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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Apresentação
Resistência pacífica, mas não passiva contra as injustiças.
(Mahatma Gandhi)

O XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL – 2019 se realizará


na Universidade Estadual de Londrina entre os dias 05 a 07 de agosto de 2019 e tem por
tema Linguagem e Literatura: Modos de existir e resistir. Em tempos obscuros, como os
que estamos enfrentando, quando testemunhamos diariamente os ataques às universidades
públicas em comentários depreciativos, investidas contra a sua autonomia e liberdade, cortes
de investimentos, perseguição de dirigentes e cerceamento à liberdade de expressão de
professores, esta edição do SELISIGNO afirma sua crença de que o papel da universidade
continua sendo o de – na produção de conhecimento e formação de profissionais – promover o
debate, abraçar a pluralidade e defender a democracia, de constituir, portanto, resistência a
esse contexto a cada dia mais hostil a tais valores. O evento buscará incitar reflexões que vão
do âmbito linguístico, literário, social, cultural, até questões de ordem político-econômica,
histórica e ética, e da situação atual das pesquisas nas áreas de Linguística, Letras, Artes e
Ciências Humanas. Como espaço de divulgação de pesquisas, o XI SELISIGNO E XII
SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL – 2019 conta com Simpósios Temáticos que acolherão
a apresentação de comunicações de professores universitários, professores da educação básica
e institutos de idiomas, alunos de graduação e de pós-graduação, pertinentes aos vários temas
contemplados pelas áreas de Linguística, Letras, Artes e Ciências Humanas, representando,
assim, uma oportunidade de encontros, interrelações e investigações. Seu objetivo
é possibilitar reflexões e discussões acerca de conhecimento teórico-prático para a formação
de pesquisadores.
As conferências e minicursos/oficinas reunirão pesquisadores empenhados em desenvolver
reflexões críticas sobre o tema geral do evento, com foco nas diferentes interfaces que o
tema Linguagem e Literatura: Modos de existir e resistir suscita.
Esperamos contemplar as expectativas dos participantes que o evento sempre
despertou em todas as suas edições e desejamos sucesso nas apresentações de trabalho e muita
aprendizagem compartilhada!

Pedras… elas vem de todas as direções!


E aquele papo de fazer castelo
É mentira, moça!
Elas vão te machucar
E vai doer, vai doer mesmo.
A pouca fé vai ser testada.
Ah… mas você vai resistir.
[…]
Se eles tem pedras, você tem muralha!
Se eles tem hoje, você tem o infinito e além.
Mah Leone (Slam Resistência)

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 2


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PROGRAMAÇÃO
5 de agosto Atividade
8h – 12h Oficinas
14h – 18h20 Simpósios e comunicações individuais
Apresentação artística Grupo Vocal Canto da
19h – 19h15 Lira
19h15 – 19h30 Abertura oficial
Conferência de abertura:
19h30 – 21h “Comunidades aleatórias de leitura”

6 de agosto Atividade
8h – 12h Oficinas

14h – 18h20 Simpósios e comunicações individuais

18h30 – 19h Lançamento de livros

Palestra:
19h15 – 21h “A formação do leitor: das Propostas Curriculares à BNCC”

7 de agosto Atividade
8h – 12h Oficinas

14h – 18h20 Simpósios e comunicações individuais

18h30 – 19h Lançamento de livros

Conferência de encerramento:
19h15 – 21h “A verdade acima de tudo”

OBSERVAÇÃO:
Para encontrar um autor ou trabalho, utilizar CTRL + L.

Organização e Editoração do Caderno de resumos de Letícia J. Storto.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 3


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

SUMÁRIO
Simpósio 1: POESIA, LUGAR DE FALA E ESCUTA ...........................................................................................6
Coordenador: Sandro Adriano da Silva ....................................................................................................................6

Simpósio 2: ESTUDOS DE POESIA .......................................................................................................................8


Coordenador: Miguel Heitor Braga Vieira ...............................................................................................................8

Simpósio 3: REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS E RESISTÊNCIA NA LITERATURA ............................. 10


Coordenadoras: Nelci Alves Coelho Silvestre e Maria Carolina de Godoy ........................................................... 10

Simpósio 4: REPRESENTAÇÕES ESTÉTICAS E TEMÁTICAS NA FICÇÃO DE AUTORIA FEMININA.... 17


Coordenadoras: Marly Catarina Soares e Wilma dos Santos Coqueiro .................................................................. 17

Simpósio 5: EXPERIÊNCIA MODERNA E RESISTÊNCIA ............................................................................... 21


Coordenadora: Cláudia Rio Doce ........................................................................................................................... 21

Simpósio 6 .............................................................................................................................................................. 25

Simpósio 7 .............................................................................................................................................................. 25

