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Introdução
adepto da medicina natural, acreditando que por meio dela podem recuperar satisfatoriamente
a saúde, além de manter o equilíbrio orgânico.
Nesse sentido, o presente artigo, que faz parte da proposta do projeto de dissertação
de Mestrado, tem por finalidade apresentar o primeiro resultado da revisão da literatura sobre
o tema buscando demonstrar o espaço que as plantas medicinais possuem no contexto atual,
partindo de uma abordagem interdisciplinar como a etnobotânica, que permite revisar o
conhecimento tradicional associado à diversidade biológica em sua grande área, ou seja, a
relação do homem com as culturas tradicionais e o meio ambiente que o cerca (HAMILTON
et al. 2003). A Partir do estudo da integração entre o homem e a natureza, procura-se a
compreensão do conhecimento popular a respeito das plantas medicinais e a sua importância
para a ciência, a fim de contribuir para a valoração dos recursos naturais.
Especificamente, a partir das histórias e memórias dos quatro raizeiros da cidade de
Morrinhos (GO), pretende-se estudar o espaço e a influência que os conhecimentos a respeito
*UEG-Morrinhos. Aluna do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Meio Ambiente e Sociedade; Bolsista
Capes.
*UEG-Morrinhos. Doutor em História, (Unicamp, 2002). Professor da Graduação e Pós-Graduação.
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No livro “As plantas medicinais como alternativa terapêutica” (2007), Soares informa, com base na estimativa
da Organização Mundial da Saúde, que 80% da população mundial faz uso dos remédios caseiros.
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da utilização das plantas para fins curativos ocupam no contexto atual da sociedade
morrinhense.
Metodologia
Resultados e discussão
do uso das plantas medicinais, que perderam o prestígio anterior dentro da sociedade. Além
disso, com o crescimento do agronegócio, houve desmatamento de grandes e várias áreas da
natureza brasileira e as leis não são cumpridas quanto à preservação ambiental, que abrange
florestas, rios e a rica biodiversidade no Brasil (FERREIRA, 2003).
Entretanto, mesmo tendo sofrido com o desmatamento desenfreado, a partir da
industrialização e modernização dos campos, atendendo ao agronegócio e ao capital, na
década de 1970, ainda é possível afirmar que “O Brasil possui a maior biodiversidade do
mundo, estimada em cerca de 20% do número total de espécies do planeta.” (CALIXTO,
2003: 37). O Brasil detém grande riqueza de espécies de plantas medicinais.
No centro-oeste do Brasil, encontra-se o Cerrado, que possui aproximadamente,
cerca de 2.000.000 Km², representando 25% do território nacional, e que apresenta um
ecossistema rico e variado. De acordo com Myers et al. (2000), o Cerrado é considerado como
uma das 25 áreas de grande biodiversidade mais ameaçadas do planeta, possuindo variedades
de tipos fisionômicos, sendo também uma das áreas de grande devastação antropológica e por
este motivo, torna-se imprescindível o empenho do presente trabalho na busca pelo resgate
dos conhecimentos sobre as plantas medicinais possuídos pelas comunidades tradicionais,
raizeiros e pessoas que utilizam os seus saberes empíricos no cotidiano.
No Estado de Goiás, é comum a venda de plantas medicinais em feiras e em
mercados. Diante da dimensão da biodiversidade do cerrado goiano, refletimos sobre a
importância de avaliar a respeito do universo das plantas medicinais comercializadas na
região sul de Goiás, com o intuito de entender os tipos mais procurados e o modo como são
utilizadas pelos habitantes do município de Morrinhos-GO, a partir dos relatos de vida de
Dona Iraídes Francisca da Silva Vaz (60 anos), Dona Ivanir Francisca da Silva (65 anos), o
senhor Jamiro José de Mendonça (63 anos) e Dona Maria de Lourdes da Silva (71 anos).
O crescimento emergente das práticas de terapias alternativas ocorre porque elas
fogem do convencional, as pessoas podem encontrar diferentes tipos de vantagens vinculadas
a esse novo modelo de assistência, além disso, muitas vezes essas formas de cura alternativa
são procuradas para se evitar os indesejáveis efeitos colaterais, buscando método não
convencional que mantenha o equilíbrio do organismo humano.
Outro fator que também contribui para a procura por tratamentos e medicações
oferecidos pela Medicina Popular é o alto custo dos medicamentos alopáticos vendidos nas
farmácias e dos tratamentos vinculados à medicina oficial. Sendo assim, nos países em que a
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Medicina Científica não atingiu todas as camadas da população, esta é considerada uma
justificativa para a grande utilização de práticas não convencionais para curas.
Nesse sentido, tem ocorrido um significativo aumento do respeito às tradições da
Medicina Popular por parte dos profissionais de saúde, aliados a tecnologia os trabalhos
científicos sobre essas atividades de tratamentos por meio de raízes e plantas são favorecidos
e facilitam o conhecimento cada vez maior das receitas fitoterápicas características das
tradições brasileiras (CAMARGO, 1985).
É a partir dessas considerações que entendemos ser relevante a produção de
documentos orais e visuais sobre a experiência das pessoas que mantém viva a tradição do uso
de plantas, as quais preservam não só as receitas, rezas e rituais de colheita das plantas, mas
também a memória da transmissão desses conhecimentos, que receberam através de suas
gerações anteriores.
Desse modo, partindo da problemática que envolve o tema, é importante analisar
através de estudo de caso a importância de uma abordagem etnobotânica em interrelação com
as tradições populares, com o intuito de preservar as memórias daqueles que fazem uso das
plantas medicinais, bem como de suas influencias antepassadas, a fim de contribuir para a
história cultural regional goiana e consequentemente com a do nosso país.
Conclusão
Referências
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