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INTRODUÇÃO
A Administração Pública exerce todas as suas atividades visando o interesse público. Dessa
forma, para poder realizá-lo de forma adequada, necessita dos serviços e de bens fornecidos por
terceiros, que são operacionalizados por meio de contatos para prestação de serviços, fornecimento
de bens, execução de serviços e de obras públicas, locação de imóveis, etc.
A escolha desses terceiros não pode ser aleatória ou a critério exclusivo do Administrador.
Isto para evitar que o princípio da impessoalidade seja violado e para manter a moralidade e a
legalidade do processo de escolha. Em razão disso, o legislador, visando o interesse coletivo, criou
um procedimento administrativo para evitar o risco de escolhas impróprias. Procedimento este
conhecido como licitação. (CARVALHO FILHO, 2017, p. 181).
Sylvia Maria Di Pietro em Direito administrativo (2017) estabelece o seguinte conceito para
licitação:
[...] pode-se definir a licitação como o procedimento administrativo pelo qual um
ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que
se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de
formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para
a celebração de contrato. (DI PIETRO, 2017, p. 353).
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
[...]
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
*
Graduanda do 4 período do Curso de Bacharelado em Direito pela Universidade Estadual do Piauí/Campus Clóvis
Moura.
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Trabalho apresentado como requisito obrigatório da avaliação da disciplina Direito Administrativo II, ministrada pelo
prof. Me. Mamede Rodrigues de Sousa Júnior no período 2018.1.
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Nota-se, pelo exposto, que o inciso XXI tem o cuidado de assegurar a lisura do processo
licitatório no quesito igualdade de condições de concorrência entre os participantes. Atendendo ao
previsto no supracitado artigo, foi promulgada a Lei nº 8.666 de 21 de Junho de 1993, conhecida
como Estatuto Geral da Licitações. Ela estabelece as normas gerais sobre as licitações e os contratos
administrativos relativos a obras, a serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, locações
no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Além da supracitada lei, outras integram as normas sobre licitações, a saber: a Lei nº
9.472/1997, a Lei 9.448/1998, a MP nº 2.026 e o Decreto-Lei nº 3.555/2000 e Lei nº 13.303/2016,
conhecida como lei das Estatais e que substituiu o que era previsto sobre licitações e contratos
estabelecido pela Lei nº 8.666/93.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar as novas regras de licitação trazidas
pela Lei Federal nº 13.303/2016, que estabelece o estatuto das empresas públicas, sociedades de
economia mista e suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, enfatizando os seguintes aspectos: os problemas que levaram à edição da lei, os entes público
abrangidos e não abrangidos pela nova lei; as principais diferenças entre o regime de licitações da nova lei e o
regime da LLC.
A Lei 13.303, de 30 de Junho de 2016, mais conhecida como Lei das Estatais ou Lei da
Responsabilidade das Estatais, dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. Ela foi criada em razão do grande número de escândalos de corrupção no âmbito das
empresas públicas e sociedades de economia mista, e visa, entre outros objetivos, zelar pela
transparência das instituições públicas e estabilizar o mercado, de modo que este possa se modernizar
e se desenvolver eficientemente.
A edição da Lei das Estatais está atrelada ao foi estabelecido no art. 173, § 1º da Constituição
Federal/88, assim disposto:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
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Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa
pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização
de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita
ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços
públicos. (BRASIL, 2016).
Desta maneira, o dispositivo estabelece que os contratos firmados com terceiros só podem ser
realizados por meio de licitação, salvo aqueles que são dispostos nos arts. 29 e 30. Há uma revisão
nos contratos de publicidade, fato que contribui para ampliação da concorrência no processo
licitatório.
O supracitado artigo introduz mudança significativa em seu §3º, que trata das hipóteses
específicas de licitação dispensada e, nos artigos subsequentes, abordam a dispensável (art. 29) e a
inexigível (art. 30), assim dispostos:
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia mista dispensadas da
observância dos dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pelas empresas
mencionadas no caput, de produtos, serviços ou obras especificamente relacionados
com seus respectivos objetos sociais;
[...]
Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas públicas e sociedades
de economia mista:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (cem mil reais),
desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras
e serviços de mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta
e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)
e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas
de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizado
de uma só vez;
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e essa,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a empresa pública ou a
sociedade de economia mista, bem como para suas respectivas subsidiárias, desde
que mantidas as condições preestabelecidas;
[...]
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de competição,
em especial na hipótese de:
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos
por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo;
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com profissionais
ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação:
[...] (BRASIL, 2016).
Considerando o que foi mostrado, a licitação dispensada quando se tratar de produtos, serviços
ou obras especificamente relacionados com seus respectivos objetos sociais; a dispensável é aquela
em que o valor do objeto da licitação não ultrapassa o valor de 100.000,00 (cem mil reais); e a
inexigível, quando houver inviabilidade de competição.
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Art. 34. O valor estimado do contrato a ser celebrado pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista será sigiloso, facultando-se à contratante, mediante
justificação na fase de preparação prevista no inciso I do art. 51 desta Lei, conferir
publicidade ao valor estimado do objeto da licitação, sem prejuízo da divulgação do
detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a
elaboração das propostas. (BRASIL, 2016)
Assim, de acordo com o tipo de edital, os prazos serão definidos de maneira que seja possível
aos participantes prepararem as propostas de acordo com os critérios estabelecidos no edital. Estes
devem ser publicados nos sites oficiais das repartições, e neste caso, todos os editais devem ser
publicados, mesmo os de menor valor.
A lei 13.303/16 implementou uma inversão nas fases do julgamento e de habilitação das
licitações. Isto está previsto no art. 51, IV e VII, § 1º. De acordo com este dispositivo, isto pode
acontecer “desde que expressamente previsto no instrumento convocatório”.
Outra diferença entre a lei referida e a Lei das Licitações e Contratos é em relação modos de
disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances, ou fechado, sem lances. Nos termos do
art. 52 e seus parágrafos:
Art. 52. Poderão ser adotados os modos de disputa aberto ou fechado, ou, quando o
objeto da licitação puder ser parcelado, a combinação de ambos, observado o
disposto no inciso III do art. 32 desta Lei.
§ 1º No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão lances públicos e
sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o critério de julgamento adotado.
§ 2º No modo de disputa fechado, as propostas apresentadas pelos licitantes serão
sigilosas até a data e a hora designadas para que sejam divulgadas. (BRASIL, 2016).
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Nota-se, que a Lei 13.303/16, possibilitou que as empresas estatais e as de economia mista pudessem
travar acordo de vontade, consideram a obtenção de vantagens para estas. Essa negociação não é restrita apenas
ao vencedor da licitação, mas igualmente é estendida aos outros licitantes, elemento não previsto na lei nº
8.666/93.
A fase recursal também sofreu alteração. Agora ela é realizada em uma fase única, consoante
o artigo 59. Outro elemento que sofreu alteração foi o estabelecimento do pregão como modalidade
licitatória preferencial adotado pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, para
aquisição de bens e serviços comuns.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, pelo exposto no presente trabalho, que a supracitada lei ao mesmo tempo em que trouxe
mais autonomia para as empresas públicas e para as sociedades de economia mista, preencheu lacunas deixadas
pela Lei das Licitações e Contratos.
REFERÊNCIAS
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<https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-das-estatais-13303/>. Acesso em: 16 jun. 2018.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Lex: legislação federal e marginalia. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acesso em: 15 jul. 2018.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31. ed. São Paulo:
Atlas, 2017.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30. ed. Rio de Janeiro: Forence, 2017.
MEDAUAR, Odete. Direito Constitucional moderno. 21. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018.
MEIREIRA, Egon Bockmann. Duas polêmicas da nova lei de responsabilidade das empresas
estatais: conflito federativo e direito intertemporal. Gazeta do Povo. Rio de Janiero, 2016.
Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/justica-e-direito/colunistas/egon-
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federativo-e-direito-intertemporal-3lzym9s4gpos25w70xdeeovxj>. Acesso em: 16 jun. 2018.
VASCONCELOS, Meggie Lecioli. Nova Lei das Estatais (Lei 13.303/2016): pontos interessantes e
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ZYMLER, Benjamin. Considerações sobre o estatuto jurídico das empresas estatais (Lei
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Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/381360840/Zymler-Benjamin-Consideracoes-
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