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B rnLIOTHECA no Povo

E DAS ESCOLAS

OADA VOLUME 50 RÉIS

MANUAL -

Compositor

Cada volume abrange 6' paginas, de cotnpo-


slçã.o cheia, ediyâ.o estereotypa.da,-e fónna
um tl'atado elementar completo n ' algum ramo
de scienofos7 artes on industrla.11, um fiorilegio
Hltera.rio, ou um aggregado de conhectmentos
uteia e indlspensavoie, expostos por fórma
succint.a. e concisa, .mas cla.ra, despretenclosa,
popular, a.o alcance de todas as intelligencias.

1886
DAVID CORAZZI-EDITOR
BWRESA HORAS ROMANTICAS
ADVERTENOIA

Ao desimpenhar-se da difiicil tarefa que se propoz de escrc -


. ver o presente livrinho, o auctor considera um dever impres -
criptivel testemunhar aqui o seu mais -vivo reconhecimento
pelA. obsequiosa coadjuvação quf' na elaboração d'estaa pagi-
nns lhe prestou o sr. Pranc1sco de Sousa Pereira, um dos mafo
intclligcntes cultores da arte typog1·npl1ica, ar!e que por mui.to
tempo exci·ceu b1·ilhantemc11te na Imprensa Nac1nnnl de L1s-
bon. 1'1uito e muito de,rem a tão illustrado cavalheiro as pa·
~inas d'este opusculo. Releve pois que o ln1milde discipul<'
lhe agradeça penhorrtdament~ o seu 'aliosissimo concurso.
O anctor apro\~cita egualmente o en~ejo parR fnzer u11u1 rc·
ctificnçito. Os dois volumes que possnc a. Bibliotheca. :r 1wio1rnl
de Lisboa da preciosa J;iblia de Gnttenberg, acham-se incn -
dernndos, não em moscovin (como por lapso vai dito a p~g. 5
do vresentc opusculo), mas em bcllissimo cha.qrin vermelho
eom omat0s doirados, tendo as capas acompanhadas no bordo
por u~a elegante guarnição de prn.ta, e forradas por guardas
de: mou é escarlate. Esta incadernnção é de modernn data, e
fol manda.da executar, ~ob i.nicintivn do fallecido conscn·ador
Antonio da Sih·a 'I'ullio. para substituir a iucadcrnação ante-
rior. de moscovia, já sufficientemente deteriorada.
1'Ia.is se adverte que na pag. 10 (linl111. 19), onde se lê alt~­
rado devu ler-ac al!ern1Jdn,- e a pag. 12 (linha 8), cm vez de
cabtç, deve lc1·-se cabeça.
l~ ,

L
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J
MANUAL DO TYPOGR.APHO

INTRODUCÇÃO

A. 'f ypographia (do grego 7Õiroç ( tjpos) que significa marca,


fi.qura , typo, - e -ypd<pw (gr:I plul ), que quc1· dizer escrevo) é a
art.(, de imprimir por meio de typos moveis. Foi inventada por
G uttt•nhe1·g p elos annos de 1436 a 14.40.
De todas as descobertas que tecm mnrcado lognr impor-
tn.nte na historia da l•umnnidnde, nenhuma foi porcerto maia
·il 1antc e proveitosa. Antigamente, como todos os livros eram
mnn 11scdptos, só por elevado preço se porlimn comprar ; por
·~ao ,, · s?bcranos... e as... classe~ abastadas monopolizavam as
·n.s de instrncçao e n~o na deixavam <'hf'gar ao conhecimento
~s pessoa8 men os favorecidas. Muitos d't~stcs manuscriptos
:lHam grossas quantias; e ::\final pouco serviço prestavam jA,
(Jorqufl os copistas, para trabalharem mais depressa, multipU-
eavam tanto ~s abtcviaturas que se tornava difficil ás vezes
~omprchendêl~as.
Nos primeiros annos do seculo xv houve a idéa de gravar
en. m adeira ma.p paa gcographicos, figuras religiosns, etc., ee-
uirio tudo de uma nota explicativa. Cobl'ia-sc a mudeira com
u1.tn grossa. e punham.i:ie-lhe em cima algumas folhas de per.
, minho ou de papel, car. regando em seguida com força; corn
~ ta pressão transportavam-se para o papel os signaes gra-
~aw>s na madeira. Pouco a pouco foi :n~gmentando o compri-
nento da nota, e ch~gar~m. a reprodnz11·-se paginas inteiras.
or et.te processo se impr1m1u a chamada Biblia dos pobres.
Est:-. fó1·ma de impressão tabular já era conhecida pelos Chi·
eze~. E até mesmo um ferreiro, Pi-Cbing, tentou formar com
n-ia tel'1·a fina e viscosa, e solidificar por meio de dupla coc-
to, typos ruoveis que juntava e conse1·v~va unidos com o au-
.io de caixilhos de ferro; nã-0 teve, porêm, resultado algum.
Os hai>itantes de Hudoim affirmam que um dos seus con-

h $
J{• .. - .......... -~··. - -

-- --- - ~ ,,

BIBLIOTBECA DO POVO •
terraneos, Lourenço Kosb~r, que exercia o mestér de sacr.J!.-
tão inventára. a impren$a pelo anno 1430, e que, na occaslU.O
em' que elle tinha ido a uma egrf'ja, o seu collaborador ut M
tenberg lhe subtrahira todas as ferramentas e fugira para .rto-
guucia, onde passou por sei· o inventor qa arte. Esta a sscr\l'O
pecca por falta absoluta de provas; mas nem por isso em llar-
leim se deixa de celebrar todos os seculos uma festa em honro.
da supposta descoberta de Koster.
João Gensfleisch de Sorgeloch, mais conhecido por Gutten-
berg- a.ppellido, que talvez lhe p1·oveio de ser sua fami! jJ.
materna originarja da pequena cidade de Kuttenberg, na B ·J-
hemia (*),-sabiu em 1420 da cidade de 1\1oguncia, onde a
opinião commum o dá por nascido de boa família pelos anniJ-:
1398 a 1400. Uns tumultos que houve por occasiào da inti·~da.
solcmne do imperador na cidade, tumultos cm que ellc toreou
parte, obrigaram-n'o a expatriar-se, e gor isso foi estabelectlr
a sua i·esidencia em trasburgo em l-i-4.
Até 1436 não se fala a respeito <los seus trabalhos; n'essa
epocha, porêm, tendo já na mente a invenção mai·a .. ilhosa que
mais tarde o havia de immortalizar, associou-se com tres cidH-
dãos de Strasburgo, que deviam fornecer o dinheiro necessa-
rio para as despezas. Chamavam-se elles João Riffe, Audré
Keilmann, e André Dritzehen. .,.o contracto, redigido po: eb.
cripto, estipulava-se que os interesses da sociedade seria~
divididos em quatro partes, ficando duas para Guttenberg
alêm da quantia de 160 florins que os dois eocios lhe haviam
de intregar. Posto isto, começaram a trabalhar n'uma cella
do abandonado mosteiro de Santo ArbogAsto. Guttenberg fun ..
diu typos em metal e serviu-se de uma p1·ensa. de la&'ar pa1·R.
os apertar contra o papel. Desde então o. xylographia (impr s~
são COil!, chapas gravada~ em madeit·a) foi substituída pda
impressao em typos moveis de metal.
Não era, porêm, tudo. Restava. ainda, por meio da. liga de
certos metaes, obter typos que tivessem o grau conveniente
de dureza e podessem yasar-se nos moldes.
As despezas occasionadas por estes trabalhos tinham arrui-
nado os socios. André Dritzeben morreu de desgosto; e os dois
irmâo:s d'elle, Jorge e Claus reclamaram então de Guttenberg
a quantia de 100 florins, q~e diziam pertencer, conforme Of
termos do contracto, á familia do associado que morresse; de·

(*) Hisloirt de l'imprim!ri~ ti. du ort• 1t..pro/e••Wn• qúi le f'attaelunt à la ifpo


par Paul Lacroix (bibliophile Jacob), Edoua.rd Fournler, et J 'erdJ
gJ"Gplcif',
na.ud Seré.
MA.NlJA.L DO 1'TPotrn.A:PltO

clatnram-lhe, porêm? ~ue ficaria quite para com elles se con-


sentisse em os adm1ttir na sociedade nas mesmas condições
em que eHtava. o irm~o. Guttenberg recusou, e elles instaui·~­
ra.m lhe processo, CllJO re~ulta.do foi uma sentença que o obri-
gou ~ paga,r-lhes a quantia de 15 florins.
O grande artista, desanimado, sahiu de Strasburgo em 1444
e dirigiu-se pnra l\Ioguncia. Ahi se associou com João }.,nst
ou Fausto), homem rico e astncio~o, que lhe adeanton 800
orim:J, a. 6 º/o de jnro, com a condição <le lhe ficarem hypo·
hccados todos os utcnsilios que ellc mandasAe fabricar. Alêm
d'csta quantia, Fausto devia fornecer mais 300 florins de oiro
pa.ra as despmms geraes. Os lucros seriam divididos t·gual-
m nte por ambos; - e, no caso em que a sociedade viesse a
di .. r.Jver-se, Guttcubcrg s6 tomaria pos~e do material depois
ter pago ao socio os 800 florins de oiro.
Guttenberg trabalhou a.inda dois annoa no apel'feiçoamento
do seu processo, mas scrn conseguir incoutrar a liga dos me·
taes. Estava empregado por esse tempo na casa de ~.,n.usto um
r1i1>nz muito intellig<'nte e instruido, chamado Pedro Schooffer,
o qual, tendo feito varios trab(tlhos pnra o invento de Gutten-
berg, percebeu, com o seu espirito clarissimo, o segredo dos
iois socioa; elles, vendo-se descobertos e reconhecendo a ha-
1ilidade e intelligencia do moço operario, decidiram tomál-o
por collaborador. No fim de uma serie de experiencias, chegou
Schooffer a incoutrar a liga. dos typoe que boje se conhece;
desde esse momento estava creada a ·Typograpliia.
Tão incantado ficou Fausto com a habilidade do novo col-
lnborador, que lhe deu em ca!amento a sua filha unica. Em
seguida os tres socios puzeram mãos á obra e imprimiram a
c>.ele1.>re Bíblia sem <ln.ta (1455?), de que existe um bello exem-
plar na Bibliotheca Nacional de Lisboa (*).
Pouco tempo durou, porêm, a associa~ão. No mesmo anno
em que publicaram a Bibtia, o usurario Fausto, com o intuito
e guardar em seu proveito todos os lucros, chamou Gutten-
berg a j uizo, reclamando o dinheiro q uc lhe tinha imprestado
par~ as despezas,-e o pobre inventor, arruinado perdido
teve de sahir da cidade, intregando os prélos e tod~ 0 ma.te~
tlal ao seu indigno socio.

(•) Eate precioso incunabulo foi compraão em 180~, por 7008000 rél~, Acast.
de Bor ·l, Borel & O.ª, antigoM mercadoreB rf e Jivros em Lisboa; vf>io de Pa·
01 d~ fàra adquirido logo depois de extinctas em Fran~a a1 ordeus reli-
J'ls,
glo&As. \.J:t doift volumoij de que i;e compõe acham-eo om bellissimo estado de
onr;er'façlo, lncadernados em Moscovia, e et1utelosamente arrecadados. Vale
~e C\l.lltoa de réis eata obra, da qual pouqui111imo1 exemplarei exlatem.
JIIBL OMOA O POVü

Depoi~ de Guttenberg sahir de l.foguncia, Fausto asrocivu


Pe com o genro para. continuarem a imprimir livros. Obri~ot
os seus operarios a Jurarem sobre a Biblia que guardariam
segredo ácêrca d'aquelle processo; e, para melhor se asseg ura.r
do silenci~ d'~Iles, fez - lh~s assignar obrigações cujo imp ·lr~e
lhes podena ttrar do salano em caso de indiscreção. Para mil.IS
segnrança. ainda, estabeleceu as suas officinas no fundo de un
subterraneo e conservou sempre todos os operarios fechados
á chave . .A.proveitando a ignoranciu. do vulgo a respeito do E.<• 'U
processo, conseguiram os dois socios vender como copias n1· -
nuscriptas os exemplares impressos; em breve, porêm, se di·
vulgou o segredo .
.Fausto foi para P a ris Qtn 1462, antes de ser conhecida ein
França a invenção da imprensa . Ahi vendeu bastantes e}:ero ~
plares da Biblia como manuscriptos; mas, como llies fô:'l"C •
pouco e pouco baixando o preço e apresentasse grande q tan-
tidade de liyros perfeitamente aimilhantes, causou isso geri t
surpresa no publico. Sendo accusado de feitiçaria, revist:l · m
a casu. onde elle habitava, e ahi se incontrou ccrt.a qu anti
dade d'aquelles livros; os infcites a tinta encarnada que ~.11or­
navam algumas paginas passaram por ter sido trayados coi
o seu proprio sangue! Foi portanto preso, e a.ccusado de pra·
cticar a magia. Luiz XI, porêm. ordenou que lhe dessern a
liberdade, com a condição de revelar os meios que empregãvt.
para multiplicar n'aquella proporção inaudita as copias de um
mesmo livro.
Já anteriormente este rei, querendo descobrir o segredo d~
nova arte, tinlia. incarregado Nicolau Jenson, gravador habil
e director da casa da moeda de Toura, de ir a. .M oguocia infor-
mar-se secretamente da fórma por que nlli se trabalhava. Mae
o gravador não quiz trazer para França os beneficios da nov
arte reccnndo que o rei o mandasse inccrr~u- n'algum carccr•1
par~ melhor ficar guanln.do o maravilhoso Begredo' clii·igiu-se
para. Italia,-e em 1470 publicou em Veneza as Epistot~ de
Cícero, primeiro livro que ~ahiu dos seus prélos. •
~"'austo morreu em Paris no e.nno de l •i:66, dizem que vict1 ..
ma da peste~ O genro, que ficára de po~sc da typograph.1.1.,
continuou a explorál-a até que, por cffeito da gue1T&, a cid.<id
de ~1oguucia fo~ tomada de assalto e saqueada. Pedro Schceft'cr
morreu no conflacto; e o seu estabelecimento ficou deserto, nté
que o fi1bo João Schreffer, o reconstituiu algum tempo depois.
Este prestou a Guttcuberg a devida justiça. Na dedicato.,..ia
do Tifo LitJfr> (livro que dedicou ao imperador Maximiliano)
eoníessa elle que •a arte admiravel da Typographia foi invon..
,
l MANUAL DO TTPOG1'APRO

tada pelo ingenboso Guttenberg, e posteriormente melhorada


e propagada pela posteridade om virtude dos trabalhos de
'l

Fausto e Scl1ooffer. »
Depois de sabir de Moguncia, andou Guttenbcrg dois annos
e. rante, completHmcnte acabrunhado pela ingratidão do socio.
Diz-se que tivera ainda outros associados, e conseguíra afinal
estabelecer na cidade uma imprensa rival da de ~'austo; não
l1a, porêm, provas que auctorizcm a affirmál-o. Sabe-se que
· ~m 1465 não possuia. ellc recursos alguns. No ultimo quartel
da. Yida foi recebido pelo Eleitor de Nassau (Adolpho, Arce-
bispo de ?tloguncia), que o admittiu no numero dos seus fidal-
gos e lhe estabeleceu uma pen1ão por caridade. Em Fevereiro
ao 1468 morreu Guttenberg, legando ao inundo a herança in-
estimavel da Typogr$tphia.
Jcsde 1640, os liYreiros da Allemanha. e os habitantes de
~tr~Laburgo celebram todos os nnnos uma festa em honra de
lluttenbcrg. Em ~foguncia foi-lhe erigida em 1837 uma esta-
t u a. de br<mze. Strashurgo tarubem lhe levantou uma estatua.
D{lpois da morte do grande inventor, oR t.ypogrn.phos itis-
ers ram-se por diversas partes da Etuopa. Na Allemanha,
a ~ ,Jissli, na Ilollanda (onde Guilherme Caxton recebeu as
rimciras noções da arte sublime que foi introduzir na Ingla·
cena), oa f"rança, e na Italia, crearam-se logo imprensas mais
ou menos importantes. Em França. teve, porêm, a nova arte
bastantes e aeirraclos detractorcs; o~ copistas levantn.ram-se
coutra r,s typogruphos e pediram providcucins ao Parlamento;
C fit~ tl'ibunal condC'mnou-os á pf'r<la. de bens, corno convictos
de feitieciros,-· e aquella turbu de ignorantes, intrando nas
jmpn.'llsas, de }lunhal cm punho, }eyou os livros, para os lan-
ça1· nA fogueira; mae Luiz XI, que no fim de cout~s era uni
honicm de rC'cto juizo, fez com que os novos art ist:ae fôsst 1n
respeitados como deviam, e concedeu cartns de naturulizH~ito
nos t.ypographos allemiies; outros soberunoH mais os protege-
r am e cobriram com a egide do seu poder. - e o proprio rei
l•'ra.11cieco J ia visitar o celebre Hob~rto Er-<tienuc á imprensa
espm·audo bastantes vPzcs purn lhe ser adu1ittido no gabinet~
.que elle acnbasse de rever as provas de qualquer obra· foi
Fntn<.'isto J que isentou do sPrviço militar a nova classe.'
Nem só a cidade de IIarlcim disputou ::t ~foguncia os direi-
t o!;) sobre a invcuçào da. TypogrRphia. DizPm os habitantes de
St rasburgo que o seu patricio João ~lentcll ou l\fente11in foi
o priru~iro que foz essa descoberta; que se ns.sociou .com Gnt-
~cnbe_rg nos trabalhos; e que este lhe aproveitou ia. idt~a e foi
~ ra Moguncia pôl-a em práctica. Apoiam al& suas pretensões
. .
8 . . BmLIOTBECA l>O POVO
t- - ~
nas cà?tae de nobreza que Fxederico IlI lhes inviou. E' nrttü
ral que proceda. esta. confualo de ter sido João )fentelliu o
primeiro impreesor que se estabeleceu em Strasburgo, e um
dos primeiros que exerceram a arte fóra de Moguncia. Muit:itt
outras cidades da Europa. apresentaram tambem os seus di...
reitos, mas com muito pouco fundamento.
Ha grandes dh·ergencias ácêrca. da epocha. em que se intro-
duziu a. Typographia em Hespanha. Alguns escriptores dizem
que foi Valencia a primeira cidade onde se exerceu a arte
outros citam Barcelona.; e outros ainda affirmam que foi Sa-
lamanca. O nosso doutissimo Antonio Ribeiro dos Santos l1e·
sita em definitivamente pronunciar-se entre Palencia (1470) t
Valença (1474).
Em Portugal não s-e pode bem lixar a epocba exacta da in-
troducção da arte; sabe-se só que foi na segunda metade d<
seculo xv, pouco depois de Guttenberg a ter inventado. F'o
Leiria a primeira cidade do reino onde ella se exerceu, tah c;
antes de 1470, e com certeza antes de 1474 (em todo ocas<
antes de intrar em Hespanha). Seguiram-se Lisboa em 14-81
Braga em 1494, prox~m~~cnte. ~'esta u.ltima cidade a Typ·
graphia. constou a pr1nc1p10 de livros latinos para uso de ele
Só no seculo xvr é que as outras cidades e villas do re~
possuíram officinas typographicas.
Houve em Portugal quatro classes de typographia :-o. por-
tugueza, a hebraica, a latina, e a grega.
Os primeiros impressores que ti vemos foram tres judeus : -
Rabban Eliezer, que imprimiu em Disboa, pelos annos do 14Q~,
o Penlateuco Hebraico, com os commentarios de Rabbi Mo .._
eés e Rabbi T\Ioscbe ..?achman, em folio; Rabbi Tzorba, q;w
ajudou Rabban Eliezer na impressão do supradito livro; e Z9.-
cheu, filho de Rabban Eliezer, que publicou em Lisboa, pelos
annos de 1491, o Pe:ntafeuco Hebraico com a pare.phrase cha:
da.ica de Onkelos e commentarios de Rabbi Salomão J arch~.
Segundo affirma João Bernardo de R ossi, a p1·imeira obra
que ;io nosso _paiz se imprimiu he?raica foi o S epher Ora~ i
Chaim, ou <•Livro do caminho da vida», de R. Jacob Ben A~. ·
cer (no anno 1481 da era christan); esta edição em folio é tão
!"2!'2 qnP; anf P~ O~ °Rt)SEi, IleilhGBl b-fbliophilo judeu OU ChrÍS -
fàO dá noticia d 'elia.
Alêm d'estas obras, imprimiram-se :- lsaias eJeremias, cmn
08 commentorios de Kimchi tLisboa, 1490), edição de que
Rossi affirma t er visto um exempla1· (a 2.• edição é de 1492);
Proverbio& com os commentarios de Levi Ben·Gerson e d
Rabbi !Iei~r (Lisboa, 1492), edição rarissima; Prophetaa ~;
li.ANUAL bO T!POOBAPBO
.
·roa, com o Targum, e commentarios de Kimchi e de Rabbi
µvi Ben Gcrson (Leiria, anno judaico 254 ; 1494: da era cbris-
a.n) • Seder Tefilod (ou «Ordem das prece11 de todo o anno'' ),
por R. David, filho de José chamado Avudrahan, em ft>lio (Lis-
boa, anno judaico 255; 1495 d"a era christan ); e a B.• edição
de laaias e Jeremias com os commentarios de Kimchi (1 volu-
n1c em folio, impresso em Lisboa em 1497). ·
Outros livros hebraicos se itnprimirA.m certamente nos pri-
meiros tempos, de qne não pode haver noticia, porque os Ju-
deus, desterra<los e dispersos, levaram comsigo eesas obras, e
outras foram queimadas pol' suapeitosas de erros e blasphe-
mias, ou ficarttm reduzidas ao esquecimento.
A typog1·1tphia latinn. teve intrada em Portu2al tambcm no
scculo xv. }4;m 1490 os <lois impre!sores alleanaes icolau de
't-lxonia e Valentino de ~foravia impl'imiram em Lisboa o Bn~·
via1·ium l!Jborense, do Arcebispo D. João dà Costn; cm 1494 o
ro'3F.tre João Gherlinc, tambem allemão, publicou em Braga o
Bremarium Bracharensis Eccluü; em 1495 sahiu da ofticina
~o fcstre Ortas, em Leiria, o Àtmanach ppetuuz cel•tÜJ.z mo-
mz astronomi w.cuti (1 volume em 4. 0 ), de que foi auctor o
.uàeu Abrabão Zacuto, natural de Salamanca, e astronomo
l'El·Rei1?· :Manuel; em 1496 imprimiu-se em Lisboa, na offi·
ina de Nicolau de Saxonia, por ordem do Areebispo D. J orge
CJsta, o Jtlissale Bracarmae; em 1497, o BretJia.rum 1ecun-
dum Consuetudinem Oompo&ttllane Ecclr11ie (1 volume em 8. 0 ) ;
ern. 1498 imprimiu·se na officina da Nicolau ele Saxonia a se-
g mda edição do Breviarium Bracarense, ordenada por man-
lia.do do Arcebispo D. J or~e da Costa; no mesmo anno sabiu
tL.mbem d'easa ty-pograpb1a a 2.• edição do Músale Braca-
rense, que se terminou a 20 de Junho.
A primeira edição portugueza que ha, com certeza de anno,
uo óeculo xv é o L1'vro «De Vila Christin, impresso em Lis-
hoa en1 1495 por Valentino de :a.Joravia e Nicolau de Saxo~ia;
4 tomos em folio; foi este livro escripto em latim pelo Mestre
JAudolfo de Saxonia, e traduzido em portuguez por Fr. Ber-
n rdo de Alcobaça, monge da Ordem de Cister Abhade do
)fosteiro de S. Paul? no. a1~no de 1445. E' ediçlo rarissima.
No. anno de 1496 se 1!11pr~1u em Lisboa (1 vol. in-4.º) a &-
tona de mtty nobre 11 esptsiano emperador de roma · existe na
ibliotheca Nacional de Lisboa o unico oxempla; conhecido
d'eete livro ultra-rarissimo e preciosíssimo.
Muitos outros livros se publicaram nos primeiros tempos,
em portuguez, ácêrca dos quaes não ha certeza de anno ou de
logar.
,,
I
10 BIBLIOTllBCA DO POVO

