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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0002125-97.2014.8.26.0244 e código RI000001RBYI5.
Registro: 2019.0000591520
ACÓRDÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ALCIDES MALOSSI JUNIOR, liberado nos autos em 30/07/2019 às 18:05 .
COMUNIQUE-SE, respeitado prazo de eventuais "Embargos", recomendando o apelante
na unidade prisional onde se encontra, com atenção à modificação da causa do
encarceramento, agora por sentença condenatória confirmada em Segundo Grau. Expeça-
se GUIA DE EXECUÇÃO (se necessário), preservando-se, se o caso, eventuais decisões
em Execução Provisória. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.
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APELAÇÃO CRIMINAL nº 0002125-97.2014.8.26.0244.
Apelante: CARLOS EDUARDO FARIA LOURENÇO (Advogados, Dr.
Alexandre Crepaldi e Dr. Marcos Milan Gimenez).
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo.
Sentença técnica: Juiz de Direito Dr. Guilherme Henrique dos
Santos Martins.
Comarca: Iguape.
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VOTO Nº 14.906.
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debaixo do banco do veículo, foi
empregada repentinamente. Entendimento
dos jurados, que decidem com base na
íntima convicção, afastando os aludidos
disparos para o alto como fator de
mitigação da qualificadora. Palavra do réu,
não corroborada por nenhuma
testemunha, de forma assertiva.
Qualificadora do perigo comum. Evidência
lógica e apoio nas provas. Interrogatórios
do réu e testemunhos confluentes acerca
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de disparos contra grupo de pessoas que
deixava as dependências do espetáculo
musical. Irrelevante que o número
indeterminado possa ser adstrito a apenas
parte da multidão ali presente.
Interpretação técnica do conceito, na linha
defensiva, que ora não se acolhe.
Qualificadoras mantidas, porque
pertinentes em vista do teor das provas.
Pedido de anulação ora indeferido.
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delitiva. Diminuição mínima que ora se
confirma. Penas inalteradas.
Negado provimento.
VISTO.
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Trata-se de “APELAÇÃO CRIMINAL”,
interposta pelo acusado CARLOS EDUARDO FARIA
LOURENÇO, contra r. sentença técnica, apoiada no veredicto
condenatório do Tribunal do Júri, proferida pelo Juízo de
Direito da 1ª Vara Judicial da Comarca de Iguape (cf. certidão de
publicação da sentença, em plenário do júri que se realizou em 1°/10/2018 fls.
888/891).
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Rua Saldanha Marinho, bairro Canto do Morro, na cidade e
Comarca de Iguape, agindo com intenção homicida (“animus
necandi”), instilado por motivo torpe, por meio de conduta
que gerou perigo comum, e mediante recurso que
dificultou ou impossibilitou a defesa das vítimas, efetuou
disparos de arma de fogo contra Orlando Simão Junior, os
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quais se provaram causa eficiente da morte deste (cf. laudo
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diatribe, outros frequentadores, ainda que sem relação
pessoal direta com os envolvidos, puseram-se entre os
contendores, para que cessassem as agressões. Ainda
segundo o Ministério Público, o acusado irritou-se com o
apaziguamento. Logo na sequência, dirigiu-se até seu
automóvel, estacionado em uma área próxima ao alambrado
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(zona reservada a autoridades públicas, como era o caso de Carlos Eduardo,
conhecido na região, inclusive em Iguape, por suas atividades políticas, tanto que
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v; exame toxicológico definitivo fls. 67). Uma vez que apresentada a
“notitia criminis”, deflagrou-se a persecução penal contra o
acusado.
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Carlos Eduardo foi pronunciado nos termos da própria
denúncia (fls. 426/437). Publicada em 1°/04/2016 (fls. 439), a
decisão não foi impugnada, tramitando o feito para a fase de
plenário (“iudicium causae”). Na segunda etapa do procedimento,
sobreveio veredicto condenatório, com relação a ambos os
crimes (termo de votação fls. 667/667-v). No entanto, em relação a
um dos homicídios, o tentado (vítima Danilo), os jurados
reconheceram o privilégio do artigo 121, § 1°, do Código
Penal, ao passo que, para o homicídio consumado (vítima
Orlando), referida causa de diminuição de pena não foi
aplicada. Sobreveio, então, sentença, condenando-se à
pena total estimada em 23 (vinte e três) anos, 07 (sete)
meses e 03 (três) dias de reclusão, em regime inicial
fechado (fls. 668/671-v). Esse primeiro julgamento foi
ANULADO. A sentença foi objurgada pelo Ministério
Público, insurgente contra o reconhecimento singular do
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privilégio apenas para o homicídio tentado (fls. 695/704). A
Defesa também apelou da sentença (fls. 721/742). Contrariados
(fls. 708/713, 745/753) e jungidos a parecer da douta Procuradoria
Geral de Justiça (fls. 755/758), a C. 9ª Câmara Criminal da E.
