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MODULO I

CIÊNCIA E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Bruna da Conceição Solano


Letícia Batista Chagas
Luna Navarro Miranda Marques
Fernanda Nobre Amaral Villani
Fernanda Aires Guedes Ferreira

INTRODUÇÃO

Para cada ciência, os recursos utilizados são determinados por sua própria
natureza. No entanto, sua elaboração e apresentação devem seguir uma metodologia,
afim de que haja uma padronização nos trabalhos científicos garantindo assim a sua
qualidade formal. Esses métodos esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser
seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. É
por meio deles que podemos entender o caminho, a forma e o modo de pensamento
utilizados sendo capazes de analisar se, de fato, se atingiu uma conclusão coerente com
o trabalho realizado. O intuito do guia de capacitação de avaliadores (módulo I) é dar
uma compreensão da importância da metodologia do trabalho científico (intuito do
presente texto) e como se dá a aplicação de seus procedimentos e técnicas (abordados
em forma de aula), auxiliando na formação de avaliadores capazes de julgar, de forma
justa e equilibrada, os trabalhos de iniciação científica e tecnológica apresentados em
feiras de ciências e tecnologia. Inicialmente, é importante refletirmos sobre alguns
conceitos relacionados à Ciência e o conhecimento científico. Eles serão apresentados
em tópicos, a seguir.

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OBTENÇÃO DO CONHECIMENTO

É importante destacar, conforme explica Ruiz (1979) e Vizzotto e colaboradores


(2016) que conhecimento só é possível por meio de três elementos:

1) o sujeito cognoscente (que conhece): é aquele que detém o conhecimento.

2) o objeto (conhecido): é aquele que será conhecido.

3) a imagem: é a interpretação dada


ao objeto pelo próprio detentor – o sujeito.
Nas Feiras de Ciências os
autores na maioria das vezes
E esse conhecimento é que leva o
apropriam-se de assuntos
homem a apropriar-se da realidade e tornar-se cotidianos para o
apto para a ação. desenvolvimento de suas
pesquisas científicas.

Considera-se a existência de diferentes tipos de conhecimento, que serão


abordados as seguir.

TIPOS DE CONHECIMENTOS

1. CONHECIMENTO EMPÍRICO: aquele


Nas Feiras de Ciências os que é experimentado no cotidiano, parte do
autores estudantes em muitos senso comum, sendo este todo o
momentos usam-se de
Conhecimento empírico para conhecimento primário, corriqueiro ou,
justificar aspectos de suas ainda, a compreensão do mundo que
pesquisas que ainda não foram
analisados através do resulta daquilo que fora acumulado por
Conhecimento científico. meio de experiências. Trata-se, então, do
conjunto de conhecimentos e de crenças
populares considerados válidos, embora sem nenhum tipo de sistematização
científica.

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Características
-Superficial => Conforma-se com a aparência (“Eu vi”, “Senti”, “Disseram”);
-Sensitivo => Referente a vivências, estados de ânimo e emoções;
-Subjetivo => Sujeito organiza suas experiências;
-Assistemático => Não visa uma sistematização das ideias, nem forma de adquiri-
las nem tentativa de validá-las;
-Acrítico => Não critica para saber se o conhecimento é verdadeiro ou não.

2. CONHECIMENTO TEOLÓGICO: é o conhecimento apoiado em doutrinas


sagradas, um ato de fé daquele que acredita. A fé está ligada à crença e aceitação
do testemunho de uma pessoa que revela e explica os mistérios do Divino. Vale-
se do argumento de autoridade.
Características
-Obediência => os fieis obedecem à doutrina sagrada;
-Incontestável => os fieis não contestam a doutrina sagrada;
-Misterioso => muitos fenômenos não têm explicação.

3. CONHECIMENTO FILOSÓFICO: objeto da filosofia; são realidades


mediadas que ultrapassam o limite da experimentação, procurando compreender
a realidade em seu contexto mais universal, buscando razões puras para se
questionar problemas humanos. Não trás soluções para um grande número de
questões, mas habilita o ser humano a ver melhor o sentido da vida concreta,
num contínuo questionar a si mesmo e à sociedade. Não é algo acabado.
Características
-Inaferível => que não poder ser verificado;

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-Sistemático => acredita que a base para a resolução das questões seja a
reflexão;
-Elucidativo => tenta entender os pensamentos, os conceitos, os problemas e
demais situações da vida que são impossíveis de seres desvendados
cientificamente;
-Crítico => todas as informações devem ser profundamente analisadas e
refletidas antes de serem levadas em consideração;
-Especulativo => as conclusões são baseadas em hipóteses e possibilidades,
devido ao uso de teorias abstratas.

