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ESCOLA

Foucault – Verdade, Poder e Sexualidade

Disciplina: Filosofia

João Monlevade
2018
 Verdade e Poder

Para ele as pessoas não devem se apegar aos conceitos usados no presente como verdades absolutas,
pois estes não podem ser aplicados de maneira útil a qualquer ponto na linha temporal. Compunha-se
assim a justificativa base para a tese de que a verdade é mutável e altera-se de acordo com as
circunstâncias, tais como o espaço e o tempo; ela é gerada por um fenômeno denominado poder.
Foucault considera o poder algo que além de opressor também é criador de saberes e verdades, e
onipresente no sujeito; é a imposição de uma vontade sobre terceiros, que não caracteriza uma posse,
mas uma prática social interpessoal. E o que se segue a isso é a criação da verdade, apresentando as
particularidades do meio social onde se originou.

 Foucault e a verdade

Como dito pelo filósofo francês, não é possível haver verdade sem poder, pois ambos são conceitos
intrínsecos. O poder é aquele que gera o saber, o conjunto de conhecimentos e crenças que caracteriza a
verdade; entre eles há uma relação de dependência, causa e consequência, gerador e gerado. Essa é a
primeira noção que se deve ter para estudar o tema, a segunda é que para Foucault não é plausível a
busca por uma verdade essencial. Ele, para fundamentar sua tese, realizou um estudo que pode ser
explicado em duas partes.

A primeira é o Processo Arqueológico, uma técnica historiográfica que consistiu em investigar e


examinar o modo de pensar e agir de diferentes grupos e sociedades de épocas diferentes, assim como
as regras de conduta que os regiam. Através desse método Foucault distinguiu sistemas de pensamento
e a partir deles concluiu que o conceito de verdade é mutável, ele varia de acordo com o tempo e o
espaço, a cultura e as crenças vigentes.

Segue-se à isso, então, a Tática Genealógica, que nada mais é que analisar e interpretar as
transformações ocorridas nesses sistemas em diferentes períodos, com a finalidade de entender os
mecanismos de formação da verdade em face das relações de poder. Para Foucault, conhecer a origem
dessas mudanças de pensamento e comportamento era a chave para libertar os saberes -a verdade- da
servidão e subjugação do poder, imposto à eles ao longo da história.

De modo sucinto, o que Foucault descobriu foi que a verdade é formada de acordo com o meio social
de cada grupo, em outras palavras o que é verdadeiro para alguns pode ser falso ou ser interpretado de
maneira diferente para e por outros. Um exemplo claro disso é a Constituição norte-americana, que
permite que cada estado tenha relativa liberdade sobre suas leis, o que faz com que, por exemplo, um
crime tenha diferentes punições dependendo do estado onde é cometido.

Em síntese, a verdade é produzida e influenciada pelo poder, assim como também sofre alteração
dependendo do tempo e espaço.

 Foucault e o poder

A sociologia comumente define poder como a habilidade de impor uma vontade sobre os outros,
mesmo que enfrente resistência no decurso, e em oposição à isso Foucault apresenta abordagem
diferente. Ao romper com as concepções clássicas do termo, ele afirma a existência das relações de
poder e seus mecanismos através dos quais o indivíduo é coagido, disciplinado e controlado. O filósofo
ainda declara que se de um lado o poder é o criador de verdades, de outro é dependente do saber, já que
o conhecimento é uma fonte direta de dominação. Sendo assim, não há poder sem saber, nem verdade
sem poder.

Mais minuciosamente, o poder para Foucault não era um objeto natural, ou seja, uma posse das
pessoas, mas sim uma prática social, um conjunto de relações interpessoais, desde as camadas mais
elevada da sociedade até as mais baixas. De modo a desenvolver melhor seu pensamento, ele criou a
Microfísica do Poder, surgida a partir da ideia de que o poder está em constante movimento, ou seja,
é formado por uma malha de instituições e relações; e não se restringe apenas ao governo, mas pelo
contrário está distribuído pela sociedade.

