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Quaderns de Psicologia | 2018, Vol.

20, No 1, 75-88 ISNN: 0211-3481

 https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1427

“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em


Psicologia no Brasil
“Evangelical Psychologists”: religion and psychological professional activity in
Brazil

Filipe Degani-Carneiro
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Resumo
Neste trabalho, analiso as concepções de psicólogos evangélicos acerca da relação entre sua
religiosidade e sua atuação profissional e sobre os sentidos da apropriação do discurso psico-
lógico efetuada pelos evangélicos. A investigação empírica teve duas etapas: inicialmente,
foi aplicado um questionário eletrônico em 104 psicólogos pertencentes à religião evangéli-
ca; então, foram selecionados 5 participantes para a realização de entrevistas. Os resulta-
dos apontam em geral para uma multiplicidade de discursos sobre a influência da fé evangé-
lica na atuação profissional. Entre os que relatam a total influência da religiosidade e os
que afirmam uma neutralidade estrita, há um espectro com diversas posições ambivalentes
que, em geral, apontam uma indissociabilidade entre a visão de mundo influenciada pela
religião e a prática profissional, ao mesmo tempo em que assinalam a necessidade ética de
suspensão do juízo, a fim de que a religiosidade do terapeuta não se interponha para o cli-
ente.
Palavras-chave: Psicologia e religião; Práticas religiosas; Evangélicos; Cristianismo

Abstract
My aim in the following paper was to analyze the relations evangelical psychologists make
between their spirituality and professional practice and the appropriation of the psycho-
logical discourse by churches and ministries. The empirical research is realized in two stag-
es; first 104 psychologists who are also evangelical Christians answered an electronic ques-
tionnaire; and then, five of them were selected to be interviewed. The results show that
the influence of the evangelical faith varies from a total influence to a so called strict
neutrality. Between these polarized positions, there are a variety of ambivalences that, in
general, point out to a inseparability between a world view that is influenced by religion
and the professional practice. Nevertheless, the professionals always highlight a need to
suspend the judgment in order that the psychologist beliefs be not imposed to the pa-
tients.
Keywords: Psychology and Religion; Religious Practices; Evangelicals; Christianism
76 Degani-Carneiro, Filipe

Introdução da homossexualidade – estão seguramente en-


tre os mais candentes na categoria dos psicó-
O campo protestante ou evangélico é o seg- logos na atualidade, alcançado inclusive des-
mento religioso que mais cresceu no Brasil nas taque midiático, externo ao campo psi e arti-
últimas décadas, apresentando uma expansão culado com os debates políticos e sociais, de
não apenas quantitativa, mas notadamente forma geral, no campo dos direitos humanos.
em termos de seu destaque no cenário social (Degani-Carneiro, 2013; Machado & Piccolo,
brasileiro (Instituto Brasileiro de Geografia e 2010; Vital & Lopes, 2013).
Estatística [IBGE], 2010). Por mais que haja
no campo dos estudos de religião disputas em As articulações entre Religião e Ciência são
torno da classificação “evangélico”, enten- fortemente observadas na História da Psicolo-
demos tal termo no sentido de sua aplicação gia no Brasil desde o período colonial (Massi-
usual no Brasil, isto é, para designar os movi- mi, 2005), onde houve importante circulação
mentos religiosos cristãos que guardam rela- de escritos católicos com temáticas psicológi-
ções históricas e doutrinárias com o protes- cas (“psicologia da alma”), até meados do sé-
tantismo (especialmente, com o puritanismo culo XX: tanto no pioneirismo das faculdades
europeu e norte-americano) e que se caracte- católicas na criação dos primeiros cursos de
rizam pela evangelização e pela ênfase na graduação em Psicologia no país (Degani-
salvação e ascetismo individuais. Dentre os Carneiro, 2013; Jacó-Vilela & Rocha, 2014),
tais, destacam-se as vertentes do protestan- quanto com a introdução da psicologia em
tismo de missão (batistas, metodistas, presbi- seminários católicos para auxiliar a formação
terianos etc.) e do pentecostalismo (Assem- dos padres (Serbin, 2008; Vianna, 2013).
bleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Geraldo Paiva e cols. (2009) apresentam uma
dentre outros). (Giumbelli, 2000; Mafra, revisão da produção brasileira em Psicologia
2001). da Religião no período de 1956-2005, consta-
Nas últimas décadas, observa-se no campo tando não apenas o crescente número de pu-
evangélico no Brasil um grande investimento blicações e temas abordados ao longo do pe-
na Psicologia, fenômeno ainda insuficiente- ríodo, como também o estado não consolida-
mente analisado pela literatura acadêmica, do deste campo no Brasil. Não obstante a
mas que pode ser verificado de diversas for- grande importância da temática religiosa nos
mas: tanto por um forte interesse por parte processos psicossociais percebe-se ainda no
de líderes e fieis evangélicos pela Psicologia campo da psicologia (notadamente em seus
enquanto profissão leiga (Carvalho, 2011; Li- cursos de graduação e pós-graduação) uma la-
ma, 2004), quanto na utilização de discursos e cuna no tocante a estudos sobre as religiões
práticas psicológicas em literatura cristã vol- (especialmente, em uma perspectiva históri-
tada para aconselhamento e em outras ativi- co-social). Tal constatação é assustadora
dades eclesiásticas (Macedo, Fonseca & Ho- quando comparada com a produção a respeito
landa, 2007; Muravchik, 2012). Outro fato es- nas ciências sociais e mesmo nas ciências da
pecialmente verificado entre os fieis evangé- saúde, onde cada vez mais se tem incorpora-
licos é a demanda por realizar psicoterapia do a espiritualidade/religiosidade como fator
com um profissional que também seja da na análise do processo saúde-doença.
mesma fé (Wondracek, 2012) – o que sugere a Desta forma, identificando a necessidade de
constituição de uma modalidade singular de análise desta temática, este estudo tem como
interação entre um discurso acadêmico e um objetivo analisar as concepções de psicólogos
religioso. (Degani-Carneiro, 2013). evangélicos acerca da relação entre sua reli-
A partir da década de 1990, este “investimen- giosidade e sua atuação profissional. Ressalte-
to evangélico” na Psicologia cresceu de forma se que não tomamos “psicólogos evangélicos”
visível, suscitando ferrenhos embates com os como uma categoria identitária cristalizada
órgãos de regulação da profissão (o Sistema ou pretensamente homogênea; muito menos,
Conselhos de Psicologia), os quais têm reagido sugerindo a existência de uma “Psicologia
de forma extremamente crítica a estas inicia- evangélica”. Ao invés, nossa utilização do ad-
tivas. Estes embates em torno da religiosida- jetivo evangélico para qualificar psicólogo é
de e atuação profissional, como a polêmica da aqui essencialmente didática, a fim de se re-
“cura gay” – iniciativas envolvendo a utiliza- ferir de forma mais simples ao grupo de sujei-
ção de psicoterapia com objetivo de reversão

