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Laudato Si' e a realidade brasileira

Antes de mais nada digamo-lo que um dos aspectos mais salientes da


encíclica Laudato Si' (24 de maio de 2015) do Papa Francisco é a abordagem
da realidade em sua totalidade, em sua interligações. Na verdade se trata de um
novo paradigma (LS 137). Em vez de considerar a realidade atomicamente, ao
modo de certa concepção de ciência até agora reinante (LS 110), se busca
estabelecer ou devolver a compreensão do objeto a partir de suas múltiplas
relações (“tudo está interligado”). Não mais o ponto, mas a rede expressa melhor
essa compreensão. Da mesma maneira na resolução dos graves problemas que
ameaçam a vida na terra... É preciso vincular defesa da terra, do ambiente, dos
ecossistemas à defesa da vida humana, dos pobres (LS 91). Como dizia alguém
alhures: é preciso conjugar o grito da terra ao grito dos pobres.

De maneira muito clara: os primeiros afetados com a degradação do meio


ambiente são os pobres (LS 48), com seus diversos rostos: populações
ribeirinhas, comunidades de pequenos agricultores, indígenas. Daí que seja
mister a passagem de uma ecologia ambiental para uma ecologia integral, que
compreenda o cuidado da vida na terra e o cuidado da vida humana. Talvez
expressamos isso de um forma melhor assim: é preciso cuidar do dom da vida,
da criação de Deus (“linguagem de amor”, LS 84), que inclui o ser humano e toda
forma de vida que habita o planeta, reconhecendo sua mútua imbricação e
dignidade, ainda que a vida humana mereça a primazia.

Isto posto, consideremos ainda que a encíclica propõe uma verdadeira


mudança de paradigma - uma nova forma de compreender e de se relacionar
com a realidade, uma verdadeira conversão ecológica, mas a uma ecologia
integral. Este câmbio deve se operar em uma escala global, ou seja, não basta
tão somente as iniciativas pontuais e parciais, mas se requer um empenho
conjunto. Combater a pobreza, cuidar do meio ambiente, favorecer o
desenvolvimento dos povos, criar oportunidades de trabalho, dirigir uma nação...
todas estas ações devem arrancar de uma unidade de compreensão e ação:
tudo está interligado; a vida em todas as suas linguagens deve ser preservada,
sobretudo a humana.
Certamente a cada região, a cada contexto desponta uma problemática
mais urgente. O texto deve se encarnar em um con-texto particular. Aqui nos
ajuda sobretudo o capítulo V da Laudato Si', sua parte eminentemente teórico-
prática/práxica: “algumas linhas de orientação e ação”.

Sabemos que o Brasil encerra/partilha uma das maiores riquezas deste


planeta, a floresta amazônica. Contudo, tal riqueza pouco a pouco é dilapidada.
Exploração de madeira, criação de gado, monocultura de soja, exploração de
minérios... Como consequência, a destruição da floresta e a dizimação das
espécies, a contaminação dos rios, a violência contra a população local, levando
a expulsão quando não à morte. Uma das alternativas viáveis parte da
elaboração de leis e políticas públicas adequadas, com consequente aplicação
e supervisão, a fim de defender a floresta, seus recursos naturais e os povos que
ali vivem. Nesse caso podemos falar com a LS de uma “saúde institucional”, que
favoreça a vida do povos e a vida da floresta. Com leis justas e bem aplicadas,
um bom passo é dado (LS 142; 177). (Contudo, a gestão do atual governo,
através do ministério do meio ambiente, é deplorável; o que havíamos ganhado
em instituições que defendiam [a duras penas] o meio ambiente, foi perdido: a
fiscalização tende a se abrandar, tende a se alargar o caminho às monocultura
de soja e ã criação de gado...).

O desenvolvimento de formas de energia menos poluentes estão ao


nosso alcance, como a energia solar (LS 172). Nossa fonte primária de energia
elétrica são as usinas hidrelétricas, que trazem consigo o inconveniente de
inutilizar e destruir amplas áreas de floresta, forçando algumas vezes a remoção
da população local. Poderíamos explorar o potencial da região nordeste do
Brasil, na maior parte do ano ensolarado (e com poucos e preciosos rios), para
a produção deste tipo de energia.

LS fala ainda da melhoria agrícola, da agricultura diversificada, do


investimento em infraestruturas rurais, como sistemas de irrigação, da
organização de cooperativas de pequenos produtos. Nesse caso, a política local
deve se encarregar de favorecer um uso eficiente e ao mesmo tempo sustentável
da terra, sobretudo nas regiões pobres. Terra parada/não utilizada “possuímos”
em fartura. Falta contudo uma justa partilha em vista do uso. Incentivo
governamental. Investimento e capacitação do trabalhador do campo, para que
não tenha que deixá-lo, entregando às grande empresas sua parcela de terra e
migrando para as cidades.

Termino com uma outra sugestão para o Brasil. O papa fala do debate
que deve envolver toda a comunidade local antes da implantação de qualquer
projeto de impacto ambiental (LS 182ss). Por exemplo, qualquer projeto de
requer o descarte de resíduos, emissões, mudança significativa na paisagem...
ele lembra das explorações de recursos minerais. Como não falar da exploração
irresponsável de minérios no Brasil, sobretudo com os recentes crimes no estado
de Minas Gerais. A população nesses casos não é consultado, são omitidos os
eventuais danos. Faz-se urgente no Brasil um diálogo franco entre mineradoras,
governo e população local. O que envolve a todos não pode ser decidido por
alguns. A população local deve ser esclarecidas dos riscos de tal atividade, dos
procedimentos de segurança, dos potenciais benefícios para esta população e
em último caso, a ela deve caber aceitar ou não a implantação de um tal
empreendimento.

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