinta pela
MP nº 1.973-67/2000, tendo sido sua última reedição (MP nº 2.176-79/2001) convertida na Lei
nº 10.522/2002. Ac.-TSE nº 4.491/2005: possibilidade de conversão, em moeda corrente, dos
valores fixados em Ufir.

13) Art. 34, § 2º, da Lei nº 9.504/97 – não acesso dos partidos aos dados relativos às
pesquisas eleitorais;

§ 2º O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que


vise a retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos
constitui crime, punível com detenção, de seis meses a um ano, com a
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, e
multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.

14) Art. 34, § 3º c/c art. 35, da Lei n° 9.504/97 – irregularidade nos dados publicados
em pesquisas eleitorais.

§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os


responsáveis às penas mencionadas no parágrafo anterior, sem prejuízo
da obrigatoriedade da veiculação dos dados corretos no mesmo espa-
ço, local, horário, página, caracteres e outros elementos de destaque, de
acordo com o veículo usado.
Art. 35. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4º e 34, §§ 2º e 3º, podem
ser responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa
ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.

Crimes Eleitorais relativos à votação

O objetivo do legislador ao prescrever essas condutas criminosas restou cristalino,


pois outra não foi a sua intenção que não a de preservar a possibilidade do povo exercer o po-
der de escolha dos seus representantes de forma livre, sem qualquer tipo de pressão.

Dentro desse contexto, para alcançar tal objetivo relacionou os seguintes tipos pe-
nais:

1) Art. 297 – impedimento ou embaraço ao exercício do sufrágio;

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Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

2) Art. 298 – prisão ou detenção do eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delega-
do de partido ou candidato, fora das hipóteses legais permitidas;

Art. 298.  Prender ou deter eleitor, membro de Mesa Receptora, Fiscal,


Delegado de partido ou candidato, com violação do disposto no art. 236:
Pena – reclusão até quatro anos.

3) Art. 299 – corrupção eleitoral;

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para ou-


trem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar
voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não
seja aceita:
Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

A corrupção eleitoral é crime formal e não depende do alcance do resultado para


que se consume. Descabe, assim, perquirir o momento em que se efetivou o pagamento pelo
voto, ou se o voto efetivamente beneficiou o candidato corruptor. Essa é a mensagem do legis-
lador, ao enumerar a promessa entre as ações vedadas ao candidato ou a outrem, que atue em
seu nome (art. 299, caput, do Código Eleitoral).

A jurisprudência do TSE estabelece a necessidade de dolo específico para a caracte-


rização do crime previsto no art. 299 do CE, mediante abordagem direta ao eleitor com o obje-
tivo de obter voto. Nesse mesmo sentido:

“DOLO ESPECÍFICO” NO CRIME DE CORRUPÇÃO ELEITORAL (ART. 299 DO


CE)
O delito do art. 299 do CE, exige “dolo específico” (elemento subjetivo
especial).
No caso da corrupção eleitoral ativa, esse “dolo específico” é a intenção
do agente de obter voto ou conseguir abstenção.
Na corrupção eleitoral passiva, a finalidade específica do sujeito é a de
dar seu voto ou prometer abstenção (STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014).

A absolvição na representação por captação ilícita de sufrágio, na esfera cível-elei-


toral, ainda que acobertada pelo manto da coisa julgada, não obsta a persecutio criminis pela
prática do tipo penal descrito no art. 299 do Código Eleitoral.

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O art. 41-A da Lei das Eleições não alterou a disciplina do art. 299 do Código Eleito-
ral, de forma que permanece incólume o crime de corrupção eleitoral. O art. 41-A dispõe que a
captação ilícita de sufrágio se dá desde o registro até o dia da eleição, porém o TSE entende que
não se aplica essa limitação temporal ao crime do CE.

Ainda:

Ac.-TSE, de 2.3.2011, no ED-REspe nº 58245: a configuração do delito previsto neste


artigo não exige pedido expresso de voto, mas sim a comprovação da finalidade de obter ou
dar voto ou prometer abstenção.

Ac.-TSE, de 28.10.2010, no AgR-AI nº 10672: inaplicabilidade do princípio da insigni-


ficância.

Ac.-TSE, de 23.2.2010, HC nº 672: « exige-se para a configuração do ilícito penal que o


corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar.»

Ac.-TSE, de 25.8.2011, no AgR-AI nº 58648: para a configuração do crime de corrupção


eleitoral, a promessa de vantagem deve estar vinculada à obtenção do voto de determinados
eleitores, não podendo se confundir com a realização de promessas de campanha.

Ac.-TSE, de 26.2.2013, no RHC nº 45224: na acusação da prática de corrupção eleito-


ral, a peça acusatória deve indicar qual ou quais eleitores teriam sido beneficiados ou aliciados,
sem o que o direito de defesa fica comprometido.

4) Art. 300 – coação visando a obtenção do voto ou a sua abstenção;

Art. 300.  Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir al-
guém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido:
Pena – detenção até 6 meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleito-
ral e comete o crime prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.

Crime próprio – só o servidor público, membro ou funcionário da Justiça Eleitoral


pode ser sujeito ativo. Ex. Anular o voto ou votar em branco, em razão de coação, caracteriza o
crime.
5) Art. 301 – violência ou grave ameaça visando a obtenção do voto ou a sua absten-
ção;
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar,
ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins
visados não sejam conseguidos:
Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

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Ac.-TSE, de 17.2.2011, no AgR-REspe nº 5163598: não exigência de que o crime deste
artigo tenha sido praticado necessariamente durante o período eleitoral; a ausência de poder
de gestão de programa social não afasta eventual configuração do delito.

Trata-se de crime comum.

6) Art. 302 – concentração de eleitores para impedir, embaraçar ou fraudar o exercício


do voto;
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar
ou fraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer
forma:
Pena – reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300
dias-multa.

Ac.-TSE, de 20.3.2012, no HC nº 70543: o tipo deste artigo não alcança o transporte de
cidadãos no dia da realização de plebiscito.

A Lei nº 6.091, art. 11, III, é mais aplicada quanto à condução irregular de eleitores.
Não se pode transportar eleitor gratuitamente no dia anterior ou no dia da eleição. Jurispru-
dencialmente tem-se exigido dolo específico, consistente na finalidade de aliciamento eleitoral.

7) Art. 303 – majoração de preços de utilidades e serviços necessários à realização de


eleições;
Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à reali-
zação de eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores, im-
pressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral:
Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.

Lei nº 6.091/1974, art. 11: infrações sobre fornecimento de transporte e alimentação


a eleitor.

8) Art. 304 – ocultação, sonegação ou recusa de fornecimento de utilidades, alimen-


tos e transporte no dia da eleição;

Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o for-


necimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios
de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado
partido ou candidato:
Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.

9) Art. 305 – intervenção indevida de autoridade junto à mesa receptora, salvo Juiz
Eleitoral;

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Art. 305.  Intervir autoridade estranha à Mesa Receptora, salvo o Juiz
Eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer pretexto:
Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

10) Art. 306 – não observância da ordem de chamamento dos eleitores para votar;

Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados


a votar:
Pena – pagamento de 15 a 30 dias-multa.

11) Art. 309 – votação múltipla (votar ou tentar votar mais de uma vez) ou realizada
no lugar de outrem;

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:


Pena – reclusão até três anos.

12) Art. 310 – práticas irregulares que determinam a anulação da votação;

Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da Mesa Receptora que seja pra-


ticada, qualquer irregularidade que determine a anulação de votação,
salvo no caso do art. 311:
Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

13) Art. 312 – violação do sigilo de voto;

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:


Pena – detenção até dois anos.

14) Art. 316 – omissão no recebimento e registro de protestos, bem como de sua re-
messa à instância superior.

Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apu-


ração os protestos devidamente formulados ou deixar de remetê-los à
instância superior:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Crimes Eleitorais pertinentes à garantia do resultado legítimo das eleições

A previsão dessa modalidade de crime justifica-se na medida em que de nada adian-


taria uma campanha eleitoral isenta, um pleito realizado sem qualquer mácula, se no momento
da apuração dos resultados não houvesse nenhum tipo de regulamentação, abrindo ensejo à
prática de irregularidades que pudessem comprometer o resultado final das urnas.

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Nesse sentido, o legislador acabou por relacionar os seguintes atos dentro dessa mo-
dalidade criminosa:

1) Art. 68, § 2º, Lei nº 9.504/97 – omissão de entrega do boletim de urna;

Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado pelo Tribunal Su-
perior Eleitoral, conterá os nomes e os números dos candidatos nela vo-
tados.
§ 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a entregar cópia do bo-
letim de urna aos partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos re-
presentantes o requeiram até uma hora após a expedição.
§ 2º O descumprimento do disposto no parágrafo anterior constitui cri-
me, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de
prestação de serviço à comunidade pelo mesmo período, e multa no va-
lor de um mil a cinco mil UFIR.

2) Art. 72, Lei nº 9.504/97 – crimes atingindo o sistema de tratamento automático de


dados;
Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:
Lei nº 6.996/1982, art. 15: “Incorrerá nas penas do art. 315 do Código
Eleitoral quem, no processamento eletrônico das cédulas, alterar resul-
tados, qualquer que seja o método utilizado”.
I –  obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado
pelo serviço eleitoral, a fim de alterar a apuração ou a contagem de vo-
tos;
II – desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou programa de com-
putador capaz de destruir, apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir
dado, instrução ou programa ou provocar qualquer outro resultado di-
verso do esperado em sistema de tratamento automático de dados usa-
dos pelo serviço eleitoral;
III –  causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na
votação ou na totalização de votos ou a suas partes.

3) Art. 317, CE – violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros;

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros:


Pena – reclusão de três a cinco anos.

OBS: Resguarda a lei o sigilo do voto. Há previsão do tipo de “violar ou tentar violar”,
do que se verifica uma quebra da regra ao art. 14 do CP que adota a teoria objetiva na punição
da tentativa (enfoque na lesão do bem jurídico). Aqui também importa o elemento subjetivo
(enfoque na intenção do agente), tendo-se adotado, neste caso a teoria objetivo-subjetiva. O
mesmo ocorre nos delitos dos arts. 309 e 312.

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4) Art. 318 – contagem de votos de eleitores em relação aos quais houve impugnação.