Corte de Justiça paulista, sob a relatoria de Sua Excelência,
Desembargador Amaro Thomé, proveu integralmente o
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recurso ministerial, negando provimento ao recurso defensivo
(fls. 771/776). Publicado em 22/03/2018 (fls. 777), o v. acórdão
passou em julgado para as partes, como consignado a fls.
779. Realizou-se novo julgamento em plenário. Os jurados
acolheram a tese ministerial, sem aplicar privilégio a
nenhum dos crimes, tendo ficado afastada apenas a
qualificadora relativa ao motivo torpe (cf. termo de votação fls.
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O réu Carlos Eduardo está PRESO. Por
decisão de 30/05/2014, foi-lhe decretada a prisão temporária
(fls. 34). Homiziado da Justiça, ele não foi detido então. Por
ocasião do recebimento da denúncia, o Juízo “a quo”
INDEFERIU o pedido ministerial para decretação da prisão
preventiva (fls. 100/105). A decisão foi impugnada pelo
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Ministério Público (fls. 144/123). Tal recurso, devidamente
contrariado (fls. 178/196), restou provido pela C. 9ª Câmara
Criminal desta E. Corte de Justiça (conforme informações do apenso
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formulado pela Defesa, foi também rejeitado, na decisão
datada de 04/05/2015 (fls. 280). Por ocasião da pronúncia e
dos sucessivos julgamentos perante o Tribunal Popular,
confirmaram-se, por todas as vezes, os pressupostos
técnicos de preservação da custódia cautelar, de forma que
ao increpado se indeferiu, após o derradeiro plenário, o
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apelo em liberdade.
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Contrarrazões ministeriais (fls. 949/955),
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É o relatório.
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reconhecer que o apelo é tempestivo, estando ainda
presentes todos os demais pressupostos legais e de
admissibilidade do recurso, evidente que é o interesse
técnico do apelante, por sua posição processual de réu
princípio da sucumbência. Explico. Primeiro, a certidão é
clara em apontar ter havido a intempestividade na
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apresentação das razões recursais. Na ata de plenário (fls.
891), ficou consignado que os n. defensores já haviam
interposto recurso, oralmente, “in acto”, com posterior
intimação, via imprensa oficial, para carrear as razões.
Foram-no pelo Diário Oficial de 04/10/2018 (fls. 903/905).
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Nesse sentido, já se posicionou o Colendo
Superior Tribunal de Justiça:
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MERA IRREGULARIDADE. DECISÃO DO CONSELHO
DE SENTENÇA. NULIDADE. APELAÇÃO. ART. 593,
INCISO III, ALÍNEA A, DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. OFENSA AO ART. 478, INCISO I, DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL NÃO CONFIGURADA. MERA
MENÇÃO DA PROMOTORIA, EM MOMENTO
ANTERIOR AOS DEBATES ORAIS, A ACÓRDÃO QUE
ANULOU A DECISÃO ABSOLUTÓRIA DO ACUSADO.
ARGUMENTO DE AUTORIDADE NÃO
CONFIGURADO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO
E PROVIDO. 1. Este Superior Tribunal de Justiça tem
entendimento firmado, em consonância com o
Supremo Tribunal Federal, que a apresentação das
razões da apelação fora do prazo constitui mera
irregularidade que não obsta o conhecimento do
apelo. Precedentes. 2. A reforma do Código de
Processo Penal realizada pela 11.689/2008, que incluiu
o inciso I do art. 478, vedando a menção à decisão de
pronúncia, por ocasião dos debates no Tribunal do Júri,
teve como escopo reafirmar a soberania do Conselho de
Sentença e a independência de suas decisões, que
devem ser prolatadas sem influências tendenciosas e
dirigidas a comprometer a imparcialidade dos jurados,
em prejuízo ou a favor do réu. 3. Nessa linha, a mera
menção ou mesmo leitura de decisão que julgou
admissível a acusação não implicam, obrigatoriamente,
a nulidade do julgamento, até mesmo pelo fato de os
Jurados possuírem amplo acesso aos autos. Assim,
somente resta configurada a ofensa ao art. 478, inciso I,
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do Código de Processo Penal, se as referências forem
feitas como argumento de autoridade que beneficiem ou
prejudiquem o acusado. Precedente deste STJ. 4. No
caso, a mera menção feita pela Acusação ao acórdão
que anulou a decisão do Conselho de Sentença que
absolvera o Réu, sem referir-se aos seus fundamentos,
no momento em que contestava o requerimento da
Defesa de formulação de quesito de falso testemunho
para os peritos, ou seja antes dos debates orais, não
configura a manifestação da Promotoria como
argumento de autoridade capaz de quebrar a construção
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imparcial da convicção dos jurados. 5. Recurso especial
conhecido e provido para restabelecer a decisão
condenatória do Conselho de Sentença. (RESp.
