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INSTITUTO DE FÍSICA DA UFBA

DEPARTAMENTO DE FÍSICA DO ESTADO SÓLIDO


DISCIPLINA: FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL III (FIS 123)

LEI DE COULOMB E CAMPO ELÉTRICO

1. INTRODUÇÃO
O estudo da eletricidade e do magnetismo remonta aos gregos antigos e tomou grande impulso no
século XVIII, com as contribuições de Franklin, Priestley, Mitchell e Coulomb entre outros. No início do século
XIX, Oersted descobriu que os fenômenos elétricos e magnéticos eram da mesma natureza, ao perceber que
a agulha de um imã era perturbada quando colocada nas proximidades de um fio percorrido por uma corrente.
Já nos meados desse século, Maxwell conseguiu formalizar as leis do eletromagnetismo em quatro equações,
cuja importância é a mesma que as leis de Newton estão para a mecânica. Com essas equações se previu a
existência das ondas eletromagnéticas bem como se pode determinar a natureza ondulatório-eletromagnética
da luz. Dessa forma, a ótica, que era considerada como uma matéria à parte, passou também a se integrar no
escopo de estudo da teoria eletromagnética.
Não vamos neste curso nos alongar na parte inicial da eletrostática, uma vez que isso já foi objeto de
estudo durante o curso de segundo grau. Consideramos como sabidos fatos como a existência de cargas
elétricas positivas e negativas, eletrificação por indução, atração e repulsão de cargas, a unidade de carga no
Sistema Internacional (𝑆𝐼) como sendo o Coulomb (𝐶 ), etc. Iremos, entretanto, reafirmar dois princípios
básicos do eletromagnetismo:

a. Princípio da conservação de cargas: a carga total (que é a soma algébrica de todas as cargas, sejam
elas positivas ou negativas) deve ser conservada. Assim, em um processo de eletrificação de corpos,
as cargas são transferidas de um corpo ao outro, ao invés de serem criadas ou destruídas. Esse
processo torna-se ligeiramente diferente quando da aniquilação de um elétron com um pósitron,
gerando radiação gama. Observe que a carga total permanece nula em todo o processo.
b. Princípio de quantização de carga. Esse princípio afirma que toda a carga é múltiplo inteiro de uma
carga elementar e, que é, em módulo, igual à carga do elétron. Não existe, de forma estável, um corpo

cujo valor da carga seja menor que 𝑒 e nem um múltiplo não inteiro desse valor. O valor de 𝑒 vale

1,602 × 10−19 𝐶 .

Uma vez estabelecidas estas premissas, iremos então iniciar nosso estudo com:

1
2. A LEI DE COULOMB
Suponha duas cargas 𝑞𝑖 e 𝑞𝑗 puntiformes isoladas de qualquer outra distribuição de cargas e campos
eletromagnético ou gravitacional. Segundo Coulomb a força que cada carga sofre é diretamente proporcional
ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separam. Assim podemos
escrever, por exemplo, que a força sobre a carga 𝑞𝑗 exercida pela carga 𝑞𝑖 será:
𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗
𝐹𝑗𝑖 =
𝑟𝑗𝑖2
Analogamente a força sobre 𝑞𝑖 exercida por 𝑞𝑗 será:
𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗
𝐹𝑖𝑗 =
𝑟𝑖𝑗2
onde 𝑟𝑖𝑗 = 𝑟𝑗𝑖 é a distância que separa as cargas. Se as cargas tiverem sinais opostos, a força será atrativa e

se os sinais forem iguais, a força será repulsiva. A constante de proporcionalidade 𝐾 depende do meio onde
estão inseridas as cargas e seu valor dependo do sistema de unidades. Assim, se o meio é vácuo e o sistema
1
de unidades é o 𝑆𝐼 , teremos K , onde 𝜀𝑜 = 8,85 × 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚 2 é a constante permissividade
4  o
elétrica do vácuo. No sistema 𝐶𝐺𝑆 o valor de 𝐾 é simplesmente igual a 1.
A motivação para a busca da lei do inverso do quadrado da distância veio da lei da gravitação e das
experiências de Priestley onde se mostrava que uma carga no interior de um condutor oco carregado não sofre
nenhuma força, qualquer que seja o valor da carga de prova ou do condutor. Como veremos no capítulo
referente ao campo elétrico, esse comportamento só pode ser explicado se a lei do inverso do quadrado for
aplicada. De fato, Coulomb, realizando medidas com balança de torção, pode comprovar essa hipótese.
Como sabemos, a força tem natureza vetorial e como tal deve ser assim
expressa. Além disso, devemos buscar uma expressão de caráter vetorial que
descreva também os fenômenos de atração ou repulsão entre as cargas. Para
isso, suponha duas cargas 𝑞𝑖 e 𝑞𝑗 isoladas. A posição da carga 𝑞𝑖 é descrita