4. CONHECIMENTO CIENTÍFICO: surge da necessidade de encontrar


soluções para problemas de ordem prática da vida diária (senso comum) e
fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de
provas empíricas e da discussão. Para ser científico, o conhecimento deve
ganhar uma ordem proposta pelo cientista, deve fazer sentido, deve passar por
testes, ou seja, responder a critérios denominados metodológicos.
Características
-Objetivo => procura descrever a realidade, independente da vontade do
pesquisador;
-Racional => se vale da razão, e não da sensação ou impressões, para chegar
seus resultados;
-Sistemático => constrói sistemas de ideias organizadas racionalmente;
-Geral => seu interesse é a elaboração de leis e normas gerais, que expliquem
todos os fenômenos de certo tipo;
-Falível => ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo
homem, reconhece sua própria capacidade de errar;
-Verificável => sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações.

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DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA

Etimologicamente, o termo ciência provém do verbo em latim Scire, que


significa aprender, conhecer. Essa definição etimológica, entretanto, não é suficiente
para diferenciar ciência de outras atividades, também envolvidas com o aprendizado e o
conhecimento. Segundo Ferrari (1974), ciência é todo um conjunto de atitudes e de
atividades racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz
de ser submetido à verificação. Lakatos e Marconi (2007) acrescentam que, além der ser
“uma sistematização de conhecimentos”, ciência é “um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja
estudar.” Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciência, no mundo de hoje, tem
várias tarefas a cumprir, tais como:

• aumento e melhoria do conhecimento;

• compreensão de novos fatos ou fenômenos;


• aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres,
mistérios e superstições;
• aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria da condição de
vida;
• estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.

Demo (2002), em contrapartida, acredita que “no campo científico é sempre


mais fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar
dizendo o que o conhecimento científico não é”. Para o autor, apesar de não haver
limites rígidos para tais conceitos, conhecimento científico:

1. Não é senso comum – porque este se caracteriza pela aceitação não


problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido.
Disso não segue que o senso comum seja algo desprezível; muito ao contrário, é

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com ele, sobretudo, que organizamos nossa vida diária, mesmo porque seria
impraticável comportarmo-nos apenas como a ciência recomenda, seja porque a
ciência não tem recomendação para tudo, seja porque não podemos dominar
cientificamente tudo. No entanto, o conhecimento científico representa a outra
direção, por vezes vista como oposta, de derrubar o que temos por válido;
mesmo assim, em todo conhecimento científico há sempre componentes do
senso comum, na medida em que nele não conseguimos definir e controlar tudo
cientificamente.

2. Não é sabedoria ou bom-senso – porque estes apreciam componentes como


convivência e intuição, além da prática historicamente comprovada em sentido
moral.

3. Não é ideologia – porque esta não tem como alvo central tratar a realidade, mas
justificar posição política. Faz parte do conhecimento científico, porque todo ser
humano, também o cientista, gesta-se em história concreta, politicamente
marcada. Diferencia-se porque, enquanto o conhecimento científico busca usar
metodologias que – pelo menos na intenção – salvaguardam a captação da
realidade, a ideologia dedica-se a produzir discurso marcado pela justificação.

4. Não é paradigma específico – “como se determinada corrente pudesse


comparecer como única herdeira do conhecimento científico, muito embora lhe
seja inerente essa tendência”. Com maior realismo, conhecimento científico é
representado pela disputa dinâmica e interminável de paradigmas, que vão e
voltam, somem e transformam. Com isso, podemos dizer que não é produto
acabado, mas processo produtivo histórico, que não podemos identificar com
métodos específicos, teorias datadas, escolas e culturas.

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A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CIENTÍFICO

Desde os primórdios das discussões científicas, as disputas acadêmicas eram


marcadas por ideologias, dividindo marxistas e anti-marxistas, dialéticos e positivistas,
estruturalistas e qualitativos. Hoje pouco importa a ideologia fundamentada, a grande
preocupação é se a obra apresentada é de produção própria e possui mérito científico.
Demo (2002) reconhece que é possível produzir ciência através de inúmeros métodos e
teorias, porque estes, sendo tipicamente instrumentais, não podem substituir ou
subverter o cuidado com os fins.

A finalidade de se discutir a relevância de utilizar os cuidados metodológicos, é


que os trabalhos acadêmicos de qualidade devem ter o compromisso de trabalhar com o
máximo de capacitação para observar a realidade. Para tanto, são necessários cuidados
metodológicos, um conjunto de normas em busca de argumentos conclusivos e
compromissados com a verdade que, de forma contínua, verifica a adequação das
hipóteses levantadas de acordo com as estruturas atuais que temos de conhecimento e, a
partir dela, levantar as possibilidades de novos conhecimentos. O diagrama abaixo
(Figura 1) apresenta algumas considerações sobre a importância do método científico.