1.194.933/AC, Relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma,
votação unânime, DJe 03/02/2014)
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43/44, 45/46, 47/47-v, 62/62-v, 69/69-v, 70/70-v, 215/217). Base probatória
formada por: auto de exibição e apreensão da jaqueta e de
um papelote de cocaína, pertencentes (supostamente) ao réu
(fls. 10/10-v); auto de exibição e apreensão do projétil
desfechado contra Danilo (fls. 54); exame toxicológico
definitivo, confirmatório da natureza “cocaína”, relativa ao
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conteúdo do papelote (fls. 67); laudo necroscópico (fls. 48);
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ouvidos novamente, a que se seguiu o primeiro
interrogatório, em plenário, do réu (mídia fls. 679). Já quando
da realização do segundo plenário, depuseram Danilo, Elen,
Jenifer, Luiz Alberto, Osmar, Renan e Tamiris, sendo o réu
Carlos Eduardo interrogado, pela terceira vez (mídia fls. 887).
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O arrazoado não chegou a inquinar como
manifestamente contrário às provas o ponto nodal do mérito,
isto é, o reconhecimento da “culpa”, propriamente dita, do
acusado (quesito n° 03, propriamente, em ambas as séries de votação fls.
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ao protagonismo do caso, sendo este apontado como efetivo
autor de vários disparos. Os testemunhos oculares chegam a
divergir quanto à dinâmica dos fatos, porém, todos em
uníssono fazem coro à admissão de Carlos Eduardo
como autor dos crimes.
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É compreensível, pois, que o arrazoado dos
claramente esmerados advogados se tenha detido pela
anulação do julgamento, impugnando-se, especificamente,
o acolhimento das qualificadoras dos incisos III e IV do
artigo 121, do Código Penal (repete-se: a sentença foi de parcial
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que a rescindibilidade do veredicto está atrelada à
demonstração, pelo apelante, da manifesta (clara, inequívoca,
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seria possível dissolver o julgamento alcançado pelo Tribunal
do Júri, respeitando-se a norma do artigo 593, § 3°, parte
final, do Código de Processo Penal.
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terceiros, que intervieram para aplacar os ânimos. Carlos
Eduardo salientou, porém, que um desafeto político, também
presente aos espetáculos musicais (cujo nome ele deliberadamente
optou por omitir em seus relatos), tomou proveito das
circunstâncias para insuflar a “multidão” contra o réu,
quando este já alcançava a passagem, via alambrado, até a
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zona de estacionamento, onde estava estacionado o
automóvel usado na ocasião (um Ford/Ecosport S 1.6, cor branca, e de
placas OWI-1743/Belo Horizonte-SP, de propriedade de Dallas Holding S/A
auto de exibição e apreensão, fls. 10/10-v; laudo pericial fls. 130/131). Ainda
em conformidade com Carlos Eduardo, ele já havia entrado
no automóvel, que “não pegou” (alegou que não estava habituado a
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para as vítimas: “Não decorei os rostos, não sabia o nome de
ninguém”.
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conteúdo do interrogatório prestado em plenário, pelo qual
resta claro que os disparos foram, sim, dirigidos a um
número indeterminado de pessoas. É irrelevante que os
alvos estejam dispersos em uma multidão desarticulada, ou
nos termos da versão do réu concentrada em um grupo
formado, espontaneamente, com um objetivo comum (segundo
Carlos Eduardo, para matá-lo). O perigo comum deflui da própria
pluralidade de alvos humanos, esparzidos numa massa de
pessoas, aqui em maior ofensividade, por se tratar de espaço
aberto, sem restrições de obstáculos para se verem atingidos
transeuntes (“bystanders”) sem o menor vínculo pessoal
direto com a dinâmica fática, como é o caso das
próprias vítimas. Afinal, Danilo afirmou categoricamente
que nem ele, nem Orlando, se dispuseram a apartar
os contendores (o réu e as duas mulheres), nem a correr
atrás do réu, para qualquer fim (espancá-lo, matá-lo).