Simpósio 8: PENA DE MORTE: O DIREITO E A LITERATURA ..................................................................... 25


Coordenadoras: Márcia Teshima e Lilian M. Yamamoto ...................................................................................... 25

Simpósio 9: ESTRATÉGIAS DE REENCANTAMENTO OU RECRIAÇÃO DO MUNDO: O TERROR, O


HORROR, A LOUCURA E O ABSURDO ........................................................................................................... 28
Coordenador: Valter do Carmo Moreira................................................................................................................. 28

Simpósio 10: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: MODOS DE EXISTIR E RESISTIR ...................................... 33


Coordenadoras: Maria Isabel Borges e Célia Dias dos Santos ............................................................................... 33

Simpósio 11: REPRESENTAÇÕES DAS RELAÇÕES DE GÊNERO EM CONTOS DE AUTORIA FEMININA


................................................................................................................................................................................ 38
Coordenadora: Suely Leite ..................................................................................................................................... 38

Simpósio 12: LITERATURA E RESISTÊNCIA: LEITURA, ESCOLA E DEMOCRACIA ............................... 40


Coordenadora: Sheila Oliveira Lima ...................................................................................................................... 40

Simpósio 13: ENSINAR E APRENDER LITERATURA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO


PLURALISTA E MULTIMODAL ........................................................................................................................ 45
Coordenadoras: Fernanda Machado Brener e Natália Barros da Silva Gomes ...................................................... 45

Simpósio 14: LINGUAGEM E LITERATURA: SOCIALIZAÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE


CONTEMPLEM LETRAMENTOS DIGITAIS .................................................................................................... 47
Coordenadoras: Adriana Giarola Ferraz Figueiredo e Eliza Adriana Sheuer Nantes ............................................. 47

Simpósio 15: LINGUAGEM, LEITURA E LITERATURA: (MULTI)LETRAMENTO E CONSTRUÇÃO DE


SENTIDOS............................................................................................................................................................. 49
Coordenadores: Ernani Cesar de Freitas e Feevale Luis Henrique Boaventura ..................................................... 49

Simpósio 16: EM BUSCA DE UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO I .............................................................. 52


Coordenadoras: Fabiane Cristina Altino e Juliana Fogaça Sanches Simm ............................................................ 52

Simpósio 17: EM BUSCA DE UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO II............................................................. 55

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 4


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Coordenadores: Flávio Brandão Silva e Joyce Elaine de Almeida Baronas ........................................................... 55

Simpósio 18: A ESCRITA COLABORATIVA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E NO ENSINO SUPERIOR .......... 57


Coordenadoras: Eliana Maria Severino Donaio Ruiz e Bruna Carolini Barbosa ................................................... 57

Simpósio 19: PRODUÇÃO DE TEXTO COMO ESPAÇO DE RESISTÊNCIA E AUTORIA Coordenador:


Flávio Luis Freire Rodrigues .................................................................................................................................. 61

Simpósio 20: PRÁTICAS DE ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR: REFLEXÕES PLURAIS .......................... 64


Coordenadores: Cristiane Carneiro Capristano e Pedro Augusto Pereira Brito ..................................................... 64

Simpósio 21: DIALOGISMO E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: O DISCURSO MULTIFACETADO NO


CENTRO DAS ABORDAGENS ........................................................................................................................... 65
Coordenadoras: Adriana Beloti e Adriana Delmira Mendes Polato ....................................................................... 65

Simpósio 22: FORMAÇÃO DE PROFESSORE(A)S E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA:


LETRAMENTOS PARA EXISTIR E RESISTIR ................................................................................................. 71
Coodenadores: Ana Lúcia de Campos Almeida e Paulo Roberto Almeida ............................................................ 71

Simpósio 23: SEQUÊNCIA DIDÁTICA: INSTRUMENTO MEDIADOR DO ENSINO E FORMAÇÃO DE


PROFESSORES DE LÍNGUAS ............................................................................................................................ 76
Coordenadoras: Vera Lúcia Lopes Cristovão e Paula Kracker Francescon ........................................................... 76

Simpósio 24 ............................................................................................................................................................ 78

Simpósio 25: DIÁLOGOS SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS


ESTRANGEIRAS/ADICIONAIS SOB O PRISMA TEÓRICO-PRÁTICO ......................................................... 79
Coordenadoras: Cláudia Cristina Ferreira e Adja Balbino de Amorim Barbieri Durão ......................................... 79

Simpósio 26: OBJETOS CRÍTICOS EM FORMAÇĀO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS


................................................................................................................................................................................ 83
Coordenadoras: Simone Reis e Juliane D’Almas ................................................................................................... 83

Simpósio 27: NOVOS DESDOBRAMENTOS DAS PESQUISAS EM ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO ........ 86


Coordenadoras: Vanessa Hagemeyer Burgo e Letícia Jovelina Storto................................................................... 86