Figura 1: Método Científico e sua importância.

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NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

De acordo com Pedro Demo, acreditar numa pesquisa puramente neutra é


literalmente "cair no conto do vigário". A posição de neutralidade ou é maliciosa, de
quem busca aí uma estratégia de aceitação não contestada, ou é ingênua, de quem não
percebe o engajamento da neutralidade. Neutralidade significa isenção de juízos de
valor. A inviabilidade de se construir uma ciência neutra em seu método de investigação
do fenômeno, está em se distanciar das ideias pré-concebidas do experimentador, já que
estas idéias estão em todos os indivíduos de forma inerente, como resultado de seus
valores religiosos, políticos e/ou filosóficos.

Todavia, vale para a neutralidade coisas semelhantes que aplicávamos à


objetividade. Para estabelecermos distinção entre os dois termos, poderíamos definir a
objetividade mais da ótica do objeto e a neutralidade mais da ótica do sujeito. No fundo,
traduzem o mesmo problema, apenas visto de pontos de vista diversificados, mas no
mesmo contexto. De todos os modos, é importante a análise relativamente distanciada,
ponderada, de alguém que toma como mestra básica a realidade assim como ela é, não
pode ser assumida como atitude tendencial, dada, não problemática assim como
gostaríamos que fosse no sentido de vê-la muito mais com a cor esperada ou desejada
do que a partir dela mesma. Essa análise mais crítica é construída através de um
processo de treinamento, ao qual serve em grande parte a experiência universitária. É
dada de forma constante, não um resultado definitivo, como muitas vezes se tem a
impressão de cientistas sociais que se imaginam evidentes e objetivos.

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A VERDADE INACABADA DA CIÊNCIA

As ideias pós-modernistas surgiram com Karl Popper, um cientista positivista


que não acreditava em evidências empíricas (advindas da observação). Ele criou então a
ideia da falibilidade das teorias: as ideias só valem se forem falíveis, ou seja, se forem
abertas a questionamentos, uma vez questionadas e não derrubadas continuam valendo.
Baseado neste conceito, Demo afirma que o método mais interessante de pesquisa é o
de discutibilidade.

Discutível, nesse caso, assume formato epistemológico, porque indica modo


próprio do conhecimento de burilar sua cientificidade, não como condição definitiva,
mas como conquista nunca plenamente realizada.Assim como a evolução natural não
tem como parar em algum lugar, está sempre se replicando e refazendo, também o
conhecimento se reformula constantemente: cada nova teoria é apenas a próxima, como
cada nota tecnologia é apenas a próxima. Discutível não quer, pois, dizer que se trata de
proposta fajuta. Ao contrário, trata-se de proposta capaz de resistir aos questionamentos
e autoquestionamentos, sistematicamente. Vale, pois, enquanto não cai. Poder cair é o
sinal mais visível de sua abertura.

Esta maneira de ver ratifica o temor clássico de Kuhn (1975): ciência


institucionalizada tende a tornar-se medíocre, porque a autoridade do argumento vai se
transformando em argumento de autoridade, preferindo-se o fiel ao criativo. A ciência
não escapa de se institucionalizar e girar em torno da intersubjetividade, por condição
social, mas corre o risco de se domesticar na zona de conforto, perdendo o senso de
autocrítica (Demo 2002).

Portanto, os discursos científicos estão em constante construção, desconstrução e


reconstrução, como vemos claramente em autores de grandes obras que são
constantemente citados e reformulados por novos autores em novas obras, trazendo a
ideia de que as verdades no mundo científico, na realidade, são relativase não acabadas,
pois passam por constantes reestruturações ao longo do tempo.

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REFERÊNCIAS

DEMO, P. Cuidado metodológico: signo crucial de qualidade. Sociedade e Estado,


Brasília, v. 7, n. 2, p. 349-373, jul./dez. 2002.

FERRARI, T. A. Metodologia da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974

KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. trad. Beatriz Vianna Bocina e
Nelson Bocina. São Paulo: Perspectiva, 1975.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:


Atlas, 2007

Metodologia do conhecimento científico - com Pedro Demo. 2015. Disponível em:


<http://https://www.youtube.comwatchv=7hLqaJLQ5Q4&t=828s>. Acessado em: 23 de
mai. 2018.

PRODANOV, C.; FREITAS, E. Metodologia do trabalho científico: Métodos e


Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Feevale, 2. ed. Rio Grande do Sul:
Novo Hamburgo. 2013.

RUIZ, J. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1979

VIZZOTO, M.; ROSSI, V.; DIAS, M.; RUSTICCI R.; FARNAT, C. V.; REIDHL, A.
Breve reflexão sobre a importância do método científico. Psicólogo inFormação, São
Paulo, ano 20, n. 20, jan./dez. 2016.

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