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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ARR-569-30.2011.5.01.0012

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000DCB48A93A470FC.
A C Ó R D Ã O
(4.ª Turma)
GMMAC/r4/dpa/eo/l

Acórdão significa "decisão


final" proferida sobre um AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
processo por tribunal superior REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA. MEDRAL
ENGENHARIA LTDA. DANOS MORAIS E
"Agrauo de instrumento" ESTÉTICOS. RESPONSABILIDADE. VALORES
DAS INDENIZAÇÕES. DESPACHO MANTIDO POR
significa o recurso interposto
SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. A despeito
das razões expostas pela parte
agravante, merece ser mantido o
despacho que negou seguimento ao
Recurso de Revista, pois subsistentes
os seus fundamentos. Agravo de
Instrumento conhecido e não provido.
RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA
Resumo do
RECLAMADA. LIGHT SERVIÇOS DE
processo ELETRICIDADE S.A. INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A regra
geral no Direito Brasileiro é a
responsabilidade subjetiva, que
pressupõe a ocorrência concomitante do
dano, do nexo causal e da culpa do
empregador. Sem a conjugação de todos
esses requisitos, não há de se falar em
responsabilidade. É o que se extrai da
exegese do art. 186 do Código Civil.
Tratando-se, todavia, de acidente de
trabalho em decorrência de atividade
que implica maior risco de acidente, há
disposição legal específica dispondo
acerca da responsabilidade objetiva
(independentemente de culpa), conforme
se extrai do parágrafo único do art. 927
do Código Civil. Recurso de Revista não
conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


de Revista com Agravo n.º TST-ARR-569-30.2011.5.01.0012, em que é
Agravante e Recorrida MEDRAL ENGENHARIA LTDA. e Agravada e Recorrente

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A. e Agravado e Recorrido CLÁUDIO
FERNANDES MACIEL.

R E L A T Ó R I O

O Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região, pelo


acórdão a fls. 482/488 (complementado a fls. 501/502), deu parcial
provimento aos Recursos Ordinários apresentados pela parte reclamada.
Inconformadas com o teor do julgado, as Reclamadas
procedem à interposição de Recursos de Revista, conforme razões a fls.
505/521 e 526/543, sendo admitido, apenas, o processamento do recurso
da segunda Reclamada (despacho a fls. 551/554).
A primeira Reclamada interpõe o Agravo de Instrumento
a fls. 562/570, requerendo a modificação do despacho denegatório.
Não foram apresentadas razões de contrariedade.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público
do Trabalho, na forma do art. 83 do RITST.
É o relatório.

V O T O

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA MEDRAL ENGENHARIA LTDA.

CONHECIMENTO

Satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade,


conheço do Agravo de Instrumento.

MÉRITO

DANOS MORAIS E ESTÉTICOS – RESPONSABILIDADE – VALORES


DAS INDENIZAÇÕES
Estes os fundamentos pelos quais a parte teve denegado
o processamento do seu Recurso de Revista:

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“Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por
Dano Moral / Acidente de Trabalho.
Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por
Dano Estético.
Alegação(ões):
- violação ao(s) artigo(s) 5.º, V da Constituição federal.
- violação ao(s) artigo(s) 944, do CC.
- conflito jurisprudencial.
O exame detalhado dos autos revela que o v. acórdão regional, no
tocante aos temas recorridos, está fundamentado no conjunto
fático-probatório até então produzido. Nesse aspecto, a análise das violações
apontadas importaria o reexame de todo o referido conjunto, o que, na atual
fase processual, encontra óbice inarredável na Súmula 126 do TST.
Especificamente em relação à insurgência quanto ao valor da
indenização, tem-se que o juízo considerou os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, sendo certo que a fixação do quantum é questão que se
vincula ao poder discricionário do juízo.
Os arestos transcritos para o confronto de teses revelam-se
inespecíficos, vez que não se enquadram nos moldes estabelecidos pela
Súmula 296 do TST. Por fim, registra-se, é inservível aresto procedente de
Turma do TST, hipótese não contemplada na alínea ‘a’ do art. 896 da CLT.
CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao Recurso de Revista.”

A parte agravante sustenta que, ao contrário do


posicionamento adotado pelo despacho denegatório, restaram configuradas
as hipóteses previstas no artigo 896 da CLT, capazes de autorizar o
processamento do seu Recurso de Revista.
Entretanto, os argumentos lançados no Agravo de
Instrumento não demonstram nenhuma incorreção no entendimento adotado
no despacho atacado, cujos fundamentos são aqui tomados como razões de
decidir.
No mais, não foi demonstrada nenhuma ofensa ao
indicado art. 5.º e incisos da Constituição Federal, já que a matéria
debatida nos autos diz respeito à interpretação dada às normas de natureza
infraconstitucional, não possibilitando a caracterização de violação
direta ao dispositivo constitucional apontado, em especial se
consideradas as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, em
que se analisou acerca da possibilidade de afronta ao Texto
Constitucional no âmbito trabalhista, in verbis:
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“CONSTITUCIONAL - RECURSO EXTRAORDINÁRIO:
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 5.º, II, XXXV, XXXVI, LIV, LV,
7.º, XXIX, E 93, IX. I - Alegação de ofensa à Constituição que, se ocorrente,
seria indireta, reflexa, o que não autoriza a admissão do recurso
extraordinário. II - Ao Judiciário cabe, no conflito de interesses, fazer valer a
vontade concreta da lei, interpretando-a. Se, em tal operação, interpreta
razoavelmente ou desarrazoadamente a lei, a questão fica no campo da
legalidade, inocorrendo o contencioso constitucional. III - Agravo não
provido.” (STF-AgR-RE-245.580/PR, Relator: Ministro Carlos Velloso, 2.ª
Turma, ‘in’ DJ de 8/3/2002.)