pelo vetor 𝑟⃗𝑖 , enquanto que aposição de 𝑞𝑗 é descrita pelo vetor 𝑟⃗𝑗 .
Observe que a distância entre as cargas é dada por
𝑟𝑖𝑗 = |𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗 | = 𝑟𝑗𝑖 = |𝑟⃗𝑗 − 𝑟⃗𝑖 |.
O vetor unitário que tem a direção da reta que une as cargas e aponta no sentido da carga 𝑞𝑗 para a

carga 𝑞𝑖 é dada por:


𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗
𝑟̂𝑖𝑗 =
|𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗 |
Desta forma, a força sobre a carga 𝑞𝑖 exercida por 𝑞𝑗 é dada por:

2
𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗 (𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗 ) 𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗
𝐹⃗𝑖𝑗 = 3 → 𝐹⃗𝑖𝑗 = 𝑟̂𝑖𝑗
|𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗 | 𝑟𝑖𝑗2

Analogamente a força exercida sobre a carga 𝑞𝑗 exercida por 𝑞𝑖 é dada por::

𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗 (𝑟⃗𝑗 − 𝑟⃗𝑖 ) 𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗


𝐹⃗𝑗𝑖 = → 𝐹⃗𝑗𝑖 = 𝑟̂
|𝑟⃗𝑖 − 𝑟⃗𝑗 |
3
𝑟𝑗𝑖2 𝑗𝑖

Podemos ver facilmente destas expressões que 𝐹⃗𝑖𝑗 = −𝐹⃗𝑗𝑖 , o que nada mais é que a lei de ação e
reação de Newton.
Por fim, vamos estabelecer o princípio da superposição. Seja uma distribuição discreta de 𝑁 cargas
𝑞1 , 𝑞2 , 𝑞3 ,.. 𝑞𝑁 , onde a localização de cada uma é descrita pelo vetor posição 𝑟⃗1 , 𝑟⃗2 , 𝑟⃗3 ... 𝑟⃗𝑁 respectivamente.
Segundo o princípio da superposição, a força sobre a carga 𝑞𝑖 , exercidas pelas demais cargas do sistema,
será a soma vetorial que cada uma destas cargas exerce sobre 𝑞𝑖 . Desta forma, a força sobre essa carga pode
ser escrita como:
𝐾𝑞𝑖 𝑞1 𝐾𝑞𝑖 𝑞2 𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑁
𝐹⃗𝑖 = 𝐹⃗𝑖1 + 𝐹⃗𝑖2 … + 𝐹⃗𝑖𝑁 = 2 𝑟̂𝑖1 + 2 𝑟̂𝑖2 … + 2 𝑟̂𝑖𝑁
𝑟𝑖1 𝑟𝑖2 𝑟𝑖𝑁
Observe que esta expressão pode ser escrita como:
𝑁
𝐾𝑞𝑖 𝑞𝑗
𝐹⃗𝑖 = ∑ 𝑟̂𝑖𝑗
𝑟𝑖𝑗2
𝑗=1
𝑗≠𝑖

Nesta expressão a carga 𝑞𝑖 é uma constante, de modo que a podemos colocar fora do símbolo de
somatória, ou seja:
𝑁
𝐾𝑞𝑗
𝐹⃗𝑖 = 𝑞𝑖 ∑ 𝑟̂ = 𝑞𝑖 𝐸⃗⃗𝑖
𝑟𝑖𝑗2 𝑖𝑗
𝑗=1
𝑗≠𝑖

Note que escrevemos a expressão dentro da somatória como sendo um vetor designado pelo símbolo

𝐸⃗⃗𝑖 . Na verdade, este vetor representa o campo elétrico provocado pela distribuição de cargas no ponto onde
se localiza a carga 𝑞𝑖 . Contudo, deixaremos a discussão deste ponto para o próximo item.