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“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em Psicologia no Brasil 77

tos que possuem simultaneamente esta per- sidade e prática profissional; 2) A demanda
tença profissional e religiosa. dos clientes evangélicos por psicoterapia; 3)
Oferta de psicoterapia em igrejas; 4) Psicolo-
gia, religião e homossexualidade; 5) Religiosi-
Método dade e promoção de saúde.
Esta investigação empírica, de caráter quanti-
tativo-qualitativo, teve duas etapas. Inicial- Religiosidade e prática profissional
mente, aplicou-se um questionário em uma Perguntados sobre o quão presente era sua vi-
amostra de conveniência, não probabilística, são religiosa em sua atuação profissional (Ta-
composta por 104 psicólogos (80 mulheres e bela 1), em geral, nossos participantes apon-
24 homens) que se autodeclaravam perten- taram que sua visão religiosa está Presente
centes à religião evangélica, procedentes de (45,2%) – categoria mais frequente que Muito
16 Unidades da Federação. presente (25%).
Os participantes foram recrutados através de
duas formas: a) consulta ao catálogo de pro-
fissionais associados ao Corpo de Psicólogos e Em relação à sua prática pro-
fissional, sua visão religiosa N %
Psiquiatras Cristãos (CPPC, s.d.), disponibili- está:
zado por esta associação em seu sítio eletrô-
Muito presente 26 25,0
nico; b) contatos pessoais do pesquisador que
se encaixavam nos critérios amostrais. Além Presente 47 45,2
disto, ao final do questionário, era exibida Pouco presente 16 15,4
aos participantes uma mensagem, pedindo co-
Ausente 6 5,8
laboração na divulgação a outras pessoas de
sua rede de contatos. Indiferente 8 7,7

O instrumento elaborado foi um questionário Não respondeu 1 1,0


em formato eletrônico, utilizando a ferra- Total 104 100,0
menta FormSUS 3.0, contendo perguntas fe-
chadas (em sua maior parte) e abertas, a fim Tabela 1. Visão religiosa em relação à prática
de levantar informações sobre a formação e profissional
prática profissional destes psicólogos, além de
sua perspectiva pessoal acerca da relação en-
As justificativas (respostas abertas) apresen-
tre sua crença religiosa e atuação profissio-
tadas pelos participantes foram analisadas e
nal.
agrupadas em cinco eixos discursivos, a saber:
Na segunda etapa, foram realizadas entrevis-
tas em profundidade com 5 participantes do a) Indissociabilidade entre as visões religiosa
questionário (que haviam manifestado dispo- e secular do terapeuta
nibilidade para tal), visando aprofundar quali-
tativamente a investigação de determinados Tais respostas alegam o papel constitutivo do
temas, que emergiram da análise do questio- cristianismo em sua visão de mundo e argu-
nário. Os dados das respostas qualitativas do mentam que ocorre sim influência religiosa na
questionário e das entrevistas foram analisa- prática profissional, pois valores e crenças in-
dos, segundo as perspectivas teórico- cidem sobre atitudes e ações dos sujeitos e
metodológica da Análise do Discurso e do eles, enquanto psicólogos, não estão isentos
Construcionismo (Hacking, 2001). deste condicionante:
Minha religião é parte integrante de todo o meu
ser; não há como trabalhar fingindo que essa par-
Resultados e Discussão te não existe. Mas procuro estar atenta a ela no
trabalho e sempre me questionando se estou im-
Os resultados decorrentes da análise do ques- pondo meus valores e conceitos ou realmente
tionário e das entrevistas e sua discussão se- acolhendo. (Patrícia1, questionário, 11 de setem-
bro de 2012: Presente)
rão apresentados de modo conjuntamente,
divididos em cinco temas, evidenciando as
concepções dos psicólogos evangélicos parti- 1
Todas as citações de respostas dos participantes do
cipantes sobre cada tema, a saber: 1) Religio- questionário receberam pseudônimos fictícios que come-
çam com a letra P (de “participante”).

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Meus saberes dialogam, engendrando uma sínte- mas questões emocionais dos clientes, no sen-
se. Portanto, minha concepção é essencialmente
tido de atribuir maior sofrimento ou angústia
cristã, assim como meu cristianismo é psicologi-
zado. (Emerson2, entrevista pessoal, 11 de de- a determinados temas (como sexualidade, es-
zembro de 2012: Presente) colhas morais, valores de certo e errado atri-
buídos a alguns comportamentos) que não se-
b) Influência da religiosidade do terapeuta na riam tematizados enquanto problema por cli-
prática profissional entes não evangélicos.
Além de presente enquanto visão de mundo A religiosidade está presente no sujeito. Muitas
vezes o cliente cita questões religiosas na tera-
do terapeuta, a religiosidade é apontada co- pia. As questões religiosas trazidas são considera-
mo tendo influência direta na sua atividade das à luz do impacto que elas causam à saúde
clínica, na compreensão de questões relacio- psíquica da pessoa. Minha visão religiosa ajuda a
nadas à espiritualidade: entender a fé das pessoas, a respeitar esse fenô-
meno e a analisar a religião como fator de saúde
É minha fé em Deus que me fez acreditar na ca- ou doença. (Poliana, questionário, 12 de setem-
pacidade de mudança e cura das pessoas. (Paulo, bro de 2012: Presente)
questionário, 08 de setembro de 2012: Muito pre-
sente) Independente da minha religião, vejo no dia-a-dia
da clínica que as pessoas que possuem uma vi-
E a minha visão religiosa está presente no mo- vência de religiosidade/fé apresentam uma pos-
mento que oro para que Deus me capacite além tura emocional diferenciada frente às aflições.
do que posso fazer por mim mesma (estudar e me Portanto, abro sempre espaço para que os clien-
capacitar) para que eu seja uma boa profissional tes tragam para o âmbito da terapia suas ques-
exercendo com zelo e ética minha profissão. tões ligadas à espiritualidade. (Pierre, questioná-
Além disso, eu sempre oro pelas pessoas que pas- rio, 30 de setembro de 2012: Presente)
sam por de mim. (Priscila, questionário, 11 de se-
tembro de 2012: Presente)
e) Justificativas em termos teóricos
c) Separação ética entre religiosidade do Algumas poucas respostas fizeram ainda justi-
terapeuta e prática profissional ficativas da influência da visão religiosa, me-
diada por abordagens teóricas: no caso, foram
A percepção da influência da religiosidade foi
citadas a Psicologia Analítica (junguiana) e a
comumente acompanhada de outras respostas
Abordagem Centrada na Pessoa (rogeriana):
que enfatizaram o imperativo ético de sepa-
ração entre religiosidade e prática profissio- A psicologia junguiana foca no diálogo da mente
consciente com os conteúdos inconscientes atra-
nal e para o reconhecimento dos limites em vés dos símbolos. Se pensarmos que em Jung "to-
que o terapeuta deve situar sua visão religio- do homem ocidental é cristão", temos o cristia-
sa. nismo como uma gama de aspectos simbólicos.
(Pérola, questionário, 10 de setembro de 2012:
O cristianismo é formador de ideias e significados Pouco presente)
em seus fiéis e esses valores são impossíveis de
serem separados da atuação de qualquer profissi- Busquei uma abordagem que fizesse sentido den-
onal, mas isso não significa que o psicólogo cris- tro da minha visão de mundo cristã, que é pri-
tão tenha a obrigação de direcionar o comporta- mordial. Assim, o cristianismo guia os valores - a
mento de seu cliente para esses valores. (Pâmela, conduta com o outro e a postura diante dos meus
questionário, 14 de outubro de 2012: Muito pre- conflitos pessoais - e a teoria guia a prática, a
sente) ética e o entendimento dos fenômenos do outro.
Ambos estão presentes o tempo todo, ainda que
"entre parênteses" durante o contato com esse
d) Interveniência da religiosidade do cliente outro, inclusive ao valorizar a liberdade individu-
A religiosidade do cliente foi apontada como al de pensamento - tanto um valor cristão quanto
da Abordagem Centrada na Pessoa. Meus julga-
indissociável dos demais elementos da vida do mentos são meus e não tenho direito de impô-los
sujeito (e como tal, permeando as questões ao meu cliente. (Paco, questionário, 27 de se-
trazidas à clínica), o que justificaria a in- tembro de 2012: Muito presente)
fluência da religiosidade do próprio terapeuta Observa-se que a visão religiosa é relatada
na atividade clínica. Por outro lado, a forma- como presente na atuação profissional pela
ção religiosa evangélica é também percebida maior parte dos participantes (Tabela 1). En-
como determinante na configuração de algu- tretanto, as justificativas fornecidas às res-
postas matizam o cenário, apontando para
2
Todas as citações de respostas fornecidas nas entrevis- distintos sentidos desta influência. De um la-
tas pessoais os participantes do questionário receberam do, emerge enquanto visão de mundo ou con-
pseudônimos fictícios que começam com a letra E (de
“entrevistado/a”). cepções sobre o homem, decorrentes da vi-

