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RESUMO: Trata-se o presente trabalho da análise da conduta

desidiosa do servidor público perante à administração pública nos


termos delimitados na Lei nº 8.112/90. A finalidade do estudo é analisar
o comportamento desidioso à luz da doutrina e jurisprudência.

Palavras-chave: Desídia. Servidor Público. Conduta. Penalidade.


Demissão.

INTRODUÇÃO

A Lei nº 8.112/1990 que disciplina o estatuto dos servidores


públicos federais, estabelece no art. 127, as penalidades disciplinares
a serem aplicadas ao servidor pelo descumprimento de seu dever legal,
quais sejam: advertência, suspensão, demissão, cassação de
aposentadoria ou de disponibilidade e destituição de cargo em
comissão ou função comissionada.

O artigo em questão abordará o entendimento doutrinário e


jurisprudencial quanto a aplicação da demissão frente ao ato desidioso
praticado pelo servidor público federal.

DESENVOLVIMENTO

A conduta desidiosa é uma infração disciplinar prevista no artigo


117, inciso XV, da Lei nº 8.112/90, capaz de ensejar a penalidade
máxima da demissão.

As hipóteses de demissão do servidor público estão


estabelecidas no rol taxativo dos incisos IX a XVI, do artigo 117, ou nos
artigos 133, 138 e 139 da Lei nº 8.112/1990, dentre elas encontra-se a
vedação de proceder de forma desidiosa consolidada no inciso XV, do
art. 117.

É válido destacar, que não há discricionariedade da autoridade


julgadora ao aplicar a penalidade disciplinar, uma vez que a Lei nº
8.112/90 vincula uma única pena para cada infração. Nesse sentido,
cita-se o Parecer – AGU nº CQ-183:

“7. Apurada a falta a que a Lei nº 8.112, de 1990, arts.


129, 130, 132, 134 e 135, comina a aplicação de
penalidade, esta medida passa a constituir dever
indeclinável, em decorrência do caráter de norma
imperativa de que se revestem esses dispositivos. Impõe-
se a apenação sem qualquer margem de
discricionariedade de que possa valer-se a autoridade
administrativa para omitir-se nesse mister. (...)

8. Esse poder é obrigatoriamente desempenhado pela


autoridade julgadora do processo disciplinar (...).”
“Parecer-Dasp. Desqualificação de penalidade. As
infrações disciplinares são específicas, não comportando
desqualificação da respectiva penalidade”.

Cabe ressaltar, que a infração disciplinar objeto do presente


estudo consiste na violação de um dos deveres funcionais do servidor
público. Desta forma, podemos citar a definição do Professor Mauro
Roberto Gomes de Mattos “em assim sendo, como infração disciplinar,
a desídia em sentido técnico, está interligada ao desleixo, à desatenção,
à intolerância com que o servidor executa as funções que lhe estão
afetas.”.

Ressalta ainda que deve o servidor ser zeloso quando do


exercício de seu munus público. Sendo certo que o dever de zelo é
aquele que une o servidor à Administração Pública, através do
conhecimento e do respeitos às normas regulamentares e demais atos
normativos, que são estabelecidos para manter o aperfeiçoamento da
execução do serviço.3

Cita-se, também, a lição de José Armando da Costa:

A objetividade jurídica tutelada pelo tipo é a


normalidade do serviço público vislumbrada sob o
particular aspecto da intensidade e eficiência das tarefas
públicas postas em prática pelo servidor.

Daí por que o elemento material da conduta


desidiosa do funcionário se funda na baixa produtividade
de suas atribuições e nos eventuais prejuízos causados
ao erário.

Para a caracterização da proibição disciplinar sub


lite não basta, porém, que se constate as conseqüências
materiais referidas acima, sendo, também, de rigor
que ela resulte de uma conduta voluntária reveladora
de negligência, imprudência e imperícia (descaso,
incúria, falta de zelo, etc) atribuída ao funcionário.

A desídia, no âmbito do Direito do Trabalho, prevista como falta


grave no art. 482, "e", da CLT, significa desleixo, preguiça, indolência,
negligência, omissão, descuido, incúria, desatenção, indiferença,
desinteresse, relaxamento, falta de exação no cumprimento do dever,
má vontade.