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ALEGADA VIOLAÇÃO AOS


PRECEITOS CONSTITUCIONAIS INSCRITOS NOS ARTS. 5.º, II,
XXXV, XXXVI, LIV, LV, E 93, IX - AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA À
CONSTITUIÇÃO - CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE -
RECURSO IMPROVIDO. A situação de ofensa meramente reflexa ao texto
constitucional, quando ocorrente, não basta, só por si, para viabilizar o
acesso à via recursal extraordinária.” (STF-AgR-AI-333.141/RS, Relator:
Ministro Celso de Mello, 2.ª Turma, ‘in’ DJ de 19/12/2001.)

“Esta Corte, de outro lado, deixou assentado, ainda em sede processual


trabalhista, que as alegações de desrespeito aos postulados da legalidade, da
motivação dos atos decisórios, do contraditório, do devido processo legal,
dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional podem configurar,
quando muito, situações caracterizadoras de ofensa meramente reflexa ao
texto da Constituição (Ag 158.982-PR (AgRg), Relator: Ministro Sydney
Sanches - Ag 182.811-SP, Relator: Ministro Celso de Mello - Ag
174.473-MG, Relator: Ministro Celso de Mello - Ag 188.762-PR (AgRg),
Relator: Ministro Sydney Sanches - Ag165.054-SP, Relator: Ministro Celso
de Mello - RE 236.333-DF, Relator: Ministro Marco Aurélio, v.g.).”
(Ag-277878-ES, Relator: Ministro Celso de Mello, DJ de 16/8/2000.)

Por esses motivos, merece ser mantido o despacho


agravado, por seus próprios fundamentos.
Em síntese e pelo exposto, conheço do Agravo de
Instrumento e, no mérito, nego-lhe provimento.

RECURSO DE REVISTA DA LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE


S.A.

ADMISSIBILIDADE
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Satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade,
passo ao exame das condições próprias do Recurso de Revista.

CONHECIMENTO

RESPONSABILIDADE DA RECLAMADA – DEVER DE INDENIZAR -


SOLIDARIEDADE
Sobre o tema, consta da decisão regional:

“O Reclamante informou, na petição inicial, que, em 22/07/2010, foi


chamado para proceder a substituição de um poste de madeira com
transformador, e para tanto a 2.ª Ré foi informada para desenergizar a área e,
por segurança, foram aterrados dois ou três postes antes e dois ou três postes
depois do que seria substituído.
Entretanto, em virtude de uma chamada de emergência em área
próxima ao local da substituição dos postes, a 2.ª Ré religou a energia
ocasionando também a energização da área de trabalho do Reclamante,
provocando, com isso, o choque e queimadura, levando à amputação do
polegar de sua mão esquerda e enxertos nos dedos e no cotovelo direito.
Em defesa, a 1.ª Ré alega que o acidente foi uma fatalidade ocasionada
por um caso fortuito, já que o seu encarregado, Sr. Gilmar, seguiu o
procedimento de segurança e informou a 2.ª Ré acerca da necessidade de
retirar a energia da área de trabalho. Informa ainda que forneceu os EPI's
necessários e que o Reclamante tinha pleno conhecimento e vasta
experiência na atividade desempenhada.
Ressalta, também, que por ter ciência dos riscos do seu
empreendimento preocupa-se em fornecer aos seus colaboradores
equipamentos necessários à prevenção dos acidentes, e que mesmo tomando
todo o cuidado o acidente ocorreu por uma fatalidade.
A 1.ª Ré emitiu a Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT:
2010.291.975- 5101 de fi. 115 em que consta os dados do acidente e a
situação geradora, ‘exposição energia elétrica-APL’.
A 2.ª Ré, em sua contestação, informa que o evento noticiado pelo
Reclamante ocorreu sem qualquer comprovação de culpa das Rés, bem como
caberia ao Autor provar a energização posterior do local de trabalho, e que o
acidente se deu por culpa do Reclamante.
Inclusive, nega que a 1.ª Ré tenha lhe comunicado que a sua equipe
estava no local para iniciar o serviço.
Na verdade, diante das alegações das Rés, seja de que o acidente
ocorreu por fato fortuito e que caberia ao Autor provar a energização da área,
caberia a elas o ônus de prova nos termos dos artigos 818 da CLT e 333 do
CPC, porém não comprovaram qualquer fato fortuito, nem que não houve
energização no local.
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Em virtude do relatado acidente de trabalho, o Reclamante ficou
afastado do serviço, encontrando-se atualmente em gozo do benefício
previdenciário de auxílio-doença acidentário código 91 (fl.23).
O acidente de trabalho é fato incontroverso, diante das alegações das
partes e dos documentos acostados aos autos. O que se faz necessário é a
análise da responsabilidade das Rés em relação ao mesmo.
A responsabilidade civil nada mais é que ‘a obrigação de responder
pelas consequências jurídicas decorrentes do ato ilícito praticado, reparando
o prejuízo causado’.(Garcia, Gustavo Filipe Barbosa - Curso de Direito do
Trabalho – 4.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, pág. 185)
A regra da responsabilidade civil é a de cunho subjetivo, porém há
exceção quando a empresa desenvolve atividade de risco, nos termos do
artigo 927, parágrafo único do Código Civil, vejamos:
‘Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.’(grifamos)
Ora, é incontroverso que a atividade desenvolvida pela Rés é de risco,
conforme objeto social da 1.ª Ré (fl. 58), bem como da 2.ª Ré, que atua em
serviços de eletricidade, o mesmo ocorrendo com a atividade exercida pelo
Reclamante, contratado como eletricista.
Diante disso, não há que discutir quanto a aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva, a qual exige, apenas, a comprovação do dano e do
nexo causal com o ato/fato, independentemente de análise de culpa. Nesse
sentido é a jurisprudência do col. TST, vejamos:
‘RECURSO DE REVISTA. DANOS MORAIS.
RECONHECIMENTO DA APLICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. Uma vez
constatada a atividade de risco exercida Dela reclamante, não há
de se falar em violação dos dispositivos apontados, pois, neste
caso, aplica-se a responsabilidade civil objetiva e não a subjetiva,
como pretende a Reclamada. Por fim, registre-se que a Turma
Regional não reconheceu a culpa exclusiva da vítima, como
alega a Reclamada, mas apenas a culpa concorrente, motivo pelo
qual manteve o valor arbitrado à condenação conforme a culpa
de cada uma das partes. Recurso de revista conhecido e não
provido.’ (RR 191 00-47.2007.5.09.0671. Relator(a): Augusto
César Leite de Carvalho. DEJT 01/07/2011). (grifamos)
Assim, correta a sentença ao declarar a responsabilidade das Rés,
aplicando a responsabilidade civil objetiva, face à atividade de risco, pois
incontroverso o acidente e o dano provocado, não havendo de se falar em má
valoração da prova.