A typographia. grega. veio substituir em Portugal & typogr ·


phia hebraica. Não se sabe exactamente a epocha em que se
introduziu aqui. E' certo, porêm, qne já. em 1534 se usava !1º
Real ~Iosteiro de ~ anta Cruz de Coimbra. Contribuiu muito
para o seu luzimento o sabio Vicente Fabricio.
A imprensa da Universidade, transferida de Lisboa pa.rn
Coimbra, empregou tamhcm as lettrae greaas apresentando
edições muito notaveis impressas pelos celebre~ João Barreira
e João Alvares até ao a11no de 1550. Eram ainda usadas em
1593, anno em que Antonio ~lariz (impressor ta1nbem muito
notavel) imprimiu alli diversas obra!. Egualmente se empre
garam em Coimbra, na officina do Collegio dos J esuitas.
Não deixou Lisboa de adoptar as lettras gregas, distinguin-
do-se muito a officina de Simio Lopes. Existiam ell as ainda no
aeculo n-1, conaerTad.Aa por Pedro Cra.e1beeck; mas foram ce.·
hindo pouco a pouco em desuso até acabarem de todo nos fins
d'esse secuk>.
O typo gothico ou semi-gothico usou-se cnfr~ nós até m~is
de meiHdo o eeculo xvr, umas vezes só, outras alterado com o
romano. Este ultimo typo começou a apparecer ~rn Coimhra.
em 1536, mae só nos fins do seculo logrou Pxcluir o gothi co.
No começo do seculo xv1 ainda se imprimiram alguma-:1 erli-
ções em pergaminho; o papP.J, porêm, começou R usar -se m::tit-
porque, apezar de pouco consistente, era de grunde ecomm> ti\
pnra os trRbalhos.
Foi a arte typographica bem conceituada entre nÓ8: e os
typographos tidos por gente mnito nobre .•J\ntes que Luiz XII
de }.,rança. concedesse privilegios aos impressorc8, já O. Ma·
nuel os tinha em Portugal em grande consideração e valin,
dando-lhes grandes vantagens e privilegios, como a homens
que prestavam relevantes serviços ao paiz. D'isso é testemu-
nho a. Carta Régia. de 20 de Fevereiro de 1508, pela qual o
Rei concedeu a Jacob Combreger, allemão, e a todos os mais
impressores christàos, os priYilcgios, libPrda.des, e honras , que
haviam, e deviam haver, os cavalleiros de sua Casa Real, por
elle confirmados, posto que não tivessem armas nem cavallo~,
s~gundo as. Ordenaçôes,-determinando que por tacs fôssem
tido e havidos ~m toda a parte, comtanto que possniseem de
cabedal duas mil dobras de oiro e fôssem ehrist.ãos velhos,
sem raça ele mouro ou judeu. '
Hoje em o no~so paiz h!l officina.s importantes e typographos
distinctos que, imbora nao possuam cartas de nobreza, teem
louvavelmente elevado e ingraudecido a arte, apresentando
trabalho1 not&bilisaimoa.
MANUAL DO TTPOGRAPHO 11

'
TYPOGRAPHIA

Typo.-A palavra typo emprega-se para designar as diffe..


r E·ntcs especit>s d.e lettras que. se usam na 'rypograplJia. Como
t eem de se combinar umas con1 as ouh·na, devem as lettras ter
todas nltura <'gual; variam apenas pelo corpo (que é a exteu-
.. fi o da haste de cada lettra no sentido vertical do olho) e pela
g rossura pro1rnrcional.
Os a11t.igos nomes doa typos eram puramente convencionaes
(eomo, JJOr ex~mplo, o de Oicero, que foi d<tdo ao typo em que
se compuzeram as obras do celebre orador rm>tnno ). Só em 1837
o lrnLil typographo francez ~'ournier "º UlO\O» imaginou os
pontos typographicr s, por meio dos quaes hoje se distinguem
os c-01·pos.
Chama-se typo romano o que geralmente se usa no texto dos
110Mos livros; tem este nome porque foi um hn1)ressor de Ro-
ma quem, pelos fins do seculo xv, nprcsontou este ty})O para
auhaHtuir o gothico, unica especie de Icttra que até então fôra.
conbccid~ ua Typographia.
O typo italico ou gry1Jl10 é inclinado, e emprega-se nas pa ..
lt: vras ou plwnscs qne se quercu1 fazer eob1·csuhir. Chamou-
. r -lhe typo aldino por ter sido empregado peln prirn~ira vez
poucos annos depois de iuventada 'a Jmprensa, pelo colebr~
1mprossor veneziano Aldo ~lanucio; })l'evaleceu, porém, o no-
L•1e aetual em memoria ele nos ter vindo esse typo da Italia.
Todo o typo romano tem um italico que lhe corresponde. E•
<le absoluta 11ccessidadc haver uma caixa para o italico; mns,
''umo se emprega en1 menor escala, pode adquirfr-s~ mula di-
minuta porção d'esse typo.
Alên1 dos dois typoe que apresentámos, ha ain<lã o cwrsivo, o
gut hico, o redondn, etc. O primeiro ( gue antigamente S(~ cha-
mava ia~tcn·d(J) é, como o itaJico, inelmado, mas d 'ellc clifl'ere
tota1~f>11te ~ias lettrns vcrsaca (m:ljusculas); algmnas letti·as
de Nuxn ba1xa (mmuscuJas) tecm as vezes duus e tres fórmaa
differentcs, conforme estão collocadas no começo no centro ou
110 fim da palavra. Este typo uão tem versaletes 'como suct·~de
a todas as lettras de escripta. '
O gotldco não está sujeito a modelo algum detei·miua.do; ó
imratncl.lte um typo de phautasia.
O cw·siv_o 11ão tem analogia alguma com o typo.rorr~ano, nem
com a maior parte dos typos de escripta. Era pr1m1t.1.vameute
um typo que, adoptando a fónna da. Iettra manuscr1pta, não
12 Bt8L10TllECA DO POVO

admittia comtudo a ligação das lettras. O celebre typographo


fraucez Firmino Did_ot pensou em remover esta difiiculda.de, e
poude conseguil-o com o ex.ito ma.is brilhante.
Eis o modo por que o fez :
O molde sobre o qual, desde a origem da arte, se tinhare
fundido as lettras, não consentia esta ligação. Era preciso dsT
a toda a lettra a inclinação que se dava ao olho. Por conse ..
quencia as f:\ces superior e inferior da lettra (as da cabeç t'
do pé) dei Taram de ser rectangulos, ficando parallelogrammos ;
e as linhas lateraes ao olho da lettra ( aquellas cuja distancia
é a medida da sua grossura), em vez de serem perpendiculares
receberam direcção obliqua. Como, porêm, as letti·as fundidfl ·
assim não podiam sustentar-se no componedor, imaginou~se
fundir para o começo e fim de cada. linha uns quadrados er.n
esquadria., destinados a conservar o eqnilibrio. Alêm d'ieso,
cada uma das faces lateraes da lettra tem uma espalda em
sentido contrario (uma inferior, e outra superior), onde inca.i ~
xam succeseivamente todas as lettras da linha, de modo qne
pareçam formar uma. s6 peça. Os espaços e os quadrados eiio
feitos pelo mesmo systema, o qual dá. á.s linhas e ás pagins.E
mais solidez do qu? t~m qu~lquer outra. composição (*)·
O redondo, de Firmino D1dot, é um typo direito como o row
mano, em que varias lettras estão ligadas uma.a ás outras,
conforme a sua. posição i·eepectiva, como n'este genero de es-
cripta. Para impedir que duas lettras :finas t~uem uma na
outra., empregam-se lettras dobrad~, fundidas n uma. só peç.\.
O redondo emprega tambem, como o cursivo, lettras curtas e
longas.
Ha ainda os typos vario.dissimos chamados de phantasia,
que se empregam na composição dos títulos, frontispicios, e
outros diverso~ trabalhos. Tambem existem os typos que se
empregam nas linguas em que não se adoptn. o a.l phabeto ro·
mano; mas d'esses não falaremos aqui, por não o comporta-
rem as dimen::>Ões d'este livrinho.
Lettra. - A lettra tem a fórma de um octaedro. O material
que n 'clla. ~e emprega é uma liga de diversos metaes: -chum·
bo, regulo de antimonio, estanho e ás vezes mesmo o cobre.
A addicç.ão do antimonio ao chumbo dá-lhe a. durez"' necessa-
ria para resistir á. pressão.
Obtem-se a lettra, vertendo a liga fundida. n'um molde que
fórma uma especie de canal pequeno e along11.do. No fundo
d'esae eanal ha. uma matriz que reproduz fielmente a. lettra

(•) Helll'i Foumter- 1.'rcrili tk lca Typographic..


MANUAL DO 'r!POGBAPBO 18
~ !P' f
fornecida pelo gravador de typ0s. Com um s6 d'esaes typos
de aço tira-se grande qua.ntida.de de m:l.tri.zes; e essas matri·
ses, collocadas no fundo do molde, podem dar considoravcl
numero de lcttras.
A ltttra preparada pelo f ndidnr compõe-se de duas par-
tes: - a lettra. propriamente dita; e uma haste comprida e
cbnta sobre a qual está fixa. a lcttra, e que permitte ao typo-
g rapho manejál-a com fa.cilidadc no seu trabalho.
lla. nai:J lettras a jorça de cnrpn, a ,qrossura, e a. altura.
A força de corpo é uma condição essencial e distinctiva,
propria paui qualquel' typo; é <l'ella que cada um tirn. a de- 1

nominação, a quu.l é determinada. pelo numero de _aontos tj tre


o corpo da lettra contêm.
A gr08aura é determinada. pela fórma tla lettra.; algumas,
comtudo, teem grossura commum. lla lettras que 8Ü.O incom-
mensuraveis, o que traz grandes inconvenientes á com11osi·
çà.o, principalmente nas ta.bellas. Par~ remediar (pelo menos,
quando seja possivel) Cfl~~º inconvenientes, tomou-se a mesma.
largura (meio tJU&dra.tim do corpo) para. <>s dez algarismo~ de
e~a typo, cujo alinhamento vertical fica por este modo per-
fmtamen tc exacto.
A altura é a distancia. que separa o olho da lettra, da face
que 111e ficu. parallcla, e a que se dá. o nome de p~. A altura
que é i<lc11ti<'a para todas as lettras do mesmo typo, deve se~
t.ambem exa.<.'tamcnte cgun.l para os typos entre si, por serem
dlcs destina.dos a combiunr-se uns com os outros.
Os quadrados, quadnitins, meios quadratins, e espaços, são
mais bu.i.xoa tlo qne u.s lettras, qnasi um terço, porque npmuts
servem pu.ra separar as palavras, completar linhas, etc.; sendo
de maior altura, ma.uchãriam o Rapel no acto ela im1>reAsão.
Olho da lettra se diz o rclevo,-isto 6, a extremidn.cle sa-
liente Cj ue, depois de coberta de tintu. de impressão, deixa no
papel a sua fürma. exa.cta.
O c<'irtc é a parte ehau.frada que está acima ou abaixo do
cl bo. Esta iucliuaç!ío se1·ve para destacar completamente o
olbo, do resto <la. lcttra, -e para aba.ter os ano-ulos dêl. foce
f•Jn que clle está colloc~\do, de fórma que não ma1~quem no acto
da impressão. AB lettras cheias (aquellas em qu 1 o olho do-
mina toda a extensão do corpo) nn.o teem esta inclinação.
A fenda, ou rüwa, é uma marca que exh~te nn lcttt·a, para.
· ndicar HO compositor o sentido cm que a deve voJtar quaudo
a mette no componedor. E' uru córte pequeno, foi~) proximo
do pé da lettra, e operado por uma. pa.1·te saliente que está no
molde onde ella se funde. A collocação da feuda é convencia-

,., • ;.,i.e....

nal : -em França êostnma pôr-se do lado da cabeça da lettra


(esta maneira é preferivel á outra, porque o typograpbo per-
cebe perfeitamente, só pelo contacto do dedo, se ha alguma
lettra voltada); ha, porêm, muitos paizes que o fazem de modo
contrario. ~Iuit.as ve~cs, para distinguir dois typos do mesmo
corpo, mas de olho ddferente, ou cuja fundição não é egual, o
fundidor accrescenta com o rebote uma ou duas fendas na
parte superior ou inferior da Ie.ttra, e mais ordinariamente do
mesmo lado do olho que a primeira.
Cada typo tem tres especies de lettras: - a cai:na ba~, os
versaea, e os versaletea.
As fottras de caixa baixa são as lettras communs que ser-
vem no t exto de qualquer obra, e cujo emprego é, por cont1e-
quencia, ma.is frequente. Sã.o assim chamada.a em virtude c1o
logar que ooenpam na caixa, e em opposição áa outras duas
ettpecies, quo nas caixas antigas partilhavam os ca.ix-0tins eu·
periores. Alêm das lettras do a.lphabeto, comprehendem·se en1
tal espeeie as voga.ea acc, u ~"'~dq,g (imbora a caixa baixa não
as ronte~t;. todas), porque entram COUl. -;.~ "UM-~ - na composi·
ção e lhes são inteiramente eguaes (exceptuando o accento ).
Ha na caixa baixa lettras dobradas : - ff, jl, jfl, fi, e ffi.
Fundem-se janta.a estas let.tras, porque o incontro do j com o
i ou com o l occasionaria. o estrago de uma das lettras, se não
fõssem separa.das por um espaço; ora as regras typographicas
não admittem a eepara«(ão de duas lettras pertencentes á. mes-
ma palavra. Ha a.inda os diphthongos a:, m, e bem assim o w,
que são fundidos n 'uma só peça.
Os ~sau excedem em perto de metade o olho da lettra;
como estas lettras teem pouca inclin&.yão á. cabeça, substitue-
se algumas vezes a vogal a.cccntuada pela vogal seguida por
um apostropho, porque q uasi sempre o accento, como fica iso..
lado e ee1n ponto de a.poio, quebra-se no acto da. impressão.
Os versaletes teem fórma egual á. dos versa.ea, mas não apre-
sentam ma.is volume do que as lettras de caixa baixa, e sã<>.
corno estãS, susceptiveis de receberem o acccnto na parte eu
perior ..Dev~ria haver distincção em nlgumas lettras que slo,
por assim dizer, eguo.es ás de caixa baixa, tendo a mesma fór-
ma, mas com o olho um pouco maior, como, por exemplo, o 1,
o v, o x, e o z. Os venaletes existem em todos os typos roma-
nos ma.s raras vezes nos italicos.
Os versaea colloeam-se ~o principio de todos os nomes pro-
prioe e de alguns substantivos communs em r.ertas accepções
determin11.da:> ; uaa:w·~e t am bem nos titulos de partes e em di-
visões de materias. Os versaletes empregam-se depeia doa ver-
MA1WAL DO TYPOGRAPIIO lõ
saes ou das lettras de dois pontos, para completar a p1-imeir~i
·~lavra de umu. dividão da obta; servem tambem pal'a o uomo
dos personagens em peças theo.traes, para a composição dos
títulos e sub·titulos, etc.
Alêm d'estas especies de lcttras, todos os corpos têem os
~ignaes de pontuação e o.lgnns outros usados na 'l1ypographia.
J la tambem urnas lettras que se chamam elevudas, porque,
tendo o olho muito mais pequeno do que as outras, alinham
com ellas pela parte superior. As mais usada! são o a, o m, o
0 1 o r, e o j:J; e, a não ser para uma obra especial; só se funde
pequena porção d'cstas lettraa.
As chamadas tetfra.s de dois pontos distinguem-se dos ver-
snea por sert)m de feitio mais quadrndo e dosinvolvido, e por
t~1·em as hastes mais salientes. Colloca-se uma no começo do
volume ou de cada uma das divisões d'elle. O nome que teem
p1:ovú111 de que a sua fol'ça do corpo é dupla ou quasi do typo
qur, acompanham, e occuprun pouco mais ou menos duas li-
nhas. rrambem se chamam iniciaes, e binariaa.
f A palavr a, simples ou composta, que comece por lottra do
dois pontos, ha-de ~empre continuar-se em versaes ou versa..
etes.
Em technologia typog1·a.phica, emprega-se o nome generico
etc letfra para CXjJrimir o conjuncto do typo ern que se faz unui
obra. N'este sentido se diz que a 1cttrst falta, ou sobeja.
E1.paços. - Os espaços são mais bai:tos do que as Jetti·as ap-
pro:;imadamente um quarto, e destinam-se (como o seu nome
indica) a estabelecer entre eilas as separações convenientes.
]la espaços de todas as grossuras, augmentando sempre
meio 1'011to, desde o espaço de um ponto, ou espaço fino, até
tn('io-q nad.ratim. A boa distribuição dos espaços na caixa é o
maior auxilio para o com1)ositor, porqne concorre muito pura a.
ligeireza e perfeição do tl'abalho; pena é. que a maior parte
do~ compositores sejam n 'isso tão pouco cuidadosos.
Quadrado, q ua drat im, e meio-quad ratim. - Os quadrados
sno peças fundidas, tamborn mais baixas do que as lettras
m·ts do mesmo corpo. Servem para completar as linhas que a~
.lcttras não enchem, e para formar linhas em branco.
O q?Jadrati:m é um quadrado p equeno, cuja grossura é egual
á força do corpo.
O ,,udo ·quadratim tem de grossura. metade da fo1:ça do cor1lo.
R' ctle. o mais forte dos espaços, e o mai s climinuto dos qua.. -
drados. .
Entrelinb as. -As entrelinhas são laminas fundidas que ser·
vem para separar as linhas~
16 BmLtOTBECA. DO POVO

