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Petrópolis foi uma cidade planejada na segunda metade do século XIX para ser sede
do palácio de veraneio da Família Imperial. Sua fundação ocorreu em 16 de março de 1843,
pelo decreto imperial número 155, por meio do qual foram arrendadas as terras
correspondentes à fazenda do Córrego Seco para a construção de uma vila no entorno do
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Doutoranda – Programa de Pós graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista
CAPES.
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A partir do Livro 2, ou seja, após a segunda metade da década de 1860, os registros englobam em maior
número a dinâmica de casamentos da primeira geração nascida em Petrópolis, que é considerada brasileira e,
portanto, não nos oferece informações quanto à origem germânica de suas famílias.
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Durante a Primeira Guerra Mundial foram impostas uma série de restrições no que diz
respeito a ligações entre o Brasil e a Alemanha. No entanto, após o seu término, as igrejas
evangélicas de confissão luterana no país retomaram o uso do idioma alemão e a difusão da
cultura germânica. As ligações com a Alemanha tornaram-se ainda mais fortes, em especial,
por conta das dificuldades financeiras pelas quais passavam, o que intensificou as filiações ao
Conselho Superior Eclesiástico de Berlim, e posteriormente, à Federação Eclesiástica
Evangélica Alemã, criada em 1922 (HUFF JÚNIOR). Desse modo, estava preparado o terreno
para a germinação dos ideais nazistas dentro de grupos teuto-brasileiros na década de 1930,
inclusive em Petrópolis. Na cidade, o grupo nazista era bastante ativo. Embora utilizassem a
imprensa local de maneira discreta, eram frequentes notas minúsculas escritas, em sua maioria
em alemão, convocando para reuniãos do Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterparteique
“NSDAP”. A Organização do Partido Nacional Socialista no Exterior recomendava que seus
membros não propagassem suas idéias a estrangeiros. Segundo Adolf Hitler, líder do NSDAP
- Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterparteique4, e que governou a Alemanha entre 1933
e 1945, “nazismo não era uma mercadoria exportável” (MAGALHÃES, 2008, 136).
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Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães
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Trecho retirado de DREHER, Martin. Igreja e germanidade. Caxias do Sul:Sinodal, 1894.
p.93-94. Apud: MAGALHÃES, Marionilde Brepohl de. p.93.
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Idem.
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Em 1939, a memória germânica permanecia forte e viva, embora a cidade nunca mais
tenha recebido um contingente de alemães tão grande quanto em 1845. Essa presença
verificou-se principalmente em função das tradições que foram passadas de geração em
geração. Nesse processo, a escola evangélica representou um papel fundamental com o ensino
da língua alemã, que ensinava o idioma alemão, mantinha uma escola onde o idioma era
falado e cultos celebrados em alemão. Entretanto, naquele ano teve início a eclosão de um
duro golpe na manutenção dessa tradição: a nacionalização da escola evangélica e a proibição
do ensino da língua alemã.
Um dos jornais de maior circulação no município, Tribuna de Petrópolis, iniciou a
publicação de uma série de artigos defendendo a nacionalização no Brasil e criticando
duramente o uso da língua estrangeira no país. Esse discurso refletia a postura do governo
Vargas em relação a antigas colônias germânicas no Sul do país, onde o argumento de que
havia vínculos entre esses núcleos de ensino do idioma alemão e o nazismo já não era uma
novidade. Eram, portanto, constantes as associações entre as escolas evangélicas e a
propagação do nazismo. A Tribuna, que até então mantivera uma relação de respeito com a
Comunidade Evangélica, agora, delimitara bem sua postura, com a publicação de um artigo
não assinado que assim dizia:
O presidente visitada a cidade com freqüência, o que aliás, era um hábito da elite
ligada ao Imperador D.Pedro II e que se manteve mesmo após a proclamação da República.
As famílias ligadas ao governo construíram palacetes em Petrópolis e se dirigiam para lá com
freqüência no verão.
Em 1942, porém, a cidade recebeu pessoas bem mais poderosas que os políticos da
capital e o próprio presidente. A ocasião era a realização da III exposição de Flores e Frutos.
Petrópolis preparou-se para recepcionar chanceleres americanos Depois dessa visita,
intensificaram-se os ataques. Os nomes das ruas que carregavam lembranças da Alemanha, tal
como Köeler planejara, agora eram substituídos. Ruas e bairros, que faziam menção a regiões
da Alemanha, como Bingen e Mosela, tiveram seus nomes trocados por outros bem
brasileiros, como Araraquara e Baependi (LORDEIRO, Manoel. 2001) .
E que quem cultuasse a memória germânica na cidade que "entrasse na linha", pois
para o general Lauro Müler
O trecho de onde essa passagem foi extraída se destinava aos súditos do EIXO
residentes em Petrópolis. Segundo o jornal, eram 368 italianos, 190 alemães e 11 japoneses.
O artigo deixa claro que "se trata de estrangeiros natos, não podendo, portanto, figurar entre
os patrícios do "Führer", do "Duce" ou do "Mikado" os descendentes dessas três nações, que
são unicamente brasileiros".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Antonio Izaias da Costa. A Morte de Köeler. A Tragédia que abalou Petrópolis.
In: Anais do colóquio e artigos publicados sobre a Imperial Colônia de
Petrópolis.IHP/UCP, 1995, p.120
STEHLING, Luiz José. Juiz de Fora, a Cia União e Indústria e os Alemães. Juiz de Fora:
Funalfa, 1979.
TAULOIS, Antonio Eugênio. 150 anos da Imperial Colônia de Petrópolis. In: Colóquio
sobre imigração alemã. 1995, Petrópolis. Anais...Petrópolis: IHP/UCP, 1995. p.5-6.
TAUNAY, Carlos Augusto. Viagem Pitoresca a Petrópolis. 1862. In: Anuário do Museu
Imperial. Petrópolis, 1995.
VASCONCELOS, Francisco de. Dunquerque, 1845. In: Colóquio sobre imigração alemã.
1995, Petrópolis. Anais...Petrópolis: IHP/UCP, 1995