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Clínica Psicanalítica – Texto 1

Sobre a escuta – Marina Castañeda

Questão: Como é a escuta na clínica psicanalítica?

A escuta especializada
Muitas pessoas se perguntam qual é o propósito de consultar um(a)
psicoterapeuta quando poderia falar com igual facilidade, a um menor custo e por
mais tempo, com um(a) amigo(a). A resposta é complexa e não é possível esgotá-la.
Mas está relacionada a como há uma forma de escutar, muito particular, de um(a)
psicólogo(a) ou psicanalista.
Em primeiro lugar, não podemos compartilhar tudo com os(as) amigos(as):
por pudor, por consideração... Além disso, cada pessoa tem áreas obscuras,
sentimentos dos quais poderia envergonhar-se e também os que não consegue ter
consciência plena. Os(as) psicólogos(as) estão treinados(as) para discernir as
emoções sutis, às vezes ocultas ou contraditórias, de uma maneira mais refinada
e completa.
Outra diferença: os(as) amigos(as) podem escutar com mais atenção o que
lhes interessa e o que diz respeito a eles(as), enquanto um(a) psicólogo(a), que não
tem interesse próprio no vínculo pessoal, pode escutar tudo o que é dito com o
mesmo cuidado e sem selecionar o que agrada ou não.
Em uma relação de amizade se espera uma reciprocidade, na qual há uma
alternância. Já em uma terapia, as questões pessoais do(a) terapeuta não têm
espaço na conversação.
Terceiro, os(as) amigos(as) não têm a formação e o preparo para fazeres as
perguntas necessárias, nem para reconhecer os sintomas dos transtornos
psicológicos, nem para fazer interpretações. O(a) psicólogo(a) conduzirá a relação
para que as atitudes sejam melhor compreendidas e possam ser mudadas, para que
a comunicação se dê de forma mais clara, para que a forma de pensar e se relacionar
com as demais pessoas se transforme. Para isso, não são necessários apenas
conhecimentos técnicos especializados, mas também experiência clínica.
Em quarto lugar, o contexto da sessão de terapia promove honestidade, ou
então não haveria sentido no investimento de tempo e de dinheiro. Em relações de
amizade ou familiares, a honestidade pode não ser a prioridade, já que há outras
preocupações, como a imagem transmitida, a proteção da relação, o medo de
incomodar ou preocupar. A confidencialidade da psicoterapia aumenta a
liberdade para falar de assuntos sem temer que outras pessoas também saibam.

O que escutam os(as) psicoterapeutas?


Em muitas pessoas, há uma falta de consciência significativa sobre seus
próprios sentimentos. Em muitos casos, se trata de uma certa pobreza semântica.
Parte da tarefa da psicoterapia é ajudar a poder sentir e verbalizar suas emoções
com maior precisão, não apenas para se conhecer melhor mas também para poder
manejar melhor sua vida afetiva.
Muitas pessoas não se dão conta que abrigam sempre o temor de serem
rejeitadas, e que isso afeta suas relações; ou então, que sistematicamente buscam a
aprovação alheia; ou que desconfiam muito das pessoas; ou que esperam sempre
ser mimados(as) e atendidos(as). Em muitos casos, não têm consciência dos hábitos
mentais que lhes fazem se relacionar de forma inadequada e repetitiva diante
dos eventos da vida.
O(a) terapeuta deve recordar sessões passadas, que podem esclarecer ou
complementar o trabalho atual. Esta escuta, muito peculiar, que alterna entre
passado e presente, é crucial na psicoterapia. É preciso recordar eventos, sonhos ou
palavras de tempos atrás, que antes pareciam irrelevante e o(a) próprio paciente
pode ter esquecido. Parte da escuta terapêutica é, então, a rememoração.
Outro elemento crucial na escuta é estar permanentemente atento(a) à
relação entre paciente e terapeuta, de momento e momento. Para isso são
analisadas as reações e a atitude do(a) paciente: se mostra amável, gentil,
aborrecido(a)? Aceita, rejeita ou minimiza os comentários? Espera obter aprovação
ou, ao contrário, críticas?
Além disso, deve estar consciente de seus próprios sentimentos. As reações
possíveis, que formam parte da chamada contratransferência, são ferramentas
importantes para a psicoterapia, em parte porque dão ao(à) psicólogo(a) uma
indicação do efeito que pode ter o(a) paciente não só nele(a), mas nas pessoas ao
seu redor.
Também é necessária a atenção para o desenvolvimento da sessão, saber
concluir, para que o(a) paciente se sinta escutado(a) e compreendido(a).
A escuta terapêutica rastreia, de sessão em sessão, não o mesmo, mas o novo,
o diferente: busca detectar e entender o que mudou desde a sessão anterior, o
processo de transformação é a meta última de toa psicoterapia.
Em conclusão, a escuta clínica pode definir-se, antes de tudo, em função do
que não é: não é uma escuta amistosa, recíproca, espontânea, nem natural. Se trata
de uma habilidade aprendida e cultivada, feita de empatia mas também de
distância, de curiosidade, mas só a serviço do tratamento.

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