Sei sulla pagina 1di 5

Hermenêutica I

Atividade de Tutoria do EAD.FTRB de Hermenêutica

Prof. Herberte Barbosa

Aluno: Charles Siqueira Xavier

30/04/2019

1
MÉTODO HERMENÊUTICO DE ESPIRAL – GRANT R. OSBORNE

Com base na leitura e análise da obra de Grant R. Osborne, A Espiral Hermenêutica:


uma nova abordagem à interpretação bíblica, é possível perceber a estrutura geral da
abordagem proposta e suas aplicações, a partir dos exemplos que permeiam a
exposição do autor. Pretendo adotar como ponto de partida, a definição de
hermenêutica apresentada pelo próprio Osborne no capítulo de introdução:
hermenêutica é “ciência que define os princípios ou métodos para a interpretação do
significado dado por um autor específico”. A partir dessa definição, o autor propõe
uma constante dinâmica inerente ao processo da hermenêutica, ou seja, ela aplica o
movimento em seu processo e entrega objetividade como resultado desse movimento
entre “o que o texto significava” e “o que ele significa hoje”.

O processo hermenêutico apresentado possui três perspectivas essenciais, atreladas


a uma tarefa estruturada em três níveis e sempre busca conhecer o significado da
passagem, seguido de aplicações espirituais ao intérprete e aos ouvintes, apontando
para “o tesouro supremo da verdade divina”. Considerando as três perspectivas,
consideramos a hermenêutica como uma ciência (regida por leis de interpretação),
como uma arte (exige a conjugação de imaginação e competência, através da prática
constante) e um ato de caráter espiritual (realizado na dependência do Espírito Santo
e cujo resultado é fruto da Graça divina). Esse caráter peculiar das Escrituras é
mencionado por Karl Barth quando diz que “elas falam a humanidade através de
lampejos de compreensão divinamente controlados”.

Já em relação a estruturação da tarefa de interpretação em três níveis, consideramos


a perspectiva do pronome pessoal referenciado (terceira, primeira e segunda pessoas,
respectivamente). Dessa forma, começamos com a abordagem em terceira pessoa,
que é guiada pela pergunta “o que ele significa?” (exegese). Em seguida, a pergunta
relacionada a primeira pessoa modela a pergunta “o que ele significa para mim?”
(devocional). Ao final, buscamos descobrir “como compartilhar com você o que ele
significa pra mim?” (homilética) como resultado da aplicação em segunda pessoa.
Aqui reside o equilíbrio das perspectivas apresentadas: na dinâmica equilibrada entre
as abordagens dos diferentes níveis, viabilizando uma integração consistente entre a
exegese e homilética, passando pela edificação pessoal do intérprete.

A espiral hermenêutica, como método, consiste na apropriação da forma de espiral


como metáfora para indicar o movimento irrestrito entre os horizontes do texto e o
2
horizonte do leitor, percorrendo o caminho entre o texto e o contexto. Assim, propõe
um movimento de espiral que se aproxima cada vez mais do significado do texto,
refinando as hipóteses, revisitando os desafios implícitos, permitindo a correção de
interpretações alternativas e orientando a formulação do significado para hoje. De fato,
tanto o significado fundacional, quanto a relevância atual, são aspectos fundamentais
na tarefa hermenêutica. Essa foi a perspectiva adotada por Osborne, que remete a
distinção feita por Hirsch entre o significado pretendido pelo autor de um texto
(significado) e a significação de um texto para cada leitor, variando com circunstâncias
diversas. Essa teoria encontra um ajuste de robustez quando consideramos a “teoria
dos atos da fala”, reconhecendo que um enunciado sempre contém três atos : o que
o enunciado diz (locucionaria), o ato correspondente ao enunciado (ilocucionária) e o
efeito que o enunciado causa no ouvinte (perlocucionária). Dessa forma, dois pontos
ficam evidentes: por um lado, a importância de entendermos as culturas humanas
dentro das quais as verdades absolutas das Escrituras foram encapsuladas (hebreus
e gregos) e, por outro, a complexidade envolvida na tarefa de desvendar as verdades
simples do evangelho.

A HERMENÊUTICA E OS DESAFIOS DO SIGNIFICADO PRETENDIDO

Apesar de ser um enunciado simples, descobrir a intenção do Autor/autor implica na


transposição das barreiras existentes entre o intérprete e o significado original
pretendido. O tempo, a cultura, geografia e língua apresentam desafios à tarefa
hermenêutica e requerem um esforço estruturado e disciplinado em sua tratativa.

Outro ponto fundamental a ser endereçado diz respeito ao reconhecimento da


inspiração e autoridade das Escrituras. No fluxo proposto pela espiral, devemos
lembrar que o nível de autoridade diminui à medida que passamos do texto para a
interpretação e depois para a contextualização. Assim, a hermenêutica corretamente
aplicada pode nos ajudar a garantir uma genuína autoridade a nossa pregação,
aproximando a contextualização (autoridade aplicada) do texto (autoridade implícita).