Art. 318. Efetuar a Mesa Receptora a contagem dos votos da urna quan-


do qualquer eleitor houver votado sob impugnação (art. 190):
Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Crimes Eleitorais concernentes à organização e funcionamento dos serviços eleito-


rais

Com tais crimes se procura atingir todas as irregularidades que venham a compro-
meter as atividades desenvolvidas pelos órgãos da Justiça Eleitoral.

Acerca desse ponto, houve por bem o legislador relacionar as seguintes situações:

1) Art. 296 – promoção de desordem nos trabalhos eleitorais;

Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais:


Pena – detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

2) Art. 339 – destruição, supressão ou ocultação de urna contendo votos ou docu-


mentos eleitorais;

Art. 339.  Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou docu-


mentos relativos à eleição:
Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleito-
ral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

3) Art. 340 – fabricação, aquisição, fornecimento, subtração ou guarda de materiais


de uso exclusivo da Justiça Eleitoral;

Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratui-


tamente, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis
de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:
Pena – reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleito-
ral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

4) Art. 341 – retardamento ou não publicação de decisões, citações ou intimações da


Justiça Eleitoral;

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Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer
outro funcionário de órgão oficial federal, estadual, ou municipal, as de-
cisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral:
Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

5) Art. 342 – não apresentação de denúncia ou não execução de sentença penal con-
denatória no prazo legal pelo Ministério Público;

Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal,


denúncia ou deixar de promover a execução de sentença condenatória:
Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

É crime próprio. Trata-se de omissão do promotor de justiça eleitoral na prática de


dever funcional.

6) Art. 343 – não cumprimento, pela autoridade judiciária, do dever de representar


contra órgão do Ministério Público que não oferece denúncia no prazo legal;

Art. 343. Não cumprir o Juiz o disposto no § 3º do art. 357:


Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

7) Art. 344 – recusa ou abandono do serviço eleitoral sem justa causa;

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:


Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Atenção: Segundo o TSE, o não comparecimento de mesário no dia da votação não


configura o crime, pois prevista punição administrativa no dispositivo legal pertinente, o qual
não contém ressalva quanto à possibilidade de cumulação com sanção de natureza penal. Nes-
se sentido: Ac.-TSE, de 28.4.2009, no HC nº 638.

8) Art. 345 – não cumprimento dos deveres impostos pelo Código Eleitoral à autori-
dade judiciária e aos funcionários da Justiça Eleitoral;

Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário


dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos
por este Código, se a infração não estiver sujeita a outra penalidade:
Pena – pagamento de 30 a 90 dias-multa.

Lei nº 4.410/1964, art. 2º, e Lei nº 9.504/1997, art. 94, caput e § 2º: infração às normas
que preveem prioridade para os feitos eleitorais. V., também, art. 58, § 7º, da última lei citada.

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9) Art. 347 – desobediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral.

Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, or-


dens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execu-
ção:
Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-
-multa.

Ac.-TSE, de 18.10.2011, no HC nº 130882: o tipo penal deste artigo aperfeiçoa-se ape-
nas na sua forma dolosa.

Ac.-TSE nºs 240/1994, 11.650/1994, 245/1995 e Ac.-TSE, de 6.11.2007, no HC nº 579:


necessidade, para configuração do crime, que tenha havido ordem judicial, direta e indivi-
dualizada, expedida ao agente.

Ac.-TSE, de 6.11.2007, no HC nº 579: impossibilidade de imputação do crime de de-


sobediência a candidatos caso a determinação judicial de observância às regras de propa-
ganda eleitoral tenha sido dirigida exclusivamente a partidos e a coligações.

OBS: Desobediência e resistência eleitoral – Condutas vedadas pela lei eleitoral que
não prevêem sanção. Ex. carro com som transitando em local ou horário proibido. Configura-se
quando a ordem é específica e dirigida a pessoas determinadas. Ordem que deve ser legítima e
expedida por autoridade competente.

Ainda: A ordem judicial deve ser legal para sujeitar o respectivo destinatário à perse-
cução criminal pelo crime de desobediência (CE, art. 347). A omissão do paciente em remover a
propaganda considerada irregular no âmbito de representação eleitoral, descumprindo assim
ordem judicial, não autoriza por si só a propositura da ação penal. É preciso que a denúncia
descreva qual o fato qualificado como propaganda eleitoral irregular, e que esta seja efetiva-
mente irregular.

Crimes contra a fé-pública eleitoral

A previsão dessas modalidades criminosas tem por objetivo evitar a manipulação de


documentos públicos, de forma a comprometer o resultado final das eleições.

Nesse sentido, relacionou o legislador as seguintes modalidades:

1) Art. 348 – falsificação de documento público para fins eleitorais;

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Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro, para fins eleitorais:
Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, a pena é agravada.
§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado
de entidade paraestatal, inclusive fundação do Estado.

2) Art. 349 – falsificação de documento particular para fins eleitorais;

Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar


documento particular verdadeiro, para fins eleitorais:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.

3) Art. 350 – falsidade ideológica;

Art. 350.  Omitir, em documento público ou particular, declaração que


dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserirdeclaração falsa ou di-
versa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o
documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10
dias-multa, se o documento é particular.

Ac.-TSE, de 18.3.2010, no AgR-REspe nº 36.417: eventuais omissões em declaração de


bens para fins de registro da candidatura não configuram a hipótese típica versada neste artigo.

Ac.-TSE, de 2.5.2006, nos REspe nºs 25.417 e 25.418: para a adequação do tipo penal
previsto neste dispositivo é necessário que a declaração falsa prestada para fins eleitorais seja
firmada pelo próprio eleitor interessado, e não por terceiro.

• Ac.-TSE, de 7.12.2011, no HC nº 154094: o tipo previsto neste artigo é crime for-
mal, sendo irrelevante a existência de resultado naturalístico, bastando que o documento
falso tenha potencialidade lesiva.

• Ac.-TSE, de 18.8.2011, no REspe nº 23310: o tipo previsto neste artigo não é meio
necessário nem fase normal de preparação para a prática do delito tipificado no art. 290 deste
código; são crimes autônomos que podem ser praticados sem que um dependa do outro.

• Ac.-TSE, de 1º.8.2014, no AgR-REspe nº 105191: caracteriza-se o delito quando do


documento constar informação falsa preparada para provar, por seu conteúdo, fato juridica-
mente relevante.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário pú-
blico e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou
alteração é de assentamentos de registro civil, a pena é agravada.

4) Art. 352 – reconhecimento indevido de firma ou letra para fins eleitorais;

Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública,


firma ou letra que o não seja, para fins eleitorais:
Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa se o
documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10
dias-multa se o documento é particular.

5) Art. 353 – uso de documento falso para fins eleitorais;

Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou altera-


dos, a que se referem os arts. 348 a 352:
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração

6) Art. 354 – obtenção de documento falso para fins eleitorais.

Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou


particular, material ou ideologicamente falso para fins eleitorais:
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.

Os crimes de falsidade em regra possuem correspondente com o CP, diferenciando-


-se em relação à finalidade.

OBSERVAÇÕES:

Diferença entre Boca de Urna (artigo 39, parágrafo quinto da Lei 9.504/97), Captação
de sufrágio (artigo 41-A da Lei 9.504/97) e Crime de Corrupção Eleitoral (artigo 299 do Código
Eleitoral)

1) Boca-de-urna:

Lei 9.504/97
Art. 39. (...).
§ 5º - Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de
seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comu-
nidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil
UFIR:
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de co-

114
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
mício ou Carreata;
II - a distribuição de material de propaganda política, inclusive volantes
e outros impressos, ou a prática de aliciamento, coação ou manifestação
tendentes a influir na vontade do eleitor;
III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos polí-
ticos ou de seus candidatos, mediante publicações, cartazes, camisas,
bonés, broches ou dísticos em vestuário. (Incluído pela Lei nº 11.300, de
2006)

“A ‘boca-de-urna’ é caracterizada pela coação, que inibe a livre escolha do eleitor


(Lei nº 9.504/97, art. 39, § 5 °).” (Res. nº 20.531, de 14.12.99, rel. Min. Maurício Corrêa.)

2) Captação de sufrágio:

Lei 9.504/97
Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos (gastos com a
campanha permitidos por lei), constitui captação de sufrágio, vedada
por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao elei-
tor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qual-
quer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro
da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil
a cinqüenta mil UFIR, e cassação do registro ou do diploma, observado
o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar n. 64, de 18 de
maio de 1990.

“A ‘captação de sufrágio’ constitui oferecimento ou promessa de vantagem ao elei-


tor, com o fim de obter-lhe o voto (Lei nº 9.504/97, art. 41-A, acrescido pela Lei nº 9.840/99).
Consulta respondida negativamente.” (Res. nº 20.531, de 14.12.99, rel. Min. Maurício Corrêa).

Jurisprudência: Para caracterizar a captação ilegal de sufrágio, três elementos são


indispensáveis, segundo consta do voto condutor proferido no Ac. nº 19.176/2001, rel. Min. Se-
púlveda Pertence:(1) a prática de uma ação (doar, prometer, etc.); (2) a existência de uma pes-
soa física (um eleitor focado na intenção ou ato praticado); e (3) o resultado a que se propõe o
agente, que é a obtenção de voto.

Exige, ainda, a prática do ato, a participação ou anuência expressa do candidato na


conduta ilícita (esta jurisprudência já começou a ser revista).

Ainda, segundo a jurisprudência dominante, terceiros envolvidos (não candidatos)


NÃO respondem na forma do art. 41-A, Lei nº 9.504/97.

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C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
A captação ilícita de sufrágio viola a liberdade de voto do eleitor, fato que torna
desnecessária a verificação da potencialidade lesiva da prática para o resultado da eleição,
conforme entendimento pacífico do TSE, porquanto a norma visa proteger a vontade do elei-
tor. Basta a compra de um único voto para que a captação ilícita de sufrágio seja caracterizada
como motivo suficiente para a cassação do mandato do candidato corruptor.

Além disso, é importante destacar que a formulação de promessas genéricas não leva
à captação ilícita de sufrágio, bem como que tal prática pode ser observada tanto na promessa
de vantagem como também na ameaça. O que deve ser coibido, de acordo com a lei, é a prática
de atos que violem a liberdade de escolha do eleitor no processo eleitoral.

3) Crime de Corrupção Eleitoral

Art. 299 CE: Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para
outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou
dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não
seja aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-
-multa.