Ha entrelinhas desde um ponto até seis pontos. O seu com-


f imento é variavel. ,,
Appnrecem ás vezes formatos de linhas tão comp1·idas que
se ton'a necessario accrescentar as entrelinhas. Deve haver o
cuid ..do de não pôr duas do mesmo comprimento, para que as
linhas nuo dobrem no centro, e ir-lhes alternando successivo.-
mente a. posição. Só assim poderá ficar a pagina sem risco de
se quebrar.
As entrelinhas servem tambem para fazer Jinbas em branco;
mas em geral aproveitam-se para isso os quadrados.
O compositor que tJ·abalha n 'uma obra entrelinhada temor-
dinariamente as entrelinhas n'um dos caixotins superiores de
que faça pouco uso. Depois de feita a distribuição, colloca-aa
n~um aparador para isso reservado, o qual é dividido cm com·
partimentos pequenos, tendo cada um d'elles um rotulo com o
uumrro de quadra.tina a que pertence a. entrelinha.
Filetes.-Os filetes são fundidos em laminas de dHferentes
dimensões, n 'uma força de cori>o que varfa. de 2 a 12 pon-
tos, e ainda mais. Eis a suo. denominação: -filete fino, de 1
fio; filete fino, de 2 fios; filete meio-grosso; filete grosso; fi-
lete fino-e-grosso; filete azarado; filete ponteado; filete tre·
· mido; etc.
O filete fino, de 1 fio, utiliza-se em muitos casos, e sobre-
tudo no interior das tabellas, para. separar ve1·ticalmente as
columnas, as sommas, e algumas vezes pn.ra separar as notas
do texto; o meio-grosso separa horizontalmente as cabeças das
tabellas; o grosso, e o fino de 2 fios, são destinados a separar
uma columna da outra por modo mais saliente; o fino-e-grosso
serve pnru. guarnecei· as tabellas, as capas, e outros trabalhos;
o azarado emprega-se nos títulos commerciaes ou financeiros
(como lettras, oh: igações, ncçôes, e mesmo simples recibos)
para se esc1·e~er por cima um numero, quer em algarismos
quer com todas as lettras; o ponteado utiliza-se, por exemplo~
nas facturas, para simular e substituir o regrado do papel; o
tremido (que hoje cahiu em desuso) punha~se á cabeça dos li-
vros ?u .dos capitulos, por baixo do titulo das paginas, o qual
substituta algumas vezes.
As linhas-de infeite são muito variadas: empregam-se nos
~ trabalhos de phantasia, e ás vezes tambem nos titulos.
Caixa. -Tem o nome de cai~a typograpliica uma caixa di-
• vidida horizontalmente ~m duas partes grandes, as quaes se
sub-dividem em compa1·timentoa pequenos, chamados caia:otina.
RAteS- compartimento!! s~n destinados a receber ae different~s
lettrae do alpha.beto e os signaes mais usados na imprensa.
.MANUAL DO TYP011nA:PrtO . 17
A fórma e a dimensão d .s cRixotins, cgnul na pnrto suporiot
(ocdxa alta), deixa de o ser na, parte interior (caixrz ba~·~a.); é
n10tivada esta difl'erença pelo emprego mais ou menos rep(ltido
de certas lcttraa. _
A capacidade dos cai~otins é na razão do cm1)l'ego ou gros-
sura das lettJ·aA a que são d~stinados.
A caix~ alta, que é separada ao centro e horizontalmente
(assim como n caixa baixa) por uma, divisoria de madeira mais
grossa, compõe~~m de cuixotins eguaes, onde os versacs são
distribuidos seguidamente, com exce1)ç.ã.o da lettra l(, n es-
querda do compositor; e á direita são distribuidas as lettras
accentuadas, as elevadas, o aquellas de menos consumo, let-
tras que por conseguinte <levem estar mn.is afastadas.
Os versaletea silo disttibuidos em cn ixns pequenas mais por..
tnteis, attendenclo ao seu pouco cm prego, e para n!lo tornar
de grandes dimensões a caixa comrnum (como antigamente se
usava,-o que to1nava maior espaçf) e tornava muis ese.uras
ttR salas destinadas ás officinas de coniposiç.ão ).
Para facilitar o trabalho de tahellas, ha tambem umas cai-
xn.s pequenas, de dimensão egual A dos versa]etes, oncle se
distl'ihucm os alga ri'smos, cifrões, e mais signaes emp1·egados
n'estes trabalhos, asaim como Pspaços, etc.
Os signaes empregados em Mathemntica são bastante nu-
merosos; e, como ml.o podem ter Jogar n11. cni.xn commum, es-
tão quasi se~pre f!Uardadoa no ~(\J,o.sito da imprensa. Quando
são nezessanos, poem-so nos c:nxotins menos usados, sepa-
rando as duas ao1·tcs com papel, ou dividindo o caixotim em
duas partes eguaes por meio de uma entrelinha collocada dia-
gonalmente.
A construcção da cafa;a baixa differe inteiramente da da
caixa alta, em primeiro logn.r porque n'esta. não sfio os caixo-
t ins de grandeza egual, e em segundo porque não se observa
a orde1n a1phabetica. A distt·ibuição dos caixotins foi combi-
nada por fónna que ficassem muito proximas da mão do com-
positor as 1~ttras que mais gl1ralmente se empregam. A ca'ixa
baixa comprehende as lettras communs, a numeração, os espa-
ços, e os quadrados.
Ha. ainda nas caixas typographicas varios ca.ixotins de re-
serya, destinados a receber, quando seja preciso, . .algnus si-
gnaes particulares.
A caixa. é egual na sua disposição tanto para o t.ypo romano
como para o italico; é, porêm, de coustrucçuo differcnte para
08 fypos de escripta, como a lottra ing1ez~i e a red?nda. O mes-
mo se dá. com a caixa de grego, e outros typos orientaea, onde
18 ilmLTOTHECA. DO POVO

a quantidade de caixotins excede mais do dobro os da cab:,..


commum.
A caixa deve ser construida de madeira nem muito frac1i
uem muito forte, porque n'este ultimo caso o pezo d'ella incom-
modRria o typographo, muitas vezes obrigado a transportál-a
de um lado para o outro, e poderia fazer vergar a tábua que
a sustenta. E' preciso que a tábua do fundo e as" tr~vessas
que formam o caixilho sejam de grossura proporcionada ás di-
mensões da caixa, e que ellA seja reforçada convenientemente
pelas travessas do centro. E' t.ambem necessario que as sepa- ~
rações dos caixotins estejam bem unidas e fo11·ada.s com papel
forte, para que as lettras·finas não passem de um cnixotim
para o outro.
O compr.ailor deve limpar a snn. caixa com o nuxilio do follc
todas as vezes que fôr disfribuir; evitar~ assim <p.tc se junte
poeira ou outra qualquer coisa que possa damnificar a Jettra.
A caixa colloea-se n'uma tábua em fórma de estante, cujas
extremidades estão assentei sobre grossos pés de madeira, e
a que se dá o nome de ctttallelt.
Ha ca.valletes pa.ra. duas ou mnis cnixas; àevern ~er todos
elles construidos de madeira forte, cm consequencia do pczo
que teem de supportar.
As caixas antigas não eram inteiriças, como as actus1mente
ndoptadaa, mae sim divididas em duas partes : -- a. primeira.
destinada ás lettras de caixa baixn, nuf1leràção, diphthongos,
etc., e a segunda aos yers~ef',. versaletcs,. e~<'· . ...
O destino de aJguns ca1xottns está sujeito a mod1ficaçoes,
conforme os paizes, e até 1nesmo conforme as casas; é, pot~m,
importante que ?•umn officine. typographica seja invariave1 r
para. todas as ca u:as.
Chama-se montar vma r.a,,·xa o acto de a. pôr nn. posição em
que deve ficar para o trabalho. Para exprimir o acto contrario
emprega-se o termo desmontar.
Adeante apresentamos diversos modelos de caixaP, para me·
lhor compreheneào do 'lue deixamos dito. 4 .. 'elles incluímos a
caixa do sr. Castro Irmao (artista distinctissimo, e proprieta-
rio de um dos estabelecimentos typographicos mais importan-
tes de Lisboa), P?rque nos parece a que melhor auxilia, pelo
seu modelo especial, o trabalho do composito:r

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MA NUA YJ DO TYPOGRAPllO 19
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MANUAL DO TiPOOnAFno 21

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22 BI BLIOTHECA DO POVO

Original.--0 original im,eresso ou manus 1ripto é o que serve


de modelo para a composiçao.
Se para o compositor é vantajoso re,-eber um original limpo
e de boa. calligra11hia,-uão o é menos para o auctor, porque
lhe poupa grande trabalho na. i·evisão das provas. Eacripto-
1·es ha que, se não derem com typographos bastante intelligen-
tes e bem conhecedores da lettra manusl.ripta, teem de man·
dar copiar os seus originaes, para. os inviarem á. impre:'lsa. Se
o auctor tem razões de sobejo para se <~uei:xar quando o com-
posito1· lhe h·ansforma ou mutila uma phraee qualquer, -não
as tem menos o compositor, o qual não pode adivinhal' pala-
vras que muitas vezes nem o proprio auctor intende.
E' conveniente escrever sempre o original só n 'um lado do
papel, para melho1· se poder dividir pelos typographos quando
o trabalho exigir celeridade.
Compnsição.-- Quanâo começa o trabalho da compoJ1ção, o
typographo t-0ma com g, mão .esquerda o componcdor. Este ins-
trumento, que pode ser de madeira ou de metal, compõe-se de
uma regua por onde passa uma especie de e.sqnadro até á. ex-
tremidade. Um parafuso de pressão pcrmitte :fixar esse esqua·
dro, depois de ter o compositor obtido o comprimento da linha
que deseja; esse comprimento chama-se medida.
e
Fazer a medida dar ao componedor o comprimento de qU8-
dratins necessarios para a obra que se vai compôr. Para esse
efFelto desaperta-se o parafuso da chaveta, para que possa
correr livremente, põe-se no componedor um certo numero de
entrelinhas destinadas á obra, e depois approxima-se a cba.
yeta O mais perto }JOBSÍYel da EU& extremidade da. esquerda;
~mquanto ella ahi está segura., aperta-se o parafuso, para a
fixar n 'aquelle ponto. Feito isto, retiram . . ee do componedor, de
uma só vez, as entrelinhas todas juntas. Devem sahir apenas
eom pequeno esforço: se esse esforço fôr conaidera.vel, é por-
que a medida está bastante apertada; se, pelo contrario, as
f(_ntre1inha1 sabirem facilmente, é porque a medida. está muito
frouxa. Para obviar a este inconveniente, colloca.-se entre a
chaveta e as entrelinhas um bocce.do de papel, cuja groesura.
basta para. se obter exactamente a folga. neeessaria para que
entrem e saiam as entrelinhas.
Todas as partes do componedor devem estar perfeitamente
preparadas, para que não haja a minima. dítferença ne.s me.
elidas. Não se de"'e fazer a. medida nem muito apertada nem
muito larga; deixa-se ape~ns log~r yara que a linlta do oom-
ponedor possa intrar e sahir sem difficuldade.
Depois de ter o componedoc na medida, o compositor collo-
ltANUAt, DO TYPôGltA'PRO 28
.
ca-se em posição n!to contrafeita. ao centro <la caixa (isto é, em
frente dos caixotins dos espaços), e começa. o seu trabalho tra-
zendo para o componedor, uma por umn, as lettras, pegando-
lhes pela e.xtremidade, junto a.o olho, e coJlocR.ndo-as coo; a
fenda ou risea para. o mesmo lado, os espaços, a pontn~çao,
etc., até preencher a linha.; em seguida llrocede á justificação
d'esta, o que consiste em augmsntar ou diminuir os iutervallos
das palavras por fórma que não torne o érabalho defeituoso á
vista. Para conseguir isto, começa pot attcnder á rebarba das
lettras, pois que esta differe muito, e é r.'istv '~ue principal-
mente o compositor se distingue e firma os seus ~reditos.
Nos trabalhos <>rdinarios, <:;orno jo-rnaes e outrns obras de
pouca importanefa., pode augrncntar-se ou diminuir.se a espa.-
ccjação um ponto em cada palavra, comec;ando o n.ngmento
pelo princípio da linha e a diminuição pelo fim, para ~onser­
var um todo hR.rmonico ao trabnlhv) e nos de ln::cl), esse au·
gmento ou diminuição, feito pela mesma fórma, deve ser do
meio ponto.
A pontuação composta (iato é--; : ! ?) deve set' sepnrada da
palavra ou aJgarismo unicamente por um rspaço de ponto, isto
quando a rebarba da ultima lettra nã.o Sllppra esse espaço, por..
que, n'este caso, torna,,.ª composição defeituosa., e muito mais
quando a; pontuação .for dois pontos (: ), p01·que então repre·
senta o s1gnal a.lgebr1co - -para.
Na d' visão das palavras <leve haver o m!1ior \)Uitlado: par1'.
que a r.;omposição não produza mau 6ffeito, não só pelo que
diz respeito ao grande numero de divisões, mas pelo ridículo
que muitas vezes se poderia dar de apreEtentar um sentido di-
verso á oração.
Nunca se deve dividir qualquer palavra pela ultima sy11aba
quando esta seja só de dtias lettras, porque, occnpan<lo a ru..
visão o espaço de uma, nada ha que justifique o deiYar de se
apertar a linha para caber o resto da palavra.
As chamadas linhas quebradas (isto é, o fim dos períodos)
devem ser calculadas por modo que nunca sejam inferiores ao
duplo ou ao triplo do éspaço com que se abrem os periodos e
estes ~egulam-se pelo formato (medida),-sendo, nos oitav'os
denomina.dos francezes, de dez pontos (que são os mais vuiga• ,
res),

emtanto que nos maiores são conforme a largura da pa-
gina. d' . ... d . _
O espaço para a 1v1sao as palavras deve ser reguta<lo con-
forme o olho da. Iettra, e n~o se pode admittir que se siga in..
\rariavelmente o mesmo espaço para todos os corpos .de egnal I
numero de pontos. Exemplo: - ·existem nos corpos ma.1s usados
.
24 BIBLTOTIIEC.~ DO POVO

os typos chamados comnnms •~ os de phanlasia7 a pparecendo


11 '<!stes os normandos, os normandos largos, os egypcio~, os es··
treitoa, os compactos, etc.; se adopt.armos para base da espn.-
cej~ção d'este corpo o mesmo espn~·o, torna-se cvidenteruente
defeituoso o trabalho, e por isso deve attender-·se não só á
grossura da lettrn como ao seu desenho; n'uma. lettra que não
tenlia finos n~o pode a separaç~o das palavras ser egual á q1_!e
os tenh...a, assim ~omo ?ªs que tiverem o olho m~is largo se nao
pode por espaço ident!co ao das compactas . .Assim, se adoptar-
mos para base da espacejação de lodos os typos, seja qual fôr
o c:orpo, o espaço corres_yondente ao O de caixa baixa. d'esse
typo, teremos estabelecido o systema melho1·, reservando á in
telligencia de compositor as variantes que se possam dar, con-
forme a necessidade de alargar um titulo, ou de espacejar as
lettras de que elle se componha., para lhe dar maior largura.
Na composi~ão de um titulo em typos de phantasia deve-se
attcndcr n1uito áa rebarbas das lettrns, por isso que havendo
a empregar-se o T com o A, ou o V com o A, etc., 11ão-de ne-
cessariamente espacejar· se as demais lettrns do titulo, ou en-
tão, quando isso nã~ convenha, desbastar-se a parle inferior
da Jettra que tenha de se sobrepôr sobre a seguinte, afim de
não apresentar o defeito da separação das duas lettra.s, que
muitas ve2.eS., conforme a largura d 'ellas, parece a divisão de
uma pa.la\ Ta.
1

O meJbor systema a adoptar no emiino dos indi viduos que


ae dedicam á arte de compositor typot,.,,·aphíco deve conaistfr
em babituál-os de principio ás regras mu.i~ rudimentares da
mesma arte, não descurando A. da posic;ã.o á caixa, e não con-
sentindo que adquiram habitos que no futuro será difficil cor-
rigir. Para isso 'deve acompanhar-se todo o tr~1balho, desde o
mais simples, qne é a posição do corpo e dos bntvos, não con-
sentindo que tenham estes maito abertos nem torcido aquellc.
A caixa dev~ estar á altura do eotove1lo, para deixar os mq-
vimentos livres e não esforya!' o artistn, porque, quando alta
demais, obriga--0 a levantar iuutilmente us braços. e, se estiver
muito baixa, for-~a-o a curvar-se, o que no futurÓ prejudicará
inevitavelmeILte o or~anismo.
A doença .]Ue mais atHige a classe do3 compositores typo-
g;aphicos, e qi:e .mais obitos n'ella produz, é, segundo as esta-
tistic~, a cta tisica pulmonar; e c1·emos não serem extranhoe 1
a esta causa os niaus babitos adquiridos no tirocinio da. a:rte.
Q syst-ema que 1llgtms compositores adoptaram d~ fa zer evo-
luções com o typo antes de o introduzh'3m no componedor
batendo dífferentes pancadas na linha, atraza sensivelmente~
MANUAL DO TYl>OGRAPJJO 25
trabalho, e prQdnz um ca.nçnç.o inntil; sel've sô para effeito aos
J>rofanos, e nu.da mais. E' indispcusR.vel, pois, que os indivi-
duos a quem está commcttido o ensino se esforcem por evitar
estes defeitos aos principiantes, porque, adquiridos elles, já.-
mnis se perdem. Em i·esumo: -não se de\ e <J.dmittir a. exercer
a. arte de compositor typographico individuo com menos de 14
sumos de cdade, e que não tenha compleição robusta.; a.dmit-
tido que seja, antes de começar a apprender os zaixotins, deve
conservar-se i1or espaço de dois ou tres dias em pé, eom o
corpo desimpenado e afastado da caixa: para adquirir posi~;
de1Jois eusincm,se-lhe os caixotins, o conhecimento das let-
tras, dos eRpaços, etc.; conseguido h;to, é que se lhe intrega o
componcdor, para o habituar ao pezo produzido no brnço es-
querdo, não consentindo que n 1elle conservem a. principio mais
de du.is ou tres linhHs, e vigiando sempre a posição do corpo
e dos b1·aços, cvitanclo qualquer desmando (quer o de aobrepôr
as pernas, quer o <le incostar os br;tços ). Para isto se conse-
guir, é conveniente dar nos primeiros dias algum dcscanço,
fazendo-os scntar,-porque, aliás, seria ditliciJ aturarem mui-
tas horas em posição forçada.
Estes exercicios de' composição, com as precauções indica-
das, d~vezn ser acompanhados com o da distribuição, vigiando·
se am1udadumente como esta se faz, e muito especialmente
com respeito nos espaços, para que sejam distribuidos conve·
iientcmente nos respcctivos cai.xotins.
Ilu.vendo, como ha, espaços de ditfürentes grossuras, con-
vem que se habitue o individuo a empregar o menor numero
possivcl d'clles,-isto é, qun.ndo o espaço commum fôr de qua-
tro pontos, e que se tcuha de augmcntar ou de diminuir um
ponto no intervallo de qualquer palavra, substitue-se este por
outro de cinco pon toa no primeiro caso, e de tres no segundo,
porque, se se applicam dois, levando o mesmo tempo no acto
da composição, na distribuição opera-se mais um movimento,
e isto, repetido tantas vezes quantas se der tal caso, produg
uma perda de tempo que, pureccndo de pouca importancia no
fim de um dia ou de uma semana de trabalho aturado repre-
senta. a perda de algumas horas consumidas inutilmente.
Quando o individuo esteja sufficientemente desimbaraçá.do
nos movimentos, e conhecedor d 'estes primeiros e principaes
elementos da arte, é que se começa a iutrcgar-lhe trabalho
aproveitavel, acompanhando-o para que não se desmande, e
corrigindo-lhe as 1nais pequenas faltas, pois só assim conse-
guirá. clle habituar-se sem esforço a. um trabalho tão violento
como este é, imbora pareça muito tuave.
26 BIBIJOTUECA DO POVO