3. O CAMPO ELÉTRICO
Quando ouvimos falar em campo de futebol, campo de golfe, campo de aviação etc. logo se tem em
mente uma determinada região do espaço com determinadas propriedades específicas. Todos conhecemos
as características desses campos, de forma que a uma região do espaço com duas traves, riscas
demarcatórias com determinadas dimensões, etc., associamos a um campo de futebol. Se noutra região tem
uma pista plana de centenas ou milhares de metros de comprimento, sabemos que se trata de um campo de
aviação. Assim, se conhecemos as propriedades ou características de uma determinada região do espaço,
podemos associá-lo a um campo bem determinado.

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Com o campo elétrico acontece o mesmo. Suponha que coloquemos numa região do espaço uma
carga (ou uma distribuição de cargas) denominada de carga fonte. Esta fonte irá perturbar todo o espaço de
tal maneira que se colocarmos uma outra carga, chamada de carga de prova, esta irá sofrer uma força que
não existiria se não houvesse a carga fonte. Assim, mesmo que não tivéssemos a carga de prova, é razoável
supor que as propriedades deste espaço foram alteradas. É claro que só podemos detectar essa alteração
com o auxílio da carga de prova, mas o que queremos afirmar é que essa perturbação independe da existência
da carga de prova.
Para observarmos que tipo de propriedades é essa, voltemos à nossa carga de prova 𝑞𝑜 e observemos
que tipo de perturbação ela sofre. Se existe um campo elétrico não nulo nessa região, essa carga sofrerá uma
força de módulo, direção e sentido bem determinados. Em outras palavras, queremos ressaltar que essa
perturbação tem caráter vetorial, pois ao colocarmos uma grandeza escalar (a carga elétrica) em qualquer
ponto desse campo, atuará sobre ela uma grandeza vetorial, que é a força elétrica.
Uma outra característica é que se duplicarmos ou triplicarmos o valor da carga de prova, a força
duplicará ou triplicará em módulo, mas manterá a mesma direção e sentido. Se mudarmos apenas o sinal da
carga, a força mudará apenas de sentido, mantendo seu módulo e direção. Entretanto, qualquer que seja o
valor da carga de prova, a razão entre a força e a carga nos dará sempre um único valor. Se repetirmos essa
operação em outro ponto do espaço, obteremos também um único valor para essa razão, mas cujo valor em
geral é diferente daquele obtido no primeiro ponto. Para todos os pontos do espaço essa característica se
repete, de modo que podemos afirmar que essa grandeza é uma função de ponto.
Uma vez feitas essas considerações, podemos definir como vetor campo elétrico a razão entre a força
que atua sobre uma carga de prova sobre o valor dessa carga, ou seja:
𝐹⃗
𝐸⃗⃗ =
𝑞𝑜
Contudo, existem algumas observações de ordem metodológica quanto à definição de campo acima
expressa, quando se supõe a presença da carga de prova nessa definição. O campo elétrico foi criado por
outras cargas e, mesmo que a carga de prova não estivesse presente, o campo existiria. Entretanto, a menos
que essas cargas estivessem fixas, ao introduzir a carga de prova no espaço, haverá uma alteração nas
posições das demais cargas devido à força exercida por 𝑞𝑜 sobre elas e, consequentemente, haverá alteração
no campo original. Para superar esse impasse, seria desejável fazer com que o valor dessa carga tenda a zero,
de modo que sua influência sobre a distribuição seja desprezível. Contudo, devido ao princípio de quantização
das cargas, esse limite não é possível, já que o menor valor que se pode ter para a carga é justamente a carga
e do elétron. Desta forma, poderíamos definir o campo como sendo:
𝐹⃗
𝐸⃗⃗ = lim ( )
𝑞𝑜 →𝑒 𝑞𝑜

Assim, com essa definição, o problema para os casos macroscópicos estará resolvido, uma vez que a
perturbação introduzida pela carga do elétron é desprezível diante de outras cargas. Contudo, para os casos