- jurisprudência dominante = terceiros envolvidos (não candidatos) respondem cri-


minalmente na forma do art. 299, Código Eleitoral
- Ao art. 41-A, conforme a jurisprudência, vem sendo aplicada a mesma interpretação
outorgada ao art. 299 do Código Eleitoral, que tipifica criminalmente a corrupção eleitoral (esta
última mais abrangente).
- Um mesmo e único fato jurídico pode ter reflexos em searas diversas. Aquele que
captar ilicitamente sufrágio, poderá sofrer, além das sanções previstas no art. 41-A da Lei
9.504/97, as reprimendas penais cabíveis, na forma do art. 299, Código Eleitoral.
- Nesse sentido, cabe, ainda, trazer à baila que a similitude do art. 41-A da Lei nº
9.504/1997 com o art. 299 do Código Eleitoral tem recebido, também, guarida pela jurisprudên-
cia, a qual tem exigido, para a configuração da conduta extrapenal - tal qual a norma penal:
- a necessidade de comprovação do dolo específico;
- o reconhecimento da consumação formal;
- o afastamento do pedido de voto genérico ou implícito para fins de condenação.

O voto do preso provisório e a força armada na seção eleitoral a menos de 100 metros

Preso provisório:

- preso provisório = está em pleno gozo dos direitos políticos.


- preso provisório em seu domicílio eleitoral - Art. 136, Código Eleitoral: deverão ser
instaladas seções nas vilas e povoados, assim como nos estabelecimentos de internação coleti-

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PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
va, inclusive para cegos e nos leprosários onde haja, pelo menos, 50 (cinqüenta) eleitores.
- preso provisório fora de seu domicílio eleitoral – transferência de domicílio no prazo
de até 150 dias antes das eleições - art. 91, Lei nº 9.504/97.

TSE: Consulta:

1. Pode o juiz eleitoral, em ano de eleições gerais, deixar de instalar se-


ção eleitoral especial em presídio que possua mais de 50 presos provi-
sórios (portanto no pleno gozo de seus direitos políticos) com domicílio
eleitoral no estado em que estão recolhidos, diante do que dispõem os
art. 15, III, da Constituição da República; 136 do Código Eleitoral, e as
resoluções nºs 20.471/99 e 20.997/2002 do TSE?
2. O preso provisório, para exercer seu direito constitucional de voto, é
obrigado a transferir seu título eleitoral da cidade em que possui resi-
dência, família e inscrição eleitoral (domicílio eleitoral histórico) para
a cidade em que localizado o estabelecimento prisional onde está re-
colhido provisoriamente? Em caso afirmativo, essa transferência deve
observar o prazo de 150 dias de antecedência previsto no art. 91 da Lei
nº 9.504/97?
3. Como deve proceder o Tribunal Regional Eleitoral para garantir o exer-
cício do voto ao preso que está no gozo de seus direitos políticos? Está
o Tribunal impedido de providenciar a destinação de urnas eletrônicas
para os estabelecimentos prisionais com mais de 50 eleitores em condi-
ções de votar, sem que tenha havido prévia transferência da inscrição
eleitoral?
Ementa: “Consulta. Seção eleitoral especial. Estabelecimento peniten-
ciário. Presos provisórios. A possibilidade de presos provisórios virem
a votar depende da instalação de seções especiais, bem como de os in-
teressados terem efetuado pedido de transferência eleitoral.” Res. nº
21.804, de 8.6.2004 (Cta nº 834/DF), rel. Min. Humberto Gomes de Barros.  

Força armada na seção eleitoral a menos de 100 metros

Regra geral (art. 141 c/c art. 238, ambos do Código Eleitoral):

Art. 141. A força armada conservar-se-á a cem metros da seção eleitoral


e não poderá aproximar-se do lugar da votação, ou dele penetrar, sem
ordem do presidente da mesa.
Art. 238. É proibida, durante o ato eleitoral, a presença de força pública
no edifício em que funcionar mesa receptora, ou nas imediações, obser-
vado o disposto no Art. 141.

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C U RSO PARA A
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9) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. AÇÃO DE INVESTI-
GAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL OU REPRESENTAÇÃO JURISDICIONAL ELEITORAL. RECURSO
CONTRA A DIPLOMAÇÃO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

Ação de Impugnação de Registro de Candidatos (AIRC)

(Arts. 3º a 17 da Lei Complementar nº 64/90 – Lei das Inelegibilidades).

Marcos Ramayana (in Direito Eleitoral. Rio de Janeiro: Ímpetus, 2004, p. 321) afirma
que a finalidade dessa ação impugnativa é “indeferir o pedido de registro de candidatos que
não possuam condições de elegibilidade, sejam inelegíveis (hipóteses de não desincompatibi-
lização) ou, ainda, estejam privados definitiva ou temporariamente dos direitos políticos – Art.
15 da CRFB”.

A inelegibilidade é causa de pedir, mas não consequência desta ação.

Incumbe, destarte, à Justiça Eleitoral decidir, definitivamente, pela procedência ou


improcedência do pedido contido nessa demanda e declarar se a pessoa pode ou não exercer o
direito de ser votada (capacidade eleitoral passiva) em determinado pleito eletivo.

Possuem legitimidade ativa para a propositura da ação: a) candidato; b) partido polí-


tico; c) coligação (funciona, durante o processo eleitoral, como um partido político temporário);
e d) Ministério Público Eleitoral. Trata-se de rol exaustivo.

O representante do Ministério Público que, nos dois anos anteriores ao pleito, tenha
disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido político ou exercido atividade político-
-partidária não poderá ingressar com AIRC. Embora o § 2º do art. 3º da LC nº 64/90 refira-se
ao prazo de quatro anos, tem prevalecido o lapso temporal contido na Lei Complementar nº
75/93, ao asseverar, no art. 80, que a “filiação a partido político impede o exercício de funções
eleitorais até dois anos de seu cancelamento”.

Jurisprudência e doutrina dominantes entendem que o partido político não tem legi-
timidade para propor AIRC em face de seus próprios filiados, bem como falta-lhe legitimidade,
se coligado (nesse caso, cabe a ação proposta pela coligação).

Quanto à legitimidade passiva, deverão figurar no pólo passivo da AIRC os pré-can-


didatos , isto é, aqueles cidadãos escolhidos em convenção partidária, mas que supostamente
1

não preenchem as condições de elegibilidade previstas na lei ou na CF.

Anote-se a inexistência de litisconsórcio necessário entre o candidato e o partido ou


coligação. Nesse sentido:

1 Só há candidatura propriamente dita após o deferimento do pedido de registro pela Justiça Eleitoral.

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MP-SP
“[...]. Registro de candidato. Indeferimento. Partido político. Litisconsór-
cio necessário. Inexistência. Inelegibilidade. Art. 1º, I,  j, da LC nº 64/90.
[...]. 1. Nas ações de impugnação de registro de candidatura, não existe
litisconsórcio necessário entre o pré-candidato e o partido político pelo
qual pretende concorrer no pleito, cuja admissão deve se dar apenas na
qualidade de assistente simples, tendo em vista os reflexos eleitorais
decorrentes do indeferimento do registro de candidatura. [...].”
(Ac. de 3.11.2010 no AgR-RO nº 69387, rel. Min. Marcelo Ribeiro;no mes-
mo sentido oAc. de 23.4.2009 no ED-AgR-REspe nº 33498, rel. Min. Ricar-
do Lewandowski e oAc. nº 14374, de 23.10.96, rel. Min. Eduardo Ribeiro.)

Segundo o doutrinador Roberto Moreira de Almeida, NAS ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS


PARA A CHEFIA DO EXECUTIVO E PARA SENADOR, deve ser promovida a citação do respectivo
vice e suplentes.

Porém, ao que consta, para o TSE, NA FASE DO REGISTRO DE CANDIDATURA, NÃO HÁ


LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE O CANDIDATO IMPUGNADO E SEU VICE, mesmo
nas eleições majoritárias. Nesse sentido:

“Registro de candidatura. Impugnação. Rejeição de contas. Convênio.


1. Este Tribunal já assentou que, na fase do registro de candidatura, não
há falar em litisconsórcio passivo necessário entre candidatos a prefeito
e vice-prefeito. [...]”
(Ac. de 10.6.2010 no REspe nº 36974, rel. Min. Arnaldo Versiani;no mes-
mo sentido o Ac. de 18.12.2008 no AgR-REspe nº 35039, rel. Min. Marcelo
Ribeiro e oAc. nº 22332, de 30.11.2004, rel. Min. Gilmar Mendes.)

O prazo para a propositura da AIRC é de 5 (cinco) dias, contados a partir da publica-


ção do pedido de registro da candidatura pela Justiça Eleitoral (publicação do edital) – Art. 3º,
caput, da Lei nº 64/90. Trata-se de prazo decadencial.

Competência para processá-la e julgá-la:

- TSE: impugnação à candidatura de Presidente ou Vice-Presidente da República;


- TRE: impugnação à candidatura de Governador, Vice-Governador, Senador, Deputa-
do Federal, Estadual ou Distrital; e
- Juiz Eleitoral: impugnação à candidatura de Vereador, Prefeito ou Vice-Prefeito.

Procedimento

É uma ação de rito especial e jurisdição contenciosa, observadas as seguintes etapas:

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C U RSO PARA A
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MP-SP
I) Petição inicial: devidamente fundamentada e acompanhada, desde logo, dos
meios de prova com que o autor pretende demonstrar a veracidade do alegado, bem como o rol
de testemunhas (máximo de seis).

• Ac.-TSE, de 5.9.2013, no RMS nº 71926: inadmissibilidade de apresentação, em


AIME, do rol de testemunhas em momento posterior à petição inicial.

É uma ação de natureza civil-eleitoral. NÃO há valor da causa nas ações eleitorais.

II) Citação para, no prazo de 7 dias, apresentar defesa.

III) Contestação: oportunidade na qual o réu pode juntar documentos, indicar o rol
de testemunhas (máximo de 6) e requerer a produção de outras provas, inclusive documentos.

A ausência de contestação importa em revelia e julgamento antecipado da lide.

IV) Instrução: deve ser designada para os 4 dias seguintes ao recebimento da con-
testação, para a inquirição das testemunhas (as do impugnante são ouvidas em primeiro lugar
e, ato contínuo, em uma mesma assentada, são inquiridas as testemunhas do impugnado).