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Em tal caso, os titulares das atividades econômicas que manuseavam a
energia de trabalho do Reclamante, atuando em atividade perigosa, de risco,
devem responder objetivamente.
No que tange a responsabilidade solidária, mais uma vez, correta a
decisão singular, pois o autor do ato que provocou o acidente, qual seja,
energizar a área em que trabalhava o Reclamante, foi a 2.ª Ré, assim deve
responder por seu ato, e a 1.ª Ré responde por ser empregadora do
Reclamante, responsável por sua segurança e pela fiscalização de suas
atividades.

Afirma a Recorrente que, verificando-se os elementos


de prova trazidos aos autos, constata-se que não restou demonstrada a
sua responsabilidade no acidente que vitimou o Autor. Sustenta que o órgão
julgador regional confirmou a sentença originária a partir do depoimento
da testemunha indicada pela Reclamada Medral, que declarou expressamente
não presenciar o acidente ocorrido com o Autor, também não participando
da apuração do fato. Alega que não foi trazido aos autos o relatório de
comissão que supostamente teria apurado o acidente, do qual, se poderia
concluir que não praticou nenhum ato ilícito passível de reparação.
Quanto à solidariedade, afirma que tal condição somente ocorre por
vontade das partes, em caso de grupo econômico ou de contratos de
empreitada, situações diversas da hipótese contida nos autos, pelo que
entende violados os arts. 5.º, II, da Constituição Federal, 2.º, § 2.º,
455 e 818 da CLT, 333, I, do CPC.
Assevera a Recorrente que não foi produzida prova a
demonstrar a culpa do empregador e a extensão do dano sofrido, pautando-se
o juízo apenas em seu entendimento, sem qualquer substrato médico.
Sustenta que não teriam sido satisfeitos os requisitos legalmente
exigidos para a reparação: ação ou omissão por parte do agente, ocorrência
de efeito com prejuízo à vítima, nexo de causalidade entre o evento e
o prejuízo e dolo ou culpa do agente. Na hipótese dos autos, sustenta
não haver prova no sentido de que foram as Reclamadas responsáveis pelo
acidente ocorrido, merecendo ser excluída da condenação a reparação por
danos morais, por violação do contido nos arts. 7.º, XXVIII da
Constituição Federal, 186 e 927 do Código Civil. Destaca ainda que o
pedido de danos morais e estéticos foi feito de forma abrupta e aleatória,
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sem nenhum critério de especificação ou comprovação. Noticia arestos ao
confronto.
À análise.
Com efeito, a regra geral no Direito Brasileiro é a
responsabilidade subjetiva, que pressupõe a ocorrência concomitante do
dano, do nexo causal e da culpa do empregador. Sem a conjugação de todos
esses requisitos, não há de se falar em responsabilidade. É o que se extrai
da exegese do art. 186 do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Tratando-se, todavia, de acidente de trabalho em


atividade de risco, ou que implique maior risco de acidente, há norma
específica para ser aplicada a responsabilidade objetiva, conforme se
extrai do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, in verbis:

“Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.”

Logo, em se tratando de atividade empresarial que


implique risco aos empregados, a responsabilidade é objetiva, ou seja,
independe de culpa do empregador, já que a exigência de que a vítima
comprove erro na conduta do agente, nessas hipóteses, quase sempre
inviabiliza a reparação. Assim, a responsabilidade objetiva tem lugar
somente quando o risco é inerente à atividade executada, isto é, quando
há grande probabilidade de que ocorra o infortúnio.
Releve-se que esse entendimento, diversamente do que
sustenta a Recorrente, não revoga o artigo 7.º, XXVIII, da Constituição
Federal.
Pois bem. Na hipótese dos autos, o Reclamante sofreu
acidente de trabalho quando, trabalhando na substituição de um poste de
madeira com transformador, a segunda Reclamada, responsável pelo
desligamento da energia no local, retomou a ligação da mesma quando o
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Autor ainda se encontrava em atividade, causando-lhe choque e queimadura,
levando à amputação do seu polegar da mão esquerda e enxertos nos dedos
e cotovelo direito.
O Regional, soberano na análise do conjunto
fático-probatório, consignou que a natureza das atividades executadas
pelas Reclamadas, ao importar em manuseio de energia, eram complexas,
criando grande perigo aos seus trabalhadores, concluindo pela aplicação
da responsabilidade objetiva.
Ressalte-se, por oportuno, que infirmar tal premissa
somente seria possível com a reapreciação das provas carreadas aos autos,
hipótese essa vedada pela Súmula n.º 126 do TST.
Depreende-se, portanto, que o empregado trabalhava em
situação de risco, o que possibilita a aplicação do parágrafo único do
art. 927 do Código Civil, conforme reiteradas decisões desta Corte, no
seguinte sentido:

“RECURSO DE REVISTA. 1.TRABALHO EM RODOVIA.