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microscópicos essa definição não é mais conveniente uma vez que na escala atômica o campo gerado pela
carga do elétron já não pode ser considerado desprezível.
Para se evitar essas ambiguidades, aliado ao fato de que admitimos a existência do campo mesmo
sem a carga de prova, muitos autores preferem ignorar a existência desta carga na definição do campo. Assim,
o campo criado por uma carga puntiforme qj em um ponto P é definido
simplesmente como:
𝐾𝑞𝑗
𝐸⃗⃗ (𝑟) = 𝑟̂𝑗
𝑟𝑗2
onde 𝑟𝑗 é a distância da carga 𝑞𝑗 ao ponto 𝑃 e 𝑟̂𝑗 é um vetor unitário,

cuja direção é o da reta que une 𝑞𝑗 a 𝑃 e sentido divergente à carga

(isto é, aponta no sentido de 𝑞𝑗 a 𝑃 )

Definido desta forma, o campo será determinado inequivocamente, seja em escala macroscópica ou
microscópica. Naturalmente, se uma carga de prova for introduzida no espaço, uma nova configuração de
cargas surgirá e será necessário recalcular o valor do campo. Não há outro jeito! Contudo, em nosso curso
não iremos nos deter diante disso, pois iremos estudar apenas casos em que envolvam cargas fixas ou casos
onde as cargas sejam muito maiores do que a carga elementar 𝑒.
Uma última questão se refere à necessidade de se definir o campo. Uma primeira “vantagem” é que
se conhecemos o campo em um certo ponto e em suas redondezas iremos conhecer o comportamento de
qualquer carga que seja colocada nessa região, independentemente de seu valor ou sinal. Se o campo é
conhecido em todo o espaço, o comportamento de qualquer carga será conhecido em todo o espaço também.
Para isso basta multiplicar o valor da carga em questão pelo valor do campo e teremos a força - e, portanto, a
equação de movimento – e o estado físico do sistema será conhecido.
A introdução do campo serve também para se evitar o conceito da ação à distância. O formalismo
apresentado pela lei de Coulomb contempla apenas a interação entre as cargas e apenas nos pontos onde
elas se localizam. Ademais não contempla a importante questão de como a informação é transmitida,
pressupondo inclusive que a troca de informação é realizada instantaneamente. Ora, sabemos que, ao
contrário disso, qualquer informação é transmitida com velocidade finita e a troca de informações entre as
cargas se dá a velocidade da luz. Assim, se uma carga se move bruscamente, o efeito desse movimento em
outras cargas não é sentido instantaneamente, mas sim só se dará depois de decorridos alguns instantes, ou
seja, após o tempo em que essa informação é transmitida e recebida por outras cargas. O agente que realiza
essa tarefa é o campo elétrico. Dessa forma, podemos considerar que a
força exercida sobre uma carga como sendo a força exercida pelo campo,
ao invés de considerá-las exercida diretamente pelas outras cargas.
Para o cálculo do campo produzido por mais de uma carga
puntiforme, isto é, por uma distribuição discreta de 𝑁 cargas 𝑞1 , 𝑞2 , ... 𝑞𝑁 ,
usamos o princípio da superposição e obtemos:

5
𝑁
𝐾𝑞𝑗
𝐸⃗⃗ = ∑ 𝑟̂
𝑟𝑗2 𝑗
𝑗=1

O campo elétrico para uma distribuição contínua de cargas é também determinado a partir do princípio
de superposição. Suponha que 𝑄 seja a carga de um objeto e que 𝑑𝑞 seja a carga contida no interior de um
volume infinitesimal 𝑑𝑉 localizado no interior deste objeto. O campo
elétrico produzido por este elemento de carga em um ponto 𝑃 , localizado
a uma distância r do elemento, será:
𝐾 𝑑𝑞
𝑑𝐸⃗⃗ = 𝑟̂
𝑟2
Desta forma, o campo produzido pela carga total 𝑄 será a soma
(integral) vetorial destes campos infinitesimais, isto é:
𝐾 𝑑𝑞
𝐸⃗⃗ = ∫ 𝑑𝐸⃗⃗ = ∫ 𝑟̂
𝑟2

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