Simpósio 28: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO: INTERFACE ENTRE A LINGUÍSTICA


TEXTUAL E AS DIFERENTES SEMÂNTICAS ................................................................................................. 90
Coordenadora: Isabel Cristina Cordeiro ................................................................................................................. 90

Simpósio 29: DISCURSO DA MÍDIA: SENTIDOS E RESISTÊNCIA ............................................................... 95


Coordenadoras: Esther Gomes de Oliveira e Rosemeri Passos Baltazar Machado ................................................ 95

Simpósio 30: AS PRÁTICAS DISCURSIVAS COMO FORMA DE RESISTÊNCIA: MECANISMOS EM


(DIS)CURSO ....................................................................................................................................................... 100
Coordenadoras: Marcieli Cristina Coelho e Maraisa Daiana da Silva.................................................................. 100

Simpósio 31: REPENSANDO A GRAMÁTICA NA LINGUÍSTICA ................................................................ 105


Coordenadores: Maria José Guerra e Marcelo Silveira ........................................................................................ 105

Simpósio 32: TRADUÇÃO E RELAÇÕES INTERARTES NA CONTEMPORANEIDADE ........................... 107


Coordenadores: Mirian Ruffini e Wellington R. Fioruci ...................................................................................... 107

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 1: POESIA, LUGAR DE FALA E ESCUTA


Coordenador: Sandro Adriano da Silva

“E BEBENDO, VIDA, RECUSAMOS O SÓLIDO”. POESIA E IMAGINÁRIO EM


ALCÓOLICAS, DE HILDA HILST
Sandro Adriano da Silva (UFSC/ UNESPAR)
profsandrounespar@gmail.com
RESUMO
A comunicação passa em revista a obra Alcoólicas (1989), de Hilda Hilst, sondando sua constituição
poética como vias de acesso à imaginação simbólica do elemento água. A arquitetônica do poema e o
imaginário fundem-se na captação e expressão da experiência de um sujeito poético solitário que
margeia sentidos de dissolvência pela embriaguez da subjetividade lírica diante do imponderável
existir. E ainda assim celebra a Vida. É nessa faixa criadora que se situa Alcoólicas, cujos poemas
afirmam-se na ubiquidade do arquétipo água – desde sempre apontado como arké, fonte ou origem da
vida e da morte – que os nutre no essencial, violento e ambíguo confluir da atividade imaginante da
poeta.

IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA: AS DUAS FACETAS DO AMOR EXPRESSO EM


“ARROJOS” E “A DÉBIL”, DE CESÁRIO VERDE
Weslei Chaleghi de Melo (UEL/UTFPR)
weslei@alunos.utfpr.edu.br
Lucas dos Santos Lavisio
RESUMO
Esta comunicação analisa e interpreta os poemas “Arrojos” e “A débil”, que compõem a obra O livro
(1987/1987), de Cesário Verde, explorando a projeção das duas facetas do amor romântico: a
imanência e a transcendência. Na primeira, o eu lírico desvenda o amor como expressão do idealismo
platônico; já na segunda, a temática amorosa comporta uma representação materialista. Visando
subsidiar a fundamentação teórica e recepcional, este trabalho pauta-se em Carter (1989), Castro
(1990), Moisés (1972), que tratam dos rastros do romantismo português na obra verdeana e em
Friedrich (1978), no que concerne à constituição da lírica moderna.

NA “DOLORIDA MEMÓRIA”: UMA ANÁLISE DO EU LÍRICO NEGRO NO POEMA


“A NOITE NÃO ADORMECE NOS OLHOS DAS MULHERES”,
DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Pedro Henrique Braz
pedro.braz@hotmail.com
Wilma dos Santos Coqueiro(UNESPAR)
wilmacoqueiro@gmail.com
RESUMO
Na produção poética de Conceição Evaristo acentua-se um eu lírico feminino negro constituído de uma
corporeidade ancestral, resistente e lírica. Por ela, a autora conquista o lugar de fala e a emancipação
identitária da mulher negra, silenciada por preconceitos e estereótipos que emergiram na sociedade
brasileira, de base patriarcal e escravocrata, reverberando na literatura por décadas. Em Poemas da
Recordação e Outros Movimentos (2017), o eu lírico de Conceição Evaristo expressa diferentes
questões étnicos-raciais, especialmente, em relação às mulheres negras brasileiras. Com esta
comunicação, objetiva-se uma análise do poema “A noite não adormece nos olhos das mulheres”, que
integra a mencionada obra, apresentando as relações entre as configurações estéticas e as demandas
sociais, que possibilitam entrever no poema um posicionamento subjetivo quanto à memória histórica
e as reflexões de um eu lírico que se assume em sua identidade e ancestralidade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 6