V) Alegações finais: no prazo comum de 5 dias (inclusive para o MP), a contar do en-
cerramento da dilação probatória.

VI) Decisão e recurso: encerrado o prazo para a apresentação das alegações finais,
os autos são encaminhados ao Juiz ou Relator, no dia imediato, para prolação de sentença ou
julgamento pelo Tribunal. A sentença deve ser entregue em Cartório no prazo de 3 dias. Não há
publicação da sentença na imprensa oficial.

Súmula nº 10, TSE. No processo de registro de candidatos, quando a sen-


tença for entregue em Cartório antes de três dias contados da conclusão
ao juiz, o prazo para o recurso ordinário, salvo intimação pessoal ante-
rior, só se conta do termo final daquele tríduo.

Se a AIRC for julgada improcedente, não há relação de prejudicialidade, de modo que


o pedido de registro da candidatura pode ser julgado procedente ou improcedente.

Da decisão, caberá recurso, em petição fundamentada, no prazo de 3 dias (contados


da publicação da sentença, para o TRE ou TSE, conforme o caso.

ATENÇÃO: no caso de declaração de inelegibilidade do candidato, transitada em jul-


gado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado, ser-lhe-á negado registro, cancela-
do, se já tiver sido deferido, ou declarado nulo o diploma, se já expedido. Lembre-se: o candi-
dato concorreu “subjudice” por sua conta e risco.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Faculta-se ao partido político ou coligação, nos termos do art. 17 da LC nº 64/90,
substituir o candidato considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, mesmo que a decisão pas-
sada em julgado tenha sido proferida após o prazo do registro. Incumbirá à Comissão Executiva
do partido fazer a escolha do substituto.

Art. 17. É facultado ao partido político ou coligação que requerer o regis-


tro de candidato considerado inelegível dar-lhe substituto, mesmo que
a decisão passada em julgado tenha sido proferida após o termo final
do prazo de registro, caso em que a respectiva Comissão Executiva do
partido fará a escolha do candidato.

• CE/65, art. 101, § 5º, e Lei nº 9.504/1997, art. 13.

ATENÇÃO: Com a minerreforma eleitoral, o art. 13 da Lei nº 9.504/97, que dispõe


sobre o prazo para substituição, pelo partido ou coligação, do candidato considerado inelegível
foi alterado. Vejamos:

Art. 13. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato quefor


considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final doprazo
do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado.
§ 1o A escolha do substituto far-se-á na forma estabelecida no estatutodo
partido a que pertencer o substituído, e o registro deverá serrequerido
até 10 (dez) dias contados do fato ou da notificação dopartido da decisão
judicial que deu origem à substituição. (Redaçãodada pela Lei nº 12.034,
de 2009)
§ 2º Nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação,
asubstituição deverá fazer-se por decisão da maioria absoluta dosórgãos
executivos de direção dos partidos coligados, podendo osubstituto ser
filiado a qualquer partido dela integrante, desde que opartido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito depreferência.
§ 3º Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a
substituição só se efetivará se o novo pedido for apresentado até 20
(VINTE) DIAS ANTES DO PLEITO, exceto em caso de falecimento de can-
didato, quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo.

E, ainda:

Art. 18. A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da


República, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Munici-
pal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-
-Prefeito, assim como a destes não atingirá aqueles.

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MP-SP
• Ac.-TSE, de 26.10.2006, no REspe nº 25.586: o art. 18 da LC nº 64/1990 é aplicável
aos casos em que o titular da chapa majoritária teve seu registro indeferido antes das elei-
ções. Assim, o partido tem a faculdade de substituir o titular, sem qualquer prejuízo ao vice. En-
tretanto, a cassação do registro ou diploma do titular, após o pleito, atinge o seu vice, perden-
do este, também, o seu diploma, porquanto maculada restou a chapa. Isso com fundamento
no princípio da indivisibilidade da chapa única majoritária [...]. Desse modo, [...] incabível a
aplicação do art. 18 da LC nº 64/1990, pois, no caso dos autos, a candidata a prefeita teve seu
registro indeferido posteriormente às eleições.

Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)

Arts. 19 a 23 da Lei das Inelegibilidades.

É a ação destinada a proteger a legitimidade e normalidade das eleições e coibir o


abuso do poder econômico ou político, a utilização indevida de veículos ou meios de comuni-
cação, bem como a fraude nos pleitos eleitorais brasileiros (Roberto Moreira de Almeida).

Trata-se de uma ação de investigação, tendo os corregedores dos tribunais o papel


de conduzir tal prática, a fim de que seja averiguado se há ou não, efetivamente, abuso de po-
der motivador de ameaça à legitimidade e normalidade do pleito.

Em regra, a AIJE pode ser ajuizada no período compreendido entre o registro da can-
didatura e o dia da diplomação. Se ajuizada após esta data, segundo entendimento do TSE
(por exemplo, na Representação nº 305/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, em 27/03/2003), o
processo deve ser extinto, pela decadência.

Há, entretanto, alguma possibilidade de ser proposta AIJE após a diplomação?

Sim. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral,


no prazo de 15 dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de
investigação judicial para apurar conduta em desacordo com as normas da Lei das Eleições,
relativas à arrecadação e gastos de recursos (Art. 30-A, da Lei nº 9.504/97).

Ou seja, para apurar condutas relativas à ARRECADAÇÃO E GASTOS COM RECURSOS,


é possível AIJE APÓS A DIPLOMAÇÃO, mais especificamente no prazo de 15 dias da diplomação.

Possui legitimidade ativa: a) os partidos políticos, desde que não coligados; b) as


coligações*; c) os candidatos; e d) o Ministério Público Eleitoral, que se não for autor, atuará,
obrigatoriamente, como custos legis.

* Entende-se que se a AIJE for ajuizada após as eleições, o partido que atuou em co-
ligação, poderá ingressar com a ação isoladamente.

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São legitimados passivos: candidatos e terceiros (apenas pessoa física) que opera-
ram condutas abusivas em benefício de candidato. É entendimento pacífico do TSE a impossi-
bilidade de pessoas jurídicas figurarem no polo passivo de AIJE, nesse sentido:

“Representação. Investigação judicial. Arrecadação irregular. Recursos de campanha


eleitoral. Indeferimento de inicial. [...] As pessoas jurídicas são partes ilegítimas para figurar no
pólo passivo de representações com pedido de abertura de investigação judicial eleitoral, nos
termos do art. 22 da Lei Complementar no 64/90, tendo em vista o fato de a sanção imposta pela
referida norma não as alcançar. [...]” NE: Representação proposta contra candidato, coligação
partidária, comitê financeiro de coligação e entidades privadas.
(Ac. de 9.11.2006 no AgRgRp no 1.229, rel. Min. Cesar Asfor Rocha;no mesmo sentido o Ac. de
7.11.2006 na Rp no 1.033, rel. Min. Cesar Asfor Rocha.)

Ainda sobre legitimidade passiva:

• Ac.-TSE, de 17.5.2011, no AgR-AI nº 254928: existência de litisconsórcio passivo


necessário entre o titular e o vice, nas ações eleitorais em que é prevista a pena de cassa-
ção de registro, diploma ou mandato (AIJE, representação, RCED e AIME); impossibilidade de
emenda à inicial e consequente extinção do feito sem resolução de mérito se o prazo para a
propositura de AIME tiver decorrido sem inclusão do vice no polo passivo da demanda.

ATENÇÃO: A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral consolidou-se no senti-


do de que, nas ações eleitorais em que é prevista a pena de cassação do registro, diploma ou
mandato (Investigação Judicial Eleitoral, Representação, Recurso contra Expedição de Di-
ploma e Ação de Impugnação de Mandato Eletivo), há litisconsórcio passivo necessário entre
o titular e o vice, dada a possibilidade de este ser afetado pela eficácia da decisão.

• Ac.-TSE, de 2.3.2011, no AgR-AI 130734 e Ac.-TSE, de 19.8.2010, no AI n° 11.834:


inexigência de formação de litisconsórcio passivo necessário entre o beneficiado e os que
contribuíram para a realização da conduta abusiva.

Competência para processar e julgar a AIJE

- Corregedor-Geral Eleitoral: julgamento pelo TSE, nas eleições presidenciais (Presi-


dente e Vice-Presidente da República);
- Corregedor-Regional Eleitoral: julgamento pelo plenário do Tribunal Regional Elei-
toral, nas eleições gerais (Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado
Estadual e Deputado Distrital); e
- Juiz Eleitoral: competente não apenas para fazer a investigação, tal como os Cor-
regedores Geral e Regional, como também para proferir sentença, quando se tratar de eleições
municipais (Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador).

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Pode ser causa de pedir:

- a utilização indevida, o desvio ou o abuso do poder econômico;


- o uso indevido, o desvio ou o abuso do poder político ou de autoridade;
- a utilização indevida dos meios de comunicação;
- o uso indevido dos veículos de transporte (Lei nº. 6091/74).

O que se exige, hoje, é a gravidade da conduta e não mais a potencialidade lesiva ca-
paz de alterar o resultado do pleito. Com a promulgação da LC 135/10 foi acrescido ao art. 22 da
LC 64/90 o inciso XVI, dispondo que para a configuração do ato abusivo, não será considerada
a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circuns-
tancias que o caracterizam.

Ressalte-se que, a partir da Lei da Ficha Limpa, a AIJE passou a ser instrumento hábil
à perda do mandato eletivo do investigado, caso a decisão final do processo só ocorra após sua
posse em mandato eletivo.

O rito processual está disciplinado no art. 22 da LC nº 64/90, observadas as seguintes


fases: (chamado de rito sumaríssimo)

I) Petição inicial: deverá ser direcionada, devidamente fundamentada e acompanha-


da dos meios de prova com que se pretende demonstrar a veracidade do alegado e rol de teste-
munhas (máximo de 06), ao órgão jurisdicional competente (Juiz Eleitoral, Corregedor Regional
Eleitoral ou Corregedor Geral Eleitoral).

II) Notificação e defesa: o representado deve ser notificado para, no prazo de 5 dias,
apresentar defesa, requerer a juntada de documentos e arrolar testemunhas (máximo de 06).

* O MP, sob pena de nulidade, deverá ser intimado para atuar como custos legis,
quando não for parte.

III) Instrução: deve ser designada para os 5 dias seguintes ao recebimento da defesa.