O compositor deve costumar-se a. acompanhar quanto possi-


vel os movimentos do braço esquerdo com os do direito,-isto
é, deve levar o componedor o mais junto possivel do cai:xotim
aonde tem que ir buscar a lettra, pois d'este modo economiza
tempo e dá mais e.xercicio ao corpo; emq~anto levanta o es-
paço para a separação da palavra, de\'e reparar na que ultima-
mente compoz, pois n'ur:n .rapidc olhar conhece. se tem algum
erro, que logo pode corrigir; e, antes de espaceJai· a linha ba-
de proceder a outra leitura, confrontando pelo original; sÓ as-
sim conseguirá que as provas não a1Jresentem muitos erros, o
que consome um tempo improductivo com emendas.
Sempre que tenha de s~ fazer alguma emenda que altere a
espacejação da linha, é conveniente levar est& ao componeJor,
o que, parecendo consumir mais tempo, dá cxactamente o re-
sultado contra.rio quando o individuo 9. isso esteja habituado;
só assim se conservará um:i. espa~eJB\-àO regular, e se evitar;~
a ruina dos lypos. Quando haja ó.e recorrer-se um periodo ou
parte d'elle, para eliminar ou introduzir alguma palavra .ou
oração, deve-se inverter este, e, ton1ando com a mão direita
pequenas porções de cada linha, ir dispondo-as novamente no
componedor t como se se procedesse a nova composição, e espa.-
cej&l-a regularmente. Nunca se deve sacrificar a boa execução
do trabalho ao tempo que levam as emendas, porque, sendo
estas occa.sionadas pelo pouco cuidado do artista, cttmprc-lhc
ter escrupulo em empregar a.l~mas horas n'um s~rviço que,
sendo cuidad-0so, poderia ter evitado; e, se as cori:e~çôes ~orem
occasiona.daa pelo a.uctor, é a este que cumpre lndcmn1zar o
trnbalbo; põrtanto nunca ha motivo pura que não se appliquc
o maior cuidado na sua execução.
Para não tornar muito pe:zadc e componedor no braço es-
querdo, convem que só n'elle se conser\YC o numero de linhas
conforme a largura. da medida; só deverá encher-se quando
{ôt até â de oitavo francez.
A ligeireza e a habilidade cm levantar as lettras dão ao ty-
pographo, alêm dos fóros de babil e talentoso, a vantagem pe-
cwliaria, que não é para desdenhar.
Diz Figuier que u~ ~ompositor pode levantar 10:000 lettra.s
por dia,-c que, trabalhan?o 300 dias por anno, a sua mão
direita percorre (termo n1éd10) 300 leguas.
Depoi~ de ter no ~omponedor a porção de linhas regulares,
a que ee dá o nome de tomada_, o compositor .une-lhe a linha -
dn.componeci.01· e R1)bre ella tna n tomada, mta.lada entre 08
dedos maiores e acompanhada com nmbo_s os pollega.res, para
a pôr no galeão, onde com os me.amos dois dedos aperta e dea-
•.unat no T\""POGRAPllO

incoeta a dita tomada e a mais composição que já ahi tenha


posto.
O gale/J.o colloca·se no lado direito da caixa alta. E' uma
tábua i·ectangular, orlada em dois dos seus lados 1>01· um es-
quadro de metnl; o angulo formado pelo esquadro serve para
receLer e amparar as linhas á maneira que vão sahindo do
componedor.
Ha tambem a galé commum, que serve ordinariamente para
as paginações. E' uma chapa de fónna rcctangular, guarne·
cida em cima por uma travéssa que domina em todo o com-
primento dos dois lados formando o angulo inCerior da direita,
e em baixo por duas cavilhas collocadas em a.ngulos corres-
pondentes, e que servem para a fixar. As duas travéssas em
angulo recto servem de amparo ás linhas que se collocam na
galé.
As que servem para formatos maiores são de construcção
diversa. Eie o que as distingue das outras, nlêm da superio·
':idade da dimensão:
. Um terceiro lado da galé (o que concorre para formar o an-
gulo superior da direita) é orlado por uma travéssa egual ã.
dGs .outros dois, de fórma que só um dos lados fica. descoberto.
A parte que f6rma o corpo da. galé é de fundo duplo; compõe·
se de duas. chapas, das quaes uma é fixa; a outra, que está da
parte de cima, em fórma de gaveta, entra e eái por meio de
1ncaixes feitos nas travéssae e de um cabo contiguo ao lado
aberto. Com o auxilio d'esta segunda chapa, que tem o nome
de moldandeira, levanta- se facilmente e. pagina, que aa duas
mãos nito podem abranger, e deita-se rapidamente sobre um
papel snfficientemcntc grof!so (a que se dá o nome de porta-
pag!na) ou sobre o marmore.
Usando·se a galé para pôr a composição, deve collocar-se
em sentido diagonal no lado dh·eito da caixa alta, onde estão
as lettrns que menos se empregam; prende-se aos caixotins
por meio das ca,•ilhas, pondo-a. cm posição que não permitta
ca.hirem as linhas.
Usam-se tambem moldandeirae isoladas, pa.ra colloear nos
aparadores qua}quer composiç~o que precise guardar-se, e que
não se pos~a por em porta-png1nas.
A composição deve reproduzir exacta.mente o original, que
está collocndo e1n frente do typographo, no diviaorio (•)·
(•) Vi1orium lhe ch~m:nn Oli Pral't'<"zes. Costodlo José de Oltvetra, na aua
Dlaynoau 'l'ypogroplt~o, lnclina.-se a c1er qoe sejaª"ª a verdadeira orlrem
da palavra, por Rer este inr1tnunonto apropriado para n'f>ne se ter Pl'effnlte A
vlat& o orJglnal que se pretende compôr.
28 BIBLTOTP.ECA O POVO

Consiste o divisorio n\una peça de madeira liza sobre que


se collocam os quartos de papel, e cuja parte, inferior, mais
saliente, serve para os suster, e n 'tlm rn.ordtnte, ou pinça de
madeira, que os prende, e que se vai baixando á maneira que
o original se compõe. Termina o divisorio por um espigão que
se fixa à caixa por meio de um orificio n'ella practicado.
Deve haver o maior cuidado cm não deteriorar nem pe1·der
o original, porque pode não existir outro exemplar.
Para compôr lê-se a primeira p::tlavra, e reproduz-se depois
no componedor n parte que se acaba <le ler; e assim se conti-
11\ui successivamente.
Depois de estar no galeão um certo numero de linhas, fór-
ma-se um grane/,. O granel tem geralmente o mesmo numero
de linhas que as paginas; a differcnça consiste apenas em não
levar titulo.
lt,b:r nado o grnnel, pãssam- se-lhe em redor tres ou quatro
voltas de cordel :fino, o que se faz esticando bem este, e dando- .
lhe uma laçacJa na parte superior ou inferior do mesmo gra-
nel (pé ou cabeça), e nunca na parte que fica incostada á orla
do galeão. Para se dar a laçada, conserva-se o·cordel compri-
mido com o dedo indicador da mão esquerda, e com a direita
passa-se, com o auxilio de um furador, a ponta do cordel por
entre a composição e o mesmo cordel, ficando assim segura e
apta. para manejar-se. Tira-se então do galeão para o porta-
pngina, e colloca-se em logar apropriado (que geralmente é
dcbnixo da caixa) para depois se proceder á paginação.
Justificação e espacejação.- Justificar é a acção que con-
siste em dar ao comprimento do.s linhas uma exactidão rigoro-
snmeute uniforme. E' a boa justificação que eonstitue uma das
melhor~ bellezas dos trabalhos typographicos.
l\Iuitns vezes o compositor incontra <1ifliculdn.dcs levantadas
pelo original : ora se apresenta uma palavra muito curta no
fim da linhn. e a deixa por acabar, ora outra muito compi-ida
qne não pode alli caboc; para evitar estas 11ifficuldades é que
tem de nugmentar ou diminuir gradualmente o espaço entre
as ]~~lavras: ou dividir a p&.lavra final em duas partes, com o
au:x1ho de um traço-de-unido, que toma o nome de dilJi$ão1
passan?o o resto d!l palavra para a linl1a seguinte.
J·í '{Imos 'l~ e:x1 tem espaços de forças diffcrentes; esta di-
versidade de gro~su;as ser-re para auxiliar a justificação das
linhus e a espaceJaç.ao regular das palavras.
O hyphen e a divisão.-0 hyphen é un1 traço pequeno ho-
rizontal (-) qnc reune certas palavi:as compostas para formar
a.penas uma só. Quando no fim da hnba se apresenta uma pa-
MANOÀL no Tl"POGRAPHO

lavrn que pela sua extens:1o não pode caber alii, corta-se em
duas psll'tcs, e a segunda. d'essas partes, que vai para a linha.
seguinte, fica ligada ~í. primeira por esse traço; é•, pois, urn
truço-de-unHto entre unta e outra parte da palavra.
Apeza~· de serc1n .ª divisão e o ltvphr.n repr1!seut~dos pelo
mesmo s1gual e designados pelo mesmo nome, tcem comtudo
caructer particular.
A d~visão ~ó se emprega no fim <las linhns que t< rmi11am 1

por palavra incompleta e qne ficn cm snspeusão; é, como já


dissémns, a lignçfi.o entre a primeira parto d 'essa palavra. e o
seu complemento, que está nn. linlm seg·nintc.
A palavrn. uü.o se pode dividir como o a.cnso dr~ composiç;ii.o
a npresent e 110 fim da. linha; <lev·e ser cortada por syllt.1,ba:s, o
conforme ft su:t etymologi<L
Nil'o se pode dividir umn pn.lavr:i. por dnns vog·ncs, (1 ~cepto
quando e~s:t palavra. sejn, composta.; dn\"e evitar-se o 1leixar
no fim <la linlia ou passar para o começo <l:t Acguintc n. syllab:t
qnc tenha tuna. se> lettra; eleve cgnnlmeutc haver cui<lado em
n:1o cli viclir uma palavra pela ultima syll nba quando esta. te-
11 ha. npcuas dtlns Jettras, porque se nttondcrmos n. que n div·i.
silo occupa o Jogar de uma, o espaço da outrn pode fadJ mente
t1inii11uir-sc 11a. espRc~jação da. linha. Tambem é conveniente,
f,mnprc qnc sejn. possivel, não dh·idir a. paln.vrn. de uma pa.-
g-ina piwa, outra.
~as pn1n.vra.s compostns (como: - vam.o-nns1 fomo-nos, etc.)
cfo\TC aproveitar-se o mais possivel o hyphen parn lhe fazer
<lesimpcnhar o logar da divisã.o, cortn.n.<lo :" palavr.n pel~ ~i~o
onde clle estiver, porque faz 11'' tt cffe1to nll'rocluz1r a d1v1sao
1

nn pnln vni q ne jt1 tem um hyphcn.


As n.breviat.urns não podem pôt·-se no fim elas linhas, nctn
ser divididas. Quando se :ipresontam cm nlu-cviatura cp~aes­
q nc1· titulos honorificos no fim de urm.L linhn, como- un. ~an­
t idticl.c '(S. 8.), S:rn. ~fajest.'lde _(~. 1\1.), c~c.,-.é nbsohttamente
ncL·cssurio pnssàl-os para a. !1nh:t ~egm nte, nnbora para isso
tenha de se recorrer as 3ntcr1ores.
O mesmo i>reccití) :::;e de\ e seguir com respeito nos div-crsos
7

n!u:1cros rep!·esentativos <le qualquer objccto (como: - a di-


v1sao de artigos ou pnragrrtphos, numero~, etc.), porque o al-
garismo <leve sempre acompanhar a dcsio-nução qnc o precede.
Um!l. qnnntidnde qualquer, rcpr<'sentacln. por algarismos,
nunca se pode dividir~ porl~m, como deva gern.lmente ser sc-
gui<ll\ pela indic<tção dos objt>rtos qnc o uumPro rep1·eaenta
(como:
. "' - réis ' metros ' litros , kilo"rnuunas,
l"\
etc.),
•t
pode esta. in-
;J .e •
d icaçao preceder n. quantidade, afim do se cv1 al' o ue1e1to da
-~
80 BIBLIOTHECA DO POVO

espacejação. Este alvitre só deve adoptar-se quando se reco-


nheça indispensavel.
'~ratando-se de uma data, nà-0 se deve separar do mez ou
anno que a segue.
Tunca se termina uma linha pela palavra tomo, ou i·olume,
se não fôr se~uida pela designação numerica que lhe pertence.
Da. mesma forma, se a indicação estiver de modo contrario,
não so pode terminar a linho. pela. designação numerica.
Produz mau effeito (como jà diseémos) o ver muitas linhas

a seguir terminarem por palavras divididas: por isso, não é
permittido dividir mais de tres. Os typographos cuidadosos
evitam mesmo chegar a esse numero, que só se admitte nas
medidas estreitas. Não se deve, comtudo, sacrificar a eita re-
gra a regularidade da espncejação.
Nas obras luxuosas, compostas em medida larga, nunca se
toleram divisões ao fim das linhas.
Prova. -Chama-se prova a todo o exemplar extra.bido da
composição (tanto em granel como depois de paginada) para
se lhe fazerem as devidas corrccções.
A primeira prova é a de granel, que o revisol' lê em pre-
sença do origina], fazendo n'eila as emendas necessarias, não
só de erros chamados de ca:ixa, como de qualquer omissão ou
repetição de phrases ou periodos. Depois de feitas cuidadosa-
mente estas emendas é que se procede {t pnginação e se tira a
segunda prova, a tcrceira 1 bem como todas as mais que sejan1
precisas.
Se o. obra fôr uma rc-imp1·cssão, sem alterações, pode per-
feitamente pr escindir-se da prova do granel; o revisor lê-a,
depois de convenientemente paginada, e procrclc-se Jr.g0 ~í ti-
1·agem definitiva .
.A fórma como se devem fazer as emendas já foi indicad<\
no logar respectivo. Pnra maior facilidade das emendas feitas
nas fôrmas depois de impostas, o compositor deve reunir no
componcclor todas as lettras de que carecer para as correcções
que ti\er a fazer, e. munido de uma. caix:i pequena onde este-
.iam todos os espaços necessarios, procede então áquelle tra-
balho, com o maior escrupulo, lendo todas as linhas em que
teve de mexer.
Quando a emenda seja unicamente a substituição de alguma
lettra de egual grossura, faz-se com o auxilio de um fu1·0.dor
e do dedo médio da mão esquerda; dii-sc uma leve pressão na
extremidade da linhn que tem de se cmcndnr, levnntando-a
um pouco acima elas uutru::-, du mudo que ~ejn apoiada e sus-
ti<la á esquerda pelo rebordo do galeão (ou do quadrilongo, se
MA ruAL DO TYPOGRAPHO 81
:i fôrma estiver imposta), e A direita }lelo furador; pega·se
então na lcttra e faz-se a mudança.
lJe \"e haver o maior cuidado em verificar se as linhas onde
se fizeram emendas ficaram com n mesma exactidão de justi-
fi 'Rçào, e para isso deve ser rectificado o componedo1· em que
tenham de se executar.
N:lo have ndo esse cuidado, pode dar-se a circumstancia de
ficu~·em as linhas mais frouxas ou mais .lorle~, o que occasio-
nana. grave transtorno ao trabalho.
O compositor deve conservar sempre todas as provas, afim
de se conhecer a origem de certos erros que ás vezes appare-
com nn. composi9ão.
E, quanto m~us importante fôr a obru., maior escrupulo deve
haver, 11orquc n'um trabalho de calculo, ou mesmo de simples
algarismos, a deslocação de uma lcttra. produz ás vezes um
dislate monttmental, emtanto quo na composição ordinaria a
intclligencia do leitor suppre decerto n. incorrecção.
Convem que todas as provas (antes ou depois de lidas pelo
revisor) passem pela mão do director da t.ypographia.
Esta inspec~·ão dá-lhe frequPntes vezes occasião de apre-
chn os seus opcrarios e de lhes reconhecer o cuidado ou a ne-
gJirroncia. -
A revisão das provas exige um cuidado e uma proficiencia
a que poucos individuos ligam attcuçào. Um revisor deve ter
(pelo menos) per.feito conhecimento dn nossa língua, do f1·an-
cez, do inglcz, e do latim.
I)ara emendar na proYa, dá·se um traço 1í pcnna sobre a let-
tra ou palavra que tem de se mudar, e reproduz-se esse traÇ<>
Ã. margem, como signal de cluunada. Se a linha comportar va-
1·in.s emendas, é necessario variar levemente os siguacs, afim
de evitar qualquer erro.
As emendas nunca dc,·cm ser feitas entre a~ linha-e, mas
indicadas nas margens exteriores, a primeira sempre a partir
do te.xto (de denbo yara fóra) , em frente da linha a que per-
tence.
Para mandar pôr uma lettra ou uma palavra em veraaes
sublinha-se tres Yezcs; para vorsaletes, duas vezes; e par~
italico, apenas uma.
Como a eg.ualdade de fórma entre a virgula e o apostropho
podem occas19nar alguma confusão, distingue-se este ultimo
}JOr um traço vertical collocado por baixo.
Na tabel1 a que nas paginn.s seguintes o.presentamos podem
ver-se os signaes geralmente adoptados nas nossas ofilcinas
tY})Ographicas.
._BE88NHA DOS 81GNAES EHPREG,ADOS NA CORRECÇÃO DAS PROVAS

í{Vl\lor:c1os signiies) <Teit.o o oorrtgLr> <WruaeL'

J ,ctlr11s
i; '
~ RUb,tltnfr A Bibliotheca dl Povo e das Escolas, fun-
ü/ f /
r~'cttra 1 foridaa dada erj. 188 1 yelo editor David Corazzí offe· -m) /")
Lftttrlll> o palavms a nugmentnr rece no/optjéulo da sua colle,Ção o €Manual ;viu~j.r/ eI
I~ettr:I' e palavrM a diminuir do Typographo esc{ripto pelo~ compo· J-./}JI
Lettras 111aiuscula11 sitor Joaquim dos fnjos. e impresso na offici- ~1 1

Etrp11~os alto~ na typograprucaXd ~mpresa o Horas'jf?_oman - - X Ili


Leftru. e 1lala.vras para tran~por licasri - estabelecida 1Lisboa1em1 na ~ d a ru/rv/
Abrir v orngrapbo Atalaya, n.0 9 40 a S2.~cente Isidoro Correta e/
Palavrn11 a 9.epar ar d a Silva se chama qtiirector d 'ess~ffici na; #(# /
Palavras a unir Alfredo Monteiro e o cita/ do Joaqu/ im dos ti;/ ttl
n egular e spa ços Anjos Jsão/os/compositores/habituaes / daf'Bi· 11/11/
l>.sJAl~~ruE.• r•,1 •••'-~Jf'h:. J./.',..ff,, .•,.,~ . J_ t1 ~ ••,. •. ./...... E·'"' I 'S
. .L . ' -
· !"1~ .- ... ".W'."
-:~e)., ......... ,..
... .... '" • .
Jfp..,.,,;l .
r-~-~ --
-.:

L1>tti·a~ e palavrr.s p aru vol~r Cordeiro Raposo e ~arlos H erm~negitdo '/:-


.Mello coadjuvam (quando o exige a urger§.
L lnbu par a. recorrer
1 os trabaihos de seus doi s compan h~ iros ~
Linha para r e<'olber @: Amorno Severiano de Mello e Candido Men· ~/
Linu a par a aahir ~ des Leal mcumbe a feitura dos frontlspi - ~/ '

Lettras dP outro deoeul10 c'.baixas cios e a imposi/ão df.s fô rr/J as; franc1 sco de !fJBB l!-_7
Para correr em li nh a Sousa Pereira superin tende como reviso r te-
chnico das provas; Virgili o --==-
Gomes é -o irn.
L ettras corridas
1 pressor-chefe ; Miguel Vieira tem a seu~ 3
F echar paragra:pho
1
os lavores da estereotypia. "' ~
(Á. todos esses seus lfm áos-de-trabalho se
21
L iohu a transpor
~
coaàjuvação que lhe prestam n'esta «propa·
confessa grato e reconhecido pela valiosa s
E mendas Pguaea gand~ de instrucçáo pyrra
P ortuguezes e Brf cv///
Pal'a romano e itallco zileir,?511 o dir/ctor litterano da Bibliotheca 01~1~
l\ford l do da frMqueta ( DmJ() e das Escolas (mnl:
XAVIER DA CuNHA
34 nrnttOTBECA no PÓvo
AI gamas das pessoas que se empregam no mestér de rev ·
aor não conhecem as noções elementares da Typographia, o
porque as considerem como accessorios, ou porque queira
e.ximir-se aos incommodos da apprendizagem. ?.Ias, por muit
cultivado que tenham o espírito, por mais habito que tenha
podido adquirir do trabalho da rcvibão, de pouco lhes servir~
estas qualidades bem a sciencia práctica.
Nenhum individuo incarregado de rever provas deve accci
tar as que não sejam tiradas nitidamente. As provas falhada
com muita tinta, ou mesmo incostadas, devem sempre rejeitar
se. A contemplação que haja com estes defeitos reverte nã
só em desfavor da boa revisão, mas até da pessoa a quem in
cumue esse trabalho, porque, passado que seja pouco temp
de applicação, a vista já não alcan~a o que deve, e confund
tudo; d'ahi a origem de incontrar o mais ignorante ás vezes
depois de impressa a obra, erros que o mais escrupuloso revi
sor deixou de corrigir. E' este um trabalho ruuit.o arduo e d
bastante responsabilidade, e que, feito sem o auxilio de toda
as condições requeridas, nunca pode snbir perfeito, se é qu
perfeita se pode considerar qualquer obra emquanto a revi
são l Portanto, para evitar quanto possivel as imperfeições, é
mistér qne, alêm da muita attenção e socego empregados na
ro,~são, todos os mais accessorios d'este trabalho concon·an
para a sua boa execução; sem isso, torna-se impossivel.
Roberto Estienne, celebre impressor francez, tinha tal eui
dado nas obras que lhe sabiam da imprensa, que affi.xava a
p1ovas na porta duJ'ante certo espaço de tempo, promcttcnd
uma recompensa a quem lho incontrasse algum erro.
Composição da poesia.- Já. mostrámos os princípios geraes
àa composição; vamos ~ora falar das obras em verso.
Para dar á composi~ão dos versos um effeito harmonico
empregam-se entre as palavras aJlenas os espaços colllll'.ltms
porque as linhas não estão sujeitas, como na prosa, a sercn
modificadas pelas exigencias da justificução. A mudança dos
Cf'paços íaz-se apenas quando o verso excede a medida; e, se
não coube; ainda assim, compõe-se em typo menor que o da
obra, ou dn1de se, passá.ndo o resto para a linha seguinte, ao
:fim do verso seguinte ou do precedente, conforme elles deixa-
rem o claro. Se não existe esse claro, ou se é insufficiente,
conaagr.a· AP. á fracção do verso uma linba eapeeial, por baixo
do verso a que pertence. Em cada. um d'estes casos, a parte
que passa para a linha seguinte é precedida por um paren-
these quadrado ((). Chama· se a isto partir um verso. Todavia
a6 se recorre a estes meio.a quando a medida é muito estreita.
MANUAL DO TYPOGllAPJtO 1
35
Quando se trata de versos pequenos, compõem-se por fórma
que fiquem pouco mais ou menos ao centro da medida, con-
servando-os sempre um pouco para a esquerda.
'romam As vezes os versos a fórma de dialogo, n 'uma peça
drrunatica, por exemplo. Ha verso que é recitado a.os frR.gmen-
tos, e por mais de um personagem. Eia um exemplo tira.do da
comed1a de Cnmões - El-Rei Seleuco:

PHYSICO
\
~ Embió-m-3 E! Rey á llama.r
Otra vez.
) SANCHO
e ~,.

