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https://novaescola.org.br/conteudo/12302/pesquisa-indica-que-
66-dos-professores-ja-precisaram-se-afastar-devido-a-problemas-
de-saude
Saúde
Uma pesquisa online realizada pela Associação Nova Escola com mais de cinco mil
educadores, entre os meses de junho e julho de 2018, reuniu mais informações sobre
o problema e identificou que 66% das professoras e professores já precisaram se
afastar do trabalho por questões de saúde. O levantamento também mostrou que 87%
dos participantes acreditam que o seu problema é ocasionado ou intensificado pelo
trabalho.
Entre os problemas que aparecem com maior frequência então a ansiedade, que afeta
68% dos educadores; estresse e dores de cabeça (63%); insônia (39%); dores nos
membros (38%) e alergias (38%). Além disso, 28% deles afirmaram que sofrem ou já
sofreram de depressão.
LEIA MAIS: Somente 23% dos professores recomendariam a profissão aos jovens
“A falta de infraestrutura, o excesso de alunos por sala de aula, a dupla jornada, a falta
de segurança nas escolas e a má remuneração contribuem para desvalorizar a carreira
e desestimular os profissionais, causando uma série de doenças”, aponta.
A professora Iêda Soares Pinto, que leciona no Ensino Fundamental II, Ensino Médio e
EJA no Distrito Federal, conta que começou a tomar remédios para controlar a
ansiedade. “Trabalho em três escolas e raramente consigo fazer todas as refeições ou
praticar atividades físicas. Além disso, levo muito trabalho para casa e fico sem tempo
para nada”, relata.
Para a professora Angela Calenzani, que trabalha na rede estadual do Espírito Santo, a
falta de um plano de saúde e de apoio psicológico para os docentes compromete o
trabalho. “Neste ano tive problemas com pressão alta e estresse, ocasionados por uma
rotina de 10 horas diárias. O professor precisa de condições e recursos para trabalhar;
sozinhos não conseguimos atender às reais necessidades dos alunos”, opina.
Problemas vocais
Outra questão recorrente no dia a dia dos professores são os problemas de voz. Uma
pesquisa que está sendo realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
em parceria com o Ministério da Educação, com 6.510 professores de todo o Brasil,
identificou em seus resultados preliminares que 17,7% deles sofrem com problemas
vocais, seguidos por problemas respiratórios (14,6%) e emocionais (14,5%).
O estudo também mostrou que 69,1% dos professores faltaram ao menos um dia no
último ano, na maioria dos casos por questões de saúde. “São múltiplos fatores que
estão relacionados com esse adoecimento. Entre eles, um ambiente de trabalho com
condições precárias, a violência verbal praticada pelos alunos, falta de apoio dentro da
escola e dificuldade de relacionamento com os colegas”, afirma Adriane Mesquita de
Medeiros, professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde e Trabalho da
UFMG.
Em alguns casos, a ansiedade é ampliada por fatores locais, como clima escolar e
excesso de trabalho. A professora Eliane*, que leciona no Ensino Fundamental II e
Médio no Recife, conta que a pressão e as cobranças que ela considera exageradas são
alguns dos principais fatores que afetam a sua saúde. “O clima com os superiores é de
desconfiança e há muitas exigências com relação a atividades burocráticas. Além disso,
os docentes não têm liberdade na sala de aula e muitos são perseguidos quando
tocam em temas considerados polêmicos”, relata.
Para Araújo Filho, da CNTE, é preciso que haja uma gestão democrática dentro das
escolas, que permita que o educador tenha voz ativa na construção do projeto político-
pedagógico e se sinta confortável no ambiente escolar.