Nas lições de Valentin Carrion, a desídia “é falta culposa, e não


dolosa, ligada à negligência; costuma caracterizar-se pela prática ou
omissão de vários atos (comparecimento impontual, ausências,
produção imperfeita); excepcionalmente poderá estar configurada em
um só ato culposo muito grave; se doloso ou querido pertencerá a outra
das justas causas”.
Destaque-se, nessa linha, o entendimento do colendo Superior
Tribunal de Justiça – STJ quanto à configuração da conduta desidiosa,
conforme, se depreende de trechos dos votos dos acórdãos abaixo
colacionados, verbis:

“[...] a partir das conclusões da Comissão de Inquérito,


retromencionada, a autoridade coatora concluiu que o
Impetrante infringiu dispositivos previstos no art. 116, I, II,
III e art. 117, XV todos da Lei 8.112/90, configurando a

por nunca ter realizado cálculos do valor da obra em m2,


para verificar se os preços estavam compatíveis com o de
mercado, [...] Restou configurada a prova inafastável de que
o indiciado procedeu de forma desidiosa, omitindo-se
quanto a atos de fiscalização e de supervisão que
deveria praticar de ofício, sempre no prejuízo do erário
autárquico federal, incidindo na proibição do inciso XV do
art. 117 da Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990.”(MS
7071/DF, Rel. Ministro Gilson Dipp, Terceira Seção, DJ
31.03.2003, p. 144) – grifou-se.

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça no


julgamento do MS 12317/DF entendeu que a desídia, passível da
aplicação de pena disciplinar máxima de demissão, conforme os arts.
117, XV, e 132, XIII, da Lei 8.112/90, pressupõe não um ato único ou
isolado, mas uma forma de proceder desatenta, negligente,
desinteressada e reiterada do servidor público.

Nesse sentivo, consolida mais uma vez a lição de Mauro Roberto


Gomes de Mattos, senão vejamos:

“• Desídia em sentido técnico, está interligado ao


desleixo, à desatenção, à indolência com que o servidor
público executa as funções que lhes estão afetas.
• Não resta dúvida que a desídia decorre de um
comportamento rebelde do servidor público, voltado para
uma negligência intencional. Esta é a desídia habitual, onde
o servidor causa transtornos ao andamento dos serviços,
com prejuízos verificados pelo mau desempenho ou pela
má vontade.

Sucede que existe a desídia fortuita ou ocasional, a


que pode vir por um descuido do momento, por uma
desatenção não intencional, não constituindo, dessa
forma, motivo de punição para a dispensa de
empregado privado.

...............................................................................

• A razoabilidade exige que o poder público faça


essa avaliação para que os problemas psicológicos ou
de momento, não maculem o servidor que
eventualmente se tornou desidioso, por problemas
alheios à sua vontade.

• O fator intenção é de suma importância para o


enquadramento sub examem.”

Desta feita, cabe à administração em um juízo de razoabilidade e


proporcionalidade, analisar se efetivamente o servidor vem agindo,
como ação continuada, de forma desidiosa na realização de seu dever
functional.

Quanto ao princípio da proporcionalidade, cita-se o voto vencedor


proferido pelo Ministro GILMAR MENDES, do Supremo Tribunal
Federal, quando do julgamento da Intervenção Federal 2.915-5/SP, nos
seguintes termos, verbis:

“O princípio da proporcionalidade, também denominado


princípio do devido processo legal em sentido substantivo,
ou ainda, princípio da proibição do excesso, constitui uma
exigência positiva e material relacionada ao conteúdo de
atos restritivos de direitos fundamentais, de modo a
estabelecer um 'limite do limite' ou uma 'proibição de
excesso' na restrição de tais direitos. A máxima da
proporcionalidade, na expressão de Alexy, coincide
igualmente com o chamado núcleo essencial dos direitos
fundamentais concebidos de modo relativo – tal como o
defende o próprio Alexy. Nesse sentido, o princípio ou
máxima da proporcionalidade determina o limite último da
possibilidade de restrição legítima de determinado direito
fundamental.

A par dessa vinculação aos direitos fundamentais, o


princípio da proporcionalidade alcança as denominadas
colisões de bens, valores ou princípios constitucionais.
Nesse contexto, as exigências do princípio da
proporcionalidade representam um método geral para a
solução de conflitos entre princípios, isto é, um conflito entre
normas que, ao contrário do conflito entre regras, é
resolvido não pela revogação ou redução teleológica de
uma das normas conflitantes nem pela explicitação de
distinto campo de aplicação entre as normas, mas antes e
tão-somente pela ponderação do peso relativo de cada uma
das normas em tese aplicáveis e aptas a fundamentar
decisões em sentidos opostos. Nessa última hipótese,
aplica-se o princípio da proporcionalidade para estabelecer
ponderações entre distintos bens constitucionais.