MORTE DO EMPREGADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
Esta Corte tem entendido que o artigo 7.º, XXVIII, da Constituição Federal,
ao consagrar a teoria da responsabilidade subjetiva, por dolo ou culpa do
empregador, não obsta à aplicação da teoria da responsabilidade objetiva às
lides trabalhistas, mormente quando a atividade desenvolvida pelo
empregador pressupõe a existência de risco potencial à integridade física e
psíquica do trabalhador e o acidente ocorreu na vigência do novo Código
Civil. De outra parte, a teoria do risco da atividade empresarial sempre esteve
contemplada no artigo 2.º da CLT, e o Código Civil de 2002, no parágrafo
único do artigo 927, reconheceu, expressamente, a responsabilidade objetiva
para a reparação do dano causado a terceiros. No caso dos autos, segundo o
Regional, a atividade exercida pelo reclamante deve ser considerada de risco,
uma vez que o -de cujus- trabalhava na conservação e manutenção de
rodovias, aliada à negligência da demandada com a segurança de seus
empregados, o que seria suficiente para a caracterização da culpa, atendendo
aos pressupostos da responsabilidade subjetiva, ainda que afastada a
responsabilidade objetiva. Ademais, segundo entendimento desta Corte,
mesmo que o acidente tenha sido provocado por terceiro, a responsabilidade
pela atividade econômica é do empregador, e não do empregado. Recurso de
revista não conhecido.” (TST-RR - 491-73.2010.5.15.0079, Data de
Julgamento: 25/6/2014, Relatora: Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 1.º/7/2014.)

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“ACIDENTE DO TRABALHO. MOTORISTA DE CAMINHÃO.
ATIVIDADE DE RISCO. TEORIA DA RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. Consoante explicitado na
decisão recorrida, o Reclamante, que exercia a função de motorista de
caminhão, -dirigia veículo da empresa quando este saiu da pista de rolamento
e tombou, chocando-se com um poste da rede pública de distribuição de
energia elétrica- e -em virtude do choque o referido poste quebrou-se, caiu
por cima do veículo e causou ferimentos graves ao reclamante-. O artigo 927,
parágrafo único, do Código Civil de 2002, c/c o parágrafo único do artigo 8.º
da CLT, autoriza a aplicação, no âmbito do Direito do Trabalho, da teoria da
responsabilidade objetiva do empregador, nos casos de acidente de trabalho,
quando as atividades exercidas pelo empregado são de risco, conforme é o
caso em análise. Na hipótese dos autos, não há dúvida de que a atividade
profissional desempenhada pelo reclamante era de risco, pois o motorista de
caminhão (motorista profissional) está mais sujeito a acidentes do que o
motorista comum. Portanto, constatando-se que o Regional entendeu que a
responsabilidade a ser aplicada, na hipótese, é de caráter objetivo, o Recurso
de Revista não se viabiliza por ofensa aos artigos 5.º, inciso X, e 7.º, inciso
XXVIII, da Constituição Federal, 186 e 927 do Código Civil e 1.539 do
Código Civil e divergência jurisprudencial, nos termos da alínea -a- do artigo
896 da CLT e da Súmula n.º 333 do TST. Recurso de revista não conhecido.”
(TST-RR - 54800-43.2012.5.13.0010, Data de Julgamento: 11/6/2014,
Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 20/6/2014.)

“RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO.


RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR. TEORIA DO
RISCO PROFISSIONAL. VENDEDOR EXTERNO. ACIDENTE COM
MOTOCICLETA. ASSALTO. INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL,
MORAL E ESTÉTICO. A responsabilidade objetiva, sem culpa, lastreada na
chamada teoria do risco profissional, adotada pela legislação brasileira, no
parágrafo único do art. 927 do Código Civil, preconiza que o dever de
indenizar tem lugar sempre que o fato prejudicial é decorrente da atividade
ou profissão da vítima, conforme ocorreu na espécie, em que a atividade de
vendedor externo, que conduzia motocicleta, é considerada de risco. Assim,
restando incontroverso o acidente de trabalho sofrido pelo reclamante e o
nexo de causalidade com o trabalho realizado, do que resultou a limitação
funcional de sua coluna tóraco-lombar, fica a empregadora obrigada a
reparar os danos morais decorrentes de sua conduta ilícita ou antijurídica.
Precedentes. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.”
(TST-RR - 94300-55.2008.5.03.0004, Data de Julgamento: 28/5/2014,
Relator: Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1.ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 30/5/2014.)

“ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANO


MATERIAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RECLAMADA.
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Tribunal Superior do Trabalho fls.11

PROCESSO Nº TST-ARR-569-30.2011.5.01.0012

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ATIVIDADE DE RISCO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA INDÚSTRIA
PETROLÍFERA. No caso, o Reclamante (auxiliar de plataforma), trabalhava
-na movimentação de cilindros no deck-, quando sofreu acidente de trabalho
decorrente do desprendimento de um dos cilindros içado, que o atingiu,
acarretando fratura em sua clavícula esquerda e redução da sua capacidade
de trabalho, conforme destacado no acórdão regional. Consignou o Tribunal
a quo que -o fundamento para a condenação da Ré na pensão vitalícia é de
que o laudo pericial é conclusivo quanto à perda parcial da capacidade
laborativa do Autor, a justificar a pensão, a fortiori, diante da comprovação
de que a atividade desenvolvida pelo Autor era de risco, restando
caracterizada a responsabilidade objetiva da empregadora, que é agravada
pela falta de fiscalização na realização das tarefas, atraindo a hipótese da
Súmula n.º 25, do E. TRT/RJ-. Como a responsabilização da Reclamada pelo
acidente de trabalho sofrido pelo reclamante era objetiva, decorrente do fato
de desempenhar atividade de risco, é desnecessária a demonstração de culpa
ou dolo. Assim, não há falar em ofensa ao artigo 7.º, inciso XXVIII, da
Constituição Federal nem em divergência jurisprudencial com aresto que não
se refere à hipótese fática idêntica à registrada no acórdão regional -
atividade de risco. Julgado que não possui a especificidade exigida pela
Súmula n.º 296, item I, do TST, não se presta ao fim colimado. Ressalta-se,
ainda, que nessas circunstâncias as alegações da Reclamada de que não
foram preenchidos os requisitos necessários ao deferimento da pensão
pleiteada pelo reclamante são insuscetíveis de apreciação por esta Corte, em
face do disposto na Súmula n.º 126 do TST, que impede a o revolvimento do
acervo fático-probatório dos autos. Agravo de instrumento desprovido.”
(TST-AIRR - 272200-08.2005.5.01.0482, Data de Julgamento: 28/5/2014,
Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 6/6/2014.)