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PROSA E VERSO: QUESTÕES FEMININAS CONTEMPORÂENAS


DE ADRIANA LISBOA

Ana Maria Soares Zukoski (UNESPAR/UEM)


aninha_zukoski@hotmail.com
André Eduardo Tardivo (UNESPAR/UEM)
tardivo.andre@gmail.com
RESUMO
A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma leitura interpretativa acerca da representação
feminina atrelada às discussões sobre a modernidade líquida na obra de Adriana Lisboa. A metáfora da
liquidez criada pelo sociólogo polonês para retratar a contemporaneidade manifesta-se no
comportamento da protagonista Alex e nos discursos sobre amor, violência e alteridade e suas
representações no romance Hanói (2013) e no poema “Neste mesmo mundo”, que integra a obra Parte
da Paisagem, publicada em 2014, os quais tratam da relação personagem-processo de criação. Ao
mesmo tempo, as obras propiciam discussões sobre o papel da mulher em sociedade na medida em que
encaminham reflexões sobre valores e práticas que balizam a desconstrução de paradigmas, o colapso
de verdades e certezas. Indicam, também, a provisoriedade e liquidez como moeda de troca da
experiência sensível do contemporâneo. Como escopo teórico para nossa leitura ancoramo-nos em
Bauman (2007), Hall (2011), Perrone-Moisés (2016), entre outros.

RÉQUIEM PARA UM ROMANCE: MEMÓRIA, PERDA E LIRICIDADE EM


ELEGIA DO IRMÃO, DE JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA

Sandro Adriano da Silva (UFSC/UNESPAR)


profsandrounespar@gmail.com

RESUMO
A comunicação lança um olhar sobre o romance Elegia do irmão (2019), de João Anzanello
Carrascoza, a partir das imagens que permeiam a memória, acionada pelo pathos da perda
transfigurada no vigor de uma linguagem que se constitui densa, lírica e melancólica. Dividido em
duas partes, “Um pouco antes” e “Um pouco depois”, o romance é a narrativa da vida de Mara, jovem
diagnosticada com doença fatal, a partir das memórias afetivas de seu irmão, o narrador autodiegético.
O título do romance remete ao gênero elegia, uma forma poética de tributo ao luto, o que já deixa
entrever toda uma hibridização com o gênero poético que se dará, tanto no tratamento da linguagem
quanto na própria arquitetônica da obra, com a inserção do que poderíamos designar de capítulo-
poema e constituindo um romance elegíaco.

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 2: ESTUDOS DE POESIA


Coordenador: Miguel Heitor Braga Vieira

O MITO DO HERÓI DA PERSONAGEM JESUS CRISTO EM QUINTA-FEIRA SANTA, DE


JOSÉ RÉGIO

Rafael Carlos dos Santos (UEM)


rafaeleducares@gmail.com
RESUMO
Ao propor-se pesquisar de forma breve o mito na poesia e sua história, podemos constatar a grande
importância que o assunto traz para a evolução do homem e a construção da sociedade em que vive.
Todos os períodos da história da humanidade foram eternizados por palavras, que nas escritas de
grandes poetas e escritores tem o objetivo e finalidade de proporcionar prazer ou também como livre
forma de manifestar seus desejos, anseios, angústias, dores e amores num dado momento de vida
desses criadores. Dentre esses momentos, elegemos José Régio, um dos maiores autores da Literatura
Portuguesa, que enfoca em suas obras conflitos internos naturais da existência humana. Dentro dessa
perspectiva, optamos trabalhar o poema Quinta-Feira Santa, onde o objetivo de nossa pesquisa é
analisar o mito do herói da personagem Jesus Cristo. A obra além de despertar o prazer de ler, serve
também para envolver o leitor através de indagações internas sobre o assunto, ou seja, o homem que
age por impulsivos na condição de julgar e o homem que demonstra seu lado de misericórdia e
arrependimento.

Palavras-chave: Mito; Poesia; Sociedade.

O PODER DA POESIA HUMANIZADORA DE SÉRGIO VAZ NA SALA DE AULA:


PROPOSTA METODOLÓGICA À LUZ DA MULTIMODALIDADE NO ENSINO MÉDIO

Caio Vitor Marques Miranda (UNESPAR – Apucarana)


caiomiranda91@hotmail.com

RESUMO
No que tange ao ensino de Literatura, muitos são os percalços encontrados pelo professor. A nova
geração de alunos, seja na escola pública, seja na privada, não se sente atraída pelos textos literários
dos livros didáticos e não tem o hábito de ler cotidianamente. Os interesses, cada vez mais, são outros,
e, aos poucos, a literatura perde lugar e seu espaço na vida dos jovens. Assim, humanizá-los – como
idealizava Antonio Candido (1972) – através de contos e poemas é um dos novos desafios do professor
do século XXI. Nesse sentido, objetivamos apresentar o projeto literário implementado no contexto
escolar na série final do fundamental 2 e no ensino médio, o qual abordou poetas da periferia,
marginalizados pelos cânones, como o autor paulista Sérgio Vaz, à luz da multimodalidade. Espera-se
com esta proposta despertar o interesse e a atenção do leitor, provocando sensações que fomentam a
curiosidade e o desejo insaciável de leitura. Como aporte teórico, pautamo-nos nas ideias de Almeida
(2012), Cosson (2010), Maia (2001), Buzen e Mendonça (2013), Rojo (2010), alguns dos principais
autores renomados nessa área de conhecimento.