IV) Diligências: o Juiz ou Corregedor, no prazo de 3 dias após a audiência de instru-


ção, procederá à realização de todas as diligências necessárias para a formação do conjunto
probatório, como, por exemplo, a realização de perícias e a juntada de documentos em poder
de terceiros.

V) Alegações finais: prazo comum de 2 dias, a contar do encerramento das diligên-


cias.
VI) Decisão e recurso: encerrado o prazo para apresentação de alegações finais, os
autos devem ser encaminhados ao Juiz Eleitoral para, no prazo de 3 dias, sentenciar.

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C U RSO PARA A
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MP-SP
Tratando-se de feito de competência originária de tribunal, o Corregedor deverá
apresentar seu relatório para apreciação e julgamento, na primeira sessão subsequente, do TRE
ou do TSE.
Art. 22 (...).
II – no caso do Corregedor indeferir a reclamação ou representação, ou
retardar-lhe a solução, poderá o interessado renová-la perante o Tribu-
nal, que resolverá dentro de 24 (vinte e quatro) horas;

De qualquer das decisões sobreditas, caberá recurso, em petição fundamentada, no


prazo de 3 dias, para o TRE ou TSE, conforme o caso.

Efeitos

Uma vez julgada procedente a representação, mesmo após a proclamação dos elei-
tos, de acordo com o inciso XIV do art. 22 da LC nº 64/90, com redação dada pela LC nº 135/10,
o Tribunal deverá declarar a inelegibilidade do representado e de quantos tenham contribuído
para a prática do ato, para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição
em que se verificou,além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente benefi-
ciado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade
ou dos meios de comunicação, determinando o encaminhamento dos autos ao Ministério Pú-
blico Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenan-
do quaisquer outras medidas que a espécie comportar.

Ac.-TSE, de 12.2.2009, no RO nº 1.362: possibilidade de imposição da pena de cas-



sação de registro e de inelegibilidade, mesmo após o dia da votação, mas antes da diplomação
do candidato eleito. Interpretação que visa a excluir um vácuo jurisdicional (do dia da votação
até a diplomação dos eleitos) durante o qual não existiria qualquer provimento jurisdicional
efetivo, capaz de gerar a cassação de registro, hábil a afastar do processo eleitoral e a impedir
que venha a ser diplomado o candidato que abusou do seu poder econômico ou político.

Prioridade

Os processos de desvio ou abuso do poder econômico ou de autoridade, até que


sejam julgados, terão prioridade sobre quaisquer outros, ressalvados “habeas corpus” e man-
dado de segurança. Com efeito, os membros do Ministério Público Eleitoral e os magistrados da
Justiça Eleitoral não poderão deixar de cumprir qualquer prazo previsto na Lei de Inelegibilida-
des sob eventual alegação de acúmulo de serviço no exercício das funções regulares.

Atenção: Sendo a decisão procedente:

# Cassação do registro ou do diploma, conforme o caso;


# A inelegibilidade é pessoal. Não é porque atingiu o Prefeito, que atingirá diretamen-
te o Vice.

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O Julgamento procedente da AIJE em pleito majoritário acarretará a realização de
novas eleições, nos termos do art. 224, §3o e 4o, do Código Eleitoral:

§ 3o A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do regis-


tro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito
em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização
de novas eleições, independentemente do número de votos anulados.
§ 4o A eleição a que se refere o § 3o correrá a expensas da Justiça Elei-
toral e será:
I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final
do mandato;
II - direta, nos demais casos.”

• CF/88, art. 77, §§ 2º e 3º, c.c. os arts. 28 e 29, II: votos nulos e em branco não com-
putados para o cálculo da maioria nas eleições de Presidente da República e Vice-Presidente da
República, Governador e Vice-Governador, Prefeito e Vice-Prefeito de municípios com mais de
duzentos mil eleitores.
• Ac.-TSE, de 18.5.2010, no REspe nº 36043 (renovação da eleição); e Ac.-TSE, de
4.5.2010, no AgR-REspe nº 3919571 (eleição suplementar): o exame da aptidão de candidatura
deve ocorrer no momento do novo pedido de registro, não se levando em conta a situação an-
terior do candidato na eleição anulada, a menos que ele tenha dado causa à anulação.
• Ac.-TSE nºs 13.185/1992, 2.624/1998, 3.113/2003 e Ac.-STF, de 2.10.1998, no RMS
nº 23.234: não há incompatibilidade entre este artigo e o art. 77, § 2º, da CF/88.
• Ac.-TSE, de 29.6.2006, no MS nº 3.438 e de 5.12.2006, no REspe nº 25.585: “Para fins
de aplicação do art. 224 do Código Eleitoral, não se somam aos votos anulados em decorrência
da prática de captação ilícita de sufrágio os votos nulos por manifestação apolítica de eleitores”.
Res.-TSE nº 22.992/2008: “Os votos dados a candidatos cujos registros encontravam-se sub
judice, tendo sido confirmados como nulos, não se somam, para fins de novas eleições (art.
224, CE), aos votos nulos decorrentes de manifestação apolítica do eleitor”.
• Ac.-TSE, de 29.6.2006, no MS nº 3.438: impossibilidade de conhecimento, de ofício,
da matéria tratada neste dispositivo, ainda que de ordem pública.
• Ac.-TSE, de 4.5.2010, no AgR-REspe nº 3919571: a renovação da eleição reabre todo
o processo eleitoral e constitui novo pleito, de nítido caráter autônomo. Ac.-TSE, de 1º.7.2009,
no MS nº 4.228: “Cuidando-se de renovação das eleições, com base no art. 224 do CE, devem ser
considerados os eleitores constantes do cadastro atual”. Ac.-TSE, de 4.3.2008, no MS nº 3.709:
observância do prazo mínimo de um ano de filiação partidária ainda que na renovação da elei-
ção tratada neste dispositivo.
• Ac.-TSE, de 10.9.2013, no REspe nº 757; de 20.10.2009, no REspe nº 35796; de
2.8.2007, no REspe nº 28116; de 12.6.2007, no REspe nº 26.140; e, de 14.2.2006, no MS nº 3413:
impossibilidade de participação, na renovação do pleito, do candidato que deu causa à nulida-
de da eleição anterior.
• Ac.-TSE, de 1º.7.2013, no MS nº 17886; e Ac.-TSE, de 4.9.2008, no MS nº 3.757: no

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caso da aplicação deste artigo, o presidente do Legislativo Municipal é o único legitimado a as-
sumir a chefia do Executivo Municipal interinamente, até a realização do novo pleito.
• Ac.-TSE, de 2.9.2008, no Ag nº 8.055; de 18.12.2007, no MS nº 3.649: incidência do
art. 224 do CE/65 em sede de ação de impugnação de mandato eletivo.

§ 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cum-


prir o disposto neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao co-
nhecimento do Procurador-Geral, que providenciará junto ao Tribunal
Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.
§ 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos neste Capítulo o Ministério
Público promoverá, imediatamente, a punição dos culpados.

Abuso de poder, captação de sufrágio e condutas vedadas

Abuso do poder econômico

Na lição de Pedro Roberto Decomain (in Elegibilidades e inelegibilidades. Florianópo-


lis: Obra jurídica, 2000, p.72), considera-se abuso de poder econômico “o emprego de recursos
produtivos (bens e serviços de empresas particulares, ou recursos próprios do candidato que
seja mais abastado) fora da moldura para tanto traçada pelas regras de financiamento de cam-
panha constante da Lei nº. 9.504/97”.

Sabendo ser nefasto o uso abusivo do poder econômico, pois tal prática é capaz de
desequilibrar o pleito eleitoral, tem-se buscado encontrar mecanismos para reduzir tal influên-
cia, sobretudo estabelecendo regras para a arrecadação e a aplicação de recursos nas campa-
nhas eleitorais.

Há uma limitação de gastos e os candidatos eleitos ou não, bem como os partidos


políticos e as coligações, deverão prestar contas das despesas realizadas na campanha à Justi-
ça Eleitoral (até o trigésimo dia após a data da eleição ou da data do segundo turno, se houver).

Julgadas irregulares, as contas deverão ser encaminhadas ao Ministério Público Elei-


toral para, conforme o caso, ajuizar, eventualmente, Ação de Investigação Judicial Eleitoral,
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo ou Recurso Contra a Diplomação.

Art. 30-A da Lei das Eleições » possibilidade de propositura da AIJE, para apurar con-
dutas em desacordo com as normas da referida lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos
» a AIJE, a ser proposta no prazo de quinze dias a contar da eleição, neste caso, deverá seguir o
rito previsto no art. 22 da Lei das Inelegibilidades (LC 64/90).

Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à


Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando

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fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para
apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à ar-
recadação e gastos de recursos.

• Ac.-TSE, de 1º. 2. 2011, no AgR-REspe nº 28.315: a adoção do rito do art. 22 da LC nº


64/1990 para a representação prevista neste artigo não implica o deslocamento da competên-
cia para o corregedor.
• Ac.-TSE, de 7.2.2012, no REspe nº 1632569: a cassação do diploma nas hipóteses
de captação ou gastos ilícitos de recursos requer a demonstração da proporcionalidade da con-
duta praticada em favor do candidato.
• Ac.-TSE, de 29.4.2014, no AgR-AI nº 74432: a só reprovação das contas não impli-
ca a aplicação automática das sanções deste artigo. Ac.-TSE, de 23.8.2012, no AgR-REspe nº
10893: a desaprovação das contas não constitui óbice à quitação eleitoral, mas pode funda-
mentar representação cuja procedência enseja cassação do diploma e inelegibilidade por oito
anos. 
• Ac.-TSE, de 24.4.2014, no RO nº 1746; e, de 7.5.2013, no RO nº 874: na representa-
ção deste artigo deve-se comprovar a existência de ilícitos que extrapolem o universo contábil
e possuam relevância jurídica para comprometer a moralidade da eleição.
• Ac.-TSE, de 13.8.2013, no REspe nº 13068: o desatendimento às regras de arreca-
dação e aos gastos de campanha não anula a possibilidade de os fatos serem examinados na
forma dos arts. 19 e 22 da LC nº 64/1990, quando o excesso das irregularidades e seu montante
estiverem aptos a demonstrar a existência de abuso do poder econômico.

§ 1º Na apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o procedimento


previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990,
no que couber.