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vência religiosa pessoal do próprio terapeuta. que o terapeuta cristão compreenda a dimen-
Inclusive, esta vivência é apontada – numa são do sagrado, a autora interpreta – em lei-
leitura bem próxima às teorias humanistas – tura psicanalítica – tal demanda a serviço “da
como indissociável do “lado profissional” e parte neurótica da fé” e da resistência, tra-
até como um instrumento de trabalho, que zendo oculta uma “necessidade de não contar
guiaria o terapeuta a se posicionar frente a nada” e evitar por a religião – ou justamente,
questões relacionadas à espiritualidade do aquilo que o indivíduo esconde “atrás” da sua
cliente. religiosidade – em xeque.
Por outro lado, a religiosidade se manifesta
como influência direta em determinados mo- Sou procurado por clientes evan-
mentos na clínica, quando se faz necessário gélicos pelo fato de ser também N %
uma compreensão de aspectos do cliente que evangélico
são interpretados como relacionados à sua Sou procurado frequentemente 46 44,2
espiritualidade – especialmente no caso de
Sou procurado ocasionalmente 32 30,8
clientes evangélicos. Aqui é também frequen-
te a referência a esta presença da temática Sou procurado raramente 12 11,5
espiritual/religiosa, desde que seja uma ques- Não sou procurado 14 13,5
tão trazida pelo cliente – outro argumento tí-
Total 104 100,0
pico das terapias fenomenológicas e humanis-
tas.
Tabela 2. Procura de clientes evangélicos por
Destacamos ainda que curiosamente os argu- psicólogos também evangélicos
mentos sobre a necessidade de separação éti-
ca entre a religiosidade do terapeuta e sua
Com relação às formas pelas quais tais paci-
prática foram empregados indistintamente,
entes chegam até eles, o relato dos entrevis-
tanto por informantes que responderam “mui-
tados aponta de um lado para uma procura
to presente” ou “ausente”, por exemplo. Isso
espontânea dos clientes e, por outro lado, pa-
aponta tanto para o quanto este princípio éti-
ra a frequência de encaminhamentos, por
co é fortemente presente no ideário dos psi-
parte de pastores e líderes, que aconselham a
cólogos – inclusive para os evangélicos, fre-
pessoa a procurar orientação com um psicólo-
quentemente acusados de infringi-lo (ou tal-
go:
vez, justamente por isto).
Pelo menos 80% [de pacientes evangélicos]. Eles
A demanda dos clientes evangélicos por chegam porque estão vivendo um conflito, apre-
sentam para amigos e as pessoas me conhecem e
psicoterapia encaminham para mim. Se a pessoa é de uma
igreja, fala com uma liderança ou com um amigo,
Chama atenção a frequente demanda de fiéis que encaminha para mim. A maior parte dos en-
evangélicos por fazer terapia especificamente caminhamentos é desta esfera de igreja. (Emer-
com psicólogos evangélicos. Para além da son, entrevista pessoal, 11 de dezembro de 2012:
afirmação acima, de natureza impressionista, Procurado frequentemente)
nossos informantes confirmaram esta deman- O questionário teve a seguinte pergunta aber-
da dos fiéis evangélicos por seus serviços (Ta- ta: “Qual sua opinião sobre a demanda de
bela 2): 44,2% responderam que são Procura- alguns fiéis evangélicos por fazer terapia
dos Frequentemente por clientes evangélicos com um profissional que também seja evan-
pelo fato de serem também evangélicos, en- gélico?”. A partir da análise das respostas, fo-
quanto 30,8% relataram serem Procurados ram observadas a presença de quatro eixos
Ocasionalmente e 11,5%, Procurados Rara- discursivos:
mente. Há aqui uma especificidade curiosa,
da qual não temos conhecimento de ocorrer a) Identificação
com fiéis de outras religiões e nem mesmo,
entre os evangélicos, quando na busca por ou- Um grande número de respostas enfatizou
tros profissionais. como principal fator para esta demanda a
busca por identificação; isto é, evangélicos
Wondracek (2012) apresenta um ensaio acer- procuram terapeutas evangélicos por julgar
ca desta demanda por terapeutas de fé evan- que tais profissionais compreenderão as espe-
gélica. Além de reconhecer a expectativa de cificidades de sua visão religiosa e as inter-

