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Ciências Ambientais

Prof. Airton Odilon Roczanski

2013
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Airton Odilon Roczanski

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

370.357
R599c Roczanski, Airton Odilon
Ciências ambientais / Airton Odilon Roczanski. Indaial :
Uniasselvi, 2013.
231 p. : il

ISBN 978-85-7830-736-3

1. Educação ambiental. 2. Ciências ambientais.


I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!

Estamos iniciando o estudo da disciplina Ciências Ambientais. Este caderno


traz conhecimentos sobre os problemas ambientais da atualidade, propician-
do aumentar o número de pessoas conscientes da necessidade de proteger o
que resta dos recursos naturais, diminuir as emissões das diversas formas de
poluentes e buscar incessantemente uma maneira sustentável de ocuparmos
o planeta. A participação da classe da população que possui acesso a estas
informações é muito importante para servir de exemplo e serem divulgado-
res da problemática ambiental para as classes menos favorecidas de nossa
sociedade.

Adotamos o slogan: ‘‘Pensar globalmente, agir localmente’’.

O que isso quer dizer?

Os problemas ambientais atingiram, há muito tempo, a todos os habitantes


do planeta. As ações realizadas em outras nações não estão restritas ao seu
território, afetam de forma global a todos. Assim, nossas atitudes refletem no
meio ambiente. E o que podemos fazer? Atitudes simples, como fechar a tor-
neira ao escovar os dentes ou fazer a barba, não deixar uma torneira pingando
ou tomar banhos rápidos, ajudam a reduzir o desperdício de água potável,
um bem cada vez mais escasso. Diminuir o consumo de produtos descar-
táveis, reaproveitar os materiais, separar e reciclar resíduos reduz o consu-
mo dos recursos naturais e diminuem os grandes volumes enviados para os
lixões ou aterros. Manter o automóvel revisado, em perfeitas condições de
funcionamento, diminui a emissão de poluentes atmosféricos. Mas prefira o
transporte coletivo, seja ônibus, metrô, trem ou adotando dar caronas para
seus colegas de trabalho ou estudo. Melhor ainda, para sua saúde e para a
natureza, ande a pé ou de bicicleta. Caso prefira, atue mais intensamente na
defesa de recursos naturais participando de ONGs, comitês ou comissões que
atuam na área.

Para orientar seu aprendizado, na Unidade 1, apresentaremos os sistemas de


proteção ambiental, ou seja, as normas do direito internacional do meio am-
biente e a legislação brasileira. Os principais acidentes ambientais que acon-
teceram pelo mundo, que geraram a Conferência de Estocolmo e posterior-
mente a Rio-92, além da norma ISO 14001, também estão contemplados nessa
unidade.

Na Unidade 2, detalharemos os principais recursos energéticos utilizados no


mundo, suas características e efeitos sobre o ambiente. As principais formas
III
de poluição das águas, do solo e do ar, o efeito estufa, a depleção da camada
de ozônio, as precipitações ácidas e o aquecimento global também são abor-
dados.

Finalizaremos os estudos na Unidade 3, que trata dos mecanismos para um


desenvolvimento sustentável. Apresentaremos a Agenda 21, o MDL (Meca-
nismo de Desenvolvimento Limpo), a P+L (Produção mais Limpa) e a impor-
tância da valoração ambiental na contabilidade ambiental.

Este material visa orientar seus estudos, porém recomendamos a busca de


outras bibliografias que enriqueçam seu aprendizado e o(a) mantenham atu-
alizado.

Bons estudos e sucesso profissional!

Prof. Airton Odilon Roczanski

UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ............................................................. 01

TÓPICO 1 – DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL .............................................................. 03


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 03
2 A EMERGÊNCIA DO DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE ........................ 04
2.1 PERÍODO ENTRE GUERRAS (1919 a 1945) ................................................................................ 04
2.2 PERÍODO DE 1945 A 1972 . ............................................................................................................ 05
3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO .......... 07
4 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE
E DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 08
5 PRINCÍPIOS DE DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE ................................. 09
5.1 PRINCÍPIO DA SOBERANIA PERMANENTE SOBRE OS RECURSOS
NATURAIS ....................................................................................................................................... 10
5.2 PRINCÍPIO DO DIREITO AO DESENVOLVIMENTO . ............................................................ 10
5.3 PRINCÍPIO DO PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE ............................................. 10
5.4 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA .......................... 11
5.5 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO . .................................................................................................... 11
5.6 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR . ................................................................................... 11
5.7 PRINCÍPIO DO DEVER DE NÃO CAUSAR DANO AMBIENTAL ........................................ 11
5.8 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE ESTATAL .................................................................... 12
6 CONVENÇÕES MULTILATERAIS .................................................................................................. 12
6.1 ACORDOS MULTILATERAIS MAIS IMPORTANTES . ............................................................ 13
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 15
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ............................................................... 19


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 FONTES DO DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................. 19
3 LEIS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE ................................................................................ 20
3.1 CÓDIGO FLORESTAL .................................................................................................................... 20
3.2 LEI DA FAUNA SILVESTRE . ....................................................................................................... 21
3.3 ATIVIDADES NUCLEARES (Lei Nº 6.453 de 17/10/77) . ........................................................... 22
3.4 LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO (lei Nº 6.766 de 19/12/79) . ........................ 23
3.5 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (Lei Nº 6.902 de 27/04/81) ............................................ 23
3.6 AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei Nº 7.347 de 24/07/85) .................................................................... 23
3.7 GERENCIAMENTO COSTEIRO (Lei Nº 7.661 de 16/05/88) ..................................................... 24
3.8 IBAMA (Lei Nº 7.735 de 22/02/89) ................................................................................................. 24
3.9 AGROTÓXICOS (LEI N° 7.802, DE 11/07/89) .............................................................................. 24
3.10 EXPLORAÇÃO MINERAL (Lei Nº 7.805 de 18/07/89) . .......................................................... 25
3.11 POLÍTICA AGRÍCOLA (Lei Nº 8.171 de 17/01/91) ................................................................... 25
3.12 RECURSOS HÍDRICOS (Lei Nº 9.433 de 08/01/97) . ................................................................. 25
3.12.1 Agência Nacional de Águas – ANA (Lei Nº 9.984 de 17/07/00) ........................................... 26
3.13 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – SNUC .............................. 26

VII
3.14 ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
(LEI N° 11.105, DE 24/03/05) ........................................................................................................ 27
4 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Lei Nº 6.938 de 31/08/81) .............................. 27
4.1 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA ................................................... 28
5 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .............................................................................................. 29
6 CRIMES AMBIENTAIS ...................................................................................................................... 30
7 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ........................................................................ 32
7.1 RESOLUÇÕES DO CONAMA ...................................................................................................... 33
8 EIA/RIMA ............................................................................................................................................... 33
9 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................................................................... 34
9.1 LICENÇA PRÉVIA (LP)................................................................................................................... 36
9.2 LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)................................................................................................. 37
9.3 LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)................................................................................................... 37
9.4 ATIVIDADES SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................. 38
10 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (LEI N° 12.305) ....................................... 43
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 45
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 46

TÓPICO 3 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL ....................................... 47


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 47
2 QUALIDADE TOTAL .......................................................................................................................... 47
2.1 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE .................................................................................. 48
3 GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL ..................................................................................... 49
3.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .......................................................................................... 50
3.2 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE AMBIENTAL .............................................................. 50
3.3 NORMA NBR ISO 14001 ................................................................................................................ 50
3.3.1 Estrutura da norma ISO 14001 .............................................................................................. 52
3.3.1.1 Política ambiental . ...................................................................................................... 53
3.3.1.2 Planejamento ambiental ............................................................................................. 53
3.3.1.3 Implementação e operação ........................................................................................ 54
3.3.1.4 Monitoramento e ações corretivas . .......................................................................... 54
3.3.1.5 Revisão pela alta administração ............................................................................... 55
4 AUDITORIA AMBIENTAL ................................................................................................................ 55
4.1 NORMA NBR ISO 19011 ................................................................................................................ 57
4.2 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61

UNIDADE 2 – RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS ............................................................... 63

TÓPICO 1 – RECURSOS AMBIENTAIS ............................................................................................ 65


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 RECURSOS NATURAIS ..................................................................................................................... 65
3 RECURSOS CULTURAIS ................................................................................................................... 66
4 RECURSOS ARTIFICIAIS .................................................................................................................. 67
5 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ................................................................................................ 67
6 PATRIMÔNIO GENÉTICO ................................................................................................................ 67
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 68
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72

VIII
TÓPICO 2 – RECURSOS ENERGÉTICOS ......................................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73
2 MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL ............................................................................................... 74
2.1 CADEIAS ENERGÉTICAS .............................................................................................................. 74
3 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA ............................................................................................ 75
4 PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA ............................................................................................. 76
4.1 PETRÓLEO ....................................................................................................................................... 76
4.2 GÁS NATURAL .............................................................................................................................. 78
4.3 CARVÃO MINERAL . ..................................................................................................................... 79
4.4 ENERGIA NUCLEAR ..................................................................................................................... 80
4.5 ENERGIA DA BIOMASSA . ........................................................................................................... 81
4.6 ENERGIA HIDRÁULICA . ............................................................................................................. 82
4.7 ENERGIA EÓLICA . ........................................................................................................................ 84
4.8 ENERGIA SOLAR . .......................................................................................................................... 86
4.8.1 Energia solar fototérmica ....................................................................................................... 86
4.8.2 Energia solar fotovoltaica ...................................................................................................... 87
4.9 ENERGIA GEOTÉRMICA . ............................................................................................................ 88
4.10 ENERGIA DAS ONDAS ............................................................................................................... 90
4.11 ENERGIA DO HIDROGÊNIO ..................................................................................................... 92
5 IMPACTOS AMBIENTAIS NA EXTRAÇÃO E USO DA ENERGIA ......................................... 93
6 PRINCIPAIS ACIDENTES AMBIENTAIS ...................................................................................... 96
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 100
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 104

TÓPICO 3 – DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................... 105


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 105
2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................................... 105
2.1 ASSOREAMENTO . ......................................................................................................................... 105
2.2 DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS ............................................................................................. 106
2.3 INUNDAÇÕES . ............................................................................................................................... 107
3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................................. 108
3.1 EFEITO ESTUFA .............................................................................................................................. 109
3.2 AQUECIMENTO GLOBAL . ......................................................................................................... 111
3.3 CHUVA ÁCIDA ............................................................................................................................... 112
3.4 CAMADA DE OZÔNIO ................................................................................................................. 114
3.5 PROTOCOLO DE KYOTO ............................................................................................................. 116
4 POLUIÇÃO HÍDRICA ......................................................................................................................... 117
4.1 POLUIÇÃO DAS ÁGUA SUPERFICIAIS .................................................................................... 117
4.2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................................................. 117
4.3 CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃO HÍDRICA . ....................................................................... 118
4.4 MEDIDAS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO . ............................................................................ 118
5 POLUIÇÃO DO SOLO ........................................................................................................................ 118
5.1 PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO ........................................................................................ 119
5.2 MEDIDAS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO . ............................................................................ 119
6 POLUIÇÃO SONORA ......................................................................................................................... 120
7 POLUIÇÃO VISUAL ............................................................................................................................ 121
8 POLUIÇÃO TÉRMICA ........................................................................................................................ 122
9 POLUIÇÃO LUMINOSA .................................................................................................................... 122
10 SANEAMENTO BÁSICO ................................................................................................................. 123
10.1 TRATAMENTO DO ESGOTO DOMÉSTICO .......................................................................... 123
10.1.1 Processos biológicos ........................................................................................................ 125
10.2 TRATAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL .................................................................................... 126

IX
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 129
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 130

TÓPICO 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................................................................... 131


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 131
2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................ 131
3 TIPOS DE RESÍDUOS ......................................................................................................................... 132
3.1 RESÍDUOS DOMICILIARES . ........................................................................................................ 132
3.2 RESÍDUOS PÚBLICOS . .................................................................................................................. 132
3.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS ............................................................................................................. 132
3.4 RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE .......................................................................................... 133
3.5 RESÍDUOS AGRÍCOLAS . .............................................................................................................. 133
4 IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................ 133
5 DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................... 133
5.1 LIXÕES .............................................................................................................................................. 134
5.2 ATERRO CONTROLADO .............................................................................................................. 134
5.3 ATERRO SANITÁRIO . ................................................................................................................... 134
5.4 RECICLAGEM ................................................................................................................................. 134
5.5 INCINERAÇÃO ............................................................................................................................... 135
5.6 COMPOSTAGEM ............................................................................................................................ 135
6 RECICLAGEM ....................................................................................................................................... 135
6.1 RECICLAGEM PRIMÁRIA ............................................................................................................ 136
6.2 RECICLAGEM SECUNDÁRIA ..................................................................................................... 136
6.3 RECICLAGEM TERCIÁRIA .......................................................................................................... 136
6.4 RECICLAGEM QUATERNÁRIA .................................................................................................. 136
7 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................ 136
7.1 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA PNRS ......................................................................................... 137
7.2 INSTRUMENTOS DA PNRS ......................................................................................................... 139
7.3 DIRETRIZES DA PNRS .................................................................................................................. 140
7.4 RESPONSABILIDADES . ................................................................................................................ 142
7.4.1 Responsabilidades do poder público ................................................................................... 142
7.4.2 Responsabilidades dos fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes ........................................................................................................................ 144
7.4.3 Responsabilidades da coletividade ...................................................................................... 146
7.5 PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................................................................. 147
7.6 RECICLAGEM COM INCLUSÃO SOCIAL ................................................................................ 148
7.7 PROIBIÇÕES .................................................................................................................................... 149
7.8 INSTRUMENTOS ECONÔMICOS ............................................................................................... 150
7.9 O NOVO CENÁRIO ........................................................................................................................ 150
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 154
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 155

UNIDADE 3 – DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE ................................................. 157

TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 159


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159
2 EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS .............................................................................. 160
2.1 ANOS 40 ............................................................................................................................................ 160
2.2 ANOS 50 ............................................................................................................................................ 160
2.3 ANOS 60 ............................................................................................................................................ 160
2.4 ANOS 70 ............................................................................................................................................ 161

X
2.5 ANOS 80 ............................................................................................................................................ 163
2.6 ANOS 90 ............................................................................................................................................ 164
2.7 ANOS 2000 ........................................................................................................................................ 165
2.8 ANO 2010 .......................................................................................................................................... 166
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE .......................................... 166
3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND ....................................................................................................... 167
3.2 SUSTENTABILIDADE ................................................................................................................... 168
3.2.1 Dimensões da sustentabilidade ........................................................................................... 168
3.2.2 Indicador de sustentabilidade . ............................................................................................ 169
3.3 ENERGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL............................................... 170
3.3.1 Padrão de vida . ...................................................................................................................... 171
3.3.2 Soluções energéticas para o desenvolvimento sustentável ............................................. 172
4 DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO ........................................................ 172
5 AGENDA 21 ........................................................................................................................................... 173
5.1 AGENDA 21 BRASILEIRA . ........................................................................................................... 180
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 181
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 185

TÓPICO 2 – MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO ............................................... 187


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 187
2 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO ...................................................................... 187
2.1 Implementação Conjunta . .............................................................................................................. 188
2.2 MDL ................................................................................................................................................... 188
2.3 Créditos de carbono . ....................................................................................................................... 189
2.4 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE MDL ..................................................... 190
3 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) ..................................................................................................... 191
3.1 CONCEITUANDO A P+L .............................................................................................................. 191
3.2 DIFERENÇAS CONCEITUAIS . .................................................................................................... 195
3.3 BENEFÍCIOS DA P+L . .................................................................................................................... 195
3.4 BARREIRAS À IMPLEMENTAÇÃO DA P+L ............................................................................. 196
3.5 ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA P+L - ROTINA NO BRASIL . ...................................... 197
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 199
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 203

TÓPICO 3 – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE ........................................................................... 205


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 205
2 VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL .................................................................................. 206
2.1 VALOR ECONÔMICO ................................................................................................................... 206
2.2 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL . ............................................................................ 207
2.2.1 Métodos diretos . ..................................................................................................................... 208
2.2.2 Métodos indiretos ................................................................................................................... 209
3 O PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR ................................................................................... 209
4 CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 210
4.1 DESPESAS AMBIENTAIS . ............................................................................................................. 212
4.2 CUSTOS AMBIENTAIS . ................................................................................................................. 213
4.2.1 Perdas ambientais ................................................................................................................... 213
4.2.2 Ativos ambientais . .................................................................................................................. 214
4.2.3 Passivos ambientais ................................................................................................................ 214
4.2.4 Custeio por atividades ........................................................................................................... 215
4.3 CICLO DE VIDA .............................................................................................................................. 217
5 POLÍTICA AMBIENTAL PÚBLICA ................................................................................................. 218

XI
5.1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AMBIENTAL PÚBLICA . .................................................... 219
5.1.1 Instrumentos de comando e controle . ................................................................................. 219
5.1.2 Instrumentos voluntários ...................................................................................................... 219
5.1.3 Gastos governamentais .......................................................................................................... 220
5.1.4 Instrumentos econômicos ...................................................................................................... 220
5.2 PLANEJAMENTO URBANO ........................................................................................................ 220
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 221
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 224
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 225
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 227

XII
UNIDADE 1

SISTEMAS DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender a evolução do direito internacional do meio ambiente;

• compreender a importância do direito internacional para a resolução de


conflitos entre os Estados;

• conhecer alguns acidentes que propiciaram a emergência do direito inter-


nacional do meio ambiente;

• conhecer diversos acordos firmados em nível internacional para aumentar


a segurança ambiental;

• identificar os principais documentos gerados nas conferências de Estocol-


mo e do Rio de Janeiro;

• conhecer a norma ISO 14001 e o processo de auditoria e certificação am-


biental.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que, ao final de cada um
deles, você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos
conhecimentos aqui disponibilizados.

TÓPICO 1 – DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

TÓPICO 3 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

1 INTRODUÇÃO

A população mundial duplicou nos últimos quarenta anos. Cerca de seis


bilhões de pessoas existentes atualmente no planeta estão exercendo considerável
pressão sobre os recursos ambientais. Neste período, o consumo de combustíveis
fósseis aumentou quatro vezes, bem como a produção de bens manufaturados.
Milhões de hectares de terras agriculturáveis são perdidos a cada ano. A atividade
pesqueira vem dando sinais de exaustão, o que aponta para uma diminuição na
capacidade de produzirmos alimentos.

Um bilhão de pessoas, a cada dia, bebe água contaminada. Perto de três


milhões de crianças morrem por ano devido ao consumo de água sem as condições
ideais de pureza. Milhões de pessoas respiram um ar em desacordo com os padrões
internacionais, levando a mais de 600 mil mortes por ano devido a esta exposição
atmosférica.

Milhares de casos de câncer e cataratas são diagnosticados anualmente


devido à depleção da camada de ozônio. As temperaturas globais médias
aumentaram cerca de 0,5º C nos últimos 50 anos e nove dos onze anos mais quentes
ocorreram na última década. Notadamente, o planeta vem sofrendo um processo
de aquecimento global. (SAMPAIO; WOLD; NARDY, 2003).

Esses problemas são significativos e as perguntas que fazemos são: o


que a comunidade internacional está fazendo para evitar o agravamento desta
situação? E o que estão fazendo para solucioná-los? Algumas iniciativas podem
ser verificadas em diversos planos. Vários tratados são celebrados para equalizar
alguns problemas ambientais, como, por exemplo, o Protocolo de Montreal sobre
Substâncias que Provocam Depleção da Camada de Ozônio, pela Convenção-
Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas e pelo Protocolo de Kyoto. Verifica-
se também um esforço da comunidade internacional pela criação de princípios
gerais de direito ambiental. No plano internacional, estes princípios não são
considerados tecnicamente obrigatórios, porém influenciam na estruturação do
direito ambiental interno, possuindo assim uma grande importância na proteção
ambiental em nível local e internacional. (SAMPAIO; WOLD; NARDY, 2003)

3
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

2 A EMERGÊNCIA DO DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO


AMBIENTE
Antes do século XX, podemos afirmar que o homem não tinha consciência
da necessidade de respeitar a natureza. Visto que os níveis de poluição eram baixos,
havia a concepção generalizada de que os rios, quando não tivessem já diluído em
suas águas os resíduos, levariam para o mar o restante. Da mesma forma, os ventos
extirpariam da atmosfera terrestre os resíduos gasosos perigosos e tóxicos à vida
humana. (SOARES, 2003).

As primeiras regras jurídicas destinadas à proteção do meio ambiente


tiveram como finalidade a proibição de atividades que resultavam em prejuízo
a saúde do homem. Porém não se podem considerar como norma de proteção
ao meio ambiente, antigas regras jurídicas sobre proibição de poluição de águas
comuns, sobre a proibição de fumaça ou de ruídos entre vizinhos ou sobre normas
que regulavam os períodos de caça e pesca. As finalidades eram puramente
econômicas, relacionadas e preservação dos valores das propriedades imobiliárias
ou à preservação de estoques de animais para a caça/pesca. (SOARES, 2003).

As primeiras regras jurídicas de preservação de um habitat natural foram as


normas americanas do final do século XIX sobre a instituição de grandes parques
nacionais, através uma legislação relativa ao meio ambiente. Contudo, isto não
impediria que a degradação ambiental continuasse naquele país de maneira
acelerada nos seus grandes centros industriais. (SOARES, 2003).

2.1 PERÍODO ENTRE GUERRAS (1919 a 1945)


A partir do final da Primeira Guerra Mundial e durante o período entre
guerras (1919 a 1945), começou a ganhar espaço a percepção de que os Estados
estavam mais interdependentes e que a cooperação internacional deveria ser um
valor importante nas relações internacionais. Em 1940, em Washington, foi adotada
a Convenção para a Proteção da Fauna e da Flora e das Belezas Cênicas Naturais
dos Países da América, considerada uma precursora das convenções que tratam
de grandes espaços ambientais. Foi realizada, também neste período, uma série de
congressos científicos internacionais em que se destacou o I Congresso Internacional
para a Proteção da Natureza, realizado em Paris, em 1923. Neste período, tivemos
também uma intensa atividade de organizações não governamentais, hoje
denominadas ONGs. (SOARES, 2003).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também contribuiu para o


desenvolvimento do direito internacional do meio ambiente. As suas deliberações
em normas de proteção ao trabalhador, de higiene e segurança do trabalho
integraram um importante corpo de normas de proteção ambiental. (SOARES,
2003).

4
TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

O fato que mais marcou o direito internacional do meio ambiente no


período entre guerras foi o famoso caso da Fundição Trail, situada na cidade de
Trail, no Canadá. A emissão de fumaça tóxica (dióxido de enxofre) e partículas
sólidas originadas na fundição de cobre e zinco expelida, em direção aos habitantes
do Estado de Washington, nos EUA, provocaram sérios danos às pessoas, animais
e propriedades aí localizadas. Após inúmeras tentativas de reduzir a poluição
atmosférica transfronteiriça, o governo americano assumiu como dele o direito
das vítimas e postulou em nome próprio, perante o Canadá, uma série de
reivindicações por meio de um tribunal arbitral. A sentença arbitral, prolatada em
caráter definitivo no julgamento do mérito, em 11 de março de 1941, tem a parte
principal assim redigida: “Nenhum Estado tem o direito de usar ou de permitir
o uso de seu território de tal modo que cause dano em razão do lançamento de
emanações no ou até o território de outro”. (SOARES, 2003).

Esta norma internacional é apontada pela unanimidade da doutrina dos


internacionalistas como sendo a primeira manifestação do direito internacional do
meio ambiente.

2.2 PERÍODO DE 1945 A 1972


Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema instalado era e continua
sendo o sistema de segurança coletivo, com a constituição da Organização das
Nações Unidas – ONU, em 1945, um sistema sustentado por dois pilares: uma
Assembleia Geral e um Conselho de Segurança, peça-chave para a manutenção
da paz mundial. Desde então, a ONU tem-se tornado o mais relevante fórum de
debates e decisões políticas entre os Estados, entre elas inúmeras deliberações
em matéria ambiental, além de suas iniciativas de convocações para negociações
diplomáticas conducentes a tratados e convenções em relação ao meio ambiente.
(SOARES, 2003).

O ano de 1960 é considerado por muitos o ano do nascimento do direito


internacional do meio ambiente. Nesta década, inúmeros países africanos e asiáticos
acederam à independência e foram admitidos como membros plenos da ONU.
Suas técnicas de votação em bloco e relativa falta de comprometimento com as
normas do direito internacional (que consideravam, de certa maneira, como forma
de perpetuar uma dominação colonial) transformaram as relações internacionais.

Na Europa, a integração econômica entre países altamente industrializados,


provava ser uma das mais notáveis experiências internacionais, em matéria de
cooperação entre Estados. As denominadas Comunidades Europeias passaram
a ser um dos mais importantes atores nas relações internacionais em qualquer
assunto. Estes países despertaram para a necessidade de um controle internacional
e regional da poluição, que passa a tomar formas cada vez mais preocupantes e
impossíveis de serem controladas pela atuação isolada das autoridades de cada
Estado. (SOARES, 2003).

5
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

UNI

Verifica-se cada vez mais a presença de pressões da opinião pública nacional,


reforçada pelo prestígio das ONGs. Para um estudo das ONGs em matéria de meio ambiente
internacional, leia o artigo: As ONGs e o direito internacional do meio ambiente. Revista de
Direito Ambiental, São Paulo, ano 5, n. 17, p. 21-64, jan/mar. 2000.

Este quadro propiciou a emergência do atual direito internacional do meio


ambiente, alavancado por alguns fatores tópicos (SOARES, 2003):

a) A questão da poluição transfronteiriça. De um lado a poluição de rios, lagos


internacionais, geleiras e lençóis freáticos e de outro, a poluição atmosférica
trazida pelos ventos. Estas poluições demonstram que tais emissões não
conhecem fronteiras físicas e políticas entre Estados, necessitando da cooperação
internacional.

b) A questão da poluição de mares e oceanos adquire formas catastróficas, com o


crescimento do número e tamanho de embarcações e o surgimento de três tipos
de poluição inexistentes nos séculos passados:

1- Alijamento deliberado de refugos, em geral, na forma de óleo usado proveniente


de navios ou de indústrias.
2- Deposição de cinzas nos oceanos provenientes de queima em alto-mar de
rejeitos industriais.
3- A poluição produzida em terra e carregada até o ambiente marinho pelas águas
doces, como pesticidas, rejeitos altamente tóxicos não recicláveis (como os
emissários marinhos).

UNI

Alijamento é a operação de reunir, num navio fretado para isto, grande quantidade
de resíduos indesejáveis produzidos em terra e deliberadamente jogados ao mar.

Foi na década de 1960 que apareceu o detestável fenômeno das marés


negras, com o acidente do petroleiro Torrey Canyon, em 18 de março de 1967, que
despejou no Mar do Norte 320 mil toneladas de petróleo bruto. As respostas aos
riscos de tal tipo de transporte, necessário à economia mundial, foram:

1- A assinatura, em Bruxelas, em 29 de novembro de 1969, de duas convenções


internacionais, uma sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por
Poluição por Óleo e outra relativa à Intervenção em Alto-Mar nos casos de
Baixas por Poluição por Óleo.
6
TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

2- Criação de um fundo para indenização de acidentes náuticos com navios


petroleiros denominado de Acordo Tovalop, assinado em Londres no dia 7 de
janeiro de 1969.

Os graves problemas ambientais gerados pelos diversos acidentes foram


tratados por medidas paliativas, como podemos observar com as diversas
convenções sobre poluição marinha geradas após os diversos desastres com os
superpetroleiros. Medidas preventivas passaram a constituir a preocupação
principal dos Estados somente após a realização da Conferência das Nações Unidas
em Estocolmo.

3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO


AMBIENTE HUMANO
A Conferência de 1972, sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo,
Suécia, é considerada o ponto de partida do movimento ecológico, muito embora
os problemas ambientais tenham sido bem anteriores, marcando também um
amadurecimento do direito internacional do meio ambiente. (SOARES, 2003).

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano contou


com representantes de 113 países, 250 organizações não governamentais e vários
organismos da ONU, de 5 a 16 de junho de 1972. Para muitos autores, essa foi a
mais importante conferência sobre o assunto. O ambientalismo foi dividido em
“antes” e “depois” de Estocolmo.

Já nas reuniões preparatórias à conferência, ficou evidenciada a oposição


entre países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Os países desenvolvidos
defendiam um programa internacional voltado para a conservação dos recursos
naturais e genéticos do planeta, afirmando que medidas preventivas teriam de
ser implementadas imediatamente, o que evitaria um grande desastre no futuro.
Já os países em desenvolvimento argumentavam que se encontravam assolados
pela miséria, com graves problemas de moradia, saneamento básico, atacados
por doenças infecciosas e que necessitavam desenvolver-se economicamente.
Estes temiam que medidas adotadas na conferência servissem de pano de fundo
à perpetuação de uma oposição dos países industrializados às políticas de
industrialização na África, na América Latina e na Ásia. (SOARES, 2003).

UNI

Uma das formas de expressão de alguns países africanos oposicionistas à


política de “limpar o mundo a qualquer custo”, defendida pelos países industrializados, era a
exclamação: “Se querem que sejamos limpos, paguem-nos o sabão”.

7
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Foram votados nesta conferência os seguintes documentos (SOARES,


2003):

• A Declaração de Estocolmo, com seu preâmbulo de 7 pontos e os famosos 26


princípios.
• O Plano de Ação para o Meio Ambiente, conjunto de 109 recomendações.
• Uma resolução sobre aspectos financeiros e organizacionais no âmbito da ONU.
• Uma resolução que instituía um organismo especialmente dedicado ao meio
ambiente, o Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Pnuma),
também conhecido por sua sigla em inglês, Unep, ou em francês, Pnue.

4 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO


AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
Após 20 anos da realização da Conferência de Estocolmo, a Assembleia
Geral da ONU convocou outra conferência, em 1992, no Rio de Janeiro, desta vez
sobre o tema Meio Ambiente e Desenvolvimento. Apesar de ter havido uma grande
conscientização mundial sobre as necessidades de preservação do meio ambiente
durante este período, ocorreram grandes catástrofes ambientais localizadas, mas
que tiveram destacada repercussão nas relações internacionais. O número de
acidentes e os níveis de destruição cada vez mais elevados precipitaram a busca de
soluções no âmbito global. (SOARES, 2003).

Destacaram-se durante estes 20 anos os seguintes acidentes (SOARES,


2003):

a) Em 10 de junho de 1976, na cidade de Seveso, na Lombardia, ocorreu o que


muitos consideram o maior acidente industrial da Europa. A explosão em uma
empresa suíça na cidade italiana provocou a contaminação de 320 hectares de
terra e de milhares de pessoas e animais com dioxina.
b) O acidente com o satélite artificial soviético Cosmos 924 em janeiro de 1978,
que caiu em território canadense, despejou grande quantidade de material
radioativo.
c) O desastre com o superpetroleiro Amoco Cádiz, que se partiu ao meio no
Mar do Norte, provocou uma maré negra com 10 cm de espessura nas praias
francesas, com grande destruição ambiental.
d) O acidente com uma empresa de fertilizantes norte-americana na cidade de
Bhopal, na Índia, teve grande repercussão mundial. A emissão de um gás tóxico
causou a contaminação dos habitantes de uma cidade superpovoada. Até hoje
as vítimas pleiteiam as reparações devidas.
e) O acidente nuclear em Tchernobyl, na Ucrânia, em 1978, provocou o vazamento
de uma nuvem com alta radioatividade, que com os ventos foi levada também
para os países limítrofes ou próximos da então URSS.

8
TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

f) O incêndio na empresa química Sandoz ocorrido na Suíça causou grave


contaminação do rio Reno com produtos químicos altamente tóxicos, causando
problemas ambientais na própria Suíça, Alemanha Ocidental e nos Países
Baixos.

UNI

A fim de comemorar os 20 anos da Conferência de Estocolmo, a Assembleia


Geral da ONU decidiu realizar esta conferência com duas semanas de duração e com o mais
alto índice de participação possível, que coincidiu com o Dia Mundial do Meio Ambiente (5
de junho).

Com a participação de 178 governos e a presença de mais de 100 chefes de


estado ou de governos, inclusive o rei da Suécia, que abriu as sessões, a ECO-92,
presidida pelo governo brasileiro, foi a maior conferência realizada pelas Nações
Unidas até aquele momento histórico.

Grandes resultados foram atingidos neste encontro, como a subscrição de


dois documentos em que se fixaram os grandes princípios normativos do direito
internacional do meio ambiente para o futuro: a Declaração do Rio de Janeiro
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a importante AGENDA 21. (SOARES,
2003).

5 PRINCÍPIOS DE DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente


Humano (1972), tivemos a denominada Declaração de Estocolmo. Apesar de não
apresentar nenhuma regra concreta, esta declaração gerou a primeira estrutura
conceitualmente abrangente para formulação e implementação do Direito
Internacional do Meio Ambiente. Logo após esta conferência, tivemos a criação
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), primeira
agência ambiental internacional dedicada às questões relacionadas ao meio
ambiente e sua proteção jurídica. Tivemos também a elaboração de uma série de
tratados internacionais alavancados pelos princípios da Declaração de Estocolmo.
(SOARES, 2003).

Em 1992, com a realização da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente


e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, houve um grande avanço no direito
internacional do meio ambiente por sua abordagem holística dos problemas
ambientais globais: a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-
Quadro sobre Mudanças Climáticas. Além destes dois tratados, dois documentos
foram muito importantes, que geraram normas muito mais específicas dos que

9
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

as geradas na Declaração de Estocolmo: a Agenda 21 e a Declaração do Rio. Os


princípios que foram gerados na Declaração de Estocolmo tornaram-se, a partir
de 1992, muito mais concretos, de forma mais precisa e detalhada, como alguns
apresentados a seguir. (SOARES, 2003).

5.1 PRINCÍPIO DA SOBERANIA PERMANENTE SOBRE OS


RECURSOS NATURAIS

Segundo este princípio, “os Estados têm o direito soberano de explorar


seus recursos naturais de acordo com suas próprias políticas nacionais”.

Mas o que esse direito soberano significa na prática? No caso do Brasil,


existe uma preocupação de que, através de negociações internacionais e com o
propósito de proteger a Floresta Amazônica, venhamos a perder o controle daquela
região. Caso o Brasil consinta, através da adesão a tratados internacionais, que
os recursos da Amazônia sejam usados de determinada maneira, ele não estaria
abrindo mão de sua soberania. Estaria, na verdade, fazendo uso de sua soberania
para estabelecer regras sobre a utilização desses recursos. (SAMPAIO; WOLD;
NARDY, 2003).

5.2 PRINCÍPIO DO DIREITO AO DESENVOLVIMENTO


O direito ao desenvolvimento apresenta dois componentes elementares. O
primeiro consiste em uma reafirmação da soberania permanente dos estados sobre
seus recursos naturais, mas estende-se a todas as áreas da economia, da política e
das liberdades civis. Já o segundo componente deste princípio afirmou que todo
homem tem o direito de contribuir para e participar do desenvolvimento cultural,
social, econômico e político. (SAMPAIO; WOLD; NARDY, 2003).

5.3 PRINCÍPIO DO PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE


Este princípio afirma, fundamentalmente, que determinados recursos são
comuns a toda a humanidade. Existe o reconhecimento de que determinados
recursos são considerados comuns porque não se encontram sob a jurisdição de
nenhum Estado, como os encontrados em Alto-Mar e no espaço sideral. (SAMPAIO;
WOLD; NARDY, 2003).

10
TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

5.4 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS


DIFERENCIADA
Esse princípio tem sua elaboração associada aos esforços dos países
em desenvolvimento para estabelecer critérios de compartilhamento da
responsabilidade internacional para a solução de problemas globais, e que levem
em consideração a realidade socioeconômica dos diversos Estados. (SAMPAIO;
WOLD; NARDY, 2003).

5.5 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO


A articulação mais conhecida e empregada neste princípio é encontrada
na Declaração do Rio, que estabelece que, havendo ameaças de danos sérios e
irreversíveis ao meio ambiente, a falta de certeza científica absoluta não deve ser
usada como razão para se adiar a adoção de medidas economicamente viáveis
para se evitar ou reduzir os danos ambientais em questão. (SAMPAIO; WOLD;
NARDY, 2003).

UNI

O tribunal australiano, ao estabelecer restrições para a construção de uma


estrada de rodagem por sua interferência no habitat de um sapo ameaçado de extinção,
invocou o princípio da precaução com fundamento no depoimento de apenas uma pessoa
que relatou ter visto a presença desta espécie no local do empreendimento.

5.6 PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR

Este princípio pode ser considerado como uma forma de alocação da


responsabilidade pelos custos ambientais associados à atividade econômica
desenvolvida. Na sua essência, portanto, este princípio fornece o fundamento
dos instrumentos de política ambiental que os Estados utilizam para promover
a internalização dos custos ambientais relativos à produção e comercialização de
bens e serviços. (SAMPAIO; WOLD; NARDY, 2003).

5.7 PRINCÍPIO DO DEVER DE NÃO CAUSAR DANO AMBIENTAL


Esse princípio possui uma formulação simples: os Estados têm o dever
de assegurar que as atividades desenvolvidas sob sua jurisdição ou controle não
causem ou venham a causar danos ambientais em áreas que se encontrem fora dos
limites de suas jurisdições nacionais.
11
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

5.8 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE ESTATAL


Este princípio regula a responsabilidade dos Estados por descumprimento
de suas obrigações ambientais internacionais. Este princípio está amparado no
reconhecimento, pela comunidade internacional, de que os Estados têm o dever de
não usar o seu território para causar danos a outros estados. (SAMPAIO; WOLD;
NARDY, 2003).

UNI

Um exemplo deste princípio é o caso do Canal do Corfu, em que o Estado


da Albânia foi considerado responsável pelos danos causados a navios ingleses por minas
plantadas em suas águas territoriais por rebeldes albaneses. A Corte Internacional de Justiça
entendeu que o Estado da Albânia tinha o dever de comunicar o Reino Unido sobre a
existência de minas no Canal de Corfu, e não o fazendo, deveria indenizar o Reino Unido
pelas perdas do naufrágio de seus dois navios.

6 CONVENÇÕES MULTILATERAIS
Diversas convenções foram firmadas em âmbito internacional para
aumentar a segurança ambiental em vários campos, conforme listados a seguir
(ARAÚJO, 2005):

• 1946 – Convenção Internacional para a regulamentação da pesca da baleia.


• 1951 – Convenção Internacional para a proteção dos vegetais.
• 1959 – Tratado da Antártida.
• 1963 – Tratado de Proscrição das experiências com Armas Nucleares na
Atmosfera, no espaço cósmico e sob a água.
• 1966 – Convenção Internacional para a Conservação do Atum e Afins do
Atlântico.
• 1969 – Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por danos
causados por poluição por óleo.
• 1971 – Convenção Internacional para o Estabelecimento de um Fundo
Internacional para compensação de danos causados por poluição por óleo.
• 1971 – Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional
especialmente como habitat de aves aquáticas – RAMSAR.
• 1971 – Tratado sobre a Proibição da Colocação de Armas Nucleares e Outras
Armas de Destruição em Massa no leito do mar, e no fundo do oceano e em seu
subsolo.
• 1972 – Convenção para a Conservação das focas antárticas.
• 1972 – Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de
resíduos e outras matérias.
• 1972 – Convenção sobre a Proibição de Desenvolvimento, Produção e Estocagem
de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e à base de toxinas e sua destruição.
12
TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

• 1973 – Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna


Selvagens em Perigo de Extinção – CITES.
• 1973 – Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios –
MARPOL.
• 1977 – Convenção sobre a Proibição do Uso Militar ou Hostil de Técnicas de
Modificação Ambiental.
• 1980 – Convenção sobre a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos.
• 1982 – Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
• 1985 – Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio.
• 1986 – Convenção sobre Assistência no Caso de Acidente Nuclear ou Emergência
Radiológica.
• 1986 – Convenção sobre Pronta Notificação de Acidente Nuclear.
• 1987 – Protocolo de Montreal.
• 1989 – Convenção da Basileia sobre Movimento Transfronteiriço de Resíduos
Perigosos e seu Depósito.
• 1991 – Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Proteção ao Meio Ambiente.
• 1992 – Acordo de Alcance Parcial de Cooperação e Intercâmbio de Bens
Utilizados na Defesa e Proteção do Meio Ambiente – Brasil/Argentina.
• 1992 – Convenção sobre Diversidade Biológica.
• 1992 – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima.
• 1994 – Acordo Internacional de Madeiras Tropicais.
• 1994 – Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.
• 1995 – Acordo para Implementação das Disposições da Convenção das Nações
Unidas Sobre o Direito do Mar sobre Estoques de Peixes Tranzonais e de Peixes
Altamente Migratórios.
• 1996 – Convenção Internacional sobre Responsabilidade e Compensação por
Danos Conexos com o Transporte de Substâncias Nocivas e Perigosas por Mar
– HNS.
• 1997 – Protocolo de Kyoto.

6.1 ACORDOS MULTILATERAIS MAIS IMPORTANTES


A seguir, apresentamos um resumo dos acordos multilaterais mais
importantes (ARAÚJO, 2005):

a) Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio.

• Local e data: Montreal, 16 de setembro de 1987.


• Abrangência: Global.
• Entrada em vigor no Brasil: 1990.
• Objetivo: Proteger a camada de ozônio mediante a adoção de medidas
cautelatórias para controlar a emissões globais de substâncias que a destroem,
com o objetivo final da eliminação destas, a partir do desenvolvimento do
conhecimento científico, e tendo em conta considerações técnicas e científicas.

13
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

b) Protocolo de Kyoto.

• Local e data: Kyoto, 11 de dezembro de 1997.


• Abrangência: Multilateral.
• Entrada em vigor no Brasil: 1998.
• Objetivo: Regular os níveis de concentração dos gases do efeito estufa, de
modo a evitar a ocorrência de mudanças climáticas e um nível que impediria
o desenvolvimento econômico sustentável, ou comprometeria as iniciativas de
produção de alimentos.

c) Acordo para Implementação das Disposições da Convenção das Nações


Unidas Sobre o Direito do Mar sobre Estoques de Peixes Tranzonais e de Peixes
Altamente Migratórios.

• Local e data: Nova York, 4 de dezembro de 1995.


• Abrangência: Global.
• Adesão do Brasil: 1995.
• Objetivos: Assegurar a conservação em longo prazo e o uso sustentável de
estoques de peixes tranzonais e de peixes altamente migratórios.

d) Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

• Local e data: Nova York, 9 de maio de 1992.


• Abrangência: Global.
• Entrada em vigor no Brasil: 1994.
• Objetivos: Alcançar, de conformidade com as disposições pertinentes na
convenção, a estabilização das concentrações de gases do efeito estufa na
atmosfera em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no
sistema climático.

e) Convenção sobre Diversidade Biológica.

• Local e data: Rio de Janeiro, 5 de junho de 1992.


• Abrangência: Global.
• Entrada em vigor no Brasil: 1994.
• Objetivos: Conservação da diversidade biológica, a utilização de seus
componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da
utilização dos recursos genéticos.
f) Convenção sobre Pronta Notificação de Acidente Nuclear.

• Local e data: Viena, 26 de setembro de 1986.


• Abrangência: Global.
• Entrada em vigor no Brasil: 1991.

Objetivos: Fornecer informações relevantes sobre acidentes nucleares logo


que possível, de maneira a minimizar consequências radiológicas transfronteiriças.

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TÓPICO 1 | DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

LEITURA COMPLEMENTAR

Prezado acadêmico(a)! A seguir transcrevemos um texto de Jostein Gaarder,


escritor, autor do livro “O mundo de Sofia”. Boa leitura!

Uma ética ambiental para o futuro

Jostein Gaarder

Cinquenta e um anos depois da assinatura da Declaração Universal dos


Direitos Humanos, o mundo necessita de uma nova declaração universal, desta vez
de obrigações humanas, tanto dos indivíduos quanto dos estados, a fim de deter
a progressiva deterioração do ambiente de nosso Planeta. Há no mundo milhares
de organizações que atualmente se ocupam dos direitos das pessoas, mas somente
um punhado está se preocupando com o estabelecimento de obrigações humanas.

O primeiro resultado real nesta área, a Convenção das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas, pode até mesmo ter sido insuficiente, mas deu uma ideia do
quanto falta para ser feito em matéria de obrigações supranacionais relacionadas
à salvaguarda do ambiente e dos recursos mundiais, e com a necessidade de dar
uma base sustentável à vida humana e animal.

Até agora a regra de ouro de “não faça aos outros, o que não gostaria que
fizessem a você” serviu como base para todas as éticas. Devemos transportar esta
regra para as relações entre países ricos e pobres, e entre gerações.

Teríamos gostado se as pessoas que viveram neste Planeta há cem, mil ou


cem mil anos tivessem depositado enormes quantidades de lixo nuclear no fundo
do oceano ou em buracos, levando à extinção numerosas espécies de plantas e
animais, ou queimado tanto carvão e petróleo como nós fazemos? Sendo assim,
fica claro que não temos o direito de fazer o mesmo.

Como já foi corretamente observado, o Planeta Terra não é de nossa


propriedade e nem o herdamos de nossos ancestrais. Na realidade, o estamos
pedindo emprestado de nossos descendentes. Mas estamos deixando atrás de nós
um mundo que vale menos do que aquele que pedimos emprestado.

A nossa é a primeira geração que está afetando o clima terrestre e a última


geração que não terá que pagar o preço por ter feito tal coisa. Tendo em vista o que
está ocorrendo em nosso Planeta, nos atreveríamos a nascer na metade do próximo
século?

Sabemos que estamos em uma rota de colisão com a natureza e de que


modo devemos mudar nosso comportamento para evitar o desastre. Nosso
sistema econômico está colocando em perigo a capacidade do Planeta de renovar-
se a si mesmo. Muitas decisões estão sendo tomadas por pequenos grupos com a

15
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

intenção de obter lucros em curto prazo sem levar em conta o que seria uma justa
divisão dos recursos mundiais.

Se a cultura ocidental tivesse êxito em exportar sua ideologia consumista


para a África, Índia, China e Sudeste Asiático, por exemplo, a catástrofe global
seria inevitável. Certamente, a catástrofe já é uma realidade em muitos lugares.

As perguntas candentes a se fazer neste início de Século 21 são as


seguintes:

Que mudança de consciência está faltando? Quais são as qualidades de


vida mais importantes? Quais são os valores sustentáveis? O que é uma boa
vida?

A questão já não é mais se necessitamos de uma nova ética global,


mas sim como obter uma “ética para o futuro” e como ela pode ser assimilada
de modo a levar a uma nova direção política. Hoje em dia muitas pessoas têm
um bom conhecimento dos desafios que este mundo está enfrentando. Muitos,
inclusive, talvez tenham o que se poderia chamar de uma consciência global, ou
uma consciência ecológica. Os políticos também estão se dando conta do que está
ocorrendo e de uma maneira muito melhor do que demonstram na prática.

Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando para nós,


mas não agimos para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado
tarde. Estamos enfrentando o colapso do ambiente planetário. Mas onde está a
vontade política? Que políticos se atreveriam a pedir um pequeno sacrifício a
fim de adotar um novo e necessário curso para salvar o futuro de nossas crianças,
da civilização e da dignidade humana?

Devemos lutar pela proteção do ambiente e por uma divisão mais equitativa
dos recursos do planeta.

Diz-se que uma rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora,
mas se a água for aquecida gradualmente, ela não se dará conta do aumento da
temperatura e tranquilamente se deixará ferver até morrer. Que coisa semelhante
possa estar ocorrendo à nossa geração com respeito à gradual destruição do
ambiente é ainda algo a ser demonstrado ou desmentido. Uma coisa é certa:
ninguém pode nos salvar a não sermos nós mesmos.

O futuro não é algo que simplesmente acontece por si mesmo. Estamos


criando o amanhã neste mesmo momento. Hoje em dia muitas pessoas sentem-se
como meros espectadores dos fatos globais. Mas devemos aprender que todos nós
somos atores e que estamos modelando nosso futuro agora mesmo.

FONTE: GAARDER, Jostein. Uma ética ambiental para o futuro. Disponível em: <http://ambientes.
ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/uma_etica_ambiental_para_o_futuro.html>. Acesso em: 16
mar. 2010.

16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• As primeiras regras jurídicas de preservação de um habitat natural foram


as normas americanas do final do século XIX sobre a instituição de grandes
parques nacionais.
• No período entre guerras (1919-1945) começava a ganhar espaço a percepção de
que os Estados estavam mais interdependentes e que a cooperação internacional
deveria ser um valor importante nas relações internacionais.
• Em 1940, em Washington, foi adotada a Convenção para a Proteção da Fauna
e da Flora e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, considerada
uma precursora das convenções que tratam de grandes espaços ambientais.
• Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema instalado era e continua sendo o
sistema de segurança coletivo, com a constituição da Organização das Nações
Unidas - ONU, em 1945.
• A ONU tem-se tornado o mais relevante fórum de debates e decisões políticas
entre os Estados, entre elas inúmeras deliberações em matéria ambiental.
• O ano de 1960 é considerado por muitos como o ano do nascimento do direito
internacional do meio ambiente. As técnicas de votação em bloco e relativa
falta de comprometimento com as normas do direito internacional de novos
países africanos e asiáticos que assumiram cadeiras na ONU transformaram as
relações internacionais.
• Na Europa, a integração econômica entre países altamente industrializados,
provou ser uma ótima experiência em matéria de cooperação entre Estados.
Estes países despertam para a necessidade de um controle internacional e
regional da poluição. Verifica-se cada vez mais a presença de pressões da
opinião pública sobre as decisões em relação aos problemas ambientais.
• O Direito Internacional do Meio Ambiente foi alavancado por alguns fatores: a
questão da poluição transfronteiriça (de rios, lagos, geleiras e do ar); e a poluição
crescente das águas dos mares e oceanos, na maioria das vezes pelo transporte
de petróleo e derivados.
• A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano contou com
representantes de 113 países, 250 organizações não governamentais e vários
organismos da ONU. Foi realizada em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972.
• Em 1992, foi realizado no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO-92.
• Diversos princípios que foram gerados na Conferência de Estocolmo tornaram-
se, a partir de 1992, muito mais concretos, de forma mais precisa e detalhada, e
que são usados no Direito Internacional do Meio Ambiente.
• Diversas convenções foram firmadas em âmbito internacional para aumentar a
segurança ambiental.

17
AUTOATIVIDADE

Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir:

1 Qual foi o fato que mais marcou o Direito Internacional do Meio Ambiente
durante o período entre guerras?

2 Qual é a importância da ONU para o Direito Internacional do Meio Ambiente?

3 Quais são os principais fatores que propiciaram a emergência do Direito


Internacional do Meio Ambiente durante o período de 1945 a 1972?

4 Quais são os principais documentos gerados na ECO-92?

Assista ao vídeo de
resolução da questão 4

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

1 INTRODUÇÃO
A Legislação Ambiental é um conjunto de normas jurídicas que se destinam
a disciplinar as diversas atividades, tornando-as compatíveis com a proteção do
meio ambiente. No Brasil, as leis voltadas para a conservação ambiental formam
um sistema bastante completo de proteção ambiental. A legislação ambiental
brasileira, para atingir seus objetivos de preservação, criou deveres e direitos para
o cidadão e empresas, instrumentos de conservação do meio ambiente, normas
para disciplinar atividades relacionadas à ecologia, normas de uso dos diversos
ecossistemas e ainda diversos tipos de unidades de conservação.

2 FONTES DO DIREITO AMBIENTAL


A Constituição Federal, no artigo 59, trata das normas existentes no sistema
jurídico brasileiro, não mencionando a hierarquia entre elas. Essa hierarquia
somente ocorreria quando a validade de uma determinada norma dependesse
de outra. Assim, a Constituição Federal é hierarquicamente superior às demais
normas, pois o processo de validade destas é regulado na primeira.

Abaixo da Constituição encontram-se os demais preceitos legais, cada


qual com seus campos de atuação: leis complementares, leis ordinárias, decretos-
leis, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções, leis delegadas. Os
decretos são hierarquicamente inferiores a leis, pois são emitidos pelo Poder
Executivo. As portarias, circulares e ordem de serviço da Administração Pública
são hierarquicamente inferiores aos decretos e às Leis.

O INMETRO elabora regulamentos técnicos que possuem força legal, sendo


hierarquicamente superiores às normas técnicas nacionais ou internacionais. A
ABNT elabora as Normas Técnicas, que são hierarquicamente superiores às normas
internacionais. Essas normas da ABNT somente são consideradas obrigatórias
quando citadas em uma lei, caso contrário, serão de adesão voluntária. (ARAÚJO,
2005).

19
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

3 LEIS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE


As leis ambientais brasileiras são consideradas bastante avançadas e bem
elaboradas, no que diz respeito ao objeto proposto. O problema está na aplicação
destas, que por fatores dos mais diversos, em diversos casos inviabiliza e torna
falha a sua execução.

UNI

Um exemplo do desrespeito à legislação é a exploração crescente e desordenada


dos recursos naturais que têm gerado um processo intenso de extinção de espécies, seja
pelo avanço da fronteira agrícola, perda de habitat, caça esportiva, de subsistência ou com
fins econômicos, como a venda de pelos e animais vivos. Este processo vem crescendo nas
últimas duas décadas, à medida que a população cresce e os índices de pobreza aumentam
em algumas regiões.

A seguir, apresentamos um histórico das principais leis ambientais


brasileiras. (ARAÚJO, 2005)

3.1 CÓDIGO FLORESTAL


O Brasil instituiu o primeiro código florestal através do Decreto nº 23.793,
de 23 de janeiro de 1934. Em 15 de setembro de 1965 foi revogado, sendo substituído
pela Lei nº 4.471. Devido à sua abrangência e complexidade, esse código vem sendo
constantemente discutido, e a sua redação sofrendo várias adequações.

O Código Florestal Brasileiro estabelece limites para o uso das propriedades,


buscando o respeito e a preservação da vegetação existente, considerada como um
bem de interesse de todos os brasileiros. Estes limites são definidos nas Áreas de
Preservação Permanente (APP´s), ou seja, áreas que possuem florestas e outras
formas de vegetação. As APPs são localizadas em margens de rios, cursos d’água,
lagos, lagoas e reservatórios, nascentes, topos de morros e encostas com declividade
elevada, entre outras situações definidas na lei, e que possuem a função de preservar
os recursos hídricos, a biodiversidade, a estabilidade geológica, proteger o solo e
assegurar o bem-estar da populações. Essas áreas são consideradas mais sensíveis
e sofrem riscos de deslizamento, enchentes e erosão.

20
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

FIGURA 1 – IMAGEM DO CERRADO BRASILEIRO

FONTE: Disponível em: <http://eco.ib.usp.br/cerrado/banco_imagens/images/Img0015_


jpg.jpg>. Acesso em: 14 maio 2010.

Outra forma do Código Florestal condicionar o uso das propriedades


é através da Reserva Legal, ou seja, o percentual mínimo necessário em cada
propriedade rural que deverá ficar com a sua cobertura vegetal nativa, necessária
para o uso sustentável dos recursos naturais, ao abrigo e proteção da flora silvestre
e fauna nativa e a conservação da biodiversidade.

O Código Florestal também define que os comerciantes de motosserras são


obrigados a fazer o registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), bem como os que adquirirem este equipamento.

E
IMPORTANT

Mantenha-se atualizado em relação ao Código Florestal realizando a leitura de


artigos, livros, revistas e jornais que apresentam matérias sobre o assunto, ou acompanhando
pelo site oficial do governo <www2.planalto.gov.br>.

3.2 LEI DA FAUNA SILVESTRE


Temos no Brasil duas leis e um decreto que são instrumentos para o combate
ao tráfico e proteção da fauna silvestre. São a Lei n° 5.197, de 03/01/67, a Lei n°
9.605, de 12/02/98, e o Decreto n° 6.514, de 22/07/08.

21
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A Lei n° 5.197 classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais


silvestres, a caça, o comércio de espécimes da fauna silvestre e produtos que derivam
de sua caça, além de proibir a introdução de espécie exótica e a caça amadora sem
autorização do IBAMA. Considera também como crime a exportação de pele e
couros de anfíbios e répteis em bruto.

FIGURA 2 – TUCANO

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/aves/tucano/>. Acesso em: 15


mar. 2010.

Segundo o Art. 29 da Lei n° 9.605, é passível de detenção e multa quem


matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre nativa ou
em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente.

Reforçando a fiscalização da fauna brasileira, o Decreto n° 6.514 estipula


multas por indivíduos das espécies incorridos nos crimes citados, podendo estes
valores ser aplicados em dobro nos casos de crime visando vantagem pecuniária
(lucro).

3.3 ATIVIDADES NUCLEARES (Lei Nº 6.453 de 17/10/77)


Essa lei dispõe sobre as responsabilidades civis por danos nucleares e a
responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades nucleares.

A lei considera como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar ou


exportar material nuclear sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente
22
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

minério nuclear, bem como transmitir informações consideradas sigilosas nesta


área.

3.4 LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO (lei Nº


6.766 de 19/12/79)
Essa lei estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em
áreas de preservação ecológica, naquelas em que a poluição representa perigo à
população e em terrenos alagadiços.

O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou


desmembramento, observadas as disposições dessa lei e as legislações municipais
e estaduais pertinentes.

A infraestrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos


urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento
sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e
vias de circulação.

E
IMPORTANT

Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação,


com abertura de novas vias de circulação, enquanto desmembramento é a subdivisão de
gleba em lotes destinados à edificação com o aproveitamento do sistema viário existente.

3.5 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (Lei Nº 6.902 de


27/04/81)
É a lei que criou as figuras das “estações ecológicas” (áreas representativas
de ecossistemas, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem
sofrer alterações para fins científicos) e das “Áreas de Proteção Ambiental” – APAs
(onde podem permanecer as atividades privadas, mas o poder público pode limitar
as atividades econômicas para fins de proteção ambiental).

3.6 AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei Nº 7.347 de 24/07/85)


Trata da ação civil pública de responsabilidades por danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico.
A ação pode ser requerida pelo Ministério Público, a pedido de qualquer pessoa,
ou por uma entidade constituída há pelo menos um ano.
23
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

3.7 GERENCIAMENTO COSTEIRO (Lei Nº 7.661 de


16/05/88)
Essa lei define zona costeira como o espaço geográfico da interação do ar,
do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima
e outra terrestre. O Plano de Gerenciamento Costeiro deve prever o zoneamento
de toda essa área, trazendo normas para uso do solo, do subsolo e da água, de
modo a priorizar a conservação dos recursos naturais, o patrimônio histórico,
arqueológico, cultural, paleontológico e paisagístico.

3.8 IBAMA (Lei Nº 7.735 de 22/02/89)


Essa lei criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA). Ao IBAMA compete executar e fazer executar a
Política Nacional do Meio Ambiente, atuando para conservar, fiscalizar, controlar
e fomentar o uso racional dos recursos naturais. O IBAMA subordina-se ao
Ministério do Meio Ambiente.

3.9 AGROTÓXICOS (LEI N° 7.802, DE 11/07/89)


Essa lei regulamenta a pesquisa, experimentação, a produção, a embalagem
e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos
e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de
agrotóxicos, seus componentes e afins.

Estabelece que a propaganda comercial de agrotóxicos, em qualquer meio


de comunicação, deverá conter clara advertência sobre os riscos do produto à
saúde dos homens, animais e ao meio ambiente.

As embalagens deverão conter rótulos e bulas, redigidos em português, que


contenham informações sobre os equipamentos a serem usados e a descrição dos
processos de tríplice lavagem ou tecnologia equivalente. Deverá conter também os
procedimentos para a devolução, destinação, transporte, reutilização, reciclagem e
inutilização das embalagens vazias e os efeitos sobre o meio ambiente decorrentes
da destinação inadequada dos recipientes.

24
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

3.10 EXPLORAÇÃO MINERAL (Lei Nº 7.805 de 18/07/89)


Essa lei regulamenta a atividade garimpeira. A permissão da lavra é
concedida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral. É obrigatória a
licença ambiental prévia. A atividade garimpeira realizada sem permissão ou
licenciamento é crime.

3.11 POLÍTICA AGRÍCOLA (Lei Nº 8.171 de 17/01/91)


Essa lei coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos e como um
de seus instrumentos. Define que o Poder Público deve disciplinar e fiscalizar o uso
racional do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos
para ordenar a ocupação de atividades produtivas, desenvolver programas de
educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre
outras.

3.12 RECURSOS HÍDRICOS (Lei Nº 9.433 de 08/01/97)


É a lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o
Sistema Nacional de Recursos Hídricos.

Define a água como recurso limitado dotado de valor econômico, que pode
ter usos múltiplos (consumo humano, produção de energia, transporte, lançamento
de esgotos). A partir dela, a gestão dos recursos hídricos passa a ser descentralizada,
contando com a participação do Poder Público, usuários e comunidades.

São instrumentos da nova política das águas:

• planos de recursos hídricos;


• outorga de direitos de uso das águas;
• cobrança pelo uso das águas;
• enquadramento dos corpos d’água.

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UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

FIGURA 3 – RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

FONTE: Água e Energia. Disponível em: <http://www.agua.bio.br/botao_e_N.htm>. Acesso em:


15 mar. 2010.

3.12.1 Agência Nacional de Águas – ANA (LEI Nº 9.984


de 17/07/00)
A ANA obedece aos fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos, cabendo-lhe:

• fiscalizar o uso dos recursos hídricos;


• outorgar o direito de uso dos recursos hídricos;
• estimular e apoiar iniciativas para a formação de Comitês de Bacia Hidrográfica;
• planejar e promover ações para prevenir ou minimizar secas e inundações, em
apoio aos Estados e Municípios.

3.13 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


– SNUC
A lei que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação foi a Lei
9.985, de 18/07/2000. O SNUC tem os seguintes objetivos:

26
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

• proteger as espécies ameaçadas de extinção;


• promover o desenvolvimento sustentável;
• promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza;
• proteger e recuperar recursos hídricos;
• recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
• proteger as espécies ameaçadas de extinção.

3.14 ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (LEI


N° 11.105, DE 24/03/05)

Essa lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre


a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência,
a importação e exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o
consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente
modificados (OGM) e seus derivados.

Criou o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), reestruturou a


Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e instituiu a Política
Nacional de Biossegurança (PNB).

4 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Lei Nº 6.938


de 31/08/81)
É a mais importante lei ambiental. Define que o poluidor é obrigado a
indenizar danos ambientais que causar, independentemente da culpa.

O Ministério Público pode propor ações de responsabilidade civil por


danos causados ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar
e/ou indenizar prejuízos causados

O artigo 2o da Lei nº 6.938/81 estabelece:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida
humana [...].

Segundo o artigo 2o da Lei nº 6.938/81, os princípios desta política são:

• equilíbrio ecológico;
• racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
• planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

27
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

• proteção dos ecossistemas;


• controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
• acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
• recuperação de áreas degradadas;
• proteção de áreas ameaçadas de degradação; e
• educação ambiental em todos os níveis de ensino.

No artigo 4º, encontramos os objetivos da Política Nacional do Meio


Ambiente:

I. a compatibilização do desenvolvimento econômico-social, com a


preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II. a definição de áreas prioritárias de ação governamental, relativa à
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III. ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo dos recursos ambientais;
IV. ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais, orientadas
para o uso racional dos recursos ambientais;
V. a difusão de tecnologia de manejo do meio ambiente e à divulgação de
dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI. a preservação e restauração dos recursos ambientais, com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII. a imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização
de recursos ambientais com fins econômicos.
FONTE: Lei nº 6.938 de 31/08/81. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/6938-81.htm>. Acesso
em: 14 maio 2010.

4.1 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA


O SISNAMA foi instituído pela Lei nº 6.938, junto com a Política Nacional
do Meio Ambiente.
É constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Possui a seguinte
estrutura:

• órgão superior: o Conselho de Governo;


• órgão consultivo e deliberativo: CONAMA;
• órgão central: Ministério do Meio Ambiente;
• órgão Executor: o IBAMA;
• órgãos seccionais: os dos estados responsáveis pela execução de programas,

28
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

projetos e controle/fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente;


• órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e
fiscalização destas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

FONTE: Extraído de: Lei nº 6.938 de 31/08/81, artigo 6º. Disponível em: <http://www.lei.adv.
br/6938-81.htm>. Acesso em: 14 maio 2010.

Segundo Sirvinskas (2006):

O objetivo do Sistema Nacional o Meio Ambiente (SISNAMA) é tornar


realidade o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
conforme está previsto na Constituição Federal e nas normas
infraconstitucionais nas diversas esferas da federação.

5 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


A Constituição Federal revelou a importância que a sociedade, o Estado e
os instrumentos jurídicos devem ter perante o meio ambiente, pois proteger o meio
ambiente significa proteger a própria preservação da espécie humana. Assim, a
Constituição dedicou um capítulo inteiro a proteção do meio ambiente, o capítulo
VI do Título VIII, composto pelo Artigo 225, deixando claro que a preservação
ambiental é um direito e um dever da pessoa humana:

Capítulo VI

Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I- preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamentado pela Lei nº 9.985, de
18/07/00);
II- preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamentado pela Medida Provisória nº 2.186-15, de 26/07/01);
III- definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de ler, vedada qualquer utilização que comprometa
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamentada pela
Lei nº 9.985, de 18/07/00);
IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;

29
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

V- controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos


e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII- proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade. (Regulamentado pela Lei nº 9.985, de
18/07/00).
§ 2.º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sansões penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense, e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização
far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do
meio ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais. (Regulamentado
pela Medida Provisória nº 2.186-15, de 26/07/01)
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

FONTE: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 15 maio 2010.

6 CRIMES AMBIENTAIS
A Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.605 de 12/02/98) considera que a
pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental pode ser penalizada.
Consideram também como crime os atos de pichar edificações urbanas, fabricar
ou soltar balões, realizar desmatamento sem autorização prévia, entre outros. As
multas variam de R$ 50,00 a R$ 50 milhões.

Art. 60 – Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar,


em qualquer parte do Território Nacional, estabelecimentos, obras ou
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos
órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes: Pena – detenção, de um a seis meses, ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Destaca-se nesta lei a questão da tripla responsabilidade. As pessoas


jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente quando a
infração for cometida por decisão do seu representante legal ou contratual, ou de
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade (Art. 3º).

30
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a pessoa física, autora,


coautora ou partícipes do mesmo fato.

O quadro a seguir apresenta as inovações obtidas com a aplicação da lei


dos crimes ambientais:

QUADRO 1 – INOVAÇÃO DA LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS

ANTES DEPOIS
A legislação ambiental é consolidada.
Leis esparsas, de difícil aplicação. As penas têm uniformização e as
infrações são claramente definidas.
Define a responsabilidade da pessoa
Pessoa jurídica não era jurídica e permite a responsabilização
responsabilizada criminalmente. também da pessoa física autora ou co-
autora da infração.
Matar animais continua sendo crime.
Matar um animal da fauna silvestre,
No entanto, para saciar a fome
mesmo para se alimentar, era crime
do agente ou da sua família, a lei
inafiançável.
descriminaliza o abate.
A punição é extinta com apresentação
A reparação do dano ambiental não
de laudo que comprove a recuperação
extinguia a punibilidade.
do dano ambiental.
Experiências dolorosas ou cruéis em
Não havia disposições claras relativas animal vivo, ainda que científicos, são
a experiências realizadas com animais. consideradas crimes, quando existirem
recursos alternativos.
Aplicação das penas alternativas É possível substituir penas de prisão
era possível para crimes cuja pena até quatro anos por penas alternativas,
privativa de liberdade fosse aplicada como a prestação de serviços à
até dois anos. comunidade.
Desmatamentos ilegais e outras O desmatamento não autorizado
infrações contra a flora eram agora é crime, além de ficar sujeito a
considerados contravenções. pesadas multas.
Funcionário de órgão ambiental que
fizer afirmação falsa ou enganosa,
A conduta irresponsável de omitir a verdade, sonegar informações
funcionários de órgãos ambientais não ou danos em procedimentos de
estava claramente definida. autorização ou licenciamento
ambiental, pode pegar até três anos de
cadeia.
FONTE: Adaptado de: ARAÚJO, G. M. de. Sistema de gestão ambiental – ISO 14001/04. Guia
prático para auditorias e concursos. Rio de Janeiro: Verde, 2005.

31
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

7 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo
e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), instituído pela
Política Nacional do Meio Ambiente.

O CONAMA é composto por um Plenário, CIPAM (Comitê de Integração


de Política Ambiental), câmaras técnicas, grupos de trabalho e grupos assessores.
O conselho é presidido pelo ministro do Meio Ambiente e sua secretaria executiva
é exercida pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.

O CONAMA tem a finalidade de assessorar, estudar e propor ao


Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para
o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. (Lei
no 6.938, de 31/08/1981. Art. 6, Inciso II).

São funções do CONAMA (Art. 8º):

I – estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o


licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II – determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e
municipais, bem assim como as entidades privadas, as informações
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio
nacional;
III – decidir, como última instância administrativa em grau de recurso,
mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades
impostas pelo IBAMA;
IV – VETADO;
V – determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição
de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral
ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamentos em estabelecimentos oficiais de crédito;
VI – estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes;
VII – estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

FONTE: Lei no 6.938, de 31/08/1981. Art. 8º.

32
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

7.1 RESOLUÇÕES DO CONAMA


Abaixo listamos algumas resoluções do CONAMA que são instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente:

a) Resolução CONAMA Nº 01/86 - Define critérios básicos e diretrizes gerais para


o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental – EIA/
RIMA.

b) Resolução CONAMA Nº 05/93 - Define os procedimentos mínimos para


o gerenciamento e o tratamento de resíduos sólidos oriundos do Serviço de
Saúde, portos e ambulatórios.

c) Resolução CONAMA Nº 237/97 - Regulamenta os aspectos de licenciamento


ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Estabelece
prazo para concessão e validade das licenças ambientais.

d) Resolução CONAMA Nº 306/02 - Estabelece os requisitos mínimos para a


realização de auditorias ambientais.

e) Resolução CONAMA Nº 357/05 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de


água e sobre o seu enquadramento. Estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes em corpos de água. Revoga a Resolução CONAMA
20/86.

8 EIA/RIMA
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um dos instrumentos mais
importantes da Política Nacional do Meio Ambiente. Ele é exigido na instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente.

Segundo a resolução CONAMA Nº 01/86, o EIA obedecerá a diretrizes e


deverá identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas
fases de implantação e operação da atividade.

Diretrizes:

I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,


confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto.
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas
fases de implantação e operação da atividade.

33
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada


pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando,
em todos os casos, a bacia hidrográfica em que se localiza.
lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência do projeto e sua compatibilidade.

FONTE: Resolução CONAMA N° 001, de 23/01/1986. Art. 5º.

E
IMPORTANT

Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente. Ele pode ser negativo ou positivo, porém é utilizado de forma
geral para identificar danos ao meio ambiente.

O EIA é caracterizado por estudos técnicos de relativa complexidade e irá


resultar num relatório que permita maior entendimento durante sua apresentação
na audiência pública, denominado de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),
quando do licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente ou
potencialmente poluidoras.

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é obrigatório para várias


atividades, entre elas:

• usinas de geração de eletricidade;


• aterros sanitários;
• estradas de rodagem com 2 ou mais faixas;
• ferrovias;
• portos, aeroportos, terminais de petróleo e produtos químicos;
• obras hidráulicas para exploração dos recursos hídricos (barragem para geração,
navegação; irrigação,...);
• atividades que usarem mais de 10 toneladas por dia de carvão vegetal;
• exploração econômica de madeira ou lenha, em áreas acima de 100 ha;
• complexos de unidades industriais e agroindustriais;
• extração de combustíveis fósseis (petróleo, xisto, carvão mineral,...).
FONTE: Extraído de: Resolução CONAMA Nº 001, de 23/01/1986. Art. 2º.

9 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Licenciamento ambiental é o ato administrativo pelo qual o Poder Público,
verificando o atendimento das exigências legais pelo interessado, faculta-lhe o
desempenho das atividades. O IBAMA em nível federal e os Órgãos Estaduais de

34
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

Meio Ambiente são os responsáveis pelo licenciamento. A Resolução CONAMA


Nº 237 de 1997 faz a sua regulamentação e assim define licenciamento ambiental:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente


licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos
e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas técnicas aplicáveis ao caso. (Resolução CONAMA Nº 237, de 19/12/1997.
Art. 1°, Inciso I).

UNI

O licenciamento pode evitar, através da antecipação do ato de fiscalização, a


consumação dos danos ambientais.

A Resolução CONAMA Nº 237/97 apresenta no seu Anexo I um rol de


atividades sujeitas ao licenciamento ambiental. Para as atividades listadas o
licenciamento é obrigatório. Essa relação é exemplificativa e não esgota todas
as possibilidades, o que seria impossível, mas funciona como norteador para os
futuros empreendedores. Atividades comparáveis ou com impactos semelhantes
têm maior probabilidade de também necessitarem de licenciamento. Uma consulta
ao órgão ambiental elucidará essa dúvida.

E
IMPORTANT

Quando a atividade ou empreendimento for capaz de causar significativo


impacto ambiental, o licenciamento dependerá do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

De acordo com a Resolução CONAMA Nº 237, de 19/12/1997, Art. 8°, o


licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença:

l Licença Prévia (LP).


l Licença de Instalação (LI).
l Licença de Operação (LO).

Cada uma dessas licenças se refere a uma fase distinta do empreendimento


e segue uma sequência lógica de encadeamento. Porém, a obtenção dessas
licenças não exime o empreendedor da necessidade de outras autorizações
ambientais específicas junto aos órgãos competentes, dependendo da natureza

35
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

do empreendimento e dos recursos ambientais envolvidos. Como por exemplo,


a concessão da licença de instalação para atividades que necessitem executar
desmatamento dependem de autorização específica com base na Lei das Florestas
(Lei nº 4.771) e da resolução CONAMA Nº 378/06.

UNI

Em algumas literaturas, você poderá encontrar as siglas LAP, LAI e LAO,


denominações para a licença ambiental prévia, de instalação e de operação, respectivamente.

9.1 LICENÇA PRÉVIA (lp)

A LP é estabelecida na fase preliminar de planejamento da atividade,


contendo os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação
e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo.

Os documentos a serem apresentados e procedimentos administrativos


para a obtenção da licença prévia (LP) são:

• Requerimento padrão da LP.


• EIA / RIMA (quando necessário).
• Certidões, Contrato Social, ATA de eleições.
• Cópia da publicação do requerimento da LP no DOU ou DOE e em jornal.
• Recolhimento de taxa para emissão da LP e análise do projeto.
• Relatório Técnico de vistoria para verificação das informações do EIA/RIMA.
• Ata da Audiência Pública.
• Parecer técnico do órgão sobre o pedido de LP (contém condicionantes para a
concessão da LI e prazos de validade para a LP).
• Modelo padrão de concessão da LP.

E
IMPORTANT

A concessão da LP não autoriza a execução de quaisquer obras ou atividades


destinadas à implantação do empreendimento.

O prazo de validade da LP é definido pelo cronograma apresentado pelo


empreendedor para a elaboração de planos, programas ou projetos, não podendo
ser superior a 5 anos.

36
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

9.2 LICENÇA DE INSTALAÇÃO (li)


A licença de instalação (LI) deverá ser solicitada ao órgão competente antes
da instalação do empreendimento. É a segunda fase do licenciamento ambiental,
momento em que são analisados e aprovados os projetos de controle ambiental e
as medidas de compensação que compõem o documento denominado Plano de
Controle Ambiental.

A Licença de Instalação concedida especifica as obrigações do empreendedor


no que se refere às ações mitigatórias dos impactos ambientais, sendo exigida a
melhor tecnologia disponível para prevenir a poluição.

Os documentos a serem apresentados e procedimento administrativo para


a emissão da licença de instalação são:

• requerimento padrão de LI;


• autorização para desmatamento;
• projetos ambientais (Projeto de Engenharia Ambiental, Plano de recuperação de
áreas degradadas, Planos de monitoramento ambiental);
• cópia da publicação da concessão da LP;
• cópia do requerimento da LI no DOU ou DOE, ou jornal;
• recolhimento de taxa para análise e emissão da LI;
• parecer técnico para concessão da LI (contém condicionantes para concessão da
LO e prazos de validade da LI);
• modelo padrão de concessão da LI.

O prazo de validade da LI corresponde, no mínimo, ao prazo apresentado


no cronograma de implantação do empreendimento, não podendo ser superior a
6 anos. A LI pode ter seu prazo de validade prorrogado, porém o prazo total não
poderá ultrapassar a 6 anos.

9.3 LICENÇA DE OPERAÇÃO (lo)


A licença de operação autoriza o funcionamento do empreendimento, após
a verificação do cumprimento das condições definidas nas licenças anteriores, com
as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação.
Desta forma, a obtenção da licença de operação (LO) dependerá daquilo que foi
examinado e deferido nas fases de licenciamento prévio e de instalação.

Os documentos a serem apresentados e procedimentos administrativos


para a obtenção da licença de operação são:

37
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

• requerimento padrão de LO;


• cópias das publicações do requerimento da LO e da concessão da LI no DOU ou
DOE, ou jornal;
• estudo ambiental contendo projetos de minimização de impacto ambiental;
• relatório técnico de vistoria confirmando se os sistemas de controle ambiental
especificados na LI foram instalados;
• parecer técnico dobre o pedido da LO. Contêm condicionantes para continuidade
da operação do empreendimento e prazo de validade da LO;
• modelo padrão de concessão da LO.

O prazo de validade da Licença de Operação deverá considerar os planos


de controle ambiental e será, no mínimo, de 4 anos e no máximo 10.

E
IMPORTANT

Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento,


o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar
ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade
ou empreendimento no período de vigência anterior.

9.4 ATIVIDADES SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


A resolução CONAMA Nº 237 de 1997, no seu ANEXO I, apresenta algumas
atividades ou empreendimentos que estão sujeitos ao licenciamento ambiental:

Extração e tratamento de minerais:

• pesquisa mineral com guia de utilização;


• lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento;
• lavra subterrânea com ou sem beneficiamento;
• lavra garimpeira;
• perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural.

Indústria de produtos minerais não metálicos:

• beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração;


• fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como:
produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre
outros.

Indústria metalúrgica:

• fabricação de aço e de produtos siderúrgicos;

38
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

• produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com


ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;
• metalurgia dos metais não ferrosos, em formas primárias e secundárias,
inclusive ouro;
• produção de laminados / ligas / artefatos de metais não ferrosos com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;
• relaminação de metais não ferrosos, inclusive ligas;
• produção de soldas e anodos;
• metalurgia de metais preciosos;
• metalurgia do pó, inclusive peças moldadas;
• fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia;
• fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não ferrosos com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;
• têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de
superfície.

Indústria mecânica:

• fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem


tratamento térmico e/ou de superfície.

Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações:

• fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores;


• fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para
telecomunicação e Informática;
• fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos.

Indústria de material de transporte:

• fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e


acessórios;
• fabricação e montagem de aeronaves;
• fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes.

Indústria de madeira:

• serraria e desdobramento de madeira;


• preservação de madeira;
• fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e
compensada;

39
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

• fabricação de estruturas de madeira e de móveis.


Indústria de papel e celulose:

• fabricação de celulose e pasta mecânica;


• fabricação de papel e papelão;
• fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada.
Indústria de borracha:

• beneficiamento de borracha natural;


• fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos;
• fabricação de laminados e fios de borracha;
• fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha,
inclusive látex.

Indústria de couros e peles:

• secagem e salga de couros e peles;


• curtimento e outras preparações de couros e peles;
• fabricação de artefatos diversos de couros e peles;
• fabricação de cola animal.

Indústria química:

• produção de substâncias e fabricação de produtos químicos;


• fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas
betuminosas e da madeira;
• fabricação de combustíveis não derivados de petróleo;
• produção de óleos /gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais
vegetais e outros produtos da destilação da madeira;
• fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e
látex sintéticos;
• fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto,
fósforo de segurança e artigos pirotécnicos;
• recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais;
• fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos;
• fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes,
inseticidas, germicidas e fungicidas;
• fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, impermeabilizantes, solventes
e secantes;
• fabricação de fertilizantes e agroquímicos;
• fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários;
• fabricação de sabões, detergentes e velas;
• fabricação de perfumarias e cosméticos;
• produção de álcool etílico, metanol e similares.

40
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

Indústria de produtos de matéria plástica:

• fabricação de laminados plásticos;


• fabricação de artefatos de material plástico.

Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos:

• beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos;


• fabricação e acabamento de fios e tecidos;
• tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e
artigos diversos de tecidos;
• fabricação de calçados e componentes para calçados.

Indústria de produtos alimentares e bebidas:

• beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares;


• matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem
animal;
• fabricação de conservas;
• preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados;
• preparação, beneficiamento e industrialização de leite e derivados;
• fabricação e refinação de açúcar;
• refino/preparação de óleo e gorduras vegetais;
• produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação;
• fabricação de fermentos e leveduras;
• fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais;
• fabricação de vinhos e vinagre;
• fabricação de cervejas, chopes e maltes;
• fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e
gaseificação de águas minerais;
• fabricação de bebidas alcoólicas.

Indústria de fumo:

• fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de


beneficiamento do fumo.

Indústrias diversas:

• usinas de produção de concreto;


• usinas de asfalto;
• serviços de galvanoplastia.

Obras civis:

• rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos;


• barragens e diques;

41
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

• canais para drenagem;


• retificação de curso de água;
• abertura de barras, embocaduras e canais;
• transposição de bacias hidrográficas;
• outras obras de arte.

Serviços de utilidade:

• produção de energia termoelétrica;


• transmissão de energia elétrica;
• estações de tratamento de água;
• interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário;
• tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos);
• tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e
suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros;
• tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles
provenientes de fossas;
• dragagem e derrocamentos em corpos d’água;
• recuperação de áreas contaminadas ou degradadas.

Transporte, terminais e depósitos:

• transporte de cargas perigosas;


• transporte por dutos;
• marinas, portos e aeroportos;
• terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos;
• depósitos de produtos químicos e produtos perigosos.

Turismo:

• complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos.

Atividades diversas:

• parcelamento do solo;
• distrito e polo industrial.

Atividades agropecuárias:

• projeto agrícola;
• criação de animais;
• projetos de assentamentos e de colonização.

Uso de recursos naturais:

• silvicultura;
• exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais;

42
TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

• atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre;


• utilização do patrimônio genético natural;
• manejo de recursos aquáticos vivos;
• introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas;
• uso da diversidade biológica pela biotecnologia.
FONTE: Resolução CONAMA Nº 237 de 19/12/1997, anexo I.

10 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (LEI N°


12.305)

Aguardada com expectativa pela sociedade brasileira, em 2 de agosto de


2010 o governo publicou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, através da Lei n°
12.305. Nesse documento estão dispostos os princípios, objetivos e instrumentos da
política nacional sobre os resíduos sólidos gerados diariamente em nossas cidades.
Ele estabelece também as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento
dos resíduos sólidos, e às responsabilidades do poder público, dos geradores e os
instrumentos econômicos que podem ser aplicados.

Estão sujeitas à observância desta lei as pessoas físicas ou jurídicas, de


direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de
resíduos sólidos e que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos.

FIGURA 4 – DESCARGA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2008/06/lixo.jpg>.


Acesso em: 21maio 2012.

43
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Não são contemplados por esta política os rejeitos radioativos, pois eles
já possuem normas específicas estabelecidas através da Lei n° 10.308, de 20 de
novembro de 2001.

UNI

Prezado acadêmico, iremos abordar mais detalhadamente a Política Nacional de


Resíduos Sólidos no Tópico 4 da Unidade 2, no item Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

44
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes itens
referente à Legislação Ambiental Brasileira:

l As várias leis que tratam da proteção do meio ambiente.


l A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental.
l O SISNAMA é um sistema constituído de vários órgãos e instituições e tem
como objetivo tornar possível o direito a todos os cidadãos um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
l O SISNAMA é constituído por órgão e entidades da União, Estado, Distrito
Federal e Municípios e Fundações instituída pelo Poder Público.
l A Constituição dedicou um capítulo inteiro à proteção do meio ambiente,
deixando claro que a preservação ambiental é um direito e um dever da pessoa
humana.
l Lei dos Crimes Ambientais define que quem agride a natureza está cometendo
um crime e poderá ser punido.
l O CONAMA tem a finalidade de assessorar, estudar e propor diretrizes de
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar
sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
l O licenciamento é um procedimento obrigatório para a instalação de atividades
que possam degradar o meio ambiente.
l Alguns tipos de empreendimentos devem realizar o EIA/RIMA.
l A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece as diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, e as responsabilidades dos
envolvidos.

45
AUTOATIVIDADE

Para fixar o conteúdo estudado, responda às questões a seguir:

1 Apresente três inovações obtidas após a aplicação da Lei dos Crimes


Ambientas.

2 Qual é o órgão estadual responsável pela preservação do meio ambiente no


seu Estado?

3 Quais são os empreendimentos que necessitam do EIA/RIMA?

4 Do que trata a Lei da Fauna Silvestre?

Assista ao vídeo de
resolução da questão 3

46
UNIDADE 1
TÓPICO 3

SISTEMA DE GESTÃO
DA QUALIDADE AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
O tratamento das questões ambientais pelas organizações deve ser
incorporado no sistema de gestão da qualidade total, introduzindo desta forma
na definição da qualidade total os conceitos de qualidade ambiental. Da mesma
maneira que os programas de qualidade total, a qualidade ambiental deve ser
tratada como um elemento estratégico, abrangente, aplicado em toda a organização,
de forma que fique sintonizada com o mercado atual, mas que também atenda as
futuras necessidades de seus consumidores.

2 QUALIDADE TOTAL
No passado, a qualidade dos produtos era responsabilidade de algumas
pessoas que separavam os produtos bons dos ruins, não tendo importância quem
o tinha fabricado. Hoje, a qualidade é responsabilidade de todos os funcionários
da organização.

A preocupação das indústrias com a qualidade dos seus produtos data do


início do século XX, época da implantação da produção em série baseados na linha
taylorista/fordista. O Inspetor da Qualidade era o responsável pela qualidade dos
produtos. Inspecionava 100% das peças e separava as defeituosas para retrabalho.

Com o passar dos anos, passou-se a fazer a inspeção por amostragem,


baseados em princípios estatísticos, propiciando a elaboração das primeiras
normas direcionadas à qualidade.

O crescimento das atividades industriais que envolvia riscos na produção


e na operação, como as indústrias bélicas e nucleares, forçaram o desenvolvimento
de um sistema de qualidade que garantisse a perfeita elaboração de seus produtos,
aumentando também dessa forma a segurança no uso destes produtos. Assim, no
final da década de 50, tivemos o surgimento das segundas normas da qualidade,
porém essas eram ainda muito rigorosas e pouco flexíveis. (OLIVEIRA, 2006).

Durante a década de 70, foram criadas outras normas, mais adequadas a


fatores como a complexidade do processo fabril, a segurança necessária, projeto,
aspectos econômicos, entre outros.
47
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Nos anos 80, iniciou-se a normalização dos sistemas de qualidade, que dava
ênfase na qualidade do produto e exigia a elaboração de uma grande quantidade
de documentos e registros, o que aumentou bastante a burocracia nas organizações
e seus custos de operação. (OLIVEIRA, 2006).

Mas, o que é mesmo qualidade?

No início, qualidade era a adequação às especificações. Posteriormente,


este conceito mudou para a visão da satisfação das expectativas do cliente.

Para o cliente não basta um produto estar dentro das especificações. A


satisfação depende da pontualidade da entrega, das garantias do produto, das
condições de pagamento, dos serviços pós-venda, entre outros. Estas mudanças
levaram as empresas a visualizar que a qualidade passou a ser uma questão
estratégica nos negócios.

Pouco tempo depois se percebeu que a qualidade enfatizada no


planejamento estratégico, não era suficiente para o sucesso da organização. O
conceito de satisfação do cliente foi ampliado para as outras entidades envolvidas
com as atividades da organização.

O termo QUALIDADE TOTAL passou a representar a satisfação não só do


cliente, mas de todos os stakeholders envolvidos com a organização. (OLIVEIRA,
2006).

UNI

O termo inglês stakeholder designa uma pessoa, grupo ou entidade com


legítimos interesses nas ações e no desempenho de uma organização e cujas decisões e
atuações possam afetar, direta ou indiretamente, essa organização. Exemplos: funcionários,
acionistas, gestores, proprietários, fornecedores, clientes, credores, sindicatos e diversas
outras pessoas ou entidades que se relacionam com a empresa.

2.1 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE


Em 1987, tivemos a publicação pela ISO da série 9000, um grupo constituído
por 5 normas elaboradas com o objetivo de fornecer requisitos para a implantação
de um sistema de garantia da qualidade. Em 1994, estas normas foram revisadas,
introduzindo diversos aperfeiçoamentos, mas não alterando os objetivos e a
estrutura do conjunto de normas. (OLIVEIRA, 2006).

48
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

UNI

A ISO (International Organization for Standarization) é uma entidade não


governamental, criada em 1947, com sede em Genebra, Suíça. Seu objetivo é promover o
desenvolvimento da normalização e atividades relacionadas com a intenção de facilitar o
intercâmbio internacional de bens e de serviços e desenvolver a cooperação nas esferas
intelectual, científica, tecnológica e de atividade econômica.

No ano de 2000, após uma ampla pesquisa realizada com usuários,


realizou-se a segunda revisão da norma, sendo as três normas certificáveis (ISO
9001, 9002 e 9003) unidas em apenas uma, a norma ISO 9001:2000. Seus objetivos
foram alterados, transformando-a numa norma de Gestão da Qualidade. Em 2008,
tivemos novamente a revisão da norma, que foi traduzida e publicada no Brasil
pela ABNT, assim definida:

NBR ISO 9001:2008 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.

E o que é um SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE?

Segundo a norma NBR ISO 9000:2005, é um “Conjunto de elementos


inter-relacionados para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à
Qualidade, estabelecendo política e objetivos, bem como os meios e processos para
atingir aqueles objetivos”.

O sistema de qualidade conforme a norma ISO 9000 pode ser visto como
um passo para a implantação de outros processos de melhoria na organização,
como a implantação do TQM – Gerenciamento Total da Qualidade, ou TQC –
Controle Total da Qualidade.

3 GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL


O consumidor mundial está cada vez mais exigindo que as empresas
substituam seus produtos por outros ecologicamente corretos, que possuam selo
verde, selo ambiental ou a ISO 14001. Estes produtos, além de causarem menor
impacto ambiental, são constituídos de materiais ecologicamente corretos.

UNI

Produtos ecologicamente corretos são produtos que não possuem na sua


estrutura física e nem em todo o seu processo de fabricação materiais que causem danos
ao meio ambiente.

49
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

3.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


Gestão ambiental é o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os
efeitos negativos provocados no ambiente por suas atividades. É a forma pela qual
ela se mobiliza, interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental
desejada.

Os sistemas de gestão ambiental (SGA) originaram-se do desenvolvimento


dos sistemas de qualidade. Constituem-se em instrumentos de gestão que
possibilitam uma organização de qualquer dimensão ou tipo para controlar os
impactos de suas atividades no meio ambiente. (TINOCO, 2004).

Segundo Ticono (2004):

Um sistema de gestão ambiental pode ser definido como um conjunto


de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de
forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Consiste,
essencialmente, no planejamento de suas atividades, visando à
eliminação ou minimização dos impactos ao meio ambiente, por meio
de ações preventivas ou medidas mitigadoras.

3.2 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE AMBIENTAL


Na implantação de uma estratégia que envolva a preocupação ambiental,
a utilização da ferramenta TQEM (Total Quality Environmental Management), ou
seja, o Gerenciamento Total da Qualidade Ambiental é bastante adequado, pois
aborda a qualidade total e o gerenciamento ambiental. Possibilita, desta forma, a
preparação da empresa e de seus colaboradores para o cumprimento das normas
ambientais, mantendo também a competitividade da empresa.

Da mesma forma que o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM),


por meio do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), é direcionado à redução
de desperdícios, ao controle do processo, à diminuição de custos, também o
Gerenciamento Total da Qualidade Ambiental (TQEM), através do Sistema de
Gestão Ambiental (SGA), compartilha dos mesmos princípios. Ou seja, ambos
envolvem a estrutura organizacional, os procedimentos, as responsabilidades, os
processos e recursos. (TINOCO, 2004).

3.3 NORMA NBR ISO 14001


Das normas ISO série 14000, a norma ISO 14001 apresenta os requisitos e a
estrutura básica de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) a ser implantado em
organizações e a sua adoção passa a ser uma forma de reduzir o ônus associado
ao processo de fiscalização ambiental por parte dos governos, porque a empresa

50
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

terá de cumprir a legislação para obter a certificação de seu SGA, passando a se


autofiscalizar.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é responsável


pela publicação da versão brasileira das normas ISO, ficando esta norma assim
denominada após a sua primeira revisão realizada em 2004:

NBR ISO 14001:2004 – Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com


orientações para uso.

O SGA segundo a norma ISO 14001 está estruturado de acordo com o ciclo
PDCA (Plan-Do-Check-Act), ferramenta de controle tradicionalmente utilizada nos
processos de gestão. O PDCA assegura o alcance das metas ambientais desde que o
ciclo, ou seja, planejar, executar, verificar e agir sejam executados perfeitamente na
sua operação. A estrutura do SGA, segundo a NBR ISO 14001, aborda o processo
da seguinte forma:

• Planejar: estabelecer os objetivos, as metas e as medidas necessárias para resolver


ou minorar os problemas ambientais detectados, em acordo com as políticas
ambientais da empresa.
• Executar: implementar as medidas desenvolvidas.
• Verificar: monitorar e efetuar medições das variáveis do processo, as entradas e
saídas afetadas pela implementação das medidas.
• Agir: Corrigir erros e desajustes, otimizando o processo, com base nas medidas
implementadas.