• Ac.-TSE, de 19.3.2009, no REspe nº 28.357: competência dos juízes auxiliares para


processamento e julgamento das ações propostas com base neste dispositivo, durante o perío-
do eleitoral.
• Ac.-TSE, de 4.12.2007, no MS nº 3.567: execução imediata da decisão que impõe
cassação do registro ou negação do diploma com base no art. 30-A da Lei nº 9.504/1997, por não
versar sobre inelegibilidade.

§ 2º Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins elei-


torais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido
outorgado.

• Ac.-TSE, de 28.4.2009, no RO nº 1540: perda superveniente do objeto da ação após


encerrado o mandato eletivo; inexigência de potencialidade da conduta, bastando prova da
proporcionalidade (relevância jurídica) do ilícito praticado, para incidência da sanção de cassa-
ção do registro ou negação do diploma.

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• Ac.-TSE, de 11.6.2014, no REspe nº 184; e de 1º.12.2011, no RO nº 444344: para in-
cidência deste parágrafo é necessária a aferição da relevância jurídica do ilícito.

§ 3º O prazo de recurso contra decisões proferidas em representações propostas com


base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário
Oficial.

Abuso do poder político

Relaciona-se ao uso indevido da máquina administrativa em prol de determinada


candidatura.

Pedro Roberto Decomain ensina que o abuso do poder político consiste no:

“emprego de serviços ou bens pertencentes à administração pública di-


reta ou indireta, ou na realização de qualquer atividade administrativa,
com o objetivo de propiciar a eleição de determinado candidato”.

É considerado abuso do poder político, por exemplo, a infringência do disposto no §


1º do art. 37 da CF (publicidade institucional).

Abuso de poder no uso dos meios de comunicação social

Discorrendo sobre o assunto, Antonio Carlos Martins Soares (in Direito Eleitoral –
questões controvertidas. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2006, p. 59) ensina:

“tem-se procurado encontrar fórmulas legais para fiscalizar e reprimir


o uso indevido dos meios de comunicação social (rádio, TV, TV a cabo,
jornais, revistas, periódicos de qualquer espécie e INTERNET), de modo
a impedir que tais veículos, empresas concessionárias de serviços pú-
blicos, sejam utilizados para favorecer ou prejudicar candidatos, parti-
dos ou coligações. Para tanto, a legislação eleitoral disciplina o acesso, o
modo e o tempo de aplicação desses veículos de comunicação, a fim de
assegurar o seu controle finalístico e sua utilização igualitária”.

A lei eleitoral estabelece uma série de punições por práticas de abuso do poder eco-
nômico, político ou dos meios de comunicação. É prevista, uma vez comprovado o abuso, a
decretação da inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática
do ato por um determinado lapso temporal, além da cassação do registro ou do diploma do
candidato diretamente beneficiado e multa, sem prejuízo da responsabilização disciplinar e pe-
nal que o caso comportar (inciso XIV do art. 22, LC 64/90).

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Para a apuração das práticas abusivas e, eventualmente, aplicar as sanções dela de-
correntes, deve a Justiça Eleitoral utilizar o procedimento de Investigação Judicial Eleitoral pre-
visto no art. 19 da Lei Complementar nº 64/90.

Art. 19. As transgressões pertinentes a origem de valores pecuniários,


abuso do poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de
voto, serão apuradas mediante investigações jurisdicionais realizadas
pelo Corregedor-Geral e Corregedores Regionais Eleitorais.

• Lei nº 9.504/1997, art. 22, §§ 3º e 4º, acrescidos pelo art. 1º da Lei nº 11.300/2006:
remessa de cópia do processo em que rejeitadas as contas de campanha ao Ministério Público
Eleitoral para os fins do art. 22 desta lei complementar; art. 25: caracterização de abuso do po-
der econômico pelo descumprimento das normas referentes à arrecadação e aplicação de re-
cursos nas campanhas eleitorais; art. 30-A: investigação judicial para apurar condutas relativas
à arrecadação e gastos de recursos de campanha.

Captação de sufrágio

Há captação de sufrágio quando o candidato doa, oferece, promete ou entrega, ao


eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição.

A Lei nº 9.840/99 – Lei de Combate à Corrupção Eleitoral ou Lei da Captação Ilícita


de Sufrágio acrescentou o art. 41-A à Lei das Eleições (Le nº 9.504/97), com a seguinte redação:

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui cap-


tação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, pro-
meter, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função
pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive,
sob pena de multa de mil a cinqüenta mil UFIR, e cassação do registro ou
do diploma, observado o procedimento previsto no  art. 22 da Lei Com-
plementar no64, de 18 de maio de 1990.         
§ 1o  Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido
explícito de votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial
fim de agir. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 2o  As sanções previstas no  caput  aplicam-se contra quem praticar
atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o
voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 3o  A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser
ajuizada até a data da diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 4o  O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste arti-

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go será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no
Diário Oficial.  (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Da leitura do texto, verifica-se que são necessários quatro requisitos cumulativos


para a aplicação das sanções pela prática de captação ilegal de sufrágio. São elas:

» a prática de uma conduta punível: é preciso doar, oferecer, prometer ou entregar


bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública a eleitor.

» a legitimidade da conduta: a conduta há de partir do candidato ou de terceiro a


mando daquele.

Atenção: não é preciso que haja participação direta ou indireta do candidato para
fins de aplicação das sanções por captação ilegal de sufrágios. Basta o consentimento, a anuên-
cia, o conhecimento ou mesmo a ciência dos fatos que resultaram na prática do ilícito eleitoral.

» a finalidade: necessário que o infrator tenha agido de forma dolosa, ou seja, que se
comprove ter tido a real intenção de obter o voto do eleitor a partir da prática ilícita.

Mas, atenção: a consumação da infração é de natureza formal. Não é necessário, por-


tanto, que o resultado (obtenção do voto do eleitor) seja alcançado.

» o lapso temporal: é indispensável que a prática ilícita tenha ocorrido após o registro
da candidatura até o dia da eleição, inclusive.

Prevê a norma eleitoral que a prática de captação ilegal de sufrágio levará à decreta-
ção da cassação do registro ou diploma do candidato infrator (se eleito e se a decisão for toma-
da posteriormente à diplomação).

A aplicação das sanções deve ter eficácia imediata, ou seja, eventual recurso inter-
posto pelo candidato punido não será recebido no efeito suspensivo. É de praxe, todavia, o uso
de medida cautelar inominada para se obter efeito suspensivo ao recurso.

Deve ser utilizado o procedimento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)


insculpido no art. 22 da Lei Complementar nº 64/90.

Condutas vedadas aos agentes públicos

As denominadas condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais


estão catalogadas nos arts. 73 a 78 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97).

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Podem, conforme o caso, desde que comprovados, caracterizar abuso de poder polí-
tico e/ou de autoridade a ensejar a aplicação de certas sanções pela Justiça Eleitoral.

Os candidatos infratores ou beneficiados, servidores públicos ou não, ficarão sujeitos


à cassação do registro ou diploma, sem prejuízo de multas e outras sanções estipuladas em lei.

As penalidades podem ser aplicadas cumulativamente aos agentes públicos respon-


sáveis pelas condutas vedadas e aos partidos políticos, às coligações e aos candidatos que de-
las se beneficiarem.

Para a apuração das condutas vedadas e, eventualmente, aplicação das sanções res-
pectivas, deve ser observado o procedimento da representação contido no art. 96 da Lei nº
9.504/97.

Art. 96.  Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as recla-


mações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser
feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem di-
rigir-se:
Súmula 18, TSE: “Conquanto investido de poder de polícia, não tem le-
gitimidade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a
finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em
desacordo com a Lei nº 9.504/1997”.

• Ac.-TSE, de 1º. 8.2014, no AgR-REspe nº 28947; e, de 17.5.2011, no AgR-AI nº 254928:


há litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o vice nas ações eleitorais em que se co-
gita a cassação de registro, diploma ou mandato.
• Ac.-TSE, de 5.5.2009, no REspe nº 27.988 e, de 22.2.2007, na Rp nº 1.357: transcor-
rida a data da proclamação do resultado das eleições, deve ser reconhecida a falta de inte-
resse processual no tocante às representações ajuizadas em virtude de propaganda eleitoral
irregular.
• Ac.-TSE, de 13.10.2011, no AgR-REspe nº 3776232: legitimidade ativa da coligação,
mesmo após a realização das eleições.

I – aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais;


II – aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e
distritais;
III – ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial.
§ 1º  As reclamações e representações devem relatar fatos,  indican-
do provas, indícios e circunstâncias.
§ 2º Nas eleições municipais, quando a circunscrição abranger mais de
uma Zona Eleitoral, o Tribunal Regional designará um Juiz para apreciar
as reclamações ou representações.

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§ 3º Os Tribunais Eleitorais designarão três Juízes auxiliares para a apre-
ciação das reclamações ou representações que lhes forem dirigidas.
§ 4º Os recursos contra as decisões dos Juízes auxiliares serão julgados
pelo Plenário do Tribunal.

• Ac.-TSE, de 25.3.2010, na Rp nº 20.574: as decisões proferidas por juiz auxiliar de-


vem ser atacadas pelo recurso inominado, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, admitida a
sustentação oral, sendo descabida a interposição de agravo regimental ou de agravo interno.

§ 5º Recebida a reclamação ou representação, a Justiça Eleitoral noti-


ficará imediatamente o reclamado ou representado para, querendo,
apresentar defesa em quarenta e oito horas.
§ 6º (Revogado pelo art. 5º da Lei nº 9.840/1999.)
§ 7º Transcorrido o prazo previsto no § 5º, apresentada ou não a defesa,
o órgão competente da Justiça Eleitoral decidirá e fará publicar a deci-
são em vinte e quatro horas.

• Ac.-TSE, de 14.8.2007, no REspe nº 28.215: a sentença publicada após o prazo de


24 (vinte e quatro) horas, previsto no art. 96, § 5º e 7º , da Lei nº 9.504/1997, tem como termo
inicial para recurso a intimação do representado. Aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil.
§ 8º Quando cabível recurso contra a decisão, este deverá ser apresenta-
do no prazo de vinte e quatro horas da publicação da decisão em cartó-
rio ou sessão, assegurado ao recorrido o oferecimento de contra-razões,
em igual prazo, a contar da sua notificação.
§ 9º Os Tribunais julgarão o recurso no prazo de quarenta e oito horas.
§ 10. Não sendo o feito julgado nos prazos fixados, o pedido pode ser
dirigido ao órgão superior, devendo a decisão ocorrer de acordo com o
rito definido neste artigo.