“RECURSO DE REVISTA - ACIDENTE DE TRABALHO - DANOS


MORAL E MATERIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - SISTEMAS
OBJETIVO E SUBJETIVO - ELEMENTOS CARACTERIZADORES -
TEORIA DO RISCO. Convencido pelas razões apresentadas pelo Exmo.
Min. Lelio Bentes Corrêa, em vista regimental, adoto integralmente os
motivos por ele sugeridos. De acordo com os fundamentos apresentados pelo
Min. Lelio Bentes Corrêa, -conquanto consagrada expressamente a adoção
da teoria da responsabilidade civil objetiva nas atividades de risco apenas em
2002, a legislação trabalhista brasileira, na vanguarda da tutela dos direitos
humanos no Brasil, já previa, desde 1943, a responsabilidade civil objetiva
do empregador pela reparação dos danos materiais e morais sofridos pelos
empregados, decorrentes da execução do contrato de emprego. A assunção
dos ‘riscos da atividade econômica’, prevista no artigo 2.º da Consolidação
das Leis do Trabalho, compreende não apenas os riscos financeiros da
atividade empresarial, mas todo o risco que essa atividade econômica
representa para a sociedade e, principalmente, para seus empregados. Ao
assumir os riscos inerentes à atividade econômica o empregador assume o
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ônus de responder, de forma objetiva, por todos os danos causados por sua
atividade empresarial. Não seria lógico entender que, embora assumindo os
riscos da atividade, o empregador respondesse apenas de forma subjetiva
pelos danos causados àqueles de que se utiliza para obter lucro, mediante a
extração da mais-valia. A se restringir a responsabilidade do empregador a
esfera subjetiva, inafastável seria o desvirtuamento da regra consagrada no
artigo 2.º da CLT, criando-se reserva quanto à responsabilidade da empresa,
na medida em que, embora assumindo os riscos da atividade, incumbiria ao
ofendido a prova de que o dano foi causado por culpa ou dolo do
empregador-. -Na hipótese dos autos, em que pese a afirmação constante do
acórdão recorrido, no sentido de que o caminhão estava equipado com os
dispositivos necessários à execução do serviço - carregamento e
descarregamento de postes -, certo é que tais equipamentos não se revelaram
eficazes à prevenção do acidente. Conforme registrado no acórdão recorrido,
o Reclamante, no momento do acidente, descarregava postes de telefonia de
eucalipto da carroceria do caminhão, ocasião em que um dos postes
escorregou, atingindo-o na cabeça e provocando lesão que o levou à óbito.
Resulta imperioso reconhecer que a atividade desenvolvida pelo reclamante
caracterizava-se como atividade de risco, visto que, ao descarregar postes
pesadíssimos, ainda que o caminhão estivesse equipado com os acessórios
necessários para o transporte de postes, o empregado encontrava-se exposto
a situação de risco acima do risco médio da coletividade em geral, sujeito a
sofrer acidentes - como de fato veio a ocorrer na hipótese dos autos-.
-Reconhecida a responsabilidade objetiva do empregador, o valor da
condenação deve ser proporcional ao sofrimento impingido ao ofendido,
ponderada a capacidade econômica do infrator-. Recurso de revista
conhecido e provido.” (TST-RR - 175800-22.2006.5.15.0056, Data de
Julgamento: 21/5/2014, Relator: Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, 1.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 6/6/2014.)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. ACIDENTE DE TRABALHO.


ATIVIDADE DE GARI. COLETA DE LIXO NAS RUAS. RISCO
ACENTUADO. ARTIGO 927, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. NÃO PROVIMENTO. Tratando-se
de atividade empresarial ou de dinâmica de trabalho que acarrete risco
acentuado ao trabalhador, incide a exceção do artigo 927, parágrafo único,
do CC, que torna objetiva a responsabilidade da empresa por danos
decorrentes de acidentes no exercício de função de risco. No tocante à
caracterização das atividades de risco, a previsão contida nesse dispositivo
de lei nos traz em seu bojo dois elementos relevantes. Primeiro, a
necessidade de que o risco esteja relacionado com as atividades normalmente
desenvolvidas pelo empregador. Ou seja, que possua direta conexão com as
condutas habitualmente exercidas, de maneira empresarial, para a realização
dos fins econômicos do empregador. Nesse diapasão, por expressa previsão
em lei, a natureza de atividades esporádicas ou transitórias exercidas em face
de uma relação de trabalho não pode ser considerada para fins de
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enquadramento do empregador na exceção prevista no artigo 927, parágrafo
único, do CC. É dizer, assim, que apenas as condutas rotineiras, inerentes ao
exercício da atividade empresarial, são relevantes para a caracterização, ou
não, do risco a que remete o Código Civil. O segundo aspecto relevante
trazido no corpo do artigo 927, parágrafo único, do CC, diz respeito ao risco
intrínseco à natureza de determinada atividade empresarial, que constitui o
ponto nodal da questão. Assim, o risco a que remete o Código Civil, para
efeitos de responsabilidade civil do empregador, é aquele considerado sob a
ótica do risco-proveito, teoria que defende a ampliação da responsabilidade
daquele que retira proveito da atividade empresarial lesiva tendo por base o
princípio de que, onde estão os ganhos, residem os encargos. Dessa forma, é
indispensável que a empresa, atividade organizada para a produção de bens
ou serviços, busque alcançar sua finalidade mediante a sujeição dos
trabalhadores a um risco superior ao que é submetido o restante da
coletividade. No presente caso, a atividade laboral é de risco acentuado, pois
os garis que trabalham em caminhão de recolhimento de lixo estão mais
expostos a acidentes de trânsito do que os demais cidadãos, porquanto suas
funções desenvolvem-se necessariamente nas ruas e sem proteção efetiva
contra eventuais colisões. Sendo assim, a situação enquadra-se no que dispõe
o parágrafo único do artigo 927 do CC, pois os acidentes no trânsito
constituem risco inerente à atividade profissional, ainda que decorram de ato
praticado por terceiro. Agravo de instrumento a que se nega provimento.”
(TST-AIRR - 73900-30.2009.5.19.0007, Data de Julgamento: 7/5/2014,
Relator: Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 30/5/2014.)