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pretações comumente acessadas para signifi- como já ouvi muitas vezes. (Perseu, questionário,
09 de setembro de 2012: Procurado frequente-
car a vida. Tal demanda foi, em geral, quali-
mente).
ficada como benéfica ao processo terapêuti-
co, pois favorecia a formação do vínculo en- Creio que algumas igrejas orientam seus membros
desta forma. Vejo isto como uma reação ao con-
tre cliente e terapeuta. ceito de que psicólogo é um profissional que mis-
Minha impressão é que como o cliente busca ser tura sua prática profissional com crenças espiri-
compreendido, a semelhança de valores com o tualistas. (Penha, questionário, 12 de setembro
terapeuta é algo que parece importante. Tam- de 2012: Procurado ocasionalmente)
bém compreendo que um terapeuta cristão teria
mais facilidade de se relacionar com os conflitos d) Irrelevância da religião do terapeuta
de um cliente de mesma fé. Minha abordagem se
fundamenta na relação de confiança e para um Outro argumento observado aponta que a re-
cristão, um irmão de fé parece automaticamente ligião do terapeuta não influencia no processo
mais confiável. (Paco, questionário, 27 de setem-
bro de 2012: Procurado ocasionalmente) terapêutico. Tais respostas situam a demanda
evangélica como fruto das razões apontadas
b) Proteção nos eixos acima mencionados, mas enfatizan-
do que a competência profissional suplanta a
A demanda evangélica foi também interpre- visão religiosa de um terapeuta na boa con-
tada em termos de uma necessidade de pro- dução da psicoterapia:
teção contra o suposto “perigo” que a orien-
Entendo que o bom psicólogo nada tem a ver com
tação oferecida por psicólogos não evangéli- sua formação religiosa. Acho que os clientes fa-
cos representaria: questionar ou abalar a sua zem essa procura seletiva por uma questão de
fé e seus valores morais: identificação, mas isso não garante, de modo al-
gum, o "sucesso" da terapia. (Estela, entrevista
Já ouvi sobre muitos profissionais antiéticos que pessoal, 06 de dezembro de 2012: Procurado ra-
desqualificaram escolhas pessoais de clien- ramente)
tes/pacientes com credo religioso diverso ao do
profissional. Portanto, respeito a demanda cita- Ainda referente à temática da demanda evan-
da. (Pina, questionário, 07 de setembro de 2012: gélica por psicoterapia, indagou-se aos infor-
Procurado frequentemente)
mantes se “Para você, há alguma diferença
O cristão possui valores diferentes dos ditados pe- em atender um cliente evangélico ou não
la sociedade atual, como sua visão a respeito do
evangélico?” (Tabela 3). Aproximadamente
sexo (fora do casamento, homossexualidade), do
divórcio, do abuso do álcool e do relativismo da dois terços dos participantes responderam
verdade. Um terapeuta cristão pode ajudar ao que Não (65,4%). A justificativa desta respos-
seu paciente também cristão a encontrar um ca- ta foi solicitada apenas nas entrevistas.
minho para sua felicidade de acordo com os pa-
drões bíblicos, compreendendo a especificidade
da fé no direcionamento das escolhas de uma
pessoa. (Pâmela, questionário, 14 de outubro de Para você, há alguma diferença
2012: Procurado ocasionalmente) em atender um cliente evangéli- N %
co ou não-evangélico?

c) Visão ingênua dos clientes Sim 32 30,8

Outro eixo discursivo observado interpreta a Não 68 65,4


demanda evangélica como fruto de uma visão Não respondeu 4 3,8
ingênua ou leiga, decorrentes de percepções Total 104 100,0
distorcidas sobre a Psicologia e o fazer psico-
terapêutico. Tais equívocos seriam também
explicados por “preconceito” de profissionais Tabela 3. Diferença entre o atendimento de
clientes evangélicos e não evangélicos
contra a ideologia religiosa, bem como de lí-
deres religiosos contra o saber psicológico.
Algumas respostas apontam inclusive a neces- Estela diz não ver diferença, apontando que a
sidade de esclarecimento destas visões distor- competência técnica do profissional bem co-
cidas. mo sua “sensibilidade” no manejo terapêutico
são os únicos elementos necessários para a
Penso que muitos fiéis evangélicos têm esta de-
manda de certa maneira por medo e/ou culpa. condução do processo psicoterapêutico:
Psicologia ainda é vista em muitas igrejas e de- Eu sei que para o cliente, é importante haver al-
nominações religiosas como algo do "demônio" ou guns elementos com que ele vai se identificar ali,
pelo menos que não é de Deus. "Crente não preci- para estabelecer uma relação, um vínculo. Para
sa de terapia, porque Jesus é o maior psicólogo.",

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mim, independe do profissional ser cristão ou não Indagados sobre sua opinião acerca da oferta
para fazer uma terapia que tenha “sucesso”. (...)
de psicoterapia pelas igrejas (Tabela 4),
Por exemplo, eu consigo entender os questiona-
mentos que a pessoa traz acerca de Deus, de 43,3% dos participantes concordaram parci-
igreja, e consigo trabalhar isso de modo que ela almente e 19,2% concordaram totalmente
reelabore algumas questões e prossiga na vida. com a importância desta oferta.
Mas acho que o profissional não cristão, se tiver
uma escuta atenta, se for sensível ao outro, ele Apesar da alta concordância com esta oferta,
vai conseguir também fazer este manejo. (Estela, ao serem perguntados se realizavam psicote-
entrevista pessoal, 06 de dezembro de 2012: Não)
rapia no espaço físico de igrejas (Tabela 5), a
Já Elaine vê diferença, agrupando diversos maioria (88,5%) disse que não.
argumentos mencionados acima, como a faci-
lidade de compreensão do discurso marcado
pela religião do cliente, o preconceito e des- Você realiza psicoterapia no
espaço físico de igrejas evan- N %
qualificação com que tal discurso é recebido gélicas?
comumente por outros profissionais:
Sim 12 11,5
Acho curioso. Antes, eu não entendia; eu achava
“ah, que bobeira, pode ser qualquer pessoa!”. Não 92 88,5
Acho que hoje em dia é para mim muito mais
Total 104 100,0
tranquilo; eu entendo mais, eu respeito profun-
damente, porque eu sei que alguns profissionais
desmerecem, desvalorizam, não querem ouvir es-
Tabela 5. Realização de psicoterapia no espaço
se lado da espiritualidade. (Elaine, entrevista
pessoal, 17 de dezembro de 2012: Não)
físico de igrejas evangélicas