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Em escólios doutrinários, o perigo comum é
definido como "meio utilizado pelo agente, além de causar dano à
vítima, traz perigo a outras pessoas” (GRECO, Rogério. Curso de Direito
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Não por acaso, em situação similar, assim
decidiu o C. Superior Tribunal de Justiça:
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As demais provas orais demonstram ser
plausível daí a necessidade de preservação a
qualificadora do perigo comum. O policial militar Osimar
Matos trouxe relato, neste ponto, referencial ao quanto foi
informado por Danilo, confirmando que os disparos foram
desfechados em relação a um grupo de pessoas que se
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acercava do alambrado. Outro miliciano (ouvido apenas na fase
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pessoais passou pelo alambrado”.
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Idêntico desate técnico deve prevalecer para
a qualificadora do inciso IV do dispositivo legal logo acima
mencionado.
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com Carlos Eduardo, não deteria mínimas razões para faltar
com a verdade. Tampouco se demonstrou que o ofendido
teria esse intento. Estando ali a trabalho, nem Danilo, nem
Orlando, se envolveram na confusão: Danilo narrou que a
briga entre Elen e Tamiris havia se desenrolado a certa
distância deles, e, em momento algum, nenhum dos
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ofendidos tentou intervir na briga, nem aplacar os
contendores. Danilo foi claro, em narrar que Carlos
Eduardo se irritara com a intervenção dos apaziguadores,
que foram insultados e ameaçados pelo réu. Este lhes
dissera: “Vocês não sabem quem eu sou!”. Tendo caminhado até
o automóvel, Carlos Eduardo muniu-se de sua arma e
efetuou vários disparos, alvejando Danilo e Orlando. Pela
total ausência de vínculo pessoal, assim como pela concreta
circunstância de estarem dentro do espaço de eventos (com
revista aos ingressantes, para que não portem armas para o interior), já se
deduz como razoável o reconhecimento da qualificadora
objetiva telada. É fato (afirmado em uníssono por todos os ouvidos em
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como precisou o acusado, ela se encontrava escondida
debaixo de um dos bancos. Mais ainda: como a própria
vítima Danilo peremptoriamente negou ter ido ao encalço
do libelado (o mesmo tendo afirmado, insisto, em relação à vítima fatal,
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outra informação crucial: Orlando dirigia-se ao alojamento,
quando foi atingido pelo disparo que lhe tolheu a vida. A
narrativa de Danilo ganha maior robustez, por sua
coerência com a prova técnica: de fato, o laudo
necroscópico atestou que o disparo fatal atingiu Orlando de
trás para frente, em oblíquo (fls. 48). Trata-se de
constatação pericial que não somente reforça o entendimento
de que Orlando não era um alvo particularmente visado (o
que também contribui ao reconhecimento da pertinência da qualificadora relativa
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Vou além.
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divergentes é a existência da própria altercação física entre
elas, “ex vi” laudo de reconstituição do caso (fls. 158/171).
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por seu óbvio interesse pessoal no desfecho do caso, na qualidade de
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réu, estava presente no momento e pediu aos presentes
“ninguém toca nele!”. Mais ainda, afirmou que foi bastante
agredido, porém não se submeteu a exame pericial, nem
fez aportar nos autos fotografias próprias das lesões
sofridas com as agressões infligidas por terceiros. Assim,
nota-se que a narrativa de Carlos Eduardo, tíbia pela
carência de elementos probatórios específicos, não acabou
sendo acolhida pelos jurados compreensivelmente. Um
elemento adicional de divergência diz respeito à zona do
alambrado: Tamiris e o próprio Carlos Eduardo chegaram a
mencionar um segurança junto ao alambrado que separava a
área de espetáculos do estacionamento privativo (reservado a
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ainda deveriam vencer o obstáculo do alambrado. E,
consoante disse o próprio Carlos Eduardo: “Tinha alguém
segurando o portão!”. O próprio réu diverge da companheira
Tamiris, ao alegar que o alambrado cedeu, mas não sobre
o automóvel, como ela disse em plenário, o que
provavelmente não passou despercebido aos jurados que,
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vale ressaltar, são orientados pela convicção íntima (“ex
conscientia informata”). Ponto ainda mais crítico foi perceber que
a testemunha Jenifer Angelo (cujo depoimento contraditório chegou a
ensejar uma terceira série de quesitação, sobre possível prática de falso
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Carlos Eduardo). E ainda devo salientar: pelo que se esvurma
dos depoimentos como um todo, Carlos Eduardo,
perseguido ou não por potenciais agressores, teve tempo
hábil para entrar no carro com Tamiris, tentar acionar o
veículo, falhar em fazê-lo, descer do carro mais uma vez,
abrir a porta traseira, retirar a arma (escondida debaixo do banco
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do carro, segundo o próprio réu descreveu em seu interrogatório de plenário), e
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autorizaria a atuação rescisória do Poder Judiciário. Não foi
esse o caso.