Citem-se, ainda, os seguintes precedentes oriundos da


SBDI-1 desta Corte:

“DANO MORAL E MATERIAL. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE


TRABALHO. ÓBITO DO EMPREGADO. ATIVIDADE PROFISSIONAL
DE RISCO. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR 1. Acórdão
turmário que julga procedente pedido de indenização por dano moral e
material, formulado por viúva de ex-empregado falecido em decorrência de
acidente de trabalho em atividade profissional de -encarregado de
manutenção elétrica-, que o submeteu a descarga elétrica de grande
intensidade, levando-o a óbito. Aplicação, pela Turma, da responsabilidade
objetiva do empregador, amparada nas disposições do parágrafo único do
artigo 927 do Código Civil. 2. A atividade profissional de -encarregado de
manutenção elétrica- que submete o empregado a contato direto com rede
elétrica de alta tensão, sujeita-o a uma maior probabilidade de sofrer grave
acidente de trabalho. Cuida-se de atividade de risco, nos termos da norma
inscrita no parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, a impor ao
empregador a respectiva obrigação de reparar, independentemente de culpa,
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o dano moral causado à família do empregado falecido no exercício das
atividades laborais. 3. A ocorrência do sinistro antes da entrada em vigor do
Código Civil de 2002 não inviabiliza a aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva no âmbito da relação de emprego. A atribuição de
responsabilidade sem culpa ao empregador, no caso de acidente de trabalho
em atividade profissional de risco, advém da interpretação sistêmica de todo
o arcabouço histórico, legal e doutrinário sobre o tema, de que, ao final, se
valeu o legislador na elaboração do novo Código Civil de 2002. Precedentes
da SbDI-1 do TST. 4. Embargos de que se conhece, por divergência
jurisprudencial, e a que se nega provimento.” (TST-E-ED-RR -
170100-91.2008.5.07.0032, Data de Julgamento: 15/5/2014, Relator:
Ministro João Oreste Dalazen, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 30/5/2014.)

“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA


LEI 11.496/2007. ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. TEORIA DO
RISCO. ART. 7.º, CAPUT E INCISO XXVIII, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. POSSIBILIDADE. O
caput do art. 7.º da Constituição Federal constitui-se tipo aberto,
vocacionado a albergar todo e qualquer direito quando materialmente
voltado à melhoria da condição social do trabalhador. A responsabilidade
subjetiva do empregador, prevista no inciso XXVIII do referido preceito
constitucional, desponta, sob tal perspectiva, como direito mínimo
assegurado ao obreiro. Trata-se de regra geral que não tem o condão de
excluir ou inviabilizar outras formas de alcançar o direito ali assegurado. Tal
se justifica pelo fato de que, não raro, afigura-se difícil, se não impossível, a
prova da conduta ilícita do empregador, tornando intangível o direito que se
pretendeu tutelar. Não se pode alcançar os ideais de justiça e equidade do
trabalhador - ínsitos à teoria do risco -, admitindo interpretações mediante as
quais, ao invés de tornar efetivo, nega-se, por equivalência, o direito à
reparação prevista na Carta Magna. Consentâneo com a ordem
constitucional, portanto, o entendimento segundo o qual é aplicável a parte
final do parágrafo único do art. 927 do CCB, quando em discussão a
responsabilidade civil do empregador por acidente de trabalho. Esse é o
entendimento que adoto acerca do assunto, não obstante tenho me
posicionado de forma diversa no âmbito da Quarta Turma, por questão de
disciplina judiciária. Embargos conhecidos e desprovidos.”
(TST-E-RR-9951600-44.2005.5.09.0093, Relatora: Ministra Maria de Assis
Calsing, SBDI-1, DJ de 12/11/2010.)

“DANO MORAL. ACIDENTE DO TRABALHO. RISCO


INERENTE À ATIVIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A
atividade de transporte de valores em carro forte é, pela sua natureza,
indubitavelmente uma atividade de risco acentuado e, de acordo com o art.
2.º da CLT, os riscos da atividade econômica devem ser suportados pelo
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empregador. Saliente-se que, embora o art. 7.º, inc. XXVIII, da Constituição
da República estabeleça a obrigação do empregador, quando incorrer em
dolo ou culpa, de indenizar o empregado em razão de acidente de trabalho, o
caput desse dispositivo ressalta que os direitos ali previstos não o são de
forma taxativa, ao dispor ‘além de outros que visem à melhoria de sua
condição social’. Dessa forma, não há impedimento constitucional para a
incidência do art. 927 do Código Civil, que no seu parágrafo único dispõe:
‘Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem’.
Dessa forma, revela-se objetiva a responsabilidade do empregador quando
há risco inerente à sua atividade. Recurso de Embargos de que se conhece e a
que se dá provimento.” (E-RR-84700-90.2008.5.03.0139, SBDI-1, Relator:
Ministro João Batista Brito Pereira, DJ 11/12/2009.)