Para chegar a tal ponto, Foucault analisou o controle que a antiga burguesia exercia sobre o tempo e o
espaço e, por consequência, sobre o indivíduo. Não havia a presença de violência no processo, e sim
uma espécie de “amestração” do corpo e da mente da pessoa, e em decorrência disso seu
comportamento também se alterava. A esse fenômeno ele atribuiu o nome de poder disciplinar.

Em resumo, o poder não é repressor, como geralmente se crê, mas sim o produtor de saber e gerador e
molde da verdade. Agora, passa a ser encargo da genealogia do saber entender como o poder produz o
saber.

 Consequências do seu pensamento para a Pós-modernidade

Tendo sido Foucault um dos filósofos que se aventuraram em expressar as perplexidades do período de
incisivas mudanças na sociedade, o qual se convencionou chamar de pós-modernidade, é possível
identificar traços de seu pensamento no mundo pós-moderno tal como correlatar suas ideias com a nova
realidade.
Em primeiro lugar, sua teoria de que o saber constrói o poder e que este determina a verdade está
expressa no enfraquecimento dos grandes sistemas, tais como o liberalismo e marxismo, que nas
últimas décadas do século XX perderam seus adeptos. Essas visões de mundo eram detentoras de
conhecimento, saber, e, por isso possuíam poder de influência, o qual era usado para produzir a verdade
aceita pelas pessoas. Ao serem desacreditadas, terem sua ilustração questionada, seu poder desvaneceu
e não mais foram capazes de impor fortemente suas convicções como absolutas. E é exatamente nesse
ponto que a teoria do poder de Foucault converge com a pós-modernidade, enquanto as visões de
mundo totalizantes chegam ao fim o poder também fragmenta-se em micropoderes.

Outro ponto importante sobre esse tema é a tese da relatividade da verdade; ela muda de acordo com o
tempo e espaço e jamais será soberana. A pós-modernidade como um todo e por si só já é o maior
exemplo disso. Com o descrédito da herança das Luzes, a negação de qualquer fundação, da filosofia
como construtora da verdade, da existência de uma verdade global e a crise da ideia de certeza, tudo o
que se considerava verdadeiro antes perdeu a validade; criou-se uma nova realidade.

Agora, abrindo uma aspa para conferir uma abrangência maior ao assunto, encontra-se uma das
maiores e mais despretensiosas consequências de seu pensamento para o mundo pós-moderno: o
Panóptico, uma forma de exercer poder sem que seus executores sejam identificados, cria-se então um
controle psicológico.

Foucault baseou-se no pensamento de Jeremy Bentham, filósofo inglês que viveu entre os séculos
XVIII e XIX, para seus estudos e sintetiza a ideia em um exemplo; uma prisão possui uma torre central
que detém visibilidade para todas as celas, entretanto, os presos nunca sabem quando alguém os estará
vigiando ou não. Isso gera um certo medo e apreensão, o que altera a conduta do detento. Não apenas
nesse ambiente, o modelo também foi usado em escolas, hospícios, hospitais, entre outras localidades
que Foucault chamou de “instituições de sequestro”, pois domesticavam comportamentos divergentes.
Nos dias de hoje o Panópitco idealizado por Bentham cedeu espaço às câmeras, as quais se tornaram
relativamente mais acessíveis.

Diante disso percebe-se que os sistemas sociais atualmente são sistemas de gestão, e para Foucault
quem faz essa gestão dos jogos de poder hoje em dia é o Mercado; o poder econômico de uma nação é
que define o poder exercido por alguém.

E mais uma vez é visível a relação de poder e verdade. Fazendo uso do exemplo da prisão do
Panóptico, quem pratica o monitoramento exerce o poder, o qual domestica o detento e impõe a ele sua
verdade relativa, aquela que vigora naquele espaço confinado.
Logo, o conjunto poder e verdade de Foucault está presente em toda a sociedade pós-moderna,
permeando suas relações de poder e moldando seus corpos e discursos.

 Michel Foucault, um crítico da instituição escolar

Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu


critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira consequência desse
procedimento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem
não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Para ele, não há universalidade
nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das
circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que determinam o
curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo.

Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e humanas desde o


iluminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel de objeto, submetido à ação da
natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e modificá-lo. Mas o filósofo negou a possibilidade
dessa convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um
lugar para outro, dependendo de suas interações.

 Disciplina e modernidade

Foucault concluiu, no entanto, que a concepção do homem como objeto foi necessária na emergência e
manutenção da Idade Moderna, porque dá às instituições a possibilidade de modificar o corpo e a
mente. Entre essas instituições se inclui a educação. O conceito definidor da modernidade, segundo o
francês, é a disciplina - um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os
comportamentos divergentes. Portanto, ao mesmo tempo que o iluminismo consolidou um grande
número de instituições de assistência e proteção aos cidadãos - como família, hospitais, prisões e
escolas -, também inseriu nelas mecanismos que os controlam e os mantêm na iminência da punição.
Esses mecanismos formariam o que Foucault chamou de tecnologia política, com poderes de manejar
espaço, tempo e registro de informações - tendo como elemento unificador a hierarquia. "As sociedades
modernas não são disciplinadas, mas disciplinares: o que não significa que todos nós estejamos igual e
irremediavelmente presos às disciplinas", diz Veiga-Neto.

 Para pensar

É comum a educação ser encarada como um valor único, invariável e redentor. Mas Foucault a via
enredada em seu contexto cultural. Por isso, o ensino que em uma época é considerado a salvação do
ser humano, em outra pode ser visto como nocivo.
 Conclusão

O filósofo francês Michel Foucault centrou seus esforços intelectuais na análise de um fenômeno social
presente no mundo desde o advento da vida humana, o poder. Ele afirma que para ser o “proprietário”
do poder, aquele que o exerce plenamente, necessariamente tem-se que possuir o saber, ou seja, aquele
que detém conhecimento tem a habilidade e a capacidade de impor sua vontade e ideias sobre outros. O
poder advém de uma relação interpessoal, onde um dos lados é o influenciador e o outro, o
influenciado. Esse fenômeno igualmente é o responsável pela produção da verdade, visto que o poder é
o responsável por alterar o modo como as pessoas enxergam o mundo.

Agora, em visão da verdade, Foucault diz que ela jamais é absoluta, já que as visões de mundo
adotadas pelas pessoas são moldadas por regras e condições que se alteram com o tempo. E, por fim,
suas ideias caminham juntas tanto com a crise das fundações totalizantes e absolutas quanto nas
instituições sociais pós-modernas.

Sendo assim, um dos legados do renomado filósofo para o período da pós-modernidade é a relação
insolúvel de dependência entre saber, poder e verdade; um constrói e sustenta o outro.

Sexualidade em Foucault
Como a repressão sexual constitui a sexualidade do sujeito moderno? É correto dizer que o
poder, no que toca a questão sexual, tão somente interdita? Foucault questiona certas evidências
acerca da hipótese repressiva e analisa como certos regimes de produção de verdade estão
implicados no dispositivo da sexualidade.

Foucault apresenta algumas características comumente associadas à repressão sexual: condenação ao


desaparecimento, injunção ao silêncio, afirmação da inexistência de modo a fazer com que, do assunto
(sexual) reprimido, não haveria nada a dizer, ver ou saber. “Interdição, inexistência e mutismo”. A
repressão sexual desvelaria a típica hipocrisia burguesa, que apenas faz concessões às sexualidades
ilegítimas limitadas a espaços circunscritos. A própria repressão sexual está associada com o advento
da ordem da dominação burguesa.

O próprio fato de falar sobre sexo concederia deliberadamente certo estatuto de subversão às normas
por parte de quem enuncia, como se o sujeito que falasse sobre sexo pudesse se colocar para fora do
poder. É como se ao falar sobre a opressão sexual, se conjurasse automaticamente um discurso sobre a
libertação sexual. Almeja-se assim, através do próprio discurso que afirma que há repressão, uma
liberdade que se promete e se almeja, frente a esta realidade presumidamente excessivamente
castradora.