Oferta de psicoterapia em igrejas Edmundo, Elaine e Elisa concordaram total-


mente com a oferta de psicoterapia em igre-
A demanda evangélica pela realização de uma
jas, apontando o papel da igreja como uma
psicoterapia “segura”, com profissionais
“comunidade terapêutica” e sua responsabili-
evangélicos, adquire por vezes uma interface
dade na identificação de questões emocionais
específica: o oferecimento de psicoterapia no
individuais que necessitem de tratamento:
espaço físico de igrejas. A presença de psicó-
caso este fosse realizado em um espaço físico
logos no quadro de membros de uma igreja
evangélico, haveria maior “credibilidade” e
possibilita a cessão de salas para a realização
adesão ao tratamento por parte dos fieis.
de atendimentos psicoterapêuticos, os quais
podem ser voltados fundamentalmente para a Porque a igreja é uma comunidade terapêutica,
como muitas comunidades são comunidades tera-
demanda interna (os membros da própria
pêuticas. O que não significa obviamente que
igreja) quanto também receber pessoas da qualquer pessoa está apta a ser um agente tera-
comunidade externa. Neste caso, a psicotera- pêutico. Mas a igreja – assim penso eu – precisa se
pia se inscreve comumente no bojo de ativi- preparar para oferecer auxílio para as pessoas
que aparecem aqui feridas em todas as esferas da
dades de ação social que algumas igrejas de-
vida. (Edmundo, entrevista pessoal, 17 de de-
sempenham em sua localidade, havendo em zembro de 2012: Concordo totalmente)
geral cobrança de valores simbólicos pelo tra-
Esse papo da pessoa ir lá e “vou marcar um gabi-
tamento. nete com o pastor” é superimportante. Ok! Mas
às vezes a pessoa tem alguma coisa para além do
É importante a oferta de psi- espiritual: às vezes, as pessoas estão sufocadas
coterapia por igrejas evan- N % com situações emocionais a tanto tempo, às ve-
gélicas zes, estão prestes a abrir um surto psicótico. As
igrejas precisam estar atentas a isso; precisam
Concordo totalmente 20 19,2 saber fazer essa passagem, esse encaminhamen-
Concordo parcialmente 45 43,3 to. (Elaine, entrevista pessoal, 17 de dezembro
de 2012: Concordo totalmente)
Discordo parcialmente 17 16,3
Quando se está dentro de um espaço que é confi-
Discordo totalmente 20 19,2 ável, você liga a profissão à confiabilidade. Num
espaço evangélico, você tem a disponibilidade da
Não respondeu 2 1,9
oferta de um profissional que para as pessoas é
Total 104 100,0 um profissional que conhece, que pode ajudar,
que tem uma especificidade técnica e que está
dentro de um espaço que eles confiam. (Elisa,
Tabela 4. Opinião sobre a oferta de psicoterapia entrevista pessoal, 10 de dezembro de 2012: Con-
por igrejas evangélicas cordo totalmente)

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Já Emerson e Estela concordaram parcialmen- psicólogos não podem promover nenhum tra-
te, relativizando a importância da psicotera- tamento que patologize a homossexualidade
pia em igreja, apontando para atravessamen- ou que lhe ofereça cura (Conselho Federal de
tos negativos do espaço eclesiástico na con- Psicologia [CFP], 1999).
dução do processo terapêutico e assinalando
A Resolução CFP 01/1999 é constantemente
ser interessante que a oferta de clínicas soci-
apontada (tanto pelo discurso oficial da pro-
ais esteja no bojo de outras ações de saúde
fissão quanto por líderes e fiéis evangélicos)
que visem a potencializar a comunidade local:
como um fator evidente da divergência entre
O membro da igreja ou o membro de outra igreja tais grupos. Entretanto, nossos resultados
que chega ali é impregnado pelo ambiente do sa-
apontam (Tabela 6) que a maioria de nossos
grado. Aí, fica muito complicado para ele nesse
espaço do sagrado falar da sua realidade profana. participantes concorda com os termos da Re-
Não é o ideal, porque é muito difícil isso, exige solução: seja parcialmente (41,3%), seja to-
muita maturidade. Ao mesmo tempo, existe uma talmente (26,9%).
demanda por apoio, por tratamento – e é um tra-
tamento caro – que se não acontecer nesse espa-
ço, essa pessoa não teria outra possibilidade. O
ideal seria doação de horários no consultório. Es- Concordo com a Resolução CFP 01/1999, que es-
se seria o ideal. (Emerson, entrevista pessoal, 11 tabelece normas de atuação para os psicólogos
de dezembro de 2012: Concordo parcialmente) em relação à questão da orientação sexual

Não que seja uma prerrogativa da igreja ter que N %


fazer isso, mas dentro das ações sociais que a Concordo totalmente 28 26,9
igreja desenvolve, quem sabe (...) A psicoterapia
é importante assim como o oferecimento de ou- Concordo parcialmente 43 41,3
tros serviços profissionais como um meio de ten-
tar potencializar aquela comunidade. (Estela, en- Discordo parcialmente 21 20,2
trevista pessoal, 06 de dezembro de 2012: Con- Discordo totalmente 11 10,6
cordo parcialmente)
Não respondeu 1 1,0
Observa-se a presença constante de uma ar-
Total 104 100,0
gumentação voltada para a importância da
igreja desempenhar atividades de assistência
emocional. Tal argumentação se baseia em Tabela 6. Opinião sobre a Resolução CFP 01/1999
uma grande necessidade por parte das pesso-
as da comunidade tanto interna quanto ex- Com relação às justificativas dadas às respos-
terna às igrejas, além de apontarem que difi- tas e à sua posição pessoal acercada homos-
cilmente estas pessoas teriam oportunidade sexualidade, Estela concorda totalmente com
de se beneficiarem de um tratamento psico- a Resolução, no tocante à impossibilidade de
terapêutico: seja pelo aspecto financeiro (as situar a homossexualidade como patológica.
clínicas sociais são uma alternativa para os Tal concordância, no entanto, é complemen-
que não podem arcar os custos de uma tera- tada por uma posição alinhada à perspectiva
pia) ou ainda, pelos receios que muitos evan- evangélica tradicional sobre a sexualidade:
gélicos têm sobre uma terapia (a “chancela”
da igreja mudaria a visão e disposição do pa- Entendo que estas questões são escolhas que as
pessoas fazem ao longo da vida – claro que com
ciente sobre o processo terapêutico). vários determinantes aí. Mas não pode ser visto
como patológico, senão seria como se a gente
Psicologia, religião e homossexualidade tentar normatizar a sociedade: tudo que sai do
parâmetro que eu entendo como normalidade é
Os embates entre o CFP e os psicólogos evan- visto como desvio, como doença. Você não pode
gélicos emergiram na cena pública no final da tentar normalizar a vida. (Estela, entrevista pes-
soal, 06 de dezembro de 2012: Concordo total-
década de 1990, por conta do oferecimento mente)
de tratamento psicoterápico para reversão e
“cura” da homossexualidade por instituições Elaine, Elisa e Emerson concordam parcial-
evangélicas, como a Exodus Brasil (liderada mente, centrando sua argumentação no con-
pela psicóloga evangélica Rozângela Justino) ceito de neutralidade profissional, ainda que
e o Movimento pela Sexualidade Sadia (MO- o utilizem também para criticar a atuação dos
SES). A partir de denúncias do movimento Conselhos e a Resolução:
LGBT, o CFP reagiu com a promulgação da Re- Eu tenho que continuar tratando essa pessoa, in-
solução CFP 01/1999, que determina que os dependente do que eu acredito, do que eu con-
cordo, do que a minha fé diz, do que as doutrinas

