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Visando destruir alguns mitos básicos acerca do socialismo, de forma mais ou menos
rápida e sucinta, vamos quebrar aqui alguns mitos:
Tanto é que os países socialistas tiveram um avanço tecnológico enorme, mais do que
muitos capitalistas. Isso acontecia pq todo mundo tinha como estudar, e contribuir,
assim como não haviam empecilhos: propriedade intelectual não existia, por exemplo.
Muito do que temos hoje vem de outras sociedades com outros modos de produção, e
nós usamos mesmo assim. Isso não significa nada. É a mesma lógica de eu dizer que
não posso criticar o feudalismo pq uso óculos, e o feudalismo criou ele. É a mesma
lógica de eu dizer que, na época escravista, eu não poderia criticar o escravismo, pq eu
como a comida dada pelo sistema, e uso roupas feitas por ele também. Marx analisava
essa constante evolução material dos modos de produção e na seara tecnológica através
do ‘materialismo histórico’.
E por fim, se quem acusa for liberal, ele entra em contradição. A tal da tecnologia criada
no Capitalismo, foi em grande parte, desenvolvida pelo Estado ou por corporativismo,
não da iniciativa privada ou livre-concorrência. O IPhone usa muita tecnologia que até
então era exclusiva do exército, por exemplo, tal como a própria iniciativa privada, por
vezes, vai tentar estagnar o processo tecnológico ou os avanços para manter o lucro. Eu
tenho certeza que se quisessem de verdade, já teriam achado a cura pra muita coisa, mas
simplesmente não querem agora. É mais favorável que existam pessoas doentes para
comprar remédios, que por sua vez, irão intoxicar mais as pessoas. A recente compra da
Monsanto pela Bayer, é um grande exemplo disso.
A critica de Marx não é pautada numa moralidade ou ética, para designar uma forma de
comportamento como se o comunista tivesse que viver como um São Francisco de Assis
ou um eremita da floresta; mesmo pelo motivo de que não é tarefa do socialista ter que
se ‘adequar’ a vivência do capitalismo, como se fosse uma questão primordial de ética
ou um dogma religioso. O papel é construir consciência de classe.
Stalin, numa entrevista em 1932, diz o seguinte quando confrontado com a questão do
“igualitarismo” salarial:
Apenas no mais alto estágio do comunismo, apenas em sua fase mais desenvolvida, é
que cada um, trabalhando de acordo com a sua habilidade, será recompensado por seu
trabalho de acordo com suas necessidades. “De cada um de acordo com sua habilidade,
para cada um de acordo com suas necessidades.””
Temos então que a ideia de igualdade salarial no socialismo não faz o menor sentido, é
uma falácia
No Estado-burguês, os mais ricos detém o monopólio desses meios, e os que não tem
condições, devem vender sua mão de obra para esses detentores privados. A função do
Estado-burguês, como mostrava Engels, é garantir (coercitivamente) a propriedade
privada desses meios de produção, que são o pilar da sociedade capitalista; o Estado-
burguês, como revelará Marx, é somente a secretaria dos interesses diversos dessa
burguesia corporativista. A coletivização dos meios de produção é impossível senão
pela derrubada violenta do status quo e do Estado, por meio de uma revolução
socialista.
Há uma distinção, para o marxismo, entre objetos pessoais e para a propriedade privada;
é importante não confundi-los. Propriedade implica em ter um título. Quando marxistas
falam em propriedade coletiva de terras ou meios de produção, estamos no campo das
propriedades; quando falam em coisas como cueca, roupas, escova de dentes e etc
estamos no campo dos objetos pessoais. O ideal marxista visa coletivizar o primeiro.
Em outras palavras, o comunismo não está interessado em tomar e coletivizar sua casa e
seu celular, ok?
Para completar, vamos ver o próprio Marx dissertando sobre isso no Manifesto:
“Mas vocês, comunistas, querem introduzir a comunidade das mulheres, grita em coro,
aos nossos ouvidos, a burguesia inteira! O burguês enxerga em sua mulher um mero
instrumento de produção. Ele ouve dizer que os instrumentos de produção devem ser
explorados comunitariamente, e é natural que não consiga pensar outra coisa senão que
o destino do sistema de comunidade irá atingir igualmente as mulheres. Ele não imagina
que se trata precisamente de suprimir a posição das mulheres enquanto meros
instrumentos de produção.