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Passo às penas, analisando os pleitos
subsidiários da Defesa.
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da atenuante da confissão espontânea, uma vez que o acusado confessou apenas
parcialmente a prática delitiva, sustentando ter agido em legítima defesa, tese
refutada pelo E. Conselho de Sentença , estando presente, no entanto, a
qualificadora referente ao recurso que dificultou a defesa do ofendido, que será
usada como agravante, nos termos do artigo 61, II, “c”, do Código Penal, enquanto
a outra qualificadora (meio que resultou perigo comum) fora empregada para
qualificar o crime, motivo pelo qual agravo a pena em um sexto (1/6) chegando em
dezesseis anos e quatro meses de reclusão. Na terceira fase, inexistem causas de
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aumento ou de diminuição, de modo que sua pena resta definitiva no patamar
acima descrito. B- Crime homicídio qualificado tentado contra a vítima D.U.C.P.. O
acusado é portador de maus antecedentes (cf. certidões de fl. 24/25, do apenso
próprio, dando conta de condenação pela prática de crime eleitoral previsto no
artigo 299, do Código Eleitoral). A culpabilidade revelou-se ordinária à espécie
criminosa. A personalidade e a conduta pessoal do agente não o desabonam. Os
motivos, circunstâncias e consequências do crime também não extrapolaram o
regular. O comportamento da vítima não influenciou na prática delitiva. Logo,
atendendo aos critérios norteadores do artigo 59, do Código Penal, fixo a pena
base em 1/6 (um sexto) acima do mínimo legal, ou seja, em quatorze anos de
reclusão. Na segunda fase, inexistem causas atenuantes não havendo, neste
ponto, que se falar em reconhecimento da atenuante da confissão espontânea,
uma vez que o acusado confessou apenas parcialmente a prática delitiva,
sustentando ter agido em legítima defesa, tese refutada pelo E. Conselho de
Sentença , estando presente, no entanto, a qualificadora referente ao recurso que
dificultou a defesa do ofendido, que será usada como agravante, nos termos do
artigo 61, II, “c”, do Código Penal, enquanto a outra qualificadora (meio que resultou
perigo comum) fora empregada para qualificar o crime, motivo pelo qual agravo a
pena em um sexto (1/6) chegando em dezesseis anos e quatro meses de reclusão.
Na terceira fase, inexistem causas de aumento, estando, contudo, presente a causa
de diminuição decorrente da tentativa (artigo 14, II, do CP), que, devendo ser
considerados, para a aferição do patamar adequado de incidência, o iter criminis
percorrido pelo acusado, bem como os atos por ele efetivamente praticados. Com
efeito, o disparo de arma de fogo desferido pelo réu atingiu a vítima na testa, região
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extremamente sensível e vital do corpo, ocasionando-lhe lesão corporal de
natureza grave em decorrência do afastamento de suas atividades habituais por
mais de trinta dias e perigo de vida diante da necessidade de pronta intervenção
cirúrgica, de acordo com o laudo de exame de corpo de delito da vítima D.U.C.P.