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“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em Psicologia no Brasil 83

lá da minha igreja dizem. É um ser humano que volvidos nos programas de tratamento de ho-
está ali e eu tenho que ter respeito e cuidado
mossexuais que motivaram os embates com o
com ele da mesma maneira. Se eu concordo ou
não concordo, são outros quinhentos. Eu acho que CFP. Este dado é profundamente esclarecedor
alguns colegas, infelizmente, entraram numa on- do quanto o investimento dos evangélicos na
da de que não é certo, não pode, Deus vai te cu- Psicologia comporta diferentes nuances e con-
rar... Eu acho que essa lei [sic] talvez tenha vin-
figurações, uma vez que aponta inclusive alto
do para dar certo contorno e a gente não sair por
aí como profissional fazendo o que quer que seja. grau de concordância com a Resolução CFP
Mas, por exemplo, quando essa lei diz que eu não 01/1999 – no que tange a seu repúdio à pato-
posso falar o que eu acredito, o que eu penso, logização da homossexualidade – porém dirige
acho que isso é complicado. (Elaine, entrevista
críticas à mesma Resolução.
pessoal, 17 de dezembro de 2012: Concordo par-
cialmente) Tais críticas se voltam especialmente ao arti-
Se a gente colocar isso no pessoal vs. profissional, go 4º, que determina que os psicólogos não
vamos lidar com a posição da Elisa, membro de podem pronunciar-se publicamente “de modo
igreja evangélica e da Elisa, psicóloga. Se eu sou
a reforçar os preconceitos sociais existentes
profissional, vou seguir meu Conselho, aquilo que
eu estudei e vou tentar manter a neutralidade e em relação aos homossexuais como portado-
toda a imparcialidade para com meu paciente. É res de qualquer desordem psíquica” (CFP,
uma escolha dele, não é patológico. E a gente vai 1999).
tentar ajudar até onde é possível. (Elisa, entre-
vista pessoal, 10 de dezembro de 2012: Concordo Outro argumento constantemente acessado se
parcialmente) referia à liberdade dos indivíduos com sofri-
Eu penso que não deve haver nenhum pressuposto mento psíquico serem atendidos. Entretanto,
de verdade. Só isso. Nem de que é certo nem de este direito não é cerceado pela Resolução do
que é errado. Ela [a Resolução] já situa a seguin-
CFP, como explicitam dois documentos do
te questão: se o terapeuta trabalhar a homosse-
xualidade como um problema (ou o nome que for) Conselho. O primeiro deles é o Ofício DIR-CFP
como algo negativo, esse modo de trabalhar será 1058/2000 enviado ao CPPC na época da pro-
questionado, porque você tem que trabalhar não mulgação da Resolução, o qual expressa:
como um problema, mas como uma opção natu-
ral, como uma orientação destituída de conflito. 2. Como está claro no texto da Resolução, ela não
(Emerson, entrevista pessoal, 11 de dezembro de deve servir para cercear o direito de ajuda para
2012: Concordo parcialmente) aqueles que livremente a procurem, independen-
temente da orientação sexual em que cada um
Dentre os entrevistados, somente Edmundo queira se conduzir. Aonde quer que encontre so-
discordou parcialmente da Resolução, seguin- frimento humano, o psicólogo buscará oferecer
colaboração no sentido de sua superação ou, ao
do a tendência geral das demais respostas:
menos, de sua minoração. Tal colaboração busca-
não defendendo a oferta de cura à homosse- rá, sempre que possível, se pautar pelo atendi-
xualidade, mas criticando a ação dos Conse- mento das expectativas do próprio usuário dos
lhos: serviços do psicólogo.

Então, o psicólogo não pode oferecer esse tipo de 3. Quanto aos pronunciamentos públicos dos psi-
ajuda, porque essa ajuda é (assim dizem) uma vi- cólogos, o recorte indicado na Resolução é o de
olência à liberdade, ao direito da pessoa. Ok, que não se faça apologia de atitudes discrimina-
mas uma coisa é perceber uma pessoa com um tórias e atentatórias à dignidade humana. A reso-
comportamento homossexual e (porque aquilo é lução preserva o direito de livre expressão de
uma questão para você), você tentar mudar aqui- ideias, inclusive a divulgação de experiências clí-
lo, porque você se incomoda com a opção da pes- nicas e dados de pesquisa que lancem novas luzes
soa. Outra coisa é você ser proibido de auxiliar sobre quaisquer assuntos, sempre atendendo às
uma pessoa que vê aquilo como uma questão e exigências típicas do debate científico (Ofício
que quer se desvincular daquilo e a pessoa está DIR-CFP 1058/2000 conforme citado por Corpo de
pedindo uma ajuda profissional e você está priva- Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), [s.d.]).
do de dar essa ajuda. (Edmundo, entrevista pes-
soal, 17 de dezembro de 2012: Discordo parcial- O segundo documento se trata de um comuni-
mente) cado público do CFP, emitido em 28 de feve-
reiro de 2012, no qual afirma que “a relação
Observa-se que para a maioria dos psicólogos dos indivíduos com o ‘sagrado’ pode ser anali-
evangélicos, há uma separação nítida entre os sada pela(o) psicóloga(o), nunca imposto por
sentidos que a homossexualidade adquire em ela(e) às pessoas com os quais trabalha”
seus ideários profissional (acolhimento, escu- (Conselho Federal de Psicologia, 2012). Tal
ta, respeito ao sentido trazido pelo cliente) e comunicado foi uma resposta ao Projeto de
religioso (prejudicial ao sujeito e qualitativa- Decreto Legislativo PDC 234/2011, conhecido
mente inferior à heterossexualidade). Muitos como o projeto da “cura gay”, que visava sus-
deles são críticos à postura dos psicólogos en-