51
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

FIGURA 5 – CICLO PDCA E MELHORIA CONTÍNUA

FONTE: O autor

Este modelo pode ser aplicado em qualquer tipo de organização, de qualquer


porte e em qualquer país. Como premissa básica impõe-se o comprometimento com
o cumprimento da legislação aplicável (como requisito mínimo de desempenho),
com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental e com a prevenção da
poluição. (DYLLICK, 2000).

Os objetivos do SGA declarados nesta norma são:

• assegurar conformidade com a política ambiental, incluindo o compromisso


com a melhoria contínua e a prevenção de poluição;
• demonstrar essa conformidade a partes interessadas; e
• buscar a certificação ou reconhecimento.

3.3.1 Estrutura da norma ISO 14001


A norma NBR ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com
orientações para uso apresenta um sistema de gestão composto de cinco elementos
estruturais sucessivos e relacionados entre si: política ambiental; planejamento
ambiental; implementação e operação; monitoramento e ações corretivas, e revisão
do sistema pela alta administração.

52
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

FIGURA 6 – ESTRUTURA DA NORMA NBR ISO 14001

Melhoria contínua Política

Planejamento
Revisão do sistema PDCA
pela alta administração

Implementação
e Operação
Monitoramento e
ação corretiva

FONTE: Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_


Figura 3. Elementos da ISO 14001.
arttext&pid=S0103-65132010000100004>. Acesso em:Fonte:
11 jun.ISO
2012.14001 (2004).

3.3.1.1 Política ambiental


A política ambiental tem a finalidade de definir os objetivos fundamentais,
gerais e de longo prazo, e princípios de conduta da organização na área ambiental.
É o reconhecimento formal da organização sobre sua responsabilidade ambiental.
A política ambiental atua tanto internamente quanto externamente à organização,
proporcionando orientação, segurança, postura e uma imagem de confiabilidade
para os diferentes grupos de interesse da organização.

3.3.1.2 Planejamento ambiental

O planejamento é a fase de elaboração de um conjunto de procedimentos


para implementação e operação do sistema de gestão ambiental, e a efetiva
implementação da política ambiental e cumprimento dos objetivos e metas.
No planejamento se faz uma análise minuciosa da situação ambiental atual da
organização, através da averiguação dos aspectos ambientais significativos, ou
seja, aqueles componentes das atividades, produtos ou serviços da organização que
podem interagir com o meio ambiente, e os efeitos ambientais deles decorrentes.

Segundo a NBR ISO 14001, aspectos ambientais são ¨[....] elementos das
atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o
meio ambiente”. Os aspectos ambientais podem ser uma máquina ou equipamento,
bem como uma atividade executada por ela ou por alguém que produza (ou possa
produzir) algum efeito sobre o meio ambiente.
53
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Os impactos ambientais são definidos como “qualquer modificação do meio


ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,
produtos ou serviços de uma organização”. (NBR ISO 14001, requisito 3.4.1). Assim
sendo, podemos classificar os impactos ambientais em adversos, ou seja, aqueles
que trazem alguma alteração negativa para o meio, e benéficos, aqueles que trazem
alterações positivas para o meio. Entendemos o “meio” como a circunvizinhança
da organização, estando incluído o meio físico, biótico e social.

O engenheiro de produção, nesta fase, pode ter ação significativa, pois


conhece o processo produtivo, matérias-primas e insumos utilizados nos processos
de fabricação. Estes conhecimentos são importantes para uma avaliação detalhada
dos aspectos e impactos ambientais. Para a determinação dos aspectos ambientais
deve-se levar em consideração todas as atividades e tarefas do processo produtivo,
verificando seus respectivos impactos ambientais. O objetivo é identificar quais
aspectos possuem impactos ambientais significativos. O quadro abaixo lista
exemplos de aspectos e impactos ambientais possíveis de serem identificados em
uma organização.

QUADRO 2 – ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

ASPECTOS IMPACTOS
Emissões para a atmosfera Aumento do efeito estufa
Descarte de efluentes líquidos Diminuição da qualidade da água
Consumo de recursos naturais Redução dos recursos naturais
Geração de odores Afeta a saúde das partes interessadas
Geração de ruídos Afeta a saúde das partes interessadas
Descarte de resíduos sólidos Contaminação do solo
FONTE: O autor

3.3.1.3 Implementação e operação


Na implementação da política ambiental e dos objetivos e programas
ambientais, a organização necessita de estruturas e processos organizacionais e de
pessoal. Especialmente importantes são os seguintes: estrutura e responsabilidades,
conscientização e treinamentos, comunicação interna e externa, documentação,
controles operacionais e atendimentos a emergências.

3.3.1.4 Monitoramento e ações corretivas


É importante que uma organização detecte rapidamente os desvios
da situação normal ou desejada. Para que isso aconteça são estabelecidas

54
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

ações corretivas pertinentes, examinando o motivo para a ocorrência da não


conformidade, a fim de implantar medidas preventivas.

3.3.1.5 Revisão pela alta administração


A alta administração precisa proceder à análise crítica nas revisões
periódicas, documentada através dos fatos que foram evidenciados sobre a situação
ambiental da organização por meio das auditorias e relatórios, assegurando a
eficácia do SGA.

4 AUDITORIA AMBIENTAL
Auditoria Ambiental pode ser genericamente definida como um
procedimento sistemático através do qual uma organização avalia suas práticas e
operações que oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde pública, para averiguar
sua adequação a critérios pré-estabelecidos, como normas técnicas e/ou políticas,
práticas e procedimentos adotados pela empresa.

Através da auditoria ambiental, a organização pode testar regularmente o


sistema de gestão ambiental e verificar se este está cumprindo com as deliberações
e exigências, bem como se está sendo executado e mantido devidamente. (Manual
de Auditoria Ambiental, 2003)

Os resultados da auditoria são repassados para a administração proceder à


análise crítica do sistema. O programa de auditoria deve basear-se na importância
ambiental da atividade envolvida e nos resultados das auditorias anteriores. A
organização deve definir os responsáveis pelas auditorias e assegurar a sua
qualificação, método e instrumentos a serem utilizados nas auditorias. (DYLLICK,
2000).

Dependendo do objetivo da auditoria, podemos realizar a sua classificação.


Segundo o Manual de Auditoria Ambiental (2003), encontramos as categorias mais
aplicadas:

• auditoria de conformidade legal (compliance) – avalia a adequação da unidade


auditada com a legislação e os regulamentos aplicáveis;
• auditoria de desempenho ambiental - avalia a conformidade da unidade
auditada com a legislação, os regulamentos aplicáveis e indicadores de
desempenho ambiental setoriais aplicáveis à unidade;
• auditoria de Sistema de Gestão Ambiental – avalia o cumprimento dos
princípios estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e
sua adequação e eficácia;
• auditoria de certificação – avalia a conformidade da empresa com princípios
estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja desejando se certificar. No

55
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

caso da auditoria de certificação ambiental pela série ISO 14000, esta é muito
semelhante à auditoria de SGA, porém deve ser conduzida por uma organização
comercial e contratualmente independente da empresa, de seus fornecedores e
clientes e credenciada por um organismo competente;
• auditoria de descomissionamento (decommissioning) – avalia os danos ao
ecossistema e à população do entorno de alguma unidade empresarial em
consequência de sua desativação (paralisação definitiva das suas atividades);
• auditoria de sítios – destinada a avaliar o estágio de contaminação de um
determinado local;
• auditoria pontual – destinada a otimizar a gestão dos recursos, a melhorar a
eficiência do processo produtivo e, consequentemente, minimizar a geração de
resíduos, o uso de energia ou de outros insumos.
• auditoria de responsabilidade (due dilligence) – destinada a avaliar o passivo
ambiental das empresas, ou seja, suas responsabilidades ambientais efetivas e
potenciais.

FONTE: Manual de Auditoria Ambiental (2003)

Quando o objetivo da auditoria é a certificação de conformidade de um


produto, processo ou serviço com uma norma ou documento normativo, pode-se
classificar a auditoria como (Manual de Auditoria Ambiental, 2003):

• auditoria de primeira parte – corresponde à declaração feita pela própria


empresa, atestando, sob a sua exclusiva responsabilidade, que um produto,
processo ou serviço está em conformidade com uma norma ou outro documento
normativo específico;
• auditoria de segunda parte – corresponde ao ato pelo qual o comprador
(segunda parte) avalia seu fornecedor, de modo a verificar se o produto,
processo, serviço ou sistema está em conformidade com uma norma ou outro
documento normativo especificado;
• auditoria de terceira parte – procedimento pelo qual uma terceira parte
(independente das partes envolvidas) dá garantias, por escrito, de que o
produto, processo ou serviço está de acordo com as exigências especificadas.
FONTE: Manual de Auditoria Ambiental (2003).

A realização da Auditoria Ambiental apresenta os seguintes benefícios


(Manual de Auditoria Ambiental, 2003):

• prevenção de acidentes ambientais;


• disponibilização para a administração da empresa de informações seguras
sobre as condições de operação das unidades;
• assessoramento aos condutores do sistema de gestão ambiental quanto à
necessidade de alocação de recursos;
• melhora na imagem da empresa junto aos funcionários, comunidade e clientes;
• identificação e registro das não conformidades;
• redução do impacto ambiental da unidade;
• possibilidade de comparação e troca de informações entre as unidades da empresa;

56
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

• relatórios atualizados e completos sobre o desempenho ambiental da unidade.

4.1 NORMA NBR ISO 19011


No ano de 2002, a ISO publicou a norma ISO 19011 e a ABNT fez a tradução
e publicação no Brasil da norma NBR ISO 19011 – Diretrizes para auditorias de
sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. Essa norma pode ser utilizada
para a realização de auditorias nos sistemas de gestão da qualidade (SGQ) e de
gestão ambiental (SGA), e unificou conceitos de auditoria que antes se encontravam
em seis normas.

4.2 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL


A Certificação Ambiental desenvolvida nos critérios das normas da série
ISO 14000 é um instrumento de comunicação internacional que dá acesso aos
consumidores e empresas à política e ao desempenho ambiental da empresa
certificada. Esta certificação poderá ser obtida dentro do Sistema Brasileiro de
Avaliação da Conformidade (SBAC) por uma entidade certificadora reconhecida
pelo INMETRO. Das normas da série, apenas a norma ISO 14001 pode ser
certificada. (MANUAL DE AUDITORIA AMBIENTAL, 2003).

E
IMPORTANT

A Certificação Ambiental é um processo de verificação por uma terceira parte


emissora do certificado de que determinada empresa atua de acordo com certos critérios
uniformes em relação ao meio ambiente, estabelecidos numa norma técnica.

DICAS

Conheça os organismos certificadores acreditados pelo INMETRO acessando


o site: <http://www.inmetro.gov.br/organismos/resultado_consulta.asp?sel_tipo_
relacionamento=1>.

57
UNIDADE 1 | SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

LEITURA COMPLEMENTAR

Qualidade Ambiental e Ecoeficiência:


nova postura para indústrias de alto impacto

Marta Regina Lopes Tocchetto

O setor industrial, estigmatizado como um dos principais responsáveis


pela grave situação ambiental do planeta e também pelas crescentes exigências
legais, com relação aos resíduos gerados, tem reagido pró-ativamente, a partir
da implantação de estratégias de gestão como: produção limpa, certificação
ambiental, redução de resíduos tóxicos, reciclagem e reuso, principalmente. Além
disso, as indústrias necessitam tornar-se ecoeficientes e mais competitivas, pois
resíduo significa perda de matéria prima, falta de eficiência e aumento de custos
de produção. Diante disso, passaram a preocupar-se com a introdução do conceito
de prevenção, ou seja, reduzir cada vez mais a geração na origem, abandonando a
postura essencialmente reativa. 

Os processos de revestimento metálico provocam alto impacto ambiental


em função da presença de metais pesados, principalmente o cromo, níquel, zinco e
cádmio, além de cianeto, ácidos e álcalis, nos efluentes líquidos e consequentemente,
no lodo proveniente dos tratamentos. Consomem, ainda, grandes volumes de
água nas etapas de lavagens e de recobrimento, e também energia, devido ao
aquecimento de diversas soluções durante o processo e no próprio tratamento dos
resíduos. Diante da nova ordem que se estabelece, a gestão ambiental passou a ter
importante papel no que tange à redução da geração destes resíduos, possibilitando
assim conciliar a ampliação dos ganhos econômicos com a conservação do meio
ambiente. 

Em uma pesquisa, cujo objetivo foi detectar a situação da gestão ambiental


nas maiores galvânicas do Rio Grande do Sul, constatou-se uma grande
variação de ações, pois se encontrou desde empresas com total ausência de setor
responsável pelas questões ambientais, passando pelas que se preocupam apenas
em cumprir os parâmetros estabelecidos pela legislação, até as que interferem no
mercado com a introdução de produtos mais limpos ou mais sustentáveis. Como
exemplo de boa conduta, cita-se uma indústria de Caxias do Sul que estabeleceu
parceria com renomados estilistas, os quais se propõem a usar nas suas criações
produtos alternativos, ou seja, produzidos com matéria-prima menos tóxica e
consequentemente gerando resíduos mais facilmente tratáveis com baixíssima
ação impactante. 

Outro exemplo foi uma indústria de Parobé que reveste os próprios


detalhes decorativos para os calçados que produz. Para reduzir os impactos do
setor de tratamento de superfície, a primeira atitude foi substituir a matéria-prima
das peças a serem revestidas, passando de metal para plástico, evitando assim a
etapa de decapagem ácida, que é danosa à saúde humana e ao meio ambiente,
eliminando também os processos com cianeto que são altamente tóxicos, por

58
TÓPICO 3 | SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL

processo sem cianeto. Esta empresa encontra-se atualmente em um bom patamar


de responsabilidade ambiental, pois além da busca pela certificação ISO 14001,
passou a preocupar-se com os resíduos gerados, não só na questão quantitativa,
mas também qualitativa. Visa também ao desenvolvimento de novos produtos,
fabricados totalmente a partir dos seus resíduos, promovendo a redução dos
grandes passivos ambientais de resíduos perigosos, característicos das indústrias
calçadistas.

Estas experiências demonstram que a introdução da variável ambiental


no sistema de gestão de empresas de alto impacto ambiental torna-as mais
ecoeficientes, propiciando inúmeras vantagens, tais como: aumento de rendimento
das matérias-primas, redução da geração de resíduos perigosos, diminuição dos
custos de produção, tratamento e disposição, além de ganhos substanciais quanto
à saúde do meio ambiente e da população.

FONTE: TOCCHETO, Marta Regina Lopes. Qualidade ambiental e ecoeficiência: nova postura
para indústrias de alto impacto. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/
artigos/qualidade_ambiental_e_ecoeficiencia:_nova_postura_para_industrias_de_alto_impacto.
html>. Acesso em: 15 jan. 2010.

59
RESUMO DO TÓPICO 3
Caro (a) acadêmico (a)! Neste terceiro tópico, você estudou que:

• A definição de qualidade evoluiu com o passar do tempo. Inicialmente,


significava a adequação às especificações. Atualmente, qualidade engloba
a satisfação do cliente e de todas as pessoas, grupos e entidades ligadas à
organização.
• O Sistema de Gestão da Qualidade é um conjunto de elementos inter-
relacionados para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à
qualidade, estabelecendo política e objetivos, bem como os meios e processos
para atingi-los.
• A ISO elaborou e a ABNT traduziu e publicou no Brasil a norma NBR ISO
9001:2008 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.
• Gestão ambiental é o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos
negativos provocados no ambiente por suas atividades.
• A norma ISO 14001 apresenta os requisitos e a estrutura básica de um Sistema
de Gestão Ambiental (SGA) a ser implantado em organizações.
• Através da auditoria ambiental, a organização pode testar regularmente o
sistema de gestão ambiental.
• A Certificação Ambiental é um processo de verificação por uma terceira parte
emissora do certificado de que determinada empresa atua de acordo com certos
critérios uniformes em relação ao meio ambiente, estabelecidos numa norma
técnica.

60
AUTOATIVIDADE

Olá, agora é hora de você testar seus conhecimentos, resolvendo as questões


abaixo:

1 Pesquise e elabore a sua definição de qualidade.

2 Qual é o organismo acreditador das entidades certificadoras no Brasil?

3 Cite alguns benefícios obtidos com a Auditoria Ambiental.

4 Pesquise e apresente três empresas do seu estado que possuem a certificação


pelas normas ISO 9001 e ISO 14001.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 3

61
62
UNIDADE 2

RECURSOS E SISTEMAS
AMBIENTAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer os recursos ambientais utilizados pelo homem;

• conhecer a matriz energética brasileira e mundial;

• conhecer as principais fontes energéticas e suas características;

• identificar as principais fontes de poluição do ar, das águas e do solo;

• identificar outras formas de poluição, como a térmica, luminosa e sonora;

• descrever o Efeito Estufa e identificar os agentes causadores do Aqueci-


mento Global;

• identificar os principais produtos causadores do buraco na camada de ozônio;

• conhecer o processo de formação das precipitações ácidas;

• classificar os resíduos seguindo a norma ABNT NBR 10004:2004;

• identificar as diferenças entre lixões, aterro controlado e aterro sanitário;

• conhecer as formas de reciclagem de resíduos sólidos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que, ao final de cada
um deles você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos
conhecimentos aqui disponibilizados.

TÓPICO 1 – RECURSOS AMBIENTAIS

TÓPICO 2 – RECURSOS ENERGÉTICOS

TÓPICO 3 – DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

TÓPICO 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS

63
64
UNIDADE 2
TÓPICO 1

RECURSOS AMBIENTAIS

1 INTRODUÇÃO
O homem é parte integrante da natureza, e sempre contou com o que a
mesma lhe oferece, como alimento, água e abrigo, itens indispensáveis para a sua
sobrevivência. Em todas as etapas históricas, a humanidade fez uso da natureza,
em um primeiro momento somente para o seu sustento e mais tarde para produzir
excedente e poder comercializá-lo.

Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, são recursos ambientais


a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Lei no 6.938,
de 31 de agosto de 1981).

2 RECURSOS NATURAIS
Recursos naturais são os elementos da natureza com utilidade para o
homem, com o objetivo do desenvolvimento da civilização, sobrevivência e
conforto da sociedade em geral, dentre os quais podemos citar: a água, o solo, o ar,
a energia oriunda do Sol, a fauna e flora, dentre outros.

Porém nem todos os recursos que a natureza oferece ao ser humano podem
ser aproveitados em seu estado natural. Quase sempre o ser humano precisa
trabalhar para transformar os recursos naturais em bens capazes de satisfazer
alguma necessidade humana.

Os recursos hídricos, por exemplo, têm de ser armazenados e canalizados,


quer para consumo humano direto, para irrigação, ou para geração de energia
hidrelétrica.

Podemos classificar os recursos naturais em:

l Renováveis: elementos naturais que usados da forma correta podem se renovar.


Exemplos: solo, vegetação, ar, água, fauna. Caso haja o uso ponderado de tais
recursos, certamente não se esgotarão.

65
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

l Não-renováveis: São aqueles que de maneira alguma se renovam, ou demoram


muito tempo para se transformar. Exemplos: o alumínio, o carvão mineral,
o minério de ferro, o petróleo, o estanho, o níquel e muitos outros. Isso quer
dizer que quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem, diante desse fato é
importante adotar medidas de consumo comedido, poupando recursos para o
futuro.

A conservação dos recursos naturais tem como preocupação a utilização


adequada dos recursos que o homem transforma e consome. A conservação
envolve a utilização racional dos recursos naturais, e não apenas guardá-los. Os
recursos naturais podem e devem ser utilizados para atender as necessidades
das populações, porém não podemos esquecer as futuras gerações, às quais
temos o dever de deixar um ambiente sadio para a sua sobrevivência. (TINOCO;
KRAEMER, 2004).

E
IMPORTANT

Quase 97% da água da Terra são salgados e estão nos mares e oceanos, que
recobrem 71% da superfície terrestre: 2% (ou 70% da água doce do planeta) estão nas geleiras
e nas camadas de gelo que recobrem as regiões polares: apenas 1% está disponível para o
consumo humano, uso industrial e irrigação. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

3 RECURSOS CULTURAIS
Os recursos culturas são aqueles que estão ligados a cultura de um povo.
São constituídos por bens materiais ou imateriais.

Entre os bens materiais temos os imóveis, como igrejas, casarões históricos,


castelos, praças, além dos locais com valor expressivo para a paleontologia,
arqueologia, história e ciência em geral. Dentre os bens materiais móveis
encontramos as pinturas, o artesanato e esculturas.

Os bens imateriais são caracterizados pelas danças, rituais, literatura,


músicas, folclore, linguagem e costumes de um povo e que atuam de forma direta
na identidade e formação de uma comunidade. (ARAÚJO, 2005).

UNI

Em São João del-Rei, Minas Gerais, um exemplo de patrimônio cultural imaterial


é o modo de tocar dos sinos, cuja "linguagem" é peculiar meio de comunicação e está
sendo objeto de registro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

66
TÓPICO 1 | RECURSOS AMBIENTAIS

Uma forma de proteger o patrimônio cultural é o seu tombamento. Tombar


alguma coisa, de acordo com as normas legais, equivale a registrar, com o objetivo
de proteger, guardar, controlar.

E
IMPORTANT

A legislação indica que o proprietário de um bem tombado é o primeiro


responsável por sua integridade, cabendo-lhe, "se não dispuser de recursos para sua
conservação e reparação, comunicar a necessidade das obras à Secretaria de Cultura, que
providenciará a devida execução.”

4 RECURSOS ARTIFICIAIS
Recursos artificiais são aqueles resultantes das transformações produzidas
pelo homem, como por exemplo, o papel, as edificações, o plástico. Ou seja,
fizemos uso dos recursos naturais que após processados resultam em novos
produtos, considerados como recursos artificiais. Para obtermos o papel utilizamos
árvores, na obtenção do plástico utiliza-se o petróleo, na construção de um edifício
utilizamos diversos recursos artificiais, como o ferro, cimento, vidro, gesso etc.
(ARAÚJO, 2005).

5 MEIO AMBIENTE DO TRABALHO


Podemos conceituar meio ambiente do trabalho como a ambiência na
qual se desenvolvem as atividades do trabalho humano. Todo trabalhador que
cede a sua mão-de-obra exerce sua atividade em um ambiente de trabalho, não se
restringindo ao espaço interno das fábricas ou empresas. O espaço laboral pode
ser o local da moradia, o ambiente urbano, entre outros locais. (ARAÚJO, 2005).

Segundo Araújo (2005):

Compreende meio ambiente do trabalho como um complexo de bens


de uma empresa e de uma sociedade, objeto de direitos subjetivos
privados e de direitos invioláveis da saúde e da integridade física dos
trabalhadores que o frequentam (Franco Giampietro).

6 PATRIMÔNIO GENÉTICO
Segundo a medida provisória MP nº 2.186-16 (de 23.07.2001), Patrimônio
Genético pode ser definido como “a informação de origem genética, contida em
amostras do todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal,

67
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

na forma de moléculas ou substâncias provenientes do metabolismo destes seres


vivos e de extratos obtidos destes organismos vivos ou mortos, [...].”

A Constituição federal, de 1988, no seu artigo 225, §1º, inciso II, estabelece
que incumbe ao Poder Público: “preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético”.

A lei 11.105 de 24 de março de 2005 (LEI DA BIOSSEGURANÇA) estabelece


normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados (OGM) e seus derivados e criou o Conselho
Nacional de Biossegurança (CNBS).

LEITURA COMPLEMENTAR

Prezado(a) acadêmico(a)! Abaixo transcrevemos um artigo redigido por


Marilena Lino de Almeida Lavorato, tratando do tema Recursos Naturais. Boa
leitura.

A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL PARA O


BRASIL E PARA O MUNDO

Marilena Lino de Almeida Lavorato

Durante o período da chamada Revolução Industrial não havia preocupação


com a questão ambiental. Os recursos naturais eram abundantes, e a poluição não
era foco da atenção da sociedade industrial e intelectual da época.

A partir da escassez dos recursos naturais, somado ao crescimento


desordenado da população mundial e intensidade dos impactos ambientais,
surge o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, e faz do
meio ambiente um tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a
entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e a importância
da reformulação de suas práticas ambientais.

Os limites:
A humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o
planeta é capaz de repor. Com isso, está avançando sobre os estoques naturais da
Terra, comprometendo as gerações atual e futuras segundo o Relatório Planeta
Vivo 2002, elaborado pelo WWF e lançado este ano em Genebra.

De acordo com o relatório, o planeta tem 11,4 bilhões de hectares de terra


e espaço marinho produtivos - ou 1,9 hectares de área produtiva per capita. Mas a
humanidade está usando o equivalente a 13,7 bilhões de hectares para produzir os
grãos, peixes e crustáceos, carne e derivados, água e energia que consome. Cada
um dos 6 bilhões de habitantes da Terra, portanto, usa uma área de 2,3 hectares.

68
TÓPICO 1 | RECURSOS AMBIENTAIS

Essa área é a Pegada Ecológica de cada um. O fator de maior peso na composição
da Pegada Ecológica hoje é a energia, sobretudo nos países mais desenvolvidos.

A Pegada Ecológica de 2,3 hectares é uma média. Mas há grandes


diferenças entre as nações mais e menos desenvolvidas, como mostra o Relatório
Planeta Vivo, que calculou a Pegada de 146 países com população acima de um
milhão de habitantes. Os dados mais recentes (de 1999) mostram que enquanto
a Pegada média do consumidor da África e da Ásia não chega 1,4 hectares por
pessoa, a do consumidor da Europa Ocidental é de cerca de 5,0 hectares e a dos
norte-americanos de 9,6 hectares.

Embora a Pegada brasileira seja de 2,3 hectares – dentro da média mundial,


mas cerca de 20% acima da capacidade biológica produtiva do planeta.

Quando falamos em emissões de poluentes, as diferenças dos índices


emitidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento também são
significativas: Um cidadão médio norte-americano, por exemplo, responde pela
emissão anual de 20 toneladas anuais de dióxido de carbono; um britânico, por
9,2 toneladas; um chinês, por 2,5; um brasileiro, por 1,8; já um ganês ou um
nicaraguense, só por 0,2; e um tanzaniano, por 0,1 tonelada anual. A China e o
Leste da Ásia aumentaram em 100% o consumo de combustíveis fósseis em apenas
cinco anos (1990/95). (Wolfgang Sachs, do Wuppertal Institute)

Nos países industrializados cresce cada vez mais o consumo de recursos


naturais provindos dos países em desenvolvimento - a ponto de aqueles países já
responderem por mais de 80% do consumo total no mundo. Segundo Sachs, 30%
dos recursos naturais consumidos na Alemanha vêm de outros países; no Japão,
50%; nos países Baixos, 70%.

O desafio:

O grande desafio da humanidade é promover o desenvolvimento


sustentável de forma rápida e eficiente.

Este é o paradoxo: sabemos que o tempo está se esgotando, mas não agimos
para mudar completamente as coisas antes que seja demasiado tarde. Diz-se que uma
rã posta na água fervente saltará rapidamente para fora, mas se a água for aquecida
gradualmente, ela não se dará conta do aumento da temperatura e tranquilamente
se deixará ferver até morrer. Situação semelhante pode estar ocorrendo conosco em
relação à gradual destruição do ambiente natural. Hoje, grande parte da sociedade
se posiciona como mero espectador dos fatos, esquecendo-se de que somos todos
responsáveis pelo futuro que estamos modelando. Devemos exercer a cidadania
planetária, e rapidamente.

A luz no fim do túnel:

A conscientização ambiental de massa, só será possível com percepção e


entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O meio
69
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

ambiente natural é o fundamento invisível das diferenças sócio econômicas


entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O dia em que cada brasileiro
entender como esta questão afeta sua vida de forma direta e irreversível, o meio
ambiente não precisará mais de defensores. A sociedade já terá entendido que
preservar o meio ambiente é preservar a própria pele, e fragilizar o meio ambiente,
é fragilizar a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais. Esta falta de entendimento
compromete a adequada utilização de nossa maior vantagem competitiva frente ao
mundo: recursos hídricos, matriz energética limpa e renovável, biodiversidade, a
maior floresta do mundo, e tantas outras vantagens ambientais que nós brasileiros
temos e que atrai o olhar do mundo.

Mas, se nada for feito de forma rápida e efetiva, as próximas gerações


serão prejudicadas duplamente, pelos impactos ambientais e pela falta de visão de
nossa geração em não explorar adequadamente a vantagem competitiva de nossos
recursos naturais.

Sei, que somos a primeira geração a dispor de ferramentas para compreender


as mudanças causadas pelo homem no ambiente da Terra, mas não gostaria de ser
uma das últimas com a oportunidade de mudar o curso da história ambiental do
planeta.

Marilena Lino de Almeida Lavorato é Publicitária (PUCC), Pós graduada em


Gestão Ambiental (IETEC), Sociologia e Política (EPGSP-SP), Gestão de Negócios
(FGV), Marketing (ESPM). Mais de 20 anos de experiência na condução de equipes
multidisciplinares, parcerias estratégicas, e novos negócios de grandes empresas.
Criou e desenvolveu diversas ações macroeducativas na temática ambiental.

FONTE: LAVORATO, Marilena Lino de Almeida. A importância da consciência ambiental para o


Brasil e para o mundo. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_
importancia_da_consciencia_ambiental_para_o_brasil_e_para_o_mundo.html>. Acesso em: 29
mar. 2010.

70
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você teve a oportunidade de estudar os itens referentes aos
Recursos Ambientais:

• São exemplos de recursos naturais: a água, o solo, o ar, a fauna e flora, minérios,
petróleo.
• Os recursos naturais podem ser considerados como renováveis e não renováveis.
• Os recursos naturais não renováveis são aqueles que levam milhares de anos
para se renovar, como o petróleo, carvão mineral e os minérios.
• Recursos naturais renováveis são aqueles que, se usados de forma correta, não
se acabam e se renovam em um espaço de tempo menor, como o solo, a água e
a vegetação.
• Os recursos artificiais são aqueles obtidos pela ação do homem.
• Os recursos culturais são constituídos pelos bens (materiais e imateriais), e que
fazem parte da cultura de um povo.
• Meio ambiente do trabalho é o local onde são realizadas as atividades laborais
dos trabalhadores.
• Compete ao Poder Público a preservação do patrimônio genético do País.

71
AUTOATIVIDADE

Acadêmico(a)! Resolvendo as questões abaixo você estará reforçando seu


aprendizado.

1 Pesquise e apresente o que é um organismo geneticamente modificado


(OGM).

2 Classifique os recursos citados em renováveis e não renováveis: gás natural,


energia solar, madeira, urânio, ouro, carvão mineral, peixes, solo.

3 Pesquise em livros ou na internet e apresente três recursos culturais de sua


cidade ou estado.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

72
UNIDADE 2 TÓPICO 2

RECURSOS ENERGÉTICOS

1 INTRODUÇÃO
Por um longo período da história da humanidade, a única forma de
energia utilizada pelo homem era a sua força muscular, utilizada para a busca dos
alimentos necessários apara a sua sobrevivência. O homem primitivo consumia
em torno de 2.000 kcal/dia através dos alimentos ingeridos. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

A partir da era do homem caçador até meados do século XVIII o mais


importante recurso energético explorado foi a madeira, que começou a ser utilizada
com a descoberta do fogo. Inicialmente para aquecer as habitações e para cozer os
alimentos, vindo a ser utilizada para a fabricação do carvão vegetal e utilizada em
inúmeras aplicações. Quando a madeira ficava escassa os povos eram obrigados a
migrar.

O uso de animais no transporte e nos trabalhos de lavoura, como aragem


de terras, moagem de grãos, bombeamento d’água etc., durante milênios foi a
principal fonte de energia mecânica, estendendo seu domínio até a metade do
século XVIII. Utilizando-se destas fontes disponíveis na época, o homem consumia
em torno de 40.000 kcal/dia.

Os avanços da mecânica provocaram a intensificação das atividades


industriais, agrícolas, comerciais, da urbanização e do crescimento demográfico.
A madeira começou a ficar escassa em diversas regiões da Europa, provocando
um aumento de preço, surgindo então a necessidade de encontrar um substituto.
O substituto imediato foi o carvão mineral, primeiro recurso fóssil explorado de
forma maciça pelo homem. Ao final do século XIX o carvão mineral dominava
a matriz energética, representando cerca de 53% do consumo de energia. Nesta
época o consumo médio do homem era de aproximadamente 80.000 kcal/dia.

Na segunda metade do século XIX os trabalhos de exploração do petróleo


já tinham sido iniciados, porém a primeira exploração comercial aconteceu nos
Estados Unidos, em 1853. O avanço nas técnicas de perfuração e refino fizeram
com que o petróleo tomasse a dianteira como recurso energético. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

De uma forma paralela ao petróleo, a eletricidade foi conquistando seu


espaço no fornecimento mundial de energia, no início com a iluminação, em
seguida com a força motriz.

73
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

No início do século XX a eletricidade era gerada em usinas hidrelétricas,


com uso de turbinas hidráulicas, e em usinas térmicas, com o uso de turbinas à
vapor. Após a Segunda Guerra Mundial a energia nuclear começou a ser explorada
como uma forma para atender a necessidade de geração de mais eletricidade, em
especial naqueles países que não possuíam reservas petrolíferas.

As fontes energéticas foram sucedendo-se, porém nenhuma delas


substituiu totalmente as outras. Todas ainda têm sua parcela de mercado, com
menor ou maior percentagem, em função de sua disponibilidade, preço, políticas
ambientais, entre outros fatores. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

E
IMPORTANT

Nos países desenvolvidos, para obter conforto, lazer e satisfazer suas necessidades
básicas o homem moderno chega a consumir 250.000 kcal/dia. A média mundial está em
torno de apenas 15.000 kcal/dia, com alguns países com um consumo per capita muito
semelhante aos das antigas civilizações. Os países ricos, com 30% da população mundial,
consomem cerca de 70% da energia comercializada.

2 MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL


Matriz energética é uma representação quantitativa da oferta de energia,
ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma
região.

A análise da matriz energética de um país, ao longo do tempo, é


fundamental para a orientação do planejamento do setor energético, que tem de
garantir a produção e o uso adequado da energia produzida, permitindo, inclusive,
as projeções futuras.

A matriz energética mundial é composta basicamente pelas seguintes


fontes energéticas: Petróleo, Biomassa, Hidráulica, Carvão mineral, Gás Natural
e a Nuclear. Outras fontes estão ganhando espaço como a energia eólica, solar,
geotérmica, oceânicas e do hidrogênio. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).
Podemos classificar as fontes energéticas de diversas formas:

l Renováveis:hidráulica, biomassa, energia eólica, energia solar, das ondas e


marés.
l Não renováveis: petróleo, carvão mineral, gás natural, nuclear e geotérmica.

2.1 CADEIAS ENERGÉTICAS


Chamamos de cadeia energética o conjunto de atividades necessárias para
que alguns tipos de energia cheguem onde queremos usá-la. Essas atividades estão
74
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

relacionadas à obtenção de energia primária, sua transformação em secundária nos


centros de transformação e seu transporte de um ponto a outro até o seu consumo
final.

Atualmente geramos energia secundária em usinas, destilarias e refinarias,
a partir de diversos recursos naturais como a água, o petróleo, a cana-de-açúcar,
a lenha, o carvão e o gás natural. Depois, nós a transportamos para as grandes e
pequenas cidades, já como energia final na forma de eletricidade, álcool, gasolina,
óleo e gás.

No caso do petróleo, por exemplo, podemos verificar que ele é transportado
do poço de onde é extraído para a refinaria por um oleoduto ou navio tanque.
Depois é transformado em subprodutos como a gasolina e o óleo diesel e
transportado novamente por caminhões-tanque, até os postos distribuidores, onde
será adquirido pelo consumidor final. Esta é a cadeia energética do petróleo.

3 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA


Segundo dados de 2006 divulgados pelo Ministério de Minas e Energia,
a Matriz energética brasileira está representada por 44,7 % de fontes renováveis
(29,7% da biomassa e 15,0% da hidroeletricidade), enquanto a média mundial é de
apenas 13,3% (11,2% da biomassa e 2,1% da hidroeletricidade).

75
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

FIGURA 7 – COMPARATIVO DA MATRIZ ENERGÉTICA DO BRASIL X MUNDO

FONTE: Ministério de Minas e Energia, 2006. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/mme>.


Acesso em: 18 maio 2010.

4 PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA


A seguir apresentaremos as características das principais fontes de energia
utilizadas no mundo.

4.1 PETRÓLEO
O petróleo é encontrado no sub-solo, junto com gás natural e água. O
petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos (compostos de hidrogênio e carbono)
de diversos tipos, com a presença de enxofre e traços de outros elementos químicos.
Na composição do petróleo, o carbono representa entre 83 e 86% da sua massa e o
hidrogênio entre 11 e 13%.

A teoria mais aceita é que a matéria orgânica, depositada em bacias


sedimentares, com a ação do tempo, do calor e das pressões das rochas deu origem
ao petróleo e ao gás natural.

76
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

Para a sua formação é necessário: matéria orgânica acumulada; a existência


de uma rocha de formação; a existência de rochas acumuladoras; a existência de
uma rocha que impede o escoamento dos hidrocarbonetos do reservatório. (REIS;
FADIGAS; CARVALHO, 2005).

E
IMPORTANT

O petróleo é encontrado no interior de rochas porosas e não em um leito


contínuo.

As características do petróleo variam em função das condições geológicas


de sua formação. Existem diferenças significativas entre as jazidas de petróleo,
sendo assim ele é classificado basicamente por três características:

• BASE: Classificação dos óleos em função dos tipos de hidrocarbonetos


predominantes. Nos óleos de base parafínica encontramos em maior quantidade
os hidrocarbonetos saturados como metano, propano e butano. Nos óleos de
base naftênica predominam os hidrocarbonetos cíclicos saturados, e apresentam
um resíduos asfáltico. Nos óleos com base aromática há hidrocarbonetos cíclicos
não-saturados, como o benzeno e o tolueno

• DENSIDADE: Na classificação dos óleos pela sua densidade utiliza-se o grau


API (American Petroleum Institute), sendo classificados como leves (acima de
30º API, cerca de 0,72 g/cm3), médios (entre 21º e 30º API) e pesados (abaixo
de 21º API, cerca de 0,92 g/cm3). Os óleos leves permitem maior produção de
derivados leves, como a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP), por esse
motivo são mais valorizados.

• TEOR DE ENXOFRE: Classifica-se os óleos como ¨doces¨ (sweet) quando


apresentam baixo teor de enxofre, ou seja, menos de 0,5% de sua massa, ou
ácidos (sour), quando apresentam teor mais elevado. Prefere-se os óleos com
menor teor de enxofre, pois esse é um elemento poluidor, responsável pela
¨chuva ácida¨. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Diversos produtos são derivados do petróleo, a seguir listamos os mais


importantes:

• GLP (Gás liquefeito de petróleo): Consiste de propano e butano, ou a mistura


desses gases. É obtido pela refinação do petróleo bruto, ou do gás natural.
• Gasolina: É composto por uma mistura de vários hidrocarbonetos, é volátil e
inflamável. Obtido por processos de destilação, craqueamento, reformação,
entre outros que se desenvolvem nas refinarias.
• Querosene: Obtido através da destilação fracionada do óleo bruto. Utilizado
como combustível na aviação, tem ainda utilização como solvente e pulverizante.

77
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

• Óleo Diesel: Combustível utilizado em motores que operam pelo ciclo diesel. É
um líquido mais viscoso que a gasolina, com a sua cor variando do amarelo ao
marrom. Temos dois tipos de óleo diesel no Brasil: o utilizado em embarcações
e outro que é queimado em motores de caminhões e ônibus.
• Óleos combustíveis: São todos os derivados do petróleo usados na queima para
produzir calor.
• Nafta: Matéria prima básica para a produção de resinas plásticas.
• Lubrificantes: Diversos produtos, com as mais variadas aplicações como graxas,
óleos lubrificantes.
• Parafinas: Produto com aplicação industrial bastante variada, como
impermeabilizantes de papéis, fabricação de velas, entre outros.
• Asfaltos: Constituído por hidrocarbonetos de elevado peso molecular, é um
material aglutinante de cor escura.

4.2 GÁS NATURAL


O Gás Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que à temperatura
ambiente e pressão atmosférica, se encontra no estado gasoso. Na natureza ele é
encontrado acumulado em rochas porosas no sub-solo, normalmente acompanhado
por petróleo (chamado de gás associado), ou constituindo um reservatório (gás
não-associado). (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Em seu estado bruto, o gás natural é composto principalmente por metano


(CH4), com proporções variadas de etano, propano, butano, hidrocarbonetos mais
pesados e também CO2, N2, H2S, água, ácido clorídrico, metanol e outras impurezas.

O gás natural, depois de tratado e processado, é largamente utilizado em


indústrias, no comércio, em residências e em veículos. Nos países de clima frio,
é bastante utilizado para aquecimento residencial e comercial. No transporte, o
gás natural comprimido é utilizado em automóveis, ônibus e caminhões, como
substituto à gasolina, álcool e óleo diesel, e é conhecido como Gás Natural Veicular
(GNV).

O gás natural também é utilizado como combustível para fornecimento de


calor e energia elétrica (em termelétricas), e como matéria-prima em setores como
o químico, metalúrgico, cerâmico, farmacêutico, fertilizantes, entre outros.

Segundo Reis, Fadigas e Carvalho (2005), o gás natural pode ser encontrado
em mais de oitenta países no mundo, sendo que em 2001 as reservas mundiais
provadas somavam cerca de 156 trilhões de m3, distribuídas em:

• Europa Oriental e ex-União Soviética: 35%


• Oriente médio: 36%
• África: 8%
• Ásia e Oceania: 8%
• América do Norte: 5%
78
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

• América do Sul e Central: 5%


• Europa Ocidental: 3%

ATENCAO

A América Latina possui cerca de 5% do total mundial de reservas, sendo


localizadas em quase sua totalidade (84%) na Venezuela, México e Argentina.

4.3 CARVÃO MINERAL


O carvão mineral é um combustível fóssil que foi formado há milhões de
anos com a decomposição da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias
sedimentares. Esse material orgânico, soterrado e submetido a elevadas pressões e
temperaturas em contato com o ar, foi transformado em um produto sólido, de cor
escura. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

E
IMPORTANT

Quanto maior a pressão e temperatura a que foi submetida a matéria orgânica, e


maior o tempo deste processo, maior será o teor de carbono no carvão. O poder calorífico
do carvão aumenta com a elevação do teor de carbono, sendo nesses casos menor a
quantidade de constituintes voláteis e oxigênio.

No Brasil, as reservas significativas e exploradas estão situadas na região


Sul, nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O Rio Grande do
Sul é o que possui as maiores reservas, 88% do total de reservas medidas.

QUADRO 3 – CLASSIFICAÇÃO DO CARVÃO MINERAL

Conteúdo
Tipo de Carvão Carbono (%) Matéria Volátil calorífico (Kcal/
kg)
Antracito Acima de 86 14 7.300 – 9.100
Betuminoso Abaixo de 86 14 6.400 – 7.800
Sub-betuminoso Abaixo de 86 14 4.650 – 6.400
Lignino Abaixo de 86 14 3.650 – 4.650
FONTE: Reis, Fadigas e Carvalho (2005, p. 212)

79
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

As reservas mundiais de carvão mineral totalizavam, em 2001, 976 bilhões


de toneladas, distribuídas de forma bastante desigual nas diversas regiões do
planeta, conforme apresentado na figura a seguir.

FIGURA 8 – RESERVAS MUNDIAIS DE CARVÃO MINERAL EM 2001

FONTE: Reis, Fadigas e Carvalho (2005, p. 215)

O carvão mineral ainda é um recurso fóssil bastante explorado mundialmente.


Embora tenha sido substituído em algumas aplicações pelo petróleo, gás natural
e energia nuclear, ocupa a segunda posição da matriz energética mundial. É o
recurso mais abundante na natureza, sendo portanto a reserva energética mundial
mais importante. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

4.4 ENERGIA NUCLEAR


A energia nuclear é a energia armazenada no núcleo dos átomos, que
mantém os prótons e nêutrons juntos. É considerada uma energia fóssil, visto que
os elementos foram formados há cerca de oito bilhões de anos.

Na natureza, algumas substâncias como o urânio, têm núcleos atômicos


extremamente pesados e instáveis que podem ser divididos em partículas menores
se forem bombardeados por nêutrons.

80
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

O nêutron, ao atingir um núcleo de urânio, provoca sua quebra em dois


núcleos menores e a liberação de mais nêutrons que, por sua vez, irão atingir
outros núcleos e provocar novas quebras. É uma reação em cadeia e, no momento
em que se dividem, os núcleos emitem calor na forma de radiação.

No Brasil, o urânio é utilizado para a geração de energia elétrica nas usinas


nucleares Angra I e Angra II com capacidade de 650MW e 1.350 MW de potência
respectivamente.

Para gerar o calor que a usina transforma em energia elétrica, o urânio é


primeiramente transformado em gás hexafluoreto de urânio (UF6), na conversão;
depois passa por máquinas que o enriquecem, ou seja, aumentam sua capacidade de
gerar energia; na etapa seguinte, é transformado em pó, o dióxido de urânio (UO2),
a reconversão; que mais tarde vira em pastilhas. As pastilhas são colocadas nas
varetas que vão formar o elemento combustível. (REIS; FADIGAS; CARVALHO,
2005).

E
IMPORTANT

O reator de uma usina como Angra I leva 121 elementos combustíveis. Em cada
um deles, estão alinhadas 235 varetas. Ao todo, no reator, são colocadas 11 milhões de
pastilhas.

O urânio, encontrado em rochas e na água do mar, está disponível em


grandes quantidades para suprimento das necessidades energéticas e não-
energéticas mundiais. A Austrália, Kasaquistão e Canadá juntos possuem 57%
das reservas mundiais. O Brasil possui a 6ª maior reserva geológica de urânio
do mundo, e estão localizadas em seis estados com participação diferenciada em
cada um, sendo que 79% estão nos estados da Bahia e Ceará. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

4.5 ENERGIA DA BIOMASSA


No processo de fotossíntese, as plantas absorvem energia solar, água e
dióxido de carbono do ar, transformando todo este potencial em energia química.
Essa energia pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. As fontes
orgânicas usadas para produzir energia usando esse processo são denominadas
de BIOMASSA.

Os combustíveis mais comuns obtidos da biomassa são os resíduos


florestais e agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos
com o objetivo de produzir energia.

81
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

No Brasil, cerca de 30% das necessidades energéticas são supridas com a


utilização da biomassa, na forma de lenha para queima direta, carvão vegetal usado
em siderúrgicas, e bagaço de cana-de-açúcar usado no sistema de co-geração de
calor e eletricidade nas usinas sucro-alcooleiras.

ATENCAO

Aos combustíveis derivados da biomassa dá-se o nome de biocombustíveis.