De resto, nada mais ridículo do que o espanto altamente moralista dos nossos burgueses
diante da comunidade oficial de mulheres pretensamente proposta pelos comunistas. Os
comunistas não precisam introduzir a comunidade de mulheres, ela existiu quase
sempre.
Os nossos burgueses, não satisfeitos em ter à sua disposição as mulheres e as filhas dos
seus proletários, para não falar da prostituição oficial, encontram supremo divertimento
em seduzir mutuamente suas esposas.
4.Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja
oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;
10.Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam
confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa…
1. Corrupt the young. Get them away from religion. Get them interested in sex. Make them
superficial, destroy their ruggedness.
2. Get control of all means of publicity and thereby:
3. Get people’s minds off their government from religion [sic]. Get them interested in sex,
books and plays and other trivialities.
4. Divide the people into hostile groups by constantly harping on controversial matters of
no importance.
5. Destroy the people’s faith in their natural leaders by holding these latter up to ridicule,
obloquy, and contempt.
4.Always preach true democracy, but seize power as fast and as ruthlessly as possible.
1. Corrompa os jovens, afaste-os da religião. Faça com que se interessem por sexo. Torne-
os superficiais, destrua sua robustez.
2. Controle todos os meios de publicidade e assim:
3. Mantenha as mentes das pessoas desligadas do governo e da religião. Torne-os
interessados em sexo, livros, peças e outras trivialidades.
4. Divida as pessoas em grupos hostis ao, constantemente, insistir em assuntos
controversos sem importância.
5. Destrua a fé das pessoas nos seus líderes naturais ao ridicularizá-los de desprezá-los.
6. Sempre pregue uma democracia verdadeira, mas tome o poder o mais rápido e
impiedosamente possível.
7. Ao encorajar a extravagância governamental, destrua sua reputação, produza pavor de
inflação com aumento de preços e descontentamento geral.
8. Fomente greves desnecessárias em indústrias vitais, incentive a desordem civil e
alimente uma atitude leve do governo contra essa desordem.
9. Através de argumentos capciosos, cause a ruptura das antigas virtudes morais:
honestidade, sobriedade, continência, fé na palavra empenhada, robustez.
10. Faça, sob algum pretexto, com que todas as armas sejam registradas, com o objetivo de
confiscá-las e deixar a população indefesa.
Facilmente, pode-se perceber que o “Decálogo de Lênin” constitui mera repetição
adaptada das “Regras para a Revolução” (que jamais foram atribuídas ao revolucionário
russo). Deste modo, surge uma pergunta óbvia: este último documento é verdadeiro? A
resposta é negativa, segundo lecionam Paul F. Boller Jr. (falecido em 2014, era
historiador, Ph.D. por Yale e Professor Emérito da Texas Christian University) e John
George Jr. (Ph.D., professor aposentado de Ciências Políticas na Central State
University), nas páginas 114-116 do livro “They never said it: a Book of Fake Quotes,
Misquotes, and Misleading Attributions (“Eles nunca disseram: um livro de citações
falsas, errôneas e enganosas”), publicado pela Universidade de Oxford (tradução livre):
Uma virtual abundância de citações malucas para serem utilizadas pela direita irritadiça
assim que necessário, as chamadas ‘Regras para a Revolução’ supostamente se
originaram no ‘secreto quartel general soviético’ em Düsseldorf, Alemanha, logo após a
segunda guerra mundial, e foram parar às mãos de dois oficiais da inteligência aliada,
entre eles, o Capitão Thomas Baber, que disse ter infiltrado o local. Entretanto, por
alguma razão, o documento não apareceu até 1946, quando foi apresentado na edição de
fevereiro de uma publicação britânica chamada ‘New World News’. Por conseguinte, o
‘American Opinion’ da ‘John Birch Society’, deu importância ao documento, como
também fizeram os porta-vozes da extrema direita, Dan Smoot, Frank Capell, e Billy
James Hargis. Nos anos 1970, a NRA (Associação Nacional de Rifles) entrou em cena.