juntado aos autos (fl. 132). Por tais motivos, reduzo a pena no patamar mínimo, em
um terço (1/3), resultando em dez anos, dez meses e vinte dias de reclusão,
patamar que, ausentes outras circunstâncias, torno definitivo. Diante do concurso
material entre as infrações, decorrentes de ações distintas, ainda que
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subsequentes, as penas deverão ser somadas, resultando em vinte e sete anos,
dois meses e vinte dias de reclusão. Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE
PROCEDENTE o pedido acusatório para: (1) CONDENAR CARLOS EDUARDO
FARIA LOURENÇO, RG nº 17.797.652 por infração aos artigos 121, § 2º, incisos III
e IV, do Código Penal (vítima O.S.J.), e aos artigos 121, § 2º, incisos III e IV, e 14,
inciso II, ambos os do Código Penal, tudo na forma do art. 69, do mesmo diploma
(vítima D.U.C.P.), à pena de vinte e sete anos, dois meses e vinte dias de reclusão;
e (2) ABSOLVER a testemunha JENIFER SILVA ÂNGELO da imputação da prática
do crime previsto no artigo 342, § 1º, do Código Penal. Fixo, para início de
cumprimento da pena, o regime fechado, tendo em vista a hediondez dos delitos
(Lei nº 8.072/90, art. 1º, I), a quantidade total de pena aplicada e também as
circunstâncias judiciais desfavoráveis em relação a ambos os delitos, de acordo
com o art. 33, parágrafo 2º, “a”, e parágrafo 3º, do Código Penal. Por força do § 2º
do art. 387 do CPP, com a nova redação dada pela Lei nº 12.736/12 - “O tempo de
prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no
estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena
privativa de liberdade” deverá o Juiz da esfera de conhecimento, após fixar a
pena definitiva e o regime inaugural de cumprimento da expiação, dedicar um novo
capítulo na sentença condenatória para a análise de eventual progressão de
regime. Entrementes, o desconto imposto pela novel legislação deve ser ponderado
à luz das regras insculpidas na Lei de Execução Penal, e não como mero cálculo
aritmético isolado, sob pena de permitir ao condenado uma progressão de regime
imprópria, ou seja, com lapsos temporais reduzidos e desconhecimento completo
de seu mérito pessoal, em total arrepio às regras existentes, as quais, diga-se de
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passagem, não foram revogadas. Em outras palavras, o período de detração para
fins de progressão de regime prisional já na fase de conhecimento, além de
corresponder às frações de 1/6 (crimes comuns) ou 2/5 ou 3/5 (crimes hediondos
primários ou reincidentes), não tem o condão de desautorizar o Juiz na aferição do
mérito do sentenciado, o que será verificado pelo atestado de comportamento
carcerário e, em alguns casos, de parecer criminológico, notadamente quando
houver necessidade de um exame mais acurado sobre o progresso de
ressocialização, caso dos autos. Cumpre registrar que a inovação legislativa
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instituiu uma interação entre as jurisdições penais de conhecimento e executiva,
propiciando ao magistrado da primeira etapa de cognição o reconhecimento de
eventual progressão de regime prisional, desde que presentes os requisitos
objetivos e subjetivos previstos na lei de regência. Pensar de forma diversa é
fornecer um tratamento não isonômico a pessoas em situação jurídica semelhante,
vaticinando, inclusive, a sua inconstitucionalidade. O novo dispositivo não quis que
a detração funcionasse como alavanca automática de progressão de regime, que
conta com requisitos legais objetivos (tempo de prisão) e subjetivos (bom
comportamento). Para a progressão de regime há uma série de fatores que devem
ser computados. E no presente caso, sequer há que se falar em progressão de
regime já nesta fase, visto que ainda não fora resgatado o lapso temporal de 2/5 da
pena ora imposta aos crimes de homicídio qualificado na forma tentada e
consumada (o que ocorrerá somente em 12 de janeiro de 2026), inexistindo
também, de outro lado, elementos que atestem possuir o réu bom comportamento
carcerário, a demostrar o preenchimento do requisito subjetivo. Estando o réu preso
desde 24/02/2015 (fls. 228/229vº), não apenas pelos fundamentos da r. decisão de
fls. 218/219, prolatada na mesma data, que se baseou na necessidade de garantia
da instrução criminal diante dos fatos ali relatados, mas também pelos fundamentos
do V. Acórdão da C. 9ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, que, em julgamento de recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério
Público contra a r. decisão inicial concessiva de liberdade, datado de 2/7/2015,
reformou tal decisão para asseverar a necessidade da prisão preventiva do réu
para garantia da ordem pública (fls. 257/261, do segundo apenso do primeiro
volume destes autos), decisão esta transitada em julgado em relação a ambas as
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partes (cf. certidões de fl. 263, do segundo apenso do primeiro volume destes
autos), aos quais se soma, ainda, a fundamentação quanto à imprescindibilidade da
prisão constante da r. decisão que pronunciou o acusado constante de fl. 437
(“Destaque-se que o réu respondia solto ao processo até que veio aos autos
informação concreta de que ele estaria cooptando testemunhas em seu favor e
intimidando aquelas que poderiam lhe incriminar. Assim, deixá-lo livre no momento
mais crucial do processo representaria verdadeiro contrassenso, pondo em risco a
efetividade da persecução penal”). Ademais, não teria sentido que agora, depois de
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condenado pelo Conselho de Sentença, viesse a ser solto, persistindo a
necessidade da custódia cautelar nos termos do artigo 312, do Código de Processo
Penal, para garantir da ordem pública, que certamente estará ameaçada caso o réu
volte a atentar contra a vida e integridade física de outras pessoas. Some-se a isso,
ainda, que a prisão preventiva revela-se, neste momento processual subsequente à
condenação reconhecida pelo Conselho de Sentença, imprescindível a assegurar a
aplicação da lei penal, uma vez que o acusado teve a prisão temporária decretada
em decisão datada de 30/5/2014 (fls. 19/20, do primeiro apenso do quarto volume),
cujo mandado fora expedido na mesma data, tendo ele permanecendo foragido,
pelo menos, até a r. decisão concessiva de liberdade provisória (fls. 100/105),
datada de 22/10/2014, ou seja, por cerca de cinco meses. Há, portanto, efetivo
risco de fuga diante da conduta processual anterior do acusado, e,
consequentemente, risco concreto à aplicação da lei penal, a justificar, também por
tal fundamento, a manutenção da custódia preventiva do réu. Diante da quantidade
de pena imposta, inviável a substituição de sua prisão por penas alternativas ou a
concessão do sursis. Condeno o réu, ainda, ao pagamento de custas estaduais,
estabelecidas em 100 UFESP(s), com fundamento no artigo 4º, §9º, “a”, da Lei nº
11.608/03, ressalvado o disposto no artigo 98, § 3º, do Novo Código de Processo
Civil. Após o trânsito em julgado, seja o nome do réu lançado no rol dos culpados.