Palavras-chave: Sergio Vaz; Poesia; Literatura e ensino.

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

OS DEUSES SÃO UMA FUNÇÃO DO ESTILO, LITERATURA E PENSAMENTO NO LIVRO


DO DESASSOSSEGO
Diego Giménez (Universidade de Coimbra)
dgimenezdm@gmail.com
RESUMO
No número 20 da revista Colóquio Letras, Benedito Nunes alertava, num artigo intitulado “Poesia e
Filosofia na Obra de Fernando Pessoa”, que, no que diz respeito à relação entre pensamento e literatura
na obra de Fernando Pessoa, não fazia sentido a polarização, dada conta a obliquidade entre géneros da
escrita do português. Na presente comunicação pretendemos analisar o processo de escrita no Livro do
Desassossego seguindo a sugestão de Paul Valéry e Jacques Derrida que apelam a considerar a
filosofia como género literário.
Palavras-chave: Fernando Pessoa; Literatura; Pensamento.

POESIA E ENUNCIAÇÃO
André Morin Carneiro (UEL)
andremorim@hotmail.com
Guilherme José Franzon Schürmann (UEL)
franzonschurmann@gmail.com
RESUMO
Esta comunicação faz parte do Projeto Cadernos de Teorias da Linguagem do Centro de Ciências
Humanas da Universidade Estadual de Londrina. Este trabalho tem como objetivo a proposta de
integração da linguística na análise literária, utilizando dos conhecimentos teóricos dessa ciência para
uma leitura mais completa da obra e concebendo que devem ser englobados na análise também os
aspectos sintáticos, semânticos, morfológicos e fonológicos. Para exemplificar essa proposta,
escolhemos trabalhar o poema “Adiado o tempo para amar”, do autor cabo verdiano Ovídio Martins,
que faz parte de uma literatura africana muito rica, a qual tem uma forma muito interessante de
construção do sentido e sonoridade do poema. Como método faremos uma análise trabalhando a
questão dos dêiticos em Benveniste, verificando no texto as marcas de pessoa, espaço e tempo, para
elucidar assim a posição do enunciador na construção do poema e o jogo de vozes que ali se
estabelece.
Palavras-chave: Enunciação; Análise literária; Benveniste.

SEM ‘PROPÓSITOS AUTOPSIANOS’: O IMPULSO DA MORTE SOBRE A ESCRITA DE


ANA CRISTINA CESAR
Ana Carla da Silva Lima (UEL)
anacsslima@gmail.com
RESUMO
Frequentemente fadada a categorizações precipitadas – ainda que justificáveis, Ana Cristina Cesar
ultrapassa estigmas. Ao desmontar a aura suicida e se desprender do movimento marginal, a poesia de
Ana C. é única e uma das mais importantes da literatura brasileira. Sob atenção da crítica desde os
anos 80 e com uma popularidade crescente entre os acadêmicos, os trabalhos que envolvem a poetisa
são numerosos e abordam diversas temáticas. Entretanto, atrevemo-nos a propor um movimento
distribuído por sua obra: o impulso constante da morte e sua relação com a escrita. Assim, utilizaremos
teóricos fundamentais para os estudos da poesia e da poesia moderna também, como Paz (2012),
Hamburger (2013) e Friedrich (1978), além da fortuna crítica específica à lírica de Ana C., como
Camargo (2003) e Malufe (2005). Com isso, pretendemos apresentar reflexões iniciais acerca do tema
e como ele se manifesta em sua obra (estamos lidando, nesse caso, com sua produção reunida em
Poética, de 2013) juntamente com o cotejo e exemplificação a partir dos poemas.
Palavras-chave: Escrita; Morte; Ana Cristina Cesar.