No ‘The American Rifleman’, órgão da NRA, em janeiro de 1973, o editor Ashley
Halsey relatou que o Capitão Barber, um dos agentes da inteligência que supostamente
capturara o documento ‘Regras para a Revolução’ em Düsseldorf, deixou uma cópia
manuscrita de próprio punho, antes da sua morte em 1962.
Mas as ‘Regras’ são obviamente falsas; não aparentam ser nem um pouco de 1919.
Conservadores respeitáveis como William F. Buckley,Jr., M. Stanton Evans, e James J.
Kilpatrick, classificaram o documento como uma falsificação. Ele foi denominado como
uma farsa pelo boletim anticomunista, o ‘Combat’. Uma cuidadosa pesquisa nos
arquivos do FBI, CIA, Subcomitê de Segurança Interna do Senado, e nas Bibliotecas do
Congresso, falhou em apresentar qualquer vestígio ‘das regras’. J. Edgar Hoover,
falecido diretor do FBI, declarou que se pode ‘especular logicamente que o documento é
espúrio’. Ainda assim, continuou a ser citado como autoridade nos anos 80.
Alias, nem precisava chegar a tanto. Basta parar para ver que nenhuma das medidas do
suposto Decálogo foram implementadas na Era Lenin.
A confusão resultante fez com que em 1987, Grant Harris, membro sênior da Biblioteca
do Congresso fosse consultado. Após extensa pesquisa declarou que a equipe a sua
disposição foi “incapaz de identificar a utilização desta expressão dentre as publicações
de Lênin”
http://www.nytimes.com/1987/04/12/magazine/on-language.html…
Boller, Jr., Paul F.; George, John (1989). They Never Said It: A Book of Fake Quotes,
Misquotes, and Misleading Attributions. New York: Oxford University Press. ISBN 0-
19-505541-1
Nenhum autor brasileiro de matérias na internet, ainda quando questionado por seus
leitores, aponta uma fonte primária comprovadamente autêntica da suposta citação.
Pesquisei e não encontrei nada. A explicação mais provável é a de que se trata apenas
de outra farsa online. Inclusive, acredito que tenha sido formulada originalmente da
seguinte maneira: um amálgama entre outra frase falsa de Lênin e um trecho de um
texto apócrifo na internet. Explico a seguir.
“Destroying all opposition by invective slander, smear, and blackmail is one of the
techniques of Communism” (“Destruir toda a oposição através de calúnia, difamação e
chantagem é umas das técnicas do Comunismo”). Nos Estados Unidos, esta afirmação é
atribuída a Lênin em mais de 8960 sites. Entretanto os supramencionados Paul F. Boller
Jr. e John George Jr, explicam, na página 70 do seu livro, que a citação, originalmente,
apareceu em uma das publicações do evangelista Billy James Hargis nos anos 60, e que
especialistas soviéticos na biblioteca do congresso americano não encontraram nenhuma
informação nesse sentido. Ademais, Julian Williams, gerente de pesquisa de Hargis
naquela década, admitiu que a citação “parece ser uma daquelas ocasiões nas quais
alguém inventou uma frase de Lênin para se encaixar nas táticas do comunismo”.
Há, portanto, três informações importantes para alcançar uma conclusão sobre o tema:
“Com efeito, cada um recebe, por uma parte igual de trabalho social, uma parte igual da
produção social (dedução feita da quantidade destinada ao fundo social). Ora, os
indivíduos não são iguais; é um mais forte, outro mais fraco; um é casado, outro
celibatário; este tem mais filhos, aquele tem menos, etc. Com igualdade de trabalho,
conclui Marx, e, por conseqüência, com igualdade de participação no fundo social de
consumo, um recebe, efetivamente, mais do que o outro, um é mais rico do que o outro,
etc. Para evitar todas essas dificuldades o direito deveria ser, não igual, mas desigual. A
primeira fase do comunismo ainda não pode, pois, realizar a justiça e a igualdade; hão
de subsistir diferenças de riqueza e diferenças injustas; mas, o que não poderia subsistir
é a exploração do homem pelo homem, pois que ninguém poderá mais dispor, a título
de propriedade privada, dos meios de produção, das fábricas, das máquinas, da terra.