Desde já, providencie o Ofício a expedição de guia (provisória ou definitiva) ao
Juízo das Execuções Criminais para cumprimento da pena imposta. Dou esta por
publicada nesta sessão do Egrégio Tribunal do Júri da Comarca de Iguape e as
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Os pleitos adicionais ao absolutório devem ser
igualmente indeferidos.
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antecedentes do acusado (circunstância judicial legítima, até porque
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obtemperar as circunstâncias, rechaçando as próprias
qualificadoras, o acusado, apesar de se declarar arrependido,
sustentou, em síntese, ter agido em legítima defesa própria, o
que destitui seu relato do caráter de confissão. Por outro lado,
não houve qualquer impropriedade no posterior acréscimo,
também na segunda fase, em nova fração proporcional de 1/6,
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comum aos dois crimes. Isso porque, como visto do
veredicto, foram reconhecidas duas qualificadoras, uma das
quais (perigo comum) se prestou a como alude a denominação
“qualificar” a reprimenda, ao passo que a outra foi tomada
como agravante. Não se trata, pois, de ofensa ao princípio do
“ne bis in idem”, pois não se firmaram concentricamente
pontos de enrijecimento punitivo, pela aplicação de agravante
em relação a elementar do tipo. A alusão judicial ao artigo 61,
II, “c”, do Código Penal é substancialmente a qualificadora do
artigo 121, § 2°, II, do mesmo diploma legal (reconhecida pelos
jurados, reforce-se), a qual, por não ter sido utilizada para qualificar
o delito, opera, na estrutura do modelo trifásico, o efeito
técnico de uma agravante, mesmo porque está como bem
apontou a sentença expressamente prevista na lei penal
sob tal título.
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PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. DOSIMETRIA. HOMICÍDIO
DUPLAMENTE QUALIFICADO. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. VALORAÇÃO NEGATIVA DAS
CIRCUNSTÂNCIAS E DAS CONSEQUÊNCIAS DO DELITO.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO DE DROGAS. POSIÇÃO DE LIDERANÇA. PENA-
BASE MAJORADA. MOTIVAÇÃO ESCORREITA.
VALORAÇÃO DA QUALIFICADORA REMANESCENTE NA
SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA DA PENA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DE BIS IN IDEM. CONSTRANGIMENTO
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ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. WRIT NÃO CONHECIDO. 1.
Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso
próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo
orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF
e do próprio Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo,
considerando as alegações expostas na inicial, razoável a
análise do feito para verificar a existência de eventual
constrangimento ilegal. 2. É certo que a dosimetria da pena
deve ser feita seguindo o critério trifásico descrito no art. 68,
c/c o art. 59, ambos do Código Penal - CP, cabendo ao
Magistrado aumentar a pena de forma sempre fundamentada e
apenas quando identificar dados que extrapolem as
circunstâncias elementares do tipo penal básico. 3. Quanto as
circunstâncias do crime de homicídio, a valoração negativa
está devidamente fundamentada com base em elementos
acidentais e que não integram a estrutura do tipo penal,
destacando o Tribunal de origem a imensa violência e frieza da
conduta dos pacientes, revelando agressividade desmedida e
desnecessária. Salientou-se que a vítima foi raptada pelos
acusados e seus comparsas, quando saía de sua residência, e
levado para local ermo, onde foi alvejado por dois tiros na
cabeça, dez no tórax, cinco nas costas e um no braço. "Além
disso, o delito foi praticado para favorecer organização
criminosa de extrema periculosidade, a qual vem subjugando e
aterrorizando a população local por meio da utilização
ostensiva de armamentos e palavras de intimidação". 4. As
consequências do delito, as quais correspondem ao resultado
da ação do agente, também devem ser tidas por
desabonadoras, porquanto a vítima era Presidente da
Associação dos Moradores do Guandu e atuava, junto às
autoridades da região, para melhorar as condições de
segurança dos moradores e, após a ocorrência do crime em
Apelação Criminal nº 0002125-97.2014.8.26.0244 - Iguape - VOTO Nº 14.906 – 3 7/42
fls. 46
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questão, a população não mais teve outro líder comunitário, em
razão do medo que prevalece na região; transbordando, assim,
as consequências ordinárias do crime. 5. No tocante ao crime
de associação para o tráfico de drogas, o aumento da pena-
base em razão da maior reprovabilidade da conduta,
consubstanciada no fato de terem os pacientes posição de
liderança é motivação idônea para tal fim. Precedentes. 6. A
jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de
que, quando presente mais de uma qualificadora no crime
de homicídio, podem ser consideradas circunstâncias
agravantes genéricas, se previstas expressamente, ou
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podem ser sopesadas como circunstâncias judiciais
desfavoráveis, não havendo falar em ofensa ao princípio
do ne bis in idem. No caso em apreço, bem asseverou o
Tribunal de origem que "na segunda fase, não há "bis in
idem", porquanto a circunstância qualificadora prevista no
art. 121, § 2º, IV, do CP não foi considerada para o
estabelecimento da pena-base. Dessa forma, conforme
solidamente assentado na Jurisprudência (STJ: REsp nº
1411733/MG e STF:HC nº 99809), incide a agravante
genérica insculpida no art. 61, II, "c", do CP". 7. Habeas
corpus não conhecido. (HC 447.400/RJ, Relator Ministro Joel Ilan
Paciornik, Quinta Turma, votação unânime, DJe 04/04/2019)
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adequada ao grau de percurso do “iter criminis”, respeita a
lógica da proporcionalidade, urgindo ser mantida. Com efeito,
Carlos Eduardo logrou desfechar com precisão,
possivelmente decorrente, inclusive, de sua condição de ex-
policial militar, a ponto de alvejar a vítima sobrevivente com um
projétil de arma, calibre .38, na caixa craniana, do lado
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direito da testa. Em adendo, os depoimentos do próprio
Danilo e das testemunhas policiais Fernando Oliveira e Osimar
Matos comprovaram que a bala ficou encravada na testa,
causando lesões graves na vítima (fls. 132). Noutros termos,
por muito pouco, Danilo não teve o crânio transfixado, como
ocorrera com Orlando. Assim sendo, inviável cogitar-se, na
espécie, de fração diversa da mínima, quanto ao “conatus”
(artigo 14, II, do Código Penal).
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purgado, assim como pelos enlevos de gravidade concreta do
fato (pluralidade de qualificadoras; pluralidade de vítimas, ambas alvejadas na
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Penal).
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“presunção de inocência” (STF/HC 126.292/SP, de 17.02.2016,
posicionamento confirmado em Ações Declaratórias de Constitucionalidade -
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possibilidade dos chamados “recursos constitucionais” (especial
e extraordinário), os quais, contudo, são exceções, como seus
próprios nomes atestam, sendo que, ainda assim, não mais
avaliam “culpa”. O “Recurso Especial”, na verdade, busca uma
uniformidade na interpretação de Lei Federal. A própria
Constituição fala em sua possibilidade em relação apenas às
causas decididas em única ou última instância, sempre pelos
Tribunais de 2º Grau. O mesmo se dá em relação ao “Recurso
Extraordinário”, cujo objetivo é a manutenção da uniformidade
da Constituição Federal. Nenhum dos dois, portanto, pode ser
considerado, tecnicamente, como “recurso de 3º instância”. O
trânsito em julgado, quando se fala de culpa, ou seja, quando
alguém é, definitivamente, considerado culpado, ocorre em 2º
instância.
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PROVIMENTO ao recurso.
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causa do encarceramento, agora por sentença condenatória
confirmada em Segundo Grau. Expeça-se GUIA DE
EXECUÇÃO (se necessário), preservando-se, se o caso,
eventuais decisões em Execução Provisória.