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Simpósio 3: REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS E RESISTÊNCIA NA


LITERATURA
Coordenadoras: Nelci Alves Coelho Silvestre e Maria Carolina de Godoy

“EU NÃO PAREÇO COM VOCÊ”: A LITERATURA NEGRA SOB O VIÉS DA RUPTURA
COM A TRADIÇÃO COLONIAL

Marcele Aires Franceschini (UEL/UEM)


maraires2@gmail.com
RESUMO
Propõe-se a discussão, sobretudo a partir de Adichie (2009), Fanon (1963, 1986), Mata (2007, 2014),
Cabral (2013) e Mbembe (2001, 2014), de como a literatura colonial e a pós-colonial traçaram/traçam
seus caminhos no trajeto Atlântico. A proposta metodológica é buscar a ruptura com a tradição nas
produções literárias regidas pela dominância de Portugal. Somaram-se à análise os poema “Malungo,
brother, irmão”, da mineira Conceição Evaristo, “Quem tá gemendo?”, do pernambucano Solano
Trindade e “Surge et ambula!”, do moçambicano Rui de Noronha. A análise literária é aqui amparada
pelo texto manifesto “Literatura Negra Brasileira” (1985), de Cuti, que confronta novas abordagens à
Literatura Comparada em lugar das cultivadas pelo ranço colonial. Importa estabelecer
questionamentos sobre como o pós-colonialismo instaura suas bases e como renasce e se reconfigura,
permanentemente, sem criar absolutismos, diante de discursos heterogêneos e que clamam pela
experiência inerente à cada realidade vivenciada, distantes do modelo imposto pelas forças
ideológicas, econômicas e políticas do dominador.

Palavras-chave: Literatura negra; Ruptura; Dívida histórica.

A IDENTIDADE MARGINAL PERIFÉRICA EM O SOL NA CABEÇA,


DE GEOVANI MARTINS

Ana Paula Franco Nobile Brandileone (UENP-CCP)


apnobile@uenp.edu.br
RESUMO
Esta comunicação faz parte de um projeto maior de pesquisa, cujo interesse se centra na investigação
da produção literária brasileira contemporânea, especialmente na expressão literária de grupos
marginalizados, entendidos em sentido amplo, como todos aqueles que vivenciam uma identidade
coletiva que recebe valoração negativa da cultura dominante, seja por critério de sexo, etnia, cor,
orientação sexual, posição nas relações de produção, condição física (DALCASTAGNÈ, 2005). Entre
os grupos sociais que, na contemporaneidade, têm rompido territórios e conquistado espaços que a
priori não foram feitos para serem protagonizados por indivíduos que não pertencem aos nichos de
poder, está a literatura marginal dos escritores da periferia. Trazendo para o centro da discussão a
realidade periférica, a literatura marginal encerra no ponto de vista interno, na própria origem social
dos autores e na territorialidade textual o seu fator de reconhecimento, criando, não raro, uma escritura
entre a ficção e o testemunho. Diante do exposto, esta comunicação tem por objetivo tomar como
objeto de discussão e análise alguns aspectos da identidade marginal periférica na coletânea de contos
de Geovani Martins, O sol na cabeça, publicado em 2018.

Palavras-chave: O sol na cabeça; Geovani Martins; identidade marginal periférica.

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A LITERATURA AFRICANA EM SALA DE AULA: CONTOS DE ANGOLA E


MOÇAMBIQUE
Anahi E. Menon (UEL)
menon_anahi@yahoo.com.br
RESUMO
A presente comunicação está vinculada ao trabalho de conclusão de curso do Programa de Mestrado
em Letras – Profletras e tem como objetivo pensar a formação do leitor literário por meio de um
processo dialógico com as questões étnico-raciais e culturais que envolvem o ensino da literatura
africana nas salas de aula do ensino fundamental II. Professores desta etapa de ensino conhecem de
perto as dificuldades encontradas quando se pretende resgatar o trabalho com textos literários que
ampliem o horizonte de expectativas dos alunos/leitores para além dos fenômenos da literatura teen.
Sabe-se também do apagamento de vozes e imagens da cultura negra na seleção de um “itinerário” de
leitura para um trabalho efetivo em sala de aula. Apoia-se essa proposta no aparato legal da Lei
10.639/03 que introduziu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
na Educação Básica. Procura-se assentar os estudos em análises de contos moçambicanos e angolanos
que abordem os valores da tradição literária e cultural africana, dialogando com conceitos como
identidade, alteridade, memória, oratura, colonização e desejo de libertação. Os contos elencados para
a realização de atividades de intervenção didática posteriores, foram As mãos dos pretos, de Luís
Bernardo Honwana e A menina de futuro torcido, de Mia Couto, ambos escritores moçambicanos. Da
literatura angolana, selecionaram-se os contos A fronteira de asfalto, de Luandino Vieira e Nós
choramos pelo Cão Tinhoso, de Ondjaki. O estudo das questões étnico-raciais e culturais que
envolvem o ensino da literatura africana tem a preocupação de atender às demandas legais, mas, além
disso, almeja-se ressignificar pertencimentos ouvindo vozes de homens e mulheres apagadas dos
nossos currículos escolares.
Palavras-chave: Literatura Africana; Leitor Literário; Ensino Fundamental.