Acrescente-se, também, que o dano moral, por se


caracterizar como lesão a direitos da personalidade ou bens imateriais
do ser humano, afasta a necessidade de efetiva comprovação do prejuízo
sofrido, pois se torna extremamente difícil averiguar os aspectos íntimos
das pessoas para se demonstrar o dano efetivamente causado.
Esta Corte já teve a oportunidade de manifestar que
o dano moral, nos casos de acidente de trabalho e de doença profissional
equiparada a acidente de trabalho, independe da efetiva prova do
prejuízo, bastando, para tanto, a comprovação da lesão e do nexo de
causalidade. Nesse sentido, têm-se os seguintes precedentes:

“RECURSO DE REVISTA - DANO MORAL - DOENÇA


OCUPACIONAL - REDUÇÃO DA CAPACIDADE AUDITIVA - NEXO
DE CAUSALIDADE - CULPA DA EMPRESA - REVOLVIMENTO DE
FATOS E PROVAS. O Tribunal Regional, com base no conjunto
fático-probatório existente nos autos, deixou claro que o autor adquiriu
doença ocupacional em decorrência direta das atividades exercidas durante o
contrato de trabalho e por culpa da empresa, estando o Reclamante
incapacitado parcial e permanentemente para o trabalho exercido. É
inadmissível Recurso de Revista em que, para se chegar à conclusão
pretendida pela recorrente, seja imprescindível o reexame do contexto
fático-probatório dos autos, nos termos da Súmula n.º 126 do TST.
Ressalte-se que o dano moral é considerado in re ipsa, não se fazendo
necessária a prova objetiva do sofrimento ou do abalo psicológico, porquanto
este reside na própria violação do direito da personalidade praticado pelo
ofensor. Logo, o acometimento de doença ocupacional viola os direitos da
personalidade do trabalhador e é passível de reparação moral. Recurso de
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revista não conhecido.” (TST- RR - 35900-24.2006. 5.20.0011, Data de
Julgamento: 3/8/2011, Relator: Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, 1.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/8/2011.)

“3. DOENÇA OCUPACIONAL. PROVA DO DANO MORAL.


DESNECESSIDADE. O Regional asseverou que o Reclamante padece de
doença ocupacional incapacitante. Sendo assim, não há falar em prova do
abalo psíquico e emocional efetivamente sofrido pelo trabalhador, porque
configurado o dano moral -in re ipsa-. Precedentes desta Corte. 4. DANO
MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO. A divergência jurisprudencial
colacionada encontra óbice nas Súmulas nos 296, I, e 337 do TST. Agravo de
instrumento conhecido e não provido.” (TST-AIRR -
1310221-40.2010.5.05.0000, Data de Julgamento: 3/8/2011, Relatora:
Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª Turma, Data de Publicação: DEJT
5/8/2011.)

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. NEXO


DE CAUSALIDADE. CULPA DO RECLAMADO. Consoante o quadro
expresso pelo Tribunal Regional, demonstrada a ocorrência de culpa do
Reclamado, do dano à reclamante e do nexo causal entre o dano à reclamante
e a conduta culposa do Reclamado, não há como afastar a condenação ao
pagamento de indenização por danos morais e materiais. DANOS MORAIS.
CARACTERIZAÇÃO. 1. Devido à natureza subjetiva da sequela causada
pelo dano moral, a ofensa moral independe de prova. O que pode ser
objetivamente avaliado e, consequentemente, provado é o fato ilícito
causador do dano. 2. Na hipótese, resta incontroversa a agressão à
integridade biopsíquica da Reclamante causado pelo LER/DORT e perda da
capacidade para o trabalho do membro superior direito, doença ocupacional
que adquiriu em virtude da forma como o trabalho era prestado para o
Reclamado. 3. Logo, está caracterizado o dano moral, devendo a reclamanda
indenizar a Reclamante, nos termos do art. 5.º, inc. X, da Constituição da
República. Recurso de Revista de que se conhece em parte e a que se dá
provimento.” (TST- RR - 9954700-73.2005.5.09.0653, Data de Julgamento:
29/6/2011, Relator: Ministro João Batista Brito Pereira, 5.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 5/8/2011. )

Dessa feita, emerge como obstáculo à revisão


pretendida o art. 896, § 7.º, da CLT, não havendo de se cogitar de afronta
aos dispositivos legais e constitucionais apontados, tampouco em
divergência jurisprudencial.
Não conheço.

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DANOS MORAIS E ESTÉTICOS – FIXAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO
Sobre o tema, asseverou a Corte Regional:

