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aula
14
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
Carlos Eduardo Bielschowsky
Ilustradora
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz Diagramadores
Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Coordenadora da Produção dos Materiais
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André Quintiliano Bezerra da Silva
Coordenador de Edição Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ary Sergio Braga Olinisky Thaísa Maria Simplício Lemos
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Ivana Lima Banco de Imagens Sedis
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Thalyta Mabel Nobre Barbosa
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Apresentação
O
uso de drogas é outro tema multidisciplinar para o qual a Psicologia pode contribuir
com uma leitura particular do problema. Nesta aula, vamos entender alguns dos
conceitos associados a esse tema e conhecer como as drogas chamadas psicoativas
atuam nos indivíduos. Vamos também analisar alguns fatores de risco para a juventude e
quais os modelos de prevenção que podem ser utilizados.
Objetivos
A
utilização de substâncias psicoativas é um fenômeno antigo na história da humanidade.
O uso em rituais culturais e religiosos sempre foi tolerado. Nas últimas décadas,
entretanto, em razão do aumento significativo do uso de drogas lícitas e ilícitas fora
desses rituais, transformou-se em um verdadeiro problema de saúde pública, criando a
necessidade de estudos epidemiológicos que subsidiassem o estabelecimento de políticas de
prevenção. Em 2004, o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID)
fez um extenso levantamento entre estudantes de escolas públicas do Ensino Fundamental e
Médio das 27 capitais brasileiras e observou que, de um total de mais de 48.000 estudantes,
cerca de 23% dos meninos e 21% das meninas já haviam utilizado algum tipo de droga
(excetuando-se álcool e tabaco) em algum momento de suas vidas, sendo que, destes, 12,7%
estavam na faixa etária de 10 a 12 anos de idade. Esses são, de fato, números preocupantes.
Sabemos que a palavra droga significa medicamento, ou seja, substância que quando
utilizada provoca modificações no comportamento ou na fisiologia do corpo. Psicotrópico
No citado estudo feito pelo CEBRID em 2004, as substâncias mais utilizadas pelos
estudantes foram, pela ordem, os solventes (15,5%), a maconha (5,9%) e os ansiolíticos
(4,1%). No entanto, quando se inclui o álcool, vamos observar taxas de 65%, um indicativo
de que essa é a droga mais preocupante, sobretudo porque, apesar de provocar evidentes
modificações no comportamento, ela é uma substância lícita, ou seja, tem o seu consumo
admitido e até estimulado pela sociedade. Apesar de sua ampla aceitação, o álcool pode
provocar o alcoolismo, principal causa de internação em hospitais psiquiátricos no Brasil.
À medida que a pessoa vai consumindo drogas, o seu organismo começa a sofrer
modificações que podem fazer com que ela tenha necessidade de voltar a consumi-
las. Antigamente, o termo para isso era vício, sendo tachado de viciado aquele que não
conseguia deixar de utilizar uma determinada droga. Aquele que usava, mas conseguia
deixar, tinha apenas um hábito. Hábito e vício eram dois termos usados para designar o grau
de envolvimento do indivíduo com a droga.
Atualmente, entende-se que em qualquer uma das duas circunstâncias o indivíduo tem
um transtorno de dependência. A dependência é o impulso que leva a pessoa a usar uma
droga, mesmo tendo, com esse uso, problemas fisiológicos, comportamentais ou cognitivos
significativos. A dependência pode ser psicológica, quando a interrupção da droga resulta
em problemas fisiológicos, como mal-estar e ansiedade, ou cognitivos, como dificuldades de
concentração; e física, quando a interrupção da droga resulta em síndrome de abstinência.
Atividade 2
Depois de conhecer esses conceitos, tente agora identificar na caracterização
que você fez na atividade 1 se se trata de situação de dependência – psicológica
ou física –, de tolerância ou de síndrome de abstinência.
sua resposta
N
a aula 5 (A psicologia da adolescência), discutimos a adolescência e vimos como se
trata de uma fase muito especial na vida dos indivíduos, sobretudo por ser uma fase de
fragilidades emocionais, de busca de identificações, de experimentação da vida adulta e da
tentativa de firmar a própria identidade. Por tudo isso, é um momento de grande vulnerabilidade,
o que expõe o adolescente a maiores riscos ao entrar em contato com as drogas.
Por outro lado, a dimensão que hoje atinge o consumo de drogas, não só nos grandes
centros urbanos, mas também nas cidades de pequeno e médio porte, faz com que as
famílias se sintam inseguras e impotentes diante da possibilidade de seus jovens vivenciarem
tal situação. Sabemos que o comportamento individual e a formação do juízo moral são
moldados por meio dos valores sociais, transmitidos principalmente pela família e pela
escola. Assim, o papel dessas duas instâncias socializadoras é fundamental na prevenção e
na atuação concreta, sobretudo em situações de risco.