Yá mí?

PHYSICO
1

y á ti!

l

l SANCHO

Y él qné pTc ~ta :.illá sin mí?

PHYSrco

Qué te puede aprovechsr?

E' facil de ver n'este caso que a se~unda pat·te do vorso se


alinha com o fim da primeira., a terceiro. com a seguncla, e as·
sim por den.nte, de fórma que, se os personagens fôssem sup-
~rimidos, o rest~ forn:aria um~ linha só. En.tJ'atanto, se o verso
fôr muito compl'ldo nao se obriga a este ahnhamento e puxa-
se cada uma das suas partes um pouco sobre a esquerda.
Os nomes dos personagens devem ser sempre compostos ao
centro da linha, e em versnJetes, espacejados a urn ponto se
a. necessidade assim o etigfr. '
Quando se a.p1·esenta uma 1·ubrica, deve collocar-ae por cima
~l!l parte do verso a que se refere.
Usa -se tambem muito pôr osjogoa de scena em typo menor;
~~as, como isso causa di.ffic~ldades, põem-se muitas vezes a.s
rubricas e os ápartes em itabco do mesmo corpo, e entre paren-
theses. O emprego do typo menor dispensn. o do p:u·cntheae, ex~
ccpto na prosa, quando a rubrica se incontta uo meio do texto.
86 BIBLTOTHECA DO POVO

Nas edições compactas, em que se recor1·e a todos os meios


para ganhar espaço, põe-se o interlocutor no principio do pe-
ríodo, separado do texto apeuas por uma risca de um fio (-).
Quando uma ci~ação qualqu_er _vai seguida pelo nome ~o au-
ctor, põe-se a ass1gnatura á d1re1ta. um pouco antes do fim da
linha, como, por exemplo;

GÂBRETT- Frei Lu·iz de Soma, acto II, scena IV


O uome do anctor compõe-se em veraa.letes; o da obra, em
ita lico; o acto em versaes; e a acena em Yersaletea.
Distribuição.-A distn.buição consiste em desmanchar as
fôrmas, depois de impressas, para que todo o material que
n'ellae serviu, depois de posto nos seus competentes Jogares,
possa empregar-se em novas compoaiçõe.s. Faz-se ordinaria-
mente esta operação peltt Beguinte maneira:
Depois de impressa a. composição, e conve11 ientemente ln.-
vatla (primeiro com uma solução de potassa, e depois sim-
plesmente com agua), o paginador de:rn.perta-a em cima do
marmore; se as fôrmus já tiverem tempo de estar sêccas, deve
ter o cuidado de as molhar com uma e8ponja imbebida em
agua limpa. Til'a depois a rama, e a guarnição, e colloca tudo
n'uma tábua, na mesma posição que as paginas occupavam
quando estavam impostas. Repete esta operação na outra fôr-
ma, e põe a guarnição sobre a da primeira, se1)arando-as por
um cartão grosso.
O individuo que distribue tira uma porç11o pequena de li-
nl1as (fomada) com uma regreta de mu.deil'U.: ou uma lamh1n
de metal e. incoshi.ndo-as i\ chN.ve da mão esquerda, ampara
a l'egret~ cóm a. extremidade dos dedos indíc>n.dor e m{•dio dn.
mesma mão. As linhas assim colloca.<las, como no cornpone<lor
com o olho da lettra pnra fóra, proporcionam ao compo~i tor:
pegando em uma ou mais palavras com os dedos indicador e
pollegar da mão direita o poder ler as palavras qne tem adis-
tribuir, conduzindo a ~1ão o mais proximo possível do caixo-
tim, servindo-se do dedo médio para separar e distribuir as
letti·as m~is facilmente; deve ter todo o cuidado em não em-
pregar violenéia quando atira com a lettra para o caixotim,
porque, al em de po?-er .e~la S}lltar fóra do logar competente,
queb1 a-lhe os fin~s, inutthzando a; este cuidado deve ~er tanto
maior qua11to mais pezado fôr o typo. .j

Defeito é esse, desde mu!to, inveterado em grs.n?e numetv


de compositores typograpb1cos, que parece~ dcl1cu\~-se com
o som produzido pel~ quêda do typo, descu1 ando assun 0 cs-

I
MANUAL DO TYPOGRAPHO
..
forço que para isso empregam, e que os fatiga, e o prejuízo
que causam aos p1·oprietarios das typographias ! Quanto maior
pezo e mais finos tiver uma lettra, maior cuidado deve haver
pn ra a sua arrnmacã~) na caixa; por isso é conveniente que
os. corpos su1~erio;6's a 20 pontos não sejam distribuidos em
c.
caixas, mas sim "'postos em apn:radores com as competentes
ae1nira.ções de regretas de madeira, e com a conveniente incli-
unção, podendo OR ~spaços correspondentes ser acondicionados
em caixas portu.teis.
Nos typos cursivos, ainda os mais pequenos, e nos elzevi-
1·ei:;, sempre que nào haja. o maior cuidado na distribuição, o
prejuízo é certo, porque as hastes das lettras quasi sempre
saem fór•l do cm-po ou espessura da lcttrâ.
Com os espaços tambem se deve emp1·ega.r toda a attenção,
porque depende d'isso nm grande auxilio para a mais rapida
e boa espu.cejaç:lo das linhas; é por essa. razão que já dissé-
rnos, em ontra purtc d'este opuaculo, quanto é util costumar
os que se dedicam ao exerci cio da nrte a terem o maior cui-
chu1o na sua escolha.
O composit.or nunca deve distribuir lcttra n'uma caixa sem
~rimciro se ter certifico.elo de que ella pertence ao mesmo corpo.
J){t-Be tambcm o nome de distribuição a toda a composição
que, depois de imp1·esaa, se destina a ser desmanchadti. Egual-
mente se lhe chama lett1·a em sentido absoluto. O compositor
' diz inrlifferentemente que lhe fo.lt.a lP.ttra ou que lhe falta dis-
tribu.ição, estas duas palavras são synonymos.
A distribuição é uma operação das mais clelicn.da.s, e pre-
cisa de ser perfeitamente executada. Distribuindo mal, o ty-
11ogrnpho encherá depois a sua compo~ição de gralhas (~); e
·1. substituição de uma lettra por outra. Já tem dado l<>gar a. que
appareçu, depois de impressa. a composição, uma palavra que
apresenta sentido completamente diverso 1 .
Qua_ndo ua. distribui~ão se incontra,_m ita~1cos, ~ersaletes, ou
nlgnus signaes particulares, deve~ por-se 1mmed1atamente no
sitio compct~ut~, pnra qu? não .s~ impastelem (**)· . .
Para distribuir com 1nais fac1hda ie, deve-se molhar pnme1-
ramente R. distribuição com uma esponja,- porque a agua. pe-
netr~ entre as lettras, e faz com que girem mais á vontade
nos dedos .
.A. lettra, depois de ter servido, innegrece e inxovaU1a-se de
(*)Nome por que se desiguam os etTos typogra.phicos. d di
(**) Em Typographia chama-se pastei a reunilo de typo• d~ um 0~ 9 "
vt>ri>os corpos1 que ae m·sturam em resultado de um aeuo <U ªneg g 6 nc1&
elo oompo1:1Itor.

...
BIBUOTHBO! DO POVO
tal fórma, que se cria ás vezes entre ella uma adhere:µcia que
torua a distribuição difficil. E' bom n'este caso molhál-n. com
agua em que se tenha dissolvid~ pedra-hume. Esta precauçito
serve pare. ter o typo sempre asseado e fazêl-o seccar comple-
tamente na caixa.
f Quando o typo noro, ou o que tem estado muito tempo sem
servir, apresente o mesmo inconveniente, deve amornar-se a
solução.
Paginação. - 0 fim d'esta ·operação é reunir os differentes
graneis compostos, para com elles se formarem paginas, e de-
pois as folhas.
Seja qual fôr o formato de um livro, o. folha considera-se
como urudade, e é pela folha que se principia. Quando n. com-
posição feita permitte que se fórme uma folha, o paginado1·
reune todos os elementos necessarios e procede á paginação.
Para. isso põe em ordem as provas (ou os quartos do original)
e pede aos individuos empregados na obrn oa graneis corres-
pondentes.
Depois de reunidos os graneis que devem compôr a folha,
desatam-se auccessivamente n'uma galó ou n'um gnleão com-
prido, e ahi se lhe faz ém os augmentos necessurios.
A pagina deve ter nm numero certo de linhas, conforme o
formato, o papel, e o typo em que a obra é feita. Se a compo-
sição fôr entrelinhada, o numero ele linhas ha-de ser menor,
por isso que o espaço occupado pelas entrelinhas dimint1e ne-
cessariamente o destinado á. composição util. E' portanto con-
veniente, determinando-se, primeiro que tudo, a clegancia da
pagina e tendo em muita attenção o formato do papel, que q
individuo inc~wregado da paginação <letcrminc com exactidiio
o numero de linhas que convem arbitrar para cada pagina,
incluindo o titulo corrente ou numero e a linha chamada de
pé, que serve de resguardo para que a composição não se torça
no acto de atar a pagina ou na occasião da imposição. A pa-
gina assim organizada deve ter um determina.do numero de
pontos, dívisiveis por 16, por isso que o material com que se
deve executar a imposição é todo multiplo de 16 pontos; con-
vem, para que a composição fique perfeitamente justa e não
se incoete (o qu~ _produz um effeito pessimo ), que não se des-
cure esse preceito. Quando o espaço occupado pelas linhas
entrclinhfl<ln~ on não ent.relinhndRs: e pelo titulo, não der, com
a. linha. de pé (que usualmente, e para mo.is commodidn.de do
a1·tista., é feita com quadrados do mesmo corpo ou com nmn.
barra de metal a que os Francezes c:hamnm lingol: <le 8 pon-
tos} a medida desejada, nugmcntam -sc u'estu com entrelinhas
MANUAL DO 'TYPOGRAPHO 89
os pontos neccsaarios até se perfazer a medida eerta, a qual
é ':erificada por uma regreta, para esse fim graduada, de ma-
deira ou de metal.
Quando a composição fôr entrelinhada deve cvita1··sc o em-
treliuhamcnto cou1posto,-isto é ee fôr a' 4 pontos, empregam-
sc as cnti·clinhas <l 'csta grossurd, e não duas de 2 pontos, etc.,
1)orq~rn., uào se proted~udo assim, fica a composição com muita
~lashc1da<le, é imposs1vel atar-se solidamente sem que ella se
u1costc, e corre o perigo de se partir a pagina ; alêm d 'isso,
deve attender-sc muito a que, tendo de empregar-se simulta-
1eamcnte o material, o mais grosso não se pode dividir, c10-
a.nto que o do 1nenos pontos pode juntiu-sc, u'um caso de
rgcu.te necessidade, e satisfazer ás exigencias do serviço.
O que se dá com ns entrelinhas, dá-se tambem com os es-
paços, quadrados, cl11adrilongos, etc.
Como a paginct~ao da primeira folha do u1na obra con1eça
quasi sempre por um ou mais titulos, não devem estes exce-
der um terço da pagina..A maior parte dRs vezes separam-se
do texto por um filete de 1 fio, que occupa uma. parte ou todo
o comprimento da linha. Po1· bnixo d'estc filete põem-se aspa-
lavras-Lfrro, 1~a1·te, ou Capitulo,- acompanhadas do sum-
roario (se o houver); vai então buf\car-se ao primeiro grru\el
da composição o numero de liuhns neceseal'io para terminar a
i1agi ia, junta-se-lhe a linlrn.-de-pé, e com o auxilio da regreta
dn-fc-lhe o comprimcuto cxacto; depois liga-se solidnmente
com um cordel e colloca-sc no cayallctc, teudo-lho posto pri-
m~iro um porta-pagina pela ]>arte de baixo. . .
Para evitar que se confundam as folhas, depo1s de 1mpres·
sa.s, põe-se na primeira pagina de cada uma um numero de
ordem que toma o nome de assignatura; este numero colloca.-
sc no. huha de pé, quasi á sua extremidade direita. Se a obra
tem mais dQ um volume, distinguem-se as folhas de cada um
d'dlcs peln. indicação do volume. Compõe ao esta sempre em
,·ersaletcs, e a assiguatura em algarismos.
Oua.ndo uma folha se compõe de varios cadernos (como o
12, "'o 18, etc.) c!'-d~~ primeira pagina do caderno recebe uma
assignatura que 1ud1ca o seu numero de ordem.
Qnando um quarto tenha de ser collocado no centro de um
caderno, deve levar assignatura egual á do cadern?, se~do
esta seguida de um ponto final ou de outro qualquer s1gnal in
dicativo. ...
Proscgue a paginação da folha collocando-se no ~~eao o
titulo ou numero da pagina; incosta-se-lhe a co_mJlOB1çao que
ficou do pl'imeiro granel, junta·se-lhe o outro1 div1de-ae1 e as·
'º JJIBLIOTHEOA DO POYO

sim successlvamente até ao 'final. Se a composição tem de sei·


entrelinhada, o compositor deve colloca:r proximo do galeão a.
porção de entrelinhas de que approximadrunente precisar.
Antes de começar a paginação de uma folha de composição,
devem preparar-se todos os titulos que lhe pertencem e dis-
pôr-se n'um galeão, começando do ultimo p~ra o primeiro, para
n1aior facilidade e para que não haja alguma lacuna ou trans-
posi<;ão dos mesmos.
A fórma de pôr um titulo bem ao meio é a seguinte :-de-
pois de composra no componedor a palavra ou palavras que
elle deve ter, justifica-se: em 8eguidn, di \·ide-se o claro em
duas partes eguacs, e põe-se a composição ao centro; n 'um
d 'esses claros (conforme a pagina fôr par ou ímpar) é que se
colloca o numero, que deve ser do lado da margem.
Nunca se devem apresentar para ultima revisão provas de
pnginas que não estejam complc~s, quer de titulos, quer de
entrelinhamento.
Todos os titulas e snb-titulos das grandes divisões deYetn ·
ser identicos e apresentar o mesmo aspecto cm todo o decurso
da obra; é necessario que o typo empregado e a disposição
dos claros sejam constantemeute os mesmos.
· Asein1 como a parte superior da pagina em que começa um
capitulo deve sempre representar o claro de um determinado
numero de linhas, do mesmo modo a sua parte inferior deve
apreseuta1· um numero invariavel de linhas do texto. Só em
caso muito excepcional se pode infringir esta reg1·a.
Estas g1·andes divisões come~mm ordinariamente á cabeça
da pagina; algumas vezes cm pagina separada (sempre ímpar,
sendo a. das costas cm branco) ; outras vezes ainda, são prece . .
didas de um titulo. Não hn regra fixa a este respeito.
Um fim de parte ou de capitulo uào pode formar pagina st•
t iver apenas tres ou quatro linhas. N'este caso pagina-se no-
l'amcnte, augmentando-se o numero de linhas, ou então faz-se
de modo que vão intl'ar pouco a pouco nas paginas anteriores.
Toda a nota ae,e ser posta nn pagina onde estivei· a cha-
mada; mas quando (por ser muito extensa) não caiba toda. na
mesma pagina, passa-se })ara a :::eguinte a parte que sobejai·,
diligenciando cortál-a pouco mais ou menos em partes eguacs.
Emprega se sempre nas notas typo inferior ao do texto.
Para collocar uma not41, tem de se reduzh· o numero de li-
nhas do texto; e o mesmo succede com o cln1·0 que a deye se.
parar. Este claro. nem sempre .é cgu~l; nugme:ita ou .di.~inue,
·s egundo a. ucccss1dade. Todavia, a nao ser por 1mposs1b1hdade
absoluta, não deve representar menot- de uma linha do texto.


MA'.NUAL DO TYPOORAPHO

Para se justificar bem uma pagina, deve primeiro tomar-se


conta <las diversas partes que a formam, para lhe dar exacta.-
ctamente. o numero de pontos que ella comporta. Se houver
differença parn maia ou para menos no comprimento, é por-
q uc ha na composição uma ou mais entrelinhas mais fortes
ou mais frnc~lS, que é necessario substituir.
J n dissémos que a primeira pagina de um livro lhe reproduz
o titulo, abreviado ou completo; as outras paginas levam á
cn b•~çn. um simples numero que se colloca ao centro da linha,
ou um titulo que reproduz todo ou parte do nome da obra, ou
sómente uma das suas divisões; esta linha (conforme o for-
nrnto) compõe-se quasi sempre em versaes ou versaletes do
typo em que é feita a obra.
~Enf.re os versam~ ba lettras que peln. sua fórma (como tam-
bcm jn disémos) teem mais rebarba do que outras, sobretudo
quando fic:am junht.s. E' necessario reparar n'isso para se es-
pae(.)jarcm com regularidade, assim como o claro normal entre
cada pnlavrn.
Ncnhumn. pagina ou columna deve começar por linha que
não esteja completa, isto é, por linha quebrada.
DeJJcis de revistas as ultimas provas de uma folha, o paoi-
oador procede á imposição da mesinn, e faz-se tirar no prélo
uma. r.ova prova tirada e retirada, para se verificar se foram
feitas todas a~ emendas. A este trabalho dá-se o nome de con·
tra-prova, e só depois de feito é que se deve proceder á im ·
J>ressôo. A ult.ima prova da pagina de uma folha deve sempre
acompanhar as da folho. segttiute, para que o revisor possa. ve-
rificar se a composição segue bem da anterior.
Ao paginador compete tirar as primeiras provas de pagina
e marcar em todas cllR.s os nomes dos indiv1duos a q.uem per-
tence a composição. As provas de granel, e ae mais que te·
nhnm de nxtrahir-se depois de paginndn. n obra, são tiradas
pelos compositores, salvo se se tiver de proceder a nova pagi-
nnçilo, po1·que n 'estc caso, sendo ella feita pelo paginador, é a
este que compete tirar a nova prova.
As emendas devem ser feitaa pelos individuoe a quem per-
tence o ti·abnlho, quer este esteja já imposto, quer não; e s6
quando ns conveniencias do serviço exigirem que uma só pes-
soa o faça é que esta regra se pretere.
Depois de imposta uma fôrma, a6 o pnginador a. deve a.per-
htr ou desnpertar sobre o ma-rmore para se fazer~m algum~s
correcc;ões de que precise,-cumprindo-lhe para isso, ~e~o1s
de a rlcsnpcrtar humedecêl-a um pouco com uma esponJa im-
11cbida em agua' pui·n, para melho1· fu.cilitu.r o trabalho.
BmtlOTH'EC.\. DO POVO

As provas de pagina sã.o tira.das, sobre os porta-paginas,


em prélos pequenos, tendo-se previamente humedecido o papel.
O marmort! é uma. mesa de madeira, com o tampo de ferro
bem lizo e nivelado, onde se collocam as fôrmas pàra se faze-
rem as emendas e para se imporem. Estas mesas eram, na sua
origem, cobertas com uma chapa de murmore; ma.is tarde foi o
me.rmore substituido por pedras grossas e duras que se man·
davam polir; boje o ferro fundido substituiu com vantagem a
pedra, mas a essas mesas ficou sempre o nome de marmore.
O compositor não deve deixar o marmore sem verificar pri-
meiro que fez bem todu.s as emendas. Em seguida o pagina.dor
emenda a parte que lhe diz respeito, e aperta as fôrmas.
Imposição, e gnarnições.-/mpôr é collocar as paginas de
uma fôrma por modo que, depois de impressa. e dobl'ada a fo-
lha do papel, fiquem ellas na ordem conveniente.
Depois de paginada uma folha, collocam-se no marmore as
pa.ginn.s competentes pela ordem e segundo a disposição indi-
cad« para cada. formato.
Na maioria dos casos a. impoeivào é feita. em duas ramas, e
para isso o numero de paginas de que se compõe a folha é
distribuido egualmente pelas duas ramas, denominando-seres-
pectivamente cada uma d'estas fôrmas, depois de impostas,
bram~o e retiração. Quando, porêm: o trabalho seja só de branco;
emprega-se s6 uma rama: e bem assim quando haja de se im-
primir em prélos de grande dimensão (sendo manuaes) ou com
nm só C'ylindro (sendo mechnnicos) se emprega só uma rama,
dispondo·se entao as pa{?inas pela mesmn. fórma como se fôs-
se1n duas as ramas,-pois n'cete caso o impressor imprime umn.
porção de brancn, e, virando depois o papel, procede a no\
impressão, o que d:\ em resultado fi carem impressas cm cada
folh11 de papel duas folhas da obra, que depois se cortam e se-
panim.
Rama é um caixilho de ferro forjado, perfeitamente esqua-
driado, com dimensões apropriadas e com uma divisoria mo-
vel ao centro, a qmtl se segura em duas chanfraduras feitas
na parte superior e inferior da mesma.
Dispo8tas as paginas sobre o mnrmore collocn-se convenien-
temente. a rnma, e procede se á di~tribnição do material par:i.
a imposição, m?-ter1al a que se chama .quarnição. E' este com-
posto de q u:i.dnlongos de metal egua.l ao do t~·po, fundidos em
differentea corpos, confJrme conyem pn.rn a imposição (o que
BP destina pM' -a ~a~ rnynu das margens dc~e. t~r o eompl'i
mento exacto das pagmas: o empregado na d1,•1sao das cabe-
ças, mais 16 pontos, pelo menos, que a largura das pagina~;