E
IMPORTANT

Biocombustíveis são fontes de energia renováveis, derivados de matérias


agrícolas como plantas oleaginosas (soja, mamona, dendê,...), biomassa florestal, cana-
de-açúcar e outras matérias orgânicas. Existem vários tipos de biocombustíveis, como o
bioetanol, biodiesel e biogás.

Em nível mundial, a madeira tem uma participação em torno de 6% na


oferta total de energia, porém difere muito de região para região, sendo mais
utilizada em países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos. Os países
pobres usam muita madeira, basicamente para suas atividades domésticas como
cozimento de alimentos, olarias, e em países de clima não tropical também para
aquecimento de ambientes.

Nos últimos anos, em função da crescente preocupação com o meio ambiente,


os países desenvolvidos estão buscando o uso de fontes renováveis de energia. O
uso da biomassa oriunda de florestas plantadas, como o Eucalipto e Pinus, estão
sendo utilizados para substituir parte de suas necessidades energéticas. O milho, a
colza, a soja e outras oleaginosas têm sido plantadas para serem transformadas em
biodiesel. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

4.6 ENERGIA HIDRÁULICA


O aproveitamento da energia hidráulica contida nos cursos d`água é obtida
através das usinas hidrelétricas. Estas usinas aproveitam a diferença de energia
potencial existente entre o nível de água a montante e a jusante para produzir
eletricidade (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Para fazer este aproveitamento, normalmente são construídas barragens


e reservatórios de água. A água é retirada do reservatório e conduzida à casa de

82
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

máquinas por meio de tubulações. Na casa de máquinas, a energia potencial é


transformada em energia cinética utilizada para girar uma turbina, que transforma
a energia cinética em energia mecânica. O gerador acoplado ao eixo da turbina
transforma a energia mecânica em energia elétrica (Figura a seguir).

As principais variáveis utilizadas na classificação de uma usina hidrelétrica


são: altura da queda d’água, vazão, capacidade ou potência instalada, tipo de
turbina empregada, localização, tipo de barragem e reservatório. Todos são fatores
interdependentes. Assim, a altura da queda d’água e a vazão dependem do local
de construção e determinará qual será a capacidade instalada - que, por sua vez,
determina o tipo de turbina, barragem e reservatório.

E
IMPORTANT

A potência instalada determina se a usina é de grande ou médio porte ou uma


Pequena Central Hidrelétrica (PCH). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adota
três classificações: Centrais Geradoras Hidrelétricas (com até 1 MW de potência instalada),
Pequenas Centrais Hidrelétricas (entre 1,1 MW e 30 MW de potência instalada) e Usina
Hidrelétrica de Energia (UHE, com mais de 30 MW).

FIGURA 9 – PERFIL ESQUEMÁTICO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA

FONTE: Disponível em: <http://www.eletronuclear.gov.br/tecnologia/index.


php?idSecao=2&idCategoria=91> Acesso em: 1 fev. 2010.
83
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

4.7 ENERGIA EÓLICA


Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nos movimentos
das massas de ar na atmosfera (vento). Seu aproveitamento ocorre por meio
da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação,
através de turbinas eólicas (também denominadas aerogeradores), para a geração
de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para trabalhos mecânicos como
bombeamento d’água.

As turbinas eólicas modernas podem ser classificadas, de acordo com a


orientação do eixo do rotor em relação ao solo, em: verticais e horizontais. Os
rotores de eixo horizontal são os mais comuns e a maior parte da experiência
internacional está voltada para a sua utilização. (REIS; FADIGAS; CARVALHO,
2005).

FIGURA 10 – DESENHO DE UMA TURBINA EÓLICA DE EIXO HORIZONTAL

FONTE: Disponível em: <http://www.adamantina.sp.gov.br/jsfsite/expoVerde/


eolica.html>. Acesso em: 1 fev. 2010.

84
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

Um sistema eólico pode ser utilizado em três aplicações distintas: sistemas


isolados, sistemas híbridos e sistemas interligados à rede.

Nos sistemas isolados, normalmente utilizam-se baterias para o


armazenamento da energia gerada.

Nos sistemas híbridos, utiliza-se aerogeradores de médio e grande porte,


e são desconectados da rede convencional, atendendo a um maior número de
usuários. Esse sistema normalmente apresenta várias fontes de geração de energia,
como painéis fotovoltaicos, geração a diesel, turbinas eólicas, entre outras.

Os sistemas interligados à rede utilizam um grande número de


aerogeradores (fazendas eólicas) e a energia é disponibilizada diretamente na rede
elétrica. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

FIGURA 11 – TAMANHO DOS AEROGERADORES E SUAS PRINCIPAIS APLICAÇÕES

FONTE: Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/tutorial/tutorial_eolica.htm>.


Acesso em: 1 fev. 2010.

ATENCAO

O total de potência instalada no mundo de sistemas eólicos interligados à rede


elétrica soma aproximadamente 120 GW (WWEA, 2009).

85
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

E
IMPORTANT

O potencial eólico brasileiro é de 143,5 GW , segundo um estudo do Centro de


Pesquisa em Energia Elétrica (Cepel) do Ministério de Minas e Energia, feito em 2005.

4.8 ENERGIA SOLAR

A busca de sistemas alternativos de energia é uma constante, devido ao


aumento do consumo e da dependência mundial da geração de energia através de
fontes não renováveis. O aproveitamento do sol tanto como fonte de calor quanto
de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras para enfrentarmos os
desafios do novo milênio. A origem da energia que o Sol produz e irradia está nas
reações nucleares que se realizam ininterruptamente em seu interior, a partir da
grande pressão existente em seu núcleo.

Do total de radiação incidente na terra, 30% são refletidos imediatamente


de volta para a atmosfera. Os 70% restantes são utilizados para aquecer a superfície
da Terra, a atmosfera, os oceanos (47%) ou são absorvidos na evaporação da água
(23%). Uma quantidade muito pequena é utilizada na formação dos ventos e das
ondas e absorvida pelas plantas no processo de fotossíntese. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

UNI

O Sol irradia anualmente o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida


pela população mundial neste mesmo período. Para medir a potência é usada uma unidade
chamada quilowatt. O Sol produz continuamente 390 sextilhões de quilowatts de potência.

4.8.1 Energia solar fototérmica

Energia solar fototérmica é a quantidade de energia que um determinado


corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente
no mesmo. Para isso utilizam-se coletores ou aquecedores solares.

86
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

O equipamento mais utilizado é o coletor solar plano que converte energia


solar em energia térmica. Geralmente este coletor é fabricado com metais de alta
condutividade térmica (como o cobre, alumínio ou aço) e pintado com uma cor
escura para aumentar a eficiência de absorção de luz solar.

FIGURA 12 – SISTEMA SOLAR DE AQUECIMENTO DE ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-


energia-solar/energia-solar-17.php>. Acesso em: 1 fev. 2010.

4.8.2 Energia solar fotovoltaica

É a energia obtida com a conversão direta da luz em eletricidade (efeito


fotovoltaico). Efeito fotovoltaico é o aparecimento de uma diferença de potencial
nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção
da luz solar.

As células fotovoltaicas podem ser usadas em pequenas aplicações,


como calculadoras, ou até em naves espaciais. Esse sistema foi desenvolvido
nos E.U.A. na década de 50, na construção dos satélites espaciais. Estas células
são semicondutores constituídos de cristais de silício, nos quais se introduzem
pequenas impurezas (de boro ou arsênio). Com isso forma-se no condutor regiões

87
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

com propriedades diferentes (com excessos e faltas de elétrons). Quando a luz


atinge o cristal, excita os seus elétrons, que tende a deslocar-se pelo semicondutor,
resultando numa corrente elétrica.

UNI

Pela baixa tensão e corrente de saída em uma célula fotovoltaica, agrupam-se


várias células em série formando um módulo.

FIGURA 13 – ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA UTILIZADO PELA NASA

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-


energia-solar/energia-solar-3.php>. Acesso em: 12 mar. 2010.

4.9 ENERGIA GEOTÉRMICA

Energia geotérmica, também chamada de geotermal, é aquela gerada


através do calor proveniente do interior da terra. Esse calor é transformado, na
usina geotérmica, em eletricidade.

88
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

E
IMPORTANT

Geo significa terra e térmica está ligada a quantidade de calor. Abaixo da crosta
terrestre temos uma rocha líquida, chamado magma. A crosta terrestre flutua nesse magma,
que por vezes atinge a superfície através de um vulcão ou de uma fenda. Os vulcões, as
fontes termais, gêiseres são manifestações desta fonte de energia.

Em baixas e moderadas temperaturas (abaixo de 100ºC), a energia geotérmica


pode ser utilizada para aquecimento de ambientes, secagem, processamento de
alimentos, cozimento e aquecimento de água, entre outros usos. Acima dessa
temperatura a energia geotérmica é usada principalmente para a produção de
energia elétrica.

UNI

A energia geotérmica é considerada como não renovável, pois a taxa de extração


em uma usina geotérmica é muito superior ao fluxo de calor do interior da terra para a
superfície.

FIGURA 14 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZANDO A ENERGIA GEOTÉRMICA-


ISLÂNDIA

FONTE: Disponível em: <http://ecotecnologia.wordpress.com/2007/12/04/nova-tcnica-


para-localizao-de-energia-geotrmica/>. Acesso em 12 mar. 2010.

89
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

Os primeiros projetos de aproveitamento da energia geotérmica para


geração de eletricidade foram construídos em Lardarello, Itália, em 1904, e em
Wairakei, Nova Zelândia, em 1950. O projeto ¨Geysers¨, Califórnia, foi o primeiro
deste tipo nos Estados Unidos, com uma potência instalada de 2.800 MW. (REIS;
FADIGAS; CARVALHO, 2005).

4.10 ENERGIA DAS ONDAS


As ondas nos oceanos são causadas pela ação do vento sobre as águas em
determinado trecho, resultado do aquecimento desigual do ar sobre a terra e o mar.
As ondas movimentam energia, não água, por grandes distâncias. A água é o meio
pelo qual a energia cinética se move. Desta forma, energia elétrica pode ser obtida
utilizando o movimento oscilatório das ondas. (REIS; FADIGAS; CARVALHO,
2005).

Vários sistemas para o aproveitamento desta energia estão em uso e


também em testes no mundo. Os aparelhos que capturam a energia das ondas em
posição perpendicular ao seu movimento são chamados de terminadores. Nesse
sistema temos uma parte fixa, na terra ou no fundo do mar, e uma parte móvel, que
aciona uma turbina em função das ondas.

Na coluna oscilatória de água, as ondas enchem uma coluna de água, que


pressuriza o ar do seu interior fazendo-o passar por uma abertura superior. Nessa
passagem o ar faz girar uma turbina. Ao descer a coluna de água, novamente
ocorre a passagem do ar, desta vez no sentido contrário, girando da mesma forma
a turbina.

No dispositivo de alagamento, sendo o tipo mais conhecido chamado de


Salter´s Duck, existe uma sistema que recolhe a água das ondas em um reservatório,
e ao sair essa água passa por uma turbina geradora de energia elétrica.

90
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

FIGURA 15 – DISPOSITIVO PELAMIS

FONTE: Disponível em: <http://images.businessweek.com/ss/06/02/hydropower/source/4.


htm>. Acesso em: 25 mar. 2010.

No sistema atenuador os aparelhos são colocados de forma paralela ao


movimento das ondas, sendo um dos sistemas mais conhecidos o Pelamis, um
conjunto composto por longos cilindros flutuadores conectados uns aos outros
por dobradiças e ancorados no leito do mar. As partes cilíndricas em movimento
acionam um sistema hidráulico instalado nas seções conectadas que acionam um
gerador elétrico. A energia elétrica é enviada a terra por meio de cabos submarinos.

Outro sistema utilizado é o absorvedor pontual, que absorvem a energia


que venham de qualquer direção. O aparelho denominado de Aquabuoy usa
as ondas para acionar um pistão em forma de disco, no interior de um tubo,
conectado a bombas e mangueiras. O movimento das ondas pressuriza a água
no interior do tubo que movimenta uma turbina conectada a um gerador elétrico.

91
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

FIGURA 16 – DISPOSITIVO AQUABUOY

FONTE: Disponível em: <http://www.contitech.de/pages/news/aktuelles/080414_


aquabuoy_en.html>. Acesso em: 25 mar. 2010.

4.11 ENERGIA DO HIDROGÊNIO

Estudo e pesquisas em andamento apontam a água como um promissor


recurso energético a ser utilizado no futuro pelo uso do hidrogênio e oxigênio que
a constituem, proporcionando uma fonte de energia elétrica e térmica para uso em
centrais de geração de eletricidade e vapor. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Células a combustível estão sendo pesquisadas e aprimoradas em diversos


locais do planeta, e várias já estão em funcionamento, fornecendo energia elétrica
e térmica para indústrias, residências e outras instalações.

Gases ricos em hidrogênio podem ser obtidos por processos de reforma de


vários combustíveis. Podemos citar como exemplos o gás natural, gases resultantes
de dejetos agrícolas e urbanos, gases da gaseificação do carvão, da madeira ou do
bagaço de cana, ou ainda da reforma de metanol ou do etanol.

Uma célula a combustível gera eletricidade por meio da reação entre o


hidrogênio e o oxigênio. Ela consiste em dois eletrodos, o ânodo e o cátodo, e
um eletrólito colocado entre eles. O hidrogênio é alimentado no ânodo, que sob
a influência de um catalisador divide o mesmo em íons de hidrogênio e elétrons.

92
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

Os íons migram pelo eletrólito para o cátodo, enquanto os elétrons fluem para o
cátodo através de um circuito externo. Simultaneamente o cátodo é suprido com
oxigênio e os íons de hidrogênio e os elétrons formam água. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

FIGURA 17 – FUNCIONAMENTO DE UMA CÉLULA A COMBUSTÍVEL

FONTE: Disponível em: <http://celulasdecombustivel.planetaclix.pt/comofuncionam.html>.


Acesso em: 29 mar. 2010.

UNI

A vantagem ambiental da Célula a Combustível é que se trata de um processo


que converte o combustível em eletricidade mediante oxidação sem chamas, ou seja, não
ocorre a queima do combustível. Dessa forma os impactos ambientais são menores e pode-
se atingir eficiência superior a 50%. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

5 IMPACTOS AMBIENTAIS NA EXTRAÇÃO E USO DA ENERGIA


Segundo Reis, Fadigas e Carvalho (2005), inúmeros impactos ambientais
são relacionados aos processos de extração, produção e uso das diversas fontes
de energia. Podemos citar a poluição do ambiente marinho pelo petróleo, onde o
óleo espalha-se pela superfície da água levando anos para ser absorvido. Provoca
93
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

aumento da carga orgânica, impede a oxigenação e mata a fauna e flora marinhas.


Durante o seu uso, os derivados de petróleo causam grande poluição atmosférica.
Os veículos com motores à combustão, que utilizam combustíveis derivados do
petróleo são os maiores responsáveis pelas emissões aéreas tóxicas nas grandes
cidades e por 95% da contaminação aérea por chumbo. Sua contribuição para o
feito estufa é significativa (pelo CO2 emitido), além da emissão do monóxido de
carbono (CO), que em grandes concentrações traz graves problemas respiratórios
principalmente em crianças e idosos, e de hidrocarbonetos, que reagindo com
óxidos de nitrogênio geram compostos oxidantes.

A energia hidráulica, amplamente utilizada no Brasil, provoca impactos


principalmente devido à criação de reservatórios. O reservatório altera o fluxo
natural das águas, sua velocidade, turbulência, e turbidez. Durante a operação
podemos ter problemas como alterações nos regimes de chuvas, criação de
microclimas, interferência na migração dos peixes e a emissão de gás metano
(CH4) devido à decomposição da floresta alagada. Também imobilizam grandes
quantidades de terras, muitas vezes produtivas, representando perdas na produção
agrícola, o desaparecimento de comunidades (que devem ser realocadas, processo
geralmente traumático e complexo), a perda de sítios arqueológicos, alagamento de
áreas indígenas e a perda de belezas naturais (como o das Sete Quedas no Brasil).
Ocorrem também problemas relativos à estabilidade das encostas, aos aspectos
paisagísticos, à perda de recursos minerais inundados, além de possível elevação
e contaminação de lençóis freáticos.

A extração de carvão mineral provoca grandes alterações no ambiente, pois


o mesmo apresenta alguns elementos como os sulfetos que podem reagir com o ar
ou a água, formando substâncias que contaminam o solo e as águas. A queima do
carvão libera substâncias que provocam poluição, como:

• oxido de enxofre (SO2), responsável por problemas respiratórios e, dependendo


de sua concentração na atmosfera, pode possibilitar o surgimento de chuva
ácida e outros efeitos ambientais a consideráveis distâncias da emissão;
• material particulado, devido ao arraste de parte das cinzas formadas durante o
processo de combustão pelo fluxo de gases da chaminé. O material particulado
afeta o sistema respiratório de pessoas e animais, afeta o meio ambiente pela sua
deposição em bens imóveis, em plantas e vegetais, e na visibilidade atmosférica;
• o óxido de nitrogênio (NOX) em altas concentrações provoca o agravamento de
enfermidades pulmonares, cardiovasculares e renais, bem como a redução do
crescimento de plantas e na queda prematura das folhas;
• o dióxido de carbono (CO2), principal causador do efeito estufa, quando em
excesso na atmosfera pode provocar o aquecimento global.

O gás natural é, dentre os combustíveis fósseis, o que apresenta a menor


quantidade de impactos ambientais. A ingestão ou inalação acidental do gás
natural não provoca danos à saúde das pessoas, pois ele não é tóxico, e à medida
que ocorre a respiração de ar fresco ele é eliminado do organismo. Os principais
poluentes atmosféricos emitidos pelas usinas termelétricas a gás natural são dióxido
de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOX) e, em menor escala, monóxido de
94
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

carbono (CO) e alguns hidrocarbonetos de baixo peso molecular, inclusive metano.


Estudo sobre gás natural do Plano Nacional de Energia 2030 registra que o volume
de CO2 lançado na atmosfera pode ser entre 20% e 23% inferior àquele produzido
pela geração a partir do óleo combustível e entre 40% e 50% inferior aos casos de
geração a partir de combustíveis sólidos, como o carvão. (ANEEL, 2008).

A contaminação radioativa é proveniente do beneficiamento de urânio


utilizado em grande parte nas usinas nucleares para a geração de eletricidade. O
resíduo nuclear, conhecido como lixo atômico, se não for bem acondicionado pode
tornar-se um grande problema, pois tem vida longa. A segurança de uma usina
nuclear contra vazamentos radioativos é um fator primordial, já que vazamentos
nucleares contaminam o meio ambiente, causam mortes imediatas e doenças
graves.

A energia eólica, apesar de não utilizar combustíveis fósseis e de não emitir


poluentes atmosféricos, não é totalmente desprovida de impactos ambientais.
Devido as suas torres e hélices serem muito altas pode ameaçar pássaros, se forem
instaladas em rotas de migração. Também emitem certo nível de ruído, de baixa
frequência, o qual pode causar incômodo a moradores muito próximos, também
podem causar interferências na transmissão de televisão.

A utilização da biomassa como fonte de energia pode provocar diversos


impactos, como o desmatamento e a consequente erosão do solo, a destruição da
fauna e flora com extinção de espécies, a contaminação do solo e cursos de água
devido ao uso de adubos e defensivos agrícolas com manejo inadequado, a emissão
de poluentes (CO2) pela própria queima da biomassa com desprendimento de
calor para o meio ambiente.

Os impactos ambientais mais significantes na utilização da energia solar


são provocados durante as etapas de fabricação de seus materiais, a construção e
instalação dos dispositivos. O sistema para aproveitamento da energia fotovoltaica
apresenta impactos como a emissão de produtos tóxicos durante o processo da
matéria-prima para a produção dos módulos e componentes periféricos, tais como
ácidos e produtos cancerígenos. Impactos visuais também ocorrem, porém podem
ser minimizados com a escolha de áreas adequadas. Existe também a necessidade
de reciclar corretamente as baterias e outros materiais tóxicos contido nos módulos
fotovoltaicos.

A energia das ondas não apresenta grandes impactos ambientais, e irá variar
em função do tipo de empreendimento realizado. A perturbação da vida marinha
ocorre praticamente somente durante o período de construção, e o barulho não é
maior que o próprio barulho das ondas. Pouco impacto visual, pois a maior parte
dos equipamentos fica submerso, e não oferecem riscos à navegação, pois podem
ser sinalizados ou desviado das rotas marítimas.

A energia geotérmica apresenta alguns impactos ambientais, sendo os mais


significantes: poluição sonora durante a perfuração do poço e disposição do fluido
retirado; rebaixamento do solo; os gases não condensados e a água condensada
95
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

possuem alguns poluentes como gás carbônico, dióxido de enxofre, metano (no
caso do gás) e sílica, metais pesados, sódio e potássio (no caso da água). Atualmente
quase todos os elementos são reinjetados.

Ou seja, todas as fontes energéticas provocam impactos no meio ambiente,


algumas bastante polêmicas como o caso dos resíduos nucleares, outras de
menores proporções como as consideradas “limpas”, caso da energia eólica, solar,
das ondas e da biomassa.

6 PRINCIPAIS ACIDENTES AMBIENTAIS


No decorrer das últimas décadas ocorreram vários acidentes ambientais,
gerando graves consequências para o meio ambiente. Abaixo apresentamos os
principais acidentes ambientais no mundo, alguns provocados pelo transporte ou
uso de recursos energéticos. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

• Anos 30

Ocorreu na Bélgica, em 1930, o primeiro grave acidente ambiental. Em


uma zona industrial ocorreu a formação de uma espessa névoa, com grande
concentração de poluentes atmosféricos. Os habitantes da região apresentavam
tosse, dificuldade de respirar, dores no peito, irritação na mucosa nasal e olhos.
Cerca de 70 pessoas morreram e centenas ficaram enfermas ao final de 5 dias.

• Anos 50

Entre 4 e 13 de dezembro de 1952 , na Inglaterra, um fenômeno denominado


de smog causou graves problemas de saúde na população. Os gases da queima
de carvão mineral usado para produção de energia elétrica eram lançados na
atmosfera sem tratamento, e continham enxofre e material particulado em grande
quantidade.

O derramamento de mercúrio na Baía de Minamata, Japão, provocou a


morte de 700 pessoas e cerca de 9.000 doentes crônicos. O mercúrio era proveniente
de uma fábrica de PVC que o utilizava como catalisador, lançando os resíduos na
baía.

• Anos 70

Em 1976, um incêndio numa fábrica de pesticidas localizada em Seveso,


Itália, provocou a formação de uma pequena nuvem branca que continha apenas
2,5 kg de dioxina, que logo foi disseminada pela atmosfera na região. Alguns dias
mais tarde, as crianças apareceram com pontos vermelhos e borbulhas na pele,
vômitos constantes e problemas renais. As mulheres grávidas geraram, meses
depois, crianças sem cérebro e com deformações físicas. Segundo dados, cerca de
5.000 italianos teriam sido vítimas deste acidente.
96
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

• Anos 80

Em Bophal, na Índia, ocorreu um vazamento acidental do gás metil


isocianato, nas instalações da empresa Union Carbide no ano de 1984. Segundo
estatísticas, morreram 3.323 pessoas e 35.000 ficaram doentes crônicos.

Em 1984 uma tragédia sacudiu Cubatão, em São Paulo. Duas fortes


explosões e o incêndio que se seguiu, provocados pelo vazamento de gasolina
nos dutos da Petrobrás, queimaram mais de 1.000 casas no bairro de Vila Socó e
mataram 150 pessoas.

Em 1986, na Ucrânia, ocorreu a explosão da central nuclear de Chernobyl,


devido a um incêndio que provocou o aumento da temperatura do reator de 2.204
ºC para 3.000 ºC. Com a alta temperatura ocorreu à danificação da cobertura de
grafite que envolve o urânio atômico, que começou a queimar em contato com
o oxigênio e derreteu o próprio núcleo do reator. Altas doses de radiação foram
liberadas para a atmosfera, que em menos de uma semana se dispersou por vários
países da Europa. No momento da explosão ocorreram 80 mortes e 2.000 pessoas
foram levadas aos hospitais. Supõe-se que o acidente tenha provocado câncer
em cerca de 135.000 pessoas nos 5 anos seguintes e durante 150 anos nos seus
dependentes devido à mutação genética.

FIGURA 18 – USINA NUCLEAR DE CHERNOBYL – UCRÂNIA

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2010.

97
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

Na Basileia, Suíça, em 1986, um incêndio ocorrido em uma fábrica de


produtos químicos derramou 30 toneladas de pesticidas no Rio Reno. 193 km do
rio foram afetados, provocando a morte de 500.000 peixes e de centenas de enguias.

Em 1987, alguns equipamentos do Instituto Goiano de Radioterapia foram


vendidos como sucata para um ferro-velho. Ao abrir a cápsula de Césio 137, o dono
do ferro-velho liberou o pó radioativo e, poucos dias depois, os frequentadores
do local começaram a apresentar os sintomas da contaminação, como diarreia,
vômitos e queimaduras pelo corpo. 110 pessoas foram contaminadas e 4 morreram.

Em março de 1989, o petroleiro Exxon Valdez chocou-se com rochas no


canal Príncipe Willian, no Alasca. 42 mil toneladas de petróleo espalharam-se,
formando uma imensa mancha. Nas costas do Alasca, 1.200 km foram atingidos
pelo petróleo. Foram contabilizados mais de 23.000 patos e aves aquáticas mortas,
mais de 200 águias de uma espécie em extinção foram atingidas e mais de 1.000
lontras marinhas sufocadas, além do envenenamento de peixes e camarões, que
ameaçou a sobrevivência de pescadores.

• Anos 90

Em 1998 foram despejadas 2 mil toneladas de ácido sulfúrico no canal de


ligação entre a Lagoa dos Patos e o mar pelo navio Bahamas, de bandeira panamenha,
no Rio Grande do Sul.

• 2000

No dia 18 de janeiro de 2000, um duto avariado da Petrobras permitiu que


1,3 milhão de litros de óleo contaminasse a Baía de Guanabara, maior cartão postal
do Brasil. O Óleo atingiu praias da ilha de Paquetá e 1.400 hectares da Área de
Proteção Ambiental de Guapimirim.

• 2001

Em janeiro de 2001 ocorreu o vazamento de 50 mil litros de óleo diesel


na Serra do Mar, no oleoduto que liga a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em
Araucária, ao terminal de Paranaguá. Esse acidente trouxe prejuízos incalculáveis,
pois atingiu trechos da Mata Atlântica mais bem preservados do Brasil, considerados
reserva da biosfera pela UNESCO.

• 2002

No dia 13 de novembro de 2002 o petroleiro grego Prestige, com bandeira


das Bahamas, encalhou diante do litoral da Galícia (noroeste da Espanha), vindo
a afundar no dia 19, derramando no mar 20 mil toneladas de óleo. Segundo o
Instituto Francês de Pesquisa de Águas Contaminadas Acidentalmente (Cedre),
o óleo contém 37,6% de hidrocarbonetos aromáticos, ou seja, os compostos mais
tóxicos e cancerígenos. A contaminação chegou a ser detectada perto de Esposende,
porto pesqueiro situado a 350 km ao norte de Lisboa.
98
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

• 2010

Uma explosão na plataforma de petróleo Deepwater Horizon, da British


Petroleum, ocorrida no dia 20 de abril de 2010, no Golfo do México, provocou a
morte de 11 pessoas e o vazamento de cerca de 780 milhões de litros de petróleo,
considerado o maior acidente ambiental dos Estados Unidos. Após a explosão,
o sistema automático de controle da válvula instalada no fundo do mar falhou
e permitiu o vazamento. Dois dias após a explosão, a plataforma afundou. O
vazamento só foi totalmente controlado em 19 de setembro, após várias tentativas
frustradas de conter o despejo de óleo no mar. Mais de 48 mil pessoas trabalharam
nas operações de contenção do vazamento, na proteção de áreas litorâneas e da
sua fauna, e na limpeza das áreas afetadas pelo derramamento. Milhares de aves,
tartarugas marinhas e golfinhos foram afetados.

FIGURA 19 – INCÊNDIO NA PLATAFORMA DA BP NO GOLFO DO MÉXICO

FONTE: Disponível em: <http://www.nrfacil.com.br/blog/?p=3661>. Acesso em: 25 jun. 2012.

• 2011

O terremoto de 8,9 graus na escala Richter que abalou o Japão foi seguido
de um tsunami, que acabou avariando o sistema de resfriamento dos seis reatores
da usina nuclear Fukushima Daiichi, provocando o superaquecimento. Com a alta
temperatura, o material que revestia o combustível radioativo derreteu, liberando
radiação e hidrogênio, um gás inflamável, provocando explosões que danificaram
as paredes de contenção do reator, liberando a radiação, especialmente do Césio

99
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

137, para o ambiente. Segundo os pesquisadores, 80% da radiação caiu sobre o


Oceano Pacífico, e 20% sobre o Japão.

FIGURA 20 – USINA NUCLEAR FUKUSHIMA APÓS O ACIDENTE

FONTE: Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/superblog/desastre-nuclear-de-


fukushima-no-japao-foi-duas-vezes-pior-do-que-se-pensava/>. Acesso em: 25 jun. 2012.

No dia 8 de novembro de 2011 foi detectado um vazamento no poço da


plataforma de exploração de petróleo no Campo Frade, na Bacia de Campos, no
litoral do Rio de Janeiro, de responsabilidade da Cevron Brasil Upstream. Cerca
de 2,4 mil barris de petróleo foram lançados ao mar até que o vazamento fosse
sanado. O presidente da empresa afirmou que o vazamento foi provocado pela
perfuração do poço em uma zona onde a pressão era maior que a esperada.

LEITURA COMPLEMENTAR

PROJETO ÔNIBUS BRASILEIRO A HIDROGÊNIO

Tecnologias renováveis para o transporte urbano no Brasil

José Lima de Andrade Neto

O mundo vem assistindo nos últimos tempos a uma crescente preocupação


de governos, organismos internacionais e da sociedade, relativamente às questões
ambientais e, especialmente, ao aquecimento global do planeta, problemas que
começam a ganhar contornos estratégicos.

100
TÓPICO 2 | RECURSOS ENERGÉTICOS

Assim, configura-se cada vez mais, como objetivo prioritário, a busca


do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, estão inseridas as políticas e
diretrizes do Governo Federal, implementadas pelo Ministério de Minas e Energia,
visando o uso crescente de fontes renováveis e limpas.
 
O Brasil, diferentemente da maioria dos países desenvolvidos, possui
uma matriz energética com cerca de 45% de energia renovável e deve elevar esse
patamar a quase 47%, conforme previsão do Plano Nacional de Energia 2030. No
resto do mundo esse percentual é da ordem de14%.
 
Na matriz de veicular, em comparação aos demais países, o Brasil se
configura como um país com grande presença de combustíveis renováveis. No
resto do mundo, a participação desses combustíveis é praticamente inexpressiva e
o que se observa é a supremacia do uso dos derivados de petróleo.
 
Como se verifica, o País dispõe de uma matriz diversificada, haja vista as
alternativas que possui para produzir combustíveis de natureza fóssil e renovável,
constituindo um ambiente favorável para introdução gradual do hidrogênio. Esse
energético, se produzido a partir de insumos de natureza renovável, deixará o
Brasil em sintonia com as iniciativas internacionais para redução das emissões
atmosféricas e diminuição da dependência dos combustíveis fósseis.
 
Os exemplos de sucesso do álcool e do biodiesel credenciam o país para a
produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis. Assim é que o Ministério de
Minas e Energia tem envidado esforços no sentido de planejar a estruturação da
Economia do Hidrogênio no Brasil.
 
As ações do Ministério de Minas e Energia com vistas a coordenar o
processo de estruturação estão orientadas à criação de mercados sustentáveis,
produzidos a partir de fontes de hidrogênio, de acordo com as especificidades do
Brasil, em sintonia com as iniciativas internacionais para redução das emissões
atmosféricas e diminuição da dependência dos combustíveis fósseis. Sob esta ótica
um dos desafios de maior relevância é a construção de um ambiente favorável de
negócios que promova o desenvolvimento econômico com inclusão social.
 
O Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio é mais um passo importante
para consolidar a invejável vocação brasileira para o uso de combustíveis
renováveis e funcionará como um importante vetor que ajudará a impulsionar
o desenvolvimento da nova economia no País, na medida em que permitirá a
demonstração da viabilidade técnica e operacional de ônibus a célula a combustível
e da estrutura de produção e abastecimento de hidrogênio.
 
O Ministério de Minas e Energia, por meio da Secretaria de Petróleo, Gás
Natural e Combustíveis Renováveis participou de todas as etapas deste projeto
desde a sua formulação inicial, exercendo o seu papel de planejar e implementar
ações que conduzam à inserção do hidrogênio como complemento à matriz
energética renovável que o Brasil já possui, reforçando uma importante vantagem
comparativa que nos destaca no cenário mundial.
101
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

  Junto com os nossos parceiros, que abraçaram essa ideia com afinco e
entusiasmo, estamos comprometidos com o sucesso do Projeto ônibus Brasileiro
a Hidrogênio pelo seu caráter inovador, ambientalmente correto e, portanto,
inteiramente aderente às políticas e diretrizes do Ministério de Minas e Energia.
 
FONTE: Disponível em: <http://www.mme.gov.br/programas/onibus_hidrogenio/>. Acesso em: 1 abr.
2010.

102
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você teve a oportunidade de aprender os seguintes itens
referentes aos recursos energéticos:

• A matriz energética é uma representação da quantidade de recursos energéticos


oferecidos por um país ou por uma região.
• A matriz energética brasileira está representada por 44,7 % de fontes renováveis.
• As principais fontes energéticas, suas características e suas aplicações.
• Os impactos ambientais na extração e uso das fontes energéticas.
• Os principais acidentes ambientais ocorridos nas últimas décadas.

103
AUTOATIVIDADE

Para testar seus conhecimentos adquiridos, resolva a autoatividade a seguir.

• Pesquise e descubra como é transformado a energia nuclear em energia


elétrica em uma usina nuclear. Faça o mesmo com a energia geotérmica, e
compare as duas fontes de energia.

• Pesquise na internet, em livros ou revistas e descreva o funcionamento e


como são construídos os equipamentos para a obtenção de energia elétrica
utilizando as ondas do mar, descritos no item 4.10 deste tópico.

104
UNIDADE 2
TÓPICO 3

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
Poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de
qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades físicas, químicas
ou biológicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, a saúde das espécies
animais ou vegetais que dependem ou tenham contato como ele.

Poluição pode ser considerada como a degradação das condições


ambientais, que pode alcançar as águas, o solo e o ar.

2 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
A degradação ambiental pode ser vista como um processo de degeneração
do meio ambiente, onde as alterações biofísicas do meio provocam alterações na
fauna e flora naturais, com a possibilidade de perda da biodiversidade.

A degradação ambiental é normalmente associada às atividades antrópicas,


ou seja, a poluição produzida pela ação do homem, porém, no decorrer da evolução
dos ecossistemas pode ocorrer degradação por meios naturais.

2.1 ASSOREAMENTO
Assoreamento é o acúmulo de areia, solo ou outros materiais levados
pela chuva ou vento até os rios, lagos, córregos e nascentes. A mata ciliar, neste
momento, serve como filtro para evitar que este material se deposite na água.
Infelizmente, em muitos locais foram indevidamente removidas, ficando os rios
e lagos desprotegidos e sujeitos ao assoreamento e desbarrancamento de suas
margens, agravando mais ainda o problema. Outro agravante ao assoreamento são
os desmatamentos, deixando o solo sujeito à erosão, e as grandes movimentações
de terras.

O assoreamento reduz o volume de água, deixa a mesma mais turva e


diminui a penetração da luz, impedindo a realização da fotossíntese, o que diminui
o oxigênio disponível para os peixes.

105
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

FIGURA 21 – ASSOREAMENTO E DESBARRANCAMENTO DE MARGENS DE RIO

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-


assoreamento/>. Acesso em: 29 jun. 2012.

2.2 DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS


O deslizamento é um fenômeno comum em áreas de relevo acidentado,
principalmente nas encostas. É caracterizado por grandes movimentos de solo,
incluindo rochas e detritos. Este fenômeno é mais grave quando ocorre em
áreas ocupadas, gerando perdas materiais e, infelizmente, de vidas. A retirada
da vegetação das encostas, responsável pela consistência do solo e de impedir o
escoamento das águas através das raízes, aumenta os riscos de deslizamentos. Em
locais de grandes precipitações pluviométricas a ocorrência de deslizamentos é
acentuada, com maiores prejuízos.

106
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

FIGURA 22 – DESLIZAMENTO DE ENCOSTA

FONTE: Disponível em: <http://geopensar.blogspot.com.br/2010/02/riscos-e-


catastrofes-os-terriveis.html>. Acesso em: 29 jun. 2012.

2.3 INUNDAÇÕES
As inundações são ocorrências onde se verifica a elevação do nível das
águas dos rios provocada por chuvas fortes, ou moderadas mas duradouras,
ocasionando o alagamento das áreas ocupadas por residências, indústrias,
comércio e vias públicas.

Verifica-se também a ocorrência de inundações nas cidades com sistemas


de drenagens insuficientes para fortes precipitações pluviométricas. Nestes casos
as águas das chuvas não conseguem extravasar rapidamente, acumulando-se nos
leitos das ruas e nos perímetros urbanos.
FIGURA 23 – INUNDAÇÃO

FONTE: Disponível em: http://www.defesacivil.gov.br/desastres/recomendacoes/


inundacao.asp. Acesso em: 1 jul. 2012.

107
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

No Brasil temos situações de inundações cíclicas e sazonais, como as


inundações anuais da bacia do Rio Amazonas. Ao longo de quase um século de
registros, observou-se que na maioria dos anos, no mês de junho, ocorre o pico das
cheias.

3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
O ar constitui a camada da atmosfera que fica em contato com a superfície
da terra. Denominada de troposfera, tem 12 km de espessura. O ar é constituído
por uma mistura de gases:

• Nitrogênio (78,1 %).


• Oxigênio (20,9%).
• Argônio (0,9%).
• Dióxido de carbono (0,03%).
• Outros (hidrogênio, metano, óxido nitroso, gases nobres, vapor d’água, ozônio,
dióxido de enxofre, amônia, monóxido de carbono, partículas sólidas em
suspensão, e outros em concentrações variáveis).

Assim podemos definir a poluição atmosférica como a presença ou


lançamento no ar de matéria e energia que pode vir a prejudicar ou impedir os
usos desse recurso natural.

Abaixo apresentamos os principais poluentes atmosféricos:

• material particulado (fumos, poeiras);


• monóxido de carbono (CO);
• dióxido de carbono (CO2);
• óxidos de nitrogênio (NO e NO2);
• compostos de enxofre (SO2, H2S);
• hidrocarbonetos;
• clorofuorcarbonos (CFCs);
• ozônio (O3).

A queima dos combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral


e gás natural) provoca diversos danos ao meio ambiente e a saúde da população.
O quadro a seguir apresenta os feitos sobre a saúde provocados pela emissão no ar
de diversas substâncias que possuem origem nos combustíveis fósseis.

108
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

QUADRO 4 – EFEITOS DE ALGUNS POLUENTES SOBRE A SAÚDE HUMANA

Substâncias Efeitos sobre a saúde

Irritação dos olhos e aparelho respiratório, efeito potencial no


NOx
desenvolvimento de enfisema.

Problemas respiratórios, aumento da incidência de rinite,


SO2
faringite e bronquite.

Fatal em altas doses. Afeta sistema nervoso, cardiovascular


CO e respiratório. Dificulta o transporte de oxigênio no sangue,
diminui os reflexos, gera sonolência.

Irritações na garganta, olhos e nariz, aumento da incidência de


O3
tosse e asma.

Hidrocarbonetos Sonolência, irritação nos olhos, tosse.

Irrita olhos, nariz e garganta. Provoca náuseas e dificuldade


Aldeídos
respiratória.

Material Irrita olhos, nariz e garganta. Provoca náuseas e dificuldades


particulado respiratórias.

FONTE: Nunes, Marques Júnior, Ramos (2001)

3.1 EFEITO ESTUFA


Os gases que constituem a atmosfera permitem a passagem da radiação
solar e absorvem parte do calor emitido pela superfície aquecida da Terra. Graças a
este efeito a temperatura média da superfície terrestre é mantida em cerca de 15ºC.
Sem o ¨EFEITO ESTUFA¨ a temperatura média da Terra seria de -15 a -20 ºC. Desta
forma, o efeito estufa torna-se o responsável pelo aumento de cerca de 30 a 35 ºC
na temperatura global, criando desta forma condições ideais para a existência de
vida na Terra. (GOLDENBERG, 2001).

109
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

FIGURA 24 – EFEITO ESTUFA

FONTE: Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-


ambiente-efeito-estufa/aquecimento-global-4.php>. Acesso em: 3 mar. 2010.

Crescem as evidências de que as emissões de dióxido de carbono e outros


gases estão se acumulando na atmosfera. Estes gases permitem que a luz do
sol penetre na superfície do planeta, mas bloqueiam parte da radiação do calor
impedindo que voltem ao espaço, agindo como um ¨cobertor¨, ou seja, aquecendo
o ambiente (Figura anterior).

O aquecimento depende da concentração e propriedades radiantes de cada


gás, e da quantidade de tempo que permanecem na atmosfera. Cada um dos gases
do efeito estufa possui um Potencial de Aquecimento Global (GWP) e um tempo
de vida na atmosfera (Quadro a seguir).

QUADRO 5 – POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL (GWP)

GÁS GWP Tempo de vida na atmosfera

CO2 1 50 – 200 anos

CH4 11 12 – 17 anos

N2O 270 120 anos

CFC- 11 3.400 65 anos

CFC- 12 7.100 102 anos

FONTE: Goldenberg (2001)

110
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

O CO2 é responsável por 55% do fenômeno EFEITO ESTUFA, os CFCs


(clorofluorcarbonos) por 20%, o metano (CH4) por 15%, e o restantes pelo óxido
nitroso (N2O), vapor d’ água, ozônio e outros gases.

Desde o ano de 1750 a concentração de carbono na atmosfera aumentou cerca


de 31%, sendo que mais da metade desse aumento ocorreu nos últimos cinqüenta
anos. Ou seja, durante os primeiros séculos da Revolução Industrial (1760) até 1960
acredita-se que as concentrações de CO2 na atmosfera aumentaram de 277 ppm
(partes por milhão) para 317 ppm. De 1960 até o ano de 2001 o aumento foi de
54 ppm, totalizando uma concentração de 371 ppm. Dessa forma as mudanças
climáticas são associadas às elevações desses gases na composição do ar.

UNI

A contribuição do Brasil na emissão dos gases do efeito estufa é menor do


que os países industrializados, mas mesmo assim a sua contribuição é bastante elevada, e
em especial devido às queimadas florestais. Elas representam cerca de 75% das emissões
brasileiras dos gases do efeito estufa.

3.2 AQUECIMENTO GLOBAL


O aquecimento global é a intensificação do efeito estufa, sendo a sua origem
a emissão dos chamados Gases do Efeito Estufa (GEE), provocada principalmente
pelas atividades humanas realizadas nos últimos 250 anos. Como alteramos a
composição do ar, acabamos alterando também o seu comportamento, como a
capacidade de absorver ou refletir a radiação solar.

A temperatura média da superfície terrestre aumentou entre 0,4 a 0,8 ºC


durante o século XX. (MATTOZO; CAMARGO, 2005).

Modelos e estudos empíricos indicam que a temperatura média global da


superfície pode aumentar entre 1,4 a 4,5 ºC até 2100, se dobrar a concentração de
CO2. Um aumento de 4,9 ºC ocorreu nos últimos 18.000 anos, após a última era
glacial.

As evidências das mudanças climáticas podem ser observadas através da


ocorrência de eventos extremos, que têm afetado diferentes partes do planeta,
produzindo grandes perdas econômicas e biológicas. Eventos extremos são
relacionados à ocorrência de secas, de enchentes, furacões, tempestades, ciclones e
ondas de frio e de calor.

Consequências do aquecimento global:

l Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está


em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas

111
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

dos oceanos, podem provocar, futuramente, a submersão de muitas cidades


litorâneas.

l Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a


morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas.
Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de
países tropicais, a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas.

l Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que


ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de
catástrofes climáticas.

l Ondas de frio e calor: várias regiões do planeta têm sofrido com as ondas de frio
e de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda
de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

FIGURA 25 – DERRETIMENTO DAS CALOTAS POLARES

FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/pesquisa/efeitos_


aquecimento_global.htm>. Acesso em: 15 fev. 2010.

Além destes impactos, existe a possibilidade de ocorrerem alterações sobre


a biodiversidade, a agricultura e a geração de energia hidroelétrica, que já estão
afetando o Brasil e o restante do mundo.

3.3 CHUVA ÁCIDA


O lançamento de gases na atmosfera, a partir de fontes poluidoras do ar,
principalmente originados na queima de combustíveis fósseis pelos automóveis,
caminhões e em usinas de geração de energia, altera a composição do ar atmosférico.
Entre os gases, temos o dióxido de enxofre (SO2) e dos óxidos de nitrogênio (NOx).

112
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Estes compostos (SO2, NOx) em contato com a umidade da atmosfera, são


transformados em ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3) diluídos, gerando
assim as precipitações ácidas. (MATTOZO; CAMARGO, 2005).

As águas das chuvas são, normalmente, levemente ácidas, com pH entre


5,6 e 7,0, devido a dissolução de gases. A presença dos ácidos diluídos reduz o pH
das águas, sendo assim quanto mais poluído estiver o ar, maior será a acidez das
precipitações e sua agressão ao meio ambiente.

A figura a seguir mostra as formas de precipitação ácida, e algumas


conseqüências ao meio ambiente.

FIGURA 26 – FORMAS DA PRECIPITAÇÃO ÁCIDA

FONTE: Disponível em: <http://biotransition.wordpress.com/2009/02/20/46/>. Acesso em: 2


mar. 2010.

Efeitos das precipitações ácidas (MOTA, 2000):

• diminuição do pH das águas superficiais e subterrâneas;


• diminuição da população de peixes;
• aumento da solubilidade de metais nas águas, alguns tóxicos;
• danos à saúde das pessoas que se alimentarem destes peixes;
• ataques químicos em tubulações de cobre e chumbo;
• danos à vegetação: amarelecimento prematuro, desfolhamento, diminuição do
crescimento e da produtividade, morte das plantas;

113
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

• impactos no solo: elevação da acidez, torna mais solúveis alguns metais pesados,
pode impedir a atividade de microorganismos, influindo nos processos de
decomposição;
• corrosão de monumentos históricos, estátuas, edificações, obras de arte.

UNI

No Brasil já foi registrado a presença de chuva ácida nas cidades de Cubatão (São
Paulo) e na região carbonífera de Santa Catarina, com pH atingindo valores de 4,0.

UNI

EUA, CANADÁ e várias regiões da EUROPA estão sendo atingidas pelas


precipitações ácidas, numa área igual ao território brasileiro.