A análise dos sentimentos dos pais possibilita uma reflexão do paradoxo sobre drogas
existente na nossa sociedade em relação às drogas. Por um lado, através dos meios de
comunicação e em reuniões sociais, o uso de bebidas alcoólicas é apresentado como
símbolo de sucesso, prazer ou como uma ferramenta útil no enfrentamento de problemas
ou para redução da ansiedade. De outro lado, há uma condenação ou “demonização”
do uso das drogas ilícitas, às quais só são atribuídos efeitos prejudiciais, como se fosse
a legalidade que determinasse a periculosidade do uso. (SILVA et al, 2006, p. 8).
Figura 3 - A indiferença familiar diante do uso de drogas lícitas pode prejudicar o jovem
De um modo geral, pode-se dizer que o que leva os jovens a usarem drogas é um
conjunto de fatores denominados “fatores de risco”. A combinação destes ou a junção de
alguns torna uma pessoa mais ou menos propensa a esse uso.
Quem se encontra em
situação de risco?
São considerados fatores de risco para o uso de drogas algumas características ou
atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social que contribuem, em maior
ou menor grau, para aumentar a probabilidade desse uso.
Conceição e Sudbrack (2004) fizeram uma síntese sobre tais fatores a partir do que
denominaram áreas da vida ou, como afirmam as autoras, “domínios da vida”, que seriam:
o domínio individual, o domínio de pares, o domínio familiar, o domínio comunitário e o
domínio escolar. Elas identificam que não há um único fator de risco determinante para o
uso de drogas e que cada um desses domínios comporta fatores de risco e de proteção.
Vejamos quais são eles.
2) Domínio dos pares – diz respeito aos amigos e pessoas de convívio mais próximo. Aqui,
temos:
Pares que usam drogas ou aprovam e/ou valorizam Pares que não usam drogas e não aprovam ou não
seu uso valorizam seu uso
Dificuldade de participação em grupos que
Participação junto com seu grupo em atividades
desenvolvem atividades recreativas, esportivas e
recreativas, esportivas ou laborais saudáveis
laborais tidas como saudáveis
Dificuldade em aceitar autoridade que não compartilhe Aceitação de autoridade vinda de fora do grupo de
de determinações de seu grupo pares, na escola, na comunidade, na família
Expectativas negativas em relação aos filhos Expectativas positivas em relação aos filhos
Fácil acesso às drogas lícitas e ilícitas Controle efetivo do comércio de drogas legais e ilegais
Ausência de expectativas positivas em relação ao Verbalização das expectativas positivas com relação
desempenho dos alunos ao desempenho dos alunos
Ausência de atividades criativas e estimulantes que
ajudem na criação de vínculos entre o aluno e a Promoção de práticas criativas e estimulantes
escola
Relações preconceituosas em relação aos alunos,
Relações abertas, honestas, sem atitudes negativas,
com a utilização de rótulos como forma de punição
punitivas ou preconceituosas
e exclusão
Ausência de afetividade e confiança na relação Fortes vínculos afetivos e de confiança entre alunos
professor-aluno e no ambiente escolar e professores e dentro do ambiente escolar
Relações professor-aluno baseadas no autoritarismo Relações professor-aluno baseadas no respeito
ou no excesso de permissividade mútuo
Falta de estímulo às práticas educativas de cooperação Estímulo e exercício dos princípios da cooperação e
e solidariedade da solidariedade
Falta de controle quanto à presença de drogas na
Controle da presença de drogas
escola
Como podemos ver, o problema não é simples nem pode ser encarado com valorações
moralistas. Qualquer atuação que vise enfrentar o problema das drogas precisa estar atenta
para evitar posturas que induzam à estigmatização e à marginalização.
5) Não usar da culpa como arma para convencimento - isso pode até funcionar durante um
período, mas não se sustenta. Aliás, fuja do mecanismo da culpa, no qual se estabelece
uma troca de acusações para se determinar o mais culpado e o mais atingido: o problema
continua sem solução.
6) Jamais esquecer que se trata de uma dificuldade e não um defeito. Lembrar, que,
para lidar com dificuldades como essa existem equipes de educadores, psicólogos,
enfermeiros, assistentes sociais, médicos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais etc. Não
tente resolver tudo sozinho. Procure ajuda - todo cidadão tem direito de ser assistido em
caso de doenças biológicas, psíquicas etc. (CONCEIÇÃO; SUDBRACK, 2004, p. 5).
Atividade 3
Agora que vimos os aspectos envolvidos na busca da droga por parte dos
adolescentes, vamos fazer um exercício reflexivo acerca dos pontos que
elencaríamos para compor uma proposta de programa de prevenção às drogas
em uma escola. Descreva-os a seguir.
sua resposta
Auto-avaliação
1 Que são substâncias psicotrópicas?
Referências
CALDEIRA, Zelia Freire. Drogas, indivíduo e família: um estudo de relações singulares.
1999. Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 1999.
GRYNBERG, Halina; KALINA, Eduardo. Aos pais de adolescentes: viver sem drogas. Rio de
Janeiro: Rosa dos Tempos, 1999.
SILVA, Eroy Aparecida da et al. Drogas en la adolescencia: temores y reacciones de los padres.
Psicol. teor. prat., São Paulo, v. 8, n.1, p.41-54, 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.
org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872006000100004&lng=es&nrm=iso>.
Acesso em: 09 ago. 2007.