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tar os artigos 3º e 4º da Resolução CFP mente, que tem valores de solidariedade ali con-
solidados, isto acaba influenciado na promoção
01/1999.
da saúde. Então, se a pessoa tem uma vivência
numa comunidade religiosa boa, saudável, eu en-
Religiosidade e promoção de saúde tendo que isto acaba promovendo a saúde neste
sentido: ela tem relacionamentos saudáveis ali
Por fim, indagou-se aos participantes se prá- dentro daquela comunidade e isto acaba fortale-
ticas religiosas têm influência na promoção de cendo o sistema imunológico dela. Muito melhor
saúde e em que grau, se comparadas com do que viver isolado. Mas o que falei se encaixa
também numa experiência de grupo numa comu-
práticas psicológicas. A opção pelo uso dos nidade não religiosa que tenha os mesmos valores
termos “práticas religiosas” e “práticas psico- humanos. (Estela, entrevista pessoal, 06 de de-
lógicas” objetivou uma designação abrangen- zembro de 2012: Sim, igual influência...)
te tanto dos diferentes recursos empregados Como a gente está cuidando de todos os lados,
pelas religiões quanto as diferentes técnicas e então ali, você tem a experiência de conheci-
instrumentos de atuação da Psicologia. Em mento técnico para você falar com legitimidade a
respeito de uma patologia, da necessidade de fa-
que pese a possível imprecisão destes termos zer um tratamento, de participar de um grupo,
“guarda-chuva”, sua utilização visava à inves- de dar todas as orientações de um psicólogo e vo-
tigação da significação atribuída pelos psicó- cê tem a oportunidade de estar dentro de um
logos evangélicos ao potencial dos recursos grupo, que está tanto amparado por uma crença,
mas ao mesmo tempo passam conflitos emocio-
religiosos para a saúde e o bem-estar huma- nais. (Elisa, entrevista pessoal, 10 de dezembro
nos, bem como sua comparação com a signifi- de 2012: Sim, igual...)
cação atribuída ao potencial dos recursos da
Psicologia. Por sua vez, Elaine, Edmundo e Emerson atri-
buíram maior influência às práticas religiosas,
Assim, observa-se (Tabela 7) a quase totali- argumentando que o saber científico possui
dade (92,3%) dos participantes responderam limites e que o mesmo deveria se aliar a prá-
que as práticas religiosas têm influência na ticas culturais (incluindo as religiosas) para a
promoção de saúde. Em termos de compara- promoção da saúde:
ção, a maior parte (50%) igualou a influência
Acho que as duas caminham em paralelo. Acho
das práticas religiosas e psicológicas, seguida que a espiritualidade funciona um monte na
dos que identificaram influência maior (24%) questão da saúde. As pesquisas apontam para is-
e menor (18,3%) das práticas religiosas. so: que quando a gente tem essa espiritualidade,
quando tem fé, quando a gente ora, existem mais
chances, possibilidades de uma cura ou um bem-
estar. (...) Em alguns momentos que a medicina e
Práticas religiosas têm influência na a psicologia batem no teto, aí só a espiritualida-
N %
promoção de saúde? de. Por isso, eu disse que “mais”. (Elaine, entre-
Sim, mais que as práticas psicológicas 25 24,0 vista pessoal, 17 de dezembro de 2012: Sim, mai-
or influência)
Sim, igual às práticas psicológicas 52 50,0
A espiritualidade cristã, tal como eu a vejo, ela
Sim, menos que práticas psicológicas 19 18,3 tem como foco o ser humano como um todo. Par-
tindo desse princípio, eu acredito que a fé tem
Não têm influência 2 1,9 um poder terapêutico e um alcance maior que a
Não respondeu 6 5,8 terapia. Além do que na prática, há muito mais
gente em comunidades de fé do que em consultó-
Total 104 100,0 rios terapêuticos. (Edmundo, entrevista pessoal,
17 de dezembro de 2012: Sim, maior influência)

Tabela 7. Opinião sobre a influência de práticas Eu diria que as práticas culturais tenham uma ca-
religiosas na promoção de saúde pacidade de produção de saúde maior do que as
práticas psicológicas, dada a sua abrangência so-
cial muito mais ampla. (...) Quem produz saúde
Para Estela e para Elisa, ambas as práticas na coletividade são as práticas de cultura: as mú-
possuem igual influência. O potencial tera- sicas, as danças, os esportes, as religiões. A Psi-
cologia deve ajudar a irradiar saberes para esses
pêutico das comunidades religiosas se deve ao segmentos. Incluindo a religião. (...) Faz-se ne-
estabelecimento de relacionamentos e ao cessário o dialogo da Psicologia com a fé não co-
sentimento de pertença a um grupo, o que mo quem aborda a fé a partir da Psicologia, mas
pode também ser encontrado em outras co- como quem também tenta entender a fé, a partir
de quem tem a fé. (Emerson, entrevista pessoal,
munidades não religiosas: 11 de dezembro de 2012: Sim, maior influência)
Quando o sujeito está inserido numa comunidade
religiosa em que os sujeitos se ajudam mutua-

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“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em Psicologia no Brasil 85

Em síntese, os dados coletados indicam que pode se tornar a objetivação de uma catego-
os psicólogos evangélicos fornecem grande ria denominada “psicólogos evangélicos”.
importância à religiosidade no bem-estar e na Percebemos que o universo dos sujeitos que
promoção da saúde individual, por vezes su- possuem esta dupla pertença é, de fato, abso-
perior à das práticas psicológicas. Tal percep- lutamente heterogêneo, o que reforça a pers-
ção de importância das práticas religiosas não pectiva de que a utilização de discursos ho-
pressupõe necessariamente a existência de mogeneizantes e generalizados para se referir
iniciativas de sua articulação com atuação em aos “psicólogos evangélicos” é temerário, ex-
psicologia. Ela deriva ora do estabelecimento cludente e não corresponde à realidade.
de relacionamentos interpessoais dentro des-
Entretanto, nossa investigação nos permite
tas comunidades religiosas, bem como do
também concluir que em geral o discurso de
“poder da fé” no estabelecimento de saúde
nossos participantes no que tange à influência
física e emocional. Estas concepções estão de
(ou não) de ambos os sistemas discursivos – da
acordo com diversos estudos nas ciências da
fé evangélica e da disciplina psicológica – é
saúde que indicam que a religião oferece ao
ambivalente. Entre os que relatam a total in-
indivíduo suporte (tanto pessoal quanto soci-
fluência da religiosidade e os que afirmam
al) para o enfrentamento de doenças (Paiva,
uma neutralidade estrita (dois extremos, pró-
1998), além de conferir significação ao sofri-
ximos de tipos ideais), a maioria se encontra
mento (Murakami & Campos, 2012).
“no meio”, distribuída em um espectro com
Além destes fatores, outra via de interpreta- diversas posições ambivalentes que se apro-
ção privilegia a capilaridade que as comuni- ximam ora de um extremo, ora de outro. Isto
dades religiosas possuem no seio da socieda- é evidenciado pelo fato de a maior parte das
de, especialmente nas camadas populares, respostas ao questionário apresentarem maior
comumente deficitárias na oferta pública de frequência nas categorias intermediárias
serviços de saúde. Nestas camadas, as igrejas (Concordo parcialmente ou equivalentes).
evangélicas (especialmente as neopentecos-
Reconhece-se a indissociabilidade entre a vi-
tais) possuem grande penetração, com discur-
são de mundo influenciada pela religião e a
so fortemente marcado pela resolução de
prática profissional, assim como a utilidade
problemas individuais, como a cura e a “liber-
que o psicólogo evangélico pode ter em atua-
tação” (Cerqueira-Santos, Koller & Pereira,
ções no espaço eclesiástico. Tais constatações
2004).
são, entretanto, afirmadas com cuidado e
Ambas as interpretações apontam que a psi- acompanhadas de outros condicionantes, co-
cologia e a religiosidade comungam temáticas mo: a necessidade ética de suspensão do juí-
muito próximas, no que se refere à sua parti- zo, a fim de que a visão religiosa do terapeu-
cipação no processo saúde-adoecimento e que ta não seja imposta ao cliente; a irrelevância
aproximações entre ambas tendem a ser be- da pertença religiosa do terapeuta para que
néficas para os pacientes (Peres, Simão & um paciente cristão se beneficie da psicote-
Nasello, 2007). rapia; e até mesmo, a crítica à postura de al-
guns colegas (de fé e de profissão), no tocan-
te à forma como a articulação entre os dis-
Considerações Finais cursos é feita.
Diferentes caminhos poderiam ser adotados Novamente ressaltamos que se, por um lado,
para o estudo do investimento evangélico na as conclusões deste trabalho têm suas limita-
Psicologia. Nossa opção foi a análise da pers- ções quanto à possibilidade de generalização
pectiva e do discurso dos próprios atores en- estatística dos resultados, por outro lado, os
volvidos (seja direta ou indiretamente, por resultados obtidos contribuem para a descri-
conta de sua dupla pertença) nos embates ção dos discursos dos psicólogos de confissão
que apresentamos: os psicólogos evangélicos. evangélica – e permitem localizar a existência
Tal escolha se justifica, pois nos pareceu ne- de circuitos específicos em que observamos a
cessário aprofundar o olhar sobre estes sujei- relação entre fé evangélica e atuação em Psi-
tos, constantemente alvo de desconfiança so- cologia.
bre seu fazer.
Assim, entendemos que este trabalho traz
A primeira e básica consideração que conclu- uma importante contribuição à literatura psi-
ímos de nossos resultados é o quão impreciso