,
.
MANUAL DO TYPOOBAPHO

e o que circula depois as pa~inas assim dispostas, o compri-


mc11to conveniente para solidificar a fôrma. Desatam-se as
' paginas, começando pelas que estão junto da cruzeira, conche-
gam-se convenientemente, e procede-se depois ao aperto pela ....
seguinte maneira: collocam-se tanto dos lados da rama como
na parte inferior umas peças de ferro (cunhos) com as dimen-
sões apropriadas ao formato, as quacs teem uma cspecie dr
ingrenagem onde de inconh·o á. rama giram rodetes tambem
de ferro, que ao apertam com chave do mesmo metal. Deve
o aperto ser feito methodica e suavemente, começando pri-
meiro no pé, da cru~eira para as extremidades, e de.pois nas
margens, da extremidade superior da i·ama para a 1nfel'ior.
F~sta ope1:açã.o deve repetir-se duas ou tres vezes, pa1·a ficar a
forma sohdamcnte apertada,-e, se nilo fôr feita suavemente
torce toda a composição. Depois de feito isto, o paginador Ie~
vanta um pouco a rama do lado do pé para. verificar se cái
alguma lettra; se cái, ó porque alguma. pagina está. mal justi-
ficada ou mal apertada a fôrma, e deve então desapertál-a no-
vamente para co1·rigir o defeito.
Depois de dado o primeiro aperto, assenta a fôi·ma com 9
tamborete e o ma$so, batendo levemente em todas as paginas. O
tamboreto. é um pada90 de madeira rectangular com a dimen-
são propna para que possa. ser abrangido sem esfor90 pela
mão esquerda, e o uso d'elle ser'\"c para collocar t.odos os ty-
pos no mesmo ui velamento.
Quando esta operação não seja feita com cuidado, evitando
que as pancadas sejam dadas nas cxtl'emidades das paginaa
ou nos claros das mesmas, concorre necessariamente para a
destruição do typo.
Para se determinar com exactidlo qual a maneira de dis-
tribuir os claros que devem circumdar as paginas depois de
impressas (claros que se chamam-median,•, margem, pé, e
oabeça, -e dos quaes depende, além da boa e~ecução da com-
po.sição, a ele~ancia da obra), ba ditferentee modos prácticos.
?\Ias, sem duvida, o mais exacto e methodico, é o seguinte: -
escolhe·se do centro da resma urna folha do papel destinado
á impress1o, e depois de bem dobrada, conforme o formato a
que se d~stina, verifica-se com a regreta graduada o numero
de pontos que tem de altura e largura o papel destinado à
uma pagina, e toma-se nota d'essa medida; de egual modo s~
procede com a pagina. de composição excluindo a linha de p~.
Conhecidas que sejam as dimensões ~e coroprime~to e largura
tanto do papel como da pagin~ subtrái-se 1·espechvamentc da
niedida dtaquelle o numero de·pontos que a pagina. deve oc-
nmLtOTHSOA. DO POVO

cupar, e o resto divide-se por cinco. Os pontos corresl!onden·


tes a cada uma d•estas ch1co fracções alo assim distr1buidos:
-duas partes para medianiz e cabeça, e trea para margem e
pé. Exemplo :-se o papel destina.do á impressão de uma pa.·
gina tiver 608 pontos de altura e 400 de largura, e a pagina
440 de comprimento e 240 de largura, rest~m 160 pontos para
medianiz e margem, e 168 para. cabeç.a. e pé; e portanto, são
destinados 66 pontos para cabeç.a., U9 para pé, 64 para me-
dianiz, e 96 para margem. A differença tão pronunciada d'es-
tae medidas é para resal var algum defeito que na impressão
se possa dar de não ser esta exactamente feita ao meio do pa-
pel, e remediar-se na occasião da brochura on da inca.dernação
por .meio do aparo, ainda que, para a elegancia da impressão, a
pagina nlo deve ser exacta.meute imp1·essa ao centro do papel.
Como o numero de pontos indicados para os claros de uma
pagina, depois de de~dobrado o papel, tenha de ser distri-
buido })elas differentes paginas que compõem a folha, segue-
sa que o claro entre cada pagina é representado pelo dobro.
No neto da imposição deve medir-se com a maior exactidão a
cruzeira das ramas, afim de descontar nos quadrilongos o nu-
mero de pontos que ella tenha; não se procedendo Assim, ma-
nifesta.- se de~ois na impressão o defeito imperdoavel da falta
d~ regist.01-1sto é, o de não ser feita. a impressão de uma pa-
gina exactamente no verso da outra.
Antes de se proceder á imposição de uma fôrma, deve-se
passar uma escova sobre o marmore, paro. qu~ fique llvr~ de
qualque1· ma.teria extra.nha ao typo; e a.s paginas que n elle
tenham de ser colloca.de.s, depois de tiradas dos porta-paginas,
devem tambem ser bem limpas de qualquer impureza que con-
tenham pela parte inferior. Egual precaução se deve usar an-
tes de se deitarem no cofre do prélo .
.1.:~ào se deve ordenar ao impressor que prosiga. na impressão
do trabalho, sem que apresente ao compositor inc!llr~ga.do · da
obra, ou á pessoa devidamente auctorizada, a primeira folha
impressa, afim de se verificar se tem alguma irregularidade.
Quando tenha de se re-imprimir qualquer parte da folha,
por haver alguma correcQâo a. fa2er, deve collocar-se-lhe na
linha-de-pé um signal indicativo, para. que a pessoa. incarre,-
gada. das brochuras não confundA. a parte que deve ser sub-
stituida com a que tem de ser eliminada..
Não nos permitte o limitado espaço de que dispomos apre-
sentar aqui todos os diversos 1!1ot~os .de deitar. n.s fôrmas; por
isso damos apenas os 11ue mais ind1speusn.ve1s nos parecem
e.dual mente.
MANUAL DO TTPOORAPHO 46

Deito.do8 de fõrnias
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~ttllos:-.e:m ·rypographia ha. varias "!speeiea de tltuloe :
4

o do tinte-rosto o do frontispinio, o da primeira paglna do li-


1
vro. e os de todas as paginas seguintes.
Ó frontispioio ~ uma pagina. que se colloce. no principio do
voíume para dar conhecimento da. materiR. de que e.Ui se trata.,
<lo genero a. ~ue pertence, e do noD.le do auctor. Deve este em-
pregar a maior simplicidade na redac9i1o do frontispiclo, sem
deixar comtudo de dar id~a completa do conteúdo da obra; o
typographo, pela boa combina.ção das lettras e pela habil die-
po~i9ào das linhas, deve ap1·esentar aos olhos do intendedor o
O.speoto rAgular, sem monotonia, e agradàvelmente variado.
A primefra coisa que o typographo deve fazer, quando tivei:
dJ compôr um frontispicio, é ler com attenção a materie. d'elle
e, (lepoia do se inteirar da importancla. de cada uma das sua~
pRr tes, t~istrihui~ as palaYr:ts e formar a.e linhas por r(lodo que
taça de1;1var da importa.neia material d'esqas indicB.QÕes a im-
portancrn. real das idéas que ellas apresentam. Esta disposi-
<;do é muitas vezes contrario.da pela necessidade de respeitar
o.e regras typographicne; nos formatos pequenos, onde ha im-
hara9os pela falta do espaço, a habilidade do typographo con-
siste em disp?r as linhas por f6rma que apresentem, quanto
possl vel, sentido, completo .e configllta.ção elegante.
A parte superior da. pagina comprehende o desinvolvimento
do titulo, o nome do a.uctor o as suas qualidades (se par a ellas
honver logar), e n. intli c~\çào do volume. Na parte inferior põe-
se o nome e n, tnora.da do editor, precedidos do da. terra onde
() livro é impresso, e seguidos pela data, qnc indístinctamente
· se pode compôr em n .imeração romana ou em algarismos.
1

Estas duas partes são separadas por um claro que, con-


fo1·me a sna extenRào, perm1tte um orn amento que tenha re-
lação com ~mate.ria de que se trata, ou um filet e o.rn~d.o (que
se eõe a d1stanc1e. egual das duas pa1·tes do ti·onhsp1c10 ), ou
cntao o monograttlma do editor ou do impressor (isto é, as suas
iniciaos entrelaçadas). Anti11a:nonte era vulgar que o impres-
sor ptIZesse tarobem a sua divisa.
A fol'ça dos typoe empregados deve ser proporcionado. ao
forma.to.
A' excepção da epigraphe, todas as linhas de um frontispi-
ció se põem a.o centro da justificação. Nenhuma deve ter com-
primento egual; é preciso dispôl . as e cortál-a.s, t11nto quanto
possivel, po1· modo que apresentem sentido complet_?, e que
ca.da uma d'ellas seja composta em typos de força d1fferente,
-nao se devendo rep1·oduzir duas linhas do mesmo ~ypo (sobre-
t\ldO sendo seguidas) excepto se fôr n'um summar10 ou nos di-
. .
BtBLTOTHEGA D~ POVO

zeres que indiquem os car~s bonorificos do auctor; e, mesmo


n'este caso, de"'em ser des1nccntr.adas.
Deve evitar-se o começar o frontispicio por Hnba a toda a
largura da pagina ou pela que apresente os typos maia gros-
sos; en1 caso de necessidade absoluta dã-se-lhe outra fórma,
sem lhe prejudicar comtudo a idéa primitiva.
Faz pessimo effeiro dispôr tres ou mais linhas consecutivas
1
em fórma de triangulo. E a fórma. oval que convem dar va-
gamente ao conkrno geral do frontispicio.
O espaço que tem de ~e metter entre cada linha. de um fron-
tiepicio é muito \'"ariaTel, e depende não só do numero de li-
nhas que elle contêm como da força e tamanho dos typos que
hajam de empr~gar-se,-pois, se a.pplicarmO! um typo muito
grosso para dar saliencia a uma ou m&.is palnvras, claro est~
q 11e a força que esse typo nos apresenta á vista influe nos ou-
tros mais finos ou mais pequenos, assim como, se adoptarmos
uma lettra aberta e sombreada, a parte que não tem sombu1
representa-se-nos tambem, á vieta.1 separada da outra se l11é
puzermos claros e~uaes; para evitar estes defeitos, deve o
compositor distribu1r os claros, tendo em attençào, alêm d'es-
tes preceitos indh~pensaveis, tudo o ma1B que disser respeito
á. separação dos assumpt.os, diligenciando que as linhas largas
e da roeBma força conservem entre si distancias E>guaes, e di-
minuindo-as por cima e por bnixo das preposições, dos a1·tigoe,
etc., por fórma que. sendo e1les sempre feitos em typo muito
pequeno, não apresentem, entre as linhas que nutecedem e pre-
cedem, um C'laro muito superior ao que existe entre RB outras.
Pan\ melhor avaliar se os claros estão bem dish'ibuidos, o
compositor dev·e auxiliar-se de um quadrado co1n o numero de
pontos approximadamente rgual aos claros principaes, e as-
sentál-o sob1·e os typos afim de medir, de rebarba. a rebarba,
o eepaço entre cada linha, e depois tirar uma prova para ava-
liar não s6 o offeito optico prodU2ido pela escolha dos typos
que empregou, eomo tambem o da espacejação.
Quando a materia de um frontispicio é muito abundante
cum:pre, para o simplificar qu nnto possivel á vista, collocar ;J
em hnb.as salientes, e destacadas das outras, as palavras qu~
devem indispensavelmente sobresahir e reduzir em sumlll8rio
as partes de menos •interesse. No caso' contrario (quando ai-e-
dacção fôr, por natureza.1 breve) é permittido mtiltipllca.r as
Unhas; e essa apparcnie nudez, sendo disfarçada com arte,
torna-se n 'uma simplicidade elegante. Como a. disposição do
frontispicio exige por vezes que se augmentem algumas linháa
para que a pagina. tenha fórma agradavel Avista, põem-se em

J
-
49
MANUAL DO ttl'ôG'.àAPHO

inha isolada os artigos o, o, os, as, que podem preceder o ti-


tulo, as preposições de, ou por, a. conjuncção ou, etc.
. Quando uma li~a que pela sua impo!te.ncia no fronti~pi-
010 tenha de ser feita em typo saliente J1ao couber na medida,
pode estn. fst"T.el' S<' ~tais ln.rga, se isso lhe der melhor appa·
rencia. I'vde tam bem, om caso de extrema necessidade, fazer-
sc ji:tgina um pouco 1~1A.is comprida, quando inteiramente ae
0

teuluun debalde e:xgr ttado todos os outros recursos.


Para a hú· .. el ,gància d'estos trabalhos convem que se em-
1weguem sempre, tanto quanto possível typos do mesmo de-
seuho, excluindo os ele cRixa baixa e os Ítalfooe, que só devem
a.dopta:r-sA em c•asos xtremos, quando não sejam de phanta-
1

sia, para darem uma tal ou qual animação ú pagina.


~~stAs r cgrl'l.s comtudo não são geraes, 1)01·que ha obras que
pel>t sua. natureza, reclnmnm que nos froutispicios se emp1·e'
gucm typos .Pbantasi~dos, e outras que exigem typos denomi-
nados egypcios, e antigas, so tratal'em de assumptoa funebres;
e quando tenham de ser impressos a difterentes côree, a oiro,
ou a prata, devem tambem escolher-se lettras q.ue nito preju-
diquem n cô1· que se lhes destina, confo1·me a força e impor-
tancia do assumpto. D'aqui se conclue que, alêm de todas as
ref?ras que se determinam pal'a este genero de trabalhos, está
ac1ma de tudo a boa intelligencia do artista., e ainda sobre
tndo isto o bom·senso práctico e o perfeito conhecimento dos
h poa existnnt.es na. typographi~t onde clle exerce a eun arte .
.. E' no frontispicio que se devo pôr a. dcsign~1çiio do volume,
quando a obra tenha mais de um, separando- a por um traço
7.lequeno, ou entre dois traços um pouco maiores que o. pala-
v1·a on palavr ns.
O frontispicio é sempre seguido por pa~ina .e~ ~rnnco. A

• O a11tc-1·nsto é a _Pitgin:t q,ue y1·crcdc o fronttsp1c10, e conteu!


simplesmente os tttnlos pnn c1pnes nn. obra! c?ll?ca-se quai;1
ao centro da pagina, sendo corntndo o claro inferior um pou co
maior que o superior. A stHL utilidade. é muito apreciada para
as collecçõe8, e n'esse caso serve de titulo geral, emtcl.nto que
o frontispicio tem sómente o titulo do livro com a designação
do tomo. Nas obras que formam collee:ção, colloca-se-lhe por
b aixo o numero do volume.
Costuma dispensnr-se o ante-rosto nos folhetos, q.uand~ a
sua collocaçil.o troga imbnr~1Ç 1 ) e não lutja duns paginas d1s- . ·
ponivcis. 'Nas costas le-ça ordinaria.mente o nome da ~po~a­
phin ou o do cd itor ( Rq uell e que n ã.o tiver ido no fTontleptcio)
ou ainda o catalogo das obras do nuctor. Collocam-s~ tambem
lis vezes n'esta pagina. observflçi:cs quo o leitor preo1se de ver
BmUOTHEcA DO POVO

antea de folhear o livro (como erratas, etc.). Se não houver


ante-rosto, e o nome da typographia. não tiver ido no frontis-
picio, deve pôr-se no fim da. u.ltimn. pagina do volume.
O titulo da pagina é a. linha. que se põe no alto da mesma
com a designação da obra. Compõe-se em versaes ou versa-
letes (como já se disse), e o numero deve ficar sufficientemente
afa.~tado. Se o tit_ulo da o~ra tem sub-divisã-0, põe-se esta na
pagrno. par e o titulo na 1mpar; se, porêm, fôr obra theatra l
óna pagina. par que se colloca o acto e a scena, em numera:
ção romana, e na impar o titulo da obra.
Quando um T"olnme ie compõe de varias partes, os titulos
de pagina mudam ao mesmo tempo que essas differentes par-
tes, quando ellas não se incorporam com a ob1·:L
Dá-se o nome geral de titulo a toda a indicação que no de-
curso de um volume se põe em linha. separada, ou para desi-·
guar divitsõcs, ou pru·a dar a conhecer a mnteria que incena.
Summario. Argumento .- 0 immmario é uma especie de
sub·titulo, contendo a analyse snccinta das itléas que se t ra-
tam no artigo á frente do qual figura. Deve ser sempre com-
posto em typo inferior ao da obra, para que não se confunda.
Por exemplo: -se esta fôr feita cm corpo 10, e estabelecendo-
se já. que as notas são em corpo 8 {que é o immediatamente
inferior) para o summario deve adoptar-se o corpo 6. Convem
qne estes trcs typos sejam todos do mesmo desenho.
Ha diversos modos de apresentar o sumrnario emquanto á
·omposição. Se fôr de uma só linha, justifica.-~e esta ao meio
!~ medida ; se produzir <luas, deve fictlr a _Primcfra. co~ m~is
b rgura do que a segunda; se tres ou mais, deve a primeira
mr a toda a lãrgura da pagina, e as outras recolhidas tantos
1ontos quantos os que se destinam á abertura dos periodos.
· Pode tambem dividir-se o snmmario, quando produza só tres
'inh ns, por fórma que estas fiquem todas ao meio da medida., e
l sincontradas; mas este systema só deve adoptal'-se quando
;e tenhn. ª.certeza de que na obra n~o ba summnsios que pro~
luzam IlJtuor numero de linhas.
Os summarios devem ser sempre entrelinhados com Pgual
.rnmero de pontos empregados na obra. NU.o con\·em applica.r
.1'elles os versaletes nem os italicos. porque n 'aquelles (alêm
le pouco legíveis ) quando houver de se fazer sobre::.ahir al-
~nma. palavra tem de p~r- s~ esta entre aspa~, o que não prn 4

luz bom effeito,-e no i tahco tambem o cffeito n:1o é melhor.


S6 nos frontispicios convem cmpreg i· veraruetes nos sum-
11arioe, porque então fi~am co~o pequenas oapitaes.
Em Oel'tas obras olass1oas, assim como em poemas, os aum·
MANUAL DO TTPOGllAPRO 51
ma.rios tomam o nome de argumentos, e são, soli esse titulo,
mais analyticos e desinvolvidos. Na composição, os argumen-
tos são sempre feitos em fórma de summarios.
Capa . -O melhor modo de conhecer as medido.a que devem
adoptar-sc para a disposição da capa que ha de cobrir a bro-
chura de um volume é fazer dobrai·, apertar, e coser as folhas
de que elle se compõe, pois só assim se pode avaliar a. gros-
sura da lombada e o intervallo que, na fô1·ma, a deve dividir
.das paginas destinadas á indicação da obra. A lombada tem
de ser um pouco mais estreita do que a g rossura do volume, e
' as pagiuas podem tei: maior largura do que a que se adoptar
no te.x.to da obra; convem, comtudo, não abusar d'esta condi-
ção para que, depois de feita a brochura e convenientemente -
aparada, não fique com margens pouco elegantes. Ua boa dis-
posição da capa depende muitas vezes a procura de um livro.
Sendo a capa, na maior parte das vezeb, a reproducção do
f1·outispicio, tendo ordinariamente de ser imbelleza.da oom uma
guarni~ão de vinhet~s, com cantos e trRços, ou simplesmente
com traços, e devendo esta guarniçião ser aopa.rada, em todas
as quatt·o faces, dos dizeres que indicam o assumpto do livro,
o nome do auctor, etc., cl-aro é que não se devem empregar os
mesmos typos, e teem de se resumir muitas vezes os dizeres
do frontispicio qqa.ndo estes oecupem todn a paginR.. Para isso
o compositor, quando fizer o fronti•picio, deve contar logo com
os typos que ha-de empregar na oapa, e calcular o que n•esta.
podt~ resumir sem transtornar a clareza. do assuo1pto. O que é,
porêm, indispensa.vel é que a disposição emqunnto á força das
lettrae empregadas nas diversas linhas não destôe das do fron-
tiepicio, comquanto os typos empregados sejam menores.
A capa é quaai sempre a parte mais luxuosa do livro; é ás
vezes impressa "' côree, e n'este caso tem de se desprezar a
reg1·a de ee ndo~t.arcm os typos similbantee nos ~o frontispi-
cio, pa.ra se apphcarem os que melhor se harmonizem com as
côree das tintas. Quando tenha de se lhe pôr H.lguma. gravura,
tambem necessariamente se não pode conservar a mesma. har-
monia e até se deve alterar a. disposição do assumpto, afim
de no' pouco espaço que resta, se expôr unicamenoo o que me-
lh~r indique o que se deseja; e, n'eete caso, deve o nome do
anct-Or ser collocado na parte superior da. pa~na, separado
por um trayo, imbora no frontispicio o não eete3a, eliminando..
se todos oe cargos que o acompanhem; a data, o titt~lo d&. offi-
cine., ou o nome do editor podem tambem ter outra d1spoe19ão.
A parte superior da capa. dentro da gual'nição, deve ser um
pouco mais separada d'esta' do que a tnfedor1 e, emquanto á.s
BIBLIOTHEGA DO POVO
~--------~------~~~~~~----..;._--~------------
mar~ene e ao meclianiz, a.dopta-se a mesma disposição que se
exphoou para a-s paginas do texto.
A lombada não excede a altura das paginas da capa, e di-
vide-se em cinco P.artes. separadas por filetes de phantasia:
a primeira e a ultima devem ter a mesma altura; a segunda
e a. quarta .sã.o tambcm eguaes entre si; a do centro é a maior.
A primeira é destinada ao nome do auctor; a terceira, ao ti-
t.u~o. dtL obra e numero do volume; a quinta, ao anno em que
foi impressa ; e a segnnda e a quarta são pre-enchidas com
uns pequenos ornatos de vinhetas. Se a obra tiver mais de
uma e.dtçào e convier que, posta numa estante, se distinga
por isso, pode pôr-se a designação da edição por baixo do ti-
tufo, quando a obra conste de um só volume; no caso contra-
1io, colloca-se o numero da edição ao lado da designação do
unno, separado po:c um traço pequeno.
A cn.pa pode ter uma, duas, ou mais paginas ; a primeira (a
da frente) é a que trata do assumpto do volume, e por conse-
quencia aquella em que o artista deve pôr toda a sua applica-
çào; as outras destinam-se a materins secundarias (cata.logos,
annuncios, etc.), e não carecem portanto de ser guarnecidas.
l odice. -O indice de um livro é como que um resumo das
materias n•ene contidas. Para. melhor clareza, é conveniente
que as divisões (quando as haja) vão em linhas separadas, em
fórma d'3 titulos, compondo-se o assumpto em typo immediata-
mente inferior ao do texto, mns do mesmo desenho, e por fórma
que os numeros d<tB paginas fiquem isolados, em columne., de-
vendo no fin1 de cada periodo, colloca.r-sc u.s i·eticencias neces-
sarias' pa1·u. p1 e-enchimento da linhR. até ao numero da pagina.
Quando o índice contenha eó capítulos com os seus respe·
ct.i vos títulos> compõem-se em versae , tambem cm columna
separada, os numeros dos capitulos, e nn. designação adopta-
se o systoma já exposto. Em qualquer dos casos, a composição
é feita de maneira inversa á. aa composição ordinaria.: isto é,
quando o assumpto produza. nrnis de uma linha, a p1·imeira
começa nu e.xt.reruidade e as seauintes é que recC\lhem.
Quando a obra produza ' ma.is ede um volume, e pela ena na-
tureza, convenha faze1· -lhe um indice synnptico, é este eollo-
cado no yolume ultimo. mas deve então haver outra caa 'l. em
que se designe o numero do volume. Estes indices auxi.li .. "n
muit.o na consulta de obras hi~toricas, de jurisprudencia, etc.
Casos ha em ~ue o índice pode ser feito em duas ou mai~
columnae; mns so se deve adoptar este systema quando, pel0
' bunu.nho do formato ou pelo pouco aesumpto que be. a desf.'rP
ver, ieeo convenha.
HÂ'NUAL DO TYPOOR.Al'HO

O índice pode ser collocado no principio ou no :fiai dà. obra.