O que Foucault irá propor, contudo, é justamente questionar estas evidências sobre o que ele
denominou como “hipótese repressiva”. O autor irá apontar que o próprio fato de falar sobre sexo
enquanto forma de produção de uma verdade do indivíduo se configura como uma prática implicada
em relações de poder-saber, e não fora delas como a princípio a hipótese repressiva poderia supor.
“Ironia do dispositivo da sexualidade”, pontua. Isto porque, para Foucault, qualquer forma de revelação
da verdade não pode ser tomada como uma evidência de uma espécie de libertação do sujeito das
relações de poder. Ao contrário, a produção da verdade é entendida já implicada nestas relações.

Não se trata, neste processo, de apenas contrapor a hipótese repressiva e dizer então que o sexo não
seria reprimido. Foucault não nega que o sexo tenha sido reprimido. Não se trata para ele dizer que
tudo foi uma espécie de ilusão; o que o autor propõe de novo é questionar a centralidade da interdição
do sexo na constituição da sexualidade do sujeito moderno, compreendendo que o poder faz algo mais
do que apenas dizer “não”.

O que o autor de fato busca estudar é o funcionamento tão peculiar e mesmo paradoxal destes discursos
sobre o sexo, nos quais se afirmam simultaneamente reprimir o sexo para então criar a necessidade de
libertá-lo: ao “falar prolixamente do seu próprio silêncio” e “obstinar detalhar o que não se diz”. Neste
caminho, se objetiva perceber quais “caminhos o poder consegue chegar às mais tênues e individuais
das condutas”. Neste aspecto, Foucault cita o exemplo da confissão religiosa como uma forma de se
falar sobre o sexo de uma forma extremamente complexa: não evidentemente sem prudência, mas em
todos os seus aspectos, correlações e efeitos nas mais finas ramificações. Ao dizer que não há silencio
absoluto em relação ao sexo, Foucault pretende analisar como as “formas de não dizer” são
administradas: haveria uma organização não completamente aleatória da partilha de quem pode ou não
falar sobre sexo.

O autor aponta o funcionamento injuntivo da formulação de todo desejo enquanto discurso como típico
de nossa sociedade moderna. E desta vez, não se trataria tão somente de discursar sobre o sexo tendo
em vista sua moralidade (como nas práticas de confissão cristã), mas também em função de uma
racionalidade científica. Assim, sexo passou a não apenas ser passível de julgamento, mas também de
ser gerido ou administrado, de ser inserido num sistema que garanta sua utilidade ou bom
funcionamento. Sexo se torna uma questão de Estado em um sentido forte: é preciso governar o que se
entende por “população”; seus índices no que se referem à taxa de natalidade e fecundidade, por
exemplo, na medida em que são tidos como passíveis de serem geridos, tocam inevitavelmente às
práticas sexuais dos indivíduos.

O próprio discurso, como pontua Foucault, é produzido sob determinadas regras de controle de sua
aparição, organização e redistribuição. Isto porque o discurso guarda em si uma potencialidade ou um
caráter “perigoso”, como pontua Foucault, devido sua materialidade. Desta forma, se por um lado, em
História da Sexualidade 1, Foucault nos mostra como falar sobre sexo é menos revolucionário do que
se poderia a princípio achar, o discurso em si é regulado de modo a tolher alguns de seus efeitos
próprios, a fim de se garantir sentido, coerência, estabilidade e mesmo a própria verdade. Regulação
esta que chegaria a tal ponto a fazer Foucault afirmar a existência de uma logofobia típica de nossa
civilização. Estas práticas de regulação do discurso desvelam um profundo temor em relação ao que há
de mais incontrolável, desordenado, violento e descontínuo nas práticas discursivas.

Há, segundo o autor, certos mecanismos que atuam de forma externa ao próprio discurso, como os de
exclusão, que incluem a interdição em que o direito ao acesso a enunciação é restringindo e a
separação/rejeição, que se refere à palavra do louco que circula e é significada de formas distintas das
demais pessoas. Por fim, um terceiro mecanismo externo de exclusão é em relação à distinção
verdadeiro e falso que curiosamente, segundo o autor, é o menos debatido. Essa vontade de verdade é
conduzida pelo modo como o “saber é aplicado em uma sociedade, como é valorizado, distribuído,
repartido e de certo modo atribuído”.

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