Destruindo a fórmula confusa e pequeno-burguesa de Lassalle, sobre a “desigualdade” e
a “justiça” em geral, Marx indica as fases por que deve passar a sociedade comunista,
obrigada, no início, a destruir apenas o “injusto” açambarcamento privado dos meios de
produção, mas incapaz de destruir, ao mesmo tempo, a injusta repartição dos objetos de
consumo, conforme o trabalho e não conforme as necessidades. Os economistas
vulgares, e entre eles os professores burgueses, inclusive o “nosso” Tugan, acusam
continuamente os socialistas de não levarem em conta a desigualdade dos homens e
“sonharem” com a supressão dessa desigualdade. Essas censuras, como o vemos, não
fazem senão denunciar a extrema ignorância dos senhores ideólogos burgueses”.
“Jesus disse a ele: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos
pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”.”
A maior parte dos críticos do marxismo são justamente conservadores cristãos, então é
irônico alertar para esse fato.
De qualquer forma, como já dito anteriormente, não é esse o desígnio dos socialistas; e
aliás, não ia adiantar nada. Rosa Luxemburgo explica isso em ‘O Socialismo e as
Igrejas’:
“”As classes e as raças fracas demais para conduzir as novas condições da vida devem
deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto revolucionário.”
A “revolução silenciosa” que ele menciona não era comunista ou socialista, mas sim a
altamente capitalista Revolução Industrial, que estava promovendo na Europa e nos
Estados Unidos uma configuração social, econômica e tecnológica muito diferente da
que existia até o século 18. Era “silenciosa” porque, ao contrário das revoluções
burguesas do século 18, não consistia em promover guerras contra o poder vigente.
Nenhuma revolução socialista ou comunista vitoriosa havia acontecido até então, apesar
dos levantes de 1848.
É engraçado lembrar que essas mesmas pessoas que dizem que ‘Marx nunca trabalhou,
então não podia falar de trabalho’, são hipócritas, pois são as mesmas que criticam
mulheres do movimento feminista que dizem que ‘se você não é mulher, não pode falar
de estupro ou aborto’.
Também é falso afirmar que Marx jamais tenha trabalhado. Entre 1842 e 1843, Marx
trabalhou no Gazeta Renana, jornal vinculado a representantes da burguesia liberal
renana contrários ao absolutismo prussiano. De abril de 1842 a outubro do mesmo ano,
ocupou o cargo de articulista; posteriormente, até o fechamento arbitrário do jornal em
1/04/1843 por censura prussiana, foi promovido a redator-chefe. Em fevereiro de 1844,
morando então em Paris, publicou o número duplo dos Anais Franco-alemães, editado
em colaboração com Arnold Ruge, figura famigerada da esquerda hegeliana. Em
01/06/1848, Marx funda a Nova Gazeta Renana, periódico do qual foi diretor e Engels,
um dos redatores. Ali trabalharam até o encerramento do periódico em 19/05/1849.
É de conhecimento geral que Marx foi auxiliado financeiramente por Engels durante um
tempo, mas disso podemos dizer que: (1) se havia uma amizade e boa vontade de
Engels de ajudá-lo, então não existe problema algum nisso; (2) Mas acontece que Marx
não viveu apenas da ajuda de Engels. Marx recebeu uma herança de sua mãe com a qual
pôde custear suas despesas por um tempo; ele também trabalhou como jornalista e autor
independente para alguns veículos de imprensa, como o Rhineland News, de Colônia,
onde se tornou editor e também onde teve contato pela primeira vez com questões
sociais referentes às condições de vida e trabalho do operariado, e a partir de então
aderiu às ideias comunistas.
Mas o exílio em Londres trouxe grandes dificuldades para ele e outros ativistas alemães
que viviam na capital britânica. O elevado custo de vida e o desemprego levou muitos a
dormirem nas ruas. Antes do exílio, Marx era editor chefe de um jornal, onde ganhava
bem, mas os primeiros seis anos em Londres foram marcados por agudas dificuldades
financeiras e crises familiares. A situação melhorou quando Engels mudou para
Manchester para cuidar dos negócios do pai e iniciou os envios de dinheiro para Marx.