Erratae.-Aa en·atas são as rectificaçõea que convem fazer
dos erros que cacaparnrn durante a. impressão de nma. obra.
Podem ser colloca.rlaa no principio ou no nm do volume; mas
é preferivel pôl-as no principio, porque l'are é o leitor que pro-
cure saber, antes de ler um liv1·0, se elle tem correcçõea, e por·
tan.to 1 se estas fôrci;n no fim) podem-lhe passar desapercebidos
muitas vezes erros importantes, como datas calculos etc.
E , conveniente
. apresentar só os ei·ros ma.is' importantee,
' des-
prezando os que, pela facil comp1·ebeneão, se corrigem na lei-
tura; e melhor é nindn. re-Jm1nimir aJgumas paginas quando
as emendas a fazer sejam de calculo, datas, etc.
A pagina da t.abella das erratae deve ser composta em typo
miudo, e f?rmad~ em quatro columnas com os seguintes titu-
las: -pagina, l~nha, erros emendas. As duas primeiras co-
lumuas (como se deprehende dos titulos) sã.o as destinadas aos
uumeros elas paginas e á indicação das linhas onde se ba-de
fazer a COl'recção, e portanto devem ter a minima largura; as
outras duas, que são para designar o erro e a. emenda, devem
ser mais larga.e. Se o formato fôr grande, convem que a ta-
bella não abranja toda a. largura da pagina.
A composição das errata.a deve ser feita cuidadosamente, e
as columnas divididas por um lingot ou por entrelinhas, para.
que nquem em perfeito alinhamento.
Notas.-Na maior .ve.rte dos livros antigos punham-se as
notas na margom oxterior do texto ; hoje, porêm, está. rojeitado
esse methodo. As que devam seguir im1nediat~mente no ea-
pirito do leitor a palavra ou a pbrase que aa motlva.1 collocam-
se no fim da pagina; mas as que, por muito des1nvolvida111,
possam preju<lic~ nr n. rapidez da leitora, devem pôr-se no fim
da obra ou de qunlquer das divisões o. que pertençam.
As notas do fim da pagina. separam-11e ~o texto ou por um
filete fino ou simplesmente (e de preferencia) por espaço bas-
tante de' modo que evite a confusão. Quando as notas forem
tnuit~ ablindantcs, e cleseje empregnr-ee, para ganhar espaço,

um typo mRis fluo do que commum, põem-se em duas co-
lumnas, e pod~m então deixar de ser separadas pelo filete,
porque se distinguem facilmente. Usa-se isto nos formatos
grandes e nos livroe religiosos, mas n~o produ~ bem effeito.
As notas no fim do. livro podem começar ao alt.o ou ao OO~!.
tro da pagina; no ultimo caso são ás vezes precedidas do ante-
rosto, conforme convenha augmentar on diminuir.....o espa99.
Chamada.-D1í-eo o nome de chamada a um Blgn~ que se
põe no texto para corresponder á nota precedida pelo mes~o
uc;s::;z;11
elgnal. Figura-se este e.o~ al~arismost lettras, ou i,.steriscos•
Para evitar oonfusão, eetes. 6.lgnaes eu.o, ou collocados entre
parentheses ou postos &Upenormentc á lettra.
A chamada segue immodiatamente a pbrase ou a. pahivra a
que a. nota corresponde, e deve pôr-se sempre antes da pon·
tunção, e separada da phrase a que corresponde por um es-
IHLCO inferior ao das divisões das palavras.
Podendo usar-se os tres signae indicados, nas obras que
coutenhnm muitas notas deve adoptar-se o algn.rismo elevado,
e nunc~ o asterisco, afim de e-çitar a agglomeração d'estes si-
gnaea, que produz pessirno effeito; e, quando seja em tabellas,
põem-se lettras de italico entre parenthe&es, para não confun-
dir com os algarismos ou fracções. Xunca se põe a ch~mada.
ao principio de uma linha porque, exnctamente como a pon-
tuação, pertenee sempre A phrase da linha. anterior.
Cotas, ou Addiçõe1.-Sào uma espccie de notas collocadaa
na mar~em exterior da pagina, sem eh ma.da, e alinhadas com
o principio da materia a que !e referem. O seu fim é relatar
aa datas, apre11entar o resumo dos acontecimentoa, ou dar a
conhecer, pelo nome dos auctor s ou pelo titulo das obras, a
ne.sceDte d'o:ude foram tirndas. Devem ser compostae. em typo
legivel, mas muito miudo, para se poder apertar bem a justi- .
ficação, e (no ca30 em qne algumas sejam sua<'..eptiveis de
desinvolvimento) para que nlo occupem mais de oito a dey
linhas. Nas adcli9ões deve empregar-se, quando não haja al·
guma. coisa que oontraiie esta. regra, um typo que esteja para
o da.s nota& exactamente como eaae está para. o texto.
Para. a.a isolar da pagina empregam-se, na altura d'eeta, os
lingot1 ou entrelinhas. A separflQ:io deve ser proporcionada ao
tnmanho do formato e ó. grandeza d'ellas. Pode cortar-se quel-
q uer a.ddiçio de uma p~na para outra, com tanto que fique
ma.is do uma linha. Em todos o casos, porêm, importa conser-
var-lhe o alinhamento com o extremo inferior da pagina.
Antigamente u~a.vam- se muito as addições, e collocavam-
se á margem as notas que ae põem hoje no fim da pagina. Re-
su.ltn.va d'i o grande confusão e difficuldade typographica, e
foi talvez por e&se motivo que cahiram em desuso.
Variantes.-As varitultes são licções differentes do uiesmo
texto. Usam-se frequentemente nas edições acompanhadas ~e
commentarios. Poclom ser apresentadng em fó:rmf\ ele notast e
então collocam-se no logar d'estas. Algumas vezes tambem,
quando slo em grande ~umerri p1u·~ c.ccup:trem logar distincto
'\J t:ttpecial i·eunem-ee e 1nterealnni-se entre o texto e a.e notas,

em typo ~enor. N'este caso a chamada deve ser o asterisQo.


MANUAL no ,:J.'YPOGftÁPRO
Oe poemas e as obras dramaticas silo por vezes acompanha~
dos de variantes muito extensas; collocam-se no fim da obra,
e compõ_em-se 110 typo que se usa para as notas.
Citaçoes.-Dá-se este neme ao15 extractos de uma obra a
que o auctor se refere.
. As citações limitam-se ás vezes a palavras dispersas ou par-
tes de phrascs, e om tal caso põem-se em italico para ficarem
se.paradas do discurso. Quando, porêm, consiste~ em phrases
ot1 em fragmentos eompletos, é mais oonvcniente wl-as entre
oommas (aspas) para evitar a accumnlaçfto do italico.
Quando na prosa nppa1·eeerem oita~ões de versos, devem .
compôr-se em typo meno1·, . e de fórma que oa versos fiquem
ponco mais ~u menos ao centro da justificação. Se a citaQão
é seguida pelo nome do auctor e o titulo da obra,pôe-se o no-
me em versaletes e o titulo em ita1ico, com ou sem parentheses.
Epigra~hes;-As epig1·aphes devem ser sempre compostas
em typo inferior no do texto, quer ellas sejam em prosa quer
etn verso. Só em caso de necessidade, e porque convenl;A. ql'e
produzam pequeno numero de linhas, se admitte que sejaM.
rnn.is lal'gas do que um te1·ço da largura da pagina, ou, quando
em verso, este obrigue a maior la1·gura. São collocadas po1
fórma que fiqnein na extremidade direita da. pagina; e qrrnndo
tenlw <le se lhes pôr o no1ne do aucto1·, segue-se o mesmo sys-
tema indicado para as citações. A sna c·omposição se fôr e.rn
p1·osa, é feit.a como se fôsse o periodo de uma obra:
Estancias. Estrc, phes. - As estancias e as estrnphes são se-
p~uad as :por umR. ou mais linhns em bran<'o, mas sempre de
maneira uniforme. Se o comprimento da pugina o exigir, me-
lhor é variar um pouco o espaço em bra11co, e até forçál-o, do
ciue cortnr a estancia de uma pagina para outra. Quando ab-
aolutamento não pud(.r deixn.•· de se diviclir, deve cortar-se ele
modo que nito <'outrarie o rhythmo do verso.
Tomo. - A palavra tomo significn. a clivisão que o auctor faz
àe .uma obra, conforme os nssu.r nptos que n'clla trata, e ap
plica-se ás diyisões maiorc·s das obrus l~tteraria~. Por isso,-
assiro <'orno um só tomo pode formar dois ou mais volumes, e
um só -çoJume pode compre11ender dois ou mais tomos, - deve
colloctn·se sempre no ante-rosto ou no froutispicio de um Ji-
vro e bem assim na. capa, a designação do tomo e do volume
d'e~se liv1·0. Exemplo :-se um volume abranger mais de um
tomo > po'"'c-se - Volume !, • 'l'omo l e II ' etc. ,~ e se um dtomo
r
comprel1ender dois ou ruais volumes, deve pôr-se em ca a. 1-
vro-Tomo 1, Volume I, Tomo II, Volume ll, etc.
Se a obra não fôr assim dividida, e quando, pelo seu volu·
... mLtõ1t~~
................
_ ~---~·--=~,- ......~~--Wf=~&-....~-
- ~~------~----ul\k:'e~--~:~xt
me, convenha repartir a ma.teria. por mais ele utn livro, usâ-aa
então na divisito d'estes a palavra volume, seguida do numer
de ordem correspondente, em numeração romana.
Estas indicaçoes devem !er sempre collocadas em se~uida
a.os titulos e aos seus componentes, nae lombadas, e na linha·
de-pé da primeira. pagina de cada folha.
Dedioatorla. - 'endo a dedicaioria n'um livro a inscripção
com que se offerece a alguem qualqner obra, quando esta te-
nh a mais de um volume deve-se collocar só no primeiro, em
11 ~ina isolada, e logo em seguida ao frontispicio.
Não se podem determinar regras exactas para a sua compo-
Sl"'ào, visto que ella depende não só do nume1·0 de linhas que
C( ntiver, mas tambem da categoria das pessoas a quem diz
r espeito; com tudo, se a obra fôr dedicada a mais de uma pes-
on., de~em os nomes ser todos feitos em typos de tamanhos
diversos, mas da mesma força, e em linhas desincontradas e
gi·aciosamente dispostas. O nome do offerente é sempre collo-
cado quasi no extremo da pagina, em typo pequeno e modesto.
Prefacio. Advertencia.-0 prefacie de um livro é sempre
cmnnosto em typo superior ao do texto; e o entrelinhamento,
quando o tenha, pode tambem ser maior. Geralmente os pre-
fad s si o pouco extensos: e quando dizem respeito ao editor
teem ordinariamente o nome de advertencia.
Intro. ducção.-A
. introducção suppre geralmente o prefacio,
e compoe-se pela mesma f6rma.
Como durante a impressão de um livro pode succeder algu-
mas vezes alterar-se a fórma do prefacio ou da introducção, e
até modificar-se ou nmpliar-se a dedicatoria, convem come-
çar a imprimir a obra com a numeração ordinaria, e deixar
para o fim não só estas partes, como o ante-rosto, o frontispi-
cio, o indice (se fôr no piincipio) etc., e põe-se então a nu-
meração ·romana e a assignatnra dns folhas, tambem diversa,
para evitar confusão no acto da brochura ou da incn.dcrnação.
Colnmna. --Quando uma pagina. é dividida verticalmente
por diversas columnas de texto, deve conservar-se n'estas a
me~ma medida, ainda que o numero das columnas seja muito
var1a~o (como acontece nos jornaes), e hão-de todas ter egual
quantidade de Hnhas se fôr feita em typo egual, porque, se o
não fôr, o nu~ero. d'esta.s varia conforme a força do typo; se,
porêm, a png1na. tiver s6 duas columnas, indo n'uma um texto
qualquer e na outra a sua tradueção, ou dois te.xtos que se
queiram cotejar, de!e compôr-se em typo egual, sendo a pri-
meira columna destinada ao ter..c e a e;egunàa á tra.dueçlo,
etc., começando todos os periodos no mesmo alinhamento, e
MANUJ\L DO nPOGRArHO (

pondo-se no fim <i'eetes o clA.ro correspondente as linhas qlle


a traducçlo ou o texto produzir a. menos.
As columna~, seja qual fôr o seu numero, são divididas pol'
filetes ou por ui;i ee P9;QO ?Orrespoudente ao corpo do typo em
?
q?e a obr~ .6 feita.. ttal~co? ou o typo mais pequeno, deve ser
n ellas rejeitado. Num d1cc1ono.rio, ou n'outra qualquer obra
que tenha .de ser consultada. alphabeticamente, põem-se na
parte supenor de cada columna as primeiras lettras dos voca-
bulos existentes na parte inferior da mesma. columna.
Dá-se tambem o nome de columnas á.s differentee divisões
vertica.es que constituem as paginas chamadas tab~las, quer
essas divisões sejam p1·e-enchida.s com texto, quer com alga-
rismos, ou Jnesrno fiquem em branco, para. serem eflcl°ipta.s á
mão (como acoutece nos differentes livros de registo, livros
commerciaes, fa.cturas, etc.). Tratemos daa que teem de ser
imprcast e em todas as suas pal'tee.
PnrA. se dispôr uma tabella (isto é, dar..lhe uma fórma. ro·
gular, aproveitavel, e agru.davel á vistR.}, deve o compositor,
primeiro do q uo tudo, ver se ella é smme]>tivel de se com~r
na. lu.rgurn. da pagina da obra. a que se destina. O typo em que
dove ser feita depende do maior ou menor numero de colum•
nas, e mesmo da largura que convem dar-lhe. Por exemplo:
-se não ~ouber ~m corpo 8, compõe-se em corpo 6, pois eito
estes quaa1 exclusivamente os co1·poa ndoptados naa tabellas.
Sirva de base para este calculo o corpo 8.
ParA determinar a largura util de cada columna (se cata.a
forem de alga.rismos) contam-se os algarismos de cacla quantia
ou quantidade, multiplica-se por quatro, q.ue é a grossura e1:11
pontos de cada numero, e junta-se-lhe mais a grossura. d? c1-
frào e dos dois pontos para a di~isilo da. centena de milhar
para conto, e o eepaço para a separação do filete que divide
as columnns umas das outras. Se n'uma columna tivermos a
quantiíil de 10:000~000 réis, de':emos dA.r-lhe a 1.~lr~ura de ~
pontos (isto ó; 32 pnra os alga11smos, 8 para o c1frao e os dois
pontos e 8 para a separação dos filetes); a quantia maior de
uma c~lllmna deve ficar ao meio d'esta, e as outras toda.a por
fórma que as unidades fiquem respectivamente alinhadas para
se poderem facilmente som mar. Practica-se do mesmo m~o
para todas as columnas; e, obtendo-se o numero de pontos 1n-
dispensaveis, junta-se-lhe ainda o preciso para ..ºª filetes,_ e o
reatante applica-se á casa destinada á designaçao dos artigos
ou assumptos a que as verbas correspondem. C?.unndo e~ta fi-
que com dimensões muito acanhadas, qu~ obrigue por isso a
sub-dividir muito os periodos, deve reduzir-se o espaço da. se•
BmttOTll!OA 00 POVO
paraç~o dos filetes, qne pode e~tito e~ ·d~ 9 pôntõs,--ou mes-
mo, cm caso de grande necessidade, elimina- se de todo e fica
s6 com a rebarba dos filetes; se, por@m, se der o caso contra-
rio (isto é, se o numero das colurunas de algarismos fôr muito
limitado e ficar grande eo1iaço par& a primeira), então devem
alargar-se as outras c.onven!entemente, e mesmo até fazer- se
todae com a mesma d1mensao, afim de produzirem melhor ef- .
feito. Se a pagina fôr guarnecida com filetes, deve a grossura
d'estes ser dascontada na largura total da mesma.
Se uma. tabella, pelas suas dimensões, não coul•er na la.r-
gm·a util <la pagina, pode-se-lhe dar maior formato, mas só em
caso extremo, pois ha ainda o recurso de a dividir em duas
paginas (a que se dá. o nome de paginas de referencia), e em
tal caso deyem estas ser mais largas, para que, depois de in-
cadernaoo o livro, fiquem o mais approrimadas possh-el ; no
acto de se impôr a fôrma, de"\""C este augmento ser descontado
no rucdianiz, afim de que as margens fiquem sempre eguaes.
Os títulos das columnns (cabeças) devem ser compostos em
corpo õ, se a tabella o fôr em corpo 8; porêm, se forem muito
pequenos, podem tambem sêl·o n';este ultimo. Em qualquer dos
casos, quando dispostos horizontalmente, devem ficar sem11ro
em linhas d~sincontra.das > ainda que para tal se precisem divi
du a~ palavras, .a :iuasi ao meio do espaço (isto é, s0 2 pontos
a mau; na parte superior); e quando verticalmente, devem ser
todos alinhados pela parte inferior da cabe.ya, com 2 ou 4 pon-
tos d(:j sepnra~âo do filete que divide esta dos algarismos; se
prod.nzii du85 lin bas, a segunda é JUStificnda. ao meio da com ·
poi:.i...,ãv da prirneira; e se mni8 de dua.s, a·ucolhem 4 pontos .
.A cornposi~âo de umn tubella de,·e sP.r sempre; sepa1&.da du
nlcte que divider a. ~abeça, p<>lo menos 4 pontos, e bem a2sím
o
dv n11al (i .. to é, dv filete de iu~erramento da mesma.). filete
da. somma deve ser separado d'csta por um ei:;paço de~ pontos.
A altura das cabeças de e calcular- se em presença do ou·
, tn?ro de linhas que contiverem li e, como os filetes teem deter ·
mmnda medida. cm pontos, ~onvem que, aa contagem, se tenha
bCmpre em "iata o iumero multiplo de 8, afim de não cortar
os filetes~ pn.ra i~so . toda a differença. é incluida nas cabeças.
Quando tenha de se dividir uma tabella por muitas paginas;
i;epetem ~e as cab ~as em todas eilas e a somma. vem á extre
111idadc i11fe1 ior da cotumna. As pala'vrn~ som ma 6 transporte
comp5em - ~c cm it~lico, e mais recolhidas do que a con1posição
1la colnnHHJ. ...1nde forem collocadas.
A composição {texto) de uma tabelle. é sempre feita inver-
~amente aos periodos de uma obra~ isto é, quando o assumpto
Dio caiba n'u1.0a só. linha, as que produzir a mais recolhexn 8
pontos. A comp?sição é acompanhada. de reticmcia.8 até ~ co-
lumn& dos ~a.rismos.
Sendo a beTloza. de uma tabella alêro da sua disposição ~r­
tistica., a perfeita juncção dos filetes deve sempre evitar-se o
seu accresc~entamento; mas quando por falta de material, não
poi:isa isso ter login, deve haYer t~do o cuidado em verificar
que da. unii\o d'clles não resulte defeito. Para. isso se cousc 0

uir, procede-se a rigorosa escolha, e collocruu-se desincontra·


' os, afim de que, havendo qualquer defeito n~ jt11:1titicação d~
uma. linha, se uão rel>1·oduza em todas aftlstu.ndo os filetes.
Qua.udo uma tiLbc la só constar de texto, a la.rgnra. das co·
lnmuu.s 6 determinada pela quantidade de composição que ti·
vr>rem; n'isMo deve o composit r emp1·egar o mn.i<>r cuidado,
para a.1JJ·ovcitar convenientemente o espaço de qne dispõe.
Se as columnas tiverem colchetes, devem as extremidades
d'cites abranger simplesmente a linha a que dizem respeito,
conservando -lhe um aliuhameuto rigo1·oso. O centro do colchete
deve virar-se para o lado oudc haja menor numero de linhas,
ainda que, pu1·n. isso, seja neccseario collocál-os alteruada-
wcnte ortl. paro. um ora pa.1·a outro l)ldo.
Quando o colchete tenha de ser collocado junto aos filetes, •
couvcm incorporál-o n'elles (isto é: interrompe-se tantas vezes
o prolouga.mcnto dos filetes quantos seJam os colchetes, lrn.-
·vendo sempre o maior cuidado na juucçào das extremidades
tanto d'estes como d'aquelles).