Quaderns de Psicologia | 2018, Vol. 20, No 1, 75-88


86 Degani-Carneiro, Filipe

cológica, uma vez que nossa pesquisa verifi- por uma conciliação entre as exigências da
cou a ocorrência de alguns fatos que eram profissão de psicólogo (em seus pressupostos
tomados como hipótese, oriunda de dados técnicos e éticos) e a religiosidade evangélica
impressionistas sobre o campo pesquisado, a (a obediência à Bíblia e aos preceitos de fé),
saber, a grande demanda evangélica pela isto é, como ser um bom psicólogo sem deixar
atuação do psicólogo – seja em atividades de ser um bom cristão – ou seria o contrário?
eclesiásticas, seja para a psicoterapia – bem
No entanto, a categoria dos psicólogos nas úl-
como a especificidade de que este psicólogo
timas décadas alcançou a compreensão de
comungue da mesma fé, o que é um fato al-
que a Psicologia, como as demais práticas re-
tamente decisivo para a credibilidade e re-
ferentes ao humano, não existe enquanto dis-
cepção de seu discurso.
curso universal, senão como práticas constitu-
Chama a atenção os dados referentes às con- ídas socialmente e histórica e culturalmente
cepções sobre a homossexualidade e a Reso- localizadas. Além desta compreensão, possi-
lução CFP 01/1999 (Conselho Federal de Psi- velmente um maior conhecimento tanto sobre
cologia, 1999). Observa-se um alto grau de o “passado religioso” da Psicologia (como sua
concordância com o discurso veiculado pelo trajetória histórica no Brasil e em outros con-
Sistema Conselhos, ainda que também seja al- textos nacionais explicita muito bem), quanto
ta a discordância com as estratégias por ele sobre o próprio universo das religiões (temáti-
empreendidas. Ao mesmo tempo em que se ca em geral proscrita dos currículos de forma-
reconhece a inadequação em patologizar os ção de psicólogo) auxiliaria o estabelecimento
sujeitos homossexuais e se critica os psicólo- de um novo olhar para os processos subjetivos
gos que oferecem terapia para reorientação envolvidos nas experiências de fé e das religi-
sexual (uma tentativa de diferenciar-se deles, ões institucionalizadas que fosse além do me-
talvez?), critica-se também os Conselhos pela ro uso radical da retórica sobre a “laicidade
adoção de estratégias qualificadas como re- da Psicologia”.
pressivas e parciais.
Nossa investigação lança luz sobre um assunto
Desta forma, percebemos que nosso grupo de pouco explorado pela literatura, porém apon-
“psicólogos evangélicos” participantes são, ta para outras questões, dignas de estudos
acima de tudo, “psicólogos”, isto é, no que posteriores, às quais podem esclarecer ainda
tange ao exercício profissional, o pertenci- mais a temática aqui estudada. Por exemplo,
mento à Psicologia predomina sobre seu per- estudos comparativos sobre psicólogos de ou-
tencimento religioso. Sua especificidade está tras confissões religiosas, bem como aqueles
na mediação feita entre dois sistemas discur- que atuam com práticas esotéricas e holísti-
sivos estruturantes de sua visão de mundo, a cas. Qual o sentido que estas práticas religio-
qual, por vezes, os leva a realizarem (seja em sas ou holísticas assumem na prática profissi-
nível cognitivo, pessoal, ou mesmo, em nível onal destes psicólogos?
social) uma apropriação do saber psicológico
Por fim, a análise aqui desenvolvida aponta
em um determinado contexto cultural. Cabe a
para a existência de um núcleo comum entre
questão se haveria aqui grandes diferenças
os sistemas discursivos da Psicologia e da reli-
qualitativas com demais apropriações da Psi-
gião evangélica que gera neste segmento reli-
cologia por outros grupos sociais.
gioso o interesse pela apropriação do conhe-
Tais conciliações entre ciência e fé por parte cimento e prática psicológicos. Tal fato impõe
dos psicólogos evangélicos não são algo ime- a necessidade de reflexão sobre esta articula-
diato ou que ocorra sem conflitos para os ção entre religião e atuação profissional, não
próprios sujeitos implicados. Ao contrário, ob- apenas para a definição do que é legítimo, do
servamos tanto na ambivalência das justifica- ponto de vista técnico e ético, na atuação
tivas sobre a articulação entre concepções re- deste profissionais, como também visando à
ligiosas e perspectivas teórico-profissionais, importância que o debate sobre religiosidade,
quanto nas próprias divergências observadas laicidade e Psicologia possui no processo polí-
entre as respostas, que este processo de arti- tico-social de luta pela garantia efetiva do
culação é fluido e muito difícil de ser delimi- respeito aos direitos humanos na sociedade
tado rigidamente. Parece que há para estes brasileira contemporânea.
sujeitos de dupla pertença – psicólogos evan-
gélicos – um questionamento que leva à busca

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“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em Psicologia no Brasil 87

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FILIPE DEGANI-CARNEIRO
Doutor em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde também é
pesquisador do Clio-Psyché – Laboratório de História e Memória da Psicologia. É também professor do
curso de Psicologia do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM).

DIRECCIÓN DE CONTACTO
filipe.degani@gmail.com

FORMATO DE CITACIÓN
Degani-Carneiro, Filipe (2018).“Psicólogos evangélicos”: religiosidade e atuação profissional em Psico-
logia no Brasil. Quaderns de Psicologia, 20(1), 75-88. http://dx.doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1427

HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 19/08/2017
1ª Revisión: 31/10/2017
Aceptado: 22/12/2017

http://quadernsdepsicologia.cat

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