A LITERATURA AFRO-BRASILEIRA PARA A INFÂNCIA:


A REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA LITERATURA INFANTIL
Sônia Regina Biscaia Veiga (UEL)
soninha.biscaia@gmail.com
RESUMO
As vozes negras vêm, no Brasil, desde sempre, sendo silenciadas e reprimidas. Mas junto com a
tentativa de esconder essas vozes, sempre houve resistência e luta para serem escutados e terem seus
direitos. Quando se trata do fazer artístico não é diferente, na literatura não é fácil esses autores
conseguirem adentrar no mercado editorial e, quando conseguem o acesso ao livro também encontra
sua barreira, pois ele não chega às livrarias. Os autores negros que hoje têm seu prestígio nacional,
como Machado de Assis, Lima Barreto e Cruz e Sousa sofreram um processo de branqueamento e
autoras como Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus sofreram um apagamento na
historiografia literária. No Brasil, devido à lei 10639/03, quando se torna obrigatório trabalhar a
temática africana e afro-brasileira nas escolas, começou-se a produzir muitos livros afro-brasileiros e
com temática afro. E com essa obrigatoriedade, muitas vezes não seguida, as crianças começam a ter
acesso a uma literatura com representatividade negra. De tudo o que é editado, nem sempre é possível
aproveitar-se de tudo, pois junto com ótimas literaturas que vêm surgindo, o mercado editorial está
também repleto de livros infantis que ao invés de dar voz ao negro, só perpetuam estereótipos, então
cabe ao professor e ao mediador de leitura saber separar essas produções. No entanto, cai-se na
problemática do difícil acesso aos livros infantis e juvenis afro-brasileiros. Assim, este artigo busca
apresentar e analisar algumas obras literárias infantis afro-brasileiras. Os livros analisados serão: “O
mar que banha a ilha de Goré”, de Kiusam de Oliveira, ilustrado por Taisa Borges e “Zumbi dos
Palmares – em cordel” de Madu Costa, ilustrado por Josias Marinho, livros que trazem a
ancestralidade, a representatividade, a força e a beleza de um povo tão importante para a construção da
identidade e da cultura brasileira.

Palavras-chave: literatura negra; representatividade negra na infância; literatura infantil afro-

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 11


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

brasileira.
A MULHER IDOSA NOS CONTOS DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Amanda Gomes do Amaral (UEL)


amanda._amaral@hotmail.com
RESUMO
O livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2016) da escritora Conceição Evaristo é composto por
contos onde uma única ouvinte relata encontros com treze mulheres diferentes, nomeando cada
narrativa pelo nome de uma delas. Pensando no conceito de escrevivência que a própria autora cunhou,
o “corpo-mulher-negra” tanto da ouvinte, quanto das personagens principais, influenciam no momento
que essa literatura é feita. Sendo assim, o objetivo desse artigo é refletir sobre a literatura afro-
brasileira, como ela vem sendo feita por Evaristo, e mais especificamente, através do corpus
constituído pelos contos “Adelha Santana Limoeiro” e “Regina Anastácia”, com o foco na figura da
mulher de meia-idade e idosa e na maneira como é apresentada. A escolha do corpus se deu pela
ampliação e renovação do olhar ao representar artisticamente a mulher mais velha, pois a configuração
capitalista e eurocêntrica não encara o corpo e as vivências não jovens como fonte de sabedoria e
ancestralidade, preceito que podemos encontrar na cultura afro-brasileira. Para embasar a pesquisa
serão utilizados textos teóricos que norteiam sobre a literatura afro-brasileira e seus denominadores
comuns (DUARTE, 2011), (DUKE, 2016) e sobre as identidades num contexto contemporâneo
envolto por racismo (HALL, 2016). Sendo a escritora também doutora em literatura comparada,
usaremos suas reflexões para auxiliar nas considerações sobre a gestação de sua própria escrita.

Palavras-chave: Mulher; idosa; literatura.

A REPRESENTAÇÃO DA RESISTÊNCIA NA LITERATURA DALIT


CONTRA UMA OPRESSÃO MILENAR

Luiz Sérgio Alzair Alzão (UEM)


luiz.alzao@hotmail.com
RESUMO
O objetivo nesta apresentação é discorrer sobre a questão da luta milenar do sujeito nativo por sua
sobrevivência, em ações de resistência individual, expressa na obra Survival, de Shayamal Kumar
Pramanik, parte integrante da coletânea de contos de autoras indianos dalits, Survival and other
stories. Pretende-se, também, elaborar considerações sobre o caráter da resistência discursiva inerente
aos textos dessa antologia que denuncia a opressão à qual esta casta fora submetida desde a chegada
dos Arianos ao subcontinente indiano, com sua crença védica, há aproximadamente três mil e
quinhentos anos. Além disso, será exposto como os mitos narrados pelas escrituras sagradas foram
utilizados por esses invasores para formar a identidade do sujeito subalterno ao mesmo tempo que
construía sua própria identidade de superioridade. Por fim, será discorrido como esse sujeito subalterno
se apropria da cultura do colonizador como forma de resistência. Espera-se, com este trabalho,
contribuir para a divulgação e discussão de uma literatura de resistência dessa classe oprimida da
Índia. Como suporte para este estudo, serão utilizados autores da teoria pós-colonial, como Stuart Hall,
Gayatri Spivak e de Gerald Vizenor.