Johnson afirma que Marx era seletivo e falsificava suas fontes de informação, mas em
nenhum momento ele especifica quais foram essas falsificações, como e quando foram
feitas. Ele se reporta aos Livros Azuis do British Museum de Londres, analisados por
Marx. Mas é preciso ter em mente que é a partir do desenvolvimento da teoria do valor-
trabalho de Adam Smith, David Ricard e Stuart Mill que Marx elabora seus conceitos
básicos sobre os tipos de capital. Os Livros Azuis eram “relatórios das comissões
parlamentares de inquérito britânicas” e foi neles que Marx encontrou descrições sobre
a miséria dos trabalhadores, como o caso da lavadeira Mary Anne Walkley, de Londres,
“que, esfalfando-se na limpeza dos vestidos das madames que se preparavam para o
baile da Princesa de Gales, em 1863, literalmente morreu de trabalhar”.
Sperber comenta que “Marx compreendia que a extensão da jornada de trabalho, mesmo
não havendo oposição da classe trabalhadora, acabaria esbarrando em limitações físicas,
a menos que todos os trabalhadores fossem se juntar a Mary Anne Walkley na cova”.
Johnson não menciona nada disso em seu texto.
Foi após a derrota e violenta repressão aos trabalhadores na Comuna de Paris que os
editores de um jornal suíço, ligado a Marx, propuseram uma reforma do capitalismo em
vez de uma revolução violenta que conduzisse ao socialismo. Era um projeto reformista
e de cooperação de classes com o objetivo de atrair a atenção e o apoio da sociedade
para as necessidades dos trabalhadores. Eduard Bernstein e Ferdinand Lassalle foram os
principais defensores dessa linha na década de 1870.
Marx encarou essa tese com estranheza, embora a considerasse inovadora. Na verdade,
desde 1857 ele já não nutria esperança de uma revolução socialista de curto prazo e
chegou até mesmo a pensar em caminhos alternativos para a derrubada do capitalismo
na década de 1860.
Paul Johnson também afirma que Marx não podia compreender que “desde os
primórdios da Revolução Industrial, de 1760 a 1790, os industriais mais eficientes, que
tinham amplo acesso ao capital, geralmente propiciavam melhores condições para seus
empregados” E ainda: “Desse modo, as condições melhoravam e, por conta disso, os
trabalhadores paravam de se revoltar, contrariando o que Marx tinha previsto”. Essas
afirmações não são verdadeiras. No período mencionado por Johnson, a Revolução
Industrial apenas dava seus primeiros passos e seu impacto social apenas começou a ser
verdadeiramente sentido a partir de 1780. Ele não menciona que a Revolução Industrial
foi responsável pelos levantes de trabalhadores da indústria e de populações pobres nas
cidades, culminando nas revoluções de 1848 em todo o continente e nos movimentos
cartistas e luditas na Grã-Bretanha. E não eram apenas operários, mas também setores
da pequena burguesia, como pequenos comerciantes.
Ele também não menciona o crescimento das cidades industriais sem planejamento, sem
saneamento básico, com condições habitacionais precárias, que levaram ao
reaparecimento de doenças contagiosas como a cólera e o tifo, além do aumento do
alcoolismo, infanticídio, prostituição, suicídio, criminalidade e demência decorrentes do
depauperamento social e jornadas de trabalho extenuantes.
Johnson também não menciona a rígida disciplina imposta nas fábricas por patrões e
seus supervisores que incluíam multas abusivas e até castigos físicos, ou
obrigatoriedade de os trabalhadores comprarem mercadorias em lojas de patrões.
Johnson não menciona que o movimento operário nasceu das condições desumanas de
vida nos distritos e cidades industriais como mecanismo de autodefesa e de protesto. As
melhoras nas condições de vida dos trabalhadores não era algo palpável até pelo menos
a década de 1850, quando havia forte tendência de deterioração da situação material do
proletariado fabril. Foi isso que ocasionou em parte as revoluções sociais de 1848, a
partir das quais Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista, um panfleto político
que se tornou um clássico.Johnson também fala que “Marx não tinha qualquer interesse
pela democracia”.
Paul Johnson, definitivamente, não é uma boa referência para se compreender Marx.