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O direito à educação inclusiva no Brasil tem avançado com o passar dos anos. A
escolarização de pessoas com deficiências ou necessidades especiais que, no início do
século passado ainda era extremamente segregadora e elitista, acabou se difundindo para
toda a sociedade, principalmente a partir da promulgação da Constituição de 1988.
Entretanto, muitas dessas leis acabam por ser letra morta se não aplicadas à realidade do
povo brasileiro.
A principal medida que colaborou para estabelecer como deve evoluir o panorama
educacional foi a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) que, vinculado à LDB,
visa dar as estratégias e ferramentas para que a educação no Brasil rompa com as
barreiras impostas, seja política, econômica ou socialmente. A meta 4 proposta pelo PNE
se refere à educação especial inclusiva, que visa universalizar o acesso à educação e
proporcionar para essas pessoas o direito de desenvolver-se intelectualmente.
LEGISLAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL
A legislação a respeito do direito à educação de pessoas com deficiência é extensa [1]. A
discussão sobre o tema se mostrou uma preocupação mundial desde a Declaração
Universal dos Direitos Humanos da ONU no ano de 1948. Entretanto, no Brasil, o maior
desenvolvimento se deu a partir da Constituição Federal (1988) nos artigos 28 e 205. Nos
anos seguintes o direito foi ainda mais debatido em outros diplomas: Conferência Mundial
sobre Educação para todos na Tailândia (1990); Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990); Conferência de Salamanca na Espanha (1994); Política Nacional de
Educação Especial (1994); Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional (LDB/1996);
Convenção de Guatemala (1999); Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência (1999); Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica;
Declaração de Montreal sobre Inclusão (2001); Resolução CNE/CEB nº 2/2001; Plano
Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001; Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU/2006); Plano de Desenvolvimento da Educação –
PDE/2007 e, mais recentemente, no Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015).
Destes diversos documentos, vale destacar o disposto na Constituição Federal[2], nos
artigos 28 e 205, e no Estatuto da Pessoa com Deficiência, no artigo 27.
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de
educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos
tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções.”
Para o cumprimento da Meta 4, o PNE relaciona estratégias, das quais destacamos as que
impactam sobremaneira o orçamento em Educação.
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular sob
alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o
atendimento educacional especializado;
A ampliação na oferta de serviços para o atendimento educacional especializado demanda
vultosos investimentos, a longo prazo. Isso fora previsto no PNE/2015, nos termos dos
parágrafos do art. 5º, in verbis:
§ 3o A meta progressiva do investimento público em educação será avaliada no quarto ano
de vigência do PNE e poderá ser ampliada por meio de lei para atender às necessidades
financeiras do cumprimento das demais metas.
Ao final de 2018, surgiu outra ameaça sobre os anseios da Meta 4 do PNE e suas
Estratégias. A publicação do “Relatório de Transição de Governo 2018-2019” [15] revelou a
preocupação com os gastos do Governo, principalmente com a folha de pagamento do
pessoal civil ativo do Poder Executivo. O Relatório (texto 7/15) demonstrou que tal
preocupação atinge diretamente os salários dos professores, como a carreira de maior
impacto no orçamento público.
V - educação especial.
III - vivam em localidades que não possuam rede regular de atendimento escolar
presencial;
Essa tendência vai na contramão das políticas inclusivas definidas na Meta 4 do PNE, e
cujos objetivos são facilmente compreensíveis pela leitura do artigo 4º da LDBEN [5],
reproduzido abaixo.
art. 4º, inciso III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de
ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
É importante mencionar que a desarticulação de políticas assistivas (tais como o Bolsa
Família, o Plano Viver sem Limites e o Programa Brasil Carinhoso) prenuncia a diminuição
de matrículas na educação especial. Conforme dados do Censo Escolar 2015, a
participação das famílias nos programas assistenciais garante que 29,2% das crianças e
adolescentes com deficiência permaneçam na escola [11].
Por último, mas não menos importante, é a notícia da extinção da SECADI. O novo
Ministro da Educação, Vélez Rodrigues, decidiu “desmontar” a Secretaria, criando uma
Secretaria para a Alfabetização e outra subpastapara “Modalidades Especializadas”.
Para compreender essa estratégia do atual governo, é bom conhecer Carlos Nadalim, o
possível novo Secretário da Alfabetização. Dono de uma pequena escola em Londrina/PR,
ele tem um método próprio de alfabetização e defende o homeschooling, ou seja, de que
as crianças possam estudar em casa, sob a responsabilidade dos pais. Quanto à criação
da subpasta “Modalidades Especializadas”, sua nomenclatura é direta e dispensa
explicações.
Em nota para a Folha de São Paulo (on line)[23], o jornalista Paulo Saldaña apresenta a
opinião do Presidente Jair Bolsonaro sobre o desmonte da Secretaria da Diversidade,
postada em seu Twitter, de
Com a aprovação da PEC 241, que congela as despesas do Governo Federal para a
educação; com a exposição das novas políticas, descritas no Relatório de Transição de
Governo 2018-2019; com a proposta emergente de se ampliar o sistema EAD em todos os
níveis da educação; com a mudança de paradigma sobre o conceito fundamental da
Educação Inclusiva, que afetam a PNEEPEI; as perspectivas são alarmantes, se não,
temerárias, por destoarem frontalmente dos objetivos traçados na ampla legislação que
garantem direitos à universalização da educação.
Deve ser ressaltado que o conceito da Escola Inclusiva conforme as Diretrizes Curriculares
Nacionais para Educação Especial (MEC/SEESP, 1998),…implica uma nova postura da
escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de
ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social
e sua opção por práticas heterogenias.
Não podemos esquecer que avaliação no currículo inclusivo deve ser flexível, porém
objetiva. Precisamos ter a preocupação com modelos de aprovação facilitada, pois se o
aluno com deficiência acabar passando de série sem ter necessários conhecimentos
estaremos reproduzindo os mesmos problemas do ensino especial. Por isso que estamos
buscando um novo modelo educacional.Temos que partir do pressuposto que a ação
prioritária é a capacitação de professores, visando formação teórico-metodológico, que lhe
permita se transformar em um professor que possa refletir e re-significar sua prática
pedagógica para atender à diversidade do seu alunado.
REFERÊNCIAS
[1] BRASIL. MEC. SEE. Marcos Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva. Brasília. 2010.