Em síntese, a aplicação do princípio da


proporcionalidade se dá quando verificada restrição a
determinado direito fundamental ou um conflito entre
distintos princípios constitucionais de modo a exigir
que se estabeleça o peso relativo de cada um dos
direitos por meio da aplicação das máximas que
integram o mencionado princípio da proporcionalidade.
São três as máximas parciais do princípio da
proporcionalidade: a adequação, a necessidade e a
proporcionalidade em sentido estrito. Tal como já sustentei
em estudo sobre a proporcionalidade na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal (...), há de perquirir-se, na
aplicação do princípio da proporcionalidade, se em face do
conflito entre dois bens constitucionais contrapostos, o ato
impugnado afigura-se adequado (isto é, apto para produzir
o resultado desejado), necessário (isto é, insubstituível por
outro meio menos gravoso e igualmente eficaz) e
proporcional em sentido estrito (ou seja, se estabelece uma
relação ponderada entre o grau de restrição de um princípio
e o grau de realização do

princípio contraposto).

Registre-se, por oportuno, que o princípio da


proporcionalidade aplica-se a todas as espécies de atos dos
poderes públicos, de modo que vincula o legislador, a
administração e o judiciário. (DJ 28/11/2003, p. 11)”

Vale citar, por fim, o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça no mesmo sentido:

"A Administração Pública, quando se depara com


situações em que a conduta do investigado se amolda nas
hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria, não
dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos
gravosa por tratar-se de ato vinculado" (MS 15.517/DF, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe
18.2.2011). No mesmo sentido: MS 16.567/DF, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe
18.11.2011). No mesmo sentido: MS 15.951/DF, Rel.
Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJe 27.9.2011”
(STJ, MS 12.200/DF, 1ª Seção, DJe 03/04/2012).

- “3. Não está configurada afronta aos princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade, visto que, por força
do disposto no art. 132 da Lei 8.112/90 e dos fatos
apurados, à autoridade administrativa não cabia optar
discricionariamente por aplicar pena diversa da demissão.
Precedentes: MS 15.437/DF, Min. Castro Meira, DJe de
26/11/2010; MS 15.517/DF, 1ª Seção, Min. Benedito
Gonçalves, DJe de 18/02/2011”(STJ, MS 17.515/DF, 1ª
Seção, DJe 03/04/2012).

Desta forma, pela fundamentação acima exposta, registra-se que


o princípio da razoabilidade, sob a feição de proporcionalidade entre
meios e fins, deve sempre ser observada pela administração, em
especial quando se tem que aplicar a penalidade máxima da demissão.

A razoabilidade exige que o poder público faça essa avaliação e


diferenciação, para que os problemas psicológicos, físicos ou outros
momentâneos, não maculem a conduta do servidor que eventualmente
se tornou desidioso, por problemas alheios à sua vontade.3

Assim, se é dever da administração atuar nos limites da


razoabilidade e da proporcionalidade ao aplicar a desídia como causa
para demissão do servidor, cabe a este, em contrapartida, agir de forma
vinculada aos deveres estabelecidos pela Administração Pública.

CONCLUSÃO
Por todo o exposto, verifica-se que a conduta desidiosa assim
como prevista nas relações trabalhistas, também pode gerar a
demissão do servidor público federal, nos termos do inciso XV, do art.
117 c/c o art. 132, XIII, da Lei nº 8.112/90. No entanto, a juriprudência
do Superior Tribunal de Justiça entende que a desídia passível da
aplicação da penalidade máxima, pressupõe uma forma de procedere
desatenta, negligente, desinteressada e, principalmente, reiterada do
servidor público.

Trata-se, portanto, de um juízo de razoabilidade e


proporcionalidade da administração para analisar se efetivamente o
servidor vem agindo, como ação continuada, de forma desidiosa na
realização de seu dever functional.

REFERÊNCIAS:

1) CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do


trabalho. 19. Ed. São Paulo: Saraiva, 1995.

2) COSTA, José Armando. Direito Administrativo Disciplinar.


Brasília: Brasília Jurídica, 2004.

3) MATTOS, Mauro Roberto Gomes de. Tratado de Direito


Administrativo Disciplinar. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico
publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: CARVALHO, Renata Silva Pires de. A
conduta desidiosa na Administração Pública à luz da doutrina e da jurisprudência. Conteudo Juridico,
Brasilia-DF: 06 jun. 2014. Disponivel em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.48451&seo=1>. Acesso em: 14 jun. 2019.

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