“A sentença condenou as Rés em danos morais, danos morais


punitivos e danos estéticos, sob os seguintes fundamentos:
‘Assim, fixo indenização por dano moral, no sentido de
cobrir a sua dor íntima, levando-se em consideração o fator
pedagógico da falta de respeito da 2.ª ré e de mais cautela com
segurança ao executar as atividades de reparo em valor
equivalente a 200(duzentos) salários mínimos nacionais.
Fixo indenização por dano moral, como fator punitivo a ré,
que deve ter diligência no fornecimento de equipamento de
proteção, treinamento dos usuários e fiscalização em prol do
correto uso, bem como reparando a dor do autor, que se viu
limitado, mesmo que temporariamente no desenvolvimento de
suas atividades profissionais, bem como sofrera com o
tratamento, no valor equivalente a 06 salários do autor, no ato de
sua dispensa(conforme contra-cheque a fls. 24). O autor não
mais terá firmeza em suas mãos, talvez, para o resto de suas vidas
e o dedo polegar jamais retornará.
Fixo a indenização por dano estético, pois o autor ficará
sem o seu dedo polegar e com as marcas dos enxertos em seus
dedos e cotovelos para o resto de sua vida, em 150 (cento e
cinquenta) salários mínimos.’
Em face a tal condenação, as Rés recorrem para que não sejam
configurados tais danos e, sucessivamente, reduzidos os valores. O
Reclamante recorre para que obtenha a majoração do valor arbitrado.
Não há de se falar em inexistência de danos, seja moral ou estético,
pois o acidente, incontestavelmente, provocou um impacto de ordem moral e
físico na vida do Reclamante. Senão vejamos.
Antes do acidente, o trabalhador possuía uma vida saudável, com
atividade laboral, realizando os atos sociais comuns, que foram
interrompidos com os efeitos do acidente em sua vida.
Desde o momento em que levou o choque e sofreu as queimaduras,
como declarado no atestado a fls. 26 ‘fora vítima de queimadura por
eletropressão, evoluindo com necrose de 10 quinodactilo e queimadura de 3.º
grau em face palmar de quinodactilos’, o Reclamante sofreu um impacto em
sua vida, pois parou de ter a sua atividade laboral, teve que se submeter a
tratamentos médicos e ainda ficou com sequelas físicas e estéticas.
Ora, é notória a lesão aos direitos extrapatrimoniais do Reclamante, ao
seu bem imaterial, pelo sofrimento ocorrido com o acidente e a dor moral, e
da mesma forma ficou claro o dano estético, pois houve lesão à integridade
física, seja ao amputar um dedo, seja nas cicatrizes existentes (a fls. 35/43)
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Em relação ao arbitramento do dano moral, devemos considerar as
condições de trabalho, a culpa das rés, as suas capacidades econômicas e o
efeito do dano na vida do autor, bem como o efeito pedagógico do dano, com
o fito de evitar novos atos danosos a serem provocados pelas Rés.
O valor do dano moral pretendido pelo Reclamante foge da
razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que este não deve gerar o
enriquecimento ilícito da parte, nem muito menos deixar a responsável em
impossível situação financeira.
No presente caso, observando o ocorrido, verificamos que não há
necessidade do valor arbitrado a título de danos morais ser reduzido para,
pois atendido os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sem a
ocorrência de enriquecimento ilícito a parte.
Em relação ao dano estético, vislumbra-se, de igual forma, que houve a
devida observância, na sentença, das condições de trabalho, da culpa da ré,
de sua capacidade econômica e do efeito do dano na vida do autor.
Diante do exposto, nego provimento aos Recursos do Reclamante e das
Rés, pelo que mantenho a sentença nesse aspecto.”

Em relação ao montante fixado a título de indenização,


destaca a Recorrente que devem ser observados os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, sempre com o intuito de se evitar
o enriquecimento sem causa do ofendido, e/ou o empobrecimento do ofensor.
Tomando por base o salário percebido pelo Autor – R$535,00 por mês –
entende que os montantes fixados não atenderam aos princípios acima
apresentados. Destaca violação dos arts. 884 e 944, parágrafo único, do
Código Civil, apresentando divergência jurisprudencial.
Em primeiro lugar, registro que os precedentes a fls.
535/538 são oriundos de Turmas desta Corte julgadora, desservindo ao fim
colimado, na forma do art. 896, “a”, da CLT.
Inicialmente, quanto ao ônus da prova do efetivo
prejuízo sofrido pelo Reclamante e consequente afronta aos arts. 818 da
CLT e 333 do CPC, a admissão do Apelo esbarra no óbice da Súmula n.º 126
do TST.
De outro lado, tendo a Corte de origem, com lastro nas
provas produzidas nos autos, expressamente consignado a natureza das
atividades desempenhadas, as quais eram de extremo risco, além de
registrar o acidente que vitimou o Autor, o deferimento da indenização
por danos morais não afronta a literalidade do art. 5.º, X, da
Constituição Federal, mas apenas lhe confere perfeita aplicabilidade.
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Por fim, ao se arbitrar a indenização por danos morais,
tem-se que considerar que o montante indenizatório não deve apenas servir
como uma forma de compensação da vítima (caráter compensatório), mas
também como uma forma de se obstar a prática da conduta lesiva por parte
do ofensor (caráter pedagógico).
Assim, diante dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, a indenização não pode ser arbitrada em valor
excessivo, que acaba por ocasionar o enriquecimento sem causa da vítima,
nem em valor irrisório, que acaba por ensejar a perpetuação da conduta
lesiva do empregador.
Levando-se esses aspectos em consideração, foram
estabelecidos alguns parâmetros para a fixação do valor indenizatório,
entre os quais, a gravidade e habitualidade da conduta, o potencial
econômico do ofensor, a condição financeira da vítima, a reiteração da
conduta, seu prolongamento no tempo, existência de sequelas, entre
outros.
Verifica-se que o Regional, ao fixar o montante devido
a título de indenização por danos morais e estéticos, acabou por observar
as diretrizes previstas no art. 944 do CCB, visto que o referido valor
não se afigura extremamente excessivo nem irrisório, sobretudo se se
considerar, tal como consignado pelo Regional, a amputação do polegar
da mão esquerda e enxertos nos dedos e cotovelo direito.
Não conheço.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I – conhecer do Agravo de
Instrumento da primeira Reclamada e negar-lhe provimento; II - não
conhecer do Recurso de Revista da segunda Reclamada.
Brasília, 11 de Março de 2015.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MARIA DE ASSIS CALSING
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 11/03/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCEDIMENTO PESQUISA JURISPRUDÊNCIA ACIDENTÁRIA

1º Acessar o site do Tribunal Superior do Trabalho http://www.tst.jus.br/

2º Clicar na aba Jurisprudência


3º Clicar em “Consulta Unificada”

4º Na caixa pesquisa livre digite “indenização acidente” entre aspas e


clique em pesquisar
Resultado
As ementas (que são resumos) de vários processos aparecerão. Navegue pela página e escolha uma
Ementa que julgar mais fácil/interessante.

Escolhido o processo, clique em inteiro teor (download) para ter acesso ao documento (em pdf).

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