3.4 CAMADA DE OZÔNIO


Troposfera é a camada da atmosfera em que vivemos e respiramos. Ela vai
do nível do mar até 12 km de altura. É nesta camada que ocorrem os fenômenos
climáticos (chuvas, formação de nuvens, relâmpagos). É também na troposfera
que ocorre a poluição do ar. Os aviões de transporte de cargas e passageiros voam
nesta camada.

A estratosfera ocupa uma faixa que vai do fim da troposfera (12 km


de altura) até 50 km acima do solo, e as temperaturas variam de –5°C a –70°C.
Aviões supersônicos e balões de medição climática podem atingir esta camada.
Na estratosfera localiza-se a camada de ozônio, que funciona como uma espécie
de filtro natural do planeta, protegendo-a dos raios ultravioletas do sol. (MOTA,
2000).

O ozônio se forma na camada da estratosfera a uma altura de


aproximadamente 25 km, quando as moléculas de oxigênio (O2) são separadas pela
radiação ultravioleta (Raios UV). Quando os átomos livres de oxigênio resultantes
ligam-se rapidamente a outras moléculas de oxigênio, forma-se o ozônio (O3).
Essa reação também é reversível, pois a radiação UV também rompe o ozônio,
formando O2 e O, criando dessa forma um equilíbrio entre o O, O2 e O3. Outras
substâncias, se presentes nesta camada, podem reagir com o oxigênio e reduzir a
quantidade de ozônio disponível, entre elas o cloro e nitrogênio.

114
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

FIGURA 27 – CAMADAS DA ATMOSFERA

FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/geografia/camadas_atmosfera.


htm>. Acesso em: 3 mar. 2010.

O ozônio (O3) é muito importante, pois age como um filtro na camada da


estratosfera, retendo a nociva radiação ultravioleta do sol. Os raios UV-B são mais
nocivos para os seres vivos, pois podem destruir as células individuais em vegetais
e animais, além de matar microorganismos.

Evidências cada vez maiores apontam para uma destruição gradual da


camada de ozônio, e os compostos como clorofluorcarbonos (CFCs) têm sido
responsabilizados por este dano. Os CFCs são compostos com base em cloro e
são usados em refrigeradores, líquidos refrigerantes, solventes industriais,
propulsores aerossóis e como agentes espumantes. Os clorofluorcarbonos (CFCs)
são decompostos pela radiação ultravioleta, na estratosfera, liberando o cloro, que
destrói a camada de ozônio. (MOTA, 2000).

A destruição da camada de ozônio permite o aumento da penetração das


radiações ultravioleta na terra, causando graves impactos (MOTA, 2000):

• danos à saúde: câncer de pele, enfraquecimento do sistema imunológico,


incidência de catarata;
• danos às plantas: redução do crescimento, diminuição do tamanho das folhas,
maior suscetibilidade às pragas; qualidade inferior das sementes;
• destruição dos fitoplânctons, com impactos sobre a cadeia alimentar marinha.

115
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

UNI

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) calcula que
cada 1% de perda da camada de ozônio cause 50 mil novos casos de câncer de pele e 100
mil novos casos de cegueira, causados por catarata, em todo o mundo.

3.5 PROTOCOLO DE KYOTO


Buscando uma redução no lançamento dos poluentes na atmosfera terrestre,
foi estabelecido o Protocolo, ou Tratado, de Kyoto. Este documento é o resultado
de uma série de eventos sobre as mudanças climáticas e atmosféricas, que iniciou
em Toronto (Canadá), em 1988, sendo promulgado na cidade de Kyoto, no Japão,
em 1997, na 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

A conferência reuniu representantes de 166 países para discutir providências


a serem tomadas em relação ao aquecimento global provocado pela emissão dos
gases do efeito estufa. Entrou em vigor somente no dia16 de fevereiro de 2005,
após ser ratificado pelos países que respondem por pelo menos 55% das emissões
destes gases.

Um aspecto importante do protocolo é que apenas os países ricos são


obrigados a reduzir suas emissões. Países em desenvolvimento, como Brasil,
China e Índia, grandes emissores de poluentes, participam do acordo, mas não são
obrigados a nada. O conceito básico acertado para Kyoto é o da ''responsabilidade
comum, porém diferenciada'' - o que significa que todos os países têm
responsabilidade no combate ao aquecimento global, porém aqueles que mais
contribuíram historicamente para o acúmulo de gases na atmosfera (ou seja, os
países industrializados) têm obrigação maior de reduzir suas emissões.

O documento estabelece a redução das emissões de dióxido de carbono


(CO2), que responde por 76% do total das emissões relacionadas ao aquecimento
global, e outros gases do efeito estufa, nos países industrializados. Os signatários
se comprometeram a reduzir a emissão de poluentes em 5,2% em relação aos níveis
de 1990. A redução seria feita em cotas diferenciadas de até 8%, entre 2008 e 2012.
(NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

No ano de 2001 os EUA, maior poluidor do mundo, se retiram das


discussões sobre o Protocolo por considerá-lo custoso demais à economia norte-
americana. O país é responsável por 36% das emissões globais de gases de efeito
estufa, entre eles, o CO2.

O protocolo de Kyoto sugere ações comuns para todos os participantes,


como por exemplo:
116
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

• aumento no uso de energias limpas (biocombustíveis, biomassa, energia eólica


e solar);
• proteção de florestas e outras áreas verdes;
• otimização de sistemas de energia e transporte, visando o consumo racional;
• diminuição das emissões de metano, presentes em sistemas de depósito de lixo
orgânico;
• definição de regras para a emissão dos créditos de carbono (certificados emitidos
quando há a redução da emissão de gases poluentes).

4 POLUIÇÃO HÍDRICA
Poluição hídrica é a alteração dos elementos constitutivos da água,
tornando-a imprópria ao seu uso.

Segundo Mota (2000), a poluição da água pode se apresentar de duas


formas:

• A poluição pontual é aquela proveniente de descarga de efluentes a partir


de estações de tratamento de esgoto e de indústrias, sendo mais fáceis de
identificação e monitoramento.
• A poluição difusa, também chamada de não pontual, é a poluição transportada pelo
escoamento das águas da chuva até os corpos de água de uma bacia hidrográfica.
Esta poluição pode ser gerada pelo escoamento superficial nas cidades, nas áreas
agrícolas ou da deposição atmosférica nas águas. É, portanto, uma poluição de
maior dificuldade de identificação e tratamento.

4.1 POLUIÇÃO DAS ÁGUA SUPERFICIAIS


Mota (2000) cita as fontes de poluição das águas superficiais:

• esgotos domésticos;
• efluentes industriais;
• águas pluviais carreando impurezas da superfície do solo;
• pesticidas, fertilizantes;
• resíduos sólidos (lixo);
• precipitação de poluentes atmosféricos;
• erosão do solo.

4.2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS


A poluição das águas subterrâneas pode ser provocada por diversas
formas. Listamos abaixo as mais importantes (MOTA, 2000):
117
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

• infiltração de esgoto no solo através de sumidouros, valas;


• uso de esgoto no solo como irrigação;
• infiltração de esgotos em lagoas de estabilização;
• percolação do chorume de lixões e aterros;
• infiltração de águas superficiais poluídas;
• vazamento de tubulações ou depósitos.

4.3 CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃO HÍDRICA


A poluição de nossas águas trás diversas consequências, dentre as quais
(MOTA, 2000):

• transmissão de doenças;
• elevação do custo de tratamento da água;
• assoreamento dos mananciais, diminuindo a disponibilidade de água e elevando
a ocorrência de inundações;
• proliferação excessiva de algas e vegetação aquática, com consequências
negativas;
• degradação da paisagem;
• danos à vida aquática.

4.4 MEDIDAS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO


Para evitarmos a poluição de nossas águas superficiais ou subterrâneas
podemos adotar algumas medidas de controle (MOTA, 2000):

• implantação de sistema de coleta e tratamento do esgoto doméstico;


• tratamento dos efluentes industriais;
• coleta e destino adequado do lixo;
• controle do uso de fertilizantes e pesticidas;
• disciplina do uso e da ocupação do solo;
• reúso da água;
• afastamento das fontes de poluição.

5 POLUIÇÃO DO SOLO
O solo constitui a camada superficial da crosta terrestre, composta por
rocha em desagregação misturada à matéria orgânica em decomposição, ar
água e substâncias químicas em dissolução. O solo pode ser poluído de diversas
formas, como pelos resíduos sólidos, rejeitos perigosos, disposição de esgoto e o
uso de agrotóxicos. A poluição por resíduos sólidos ocorre através do descarte
de materiais sólidos como latas, plásticos etc. Por rejeitos perigosos através do
118
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

descarte de substâncias que, devido aos seus elementos, pode causar uma elevação
no número de mortes, doenças e danos ao meio ambiente. O uso de agrotóxicos
provoca a contaminação do solo, através do uso e de seu descarte, provocando
ainda danos à flora, fauna e ao homem. (MOTA, 2000).

5.1 PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO


A seguir, Mota (2000), apresenta as principais formas de contaminação dos
solos e algumas consequências:

Disposição de esgotos no solo


• aspecto estético desagradável;
• produção de maus odores;
• proliferação de insetos (doenças);
• poluição do solo e da água;
• verminoses.

Lançamento de resíduos sólidos (lixo)


• produção de gases (metano);
• presença de catadores (problema social);
• geração de chorume;
• proliferação de moscas, ratos, baratas (gerando doenças).

Utilização de fertilizantes artificiais


• decréscimo da matéria orgânica, alteração do pH e da característica física do
solo;
• os nitratos reagem com aminas produzindo a nitrosamina, cancerígena;
• arsênio e metais pesados provocam intoxicações, câncer e outros danos ao
homem.

Aplicação de agrotóxicos/defensivos agrícolas


• aumento de pragas resistentes;
• destruição de insetos úteis (abelhas, ...);
• mortalidade de peixes, aves, mamíferos silvestres;
• contaminação de alimentos de origem animal ou vegetal, alcançando o homem;
• destruição de fontes que constituem alimentos para outras espécies.

5.2 MEDIDAS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO


Algumas medidas de controle da poluição do solo são apresentadas a
seguir:

• uso controlado de fertilizantes;


• aumento na adubação orgânica e controle da erosão;
119
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

• controle na aplicação de pesticidas (receituário, uso adequado, dosagem,


período, compostos menos persistentes e menos tóxicos);
• vigilância toxicológica (análise dos alimentos);
• manejo ecológico e integrado de pragas (variedades de plantas resistentes,
sementes e mudas de boa qualidade, rotação de culturas, uso de inimigos
naturais das pragas,...);
• destino adequado dos resíduos sólidos (lixo);
• sistemas adequados de tratamento do esgoto sanitário.

6 POLUIÇÃO SONORA
A poluição sonora ocorre quando, em um determinado ambiente, o som
altera a condição normal de audição, causando vários danos ao corpo e à qualidade
de vidas das pessoas.

E
IMPORTANT

podemos afirmar que som é qualquer variação de pressão (no ar, na água...) que
o ouvido humano consegue captar, enquanto que ruído é o som, ou o conjunto de sons
indesejáveis, desagradáveis e perturbadores.

Assim, o ruído é o que mais colabora para a ocorrência da poluição sonora.


Normalmente é provocada pelo som excessivo dos meios de transporte, das
indústrias, de áreas de lazer, entre tantas.

A poluição sonora provoca diversos efeitos negativos na saúde humana,


como a insônia, depressão, perda de audição, dores de cabeça, estresse, perda de
atenção, agressividade, perda do rendimento no trabalho e na escola, entre outros.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o som deve ficar até 50 db para
não causar prejuízo ao ser humano.

UNI

O nível de intensidade sonora expressa-se habitualmente em decibéis (db) e é


apurado com a utilização de um aparelho chamado decibelímetro.

120
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

7 POLUIÇÃO VISUAL
Uma grande quantidade de outdoors, placas, painéis luminosos, cartazes,
anúncios, destinados à comunicação visual, causam desconforto visual para a
população. Este dispositivos estão mais concentrados nos centros urbanos, e é
caracterizado como poluição visual.

Com o objetivo de instigar a população ao consumismo, a propaganda


publicitária utiliza cada vez mais anúncios chamativos e atrativos, escondendo a
arquitetura original das cidades, gerando casaço visual e possibilitanto a ocorrência
de acidentes de trânsito devido ao desvio da atenção, tanto do motorista como dos
pedestres.

FIGURA 28 – POLUIÇÃO VISUAL EM CIDADE BRASILEIRA

FONTE: Disponível em: <http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_poluicao_visual.htm>. Acesso em:


18 fev. 2010.

Alguns municípios já estão adotando medidas legais para diminuir a


poluição visual através da regulamentação de medidas, locais e quantidades dos
dispositivos de comunicação visual, de forma a propiciar à população um ambiente
agradável.

121
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

8 POLUIÇÃO TÉRMICA
A poluição térmica ocorre com o lançamento em lagos, rios ou mares de
uma grande quantidade de água quente proveniente de processos de refrigeração
em refinarias, usinas termelétricas, siderúrgicas, causando sérios danos a vida
aquática.

A elevação da temperatura da água do corpo receptor afeta a solubilidade


do oxigênio (02), fazendo com que este gás se difunda mais rapidamente para a
atmosfera.Isso diminui a disponibilidade do oxigênio dissolvido prejudicando
várias formas de vida aquática.

Além disso, outras consequências são observadas com a poluição térmica,


como a perturbação na reprodução de peixes, potencialização da eutrofização
de cursos de água onde exista matéria orgânica em quantidades consideráveis,
perturbações na alimentação de animais aquáticos devido a alterações no zoo e
fitoplâncton, morte por choque térmico, diminuição da diversidade da fauna e
flora aquática, entre outros.

9 POLUIÇÃO LUMINOSA
Você já teve dificuldade de dirigir à noite, quando o carro em sentido
contrário ligou a luz alta? Já teve dificuldades de dormir porque a luz externa
deixou o seu quarto muito iluminado? Percebeu aquelas bolhas luminosas nas
cidades em um vôo noturno?

Pelo menos uma das situações acima a grande maioria das pessoas já
presenciou. É o que acontece quando utilizamos de forma incorreta a iluminação
artificial noturna, gerando a pouco conhecida e divulgada poluição luminosa.

Uma grande parte desta poluição deve-se a lâmpadas ineficientes e mal


projetadas, que emitem uma grande parte de sua luminosidade de forma horizontal
ou para cima. Normalmente a causa está no formato e ângulo de instalação
das luminárias, seja em postes da rede pública, quadras esportivas, parques,
estacionamentos, canteiros de obras, aeroportos, causando grande desperdício de
energia.

A luz que sai horizontalmente das luminárias atinge nossos olhos, causando
ofuscamento e diminuindo nossa visibilidade noturna. Diversos acidentes de
trânsito, muitos com mortes, são devidos a essas condições de iluminação. A luz
excessiva causa irritação, confunde os pássaros e também afeta as plantas.

122
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

10 SANEAMENTO BÁSICO
O saneamento básico tem como objetivo a preservação ou modificação
do meio ambiente, buscando a prevenção de doenças e melhoria na qualidade
de vida da população. Ou seja, são procedimentos que buscam propiciar uma
situação higiênica e saudável aos habitantes do local. Dentre as atividades ligadas
ao saneamento básico destacam-se o abastecimento de água potável, o manejo das
águas pluviais, o sistema de coleta e tratamento dos esgotos domésticos, a limpeza
pública e a coleta de lixo.

A água é uma substância que possui a capacidade de dissolver e incorporar


várias substâncias em sua constituição. Assim, acaba sendo um veículo com
grande potencial para o transporte e disseminação de várias doenças de origem
biológica e química, podendo ser proveniente do segmento industrial ou mesmo
doméstico, como os esgotos. Da mesma forma, é facilmente poluída por estes
componentes, gerando impactos ambientais nos rios, mares e oceanos, afetando
todos os organismos que dependem destes recursos.

Para evitarmos estas condições é importante que sejam adotadas medidas


corretas, como os sistemas de tratamento de efluentes industriais e os sistemas de
coleta e tratamento dos esgotos domésticos.

Os efluentes líquidos industriais, por sua diversidade de constituição, são


tratados por diversos tipos de sistemas, como os físico-químicos, os biológicos
aeróbios e os biológicos anaeróbios. Cada tipo de tratamento possui uma eficiência
específica na remoção dos contaminantes, como a carga orgânica e os compostos
inorgânicos.

UNI

Procure na internet, em livros ou periódicos os sistemas de tratamentos dos


efluentes industriais. Observe as particularidades dos sistemas apresentados e a sua eficiência
na remoção dos componentes indesejados ao meio ambiente.

10.1 TRATAMENTO DO ESGOTO DOMÉSTICO


Os efluentes domésticos, também chamados de esgotos domésticos,
devem ser tratados antes de serem lançados nos cursos d’água. Possuem na sua
composição matéria orgânica, sólidos em suspensão e organismos patogênicos.
Para que ocorra este tratamento precisa-se fazer a coleta dos esgotos das várias
residências e o envio a uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Na Estação de Tratamento de Esgoto ocorre inicialmente o tratamento


preliminar, que consiste na remoção de sólidos maiores, como folhas, pedaços de

123
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

tecido e sacos plásticos, através de grades e peneiras. Ocorre também a sedimentação


das partículas pesadas, como a areia, nos desarenadores. A etapa seguinte consiste
no desengorduramento (nas caixas de gorduras ou pré-decantadores) e na remoção
de sólidos sedimentáveis em decantadores. Apesar de já apresentar um aspecto
melhor, o esgoto ainda apresenta as suas características poluidoras praticamente
inalteradas.

A seguir o esgoto passa por várias etapas de tratamento, dependendo do


projeto executado, como:

• Flotação: agentes flotantes como bolhas de ar ou compostos químicos são


adicionados ao esgoto, fazendo subir à superfície partículas como gordura e
óleo do esgoto.
• Coagulação química: adição de substâncias químicas, como o cloreto férrico,
forma flocos com a matéria em suspensão e com a matéria coloidal, que
sedimentam.
• Precipitação química: como a adição de cal ao esgoto rico em ferro, produzindo
flocos que sedimentam.
• Filtração: passagem do esgoto através de leitos de areia, carvão ou outro material
granular.
• Desinfecção: exterminação de organismos vivos infecciosos através da cloração
ou da ação de raios ultravioleta.
• Oxidação biológica: operação na qual os micro-organismos decompõem a
matéria orgânica do esgoto.

FIGURA 29 – ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE BARUERI-SP

FONTE: Disponível em: <http://www.usp.br/agen/wp-content/uploads/ Bol_ 2817 _B.


jpg>. Acesso em: 29 jun. 2012.

124
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

10.1.1 Processos biológicos


São os processos que dependem da ação dos micro-organismos presentes
nos esgoto. Consistem na transformação dos componentes complexos do esgoto
em compostos simples, como sais minerais, gás carbônico e outros.

UNI

Você sabia que os processos biológicos de tratamento procuram reproduzir, em


uma estação projetada, os fenômenos biológicos observados na natureza, condicionando-
os em uma área e tempo economicamente viáveis?

Os principais processos biológicos de tratamento são a oxidação aeróbia


(como os sistemas de lodos ativados, os filtros biológicos, os valos de oxidação e
as lagoas de estabilização) e a oxidação anaeróbia (como os sistemas com reatores
anaeróbios de fluxo ascendente). Para a digestão do lodo gerado no processo de
tratamento são utilizados processos aeróbios e anaeróbios, e fossas sépticas.

E
IMPORTANT

O reúso de águas provenientes de esgotos tratados tem sido uma alternativa


para minimizar os problemas relacionados à falta de água, e uma técnica que pode ajudar a
garantir a sobrevivência das gerações futuras.

Em várias etapas do tratamento do esgoto ocorre a formação de resíduos


sólidos, denominados de lodos, que devem também ser tratados e dispostos
adequadamente. Eles são compostos por elementos químicos, e, principalmente,
por bactérias utilizadas nos processos biológicos.

Para que este lodo possa ser enviado para a destinação final, inicialmente
é realizado o adensamento, que consiste em elevar os teores de sólidos (de 0,5%
a 4,0% para 5% a 10%) e a digestão do lodo, ou seja, a estabilização através da
mineralização da matéria orgânica presente. O desaguamento final do lodo
pode ser realizado em leitos de secagem, lagoas de lodo, filtro prensa, prensa
desaguadora ou centrífugas de lodo.

Algumas estações fazem a secagem do lodo, atingindo teores de sólidos na


ordem de 90% a 95%. Isso reduz o volume e peso, diminuindo consideravelmente
os gastos com a disposição final em aterros sanitários ou industriais.
125
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

UNI

Diversos estudos indicam a possibilidade de utilizar o lodo gerado em estações


de tratamento para a produção de substratos, na reciclagem agrícola e recuperação de áreas
degradadas.

10.2 TRATAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL


O fornecimento de água potável para a população é parte do saneamento
básico. Como a necessidade é de grandes volumes, a captação da água normalmente
é realizada em rios, lagos ou represas. Porém, essa água não é potável, ou seja,
contém impurezas indesejáveis para poder ser utilizada pelo ser humano. Para a
potabilização destas águas são usadas as Estações de Tratamento de Água (ETA).

O tratamento da água ocorre nas seguintes etapas (SOARES, 2000):

• Pré-oxidação: São utilizados oxidantes como o oxigênio, dióxido de cloro,


permanganato de potássio e hipoclorito de sódio para transformar espécies
químicas indesejáveis presentes na água bruta captada em espécies não
prejudiciais à água.

• Coagulação/floculação: A coagulação é geralmente realizada por sais de ferro e


alumínio, como o cloreto férrico e o sulfato de alumínio. Neste processo ocorre
a reação do coagulante com a água e na formação de espécies hidrolisadas
com cargas positivas. As partículas presentes na água bruta são carregadas
negativamente, mantendo-se dispersas. Como as cargas são opostas, ocorre a
neutralização das cargas das partículas, permitindo a aproximação uma das
outras, formando assim os flocos no processo denominado floculação.

• Decantação: É o processo de separação das partículas sólidas, ou flocos,


presentes no meio líquido, através da força da gravidade. Ocorre a precipitação
dos flocos formados.

• Filtração: É um processo físico, onde a água proveniente do processo de decantação


atravessa um leito filtrante, normalmente uma camada de areia ou areia e carvão,
para a remoção das partículas em suspensão ainda presentes na água.

• Desinfecção: necessária para a eliminação de micro-organismos patogênicos


ainda presentes na água tratada, evitando doenças. O principal agente utilizado
na desinfecção é o cloro.

• Fluoretação: O flúor é adicionado na água para combater a cárie dental. São


utilizados o fluorsilicato de sódio, o fluoreto de sódio, fluorita ou o ácido
fluorsilícico. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece o limite
máximo de flúor em 1,5 mg/L.
126
TÓPICO 3 | DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

• Correção do pH: Antes de ser encaminhada aos reservatórios e distribuída para


a população, a água deve passar pelo controle e correção do pH, caso esteja fora
dos padrões. O pH ideal para o consumo humano é de 6,0 a 9,5.

E
IMPORTANT

Normalmente as estações de tratamento de água são equipadas com laboratórios


que realizam constantemente análises para o monitoramento das condições de operação e
das características da água tratada. Para conhecer o padrão de potabilidade da água destinada
ao consumo humano, acesse a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>.

LEITURA COMPLEMENTAR

A SAÚDE AMBIENTAL DA BAÍA DE GUANABARA: ASPECTOS


QUÍMICOS

Renato da Silva Carreira (UERJ)

As alterações ambientais na Baía de Guanabara e em sua bacia de


drenagem têm início no século XVI, com o início da ocupação humana na região,
e se agravaram nos séculos seguintes devido ao crescimento econômico da cidade
do Rio de Janeiro.

No final do século XIX já há registros de problemas com relação à


descarga de esgotos domésticos in natura na baía e sinais de poluição industrial,
particularmente associada às atividades da indústria naval e têxtil.

Finalmente, os maiores níveis de degradação ambiental são encontrados


no século XX, a partir da Primeira Guerra Mundial, e, mais recentemente, a
partir dos anos 50-60, quando há o crescimento exponencial da população, sem
o devido acompanhamento de infraestrutura sanitária básica, e consolida-se o
parque industrial do Rio de Janeiro, que se estende pela região periférica da Baía
de Guanabara.

Atualmente, o espelho d’água na Baía de Guanabara ocupa cerca de 381


km, 29% inferior ao do séc. XVI, e a profundidade média é de 7,6 m. As principais
fontes difusas e/ou pontuais de contaminantes incluem efluentes industriais
e domésticos com baixo percentual de tratamento prévio, portos comerciais
e estaleiros, complexa infraestrutura de transporte na zona urbana (matérias-
primas, petróleo e derivados, gás e produtos industrializados), aterros sanitários
às margens da baía e lançamento de resíduos sólidos. Outros problemas incluem
as alterações de ordem física, tais como destruição dos ecossistemas periféricos,
ocupação urbana irregular, aterros e uso do solo, também constituem um grave
127
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

problema, pois são responsáveis pelo assoreamento, inundações e deslizamentos,


e podem acarretar a degradação física gradual da baía e a perda dos usos benéficos
de suas águas.

Pela sua importância histórica, econômica, cultural e ambiental, a Baía de


Guanabara é um dos sistemas costeiros mais estudados no Brasil. Trabalhos já
realizados na baía evidenciam os principais impactos ambientais: assoreamento,
aumento da turbidez, eutrofização, diminuição da concentração de oxigênio
dissolvido, elevadas concentrações de metais e hidrocarbonetos de petróleo em
água, sedimento e biota, alterações na estrutura de comunidades pelágicas e
bênticas, e problemas de saúde pública.

FONTE: Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/62ra/simposios/SI%20Renato%20da%


20Silva%20Carreira.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2012.

128
RESUMO DO TÓPICO 3
Prezado(a) acadêmico(a)! Neste tópido você estudos os seguintes
assuntos:

• A poluição pode ser vista como a degradação das condições ambientais,


podendo alcançar as águas, o solo e o ar.
• A poluição atmosférica pode ser definida como a presença ou lançamento no ar
de matéria e energia que pode vir a prejudicar ou impedir os usos desse recurso
natural.
• O efeito estufa ocorre quando os gases da atmosfera absorvem parte da radiação
solar refletida pela superfície da terra, impedindo que voltem ao espaço e
elevando a temperatura ambiente.
• O aquecimento global é uma intensificação do efeito estufa, provocado pela
elevação da concentração dos gases do efeito estufa.
• O lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de enxofre (SO2)
e óxidos de nitrogênio (NOx), originados na queima de combustíveis fósseis,
em contato com a umidade da atmosfera são transformados em ácido sulfúrico
(H2SO4) e ácido nítrico (HNO3) diluídos, gerando assim as precipitações ácidas.
• A destruição da camada de ozônio permite o aumento da penetração das
radiações ultravioleta na terra, causando graves impactos como danos à saúde
humana, danos às plantas e impactos sobre a cadeia alimentar marinha.
• Outras formas de poluição, como a das águas superficiais e subterrâneas, a
poluição do solo, e as poluições sonora, térmica e luminosa apresentam grandes
impactos ambientais.
• Dentre as atividades ligadas ao saneamento básico destacam-se o abastecimento
de água potável, o manejo das águas pluviais, o sistema de coleta e tratamento
dos esgotos domésticos, a limpeza pública e a coleta de lixo.

129
AUTOATIVIDADE

Olá! Agora teste seus conhecimentos respondendo às questões abaixo:

1 Descreva como ocorre a formação da chuva ácida e os principais problemas


causados por ela.

2 Apresente os principais poluentes do ar, das águas e do solo.

3 Liste algumas doenças provocadas pela poluição do ar.

4 Apresente uma definição para Efeito Estufa e Aquecimento Global.

5 Quais são as consequências da contaminação do solo?

6 Observe em seu bairro ou cidade e liste as fontes de poluição sonora,


luminosa, e visual que você encontrou.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 5

130
UNIDADE 2
TÓPICO 4

RESÍDUOS SÓLIDOS

1 INTRODUÇÃO
Até a revolução industrial, a grande maioria dos alimentos, bens e serviços
era consumida pelos próprios produtores e a sua família. A sociedade industrial
quebrou esta unidade de produção e consumo, acabando com a autossuficiência.
O comércio passou a abranger praticamente a totalidade de quase tudo que
consumimos durante a vida. A globalização da economia impôs uma grande
concorrência entre as empresas produtoras de bens de consumo, que fabricam cada
vez com mais tecnologia, maior produtividade, maior rotação do capital e com
margens de lucro reduzidas. Para satisfazer uma maior velocidade de rotação do
capital é necessário que cada produto seja rapidamente consumido, ou substituído,
levando a geração cada vez maior de diversos tipos de resíduos.

2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


A norma brasileira ABNT NBR 10004: 2004 – Resíduos Sólidos –
Classificação, define resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades


de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição [...].

Segundo esta norma, os resíduos sólidos são classificados em:

• Resíduos Classe I – Perigosos (São os resíduos inflamáveis, corrosivos, tóxicos,


reativos, patogênicos, os resíduos que apresentam periculosidade, bem como
os listados nos anexos A e B da norma. Ex.: Restos de tintas, de solventes).
• Resíduos Classe II – Não perigosos

Sendo os resíduos classe II divididos em:

• Resíduos Classe II A – Não Inertes (são os resíduos que não se enquadram


como Resíduos Classe I – Perigosos ou Resíduos Classe II B – Inertes. Podem ter
propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água. Ex.: Restos de alimentos, resíduo de madeira).

131
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

• Resíduos Classe II B – Inertes (São os resíduos que, sob condições específicas,


não apresentam solubilidade de seus constituintes a concentrações superiores
ao padrão de potabilidade de águas, excetuando-se turbidez, cor, aspecto,
dureza e sabor. Ex.: Pneus, vidros, polímeros).

UNI

Os resíduos radioativos não são classificados pela norma NBR 10004, pois são de
competência da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

3 TIPOS DE RESÍDUOS
Os resíduos são produzidos após a produção, utilização ou transformação
dos diversos bens de consumos como geladeiras, computadores, automóveis,
eletrodomésticos, entre tantos, sendo em grande parte gerados nas residências,
indústrias, no comércio, nas escolas e na construção civil. (REIS; FADIGAS;
CARVALHO, 2005).

Segundo Reis; Fadigas e Carvalho (2005), podemos classificar esses em


função de sua origem. Veja a seguir.

3.1 RESÍDUOS DOMICILIARES


São os resíduos gerados nas atividades diárias em casas, apartamentos,
condomínios e demais edificações residenciais. Exemplos: Restos de alimentos,
embalagens, papel higiênico, pilhas, jornais.

3.2 RESÍDUOS PÚBLICOS


Resíduos oriundos de podas de árvores, varrição de ruas e calçadas,
limpeza de galerias pluviais, descartes indevidos da população como entulhos,
restos de embalagens e demais resíduos lançados em via pública.

3.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS


Estes resíduos variam conforme a atividade industrial, sendo que a maior
quantidade é considerada como resíduos perigosos. São constituídos por lodos
de estações de tratamento, resíduos ácidos ou alcalinos dos processos produtivos,
cinzas, entre outros.
132
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

3.4 RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE


Os resíduos de serviço de saúde devem ser classificados conforme a
norma ABNT NBR 12808. Constituem-se de materiais descartados durante os
procedimentos de saúde, como gazes, materiais perfuro-cortantes, bem como
resíduos quimioterápicos e farmacêuticos. É um resíduo potencialmente perigoso
devido a sua patogenicidade.

3.5 RESÍDUOS AGRÍCOLAS


São os resíduos provenientes das atividades agrícolas, como restos de
ração e adubos, restos de colheitas, dejetos da criação animal, embalagens vazias
de agrotóxicos.

4 IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Diariamente são produzidas milhares de toneladas de resíduos sólidos,
de origem domiciliar, industrial, pública, agrícola e dos serviços de saúde.
Estes resíduos são fonte de inúmeros problemas para o meio ambiente, como
a contaminação do solo por resíduos químicos (de indústrias, da composição
de agrotóxicos, metais pesados presentes em pilhas e baterias, entre outros), a
contaminação das águas superficiais e subterrâneas pelos diversos meios, como o
carreamento pelas chuvas de lixo, pelo chorume gerado em lixões, a proliferação
de vetores de doenças (moscas, ratos, baratas,...) nos lixões, a poluição atmosférica
pela emissão de metano dos aterros. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

E
IMPORTANT

Além destes impactos lembramos que a utilização dos recursos naturais para
a fabricação dos diversos produtos, que após o descarte viram nossos resíduos sólidos, já
produziram impactos ambientais como o desmatamento e a emissão de poluentes.

5 DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Milhares de toneladas de resíduos sólidos são coletadas diariamente nas
diversas cidades brasileiras, porém muitas não dispõem de meios adequados para
realizar o tratamento deste material. Muitos municípios depositam seus resíduos
em lixões, de forma inadequada, propiciando a contaminação do solo, da água
e a geração de vetores de doenças. Como é necessário realizar o descarte destes
resíduos coletados, a seguir apresentamos as formas utilizadas pelos municípios
e/ou indústrias para a sua disposição final. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005)
133
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

5.1 LIXÕES
Os lixões são áreas de disposição final dos resíduos sólidos, porém não
ocorre a preparação do solo e o tratamento do chorume. Ratos, pássaros, moscas e
baratas convivem com o lixo despejado diariamente, o qual não recebe nenhuma
cobertura para evitar as consequências ambientais e sociais, pois muitas crianças
e adultos catam nos lixões comida e materiais recicláveis para vender. O chorume
penetra na terra levando contaminantes para o solo e lençol freático.

5.2 ATERRO CONTROLADO


O aterro controlado é uma condição intermediária entre os lixões e o
aterro sanitário. Normalmente é uma célula instalada ao lado de um lixão que foi
remediado, ou seja, que recebeu uma camada de argila e cobertura vegetal (grama),
eventualmente selado com uma manta impermeável para evitar a penetração das
águas das chuvas

Esta nova célula é preparada com a impermeabilização da base com uma


manta, recebe diariamente uma cobertura do lixo com argila, saibro ou forração,
impedindo a proliferação de insetos.

5.3 ATERRO SANITÁRIO


Uma das disposições adequadas dos resíduos sólidos é o aterro sanitário,
local previamente preparado com o nivelamento da terra e a impermeabilização
da base com argila e mantas especiais resistentes, evitando a contaminação do solo
e do lençol freático. Os gases são captados e queimados, podendo ser utilizado
para a geração de energia elétrica, os resíduos recebem diariamente uma cobertura
para evitar a proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual. O despejo, a
compactação e a cobertura são controlados. A compactação tem como objetivo
reduzir a área utilizada, prolongando a vida útil do aterro, além de propiciar o
seu uso futuro devido a firmeza do terreno. A distância mínima entre um aterro
sanitário e um curso de água deve ser de 400 metros. O chorume é recirculado
durante seis meses, depois passa a ser tratado na estação de tratamento de efluentes.

5.4 RECICLAGEM
Utilização dos materiais descartados como matéria-prima para a fabricação
de novos produtos. Para que estes resíduos sejam encaminhados às usinas ou
indústrias de reciclagem, o lixo deve ser descartado de forma seletiva e direcionado
adequadamente, como para postos de entrega voluntária.

134
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

5.5 INCINERAÇÃO
A incineração é um processo de destruição térmica realizado sob
temperatura entre 900 a 1.200 ºC, com tempo de residência controlada. Nos
incineradores ocorre a decomposição térmica da parcela orgânica dos resíduos,
transformando-os em uma fase gasosa e outra sólida, com grande redução do
volume inicial e das características de periculosidade destes resíduos incinerados.

Os gases são tratados e monitorados, a parte residual sólida é disposta em


aterros adequados à legislação e os resíduos líquidos são tratados em estações de
tratamento de efluentes.

Um dos grandes questionamentos do uso desta técnica é o controle das


emissões atmosféricas, pois compostos altamente tóxicos como as dioxinas e
furanos, causadoras de câncer e outras doenças graves, que podem afetar o
sistema imunológico humano e contaminar o ambiente por muito tempo podem
ser gerados no processo de incineração.

5.6 COMPOSTAGEM
É um processo biológico de decomposição da matéria orgânica de origem
vegetal ou animal. Apresenta como resultado final um composto orgânico, que
pode ser aplicado no solo para melhorar suas características.

Pode-se utilizar a fração orgânica dos resíduos (residenciais, agrícolas,


industriais) em instalações chamadas usinas de compostagem. Muitas possuem
biodigestores, espécie de equipamento que acelera a biodegradação da matéria
orgânica pela ação de bactérias na ausência de oxigênio, resultando na produção
do composto orgânico em pouco tempo.

6 RECICLAGEM
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os
detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. E o resultado de uma
série de atividades, pela quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são
desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-
prima na manufatura de novos produtos. (MOTA, 2000).

135
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

6.1 RECICLAGEM PRIMÁRIA


É o processamento de um resíduo para fabricação de um produto com
características similares ao original. Ex: Reciclagem industrial: reaproveitamento
de aparas, sobras, peças defeituosas ou fora das especificações. (BIDONE, 1999).

6.2 RECICLAGEM SECUNDÁRIA


É o processamento de resíduos com obtenção de produtos diferentes do
original. Está associada, geralmente, a um maior nível de contaminação, como os
RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). Ex.: Reciclagem de garrafas PET para a fabricação
de fios de poliéster. (BIDONE, 1999).

6.3 RECICLAGEM TERCIÁRIA


A reciclagem terciária implica na obtenção, a partir de um produto, dos
componentes químicos básicos do mesmo (no caso dos plásticos, os derivados
de petróleo originais). É obtida por pirólise e hidrólise, entre outros processos,
também denominados reciclagem química. (BIDONE, 1999).

6.4 RECICLAGEM QUATERNÁRIA


É a utilização do conteúdo energético dos materiais através de sua queima
ou incineração. Também conhecida como reciclagem energética, difere das
anteriores por não gerar novos produtos que incorporem os materiais reciclados.
(BIDONE, 1999).

7 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


Conforme citamos no Tópico 2 da Unidade 1, a Lei nº 12.305 instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esta lei é um marco histórico na gestão
ambiental no Brasil, pois lança uma visão moderna sobre um dos maiores
problemas do planeta: o lixo urbano. Porém é um novo desafio para a população,
empresários e governos, pois cria regras para a segregação, a coleta seletiva e o
destino correto dos milhares de toneladas de resíduos sólidos gerados diariamente
nas cidades brasileiras.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) veio para atender à


perspectiva de se estabelecer princípios, objetivos e instrumentos, bem como

136
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

normas e diretrizes para o gerenciamento dos resíduos no país. Trouxe inovações


para o manejo dos resíduos, como a logística reversa, a intensificação da educação
ambiental, o incentivo à criação de associação de catadores, entre outras. A PNRS
foi regulamentada através do Decreto n° 7.404, de 23 de dezembro de 2010.

Como reflexo desta política, poderemos contabilizar a promoção da inclusão


social e a geração de empregos e renda para catadores de materiais reaproveitáveis
e recicláveis, o aumento da conscientização da população, a responsabilização
de toda a cadeia de produção e de consumo pelo destino dos resíduos, com a
implementação dos mecanismos de logística reversa e a diminuição do percentual
de resíduos enviados aos aterros. Busca-se a eliminação dos lixões até o final de 2014,
grandes causadores de impactos ambientais, e, principalmente, o aproveitamento
dos recursos naturais utilizados na fabricação dos produtos e embalagens que
tanto utilizamos através do reaproveitamento e reciclagem dos resíduos.

Segundo a PNRS, o gerenciamento de resíduos sólidos é um “conjunto de


ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.” (Lei n° 12.305, art. 3º, Inciso X).

UNI

Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada a seguinte


ordem de prioridade: Não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

7.1 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA PNRS


A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece, nos seus artigos 6º e 7º,
os princípios e objetivos, que são apresentados a seguir:

Art. 6o  São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 


I - a prevenção e a precaução; 
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; 
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; 
IV - o desenvolvimento sustentável; 
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades
humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade
de sustentação estimada do planeta; 

137
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial


e demais segmentos da sociedade; 
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um
bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de
cidadania; 
IX - o respeito às diversidades locais e regionais; 
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; 
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. 
Art. 7o  São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 
I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; 
II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; 
III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens
e serviços; 
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais; 
V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; 
VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; 
VII - gestão integrada de resíduos sólidos; 
VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o
setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos; 
IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; 
X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação
dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com
adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação
dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade
operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007; 
XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: 
a) produtos reciclados e recicláveis; 
b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de
consumo social e ambientalmente sustentáveis; 
XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas
ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos; 
XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; 
XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial
voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos
resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; 
XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei n° 12.305, de 02/08/2010, art. 6º e 7º.

138
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

FIGURA 30 – COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

FONTE: Disponível em: <http://www.cempre.org.br/download/pnrs_002.pdf>.


Acesso em: 2 jun. 2012.

7.2 INSTRUMENTOS DA PNRS


A lei também determina os instrumentos a serem usados na aplicação desta
política.

Art. 8o  São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre


outros: 
I - os planos de resíduos sólidos; 
II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos; 
III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas
relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos; 
IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; 
V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária; 
VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para
o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos
e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e
disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; 

139
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

VII - a pesquisa científica e tecnológica; 


VIII - a educação ambiental; 
IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; 
X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico; 
XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
(Sinir); 
XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa); 
XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde; 
XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos serviços
de resíduos sólidos urbanos; 
XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos; 
XVI - os acordos setoriais; 
XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente,
entre eles: 
a) os padrões de qualidade ambiental; 
b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais; 
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental; 
d) a avaliação de impactos ambientais; 
e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); 
f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta; 
XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação
entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aproveitamento
e à redução dos custos envolvidos.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei n° 12.305, de 02/08/2010, art. 8º.

7.3 DIRETRIZES DA PNRS


Segundo a PNRS, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão e manterão, de forma conjunta, o Sistema Nacional de Informações
sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), articulado com o Sinisa (Sistema
Nacional de Informações em Saneamento Básico) e o Sinima (Sistema Nacional de
Informações sobre o Meio Ambiente).

É dever dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios fornecer ao órgão


federal responsável pela coordenação do SINIR todas as informações necessárias
sobre os resíduos sob sua esfera de competência, na forma e na periodicidade
estabelecidas em regulamento.

Para os efeitos desta lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:

140
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências
urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas
atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações
industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama
e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação
e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei,
regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.
Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos referidos na alínea
“d” do inciso I do caput, se caracterizados como não perigosos, podem, em
razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos
domiciliares pelo poder público municipal.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n° 12.305, de 02/08/2010, art. 13.

141
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

FIGURA 31 – GALPÃO DE TRIAGEM DE RESÍDUOS EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP

FONTE: Disponível em: <http://www.cempre.org.br/manuais.php>. Acesso em: 2 jun. 2012.

7.4 RESPONSABILIDADES
“O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela
efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nessa
lei e seu regulamento.” (Lei n° 12.305, Cap. III, Seção I, art. 25).

7.4.1 Responsabilidades do poder público


Conforme estabelecido na Constituição Federal, é de responsabilidade
do poder público municipal o trabalho de zelar pela limpeza urbana e a coleta e
destinação final dos resíduos sólidos urbanos.

Com a publicação da lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a


responsabilidade das prefeituras passa a ter uma base mais sólida, com diretrizes
e princípios.

Os municípios passam a ter a obrigação de eliminar os lixões, locais


onde o lixo é jogado a céu aberto, contaminando o meio ambiente e facilitando
a proliferação de doenças, até agosto de 2014. O lixo deverá ser depositado em

142
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

aterros sanitários, monitorados dentro da legislação ambiental, sendo proibida a


entrada de catadores, a criação de animais e a instalação de moradias nessas áreas.

As prefeituras devem implantar o sistema de coleta seletiva dos resíduos


recicláveis nas residências, que serão encaminhados para as associações de
catadores ou outras formas de processamento de recicláveis. Conforme pode ser
observado na figura a seguir, do total de 5.565 municípios brasileiros, ainda é
pequeno o número de municípios atendidos pela coleta seletiva.

FIGURA 32 – NÚMERO DE MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM COLETA SELETIVA

FONTE: Disponível em: <http://cempre.tecnologia.ws/ci_2010-708_reciclando.php>.


Acesso em: 2 jun. 2012.

Os municípios deverão também efetuar a coleta e implantar sistemas de


compostagem para os resíduos orgânicos, como os restos de alimentos e cascas.
Isso irá diminuir a quantidade de resíduos enviada para os aterros sanitários,
trazendo benefícios para a sociedade. O composto obtido pode ser utilizado como
adubo.

143
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

E
IMPORTANT

Terão prioridade no acesso aos recursos da União os municípios que implantarem


a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.

7.4.2 Responsabilidades dos fabricantes, importadores,


distribuidores e comerciantes
Segundo definição dada pela PNRS, logística reversa é um “instrumento
de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.” (Lei n°
12.305, art. 3º, Inciso X).

Com a publicação da PNRS, as indústrias, supermercados, lojas,


distribuidores, importadores e comércio em geral estão obrigados a implementar
sistemas de logística reversa. Inicialmente será aplicado para produtos como pneus,
lâmpadas, óleos lubrificantes, pilhas e baterias, agrotóxicos, embalagens em geral
e produtos eletroeletrônicos e seus componentes, a exemplo de computadores,
impressoras, celulares, geladeiras e televisores. As medidas para o retorno dos
produtos, via reciclagem, serão implementadas progressivamente. Serão criados
mecanismos econômicos e financeiros com a finalidade de incentivar a atividade e
contribuir para que a logística reversa seja aplicada na prática.

FIGURA 33 – TRANSPORTE DE PAPELÃO PARA REAPROVEITAMENTO

FONTE: Disponível em: < http://www.cempre.org.br/download/pnrs_leinapratica.pdf


>. Acesso em: 3 jun. 2012.