Ação de impugnação de mandato eletivo (AIME)

É uma ação constitucional que tem como objeto o combate ao abuso do poder eco-
nômico, à corrupção e à fraude capazes ameaçar o livre exercício da soberania popular.

É a única ação que tem por finalidade própria a desconstituição do mandato. Nas
demais ações, o mandato é atingido reflexamente.

Causa de pedir: fraude, corrupção ou abuso do poder econômico. O TSE tem dado
uma interpretação restritiva à AIME, de modo a não ser admitida quando se tratar de abuso do
poder político.

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A fraude se caracteriza pela burla, pelo engano ou artifício utilizado para favorecer
um candidato em detrimento de outros.

Já a corrupção que afeta a lisura do pleito eleitoral é aquela que se relaciona às prá-
ticas de dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro ou dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita, conduta tipificada como crime eleitoral de acordo com o art.
299 do CE.

Está prevista no art. 14, §§ 10 e 11 da CF, ainda sem regulamentação infraconstitucio-


nal.
Art. 14. (...).
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral
no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justi-
ça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta
má-fé.

Trata-se de ação civil eleitoral de natureza constitucional.

A AIME deverá ser proposta no prazo decadencial de quinze dias, contados da diplo-
mação.

A competência é fixada com base no art. 2º, parágrafo único, incisos I a III, da LC nº
64/90 e art. 40, IV e art. 215, ambos do Código Eleitoral, sendo assim, portanto, estabelecida:

- TSE: se o diplomado for Presidente ou Vice-Presidente da República;


- TREs: se o diplomado for Governador e Vice-Governador de Estado e do DF, Sena-
dor, Deputado Federal, Deputado Estadual e/ou Deputado Distrital; e
- Juízes Eleitorais, se o diplomado for Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

Legitimidade:

- Ativa: MP, partido político, coligação ou candidato.

* O eleitor não tem legitimidade, conforme já decidiu o TSE (Acórdão nº 11.835, Santo
Antônio da Platina/PR, Rel. Min. Torquato Jardim, DJU de 29/07/1994).

* Se o MP não for autor, atuará obrigatoriamente como custos legis.

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- Passiva: apenas os diplomados infratores.

* Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial também devem figurar como


réus (litisconsortes passivos necessários) os suplentes do diplomado Senador e os respectivos
Vices dos diplomados Presidente da República, Governadores ou Prefeitos.

LEMBRE-SE: Sendo a chapa única e integrada pelo titular e vice, eventual ajuiza-
mento de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), Ação de Impugnação de Mandato
Eletivo (AIME), Recurso Contra a Diplomação (RCD), bem como nas representações, deve ser
promovida a formação do litisconsórcio passivo necessário. Essa é a posição atual do Tribu-
nal Superior Eleitoral.

No que concerne ao partido político, por seu turno, entende o TSE não ser obrigató-
ria a sua presença no pólo passivo da AIME, na condição de litisconsorte necessário.

O TSE pacificou o entendimento segundo o qual a AIME deve tramitar segundo o pro-
cedimento da Ação de Impugnação de Registro de Candidaturas encartado na Lei das Inelegi-
bilidades (LC nº 64/90) (com a ressalva de que há publicação da decisão) e não o procedimento
comum ordinário do processo civil. Nesse diapasão a Resolução nº 21.634, Instrução nº 81, clas-
se 12ª, Brasília/DF, Rel. Min. Fernando Neves, j. em 19/02/2004.

Já se firmou entendimento jurisprudencial segundo o qual não cabe medida cau-


telar preparatória de AIME, ou pedido de antecipação de tutela, com o desiderato de sustar
o ato de diplomação do candidato eleito. Nesse sentido: Acórdão nº 2.351, Rio de Janeiro, Rel.
Min. Antônio de Pádua Ribeiro, publicado no DJU de 09/06/1995.

A AIME deve tramitar em segredo de justiça, segundo determina o art. 14, § 11, pri-
meira parte, da CF. Todavia, já decidiu o TSE que o ato de julgamento deve ser público. Nesse
sentido:

Consulta. AIME. Tramitação. Segredo de justiça. Julgamento. Público.


Processos judiciais. Princípio da publicidade. Exceção. Possibilidade.
1. O trâmite da ação de impugnação de mandato eletivo deve ser reali-
zado em segredo de justiça, mas o seu julgamento deve ser público (Cta.
18.961/TO, Rel. Min. Ellen Gracie, Dje de 27.4.2009).
2. A nova redação do inciso IX do art. 93 da CF, dada pela EC no 45/04, não
determina que todos os processos tramitem publicamente, mas apenas
que os julgamentos sejam públicos. Embora a regra seja a publicidade
dos processos judiciais, é possível que exceções sejam previstas, mor-
mente no próprio texto constitucional. Permanece em vigor o disposto
no art. 14, §11, da CR/88 que impõe o segredo de justiça ao trâmite da
ação de impugnação de mandato.

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3. Consulta conhecida e respondida positivamente, pela permanência
da obrigatoriedade da decretação de segredo de justiça no processa-
mento das ações de impugnação de mandato eletivo.
(Consulta nº 1.716/DF, rel. Min. Felix Fischer, em 11.2.2010, DJE de 
11.03.2010)

Salvo no caso de litigância de má-fé, não haverá cobrança de custas judiciais nem
honorários advocatícios.

É ação autônoma, não exigindo como requisito ou condição de procedibilidade a


propositura prévia de Investigação Judicial Eleitoral.

A procedência conduz à: a) cassação do mandato eletivo; e b) anulação dos votos.

A AIME gera inelegibilidade?

Há duas correntes a respeito:

[1] - NÃO GERA INELEGIBILIDADE - Isso porque o art. 1º, I, d, da LC 64/90 prevê que a
inelegibilidade depende de “representação”, e esta representação seria somente aquela cujo
procedimento está previsto no art. 22 da LC 64. A AIME não segue o mesmo rito e não está, por-
tanto, inserida no conceito de “representação” que prevê o dispositivo.

- Esse era o entendimento do TSE até as eleições de 2012, inclusive (AgRg no REspe
23524, j. 08.10.2013). Confira-se:

AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDA-


TURA. ELEIÇÕES 2012. DEFERIMENTO DO REGISTRO. VERIFICACÃO DA
OCORRÊNCIA DE CONDENAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO.
REEXAME DE PROVAS. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I, J, DA LC Nº 64/90.
MATÉRIA PREQUESTIONADA. CONDENAÇÃO POR ABUSO DE PODER EM
AIME. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 1º, I, D, DA LC Nº 64/90. JURISPRUDÊN-
CIA CONSOLIDADA PARA AS ELEIÇÕES 2012. AGRAVOS REGIMENTAIS
DESPROVIDOS. 1. A alegada condenação da agravada pela prática de
captação ilícita de sufrágio não consta da moldura fática do acórdão
regional, razão pela qual a verificação dessa circunstância demandaria
reexame de fatos e provas, vedado em sede de recurso especial eleito-
ral. 2. O acórdão regional, a despeito de ter declarado a ocorrência de
indevida inovação recursal, referendou a sentença que havia reconhe-
cido a incidência da alínea j do inciso I do art. 1º da Lei Complementar
nº 64/90. Presente, na espécie, o requisito do prequestionamento. 3. O
entendimento desta Corte para as Eleições 2012 é o de que somente as

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condenações por abuso de poder apuradas em representações previstas
no art. 22 da referida lei complementar ensejam a incidência da men-
cionada causa de inelegibilidade. Ressalva de entendimento pessoal de
rever esse posicionamento para as futuras eleições. 4. Agravos regimen-
tais desprovidos.

[2] - GERA INELEGIBILIDADE - Isso porque a condenação por abuso do poder econô-
mico em qualquer ação eleitoral, e não apenas na representação prevista no art. 22 da LC 64,
é capaz de atrair a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, d, da mesma lei. Quando
este artigo fala em “representação”, o termo é utilizado em sentido genérico, abarcando tam-
bém a AIME.

- Esse é o entendimento do MP eleitoral.

Ainda a respeito de AIME:

Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 330-48/MG


Relator: Ministro Henrique Neves da Silva
Ementa: Recurso especial. Ação de impugnação de mandato eletivo. De-
sincompatibilização. Incompatibilidade.
1. A ação de impugnação de mandato eletivo não se presta para discus-
são de matéria relacionada à efetiva desincompatibilização do candida-
to à Vice-Prefeito, que não foram arguidas nomomento próprio.
2. “Não é cabível a ação de impugnação de mandato eletivo para, a pre-
texto de fraude, arguir questões relativas a inelegibilidade” (AgR-REspe
nº 1604-21, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de3.2.2012).
Agravo regimental a que se nega provimento.
(DJE de 27.5.2014).

IMPORTANTE: Em sede de AIME, o TSE tem exigido a comprovação da potencialida-


de lesiva, apta a desequilibrar o pleito, analisada no caso concreto (diferente da AIJE, onde
não é necessária a potencialidade lesiva, mas sim a gravidade do fato).

Recurso contra a diplomação (RCD)

Está previsto no art. 262 do Código Eleitoral.

Art. 262.  O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos


casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e
de falta de condição de elegibilidade.

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Ac.-TSE, de 3.2.2011, no AgR-AI nº 11450: o prazo para propositura do RCED tem

natureza decadencial, mas a superveniência do recesso forense autoriza a prorrogação de seu
termo final para o primeiro dia útil subsequente.
• Ac.-TSE, de 16.2.2006, no REspe nº 25284; de 16.3.2004, no RCED nº 647 e, de
16.3.2004, no RCED nº 643: não há litisconsórcio passivo necessário do partido político ou de
coligação no recurso contra expedição de diploma de candidatos da eleição proporcional.

Embora assim tenha sido denominado pelo Código Eleitoral, não tem natureza de
recurso, mas, sim, de ação eleitoral, de cunho impugnativo à eleição.

A competência para processar e julgar o RCD é sempre da instância superior (TRE ou


TSE), da seguinte forma:

I) Tribunal Regional Eleitoral: relativamente a diplomas concedidos pelas Juntas Elei-


torais, ou seja, nas eleições municipais (para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador).