Ha ninda uma cspccie de trabalho, muito vulgar entre nós1


e a que o~ FrnncezcB chamam pa·ran,(/O'tinn,qe, o qual consis~e
ua just ificaçâo de typoa de differentcs corpoB ou de d.e~enho dt·
versl), com os typos communs. Como convem que o almh~1meuto
d 'eati•e t.y pos seja rigorosamente a.doptado, de~em exclutr-so as
lettras que tenham s?mbras, porque, se as. tllmha.rmos pores-
tas, fi (!a a lcttra mais elevada, e no c>tso inverso parece des-- .
ci<lii.; porta.nto, e p:U'tindo d 'este preceito, devem adoptar·be as
que se pn~starcm melhor ãs palavras que se querem disdnguir.
E' uas obras theat.raes qu~ mais frequentemente se apre-
senta este trabalho, e n 'ellas é semp~·e o typo mais J~~ue~o
que ~e incorpora no typo commum; por it!SO a suajust~ticaçn.o
faz-ae por meio de entrelinhas pequenas ou espny}ª ~olloca·
doH superior e inferiormente, nfim de se fixar o alm iamento e
obter a justificação rigorosa. . fó • •
Fracções. --As fracçõe11 podem· se d1spôr de duas rma.s •
BIBLIOTRECA DO POVO

a. differ ença consiste na direcção da barra, q ue pode ser dia·


gonal ou ho1·izontal. Se fôr diagonal, põe-se o numerador em
algarismos superiores e o denominador em inferiores, do corpo
em que se estiver compondo; se fôr horizontal, collocam.-se os
dois numero.. um por ~imfl. do outro, separados por um filete,
q ue deve ser do comprimento da numeração maior, ejustifica-
se rigorosamente a menor entre espaços eguaes.
Vinhetas. - Comprehendcm-se n'csta designação generica
t odos os ornatos usados na arte typographica.
Antigamente todos, ou quasi todol:l os livros, eram obrigados
a ornamentos emblematicos no froutispicio, na parte supe1·ior
das paginas onde eomeçayam os capitulos, no:i fins d'estea, e
ainda na prio eira lettra de cada divisào da obra; agor a, po-
r êm, está abandvnado esse uso: e adopta-se simplesmente em
obras que tenham o cunho de antiguidade, em obras luxuosas,
ou em que, pelo seu assnmpto, cou\•enha aquelle emprego.
Ila dive; sas qu~lid~des de viul~etas, desde a. pequena gr a -
vura e a linha-de 1nfe1te nté ns vinhetas chamadas de cumbi -
nação, que são fundidas cm corpos multiplos e sub-multiplos
de 6 pontos, para justificarem entre si. Algumas d'ellas for-
mam collecções lindas e prestam-se a combinações elegantes.
H a ta.mbem uma. serie de viuhetas chamadas traços lypogra-
phicos, que servem para imbellezar os títulos das facturas e as
mais obras em que tenham de se empregar cursivos, ~othicos,
etc. Não obedecem ao systema das de combinação, pois ae em-
pregam isoladas, conforme convcm á disposição dos titulos;
fundem-se geralmente em multiplos e sub-multiplos de 10, e
a s maior es são cavndas para n·euas se int roduzirem os typos.
Gravoras. -As gravuras servem para illustrar ou auxiliar
0 assumpto de quaiqucr volume~ imprimem-se separadamente
ou com o texto da obra. No primeiro caso é uso empregar na
sua impressão o papel mnis apropriado, afim de l hes dar maior
realce; no segundo, procuro.· se, sempre que seja possível, col-
loc~l -as na retiração da folha, para que a crava9ão resultan te
da tmpn'!ssão não destrua o sr.n bom effcito.
Se a grrivurn., pelas suas dimensões ou pela sua largura, não
é acompanhada de composição, justifica·SC ao meio da p~gina,
e convem que tenha a1gum:ls linhas dispostas superior e infe-
~ rjormentc; se, pela sua e!'itreitcza. levar C'Omposição later al e
n ão a pudér ter dos doi::. lados, deve esta senlpre collocar-se
p ara 0 lado do margem_. O 11.nmero ou a designação da gravura.
compõe-se em typo muito m111d~_.
Si gnaes usa dos na _composiçao. -. J?a 11a ':!'ypographia dif.
ferentes especies de s1gnaes. Os p11nc1paes sao os de algebra,
~tfitfTTPO 61
• Yn1'Clr%drf e • h

astronomia, medici'na, p harmacia, geometria, etc. Independen ..


tes d'elles, porôm, existem outros que vamos apresentar.
Colchete. - O colclute (. -. _ ) serve para abranger va~ios. as-
sumptos, que1· para formar d'elles um todo, quer para 1nd1car
os pontos de communi<lade quo teem uns com os outros. Estes
signaes são fuudido::3 em corpo 4 e cmprecram-se com mais fre-
q,uencia nas t.abellas e em obr~s de calc~los e classificaçõe~.
Collocam-se, conforme a necessidade, honzouta.l ou perpend1-
eularmente, mas sempre tle fórma que as linhas que nbrangem
fiquem dentro da p~irte concava, sem exceder as extremidades.
O comp1·imento dos colchetes devo seguir uma progressi'to
tão graduada. qu:mt.o possivcl. A cscnla, pfl.ra ser completa,
ha-dc começar por 12 pontos e snlJfr proporcionâl10cnte de 4
em 4, pelo menos no~ mais usados. Chegando a. certas dirnen·
sões, são já difficeis de fundir n'nma só 11ec;a, e fazem-se em
duas partes separadas. Algumas vezes até, sendo de grande
dimensão, gravam-se u'um filete grosso de 4 pontos.
Apnstropho (').-E' o signal da. cllisuo. Nunca se divide a
palavrn. de uma linha JHl.l'O. outra drpoie <l'cste sig11al.
Àr>lcri{ico ou <'stl'ella ( •). - E~tc Rigno.l serve pa.ra diffcrcn-
tes usos. Emprogn-ae como chamada para as notas, com ou
sem parenthcsc, qnn.udo as chamadas uüo passam de urnn. ou
duas, po1·quc ~1·ande numero de asteriscos n'uma linha produz
(como já se disse) aspc~to desn.grn.davcl. Põem-se muitas ve ...
zes depois da inicial de um nome proprio cujas lettraa se que-
rem supprimir; em tnl caso, o numero d'elles não costuma ex.
ceder ires. Emprega-se tambem nos diccionarios, catalogos,
indices, on outras nomenclatu1·n~., pnra distinguir certos arti-
gos; não se deve, porôm, empregai· sem que se lhe indique o
valor convencional no principio da obra onde elle serve.
Ban·a ou frar•cssllo (/). - Usa-se para indicar as fracções
de um numero, ex.: - l/2, 1/H, 1/4, ou l/6 , 1/8 , etc. . . .
Commas ( « >1 ). -As commas empregam-se para distinguir
alguma fala, e mP-smo as citações o os discursos. Collocam-se
no principio de ca.dn. pcriodo que se tL·~n~crevc; a inicial tem
a parte concavn. yolta<la para o ln.do chrcito, e a outra põe-se \

inversamente. llti CabOS cm que as commas se repetem no prin-


cipio de todu.e as linhas que se trnnscrevem.
Quando a citação que acompanham tiver pelo centro nlgu ...
mas palavras que não lhes digam respeito as commus de \'em
ª. .
cessar ao principio e to~ nar appart·cer 'no fim d•estes inci-
sos. As commas consecntivas sao seguidas por espaços eguaes,
para ficar o texto alinhado verticalmente. A pontuação põe-se
e.ntea ou depois da comma final, conforme a 01·açào o exija.
A comma emprega-se tambem em ta.bellas e contas-correntet'I
para substituir a repetição de palavras, e n'este caso justifica.-
se sempre ao meio da palavrn ou palavras que aubstitue. Não
serve para. substituir alga.ri ~mos, porque, se estes representam
quantias cm réis é diffici.l conhecer o seu valor com rapidez.
N'este caso conve1;ll repetir ~empre as quantias; e mesmo mui-
tas vezes é .Pr~fen~el. repetir ns palavras e não fazer uso das
commas, pois isso clifi1culta sensivelmente a divisão das linhas.
l"'are-ntlttses ( ). -Oti 11arentheses representam arcos de cir-
culo. , ervem para isolar pala \Tras, pbrases, ou reflexões que
não se ligam essencialmente :í phrase; colloeam-sc, como as
commas, com a parte convexa voltada para o assumpto a que
respeitam. A pontuação vai sempre depois elo parenthese final.
Pan~nth.eses qflàdrados [ ] . -E~tes parentheses destinam·
se principalmente a incenar ns passagens que são intercala-
das no texto. Algumas ·v ezes na poesia e nos diccionarios, para
evitar que se dobre uma linha que sái da justificação, faz-se
intra1· a parte excedente na linha do cima ou na de baixo, co-
mo convier melhor, precedendo-a de um parenthese q uaclrado.
Reticencias ( ... ). - São pontos fundidos quasi sempre na
grossura de meio quadratim. Usam-se nas tabellas e nos indi-
ces, para prc·encher o espaço que fica entre o texto e os al-
ga.rismos. Põem-se ordinariamente a. distancia d'estes, para
os fazer sohresahir. Para lhes dar aspecto regular alinham-se
n'essa extremidade; e o espaço necessario para. justificar a li-
nha mette-se no fim do texto, e antes das reticencias.
Risca de um fio. - A risca de um fio (-), do cotnprimento
de um qundrn.tim, alêm de representar o signal de menos nas
operações matbematicas, é tamhem o sign~tl <la interlocução.
Usa·se noa titulos e nos summarios, porque dá uma separação
maior do que a do ponto final. Usa-se egualmente no meio do
texto, jA para accentuar bem a separação entre palavras ou
entre orações, já para supprir o uso dos parentheses. Emprega.-
se para. substituir palavras nos índices, catalogos, e em outras
obras de nomenclatura ou classificação; algumas vezes ainda
toma, nos diccionarios, um valor convencional. Nos i·omances
º? ?~tras o~ras dialogadas usa.se no começo das orações, pa1·a
div1d1r os ~1alogos. Deve ser sempre separada por espaço p~­
queno, conforme o typo em que se empregar, tendo attt!nça.o
com a rebarba das lettras, porque, se preceder _um O, O, ou
G como a parte concava da lettra fica junta á risca, deve s~r
esta separada por um espaço maior do que se fosse um E, M, ·
P. etc.; P. RP. nrerPder um Y: X~ 011 oi_1tr!! lettra. q lle tenha re•
barba grande; deve o espaço que a separa ser muito menor,
MANUA.J DO TYPOGRAPHO
63

-
lia tambQm i·\acas de um fio, rle meio qttadratim o.penas, as-
sim como riscas de dois fios, de um quadratim, que fit?uram
nns operações ruathematieu.s como o signtl.l de egual (= )·
Prt'tagraplw (§).-Este signal é em1n·cgado de prefercucia
para a divisão dos artigos, tHl$ diyersns leis e regulnmPntos.
\ Precede sern1we a unmeração <lc ordem d'easas snb-divisocs, a
' qunl usunliueute é cw numeros 01·Ui11:irioa Rcompanhados de
1.un o elevado (exemplo:-§ 1.0 , ~~.º,etc.). Nas obras scient.i ..
ficas costmnu cmpr<•gat-se seguido de uumern<;.ão romana .
.Algtnnas VP.ZCB eolloca-ae ao meio da linha, rnas o mah; re-
gul:ir é ser posto "" principi'-' do pe1 iodo a '1"º respeita. A p:•- •
lttvi·~\ pa1'agraplw designa. tambom, por extensão, um período.
l ]la ainda o ver_foulo (~), º. re.sprmso ( ~), e a cruz ( t ), que
se cwpregfün uos livros hturg1cos; e a mao (J'-~), qnc servia.
LrU. cbnma.r a attcnção do leitor para. qualquer nota ou obM
crvaç:lo rlo livi·o, mas q 1:e hoje é sigun.l quasi desusado.
Apprendizes. -A apprt>ndizagêm dura quatro anuos; e só
eve ab1·eviar-sc qua.udo o apprendiz, antes d,esse csp.uro de
'mpo, se mvsh·e com a nocess1t.ri11. aptidão~ intelligeucia'para
t.ra.b1dho. Começa a ser remunerado quando o seu trabalho
1rincipia tt tonin1·-ae uproveitll.V'Cl ao eat~1.bclccimento.
Ant.iga.mente ern. cou'fin.clo aos appreuclizes todo o trnhu.lho
J~ limpeza. e nsseio da.a oflicinas de composição. Parecc·1·ia tal-
?ez mouot ono e até improprio este uso; mas, se se considern.sse
ue este habito os co1:1tumavn. a serem nsscn<los e cuidn.doE>os,
:-'et:.1 to não r~--.pugnaria elle aos paes ou tutoros que dedicn.s-
.. ~em uma crcanç.n i vida. typographica., pois habilitn.va o ap-
n "lren<liz a mell111 colh~r o fructo d<L bmt educuç~o a.rtistica.
· A cumpm>ic;P.O e :\ distribuicào do p(lstel, que tão repugnante
('. lbes autolha., ('nsina-os pouco ~1 pouco a con heeerem á pri-
ueira vi:st,a. m. corp68 ~l que vertencem ílB lcttrn. > que devem
cparar; ttunb1•u1 por esse meio apprcudcm a distinguir as let-
' 1'~$ de nm rnesmo corpo q ne tenham ollio clifferente.
Emqmtnto o t•fwisor lê us pro\?ns, coi;t umn. um apprendiz to-
11ar-lhe eont.a no ori~inal, purn. se ir familiarizando pouco a
I 1ouco com o In~u1ui::sc1·1pto.
·. Seria muito couvcnieute l1uo os dfrect,ores das officinas ty·
• •• tJgraphicas E-;njeitassein os ~ppren<lizes a um nrévio cx1une,
1
cm vez <le lhe . . <l:u·cm ~111eiu\s a ler um ma.nuscripto qn:11quer.
Evitnv11-se nssim (\ qne, por. . yergoulrn.
. a ,.
nossu. , est.ó. Bnc-cedendO':
- uwcr typogr.tp l10:-; que :-;ao umcamente machimrs P. compor.
l
Quen!r que 61 u.rtc typograpbica <·onst.itua. para. os Hp1weudizes
ui.nl\ escola de instrncçào primaria, é simplesmente "absurdo.
FlM
Caaâ l'!di\ior nr JNSTRUC\f •• • '
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PDRT!JGUEZE~~RllllE lAO_ lau.AnA A.T l
DAVID OORA2.Z!
BiBLlOTHEOA DO P OVO E DAS ESOOLA
COLLABORADA POR ESCIDPTORES PORTUGUEZES E BRAZILl!:ffiOg
Sob a direoção litteraria ele Xavier d.a Cunha
Premiada com a medalha de oiro da Sociedade lliambattista Vico. de Napoles
Alguns dos stguinttt livros já foram

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RÉ r s fSPPNW~dos ~lo Governo para uso dtu. aulaa
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nosso paiz.
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r 0 . • VOLUMEI 'UBLICADOlr
1.• Ser~e : ~· L H1stona de Porlugal. ~· GeoJraphia ~arai. 3. Mythologia. 4. Inl
ção ás sc1encJas physrno-natnraes. 5. Anthmet1ca práchca. 6. Zoologia. 7. Choro{!
ae PorturaJ. 8. Pbysica elementar. 2.'· Serie: N. 9. Botaoica. !O. Astronomia P11
H. Desenno fincar. U. Economia p-0litica. !3. Agricultura. f4. Algcbra. {5. Mamn1
f6. Hygieoe. 3.ª Serie: N. 0 H. Principias geraes de Chimica. fS. Noções geraes do
pmdencia. i9. Manual do fabricante de vernizes. 20. Telegraphia elecLrica. !~. Geo
jllana. 22. A ~rra a os mares. 23. Acostica. 24.. Gymnastica. 4.ª Serie: N. 0 !5. ~s cQ
l()rtoguezas. !6. Noções de Mnsica. !7. Chimlca inorganica. 28. Centuria do ~em
f .nintaas. !9. llineratogia. 30. O lfarquez de Pombal. 3i. Geologia. 3!. Cod1go e
li ;j ~. 6.ª Serie:~- 0 33. Historia natural das aves. 34 .•\feteorologia. 33. Chorogr.
Brazil. 36. O honaem na serie ammaJ. 37. Taclica e arenas de guerra. 38. Direito
39. Ch m:ca organiea. 40. Grammatica portuJ{aeza. 6.ª Serie: N. 0 4f. Escriptura~
mer..,?al. 42. Anatomia humana. '3. Geometna ao espaço. 44. Hygiene da ahmont
PhHosophia popular em proverbios. 46. Historia universal. 47. Biologia. 48. Gravi
Serte:N. ª49. Pbysiolofia hnmana. 50.Cbrooologia. 5t. Calor. 52. O mar. 53. Bygie
bit.ação. 54. Optica. 55. s raças historieas oa Lnsllania. 56. Medicina domestica. 8.ª
N. 57. Esgrima. 58. Wstoria aoLip. 59~ R_eptis. e batraehios. 60. Natação. 6t.I Eletr
0

'JJ. Fabalas e ap<:1logos. 63. Pbilosophia. 64. Grammat1ca Cranceza. 9. ªSerie: N'
loria. da Botanica em Portugal. 66. Meebanica. 67. Moral. 68. Práctica de Escripltl''.l.
O 0füro do N..tal. 70. Hi-toria natural dos peixes. 74.. Magnetismo. 72. O vidro 111.ª
N. 73. O cod1go fanrlameotal da nação portogueza. 74. Machinas de vapor. 75. His
Edade-~I.;.iJa. ,6. lnve"'°tebrados. 71. A arte no lheatro. 78. PJ1otograph1a. 79. Mt'tr
fraoc<'.!z. SO. Manual do fogueiro machioisia. 11.•Serie: N. 0 8t. Pedagogia. 82. Aarl
83. Afanual do carpinteiro. 84. O ehofera e seus inimigos. 85. Bydrostatfoa. 86. Pi6
ra. 87, Direito publico internacional. 88. Lisboa e o cbolcra. 12.ª Serie: N. 0 89.
nataral dos articnlados. 90. Historia marit1ma. 9t. Top<:1graphia. 92. Historia mode1
~chologia. 94. O Brazil nos tempos coloniaes. 9~. Hyg1ene do vestuario. 96. Ge
Jescripliva. 18. •Serie: N. 0 97. AGuerra dalndependencia. 98. leitura e recitação.
liticação. {00. O navio. to!. Historia contemporanea. 4.00. Armaria. f03. Coisas ;1i
za.s. mi. Vitirultura. 14.ª Serie: N. 0 f05. Sociedades cooperativas. t06. Portugal rr
rico. f07. Equitação. t08. Direito internacional marítimo. to9. Zooteehnia. HO. Met:
Ut. Manual do ferrador. f t2. Restauração de quadros e gravuras. 16. ªSerie:,
~hit~ctura. iU. Os insectos. U5. Viagens e descobrimentos maritimos. H6. Arte
tu:.a. H7. Vinhedos e Vinhos. H8. Grrunmalica iogleza. U9. Silvicultora. 420. His
lhe:tro .em Portugal. 16. • Serie: N. 0 t::H. Romanceiro portognez. i22. A lui el ectri·
O. nra11l Independen!e. t24. Grystaes. !25. Plantas aleis dos campos de Portugal.
mm~os-tlNe-ferro. !27. O exterior do cavallo. !28. O macho e a femea no reino aninf
Ser~e: 1 • i29. Desenho
0
e Pintura. i3-0. As ilhas adjacentes. i34.. Hi$toria da Grec
Arch,iteclu~ SaNcra. N.0 !33. Viagens e descobrimentos terrestres. N. 0 {34. Asr~
Phow phica. ·º !35. Ch-ílidade. :"t. 0 f36. A unidade na Natureia. 18.ª Serie:
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Qnem prl!tender ass~~?Jlar para estas _publicações, ou comprar qualquer volume
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panhadas da 'soa importancia 9m estampilt-ias, vaJes, ordens, ou reftras de fa.eíl cobran
Cada serie de 8 volnmea carlooada t'm pcrcalioa, 500 r~is; capa separada, para ca
cada serie, i~"'-

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