144
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

Em seu artigo 23, o Decreto n° 7.404, que regulamenta a PNRS, define


os requisitos mínimos que os acordos setoriais deverão conter visando à
implementação da logística reversa:

I - indicação dos produtos e embalagens objeto do acordo setorial;


II - descrição das etapas do ciclo de vida em que o sistema de logística reversa
se insere, observado o disposto no inciso IV do art. 3º da Lei nº 12.305, de 2010;
III - descrição da forma de operacionalização da logística reversa;
IV - possibilidade de contratação de entidades, cooperativas ou outras formas
de associação de catadores de materiais recicláveis ou reutilizáveis, para
execução das ações propostas no sistema a ser implantado;
V  -  participação de órgãos públicos nas ações propostas, quando estes se
encarregarem de alguma etapa da logística a ser implantada;
VI - definição das formas de participação do consumidor;
VII  -  mecanismos para a divulgação de informações relativas aos métodos
existentes para evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus
respectivos produtos e embalagens;
VIII - metas a serem alcançadas no âmbito do sistema de logística reversa a ser
implantado;
IX - cronograma para a implantação da logística reversa, contendo a previsão
de evolução até o cumprimento da meta final estabelecida;
X - informações sobre a possibilidade ou a viabilidade de aproveitamento dos
resíduos gerados, alertando para os riscos decorrentes do seu manuseio;
XI - identificação dos resíduos perigosos presentes nas várias ações propostas e
os cuidados e procedimentos previstos para minimizar ou eliminar seus riscos
e impactos à saúde humana e ao meio ambiente;
XII - avaliação dos impactos sociais e econômicos da implantação da logística
reversa;
XIII - descrição do conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
participantes do sistema de logística reversa no processo de recolhimento,
armazenamento, transporte dos resíduos e embalagens vazias, com vistas
à reutilização, reciclagem ou disposição final ambientalmente adequada,
contendo o fluxo reverso de resíduos, a discriminação das várias etapas da
logística reversa e a destinação dos resíduos gerados, das embalagens usadas
ou pós-consumo e, quando for o caso, das sobras do produto, devendo incluir:
a)  recomendações técnicas a serem observadas em cada etapa da logística,
inclusive pelos consumidores e recicladores;
b)  formas de coleta ou de entrega adotadas, identificando os responsáveis e
respectivas responsabilidades;
c)  ações necessárias e critérios para a implantação, operação e atribuição de
responsabilidades pelos pontos de coleta;
d)  operações de transporte entre os empreendimentos ou atividades
participantes, identificando as responsabilidades; e
e)  procedimentos e responsáveis pelas ações de reutilização, de reciclagem e
de tratamento, inclusive triagem, dos resíduos, bem como pela disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos; e

145
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

XIV - cláusulas prevendo as penalidades aplicáveis no caso de descumprimento


das obrigações previstas no acordo.
Parágrafo único.  As metas referidas no inciso VIII do caput poderão ser fixadas
com base em critérios quantitativos, qualitativos ou regionais.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n° 12.305, de 02/08/2010, Art. 23.

7.4.3 Responsabilidades da coletividade


Os consumidores precisam passar a fazer a sua parte para que o lixo deixe
de ser um problema. Com o aumento da consciência ambiental, separar os resíduos
gerados nas residências, escritórios e lojas deverá ser uma rotina.

A separação e acondicionamento feito corretamente são decisivos para


aumentar as quantidades e a qualidade dos materiais que retornam para as
indústrias, consequentemente aumentam os ganhos dos catadores, reduzindo as
ameaças ao meio ambiente.

Outro hábito importante a ser introduzido na população é a devolução


dos produtos eletrônicos fora de uso, com base nas informações fornecidas pelas
empresas. Além disso, deve-se adotar cada vez mais as lixeiras diferenciadas por
cores para segregar os materiais recicláveis.

FIGURA 34 – EMBALAGENS PARA A SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS

FONTE: Disponível em: <http://mimaengenharia.com.br/blog/2011/07/page/2>. Acesso em:


3 jun. 2012.

146
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

Nas residências é importante a separação dos materiais secos, como papel,


plástico, metais, vidros, da parte úmida, como restos de comida. Os secos serão
encaminhados para reciclagem, e os úmidos para a compostagem.

FIGURA 35 – SEPARAÇÃO DO LIXO DOMÉSTICO

FONTE: Disponível em: < http://www.garibaldi.rs.gov.br/informacoes/coleta-de-lixo/>.


Acesso em: 3 jun. 2012.

UNI

O papel do consumidor na responsabilidade compartilhada pelos resíduos


urbanos inclui o exercício de seus direitos como cidadão. Isso significa estar bem informado
e reivindicar junto às autoridades o cumprimento da nova lei, garantindo, entre outros
pontos, a coleta seletiva assídua e abrangente.

7.5 PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Em seu artigo 14, a Política Nacional de Resíduos Sólidos considera como
planos de resíduos sólidos:

I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos; 


II - os planos estaduais de resíduos sólidos; 
III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos
sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; 
IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos; 

147
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos; 


VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n°12.305, de 02/08/2010, Art. 14.

E
IMPORTANT

A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o Plano


Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte)
anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos, mediante processo de mobilização e participação
social, incluindo a realização de audiências e consultas públicas. Lei n°12.305, art. 15.

7.6 RECICLAGEM COM INCLUSÃO SOCIAL


Aproximadamente cerca de 1 milhão de pessoas participa da força de
trabalho na reciclagem de materiais no Brasil, incluindo aquelas que percorrem
as ruas com suas carroças. São essenciais para o processo de reciclagem, e estão
separadas em diferentes categorias, desde os catadores autônomos até as grandes
associações ou cooperativas, com maquinários, veículos, instalações e controle
do processo. Deste contingente, a base da pirâmide é formada pelos catadores
autônomos, sujeitos à exploração de atravessadores que revendem os materiais
para a indústria ou sucateiros de maior porte. O preço final pode chegar a quatro
vezes o valor pago ao carroceiro. (CEMPRE, 2012).

Para evitar estas situações e aumentar os ganhos, uma parcela destes


catadores uniu-se formando as cooperativas, trabalhando em galpões de
reciclagem. Juntos conseguem aumentar a quantidade e qualidade dos materiais
separados do lixo, conseguindo preços melhores na venda.

148
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

FIGURA 36 – CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

FONTE: Disponível em: <http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/2444/ o-que-


ser-dos-catadores-com-o-fim-dos-lix-es-.html>. Acesso em: 3 jun. 2012.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos reforça o papel social e a


importância dos catadores autônomos, das cooperativas e associações. Em seu
artigo 36, parágrafo 1º, cita: “[...] o titular dos serviços públicos de limpeza urbana
e de manejo de resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento
de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como
sua contratação”. 

7.7 PROIBIÇÕES
Nos seus artigos 47 e 48, a PNRS apresenta as ações proibidas quanto
às formas de destinação e atividades nas áreas de disposição final dos resíduos
sólidos:

Art. 47  São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final


de resíduos sólidos ou rejeitos: 
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos; 
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; 
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não
licenciados para essa finalidade; 
IV - outras formas vedadas pelo poder público. 

149
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

Art. 48  São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos, as
seguintes atividades: 
I - utilização dos rejeitos dispostos como alimentação; 
II – catação, observado o disposto no inciso V do art. 17; 
III - criação de animais domésticos; 
IV - fixação de habitações temporárias ou permanentes; 
V - outras atividades vedadas pelo poder público.

FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n°12.305, de 02/08/2010, art. 47 e 48.

UNI

A lei proíbe a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como


de resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública
e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou
recuperação. Lei n° 12.305, art 49.

7.8 INSTRUMENTOS ECONÔMICOS


O poder público poderá instituir medidas indutoras e linhas de
financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de:

I - prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo; 


II - desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à
qualidade ambiental em seu ciclo de vida; 
III - implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para
cooperativas ou outras formas de associação de catadores;
IV - desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de caráter
intermunicipal;
V - estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa; 
VI - descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs; 
VII - desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis
aos resíduos sólidos; 
VIII - desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados
para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos. 
FONTE: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n° 12.305, de 02/08/2010, art. 42.

7.9 O NOVO CENÁRIO


A seguir apresentamos um quadro mostrando o novo cenário que teremos
com a implantação das ações previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos
(CEMPRE, 2012):

150
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

QUADRO 6 – ANTES E DEPOIS DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

ANTES DEPOIS
Municípios farão plano de metas
Falta de prioridade para o lixo urbano. sobre resíduos com a participação dos
catadores.
Existência de lixões na maioria dos Os lixões precisam ser erradicados em
municípios. quatro anos.
Resíduos orgânicos sem Prefeituras passam a fazer a
aproveitamento compostagem.
É obrigatório controlar custos e medir
Coleta seletiva cara e ineficiente.
a qualidade do serviço.
Inexistência de lei nacional para
Marco legal estimulará ações
nortear os investimentos das
empresariais.
empresas.
Novos instrumentos financeiros
Falta de incentivos financeiros.
impulsionarão a reciclagem.
Baixo retorno de produtos
Mais produtos retornarão à indústria
eletroeletrônicos
após o uso pelo consumidor.
pós-consumo.
Reciclagem avançará e gerará mais
Desperdício econômico sem a
negócios, com impacto na geração de
reciclagem.
renda.
Consumidor fará separação mais
Não separação do lixo reciclável nas
criteriosa
Residências.
nas residências.
Campanhas educativas mobilizarão os
Falta de informação.
moradores.
Falhas no atendimento da coleta Coleta seletiva melhorará para
municipal. recolher mais resíduos.
Cidadão exercerá seus direitos junto
Pouca reivindicação junto às
aos
autoridades.
governantes.
Exploração por atravessadores e riscos Catadores reduzem riscos à saúde e
à saúde. aumentam renda em cooperativas.
Cooperativas são contratadas pelos
Catadores na informalidade.
municípios para a coleta e reciclagem.
Problemas de qualidade e quantidade Aumenta a quantidade e melhora a
dos materiais. qualidade da matéria-prima reciclada.
Falta de qualificação e visão de Trabalhadores são treinados e
mercado. capacitados para ampliar a produção.
FONTE: Disponível em: <http://www.cempre.org.br/download/pnrs_002.pdf>. Acesso em: 3 jun.
2012.

151
UNIDADE 2 | RECURSOS E SISTEMAS AMBIENTAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

A FARRA DOS SACOS PLÁSTICOS

André Trigueiro
 
O Brasil é definitivamente o paraíso dos sacos plásticos. Todos os
supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalam em saquinhos
tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto
que se tenha à mão, aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho
plástico. O pior é que isso já foi incorporado na nossa rotina como algo normal,
como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico.
Nossa dependência é tamanha, que quando ele não está disponível, costumamos
reagir com reclamações indignadas.

Quem recusa a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico.


Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com
uma situação curiosa. A caixinha com as lâminas cabia perfeitamente na minha
pochete. Meu plano era levar para casa assim mesmo. Mas num gesto automático,
a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinha num saco
onde caberiam seguramente outras dez. Pelas razões que explicarei abaixo, recusei
gentilmente a embalagem.

A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês


Alexander Parkes inventou o primeiro plástico em 1862. O novo material
sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista
da civilização moderna. Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado
de plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um
desastre ambiental de grandes proporções. Feitos de resina sintética originadas do
petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na
natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias
moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto tempo levam
para desaparecer no meio natural.

No Complexo do Alemão, plásticos não biodegradáveis se juntam ao lixo


nas ruas.

No caso específico das sacolas de supermercado, por exemplo, a matéria-


prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno
de baixa densidade (PEBD). No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais
de plástico filme, que já representa 9,7% de todo o lixo do país. Abandonados em
vazadouros, esses sacos plásticos impedem a passagem da água - retardando a
decomposição dos materiais biodegradáveis - e dificultam a compactação dos
detritos.

Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou


mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus.

152
TÓPICO 4 | RESÍDUOS SÓLIDOS

Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania. Quem não


anda com sua própria sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar
uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos. O preço é salgado: o equivalente a
sessenta centavos a unidade.

A guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi


aprovada uma lei que obriga os produtores e distribuidores de embalagens a aceitar
de volta e a reciclar seus produtos após o uso. E o que fizeram os empresários?
Repassaram imediatamente os custos para o consumidor. Além de anti-ecológico,
ficou bem mais caro usar sacos plásticos na Alemanha.

Na Irlanda, desde 1997 paga-se um imposto de nove centavos de libra


irlandesa por cada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicar o número
de irlandeses indo às compras com suas próprias sacolas de pano, de palha, e
mochilas. Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP mobilizou a
atenção dos consumidores com uma campanha original e ecológica: todas as lojas
da rede terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis.
Até dezembro deste ano, pelo menos 2/3 de todos os saquinhos usados na rede
serão feitos de um material que, segundo testes em laboratório, se decompõe
dezoito meses depois de descartados. Com um detalhe interessante: se por acaso
não houver contato com a água, o plástico se dissolve assim mesmo, porque serve
de alimento para microorganismos encontrados na natureza.

Mau exemplo: lixão em SP recebe 250 toneladas por dia.

Não há desculpas para nós brasileiros não estarmos igualmente


preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos na natureza.
O país que sediou a Rio-92 (Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento
e Meio Ambiente) e que tem uma das legislações ambientais mais avançadas do
planeta, ainda não acordou para o problema do descarte de embalagens em geral,
e dos sacos plásticos em particular.

É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra


a ausência de uma legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. Há
muitos interesses em jogo. Qual é o seu?

O jornalista André Trigueiro é redator e apresentador do Jornal das Dez, da


Globonews, desde 1996. Na Rádio Viva Rio AM, Trigueiro apresenta o programa
Conexão Verde. Nele, aborda temas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável. O jornalista é pós-graduado em Meio Ambiente pela MEB COPPE/
UFRJ (2001).

FONTE: Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=residuos/


index.php3&conteudo=./residuos/artigos/plasticomania.html>. Acesso em: 25 fev. 2010.

153
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você estudou os seguintes itens referentes aos resíduos
sólidos:

• A Associação Brasileira de Normas Técnicas elaborou uma norma para


classificar os resíduos sólidos, a NBR 10004.
• Segundo esta norma os resíduos são classificados em Classe I – Perigosos e
Classe II – Não perigosos, sendo este último subdividido em Classe II A – Não
inertes e Classe II B – Inertes.
• Os impactos ambientais gerados pelos resíduos sólidos.
• Os métodos para tratamento e disposição dos resíduos sólidos.
• A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os
detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram.
• A Lei nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que muda a
forma de separarmos o lixo doméstico, determina o fim dos lixões, destaca a
importância das cooperativas de catadores para a reciclagem, e obriga o uso da
logística reversa no gerenciamento dos resíduos.

154
AUTOATIVIDADE

Prezado acadêmico(a)! Para fixar o conteúdo estudado, responda às perguntas


abaixo:

1 Cite três resíduos que são classificados como Classe I – Perigosos pela NBR
10004: 2004.

2 Apresente três resíduos classificados como Classe II – Não inertes.

3 O que é reciclagem energética?

4 Quais são os riscos que oferece ao meio ambiente a possibilidade da liberação


de dioxinas e furanos no processo de incineração?

Assista ao vídeo de
resolução da questão 3

155
156
UNIDADE 3
DESENVOLVIMENTO E
SUSTENTABILIDADE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• identificar a evolução das questões ambientais no mundo;

• compreender o significado de Desenvolvimento Sustentável;

• identificar as formas de sustentabilidade;

• conhecer a importante AGENDA 21;

• compreender os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo;

• entender o comércio de créditos de carbono;

• conhecer o funcionamento da Produção mais Limpa (P+L);

• identificar a importância da valoração econômica ambiental;

• conhecer o Princípio do Poluidor Pagador;

• verificar a importância da contabilidade ambiental;

• identificar os instrumentos da política ambiental pública.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que, ao final de cada um
deles, você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos co-
nhecimentos aqui disponibilizados.

TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

TÓPICO 2 – MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

TÓPICO 3 – ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

157
158
UNIDADE 3
TÓPICO 1

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1 INTRODUÇÃO

A preocupação com os problemas ambientais em virtude dos processos de


crescimento e desenvolvimento deu-se lentamente e de modo muito diferenciado
entre os diversos segmentos da sociedade.

Num primeiro momento, a percepção dos problemas ambientais localizados


é atribuída à ignorância, negligência, dolo ou indiferença das pessoas e dos agentes
produtores e consumidores de bens e serviços. As ações para coibir estas práticas
são proibições, multas e atividades típicas de controle da poluição para combater
os efeitos gerados pelos processos de produção e pelo consumo.

Num segundo momento, a degradação ambiental é percebida como um


problema generalizado, porém está confinado aos limites do território das nações.
A gestão inadequada dos recursos, somadas às causas citadas anteriormente,
são apontadas como os causadores dos problemas ambientais percebidos.
Existe um estímulo para a substituição de processos produtivos poluidores ou
consumidores de recursos escassos por outros mais eficientes e limpos, adota-se o
zoneamento industrial e o estudo de impactos ambientais para o licenciamento de
empreendimentos com grande interferência no meio ambiente.

Num terceiro momento, a degradação ambiental passa a ser percebida


como um problema planetário, que atinge a todos e que é decorrente do tipo de
desenvolvimento praticado pelos países. Nesta fase se fazem necessárias ações
como o questionamento sobre as políticas e metas de desenvolvimento praticadas
pelos estados nacionais, as quais geralmente são baseadas numa visão economicista.
São contestadas as relações internacionais, principalmente entre os poucos países
desenvolvidos e a maioria dos países não desenvolvidos. Incorporam-se novas
dimensões ao entendimento de sustentabilidade, afastando-se das propostas
baseadas unicamente em uma visão ecológica. Essa nova maneira de perceber
as soluções para os diversos problemas globais, que não se limitam apenas à
degradação do ambiente físico ou biológico, mas que incorporam dimensões
culturais, políticas e sociais, como a exclusão social e a pobreza, é o que vem sendo
chamado de desenvolvimento sustentável. (BARBIERI, 2003)

159
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

2 EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS


Veja a seguir a evolução das questões ambientais em cada década.

2.1 ANOS 40
A preocupação com os impactos ambientais começou no final dos anos
40, devido à queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta. Em
1947, foi criado nos EUA o Federal Insecticide, Fungicide ando Rodenticide Act, com a
responsabilidade de regulamentar e investigar as ações e os impactos de inseticidas,
fungicidas, raticidas no meio ambiente, além de seus efeitos no homem.

Foi realizada em 1949, também nos EUA, a Conferência da ONU sobre a


Conservação e Utilização de Recursos. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

2.2 ANOS 50
A deterioração ambiental e sua relação com o estilo de crescimento
econômico já eram estudados e objeto de preocupação internacional desde a
década de 50. Um exemplo desta preocupação é do filósofo e teólogo luterano
Albert Shcweitzer que em 1952 ganhou o Prêmio Nobel da Paz ao popularizar
a ética ambiental e por seus esforços pela ¨Irmandade da Nações¨. Em outubro
de 1952, disse em uma conferência na Academia Francesa de Ciências (Paris):
“Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou
vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante”.

Em 1955, foi criado nos EUA o Air Pollution Control Act, com a finalidade de
investigar os efeitos da poluição na atmosfera e controlá-la. (TINOCO; KRAEMER,
2004).

Tivemos nesta década o início dos movimentos ambientalistas e a criação


de entidades não governamentais voltadas para a proteção ambiental.

2.3 ANOS 60
Em 1962, Rachel Carson, bióloga marinha norte-americana, lançou o livro
Silent Spring (Primavera Silenciosa), considerado um marco na compreensão das
relações entre meio ambiente, economia e bem-estar social. O livro relata os efeitos
da má utilização dos pesticidas e inseticidas químicos sintéticos, alertando sobre
os efeitos danosos de inúmeras ações do homem sobre o meio ambiente. Já, nessa
época, apontava para os prejuízos decorrentes do uso de produtos químicos no

160
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

controle de pragas e doenças, alertando que estavam interferindo nas defesas


naturais do próprio ambiente. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Em 1967, foi criado o Environmental Defense Fund (EDF) para pressionar


por soluções aos danos cometidos ao meio ambiente.

Em 1968, foi fundado o Clube de Roma, liderado pelo industrial italiano


Peccei e pelo cientista escocês Alexandre King. O clube era formado por 36
cientistas e economistas. As comissões estudaram o impacto global das interações
dinâmicas entre a produção industrial, a população, o dano ao meio ambiente, o
consumo de alimentos e o uso dos recursos naturais. O Clube de Roma publicou
o documento The Limits to Growth (Limites do Crescimento), que utilizando
modelos matemáticos, alertou sobre os riscos do crescimento contínuo baseado na
exploração de recursos naturais não renováveis (TINOCO e KRAEMER, 2004). As
conclusões desse relatório eram pessimistas quanto ao futuro da humanidade: caso
as tendências de crescimento da população mundial, industrialização, produção
de alimentos, poluição e consumo de recursos se mantiverem imutáveis, os limites
do crescimento neste planeta seriam alcançados dentro dos próximos 100 anos.
(BARBIERI, 2003).

2.4 ANOS 70
Em 1970, foi criada nos EUA a Federal Environmental Protection Agency
(EPA) com o propósito de proteger o ambiente, seguindo e obedecendo às leis
determinadas pelo Congresso Americano e com a missão maior de controlar
a poluição relacionada à água, ao ar, aos resíduos, às pesticidas, à radiação e
substâncias tóxicas.

Em 1971, no Canadá, nasceu o Greenpeace, com um programa agressivo


para acabar com a destruição ambiental através de protestos civis e interferência
pacífica (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Foi realizada em Estocolmo, Suécia, no ano de 1972, a Conferência sobre


Meio Ambiente Humano, liderada por Maurice Strong. Permaneceu a oposição
entre meio ambiente e crescimento econômico mencionado no relatório Os Limites
para o Crescimento.

Para muitos atores, esta foi a mais importante conferência sobre o


assunto, dividindo o ambientalismo em ¨antes¨ e ¨depois¨ de Estocolmo. Os
países desenvolvidos defendiam um programa internacional direcionado à
conservação dos recursos naturais, pregando que medidas preventivas deveriam
ser implementadas imediatamente, para evitar um grande desastre no futuro. Já os
países em desenvolvimento argumentavam que estavam assolados pela miséria,
com graves problemas de saneamento básico, moradias, atacados por doenças
infecciosas e que necessitavam desenvolver-se economicamente. (TINOCO;
KRAEMER, 2004).
161
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

E
IMPORTANT

O Brasil, nesta conferência, defendeu o desenvolvimento a qualquer custo, e não


reconheceu a gravidade dos problemas ambientais. (BARBIERI, 2003).

Neste mesmo ano, foi criado a United Nations Environmental Program


(UNEP) – Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, com sede em Nairóbi,
no Brasil, conhecido como Pnuma. Para uma maior tranquilidade dos países em
desenvolvimento, os conceitos de crescimento zero defendidos pelos países ricos
começaram a ser substituídos pelas metas de desenvolvimento sustentável.

A Ecologia Profunda foi proposta em 1973, como resposta à visão


dominante sobre o uso dos recursos naturais. No Brasil, neste mesmo ano, o Prof.
José Lutzemberger já propunha ideias similares e iniciava o movimento ecológico
brasileiro com a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
(Agapan). Foi também criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA),
ligada ao Governo Federal, hoje Ministério do Meio Ambiente (MMA). (TINOCO;
KRAEMER, 2004).

Teve início o Greenbelt Movement no Quênia, em 1977, uma comunidade que


tinha como objetivo plantar árvores para auxiliar na luta contra a desertificação.
Neste ano, também, aconteceu a Conferência sobre Desertificação das Nações
Unidas. No Brasil, o Conselho Federal de educação tornou obrigatória a disciplina
Ciências Ambientais em cursos universitários de Engenharia. (TINOCO;
KRAEMER, 2004).

UNI

Em 1978, na Alemanha, surgiu o 1º selo ecológico, o Anjo Azul (Der Blaue Engel),
destinado a rotular produtos considerados ambientalmente corretos.

Nesta década, tivemos o surgimento do conceito de DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL, que admite a utilização de recursos naturais de que temos
necessidade hoje, para permitir uma boa qualidade de vida, porém este consumo
não pode comprometer a utilização desses mesmos recursos pelas futuras gerações.
Devido à crise do petróleo, começou-se a valorizar o potencial energético dos resíduos.
Passou a ser exigida, nos EUA, a realização de Estudos de Impacto Ambiental
(EIA) como pré-requisito para a aprovação de empreendimentos potencialmente
poluidores. No fim da década de 70, foram estabelecidas metodologias específicas
e programas de auditoria ambiental por diversas empresas dos setores químico,
petroquímico, mineração e geração de energia. Foi uma década rica na determinação
de índices ambientais. (TINOCO; KRAEMER, 2004).
162
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.5 ANOS 80
Nessa década, em muitos países, surgiram leis que regulamentaram a
atividade industrial quanto à poluição. Também foi formalizada a realização de
estudos de Impacto Ambiental e os Relatórios de Impactos sobre o Meio Ambiente
(EIA-RIMA), com audiências públicas e aprovação dos licenciamentos ambientais
em diversos níveis do governo.

E
IMPORTANT

No Brasil os EIA-RIMAs foram implementados pela Lei Federal nº 6.938/81 e pela


Resolução nº 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Em 1983, a Assembleia Geral da ONU aprovou a criação da Comissão


Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que foi presidida pela então
Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland.

Em 1984, foi criado no Canadá o Programa de Atuação Responsável


(Responsible Care Program), considerado o primeiro modelo de gestão ambiental. Os
seis códigos do programa são: (1) conscientização da comunidade e programa de
emergência; (2) prevenção da poluição; (3) segurança de processos; (4) distribuição
de produtos; (5) saúde e segurança ocupacional; (6) responsabilidade pelos
produtos. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Em 1986, a Câmara de Comércio Internacional (ICC) estabeleceu diretrizes


ambientais para a indústria mundial, sendo um grande propulsor à adoção de
práticas de prevenção da poluição por parte das indústrias.

O relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,


também chamado de “Relatório Brundtland”, foi publicado em 1987 sob o título
Nosso Futuro Comum. Esse relatório apontava a pobreza como uma das principais
causas dos problemas ambientais, e contribuiu para disseminar mundialmente o
conceito de desenvolvimento sustentável.

Negociado por 24 países e pela comunidade europeia, em setembro de


1987, foi assinado o Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a
camada de ozônio, estabelecendo restrições amplas à produção e ao uso dos CFCs
(Clorofluorcarbonos). A grande importância nesse protocolo está no fato de ele ter
sido considerado o primeiro grande impulsionador de uma globalização ambiental
em prol do combate à degradação, levando a esforços conjuntos e mudanças de
atitude de cientistas, empresas e grupos ambientais de diversos países. (TINOCO;
KRAEMER, 2004).

163
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Em 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil dedicou o


capítulo VI ao meio ambiente e no art. 225, inciso VI, determinou ao “Poder Público
promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino”.

Em 1989, foi realizada a 3º Conferência Internacional sobre Educação


Ambiental para escolas de 2º grau com o tema “Tecnologia e Meio Ambiente”, em
Illinois, EUA.

Nessa década, cresceram as pressões dos órgãos de regulamentação e da


opinião pública para que as empresas passassem a divulgar as informações sobre
o seu desempenho ambiental.

2.6 ANOS 90
Na década de 90, houve grande evolução em relação à consciência ecológica.
A expressão qualidade ambiental passou a fazer parte do cotidiano das pessoas.

Em maio de 1991, a Alemanha criou uma lei na área de reciclagem que


exigia dos fabricantes que assumissem total responsabilidade pela reciclagem e
disposição final das embalagens de seus produtos. Outros países, como Suécia
e Holanda também começaram a promover ações para realizar a reciclagem de
produtos e embalagens. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, houve um evento importante no Rio


de Janeiro, que foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92.
Gerou dois importantes documentos: A Agenda 21 e a Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento.

E
IMPORTANT

A execução de Ken Saro-Wiwa na Nigéria, em 1995, chama a atenção mundial


para as inter-relações existentes entre direitos humanos, justiça ambiental, segurança e
crescimento econômico.

Também, em 1995, em Copenhague, foi realizado o Fórum Mundial


para Desenvolvimento Social, onde a comunidade internacional expressou pela
primeira vez um compromisso em erradicar a pobreza absoluta. Criou-se também
a Organização Mundial do Comércio (OMC), que é um reconhecimento formal
das relações entre o comércio, o desenvolvimento e o meio ambiente. (TINOCO;
KRAEMER, 2004).

Em 1996, foi publicada pela ISO (International Organization for Standarization)


a série ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental.
164
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

No dia 11 de dezembro de 1997, foi aprovado o Protocolo de Kyoto numa


Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas, na cidade japonesa de
Kyoto. Entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, quando a Rússia aderiu ao
programa, totalizando 55 países que respondem por 55% das emissões globais dos
gases do efeito estufa. O protocolo funciona como um adendo à Convenção do
Clima e estabeleceu como meta reduzir em 5,2% a emissão de gases poluentes
nos países industrializados em relação ao ano de 1990, no período de 2008 a 2012.
Esse acordo representou também uma oportunidade lucrativa, pois permitiu que
os países ricos investissem em mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) nos
países subdesenvolvidos para compensar os excessos de emissão de gases de sua
produção. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

Ainda na década de 1990, difundiu-se o conceito de ecodesign, que passou a


fazer parte dos esforços das empresas para atingir uma produção mais sustentável.
A preservação ambiental, no processo produtivo ou nos efeitos do produto ou
serviço, ajudam a melhorar a imagem da empresa e reduzir o tempo de retorno de
seus investimentos. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

2.7 ANOS 2000


No dia 19 de março de 2001, a União Europeia estabeleceu o Sistema de
Gestão Ambiental, chamado de EMAS 2001 (Eco-Management and Audit Scheme). O
objetivo principal é ajudar as empresas a melhorar seu funcionamento ambiental,
promovendo as melhorias necessárias nas suas atitudes ambientais. O EMAS 2001
passou a ser um instrumento de proteção do meio ambiente.

De 26/08 a 04/09/2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento


Sustentável, ou Cúpula da Terra (Rio+10) reuniu-se em Johanesburgo, na África do
Sul, para fazer uma avaliação dos resultados obtidos nos 10 anos que sucederam
a Rio 92. Desta reunião resultaram dois documentos: A Declaração Política (O
Compromisso de Johanesburgo por um Desenvolvimento Sustentável) e o Plano
de Implementação da Agenda 21. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009 aconteceu a COP-15, a 15ª


Conferência das Partes, organizada pela UNFCCC - Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas na cidade de Copenhague, Dinamarca.
Reuniu líderes de todo o mundo, e a expectativa era que os países ricos assumissem
o compromisso da redução de 25% a 40% das emissões dos gases do efeito
estufa (GEE) em relação ao ano de 1990, até 2020. Porém, terminou sem o acordo
esperado. Um documento elaborado no final da conferência indicava que os países
desenvolvidos vão fazer de tudo para evitar que a temperatura do planeta aumente
2ºC até 2050, criava um fundo de 30 bilhões de dólares para financiar o combate
ao aquecimento global nos próximos 3 anos, porém não houve consenso sobre as
metas de redução das emissões.

165
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Esta década ficou marcada pela otimização do uso das matérias-primas


escassas e não renováveis, racionalização do uso de energia, opção pela reciclagem
e o combate ao desperdício, convergindo para uma abordagem mais ampla e lógica
do tema ambiental.

2.8 ANO 2010


Apesar do relativo fracasso da COP-15, realizada em dezembro de 2009,
existem possibilidades reais de se reduzir as emissões dos gases do efeito estufa
no mundo. Menos de 2 meses após a conferência de Copenhague, vários países, os
quais são responsáveis por aproximadamente 78% das emissões globais, enviaram
documento à UNFCCC, estabelecendo metas de redução, desde percentuais
modestos como o dos EUA, até os ambiciosos, como os da Noruega.

A lista é encabeçada pela Austrália, que pretende reduzir suas emissões


em 25% até 2020, tendo como base o ano de 2000, desde que exista um acordo
global para reduzir emissões, principalmente pelos países desenvolvidos. A União
Europeia fixou um compromisso em reduzir 30% até 2020, com base no ano de
1990, uma meta relativamente ambiciosa. O Japão assumiu uma meta de redução
de 25%, também com base no ano de 1990. O Canadá e os EUA fixaram uma meta
de redução de 17%, com bases no ano de 2005. A Federação Russa estabeleceu
meta entre 15% a 25%, com base no ano de 1990. A meta da Noruega estabeleceu
uma redução de até 40% nas emissões com base no ano de 1990.

Dentre os países em desenvolvimento, a China colocou no papel que


pretende reduzir suas emissões de dióxido de carbono por unidade do PIB
entre 40% e 45% até 2020, porém com base nas emissões de 2005. Também se
comprometeu a reduzir a participação de combustíveis fósseis em seu consumo
de energia primária em cerca de 15% até 2020. O Brasil, que teve uma posição de
liderança nas negociações, prometeu reduzir as emissões de dióxido de carbono
entre 36,1% e 38,9% até 2020, através da redução do desmatamento na Amazônia
e do Cerrado, pelo aumento da eficiência energética, recuperação de áreas
desmatadas, uso dos biocombustíveis, entre outros. A Índia comprometeu-se em
reduzir suas emissões entre 20% e 25% até 2020, com base no ano de 2005. (Revista
Saneamento Ambiental, 2010).

3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE


Ao longo dos últimos anos, o desenvolvimento industrial trouxe impactos
negativos e positivos para a sociedade. A deterioração do meio natural, as alterações
climáticas, a destruição da camada de ozônio, a morte de rios, a destruição das
florestas, o efeito estufa, o lixo em excesso, os desperdícios, a fome e a pobreza são
alguns dos itens que precisam fazer parte das prioridades dos governantes desse
planeta. É o lado negativo do desenvolvimento industrial.
166
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND


Criada em 1983 por decisão da Assembleia Geral da ONU, e presidida
por Gro Harlem Brundtland, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundtland, tinha os
seguintes objetivos (BARBIERI, 2003):

I – propor estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento


sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante;
II – recomendar maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se
traduza em maior cooperação entre países em desenvolvimento e entre
países em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve
à consecução de objetivos comuns e interligados que considerem as inter-
relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento;
III – considerar meios e maneiras pelos quais a comunidade internacional possa
lidar mais eficientemente com as preocupações de cunho ambiental;
IV – ajudar a definir noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo
e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da
melhoria do meio ambiente (CMMAD, 1988, xi).

A Comissão Brundtland encerrou seus trabalhos em 1987 e o seu relatório,


denominado Nosso Futuro Comum, tem como núcleo central a formulação
dos princípios do desenvolvimento sustentável. Conforme esse relatório, o
desenvolvimento sustentável é um processo de transformação em que a exploração
dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento
tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente
e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. (CMMAD, 1988).

Segundo o relatório, as medidas que devem ser adotadas pelos estados


nacionais incluem:

1) Limitação do crescimento populacional.


2) Garantia de alimentação a longo prazo.
3) Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
4) Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que
admitam o uso de fontes energéticas renováveis.
5) Aumento da produção industrial nos países não industrializados à base de
tecnologias ecologicamente adequadas.
6) Controle da urbanização das regiões metropolitanas e maior integração entre
campo e cidades menores.
7) Satisfação das necessidades básicas.
FONTE: Nascimento; Lemos; Mello (2008)

Em âmbito internacional, as metas propostas pelo relatório são as seguintes:

1) As organizações ligadas a questões de desenvolvimento devem adotar a


estratégia de desenvolvimento sustentável.
167
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

2) A comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais,


como a Antártica, os oceanos e o espaço.
3) As guerras devem ser banidas.
4) A ONU deve implementar um programa de desenvolvimento sustentável.

Nesse relatório, desenvolvimento sustentável é definido como aquele que


“atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Esse conceito foi
desenvolvido na década de 1980, mas só ganhou força depois da Conferência RIO-
92.

Pode-se observar que o conceito de desenvolvimento sustentável é simples,


mas suas implicações são profundas. Seu maior significado é que devemos colocar
nosso modo de vida atual em um alicerce baseado na geração de renda e não na
destruição do capital ambiental. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

3.2 SUSTENTABILIDADE
Considerando que o conceito apresentado de desenvolvimento sustentável
sugere um legado permanente dos recursos necessários de uma geração à outra,
para que todas possam prover suas necessidades, a sustentabilidade, ou seja, a
qualidade daquilo que é sustentável, passa a incorporar o significado de conservação
e manutenção constante dos recursos naturais. A sustentabilidade exige avanços
científicos e tecnológicos para que tenhamos a capacidade permanente de utilizar,
conservar ou recuperar esses recursos. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

UNI

Podemos então conceituar sustentabilidade como a capacidade de uma


atividade ou sociedade se manter por tempo indeterminado, sem colocar em risco o
esgotamento, a qualidade e o uso abusivo de seus recursos naturais.

3.2.1 Dimensões da sustentabilidade


O conceito de sustentabilidade não pode se limitar apenas à visão
tradicional de estoques e fluxos de recursos naturais e de capitais. De acordo com
Sachs apud Barbieri (2003), é necessário considerar as seguintes dimensões da
sustentabilidade:

• Sustentabilidade Social: entende-se como a criação de um processo de


desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na
distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões
de vida dos ricos e dos pobres.
168
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

• Sustentabilidade Econômica: deve ser alcançada através do gerenciamento e da


alocação mais eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos
privados e públicos.

• Sustentabilidade Cultural: para buscar concepções endógenas de


desenvolvimento que respeitem as peculiaridades de cada ecossistema, de cada
cultura, de cada local.

• Sustentabilidade Ecológica: pode ser alcançada através do aumento da


capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis
fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução
da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de
recursos e da reciclagem.

• Sustentabilidade Espacial: contempla uma configuração mais equilibrada da


questão rural-urbana e uma melhor distribuição do território, envolvendo,
entre outras preocupações, a concentração excessiva das áreas metropolitanas.

FIGURA 37 – AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: Tinoco e Kraemer (2004, p. 136)

3.2.2 Indicador de sustentabilidade


Segundo Tinoco e Kraemer (2004), o índice Dow Jones de Sustentabilidade
(DJSI, em inglês Dow Jones Sustainability Group Índex) é a principal ferramenta para
a escolha de ações de empresas com responsabilidade social e ambiental. Esse
indicador foi lançado em 1999 pela Dow Jones e a Sustainable Asset Management
(SAM), e é formado por 312 ações de empresas de 26 países, onde quatro brasileiras
integram a lista; Unibanco, Cemig, Itaú e Unibanco.
169
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Essas empresas que integram a lista têm vários benefícios, como:

• reconhecimento público pela preocupação com a área social e ambiental;


• reconhecimento dos stakeholder importantes, como legisladores, empregados e
clientes;
• benefícios financeiros crescentes pelos investimentos baseados no índice DJSI;
• resultados altamente visíveis, tanto internos e externos à companhia.

Os indicadores de desenvolvimento sustentável, além de serem necessários,


são indispensáveis para a tomada de decisões nos diversos níveis e nas diversas
áreas. Têm surgido várias outras iniciativas e projetos com vista à definição de
indicadores de desenvolvimento sustentável para várias finalidades de gestão,
em termos de desenvolvimento sustentável local, regional e nacional. (TINICO;
KRAEMER, 2004).

3.3 ENERGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A questão energética tem um significado bastante importante na questão


ambiental e na busca do desenvolvimento sustentável. Tem influenciado as
discussões sobre mudanças de paradigmas no desenvolvimento humano, por
vários motivos, entre os quais:

• o suprimento de energia é considerado com condição básica para o


desenvolvimento econômico, juntamente com a infraestrutura (transporte,
águas, saneamento, telecomunicações);
• vários desastres ecológicos e humanos nas últimas décadas têm relação íntima
com o suprimento de energia, oferecendo motivação e argumentos em favor do
desenvolvimento sustentável;
• a universalização do acesso à energia e o atendimento das necessidades básicas
é uma afronta à inteligência humana. Em 2000, havia uma estimativa de que
2 bilhões de pessoas não tinham acesso à energia elétrica. A meta até o ano
2010 era de tentar atender ao menos 1 bilhão de pessoas, restaria 1 bilhão se
a população não crescesse. No Brasil a estimativa apontava, em 2002, em 20
milhões de pessoas sem atendimento. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

Nos últimos anos, a questão energética tomou posição central na agenda


ambiental global, pois a atual matriz energética mundial ainda depende quase
80% de combustíveis fósseis, cuja queima contribui para aumentar rapidamente
a concentração dos gases estufa na atmosfera. A importância da busca de maior
eficiência energética e da mudança para o uso de recursos renováveis tem sido
ressaltada em todas as avaliações sobre desenvolvimento sustentável.

Neste contexto da energia é importante citar alguns dados e resultados


de estudos efetuados em nível global: a oferta mundial de energia em 2001 foi
de 10.029 milhões de tep (tonelada equivalente de petróleo). O consumo entre

170
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

os anos de 1991 e 2001 cresceu numa taxa média de 1,41% ao ano. Verifica-se,
pelos resultados no gráfico 1, que existe uma grande disparidade na quantidade
de energia usada por pessoa (per capita) nas várias partes do mundo, ou seja, nos
padrões de consumo. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

FIGURA 38 – Consumo per capita de energia por regiões – 2002

FONTE: Reis, Fadigas e Carvalho (2005, p. 66)

Esses resultados trouxeram o questionamento de qual padrão de veria


ser adotado como referência em termos mundiais, havendo a clara certeza que
os padrões da América do Norte, se adotados em uma globalização energética,
aceleraria a degradação e a insustentabilidade da organização humana.

3.3.1 Padrão de vida


O padrão de vida de uma sociedade está intimamente ligado à
sustentabilidade, pois é ele, em primeira instância, que define a quantidade de
energia e recursos gastos por habitante, e todas as suas consequências para o
meio ambiente. É difícil, para os países em desenvolvimento, abraçar a causa da
sustentabilidade se isso implicar alguma forma a redução ou manutenção de seu
já inadequado padrão de vida. O mesmo ocorre com certas classes desses mesmos
países e com os países desenvolvidos, cuja população já mostrou não estar disposta,
ao menos no presente, a aceitar a redução de qualquer natureza no seu padrão
de vida em prol da sustentabilidade. Dessa forma, a busca da sustentabilidade
sem queda no padrão de vida do indivíduo, passa pelo desenvolvimento de
novas tecnologias, que devem ocorrer na agricultura, água, reflorestamento,
transporte, reciclagem, redução da poluição, reflorestamento, fontes renováveis

171
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

etc. As perspectivas nesse campo são promissoras, mas devem criar mecanismos
(regulatórios, fiscais,...) e incentivos na busca acelerada e na difusão global destas
novas tecnologias. (REIS; FADIGAS; CARVALHO, 2005).

3.3.2 Soluções energéticas para o desenvolvimento


sustentável
Segundo Reis, Fadigas e Carvalho (2005), de uma forma geral, as soluções
energéticas defendidas atualmente e voltadas ao desenvolvimento sustentável,
seguem uma determinada linha de referência básica:

• almeja-se a diminuição do uso de combustíveis fósseis, como o carvão mineral,


petróleo e gás, e um maior uso de tecnologias e combustíveis renováveis;
• é necessário aumentar a eficiência energética, desde a produção até o consumo.
Grande parte da crescente demanda energética pode vir a ser suprida por meio
dessas medidas, principalmente em países desenvolvidos;
• mudanças em todo o setor produtivo são vistas como necessárias para o
aumento da eficiência no uso de materiais, transporte e combustíveis;
• o desenvolvimento tecnológico do setor energético é essencial no sentido de
desenvolver alternativas ambientalmente corretas. Estão inclusas melhorias na
produção dos equipamentos e materiais para o setor;
• políticas energéticas devem ser redefinidas de forma a favorecer a formação
de mercados para tecnologias ambientalmente benéficas e cobrara os custos
ambientais de alternativas não sustentáveis;
• incentiva-se o uso de combustíveis menos poluentes. Por exemplo, num período
provisório o gás natural tem vantagens sobre o petróleo ou carvão mineral, por
produzir menos emissões.

4 DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO


A proposta do desenvolvimento sustentável refere-se ao desenvolvimento
econômico, diferenciando-o de crescimento econômico. O crescimento econômico
está relacionado ao aumento do Produto Interno Bruto (PIB), enfatizando a
produção e o consumo, enquanto o desenvolvimento econômico exige um
aumento na produção dos setores primários e secundários para a satisfação das
necessidades locais, aliado à distribuição da renda, que, de forma eficaz, levaria
a um aumento do consumo e da produção, consequentemente um crescimento
econômico.

O desenvolvimento econômico refere-se ainda à elevação do nível de


qualidade de vida, que, em condições normais, pode ser atingida pela elevação
do nível de renda da sociedade. Porém, se a elevação da renda não for superior
ao crescimento demográfico, toda a sociedade estará empobrecendo. Desta forma,

172
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

não poderia considerar que há desenvolvimento econômico. (NASCIMENTO;


LEMOS; MELLO, 2008).

O desenvolvimento econômico deve ser feito por meio de estruturas capazes


de proporcionar uma distribuição de renda mais equitativa, além das várias formas
de controle do estado sobre as diferentes formas de uso dos recursos naturais.
Alguns autores defendem a ideia de que com o crescimento econômico não há
redução da pobreza, sobretudo quando se combina uma distribuição desigual
do produto social com o uso predatório dos recursos naturais. (NASCIMENTO;
LEMOS; MELLO, 2008).

5 AGENDA 21
A Agenda 21 é um programa de ação para se implementar o desenvolvimento
sustentável. É um tipo de receituário abrangente para guiar a humanidade em
direção a um desenvolvimento que seja, ao mesmo tempo socialmente justo e
ambientalmente sustentável (BARBIERI, 2003). A Agenda 21 foi aprovada durante
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Segundo suas próprias palavras,
a Agenda 21 “está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo,
ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século” (Capítulo I,
preâmbulo).

UNI

De origem latina, a palavra agenda, em sua tradução literal, seria “coisas que
devem ser realizadas”. Portanto, a expressão Agenda 21 significa “o conjunto de realizações
que devem, obrigatoriamente ser empreendidas pelos Estados, tendo em vista o século XXI”.
(SOARES, 2003).

Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi construída de forma


consensuada, com a contribuição de governos e instituições de 179 países, em
um processo que durou dois anos. Além do documento em si, a Agenda 21 é um
processo de planejamento participativo que resulta na análise da situação atual de
um país, estado, município, região ou setor, e planeja o futuro de forma sustentável.
Esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos problemas e
na formação de parcerias para a sua solução a curto, médio ou longos prazos.
(ARAÚJO, 2005).

173
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

UNI

Pensar globalmente e agir localmente. Esse foi uma espécie de lema difundido
a partir da Rio-92.

É importante ressaltar que a Agenda 21 é uma Agenda de Desenvolvimento


Sustentável, onde o meio ambiente é uma consideração de primeira ordem.
Porém, não é restrita às questões ligadas à preservação e conservação da natureza,
mas sim é uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante (onde
predomina o econômico), dando espaço à sustentabilidade ampliada, ao enunciar
a indissociabilidade dos fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a
degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com a pobreza mundial.
(ARAÚJO, 2005).
FIGURA 39 – POBREZA E MORTE NA ÁFRICA

FONTE: Disponível em: <http://zwelangola.com/principal/newscenter/imagenews/Africa_


pobreza.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010.

A seguir apresentamos um quadro que mostra os 40 capítulos da Agenda


21 e a área-programa de cada um deles (BARBIERI, 2003):

174
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

QUADRO 7 – CAPÍTULOS DA AGENDA 21 E ÁREAS-PROGRAMAS

CAPÍTULO TEMA ÁREA-PROGRAMA


01 Preâmbulo

Promoção do desenvolvimento sustentável


pelo comércio.
apoio recíproco entre comércio e meio
Cooperação. ambiente
02
Internacional. oferta de recursos financeiros aos países em
desenvolvimento.
Estímulo a políticas econômicas favoráveis
ao desenvolvimento sustentável.