O gênero do texto é outro elemento que define as regras dos jogos de linguagem e,
consequentemente, os princípios aplicáveis de interpretação. Da mesma forma, a
simplicidade e clareza das verdades das Escrituras devem servir como bússola
durante o processo hermenêutico. O produto final deve ser claro e simples, ainda que
seja resultado de um complexo processo de garimpo das verdades espirituais
expressas pelas Escrituras. Isso não impede que os princípios hermenêuticos sejam
3
ensinados no contexto da igreja local, considerando que existem diferentes níveis de
aproximação e diferentes níveis de compreensão do texto bíblico (devocional, estudo
básico, homilético, dissertações e teses). Ao contrário, é possível concluir que são de
grande valor para a edificação dos santos na comunidade local, juntamente com a
pregação expositiva.

Por fim, a diversidade e a unidade das Escrituras representam alicerces construídos


a partir da pluralidade decorrente de vários escritores e cuja unidade é garantida pelo
único Autor. Osborne cita Analogia scriptura como um método que possibilita a relação
estruturada entre situações particulares e declarações doutrinárias, feitas com base
em todos os textos que falam do assunto (sistemática): as declarações de um autor
da Bíblia aplicam uma doutrina mais ampla a uma questão particular. Como
intérpretes, durante a tarefa hermenêutica, devemos atentar aos perigos de priorizar
nossos pressupostos, comprometendo a exegese do texto e implicando em visões
pré-estabelecidas lendo as Escrituras (eisegese).

OS DEZ ESTÁGIOS DO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO

O processo de interpretação proposto consiste de dez estágios, organizados em dois


movimentos de estudo: o estudo indutivo e o estudo dedutivo. O foco do estudo
indutivo é lidar diretamente com o texto a fim de tirar nossas conclusões, envolvendo
a organização do livro e dos parágrafos para identificação do desenvolvimento
estrutural da mensagem (tanto a nível macro, quanto a nível micro). Como resultado,
temos uma idéia preliminar do significado e do desenvolvimento do pensamento do
texto. No estudo dedutivo, ao contrário, as ferramentas disponíveis - gramáticas,
léxicos, dicionários, atlas, artigos, comentários - devem ser consultadas a fim de
aprofundar nosso conhecimento da passagem e de apoiar na captura da mensagem
mais profunda. A interação entre ambas compreensões, derivada do estudo indutivo
e da compreensão mais profunda oriunda da pesquisa, vai apoiar nas decisões finais
quanto a mensagem original do texto em questão, nos levando para longe do
significado contemporâneo (envolvido pelos nossos pressupostos).

Osborne discorre ao longo dos capítulos seguintes, detalhando cada componente de


ambos movimentos de estudo. Partindo da análise de contexto, histórico e lógico,
apresenta ferramentas que apoiam no rastreio do fluxo das idéias: a construção do
mapa do livro e do diagrama de parágrafos. Através de ambas é possível, por
exemplo, distinguir orações independentes e orações subordinadas, vendo de forma
4
mais a clara a evolução do fluxo das idéias. Ele apresenta de forma bem estruturada
as componentes: gramática (denota as leis básicas da língua que fundamentam a
relação entre os termos na estrutura de superfície), semântica (significado e função
de cada palavra na frase) e sintaxe (configuração das unidades da frase e a forma
como a mensagem como um todo se dirige a contextos culturais distintos), assim
como desenvolve os fundamentos da análise do contexto histórico e cultural.

A parte 2 da obra percorre os gêneros literários bíblicos (lei, narrativa, poesia e


sabedoria, profecia, apocalíptica, parábolas e epístolas), trabalhando as
características e tipos de cada um deles, aplicando princípios e método ao exercício
de cada interpretação peculiar. Vale mencionar o capítulo que apresenta o uso do
Antigo Testamento no Novo Testamento. No processo de exegese do NT é
fundamental olhar para todos os níveis : contexto do AT onde se originam, a teologia
e técnicas judaicas na apropriação do texto e o uso explícito da passagem no contexto
do NT. Não se pode negligenciar a herança judaica na apropriação das narrativas e
passagens do AT, haja visto que existe tanto a fidelidade ao original quanto uma
transformação dele num novo contexto. Se nas partes 1 e 2 o objetivo era a busca
pelo significado original do texto, a parte 3 desenvolve o método de significação para
o contexto atual. Partindo da teologia bíblica, Osborne apresenta a busca a unidade
temática global por trás das passagens individuais (por exemplo, como se relaciona
com Salvação, Aliança, Graça etc.) e apontando para uma teologia que regula a
exegese. Ele também resume a relação entre as disciplinas teológicas, apontando
problemas específicos no balanceamento entre elas e propõe o exame de
forças/fraquezas de métodos existentes.

Por fim, Osborne trata da homilética, tanto no que tange a contextualização, quanto
ao sermão. Este, inclusive, é o verdadeiro objetivo da hermenêutica: a proclamação
fiel das verdades divinas contidas nas escrituras para a Glória de Deus, edificação da
sua Igreja e para o bem comum. É o sermão que une os dois aspectos, significado e
significação, construindo uma ponte entre o mundo antigo e o mundo moderno da
congregação.

Potrebbero piacerti anche