O ajuizamento do RCD é feito, todavia, na primeira instância, perante o próprio Juiz


Eleitoral, presidente da Junta Eleitoral e responsável pela entrega do diploma. Após o recebi-
mento, faz-se a intimação do recorrido para apresentar as contrarrazões, também no prazo de
3 (três) dias, que poderão ser acompanhadas de documentos. Encerrado o prazo para entrega
das contrarrazões, o Juiz Eleitoral, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, deverá remeter os
autos para o Tribunal Regional Eleitoral.

II) Tribunal Superior Eleitoral: quando a diplomação é oriunda dos Tribunais Regio-
nais Eleitorais, isto é, nas eleições gerais (para Governador, Vice-Governador, Senador, Deputa-
do Federal, Deputado Estadual ou Distrital).

III) Supremo Tribunal Federal

Parte da doutrina sustenta o cabimento de recurso extraordinário, desde que preen-


chidos os requisitos de admissibilidade, contra o ato de diplomação do Presidente e Vice-Pre-
sidente da República pelo TSE, já que não há previsão legal de Recurso Contra a Diplomação
nas eleições presidenciais. Tal, entendimento, entretanto, não é unânime.

O prazo para interposição é de 03 (três) dias, contados da sessão de diplomação (CE,


art. 258).

Com o advento da Lei nº 12.891/2013, o RCD passou a ter cabimento tão somente
nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e falta de condição
de elegibilidade. 

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Possuem legitimidade ativa para propor o RCD: a) candidatos, desde que registrados
para a respectiva eleição; b) partidos políticos; c) coligações e; d) MPE. A legitimidade passiva é
do candidato eleito e diplomado de forma irregular.

# Como visto, hoje o entendimento do TSE é de ser indispensável a citação, como li-
tisconsorte passivo necessário, do vice (nas eleições para a chefia do executivo) e dos suplentes
(nas eleições para Senador). Os partidos políticos, por sua vez, não são obrigados a integrar a
lide.

O procedimento está previsto no art. 267, do Código Eleitoral, in verbis:

Art. 267. Recebida a petição, mandará o juiz intimar o recorrido para


ciência do recurso, abrindo-se-lhe vista dos autos a fim de, em prazo
igual ao estabelecido para a sua interposição, oferecer razões, acompa-
nhadas ou não de novos documentos.
§ 1º A intimação se fará pela publicação da notícia da vista no jornal que
publicar o expediente da Justiça Eleitoral, onde houver, e nos demais
lugares, pessoalmente pelo escrivão, independente de iniciativa do re-
corrente.
§ 2º Onde houver jornal oficial, se a publicação não ocorrer no prazo de
3 (três) dias, a intimação se fará pessoalmente ou na forma prevista no
parágrafo seguinte.
§ 3º Nas zonas em que se fizer intimação pessoal, se não for encontrado
o recorrido dentro de 48 (quarenta e oito) horas, a intimação se fará por
edital afixado no fórum, no local de costume.
§ 4º Todas as citações e intimações serão feitas na forma estabelecida
neste artigo.
§ 5º Se o recorrido juntar novos documentos, terá o recorrente vista dos
autos por 48 (quarenta e oito) horas para falar sobre os mesmos, conta-
do o prazo na forma deste artigo.
§ 6º Findos os prazos a que se referem os parágrafos anteriores, o juiz
eleitoral fará, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, subir os autos ao Tri-
bunal Regional com a sua resposta e os documentos em que se fundar,
sujeito à multa de dez por cento do salário-mínimo regional por dia de
retardamento, salvo se entender de reformar a sua decisão. (Redação
dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)
§ 7º Se o juiz reformar a decisão recorrida, poderá o recorrido, dentro de
3 (três) dias, requerer suba o recurso como se por ele interposto.

Note-se que a simples interposição de RCD não tem o condão de suspender a eficá-
cia do diploma concedido (CE, art. 216). Assim, após a expedição do diploma, tem o candidato
eleito direito líquido e certo ao pleno exercício do mandato eletivo.

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A procedência desta ação conduz à anulação dos votos, aplicando-se o disposto no
art. 224 do CE.

Representação ou Reclamação por infringência à Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97)

As reclamações e representações relativas ao descumprimento da Lei das Eleições


estão previstas no art. 96 da Lei nº 9.504/97. Senão vejamos:

Art. 96.  Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as recla-


mações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser
feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem di-
rigir-se:
Súmula nº 18, TSE: “Conquanto investido de poder de polícia, não tem
legitimidade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com
a finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em
desacordo com a Lei nº 9.504/1997”.

• Ac.-TSE nºs 39/1998, 15.805/1999, 2.744/2001, 19.890/2002 e 5.856/2005: legi-


timidade do Ministério Público para representação sobre propaganda eleitoral; Ac.-TSE nº
4.654/2004: legitimidade do Ministério Público para representação sobre pesquisa eleitoral;
Ac.-TSE, de 6.3.2007, no REspe nº 25.770: “É parte legítima para propor representação fundada
na Lei nº 9.504/1997, a coligação que participa de eleição majoritária, ainda que a representa-
ção se refira a pleito proporcional”. Ac.-TSE, de 25.11.2008, no RO nº 1.537: interpretando o art.
96, caput, da Lei nº 9.504/1997 e art. 22, caput, da LC nº 64/1990 a jurisprudência do e. TSE en-
tende que para ajuizar ações eleitorais, basta que o candidato pertença à circunscrição do réu,
tenha sido registrado para o pleito e os fatos motivadores da pretensão se relacionem à mesma
eleição, sendo desnecessária a repercussão direta na esfera política do autor.
• Prazos para propositura de representação, sob rito do art. 22 da LC nº 64/1990,
contidos em dispositivos específicos desta lei: 15 dias da diplomação, no caso do art. 30-A
(caput); até a data da diplomação, nos caso de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A, § 3º ) e de
conduta vedada a agentes públicos em campanha (art. 73, § 12); Ac.-TSE, de 24.3.2011, no Ag nº
8.225: até a data das eleições, no caso de divulgação de pesquisa eleitoral sem o prévio registro,
sob pena de perda do interesse de agir.
• Res.-TSE nº 21.078/2002 e Ac.-TSE nº 678/2004: legitimidade do titular de direito
autoral para representar à Justiça Eleitoral, visando coibir prática ilegal em horário gratuito de
propaganda partidária ou eleitoral. No mesmo sentido quanto à competência da Justiça Elei-
toral, Ac.-TSE nº 586/2002. V., contudo, Res.-TSE nº 21.978/2005: competência do juiz eleitoral
para fazer cessar irregularidades na propaganda eleitoral; competência da Justiça Comum para
examinar dano ao direito autoral.
• Ac.-TSE, de 5.5.2009, no REspe nº 27.988 e, de 22.2.2007, na Rp nº 1.357: transcor-
rida a data da proclamação do resultado das eleições, deve ser reconhecida a falta de interesse
processual no tocante às representações ajuizadas em virtude de propaganda eleitoral irregu-
lar.

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I – aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais;
II – aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e
distritais;
III – ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial.
§ 1º  As reclamações e representações devem relatar fatos,  indican-
do provas, indícios e circunstâncias.
§ 2º Nas eleições municipais, quando a circunscrição abranger mais de
uma Zona Eleitoral, o Tribunal Regional designará um Juiz para apreciar
as reclamações ou representações.
§ 3º Os Tribunais Eleitorais designarão três Juízes auxiliares para a apre-
ciação das reclamações ou representações que lhes forem dirigidas.

• Ac.-TSE, de 12.5.2011, no PA nº 59896: embora não haja óbice para a nomeação de


juízes federais para atuarem como juízes auxiliares, o balizamento constitucional e legal sobre
os critérios de designação não autoriza o TSE a definir a classe de origem dos ocupantes dessas
funções eleitorais.
• Ac.-TSE nº 19.890/2004: a competência dos juízes auxiliares na representação com
base no art. 36, § 3º , desta lei é absoluta e não se prorroga frente à conexão.

§ 4º Os recursos contra as decisões dos Juízes auxiliares serão julgados


pelo Plenário do Tribunal.
§ 5º Recebida a reclamação ou representação, a Justiça Eleitoral noti-
ficará imediatamente o reclamado ou representado para, querendo,
apresentar defesa em quarenta e oito horas.
§ 6º (Revogado pelo art. 5º da Lei nº 9.840/1999.)
§ 7º Transcorrido o prazo previsto no § 5º, apresentada ou não a defesa,
o órgão competente da Justiça Eleitoral decidirá e fará publicar a deci-
são em vinte e quatro horas.
§ 8º Quando cabível recurso contra a decisão, este deverá ser apresenta-
do no prazo de vinte e quatro horas da publicação da decisão em cartó-
rio ou sessão, assegurado ao recorrido o oferecimento de contra-razões,
em igual prazo, a contar da sua notificação.

• Ac.-TSE, de 17.4.2008, no REspe nº 27.104: “Aos feitos eleitorais não se aplica a


contagem de prazo em dobro, prevista no CPC, art. 191, para os casos de litisconsortes com
diferentes procuradores”.

§ 9º Os Tribunais julgarão o recurso no prazo de quarenta e oito horas.


§ 10. Não sendo o feito julgado nos prazos fixados, o pedido pode ser
dirigido ao órgão superior, devendo a decisão ocorrer de acordo com o
rito definido neste artigo.

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Destinam-se, hoje, praticamente, aos casos de propaganda irregular.

A Representação do art. 41-A (capitação ilícita de sufrágio) e a Representação do


art. 30-A (formação de caixa 2), da Lei 9.504/97 são regidas – segundo jurisprudência consoli-
dada (está na Resolução) – pelo art. 22, da LC nº 64/90 e não pelo art. 96, da Lei 9.504/97, pois,
na prática, são AIJE, porquanto conduzem à cassação do registro. São julgadas pelo juiz que
aprecia pedidos de cassação.

Resolução 23.367 – dispõe sobre representações, reclamações e pedidos de resposta


previstos na Lei nº 9.504/97.

Possui rito próprio. Os prazos são em hora. São contínuos e peremptórios e não se
suspendem aos sábados, domingos e feriados.

Rádio e televisão são tratados da mesma forma pela legislação.

Pode o juiz autorizar o arquivamento de procuração do advogado em cartório.

O prazo de defesa da representação por propaganda irregular é de 48 horas e o prazo


para decisão e publicação da sentença, 24 horas.

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