A capacitação dos pobres para obtenção de


03 Combate à pobreza.
meios de subsistência sustentáveis.

Exame dos padrões insustentáveis de


produção e consumo.
Mudança dos Desenvolvimento de políticas e estratégias
04
padrões de nacionais para estimular a realização de
consumo. mudanças nos padrões insustentáveis de
produção e consumo.

Aumento e difusão do conhecimento sobre


os vínculos entre fatores demográficos e
desenvolvimento.
Formulação de políticas nacionais
Dinâmica
05 integradas sobre desenvolvimento e meio
demográfica.
ambiente, considerando tendências e fatores
demográficos.
Implementação de programas integrados do
plano local.

Satisfação das necessidades de atendimento


primário.
controle de moléstias contagiosas.
Proteção e promoção
06 Proteção de grupos vulneráveis.
da saúde humana.
desafio da saúde urbana.
Redução de riscos à saúde decorrentes da
poluição.

175
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Oferecer a todos habitação adequada.


Aperfeiçoar o gerenciamento dos
assentamentos humanos.
Planejamento e manejo sustentável do uso
da terra.
Promoção do
Promover a infraestrutura ambiental
desenvolvimento
integrada: água, saneamento, drenagem e
07 sustentável dos
manejo de resíduos sólidos.
assentamentos
Promoção de sistemas sustentáveis de
humanos.
energia e transporte nos assentamentos.
Gestão dos assentamentos em áreas de risco.
Promover atividades sustentáveis na
indústria da construção.
Desenvolvimento de Recursos Humanos.

Integração entre meio ambiente e


desenvolvimento nos planos políticos de
planejamento e manejo.
Criação de estrutura jurídica e
Integração ambiente-
08 regulamentadora eficaz.
desenvolvimento.
Uso eficaz de instrumentos econômicos e de
mercado.
Desenvolvimento de sistemas integrados de
contabilidade econômica e ambiental.

Aperfeiçoamento da base política.


Promoção do desenvolvimento sustentável.
Proteção da
09 Prevenção da destruição da camada de
atmosfera.
ozônio.
Poluição atmosférica transfronteiriça.

Gerenciamento dos Abordagem integrada do planejamento e do


10
recursos terrestres. gerenciamento dos recursos terrestres.

Manutenção dos múltiplos papéis e funções


das florestas.
Aumento da proteção, manejo sustentável e
conservação.
Combate ao
11 Métodos eficazes de aproveitamento e
desflorestamento.
avaliação
capacidade de planejar, avaliar e
acompanhar projetos, programas e
atividades florestais.

176
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Fortalecimento da base de conhecimento.


Combate à degradação do solo.
Desenvolvimento de programas para
erradicação da pobreza em áreas propensas
à desertificação.
Ecossistemas
Desenvolvimento de planos
12 frágeis: luta contra a
antidesertificação.
desertificação e seca.
Desenvolvimento de planos de preparação
para a seca e esquemas de mitigação.
Estímulo e promoção da participação
popular no controle da desertificação e
combate à seca.

Fortalecimento da base de conhecimento.


Ecossistemas frágeis: Desenvolvimento integrado de bacias
13
montanhas. hidrográficas e de meios alternativos de
subsistência.

Revisão, planejamento e programação de


políticas agrícolas.
Obtenção da participação popular e
desenvolvimento de Recursos humanos para
a agricultura sustentável.
Melhoria da produção agrícola.
Utilização de recursos terrestres.
Conservação e reabilitação da terra.
Conservação e uso de recursos genéticos
Desenvolvimento
14 vegetais.
rural e agrícola
Conservação e uso de recursos genéticos
sustentáveis.
animais.
Manejo e controle integrado de pragas.
Nutrição sustentável das plantas.
Diversificação da energia rural.
Avaliação dos efeitos da radiação
ultravioleta sobre plantas e animais
decorrentes da redução da camada de
ozônio.

Conservação da
15
biodiversidade.
Aumento da disponibilidade de alimentos.
Melhoria da saúde humana.
Aumento da proteção ao meio ambiente.
Manejo saudável da
16 Aumento da segurança e mecanismos de
biotecnologia.
cooperação.
Capacitação para o desenvolvimento e
aplicação da biotecnologia.

177
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Gerenciamento integrado das zonas


costeiras.
Proteção ao meio ambiente marinho.
Uso sustentável dos recursos marinhos de
alto-mar.
Oceanos, mares e Uso sustentável dos recursos sob jurisdição
17
zonas costeiras. nacional.
Análise das incertezas e a mudança do
clima.
Fortalecimento da cooperação internacional.
Desenvolvimento sustentável das pequenas
ilhas.

Manejo integrado de recursos hídricos.


Avaliação dos recursos hídricos.
Proteção dos recursos hídricos, qualidade da
água e dos Ecossistemas aquáticos.
Proteção da
Abastecimento de água potável e
qualidade dos
saneamento.
18 recursos hídricos
Água e desenvolvimento urbano
(água doce) e do seu
sustentável.
abastecimento.
Água e padrão sustentável de alimentos e
desenvolvimento rural sustentável.
Impactos da mudança do clima sobre os
recursos hídricos.

Expansão e aceleração da avaliação


internacional.
Harmonização da classificação e rotulagem.
Intercâmbio de informações sobre produtos
Manejo ecológico
e riscos.
19 das substâncias
Implantação de programas de redução dos
tóxicas.
riscos.
Fortalecimento das capacitações nacionais.
Prevenção ao tráfico internacional ilegal de
produtos. Tóxicos e perigosos.

Promoção da prevenção e redução ao


mínimo dos resíduos perigosos.
Promoção e fortalecimento da capacidade
Manejo institucional para o manejo de resíduos
ambientalmente perigosos.
20
saudável dos Promoção e fortalecimento da cooperação
resíduos perigosos. internacional para o movimento
transfronteiriço de resíduos perigosos.
Prevenção do tráfico internacional ilícito
desses resíduos.

178
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Manejo
ambientalmente Redução dos resíduos ao mínimo.
saudável dos Maximizar a reciclagem e a reutilização.
21 resíduos sólidos Disposição e tratamento de resíduos.
e questões Ampliação dos serviços relacionados com os
relacionadas com resíduos.
esgotos.
A- promoção do manejo seguro e
Manejo seguro dos
22 ambientalmente saudável dos resíduos
resíduos radioativos.
radioativos.
Preâmbulo da Seção
23
II.
Ação mundial pela
24
mulher.
Promoção do papel da juventude.
25 Infância e juventude.
A criança no desenvolvimento sustentável.
Populações
26
indígenas.
Organizações Não
27
Governamentais.
Autoridades locais
28 em apoio a Agenda
21.
Trabalhadores e
29
sindicatos.
Fortalecimento do
Promoção de uma produção mais limpa.
30 papel do comércio e
Promoção da responsabilidade empresarial.
da indústria.

Melhoria da comunicação e cooperação


Comunidade entre a comunidade científica e tecnológica,
31 científica e o público e os tomadores de decisão.
tecnológica. Promoção de códigos de conduta e diretrizes
relacionadas com a ciência e tecnologia.

Fortalecimento
32 do papel dos
agricultores.

Recursos e
33 mecanismos de
financiamento.

179
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Transferência
de tecnologia
34
ambientalmente
saudável.

Fortalecimento da base científica para o


manejo sustentável.
Ciência para o Aumento do conhecimento científico.
35 desenvolvimento Melhoria da avaliação científica a longo
sustentável. prazo
desenvolvimento de capacidades e
habilidades científicas.

Ensino, Reorientação do ensino para o


conscientização desenvolvimento sustentável.
36
pública e Aumento da consciência pública.
treinamento. Promoção de treinamento.
Fortalecimento
institucional
37
nos países em
desenvolvimento.

Arranjos
38 institucionais
internacionais.

Instrumentos
e mecanismos
39
jurídicos
internacionais.
Redução das diferenças em matéria de
Informações para a
40 dados.
tomada de decisões.
Melhoria da disponibilidade de informação.
FONTE: Barbieri (2003, p. 156-159)

5.1 AGENDA 21 BRASILEIRA


A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento
participativo para o desenvolvimento sustentável. Tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e
o crescimento econômico. O documento é resultado de uma grande consulta à
população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 Global,
tratando-se de um instrumento fundamental para a construção de uma democracia
ativa e da cidadania participativa no Brasil. (ARAÚJO, 2005).

180
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A primeira fase, de construção da Agenda 21 Brasileira, deu-se de 1996 a


2002. Foi coordenado pela Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável
e da Agenda 21 Nacional (CPDS). Envolveu aproximadamente 40.000 pessoas de
todas as partes do país e foi concluída no ano de 2002.

A partir de 2003, coincidindo com a posse do Governo Luiz Inácio Lula da


Silva, a Agenda 21 Brasileira entrou na fase de implementação assistida pela CPDS,
e também foi elevada à condição de Programa do Plano Plurianual (PPA 2004-
2007) pelo governo. Como um programa, a Agenda adquire mais força política e
institucional, passando a ser um instrumento fundamental para a construção de
um Brasil Sustentável. A Agenda 21, que tem provado ser um eficiente guia para
os processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de
sua aplicação, é um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas
no Brasil. (ARAÚJO, 2005).

LEITURA COMPLEMENTAR
SUSTENTABILIDADE DO LUCRO

Fernando Almeida

Os dilemas contidos na relação do lucro no contexto da sustentabilidade


nos levam de imediato a uma pergunta: é possível implementar, mesmo que
lentamente, o desenvolvimento sustentável com a visão e realização dos atuais
níveis de lucro nos modelos vigentes? Acredito que não. E explico por que.

Para se adaptarem ao modelo de desenvolvimento preconizado há 20


anos pela Comissão Brudtland, a visão e realização de lucro que considerar,
intrinsecamente, a perenidade dos recursos naturais e seus serviços ambientais,
assim como a estabilidade política e democrática. No viés ético da sustentabilidade,
a equação do lucro deve incorporar o “S” de sobrevivência latu senso como nova
variável: L= $ + S.

Naturalmente, a transição do modelo de negócios pressupõe que os padrões


de desenvolvimento, definidos por políticas públicas, também estejam afinados
com as premissas dessa nova lógica da sobrevivência.

Esclarecendo melhor. A atividade da pesca mundial, puramente extrativa,


tem seus dias contados: em 2040, aproximadamente, este essencial serviço
ambiental se esgota em função de uma extração predatória sem precedentes no
topo da cadeia alimentar nos oceanos. Já temos alguns exemplos concretos, como o
desaparecimento, desde a década de 70, do bacalhau na região de Newsfoundland
no Canadá, por insensibilidade e incompetência do modelo de negócio local,
tecnicamente conhecido como sobrepesca.

Não seria necessário ir tão longe. O desaparecimento  da sardinha na costa


do Rio de Janeiro induziu o mesmo fim trágico da indústria de beneficiamento
181
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

de pescado no estado, causando impacto extramente negativo na região de São


Gonçalo, que registra um dos mais baixos IDH do país.

Modelos de negócios vestidos de antolhos, visando unicamente ao


lucro econômico e retroalimentando-se, mutuamente, por políticas públicas
incompetentes, induzem, inexoravelmente, a degradação socioeconômica e
ambiental de áreas urbanas que já tiveram seu apogeu. Há mais ou menos 50 anos,
Benfica, Penha e demais bairros da Zona da Leopoldina carioca, desfrutavam o
status de área industrial do Rio. Hoje, concentram estruturas civis fantasmas e
índices de violência assustadores, ao ponto de ser identificada como “Faixa de
Gaza”.

A filantropia não resolve. Não capacita para a sobrevivência, não pereniza


a atividade econômica nem a cidadania. Políticas públicas neste viés levam à
acomodação. Naturalmente, ninguém pode ser contra o combate a fome com
medidas de curto prazo. Contudo, no médio prazo, é muito mais eficaz investir em
educação para a produção do que criar um mercado de venda de eletrodomésticos
artificial, que, além de dificultar o caráter transformador da sociedade, terá seu
prestígio popular finito.

No setor privado, há muito nos dedicamos à responsabilidade social


corporativa, um engenhoso conceito formulado no final da década de 90 para
se contrapor à filantropia. Contudo, ainda não conseguimos dar uma guinada
significativa nos índices de IDH. Relatórios são produzidos aos milhares, com
transformações, no máximo, locais. Não temos obtido sucesso em inverter as
tendências de degradação, tanto dos indicadores sociais, quanto ambientais.

Diante do cenário construído até o momento, não há dúvidas de que


dificilmente nós, humanidade, atingiremos os Objetivos do Milênio em 2015,
sobretudo nos itens mais complexos, como erradicação da pobreza, mortalidade
infantil, saúde, saneamento etc.

Salvo raras exceções, que confirmam a regra, os bons exemplos não


alcançaram sequer escala regional. É o caso da família Grameen em Bangladesh,
que atua de forma bastante produtiva na dimensão social na área de financiamento
e comunicação. Os modelos aplicados no restante do mundo são distintos de uma
maneira geral.

Quando unimos o fator tempo e  o senso de urgência a uma análise honesta e


sensata tanto dos modelos de negócios hoje praticados como das políticas públicas
implantadas, concluímos que há necessidade premente de uma ruptura planejada.

Estratégico para a sobrevivência da empresa, a implementação desse


planejamento começa pela revisão da noção de lucro, aqui, sim, baseado na ética
da sustentabilidade.

Percentual, valor, formas e função da cada empresa serão avaliados pelo


resultado de replicar regionalmente e globalmente ao que se mostrou viável em
182
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

escala-piloto. Vale quando for auferida a reversão das tendências de degradação


ambiental e miséria em escala, no mínimo regional, transformando-se em referência
replicável.

No âmbito das empresas, a liderança indutora da mudança virá – tenho


esperança – daquelas que melhor se apresentam na Bolsa de Valores de São Paulo.
Não temos tempo a perder.

Fernando Almeida é presidente-executivo do Conselho Empresarial


Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

FONTE: Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/Artigos.asp?ID=322>. Acesso em: 30 abr.


2010.

183
RESUMO DO TÓPICO 1

Caro(a) acadêmico(a)! Neste tópico, você estudou os seguintes assuntos


referentes ao desenvolvimento sustentável:

• A evolução das questões ambientais começou na década de 1940, devido à


queda na qualidade de vida.
• Em 1962, Rachel Carson lançou o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa),
considerado um marco na compreensão das relações entre meio ambiente,
economia e bem-estar social.
• Em 1968, foi fundado o Clube de Roma, que publicou o documento The Limits
to Growth (Limites do Crescimento). Utilizando modelos matemáticos, alertou
sobre os riscos do crescimento contínuo baseado na exploração de recursos
naturais não renováveis.
• Em 1971, nasceu o Greenpeace com um programa para acabar com a destruição
ambiental através de protestos civis e interferência pacífica.
• Em 1972, foi realizada em Estocolmo, Suécia, a Conferência sobre Meio Ambiente
Humano.
• Em 1978, na Alemanha, surgiu o 1º selo ecológico, o Anjo Azul (Der Blaue Engel),
destinado a rotular produtos considerados ambientalmente corretos.
• Entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, foi realizada a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como
Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92.
• Em 1996, foi publicada pela ISO (International Organization for Standarization) a
série ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental.
• No ano de 1997, foi aprovado o Protocolo de Kyoto numa Convenção de
Mudança Climática das Nações Unidas.
• Entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, aconteceu a COP-15, a 15ª Conferência
das Partes, organizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas na cidade de Copenhague, Dinamarca.
• Desenvolvimento sustentável é definido como aquele que “atende às necessidade
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
às suas próprias necessidades”.
• Sustentabilidade é a capacidade de uma atividade ou sociedade se manter por
tempo indeterminado, sem colocar em risco o esgotamento, a qualidade e o uso
abusivo de seus recursos naturais.
• A Agenda 21 é um programa de ação para se implementar o desenvolvimento
sustentável. Foi construída de forma consensuada, com a contribuição de
governos e instituições de 179 países, em um processo que durou dois anos.
• A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento
participativo para o desenvolvimento sustentável, compatibilizando a
conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico.

184
AUTOATIVIDADE

Prezado(a) acadêmico(a)! Para fixar o conteúdo estudado, responda às


perguntas abaixo:

1 O Protocolo de Kyoto implanta medidas de redução de gases, incentiva e


estabelece medidas com intuito de substituir produtos oriundos de fontes
não renováveis por fontes renováveis. Quais as consequências do não
cumprimento das metas do Protocolo de Kyoto, para o meio ambiente?o?

2 Por que a questão energética é tão importante para o desenvolvimento


sustentável?

3 Dentre os mecanismos de desenvolvimento sustentável, temos a Agenda


21, com os seus 40 capítulos permeando em várias áreas da sociedade. O
que preconiza a Agenda 21:

4 Quais são as cinco dimensões da sustentabilidade? Comente uma delas.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

185
186
UNIDADE 3
TÓPICO 2

MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

1 INTRODUÇÃO

Os imensos volumes de CO2 que estão se acumulando na atmosfera da


terra em muito decorrem da destruição das florestas e dos diversos ecossistemas,
que funcionam como “sumidouros ou “reservatórios” naturais de absorção do
dióxido de carbono. Porém, o maior responsável pela intensificação do efeito estufa
é o modelo de produção e consumo de energia adotada no processo produtivo.
Esse modelo em geral é baseado no consumo de combustíveis fósseis, como
carvão mineral e petróleo. As evidências científicas a respeito da intensificação
do efeito estufa e as mudanças climáticas que estão em curso fizeram com que a
sociedade internacional buscasse mecanismos para reduzir as ameaças ao meio
ambiente. Um dos mecanismos adotado pelos países que participam do Protocolo
de Kyoto, chamado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), incorpora
nos processos produtivos inovações tecnológicas que permitam a redução das
emissões dos gases do efeito estufa.

2 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO


Em junho de 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como “Cúpula
da Terra”, 175 países mais a União Europeia assinaram a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, denominada então de Convenção. Esta
Convenção estabeleceu como princípio a necessidade de compartilhamento do
ônus na luta contra as alterações climáticas. Os países relacionados no Anexo I da
Convenção assumiram compromissos exclusivos em função de responsabilidades
históricas. (ARAÚJO, 2007).

Em 1997, com a crescente pressão pública em relação ao meio ambiente,


vários governos aceitaram adotar o Protocolo de Kyoto. Um protocolo é um acordo
internacional independente, porém ligado a um tratado anterior. Isso significa que
o Protocolo compartilha as preocupações e princípios dispostos na Convenção do
Clima. Este Protocolo tem como missão alcançar a estabilização da concentração de
gases na atmosfera, reduzindo sua interferência no clima. Estabelece metas e prazos
para controlar os gases dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso
(N20), hexafluoreto de enxofre (SF6), e duas famílias de gases: hidrofluorcarbonos
(HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs). (ARAÚJO, 2007).

187
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

UNI

O Brasil não tem compromissos de redução ou limitação de emissões de gases


de efeito estufa, pois é considerado país em desenvolvimento.

Para atingir as metas de redução das emissões, o Protocolo de Kyoto


determina que os países implantem programas de redução da poluição dentro
de seus territórios e oferece mecanismos de flexibilização para cortar custos
das iniciativas de redução de emissões dos gases do efeito estufa (GEE). Os três
mecanismos são conhecidos como:

• implementação conjunta (IC);


• comércio de emissões (CE);
• o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism) ou
MDL.

2.1 IMPLEMENTAÇÃO CONJUNTA


O artigo 6 do Protocolo de Kyoto institui que uma empresa de um país
desenvolvido, ou os próprios países do anexo I, pode financiar projetos específicos
para a redução de emissões em outros países desenvolvidos, recebendo créditos, as
chamadas Unidades de Redução de Emissões (ERU). De acordo com o Protocolo,
os projetos de Implementação Conjunta só poderão gerar ERUs a partir de 2008, e
tem vigência até 2012. O objetivo desse mecanismo é facilitar e tornar mais barato
para que cada país possa atingir a sua meta de redução de emissões dos GEE. Esse
mecanismo não se aplica ao Brasil. (ARAUJO, 2007).

2.2 MDL
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é praticamente fruto da proposta
brasileira para o estabelecimento de um fundo que, com algumas alterações, foi
adotada em Kyoto. A proposta foi de estabelecer uma penalidade aos países do
Anexo I, conforme a contribuição de cada país para o aumento da temperatura
global acima dos limites autorizados, criando assim um Fundo de Desenvolvimento
Limpo. Este fundo evoluiu para o chamado Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo. (ARAÚJO, 2007).

O MDL funciona como um mecanismo de cooperação internacional,


estimulando o apoio dos países desenvolvidos constantes no Anexo I (os que mais
poluem) a projetos que reduzam as emissões nos países mais pobres. Assim, os
países do Anexo I podem utilizar os certificados de emissões reduzidas (CERs)
188
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

resultantes das atividades dos projetos para cumprir as metas do Protocolo de


Kyoto.

Segundo Araújo (2007), esse mecanismo interessa ao Brasil, pois permite


a certificação de projetos de redução de emissões e a posterior venda desses
certificados aos países desenvolvidos, como forma suplementar ao cumprimento
das metas na redução dos GEE desses países. Para as empresas brasileiras, o MDL
constitui-se em uma grande oportunidade para o desenvolvimento de programas
de redução de emissão (ou absorção) de CO2, principalmente em relação a energias
renováveis e a projetos de aumento de eficiência energética como o reflorestamento
e florestas plantadas.

2.3 CRÉDITOS DE CARBONO


O comércio de créditos de carbono é baseado em projetos que sequestrem
ou reduzam o volume de CO2 na atmosfera. Assim, países desenvolvidos
compram créditos de carbono, em toneladas de CO2 equivalente, dos países em
desenvolvimento como Brasil e China.

Dentre os vários segmentos de mercado que podem beneficiar-se do


comércio desses créditos, destacam-se:

• projetos de recuperação de gás de aterro sanitário;


• energias limpas (biomassa, PCHs, eólica, solar etc.);
• troca de combustíveis (óleo por gás ou biomassa etc.);
• projetos florestais (reflorestamento ou florestamento);
• melhorias/tecnologias industriais;
• eficiência energética e eficiência em transporte.

A quantificação é feita através de cálculos que demonstrem a quantidade


de dióxido de carbono a ser removida, ou a quantidade de gases do efeito estufa
que deixará de ser lançada na atmosfera com a efetivação de um projeto. Cada
crédito de carbono equivale a uma tonelada de carbono equivalente. Essa medida
foi criada com o objetivo de medir o potencial de aquecimento global de cada um
dos seis gases do efeito estufa. (ARAÚJO, 2007).

UNI

O metano possui um potencial de aquecimento global de 20, ou seja, seu


potencial causador do efeito estufa é 20 vezes mais poderoso que o CO2.

189
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

2.4 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE MDL


A seguir transcrevemos um roteiro para a elaboração e aprovação de
projetos industriais de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo:

O processo de certificação de créditos de carbono no âmbito do Mecanismo


de desenvolvimento Limpo, MDL, consiste de algumas etapas. A primeira é
a elaboração do Documento de Concepção do Projeto, DCP, que deve conter a
descrição geral do projeto. É obrigatório que a empresa apresente ali, qual seria a
evolução da emissão de gases de efeito estufa ao longo do tempo, sem a modificação
proposta no projeto, para tornar possível o cálculo da redução.

No projeto, a empresa deve apresentar uma metodologia para o cálculo das


emissões, a ser avaliada pelo painel de Metodologia de MDL (grupo formado por
vários cientistas de diversos países e que dá suporte técnico ao Conselho Executivo
do MDL). Para algumas situações, como para florestamento e reflorestamento, já
existe uma metodologia definida, mas haverá projetos para os quais a empresa
deverá criar metodologia própria.

O passo seguinte é encaminhar o Projeto para a Entidade Operacional


Designada, para análise e validação. Essa entidade deve ser qualificada e reconhecida
pelo Conselho Executivo do MDL e, no Brasil, pela Comissão Interministerial de
Mudanças Globais do Clima.

Uma vez aprovado por uma EOD, o projeto sofrerá a análise da Comissão
Interministerial; de lá, segue para o Conselho executivo do MDL, da ONU. A
empresa precisará fazer, então, o monitoramento, medindo as emissões durante
a execução do projeto. Esse dado também precisa ser submetido a uma entidade
operacional e enviado posteriormente ao Conselho.

Só depois de comprovada a redução das emissões, é que o Conselho


Executivo do MDL emite os créditos de carbono. A partir daí a empresa pode
negociá-lo no mercado, marcando o fim do processo e sua liquidação financeira.
Toda essa fase anterior à emissão do crédito é apenas regulatória, pré-operacional.
No protocolo, a empresa só recebe o crédito que vai negociar no mercado depois
que houver a redução; aí, sim, ela pode vender.

Até que obtenha o registro no Conselho Executivo, a empresa dispõe apenas


de um carimbo comprovando que o projeto atende aos requisitos do MDL. Porém,
a partir daí é possível conquistar o interesse dos investidores pela sua proposta,
podendo negociar a compra antes de os créditos terem sido efetivamente obtidos,
numa operação chamada de mercado a termo.

Com o carimbo de aprovado no projeto, a empresa pode conquistar


investidores, podendo negociar a compra antes de os créditos terem sido
efetivamente obtidos.

FONTE: Araújo (2007, p. 39-40)

190
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

3 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L)


O modo de produção atualmente usado na maioria das empresas brasileiras
apresenta duas características comuns a praticamente todos os setores produtivos:
o desperdício de matéria-prima e o desperdício de energia. Esses desperdícios
ocorrem geralmente devido à geração de rejeitos do processo. Com o objetivo de
eliminar, ou ao menos minimizar esses desperdícios, surgiu durante a Rio-02 o
conceito de Produção mais Limpa (P+L ou PmaisL). (NASCIMENTO; LEMOS;
MELLO, 2008).

As discussões em torno da redução de desperdícios e, consequentemente,


da diminuição na emissão de gases poluentes pelas atividades industriais, levaram
a United Nations Industrial Development Organization (Unido) e a United Nations
Environment Programme (Unep) a desenvolver, em 1994, um programa de incentivo
à criação de centros nacionais ou regionais difusores dessa proposta, os quais
foram denominados de National Cleaner Production Centres (NCPCs). No início,
foram criados nove centros em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos,
pois se estimava que nesses países ocorressem os maiores desperdícios de matéria-
prima e energia. Foram oferecidos consultorias, treinamento e suporte financeiro
para esses centros, os quais deveriam buscar organizações dispostas a implantar
as propostas da Produção mais Limpa. Essas organizações participantes desse
programa não tinham custos, mas assumiriam o compromisso de permitir a
divulgação dos resultados obtidos e da visita in loco para verificar os resultados.
Essas visitas eram denominadas de “demonstrações em planta” e serviam para
convencer outras organizações interessadas de que a P+L seria um bom negócio,
independente do tamanho ou setor em que ela estivesse inserida. (NASCIMENTO;
LEMOS; MELLO, 2008).

UNI

Após 10 anos de operação do Programa de Produção mais Limpa da Unido-


Unep, este já estava em funcionamento em 31 países, tendo o seu orçamento aumentado
para 35 milhões de dólares, dos quais 60% provinham da Áustria e Suíça.

3.1 CONCEITUANDO A P+L


Na maioria dos países, durante o processo de industrialização, as relações
com a preservação ambiental seguiu quatro passos, de forma sucessiva: ignorar,
diluir, controlar e prevenir. Nessa sequência, cada passo pode ser visto como uma
possível solução para os problemas encontrados e não puderam ser solucionados
com a estratégia adotada na etapa anterior.

De acordo com a Unep/Unido, a Produção mais Limpa (P+L) é a aplicação


contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada nos processos

191
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

produtivos, nos produtos e nos serviços para reduzir os riscos relevantes aos seres
humanos e ao ambiente natural, conforme pode ser observado na figura a seguir.

FIGURA 40 – ELEMENTOS ESSENCIAIS DA ESTRATÉGIA DE P+L

FONTE: Nascimento, Lemos e Mello (2008, p. 191)

Praticar a P+L implica realizar ajustes no processo produtivo que permitam


a redução da emissão dos diversos resíduos, podendo ser feitas desde pequenas
reparações no modelo existente até a aquisição de novas tecnologias, simples ou
até as mais complexas. A P+L adota uma abordagem preventiva, em resposta à
responsabilidade financeira adicional trazida pelos custos de controle da poluição e
dos tratamentos de “fim de tubo” (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008). A P+L
pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, reduzindo
os resíduos e emissões em termos de quantidade e periculosidade.

E
IMPORTANT

A tecnologia “fim de tubo” (end-of-pipe) é utilizada para remediar os impactos


ambientais decorrentes dos processos produtivos, visando evitar que a poluição gerada seja
diluída no ambiente natural. Enquanto existirem os resíduos será necessário utilizar essas
tecnologias.

A P+L busca a redução dos impactos negativos do ciclo de vida dos


produtos, desde a extração da matéria-prima até a disposição final. Em relação aos
processos produtivos, busca a economia de matéria-prima e energia, a redução na
quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões e a eliminação do uso de materiais
tóxicos. Seu foco também é voltado para a incorporação das questões ambientais
para dentro da estrutura. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

192
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

A P+L é caracterizada pelos seguintes aspectos:

a) apenas a mudança tecnológica, com a adoção de tecnologias mais limpas,


muitas vezes não é o suficiente para tornar o processo produtivo mais limpo;
b) a geração de conhecimento endógeno e a aplicação do know-how (saber como
fazer) interno ou externo à organização são elementos de extrema importância
para o sucesso do programa;
c) é necessário que ocorram mudanças nas atitudes, em todos os níveis hierárquicos
da organização, em relação ao comprometimento com a implementação do
programa P+L.

A aplicação de know-how significa melhorar a eficiência e a eficácia,


adotando melhores técnicas de gestão e revisando políticas e procedimentos
quando necessário. Significa aplicar ou desenvolver internamente tecnologias
do tipo soft, que estarão embutidas à inteligência (ou capital intelectual) de que a
organização pode dispor quando está realizando as mudanças. (NASCIMENTO;
LEMOS; MELLO, 2008).

E
IMPORTANT

A tecnologia soft é constituída por métodos, procedimentos, técnicas, linguagens,


sistemas, ou seja, entidades intangíveis, enquanto a tecnologia hard é constituída por
ferramentas, instrumentos, implementos, ou seja, os tangíveis.

Em relação às mudanças de atitudes significa que há necessidade de


encontrar uma nova abordagem no relacionamento entre a empresa e o ambiente,
pois ao reavaliar um processo produtivo ou um produto nos termos da P+L pode
ocorrer a obtenção de melhores resultados, sem a necessidade da compra de novos
equipamentos. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

193
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

FIGURA 41 – PRINCÍPIOS HIERÁRQUICOS DA P+L

FONTE: Nascimento, Lemos e Mello (2008, p. 193)

A figura anterior apresenta a ótica e a hierarquia que é trabalhada na P+L.


Como se pode observar, no topo da hierarquia dos objetivos da P+L, no lado
esquerdo, está a prioridade: minimizar os resíduos e emissões (nível 1). Somente
quando não for mais possível evitar a geração dos resíduos é que estes devem ser
reintegrados ao processo produtivo da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade,
a organização deve tomar medidas de reciclagem fora da empresa (nível 3).

Como visto a P+L está relacionada com a prevenção e não geração de rejeitos,
mas isso não significa que as tecnologias de “fim de tubo” não sejam alternativas
que possam ser adotadas. A P+L possibilita à indústria manejar seus problemas de
processos, produtos ou serviços, com uma seleção e planejamento da tecnologia
mais apropriada para a situação individual da organização. (NASCIMENTO;
LEMOS; MELLO, 2008).

194
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

3.2 DIFERENÇAS CONCEITUAIS


A proposta básica do conceito da Produção mais Limpa (P+L) identifica-se
com o que é expressa em outros conceitos, como a produtividade verde, ecologia
industrial, ecoeficiência, produtividade verde, minimização de resíduos, entre
outros. Além desses citados, existem outros conceitos que são confundidos com
a P+L, em função da similaridade dos termos, como é o caso da produção limpa,
tecnologia limpa e tecnologias mais limpas. Outro conceito que tem foco na
cadeia produtiva, mas que faz referência à P+L, é o emissão zero. Por fim, temos
os procedimentos e tecnologias de fim de tubo que são vistos como antônimos
da P+L, pois buscam minimizar os efeitos no final do processo. A diferença mais
relevante entre controle da poluição e P+L é a questão do tempo, pois o controle
da poluição é uma ação reativa, ou seja, após a poluição ter sido gerada, enquanto
a P+L é proativa, pois procura prevenir a geração da poluição. (NASCIMENTO;
LEMOS; MELLO, 2008).

Pode-se perceber que os diversos conceitos surgem focados em determinada


parte dos sistemas (produto, processo, serviço), nos arranjos produtivos, no
interesse público ou privado e com graus de complexidade diferentes, mas que com
o passar do tempo tendem a ampliar o seu foco, tornando-se muito semelhantes.
Todos, de alguma maneira, referem-se à redução ou eliminação dos desperdícios,
ecoeficiência, sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável.

3.3 BENEFÍCIOS DA P+L


Produzir limpo custa mais caro? Não, o que custa caro é justamente
o contrário. A poluição, como exemplo, acaba sempre resultando em perdas
de energia ou na matéria-prima, além dos impactos diretos sobre os custos
de fabricação dos produtos. É mais barato fazer certo desde o começo do que
ter que consertar depois. Dessa forma, investir em P+L é lucrativo, pois na
maioria dos casos o retorno do investimento ocorre em poucos meses. O maior
investimento a ser feito pela empresa é na mudança de comportamento. Isto só
ocorre com a realização de treinamentos, sensibilizando as pessoas de todos os
níveis hierárquicos. Verificando uma planilha de custos de uma empresa que
implementou a P+L, pode-se verificar, com muita frequência, que os custos
relacionados à proteção ambiental tendem a diminuir ao longo do tempo. A partir
do aumento da eficiência dos processos produtivos, como a redução no consumo
de matéria-prima e energia, diminuição na geração de rejeitos do processo e de
resíduos, ocorre a geração de diversos benefícios, como redução nos custos totais e
ganhos em maior eficiência. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

A P+L também pode ser um importante instrumento para a realização


de econegócios, devido aos princípios e valores que começam a fazer parte das
empresas que a implementam.

195
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

E
IMPORTANT

Um econegócio (ou ecobusiness) é todo e qualquer empreendimento que se


preocupa com as variáveis ambiental, social e econômica, e que seja proativo na criação de
mecanismos de proteção dos recursos naturais e culturais, desde a concepção do produto
até a sua disposição final.

3.4 BARREIRAS À IMPLEMENTAÇÃO DA P+L


Diversas empresas só investem em medidas de proteção ambiental quando
são autuadas pelos órgãos ambientais, ou por exigência dos clientes. Nessas
situações, elas estão preocupadas somente em atender a um requisito e devido
a isso buscam apenas as medidas de fim de tubo (filtros, estações de tratamento
de efluentes, destino adequado dos resíduos etc.) para a solução dos problemas
detectados. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

Para investir em P+L, é necessária uma mudança da mentalidade em todos


os níveis da empresa. Não é possível adquirir um pacote de P+L e querer implantá-
la de um dia para outro. Os maiores obstáculos ocorrem em função da resistência
às mudanças, da concepção errônea, da falta de políticas nacionais que deem
suporte às atividades de P+L, das barreiras econômicas e técnicas. No quadro a
seguir, apresentamos um resumo das barreiras à implementação da P+L.

QUADRO 8 – CATEGORIAS DE BARREIRAS À IMPLEMENTAÇÃO DA P+L NAS INDÚSTRIAS DE


PEQUENO PORTE

TIPOS DE INTERNAS À EXTERNAS À


BARREIRAS ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
Alto turnover dos empregados.
Falta de participação dos
trabalhadores.
Organizacionais Falta poder de tomada de Falta de pessoal qualificado.
decisão.
Ênfase na produção.
Falta de reconhecimento.

Insuficiente pressão de políticas


Falta de documentação confiável
ambientais.
da produção.
Sistêmicas Informação ambiental não
Falta de um sistema contábil.
disponível (substitutos mais
Falta de planejamento.
seguros, tecnologias limpas etc.).

196
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Atitude de baixo risco do


empreendedor.
Indiferença à proteção ambiental.
Nenhuma orientação para a
manufatura.
Limitada consciência ambiental
Comportamentais Falta uma cultura de
pública.
housekeeping.
Resistência às mudanças.
Falta de liderança.
Falta de supervisão efetiva.
Medo do fracasso.

Custos ambientais baixos ou


mesmos inexistentes.
Falta de políticas de impostos
Critério de investimento ad hoc
preferenciais para as indústrias
(eventual).
de pequeno porte.
Econômicas Sem disponibilidade de fundos.
Ocorrência de impostos de
Plano de investimento
importação para a tecnologia
inadequado.
mais limpa.
Diferenciação em impostos de
importação.

Informação limitada sobre


Equipamento obsoleto.
tecnologias disponíveis
Falta de infraestrutura adequada
localmente.
Tecnológicas na organização.
Falta de acesso à informação
Falta de pessoal técnico treinado.
técnica orientada para o desenho
Gap tecnológico.
de produto.

Inadequada política de preços


para a água.
Ênfase na abordagem fim de
tubo.
Governamentais
Falta de uma política industrial.
Falta de incentivos para esforços
de redução de resíduos e
emissões.
Falta de apoio institucional.
Limitação de espaço.
Outras barreiras Falta de pressão pública para
Variações sazonais.
controlar a poluição (ONGs).
FONTE: Nascimento, Lemos e Mello (2008, p. 198)

3.5 ETAPAS DA IMPLEMENTAÇÃO DA P+L - ROTINA NO


BRASIL
O Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL/Brasil) foi inaugurado
em julho de 1995 e está localizado em Porto Alegre (RS), no Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI). O CNTL/SENAI-RS tem a função de atuar

197
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

como instrumento facilitador na disseminação e implementação do conceito de P+L


em todos os setores produtivos. O programa desenvolvido no Brasil é adaptado
do programa da Unido/Unep e da experiência da Consultoria Stenum, da cidade
de Graz, na Áustria, que desenvolveu o Projeto Ecológico para Tecnologias
Ambientais Integradas (Ecological Project for Integrated Environmental Technologies).
(NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

No ano de 1999, o SEBRAE Nacional, o CNTL e o Conselho Empresarial


Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) iniciaram o projeto
para a implementação da Rede Brasileira de Produção mais Limpa. O intuito
era promover o desenvolvimento sustentável nas micro e pequenas empresas
brasileiras, difundindo o conceito de ecoeficiência e a metodologia de produção
mais limpa como instrumentos para aumentar a competitividade, a inovação e a
responsabilidade ambiental no setor produtivo brasileiro.

Porém, as especificidades regionais geravam dificuldades na implantação


da metodologia. Dessa forma, o CEBDS e o SEBRAE Nacional promoveram uma
readaptação do programa P+L, inserindo duas questões: o aspecto comportamental
e a gestão organizacional. Percebeu-se que no Brasil, assim como em vários países
em desenvolvimento, poucas empresas possuem conhecimento ou adotam aspectos
de gestão administrativa e operacional. Assim, a versão atual traz os aspectos que
não eram evidenciados. (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

Na metodologia atual da P+L, a avaliação é realizada diretamente sobre um


processo, produto ou etapa, utilizando de forma igual o sentimento do empresário
e da equipe de trabalho, analisando os dados obtidos somente sob a ótica ambiental.
As medições são pontuais e os resultados imediatos. Essa forma de abordagem
desperta no empresário e nos gestores as vantagens da P+L.

O quadro a seguir demonstra como está subdividida a metodologia da P+L


(NASCIMENTO, LEMOS; MELLO, 2008):

QUADRO 9 – ETAPAS E PASSOS DA P+L

ETAPA 1: PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO (8 H)


Passo 1: obter comprometimento e envolvimento da gerência.
Passo 2: definir as equipes do projeto.
Passo 3: evidenciar possíveis barreiras.
ETAPA 2 : DIAGNÓSTICO (8 H)
Passo 4: identificar como a empresa está organizada.
Passo 5: desenvolver os fluxos dos processos.
Passo 6: selecionar as oportunidades de P+L.
ETAPA 3 : REALIZAÇÃO DAS MEDIÇÕES E DEFINIÇÃO DE
INDICADORES (24 H)
Passo 7: realizar uma análise quantitativa de entradas e saídas e criar
indicadores.

198
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Passo 8: efetuar as avaliações de causa.


ETAPA 4 : ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E
AMBIENTAL (16 H)
Passo 9: efetuar a avaliação técnica.
Passo 10: efetuar a avaliação econômica.
Passo 11: efetuar a avaliação ambiental.
ETAPA 5: IMPLEMENTAÇÃO E PLANO DE CONTINUIDADE (4 H)
Passo 12: criar o plano de implementação.
Passo 13: monitorar e acompanhar a implementação.
Passo 14: sustentar atividades de P+L.
FONTE: Nascimento, Lemos e Mello (2008, p. 200)

Como foi visto na metodologia, a P+L pode ser uma importante ferramenta
para o processo de mudanças a serem inseridas nas empresas, um passo iniciado
pelo SENAI e SEBRAE. As constantes revisões são necessárias para diminuir
as dificuldades encontradas na implementação do programa, pois diferenças
culturais, econômicas entre outras exigem adaptação às especificidades regionais.

LEITURA COMPLEMENTAR

PRODUÇÃO MAIS LIMPA E LUCRATIVIDADE

Ecoeficiência exige incorporação das médias, pequenas e microempresas.


As grandes empresas instaladas no Brasil têm dado exemplos muito significativos
dos benefícios da ecoeficiência. Siderúrgicas como CSN e CST reaproveitam
água e transformam calor em energia, reduzindo os gastos com insumo e o
impacto do processo produtivo no meio ambiente. A Petrobras, em programas
de biocombustível, investe pesado na introdução do gás natural como fonte de
energia, mais rentável e menos poluente. Além de contribuir para conservar os
recursos naturais, a conduta dessas empresas traz benefícios econômicos tangíveis
e intangíveis.

Contudo, para que o setor empresarial brasileiro consolide de forma


definitiva a cultura da ecoeficiência, é preciso incorporar as médias, pequenas e
microempresas. Afinal, esse segmento representa 99% dos 5,6 milhões de empresas
do País e é a base da fonte de geração de emprego. Inseri-lo no contexto da
sustentabilidade sempre foi uma preocupação do Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

199
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Fundado em 1997, com a missão de liderar junto aos grandes grupos


empresariais, o processo de mudança para um novo modelo de desenvolvimento,
o CEBDS articulou uma segunda vertente para atender às médias, pequenas
e microempresas. Foi em parte uma resposta a perguntas que ouvimos com
muita insistência de alguns interlocutores em nossas primeiras palestras sobre
os benefícios econômicos, sociais e ambientais oferecidos pelo desenvolvimento
sustentável: "Como as empresas menores, e, portanto, sem a mesma capacidade
financeira, podem investir em ecoeficiência”?

Com apoio do Sebrae e coordenação nacional do CEBDS, foi criada a


Rede Brasileira de Produção Mais Limpa, com objetivo bem definido: difundir o
conceito de ecoeficiência e a metodologia de PmaisL (Produção mais Limpa) para
as empresas de menor porte, baseado no modelo concebido pela ONU.

Na fase experimental do programa, entre 1999 e 2002, os resultados obtidos


pelas empresas-piloto dos cinco primeiros núcleos estaduais (Rio Grande do Sul,
Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina) indicaram que estávamos no
caminho certo. As cerca de 200 empresas participantes obtiveram, em três anos,
uma redução de R$ 18 milhões por ano nos gastos com matérias-primas, água e
energia. Para cada R$ 1,00 investido, houve um retorno de R$ 4,00.

Além dos ganhos econômicos, os benefícios ambientais foram animadores:


redução anual de 6 milhões de toneladas de matérias-primas; economia de 350
mil metros cúbicos de água por ano; economia anual de três milhões de kWh;
redução de consumo anual de 1 milhão de metros cúbicos de gás. Em relação aos
impactos ambientais diretos, os números são da mesma forma positivos: menos
5,5 toneladas anuais de emissões atmosféricas; e menos 167 mil metros cúbicos/
ano de efluentes líquidos industriais, 911 toneladas/ano de resíduos sólidos e
3,5 toneladas/ano de resíduos perigosos. Os processos de reciclagem tornaram
possível o reaproveitamento de 230 toneladas/ano de resíduos diversos.

Estimulados pelos excelentes resultados da primeira experiência, Sebrae e


CEBDS reforçaram a parceria e começaram a implantar, a partir de 2002, núcleos
em outros 13 estados da Federação (Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito
Federal, Espírito Santos, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Rio de Janeiro e Sergipe). Portanto, hoje temos no país núcleos em 18 estados,
faltando muito pouco para atingirmos todas as 23 unidades da Federação. Nesta
segunda fase foi necessário um investimento de R$ 2,4 milhões, proporcionando
uma redução anual de R$ 5,6 milhões com gastos em matérias-primas, água e
energia.

O desafio de implantar a cultura da ecoeficiência nas empresas de menor


porte pode ser aferido pela última pesquisa contida no Relatório da Competitividade
da Indústria Brasileira: 57,5% das microempresas não adotam qualquer prática de
gestão ambiental, enquanto, entre as grandes empresas, esse percentual cai para
5%.

200
TÓPICO 2 | MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Para superar as dificuldades do nosso país nessa área – extensão territorial


e pouca disponibilidade de recursos para investimentos – torna-se urgente
aprofundar as parcerias entre empresas e governos. Um dos instrumentos capazes
de impulsionar esse processo é o Grupo Interinstitucional de Produção Mais
Limpa, criado pelo governo federal como reflexo de um compromisso político do
Ministério do Meio Ambiente.

Ecoeficiência na estratégia e produção mais limpa na prática significam


hoje maior competitividade, melhor gestão ambiental, melhor relacionamento com
grupos de interesse, mídia e agências de controle ambiental. Significam também
incremento tanto na autoestima dos funcionários quanto na reputação da empresa
com a sociedade.
FONTE: Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/artigos.asp?area=2>. Acesso em: 20 maio 2010.

201
RESUMO DO TÓPICO 2

Caro (a) acadêmico (a)! Neste tópico, você estudou os seguintes assuntos:

• O Protocolo de Kyoto tem como missão alcançar a estabilização da concentração


de gases na atmosfera, reduzindo sua interferência no clima.
• O MDL funciona como um mecanismo de cooperação internacional, estimulando
o apoio dos países desenvolvidos (os que mais poluem) a projetos que reduzam
as emissões nos países mais pobres.
• O comércio de créditos de carbono é baseado em projetos que sequestrem ou
reduzam o volume de CO2 na atmosfera.
• A Produção mais Limpa (P+L) é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental
preventiva e integrada nos processos produtivos, nos produtos e nos serviços
para reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao ambiente natural.
• Praticar a P+L implica realizar ajustes no processo produtivo que permitam a
redução da emissão dos diversos resíduos.
• A P+L busca a redução dos impactos negativos do ciclo de vida dos produtos,
desde a extração da matéria-prima até a disposição final. Em relação aos
processos produtivos, busca a economia de matéria-prima e energia, a redução
na quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões e a eliminação do uso de
materiais tóxicos.
• A partir do aumento da eficiência dos processos produtivos ocorre a geração
de diversos benefícios, como redução nos custos totais e ganhos em maior
eficiência.
• Para investir em P+L, é necessária uma mudança da mentalidade em todos os
níveis da empresa.
• Na metodologia atual da P+L, a avaliação é realizada diretamente sobre
um processo, produto ou etapa, utilizando de forma igual o sentimento do
empresário e da equipe de trabalho, analisando os dados obtidos somente sob a
ótica ambiental.

202
AUTOATIVIDADE

Olá ! Agora, é só você resolver as questões abaixo e estará reforçando sua


aprendizagem. Boa atividade!

1 Qual é a principal diferença da P+L em relação às tecnologias fim de tubo?

2 Quais são as principais barreiras para a implantação da P+L?

3 Quais são os países que mais comercializam créditos de carbono?

4 Quais são as principais fontes de emissão do gás metano (CH4) para a


atmosfera?

5 Por que o Brasil se beneficia do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo?

Assista ao vídeo de
resolução da questão 4

203
204
UNIDADE 3
TÓPICO 3

ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO

Analisando-se dezenas de manuais de economia, percebe-se que o fluxo


monetário é o grande objeto de estudo dessa ciência. É o aspecto considerado
mais importante da vida das nações nas sociedades industriais em todo o mundo.
Apesar dessa forte predominância do fluxo monetário sobre as outras dimensões
econômicas, muitos especialistas mostraram a necessidade de abordagens mais
amplas.

Mahatma Gandhi produziu, na década de 1920, diversas considerações


sobre a impossibilidade de implementar na Índia um processo de desenvolvimento
econômico similar ao da Inglaterra, dadas as limitações do ambiente natural e do
contingente populacional na época. Ainda nesta década, Arthur Pigou introduziu
o reconhecimento das externalidades ambientais do processo produtivo e a
necessidade da internalização econômica desses efeitos. Vladimir Vernadsky em
dois momentos (1924 e 1926) ressaltou os limites no uso econômico dos recursos
naturais. Alfred Lotka (1945) analisou os fluxos de energia nos seres vivos, a
capacidade exossomática dos seres humanos e suas consequências econômicas e
ecológicas. John Hicks (1946) trouxe uma contribuição efetiva através da definição
de um conceito sustentável de renda. Schumacher (1973) questionou o modelo
de desenvolvimento econômico, indicando a necessidade de se adotar caminhos
alternativos. (MERICO, 2002).

Merico (2002) cita que a dimensão econômica foi sempre colocada em


primeiro plano, não surpreendendo que o mundo atual tenha como principal
característica a destruição dos valores ecológicos, éticos e sociais. Uma economia
ecológica deve dar ênfase no uso sustentável das funções ambientais e na capacidade
dos diversos ecossistemas de suportar a carga imposta pelo funcionamento da
economia, considerando custos e benefícios da expansão das atividades humanas.

Com relação à economia ecológica, Merico (2002) cita:

A relação entre a escala da economia e a capacidade de suporte da biosfera,


o problema do aumento antrópico gerado pelo processo econômico, a introdução
do capital natural na análise econômica, a reestruturação dos macroindicadores,
com a introdução da contabilidade de recursos naturais, a valoração dos
elementos do meio ambiente e de funções ambientais, metodologias de avaliação
e internalização de custos ambientais, análise dos fluxos energéticos, entre outros,
são temas a serem aprofundados e que constituem um campo de análise científica.

205
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

2 VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL


A questão ambiental tem sido tratada, dentro do pensamento econômico,
no âmbito da microeconomia. Busca-se é internalizar nos preços dos produtos
os custos dos efeitos ambientais externos da produção, fazendo com que o preço
final reflita a degradação do meio ambiente. Porém, na maioria das vezes, recursos
e serviços naturais são tratados como tendo preço zero. Como “bens livres”, o
sistema de mercado pode levá-los ao colapso pela superexploração, apesar de
eles desempenharem funções econômicas que deveriam ter preços positivos.
(MERICO, 2002).

De maneira ideal, custos e benefícios ambientais deveriam ser quantificados


economicamente e integrados à análise do desenvolvimento, para que as políticas
e decisões de investimentos refletissem suas consequências no ambiente natural
e a capacidade de suporte dos ecossistemas. O reconhecimento de que os bens
naturais e de que os serviços econômicos gerados pelo ambiente natural possuem
valor econômico gera a necessidade da mensuração monetária dos ecossistemas,
sua degradação e suas contribuições ao processo de desenvolvimento. (MERICO,
2002).

2.1 VALOR ECONÔMICO


Para uma melhor compreensão do assunto, vamos apresentar os tipos de
valor econômico relacionados ao meio ambiente. É necessário distinguir entre
valor de uso e valor intrínseco. O valor de uso é derivado do uso que é feito do
ambiente, como a extração de recursos minerais ou a observação de pássaros. Já
o valor intrínseco engloba os valores de algum bem, sem nenhuma relação com o
interesse de uso pelos seres humanos, como uma determinada planta ocorrente em
determinado local ou uma espécie de inseto.

E
IMPORTANT

Kopp e Smith (1993 apud MERICO, 2002) ressaltam que o valor econômico total
ultrapassa seu valor de uso, onde a diferença pode assumir diversos termos como “valor de
preservação”, “valor de existência”, “valor de não uso” ou “valor intrínseco”.

Segundo Munasinghe (1993 apud Merico, 2002), as valorações do ambiente


natural e suas degradações estão associadas aos conceitos básicos do valor
econômico. O valor econômico total (VET) de um recurso consistiria em seu valor
de uso (VU) e de seu valor de não uso (VNU). O valor de uso pode ainda ser
subdividido em valor de uso direto (VUD), valor de uso indireto (VUI) e valor de
opção (VO). O valor de existência (VE) seria uma das principais categorias do valor
de não uso. Poderia ser então escrito como:
206
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

VET = VU + VNU ou

VET = (VUD + VUI + VO) + VNU

O valor de uso direto (VUD) é determinado pela contribuição que um


recurso faz para o processo de produção e consumo, como o valor econômico da
madeira, dos peixes, dos minerais. É a parte do capital natural que possui preços
no mercado, sendo facilmente compreendido. O valor de uso indireto (VUI) inclui
os benefícios dos serviços que o ambiente proporciona para suportar os processos
de produção e consumo, como as regulações climáticas, a absorção de resíduos,
o ciclo hidrológico, as funções da biodiversidade, entre outras. O valor de opção
(VO) é a quantia que os consumidores estão dispostos a pagar simplesmente para
evitar o risco de não tê-los no futuro. O valor de não uso (VNU), representado
em sua maioria pelo valor de existência (VE), provém da satisfação provocada
pelo simples reconhecimento de que determinado recurso ou ecossistema existe,
embora não haja intenção nem potencial para utilizá-lo. (MERICO, 2002).

UNI

Podemos citar como exemplos de valor de existência a simpatia por outros seres
vivos, a manutenção da herança natural para as futuras gerações, a solidariedade com os
seres humanos, o respeito aos direitos dos outros seres vivos.

2.2 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL


Em relação ao ambiente natural, não existe uma medida comum de valor
pelo qual se possa classificar, de uma só maneira, objetos e situações avaliadas.
Na economia tradicional, existe uma comensurabilidade entre os preços. Segundo
Merico (2002):

Bens comensuráveis pressupõem uma medida comum de valor


mediante a qual podem comparar-se, servindo para classificar,
de uma só maneira, objetos e situações. Os fatores que geram esta
comensurabilidade são sempre os mesmos: custos de insumos, custos
de mão de obra, impostos, lucros, situações de concorrência, disposição
a pagar, relações internacionais, disponibilidade tecnológica, entre
outros. Estes fatores definem preços de bens e serviços.

Porém, em relação aos bens naturais, esta comensurabilidade não existe,


sendo possível apenas estabelecer processos de comparação e derivar daí valores
monetários. Assim, os métodos de valorização dos recursos naturais são ainda
alvos de polêmica em relação àqueles que seriam os mais indicados para serem
amplamente utilizados.

De modo geral, os métodos de valoração não assumem uma classificação


rígida, podendo utilizar vários enfoques na aplicação de métodos, dependendo
207
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

dos propósitos dos diversos autores. Sem a pretensão de ser uma divisão absoluta,
visto que existem diversas interfaces entre os diversos métodos de valoração
ambiental, eles podem ser divididos em diretos e indiretos. (MERICO, 2002).

2.2.1 Métodos diretos


Os métodos diretos de valoração ambiental podem estar relacionados
de forma direta com os preços de mercado ou à produtividade. São também
baseados nas relações físicas que descrevem causa e efeito. São possíveis de aplicar
quando uma mudança na quantidade de recursos naturais afeta a produção ou a
capacidade produtiva do processo econômico. Os métodos diretos procuram obter
os preços líquidos de mercado, ou a relação do nível de degradação ambiental
com o nível de impacto físico causado a um bem natural ou manufaturado. A
perda de produção agrícola provocada pela chuva ácida seria uma maneira de
quantificar economicamente a qualidade do ar. Porém, alterações nas funções dos
processos ecológicos podem ser extremamente complexas, e sua identificação é
muitas vezes especulativa em relação à sua magnitude e consequências a longo
prazo. (MERICO, 2002).

O método de mudanças na produtividade representa uma maneira


interessante de medir os custos ambientais do processo de desenvolvimento. A
queda na produtividade agrícola, somada a perdas de solos, pode demonstrar
o custo ambiental da degradação do solo. A redução da produtividade humana
(estresse) devido à poluição sonora e atmosférica pode evidenciar os custos dessa
forma de poluição.

Abaixo transcrevemos estudos sobre a valoração ambiental pelo método


direto:

Margrath e Arens (1989) analisaram o custo econômico da erosão do


solo na ilha de Java (Indonésia) tanto na produtividade agrícola quanto nos
impactos causados por sedimentação e assoreamento. Utilizando o sistema
de informações geográficas, eles delimitaram e classificaram áreas de acordo
com a susceptibilidade à erosão, combinando isso com dados diretos das taxas
de erosão. Receitas de propriedades rurais representativas foram utilizadas
para estimar mudanças na produtividade. Os resultados indicaram perdas de
produtividade, gerando progressiva perda da lucratividade das propriedades.
Foi estimado, então, um custo anual relativo à perda de solo de cerca de U$ 315
milhões, correspondente a 4% do valor da produção agrícola. Somando-se este
valor aos custos associados à remoção de sedimentos de sistemas de irrigação,
reservatórios e portos, obteve-se um total de U$ 406,2 milhões.

Serôa da Motta et al. (1992) estimaram custos ambientais associados à


poluição hídrica doméstica no Brasil. Nesse caso, foram contabilizados gastos,
realizados pelo sistema INAMPS com cólera, infecções intestinais, febre tifoide,

208
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

poliomielite, amebíase, esquistossomose e shiguelose. Consideraram, ainda,


perdas de renda por produção sacrificada devido ao tempo de permanência no
hospital. Nos cálculos relativos ao valor presente de renda futura, no caso de
morte prematura, são utilizadas duas taxas de desconto: 5% e 15%. Observou-
se, para 1989, último ano para o qual foram realizados cálculos, perdas
correspondentes a U$ 387,9 milhões, se aplicada taxa de desconto de 5%, ou U$
130 milhões, se aplicada taxa de desconto de 15%.
FONTE: Merico (2002, p. 89-90)

2.2.2 Métodos indiretos


Os métodos indiretos são aplicados quando um impacto ambiental,
determinado elemento do ecossistema, ou mesmo todo o ecossistema, não pode
ser valorado, mesmo que indiretamente, pelo comportamento do mercado.
Como uma das alternativas para a valoração consiste em se construir mercados
hipotéticos, perguntando diretamente a uma amostra de pessoas o quanto elas
estariam dispostas a pagar por um benefício, pela restauração ou preservação do
ambiente natural. Um dos maiores atrativos desse método é que, tecnicamente,
pode ser aplicado em quase todas as circunstâncias, sendo muitas vezes o único
método possível de se aplicar para a valoração ambiental. (MERICO, 2002).

3 O PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
O Princípio do Poluidor Pagador (PPP) pode ser compreendido como uma
ferramenta de alocação de responsabilidades pelos custos ambientais associados
às atividades econômicas. Esse princípio fornece o fundamento dos instrumentos
de política ambiental de que os Estados se utilizam para promover a internalização
dos custos ambientais vinculados à produção e comercialização de bens e serviços.
(SAMPAIO; WOLD; NARDY, 2003).

O elemento que diferencia o Princípio do Poluidor Pagador da


responsabilidade tradicional é que ele busca afastar o ônus dos custos econômicos
da coletividade, dirigindo-o diretamente ao utilizador dos recursos naturais.
Logo, este princípio está fundado na solidariedade social e na prevenção de danos
ambientais mediante a imposição da responsabilidade pelos custos ambientais nos
produtores e consumidores. (ANTUNES, 2008).

Em geral, há três tipos de custos que podem ser alocados por intermédio do
princípio do poluidor pagador, segundo Sampaio, Wold e Nardy, (2003):

• Custos de prevenção: Esses custos associam-se às medidas de prevenção dos


impactos negativos decorrentes do desenvolvimento de determinada atividade
econômica. Um exemplo são os custos envolvidos na construção de aterros
especiais para disposição adequada de resíduos perigosos.
209
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

• Custos de controle: Consistem nos custos associados aos sistemas de controle


e monitoramento ambiental, exigidos para a implantação e operação de
empreendimentos potencialmente poluidores como garantia de que os
equipamentos operem dentro de determinados padrões ambientais.

• Custos de reparação: São aqueles associados às medidas de recuperação


ambiental. Ocorre após o advento de eventos específicos de degradação
ambiental.

Os recursos naturais são cada vez mais escassos e o seu uso na produção
e consumo acarreta a sua redução ou degradação. Se o custo das reduções desses
recursos não for considerado nos preços, o mercado não será capaz de sentir a
escassez. Alguns recursos naturais como água, ar, solo, sempre que forem poluídos
ou prejudicados implicam gastos públicos para a sua recuperação, gastos estes
suportados por toda a sociedade. Economicamente este custo representa um
subsídio ao poluidor. O PPP busca eliminar ou reduzir tais subsídios a valores
insignificantes. Assim, o PPP transformou-se em um dos princípios jurídicos mais
importantes para a proteção ambiental, já encontrando consagrações nas mais
importantes legislações nacional e internacional. (ANTUNES, 2008).

Segundo Sirvinskas (2005), o PPP tem como fundamento o princípio treze


da Declaração do Rio/92, que diz: “Os estados devem desenvolver legislação
nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e
outros danos ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de forma expedita e
determinada para o desenvolvimento de normas de direito ambiental relativas à
responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados,
em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu
controle”. E, no princípio dezesseis, cita: “Tendo em vista que o poluidor deve,
em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais
devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso
de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem
distorcer o comércio e os investimentos internacionais”.

Pode-se ver que o poluidor deverá arcar com o prejuízo causado ao meio
ambiente da forma mais ampla possível. Em nosso sistema impera a responsabilidade
objetiva, ou seja, basta a comprovação do dano ao meio ambiente, a autoria e o
nexo causal, independentemente da existência da culpa. (SIRVINSKAS, 2005).

4 CONTABILIDADE AMBIENTAL
A questão ecológica tem sido bastante discutida, pois muitos se preocupam
com o patrimônio natural da humanidade. Um dos alvos dessas discussões é a
mensuração desse patrimônio, para que se possam valorar os recursos naturais.
Porém, até o momento, ainda não foram encontrados mecanismos eficientes para
dar valores aos recursos naturais em toda a dimensão do planeta.

210
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

As questões sociais, ecológicas e ambientais, cada vez mais presentes


nos meios de comunicação, vêm fazendo com que os contadores e gestores das
organizações passem a considerá-las nos sistemas de gestão e contabilidade,
reconhecendo assim a Contabilidade Ambiental. (TINOCO; KRAEMER, 2004).

Porém, os termos contabilidade ambiental, contabilidade verde ou


contabilidade ecológica ainda são mal conhecidos. Segundo Bergamin Jr. (1999),
podemos entendê-los como:

A contabilidade financeira ambiental tem o objetivo de registrar as


transações das empresas que impactam o meio ambiente e os efeitos
das mesmas que afetam, ou deveriam afetar, a posição econômica e
financeira dos negócios da empresa, devendo assegurar que:
- os custos, os ativos e os passivos ambientais estejam contabilizados
de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade ou, na sua
ausência, com as práticas contábeis geralmente aceitas;
- o desempenho ambiental tenha a ampla transparência de que os
usuários da informação contábil necessitam.

UNI

Um exemplo da falta de conhecimento ou de aplicação da contabilidade


ambiental é citado por Paiva (2001 apud TINOCO; KRAEMER, 2004). O autor realizou uma
pesquisa com empresas brasileiras de papel e celulose e verificou que esse setor da economia
não apresenta política de contabilização, nem pratica a evidenciação contábil ambiental em
sua plenitude. Dessa forma, não pode proporcionar aos usuários da informação detalhes
suficientes que possibilitem inferências dos impactos dos gastos ambientais no desempenho
futuro das empresas.

A contabilidade deve produzir informações verticais e horizontais sobre


os custos de cada um dos produtos e dos processos de produção, por meio do
custeamento das atividades necessárias à sua consecução, no período e durante
seu ciclo de vida. A continuidade da empresa não depende somente do resultado
de um período, mas de todos ao longo de sua existência. Uma análise detalhada
do comportamento passado fornece informações para o planejamento e controle,
a fim de corrigir falhas e introduzir melhorias, desde que estejam baseadas nas
verdadeiras causas que provocaram os custos. (RIBEIRO, 2006).

A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas uma segmentação


da contabilidade tradicional, já bastante conhecida. Conforme citado por Ribeiro
(2006), adaptando os objetivos da contabilidade tradicional podemos definir como
objetivo da contabilidade ambiental: identificar, mensurar e esclarecer eventos
e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção,
preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período,
visando à evidenciação da situação patrimonial de uma entidade.

211
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

4.1 DESPESAS AMBIENTAIS


São consideradas despesas ambientais todos os gastos envolvidos com
o gerenciamento ambiental, consumidos em um período e incorridos na área
administrativa. Essas despesas podem conter gastos relativos a horas de trabalho,
com seus encargos sociais, e insumos absorvidos nos seguintes processos, conforme
Ribeiro, (2006):

• definição e manutenção de programas e políticas ambientais;


• seleção e recrutamento de pessoal para o gerenciamento e operação do controle
ambiental;
• pagamentos das compras realizadas para essa área;
• recepção dos itens ambientais adquiridos;
• estocagem dos insumos utilizados no controle do meio ambiente;
• treinamentos específicos para a sua proteção;
• auditoria ambiental.

Esses gastos devem ser contabilizados como despesas do exercício. Embora


alguns possam ter relações com benefícios futuros, dificilmente estes poderiam ser
mensurados ou associados com clareza.

Ribeiro (2006) apresenta alguns exemplos de despesas ambientais que


ocorrem nas áreas administrativas de uma organização:

a) Departamento de gerenciamento ambiental

• Investimentos ambientais de natureza permanente: móveis e utensílios, que


geram despesas de depreciação de imobilizados.
• Despesas ambientais operacionais: salários, depreciação, material de escritório,
etc.

b) Departamento de Recursos Humanos

• Despesas ambientais operacionais: quantidade de horas trabalhadas e insumos


utilizados no recrutamento, seleção e treinamento dos trabalhadores dessa área.

c) Departamento de Compras

• Quantidade de horas trabalhadas e insumos utilizados na pesquisa, seleção e


aquisição de itens necessários à área ambiental.

d) Departamento Financeiro

• Quantidade de horas trabalhadas e de insumos utilizados no pagamento de


aquisições e serviços relacionados a essa área.

212
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

4.2 CUSTOS AMBIENTAIS


Diversos gastos efetuados na área ambiental resultam em benefícios
econômicos futuros para a sociedade, em virtude de um meio ambiente mais
conservado. Porém, não necessariamente refletirão expectativas de benefícios
futuros para a entidade que incorreu nos gastos, apenas despesas realizadas no
período. Assim, diversos contabilistas entendem que estes custos sociais devem
ser incorporados ao produto, através do custo padrão, orçamentos e previsões.
Entendem que os custos para neutralizar os danos ao meio ambiente são, na
verdade, custos de produção. Pode-se assim afirmar que os custos ambientais
devem compreender todos aqueles relacionados, diretamente ou indiretamente,
com a proteção do meio ambiente. (RIBEIRO, 2006).

E
IMPORTANT

Para a ONU, os custos ambientais compreendem os gastos realizados para


gerenciar os impactos das atividades das empresas neste setor, de forma ambientalmente
responsável, além de outros gastos com o mesmo objetivo.

Custos ambientais incluem, portanto, os gastos realizados para:

• Prevenir, reduzir ou reparar os danos causados ao meio ambiente, resultantes


das atividades operacionais, ou necessários à conservação de recursos renováveis
ou não.
• Eliminar ou evitar refugos; preservar ou melhorar a qualidade do ar; proteger
as águas; reduzir o barulho; remover a contaminação de prédios; pesquisar
o desenvolvimento de produtos, matéria-prima ou processos de produção
ambientalmente corretas.

Algumas empresas podem decidir classificar como relativos ao meio


ambiente apenas gastos, total e exclusivamente, decorrentes de eventos e transações
desse tipo. Outras podem decidir pelo rateio, quando os gastos forem conjuntos.
Como exemplos podemos citar o tratamento de efluentes líquidos, o tratamento
dos resíduos sólidos, a recuperação de áreas contaminadas, a reciclagem, entre
outras.

4.2.1 Perdas ambientais


Perdas ambientais são os gastos que não proporcionam benefícios para
a organização, podendo ser classificadas em normais e anormais. As perdas
ambientais normais são aquelas previsíveis e de montantes definidos como
aceitáveis, já as anormais são os gastos inesperados e de volume relevantes.
Geralmente, as perdas normais são incluídas nos custos do processo operacional,
213
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

e na maioria das vezes, sem segregação. As demais quase sempre são classificadas
como resultado não operacional, com segregação específica. (RIBEIRO, 2006).

Elas podem advir de:

• gastos que não trazem nenhum benefício adicional;


• multas ou penalidades por inadequação das atividades à legislação vigente;
• restauração de áreas contaminadas, podendo ser próprias ou de terceiros;
• complemento da estimativa dos custos de recuperação relacionados a atividades
de períodos anteriores.

4.2.2 Ativos ambientais


Os ativos ambientais são constituídos pelos bens e direitos possuídos
pelas empresas, que tenham capacidade de geração de benefícios econômicos em
períodos futuros e que visem à proteção, preservação e recuperação ambiental.
De maneira a demonstrar seu empenho na preservação ambiental eles devem ser
segregados em linha à parte das demonstrações contábeis. (RIBEIRO, 2006).

4.2.3 Passivos ambientais


Os passivos constituem-se de obrigações presentes, cujos fatos geradores
devem ter ocorrido no passado ou estão acontecendo no presente. A contabilidade
deve informar, de forma segregada, o montante de gastos a serem realizados
para o cumprimento das obrigações futuras relacionadas à área ambiental, ou
seja, evidenciar seus passivos ambientais decorrentes de obrigações presentes e
resultantes de eventos passados.

Assim, o termo Passivo Ambiental refere-se aos benefícios econômicos


ou aos resultados que serão sacrificados em razão da necessidade de proteger,
preservar ou recuperar o meio ambiente, de maneira a permitir a compatibilidade
entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico, ou em decorrência de uma
conduta inadequada em relação a estas questões. (RIBEIRO, 2006).

A seguir, transcrevemos um exemplo da importância do passivo ambiental:

INDÚSTRIA CATAGUAZES DE PAPEL X GRUPO MATARAZZO

A indústria Cataguazes de Papel, de Minas Gerais, pertencia inicialmente


ao Grupo Matarazzo. Com a falência desse grupo, os funcionários assumiram
o controle da empresa por conta de seus direitos trabalhistas. Algum tempo
depois foi repassada para os atuais donos com um deságio de 35%. Estes
adquiriram, juntamente com as instalações da fábrica, um reservatório com

214
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

milhões de litros de resíduos tóxicos, provenientes da transformação da madeira


em celulose, que continha soda cáustica e o composto orgânico lignina ou licor
preto. Tal reservatório se rompeu, em 2003, e contaminou vários riachos e rios
em Minas Gerais e no Rio de Janeiro – milhares de pessoas ficaram sem água
tratada e diversos fazendeiros tiveram suas criações e plantações prejudicadas.
Ao mesmo tempo que o fechamento da fábrica era solicitado, surgia um
problema social: a situação em que ficariam seus 350 funcionários, além de seus
dependentes e do comércio local por eles alimentado. De qualquer modo, a
punição dos atuais proprietários começou com um pedido de prisão.

Atualmente, a Cataguazes se dedica somente à reciclagem de papel para


embalagem e não mais à produção de celulose. Hoje, também, sabe-se que o
deságio que os atuais donos obtiveram no valor da negociação não representada
nada mais que a transferência da responsabilidade pelo tratamento dos resíduos
tóxicos. Ou seja, o valor que deixaram de pagar aos proprietários anteriores
deveria ser aplicado em tecnologias para eliminar a toxicidade dos resíduos
que adquiriram. Portanto, ao Passivo Ambiental, poderiam ser atribuídos, no
mínimo, os 35% de deságio obtidos na negociação da empresa em 1989.
FONTE: Ribeiro (2006, p. 96)

4.2.4 Custeio por atividades


Como instrumento da gestão estratégica de custos, o custeio baseado em
atividades, ou ainda ABC (activity based costing), tem como objetivos tratar os custos
indiretos de fabricação. Os custos diretos devem receber o mesmo tratamento,
com vistas à uniformização dos procedimentos de custeio. Esse sistema acumula
os custos por atividade, considerando que são elas que absorvem os recursos
materiais e financeiros das empresas. Assim, é necessário pesquisar e entender
como os custos são incorridos, quais atividades os justificam e a frequência com
que estas se reproduzem. (RIBEIRO, 2006).

O desempenho dos processos, das funções e atividades deve ser


frequentemente avaliado, com a finalidade de garantir o cumprimento dos objetivos
maiores da empresa. Ribeiro (2006) apresenta cinco elementos importantes dessa
abordagem da contabilidade:

• Função: grupo de processos desempenhados com uma finalidade específica,


como a função de marketing e venda e a de controle ambiental;
• Processo: conjunto de atividades encadeadas com um único objetivo, como a
linha de montagem de um produto ou o conjunto de procedimentos necessários
para tratar determinada quantidade de resíduos poluentes, em um período em
particular;
• Atividades: ações empreendidas e recursos consumidos para se chegar a um
dado objetivo;
• Tarefa: trabalho desenvolvido para a execução das atividades;
• Operação: operacionalização das tarefas, ou seja, a menor fração de trabalho.

215
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Os elementos do custeio por atividades podem ser resumidos com o


exemplo no quadro a seguir:

QUADRO 10 – ELEMENTOS DO CUSTEIO POR ATIVIDADES

ELEMENTOS DO CUSTEIO POR ATIVIDADES


Função Proteção ambiental.
Processo Controle de impactos ambientais.
Atividade Monitorar produção de poluentes.
Tarefa Verificar volume de resíduos produzidos.
Operação Medir.
Volume de resíduos produzidos.
Tipos de resíduos.
Elementos e informação
Local de produção.
Verificação.
FONTE: Brimson (1996, p. 64)

Quando se pensa em gestão estratégica, um dos elementos indispensáveis


é o custo. Assim, aqueles de natureza relevante devem ser objeto de profunda
atenção, estudo e análise, visando a uma melhor performance do negócio e a sua
continuidade.

A mensuração dos custos ambientais tem esbarrado nas limitações dos


instrumentos da contabilidade, e que devido à sua natureza, a grande maioria
desses custos acaba se enquadrando na classificação de Custos Indiretos de
Fabricação, ou o consumo dos recursos ocorre simultaneamente ao processo
produtivo normal, dificultando a sua identificação. Pelo método tradicional de
custeio por absorção, os custos indiretos são rateados aos produtos, normalmente
de acordo com o consumo dos diretos. Logo, com esse mecanismo, qualquer
tentativa de apuração dos custos ambientais acaba se tornando muito distante da
realidade. (RIBEIRO, 2006).

O custeio por atividades é uma forma inovadora de custeio e que surgiu


na mesma época em que a problemática ambiental inseriu-se nas empresas. O
exame e a avaliação dos recursos econômico-financeiros encontram respaldo mais
adequado nesse sistema de custeio. Com ele, a maioria dos gastos dessa natureza
pode ser identificada diretamente em sua fonte de origem e com maior precisão.
Embora ainda não represente a solução definitiva para todos os problemas de
gerenciamento dos recursos consumidos na proteção ambiental, a contabilidade
por atividades mostra-se, assim, um subsídio eficiente para a gestão econômico-
ambiental. (RIBEIRO, 2006).

O custeio por atividades é também a mais adequada para apurar os custos


ambientais porque o objeto de custo são as atividades relevantes, desenvolvidas
com fins específicos. Conforme demonstrado, as atividades de controle, preservação
e recuperação ambiental assumem papel relevante no ambiente interno das

216
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

empresas, tanto no que tange ao cumprimento da responsabilidade social como


na gestão dos recursos econômico-financeiros. Conforme Ribeiro (2006), possuem,
assim, influência fundamental na continuidade da empresa, podendo vir a
provocar a sua exclusão do mercado devido à(às):

• perda de cliente para os concorrentes, que oferecem produtos e processos


ambientalmente seguros;
• perda de investidores potenciais, que estejam preocupados com a questão
ambiental global e com a garantia de retorno de seus investimentos;
• perda de crédito no mercado financeiro, pressionado pelas coobrigações
ambientais;
• penalidades governamentais de natureza decisiva, como a imposição do
encerramento das atividades ou de multa de valores substanciais, com grande
impacto no fluxo de caixa.

Com a utilização do custeio por atividades, os custos ambientais são


definidos após identificar e mensurar os recursos consumidos pelas atividades de
controle, preservação e recuperação ambiental. Ribeiro (2006) cita que desta forma
os gestores da empresa passam a ter informações sobre todos os aspectos inerentes
à proteção ambiental, como:

• os custos de cada uma das atividades necessárias ao processo;


• os custos de todo o processo de trabalho desenvolvido;
• os custos de todas as atividades desenvolvidas pela função, independentemente
dos processos que as exigiram;
• o resultado dos centros de custos responsáveis por atividades de controle;
• os custos incorridos durante todo um ciclo de vida de produtos.

4.3 CICLO DE VIDA


O ciclo de vida de um produto inicia no projeto de sua concepção.
Compreende as etapas necessárias ao estudo e desenvolvimento do projeto básico,
os preparativos para implementar a produção, os processos operacionais durante
o período de sua produção e estocagem e finaliza na última distribuição, a qual
procede sua inoperância. Isso significa que muitos produtos têm seu ciclo de vida
terminado somente após muitos anos de permanência em linha. (RIBEIRO, 2006).

A contabilidade por ciclo de vida, ou seja, a apuração dos custos do


produto por ciclo de vida, fornece uma estrutura para desenvolver e reportar o
custo e desempenho de ativos importantes ao longo de sua vida útil. O ciclo de
vida inicia com a identificação das necessidades do consumidor e estende-se pela
pesquisa, projeto, planejamento, desenvolvimento, produção, avaliação, utilização,
apoio logístico em operação, obsolescência e baixa. Os custos dessas atividades
representam, no total, o custo do ciclo de vida do produto. Os ativos para os quais
normalmente esses gastos são alocados incluem processos, projetos, produtos e
sistema. (RIBEIRO, 2006).
217
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

E
IMPORTANT

Quanto mais curto o ciclo de vida de um produto, maior é a necessidade


de conhecer todos os custos que lhe são inerentes, com objetivo de aumentar a sua
lucratividade, pois, nessas condições, há menos tempo para reagir às mudanças do mercado
e recuperar os gastos realizados durante o desenvolvimento dos produtos e processos.

5 POLÍTICA AMBIENTAL PÚBLICA

Enfrentamos atualmente um grande desafio: compatibilizar os processos


econômicos e sociais com os limites biofísicos dos ecossistemas. Ou seja, precisamos
nos harmonizar com a natureza, já que não podemos mudar as leis gerais do
universo. Observamos a queda progressiva dos estoques de água, de solo e
biodiversidade, bem como de serviços ambientais que a natureza nos proporciona,
como a absorção de resíduos e a regulação climática. Precisamos gerar emprego
e renda, porém mantendo a capacidade produtiva da natureza. (MERICO, 2002).

Precisamos reconhecer que as atuais políticas econômicas não respondem


de forma adequada ao novo momento histórico, em que os limites da biosfera
foram encontrados, e em alguns casos já ultrapassados, provocando a degradação
ambiental. O Poder Público tem um papel de destaque nesse cenário, visto que
lhe incumbe à defesa dos bens e do interesse comum, nas quais estão inseridas as
questões ambientais. Verifica-se que diversos níveis da administração pública têm
negligenciado seu papel, reduzindo orçamentos, deixando de formular políticas
ambientais positivas e desestruturando seus órgãos ambientais. De modo geral,
os municípios não têm assumido seu papel de criar essas políticas, os estados não
têm se mostrado capacitados para executar suas tarefas mais básicas de proteção
ambiental e a União tem-se ausentado progressivamente. Em contrapartida, a
consciência ambiental dos cidadãos vem aumentando, porém o Poder Público não
consegue responder às demandas por melhor qualidade de vida. (MERICO, 2002).

UNI

Poder Público é uma expressão genérica que se refere a todos os entes federados,
pois uma das características do estado Federal, como o nosso, é a distribuição do Poder
Público por todas as entidades autônomas que o compõem, de maneira que cada um o
exerça nos limites das competências que lhes forem outorgadas pela Constituição. (FINK;
ALONSO; DAWALIBI, 2002.; apud MERICO, 2002).

218
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

5.1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AMBIENTAL PÚBLICA


A gestão ambiental pública depende de três elementos básicos para a sua
existência e eficácia: é necessário um arcabouço jurídico/legal em nível federal,
estadual e municipal para permitir o desenvolvimento de ações que conduzam
à sustentabilidade; uma estrutura administrativa capaz de motivar, em todos os
sentidos, a sociedade a adotar padrões de consumo, produção e comportamentos
mais sustentáveis; projetos e programas que constituam políticas ambientais que
interfiram na sociedade e na atividade econômica, criando as condições para a sua
evolução.

Com estes três elementos fundamentais atendidos, podem-se aplicar os


instrumentos da política ambiental pública: instrumentos de comando e controle;
instrumentos voluntários; gastos governamentais; e instrumentos econômicos.

5.1.1 Instrumentos de comando e controle


É a forma tradicional de implementar a política ambiental. Envolve,
basicamente, a aplicação da legislação ambiental (instrumento de comando) e a
fiscalização e monitoramento (instrumento de controle) da qualidade ambiental.
Todos os procedimentos de licenciamento também se aplicam nesta categoria.
(MERICO, 2002).

Segundo Merico (2002):

Através de lei, institui-se a política de meio ambiente, que pode prever


a criação de conselhos e fundos de meio ambiente, a estruturação de
fiscalização; controle e monitoramento da qualidade ambiental; a
aplicação de notificações, multas, embargos, e interdições; a concessão
de licenças, autorizações e fixação de limites para uso e alteração de
recursos naturais; criação, implantação e gestão de unidades de
conservação; criação e implantação de programas e projetos que visem
à melhoria da qualidade ambiental; auditoria e certificação ambiental
municipal; licenciamento ambiental; avaliação de impactos ambientais
e outros.

As atividades de comando e controle podem ser potencializadas através


da ação conjunta com o Ministério Público. O uso dos ajustamentos de conduta e
ações públicas são poderosos mecanismos de aplicação da legislação.

5.1.2 Instrumentos voluntários


São instrumentos voluntários os processos de transformação da sociedade
utilizados pelo Poder Público para que ocorram mudanças comportamentais e de
mercado, fortalecimento da sociedade civil e mudanças produtivas. A educação

219
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

ambiental é um exemplo de instrumento bastante importante. Diversas atividades


de educação ambiental podem ser desenvolvidas em parques ou no ambiente
urbano, com acompanhamento de educadores ambientais. A gestão ambiental do
ambiente escolar, através de seus alunos, professores e funcionários, permitem
a obtenção de vários conceitos ambientais pela comunidade escolar. (MERICO,
2002).

Temos outros mecanismos voluntários interessantes, como a certificação


ambiental, a coleta seletiva de resíduos domiciliares ou de resíduos especiais, e a
Agenda 21 Local.

5.1.3 Gastos governamentais


Os gastos governamentais compreendem as atividades que o governo
define como importantes e prioritárias para direcionar seus esforços e recursos.
Podemos citar como exemplos a criação de unidades de conservação, visando à
proteção da biodiversidade, de nascentes, de mananciais, à proteção paisagística.
Os programas de manejo sustentável de recursos florestais permitem a extração de
palmitos ou outras espécies, através do corte seletivo. Isso permite que a população
rural aumente sua renda, ao mesmo tempo em que aumenta a cobertura florestal.
(MERICO, 2002).

5.1.4 Instrumentos econômicos


A aplicação de mecanismos econômicos na gestão ambiental é muito
promissora e está relacionada à internalização de custos ambientais. Como
exemplos têm os incentivos para as áreas preservadas, ou a adoção do conceito
de poluidor-pagador, com a taxação das atividades com forte impacto ambiental.
Alterações na cobrança de tributos, como a proposta de ICMS Ecológico ou a
reforma tributária ecológica, são poderosas ferramentas econômicas para proteção
do meio ambiente. (MERICO, 2002).

5.2 PLANEJAMENTO URBANO


O planejamento urbano consiste na elaboração de planos e zoneamentos
urbanos, o planejamento de cidades novas e o urbanismo sanitarista, visando a
melhoria ou revitalização de aspectos dentro de uma determinada área urbana,
como o aumento da qualidade de vida da população. No planejamento urbano o
principal instrumento municipal de política pública é o Plano Diretor.

220
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

O Plano Diretor deve ser realizado de forma democrática e participativa,


por meio de debates públicos, consultas à sociedade, audiências e conferências. Ele
mostra como a cidade é e como deveria ser no futuro. No Plano Diretor é definido
como os terrenos devem ser utilizados e se a infraestrutura, como saneamento
básico, transporte público, educação e sistema de vias públicas, pode ou deve ser
alterada, expandida ou melhorada. O Plano Diretor pode também se preocupar
com a aparência e beleza da cidade, sugerindo a instalação de parques, avenidas e
ruas expressas.

UNI

O Plano Diretor deve definir quais áreas podem ser adensadas, qual a altura
máxima dos edifícios, e quais áreas não podem ser urbanizadas, como as áreas de
preservação permanente.

Através das ações do planejamento urbano é possível evitar as ocupações


irregulares de encostas de morros, permitir o adensamento da zona urbana dentro
dos limites seguros, projetar e facilitar o deslocamento da população nas vias
públicas.

NOTA

Além da bibliografia que consta nas Referências, também consultamos os


seguintes sites:

<www.inmetro.gov.br>
<www.abnt.org.br>
<www.planalto.gov.br>
<www.aneel.gov.br>
<www.cresesb.cepel.br>
<www.mme.gov.br>
<www.cempre.org.br>

LEITURA COMPLEMENTAR

FUNÇÃO DO GESTOR AMBIENTAL

O papel de todo gestor é o de coordenar pesquisas que resultem em bens


sociais e culturais em vários setores. Formar gestores é fomentar a pesquisa,
desenvolver ideias e criar discussões essenciais para a descoberta científica. Mas
como toda profissão, o gestor precisa seguir códigos de ética. O gestor ambiental

221
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

tem que levar em conta que sua prática deve seguir respeitando o meio ambiente
e a sociedade. Temas como sustentabilidade e preservação são os principais
motivos que impulsionam a carreira de um gestor em busca de um meio ambiente
respeitado por todos.

O gestor ambiental deve ter em mente várias ideias básicas capazes de


compor sua atividade. Deve ter noção que o homem é uma fonte inesgotável de
possibilidade, que a natureza e o meio ambiente sofrem com as alterações do
homem, e que deve respeitar e agir de acordo com as leis que lhe são concedidas.
Além disso, deve-se ter noção que o mundo hoje é uma aldeia global e que qualquer
atitude, por menor que seja, afetará grandes proporções tanto na área científica
quanto social. Por isso a razão da ética profissional existir.

A ética nos guia no respeito ao próximo e a nós mesmos. Antes de tudo,


devemos estar engajados na proposta que escolhemos, a de defender o meio
ambiente. O futuro, com grandes desafios, propõe vários caminhos a seguir. Porém,
apenas uma atitude é a mais recomendável seja qual for o caminho: a atitude ética.

O gestor ambiental pode melhorar a imagem de pequenas empresas por


exemplo. Hoje, com o aumento da preocupação com o meio ambiente e a escolha
dos clientes por empresas que investem na preservação da natureza, a imagem
de uma empresa melhora bastante diante da sociedade quando se vê o trabalho
de gestores ambientais dentro dela. O gestor ambiental além de ajudar a empresa
com técnicas para não poluir o meio ambiente, acaba minimizando os resíduos
eliminados através do aproveitamento de materiais e outras medidas.

O gestor ambiental é aquele que deve gerar o projeto ambiental de uma


empresa ou de uma Instituição. É de competência do gestor planejar e administrar
programas de gerenciamento ambiental, implantação de certificados, controle de
qualidade etc. O profissional deve estar apto a manejar áreas rurais recorrendo a
serviços especializados como agrônomos, veterinários etc. As principais atividades
de um gestor são: participar na elaboração de relatórios sobre impactos ambientais
(RIMA), documento indispensável da realização de grandes empreendimentos;
controlar mecanismos de tratamento, estocagem etc.; mediar a relação de empresas
com organizações voltadas para a preservação do meio ambiente; orientar a
assessoria de imprensa sobre os problemas a serem resolvidos; tomar medidas para
que o impacto social e ecológico dos acidentes seja reduzido; assessorar empresas
que pretendem obter certificados de excelência ambiental (ISO 14000); fornecer
informações sobre a toxicidade dos produtos às agências públicas de fiscalização
sanitária; participar no processo de compra de materiais incluindo exigências de
qualidade; e conceber programas de conscientização ambiental.

É essencial que o gestor siga os códigos éticos propostos pela sociedade,


pois os assuntos tratados pelo gestor ambiental estão internamente ligados à mídia
e à opinião pública. Trabalhar com questões ambientais, num momento em que
diariamente nos telejornais se encontram novas denúncias de madeireiras ilegais,
intoxicação humana por poluição, derramamento de tóxicos em rios e lagos, o
gestor se torna um profissional visado, sempre questionado por suas atitudes. A
222
TÓPICO 3 | ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE

ética na profissão de gestor é essencial para se construir planos reais de ação, de


preservação, sempre buscando um diálogo entre a sociedade e o Estado.

FONTE: Disponível em: <http://professorfrancisco.webnode.com.br/products/papel-do-gestor-


ambiental/>. Acesso em: 19 jun. 2013.

223
RESUMO DO TÓPICO 3

Nesse tópico, você viu:

• É necessário internalizar nos preços dos produtos os custos dos efeitos ambientais
externos da produção, fazendo com que o preço final reflita a degradação do
meio ambiente.
• Os métodos de valoração ambiental podem ser divididos em diretos e indiretos.
• Os métodos diretos procuram obter os preços líquidos de mercado, ou a relação
do nível de degradação ambiental com o nível de impacto físico causado a um
bem natural ou manufaturado.
• Os métodos indiretos são aplicados quando um impacto ambiental, determinado
elemento do ecossistema, ou mesmo todo o ecossistema, não pode ser valorado
pelo comportamento do mercado.
• O Princípio do Poluidor Pagador pode ser compreendido como uma ferramenta
de alocação de responsabilidades pelos custos ambientais associados às
atividades econômicas.
• São objetivos da contabilidade ambiental: identificar, mensurar e esclarecer
eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a
proteção, preservação e recuperação ambiental.
• Os custos ambientais devem compreender todos aqueles relacionados,
diretamente ou indiretamente, com a proteção do meio ambiente.
• Perdas ambientais são os gastos que não proporcionam benefícios para a
organização, podendo ser classificadas em normais e anormais.
• Ativos ambientais são constituídos pelos bens e direitos possuídos pelas
empresas, que tenham capacidade de geração de benefícios econômicos em
períodos futuros e que visem à proteção, preservação e recuperação ambiental.
• O custeio por atividades é a forma mais adequada para apurar os custos
ambientais porque o objeto de custo são as atividades relevantes, desenvolvidas
com fins específicos.
• O plano diretor é um dos principais instrumentos do planejamento urbano.
Ele define a altura das construções, a necessidade das alterações ou contruções
de novas vias públicas, a forma e condições de ocupação das áreas, e também
avalia as condições de saneamento básico, educação e transporte.

224
AUTOATIVIDADE

Caro(a) acadêmico(a)! Após a leitura deste tópico, responda às questões abaixo


para aumentar sua compreensão sobre os assuntos apresentados.

1 O que é Contabilidade ambiental? Quais são seus objetivos?

2 Defina ativos e passivos ambientais.

3 Por que o custeio por atividades é a forma mais adequada para apurar os
custos ambientais?

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

225
226
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL. Atlas de Energia
Elétrica no Brasil – 2008. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/
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Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

ARAÚJO, G. M. de. Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001/04 – Guia Prático


para Auditorias e Concursos. Rio de Janeiro: Verde, 2005.

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Trevisan Universitária, 2007.

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mudanças da Agenda 21. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

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reciclagem e reutilização de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: PROSAB,
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
Acesso em: 15 maio 2010.

_______. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e


V do § 1° do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança
e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos
geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional
de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança –
PNB, revoga a Lei n° 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no
2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei n° 10.814,
de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/lei/ L11105.htm>. Acesso em:
15 maio 2010.

227
_______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos
I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm>. Acesso em: 15 maio 2010.

_______. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência


Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.dnocs.gov.br/php/util/downloads_file.php?&dir=&file=/ home/util/
livres/dnocs/legislacao/lei_9984_17_de_julho_de_2000_criacao_da_ana.pdf&>.
Acesso em: 17 maio 2010.

_______. Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais


e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L9605.htm>. Acesso em: 15 maio 2010.

_______. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e da outras
providencias. Disponível em: <http://www.senado.gov.br>. Acesso em: 15 maio
2010.

_______. Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto de 2001. Regulamenta


o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os arts. 1o, 8o, alínea
“j”, 10, alínea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade
Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso
ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à
tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
mpv/2186-16.htm>. Acesso em: 15 maio 2010.

_______. Resolução CONAMA n° 001, de 23 de janeiro de 1986. O CONSELHO


NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe
confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo
exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo
decreto, e Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições,
as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.
br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 15 maio 2010.

228
_______. Resolução CONAMA n° 237, de 19 de dezembro de 1997. O
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das
atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990,
e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 17 maio
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ANOTAÇÕES

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Potrebbero piacerti anche