Palavras-chave: Dalits; Survival; resistência.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 12


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO NEGRO NO RAP “EM HONRA À COR DA PELE”


(2017), DE BLACKSHOCK TÍTULO DA COMUNICAÇÃO

Érica Alessandra Paiva Rosa (UEM)


erica.paivarosa@gmail.com
Alba Krishna Topan Feldman (UEM)
profa.alba@gmail.com
RESUMO
Este trabalho discute o modo como a representação do sujeito negro e a construção de sua identidade
ocorre na literatura poética produzida por um escritor negro na contemporaneidade. Ancorado em um
arcabouço teórico relacionado à hierarquização das raças e às relações raciais no Brasil, à literatura
poética e pós-colonial, ao movimento Hip Hop e aos estudos de identidade, o trabalho propõe uma
leitura do RAP “Em honra à cor da pele” de BlackShock, lançado em Maringá (PR) em 2017. Tal RAP
tematiza um discurso de honra à origem afrodescendente e à sua ancestralidade, como também versa
sobre as problemáticas sociais vividas atualmente pela população negra no Brasil. A proposta de
leitura aponta para um uma representação positiva do sujeito negro expondo que sua identidade é
multiplamente constituída pelas influências do passado escravocrata, pelo percurso de resistência dos
sujeitos negros ao longo da história, assim como pelas atitudes tomadas por essa comunidade no tempo
presente. O RAP configura-se, assim, como uma literatura que contesta o projeto identitário
hegemônico proposto pelas classes dominantes veiculando um contradiscurso à imagem da população
negra difundida de forma racista pelas mais diversas mídias.

Palavras-chave: RAP; poesia; identidade negra.

ASPECTOS DECOLONIAIS NA LITERATURA NEGRA DE AUTORIA FEMININA

Maria Julia Gomes Soares (UEL)


maju_gs@hotmail.com
RESUMO
A literatura negra de autoria feminina tem se consolidado nas últimas décadas, desafiando o discurso
canônico vigente com autoras que tem domínio sobre o que estão falando e com quem estão
dialogando, modificando o imaginário dos discursos literários. As mulheres negras têm diversas
particularidades e peculiaridades em suas vivências, e isto tem sido retratado de forma majestosa na
literatura negra feminina. A escritora mineira Cidinha da Silva é uma das expoentes contemporâneas
que, com sua escrita fluida, alcança diversos gêneros textuais, e com muita sensibilidade e ironia trata
de temas enraizados no cotidiano, como o preconceito racial, religioso, sexual etc. O objetivo do
presente trabalho é esboçar uma análise dos textos de Cidinha da Silva em seu livro de crônicas Cada
Tridente em Seu Lugar (2007), que estabelece elementos de discussão a partir das relações raciais e de
gênero, tornando possíveis algumas conexões com temas pertinentes a decolonialismo e ao feminismo
negro, como o silenciamento histórico da população negra e especificamente da mulher negra e o uso
da linguagem na constituição psicossocial do sujeito, a partir de Grada Kilomba, buscando
compreender o empoderamento enquanto elemento de fortalecimento da identidade negra através da
obra de Joice Berth, bem como compreensão da dororidade, neologismo de Vilma Piedade que diz
diretamente das particularidades da vida e luta da mulher negra.

Palavras-chave: decolonialismo; literatura negra; feminismo negro.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 13


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

CORPO, FORÇA E RESISTÊNCIA: UMA LEITURA DE “PRIMEIRA CARTA AOS


ANDRÓGINOS”, DE AGUINALDO SILVA

João Vitor Xavier dos Santos (UEM)


joao_jvxs@hotmail.com
Marcele Aires Franceschini (UEM)
maraires2@gmail.com
RESUMO
Publicada em 1975, “Primeira carta aos andróginos”, de Aguinaldo Silva, surge na literatura brasileira
como um produto de grande importância no trabalho com temáticas como homossexualidade,
travestilidade e gênero. O narrador conta sua história em primeira pessoa (por vezes em terceira
pessoa), marcando seus conflitos, medos e angústias. Fica evidente o percurso de um indivíduo que se
descobre diferente, alheio ao padrão de representação masculina, e busca reconstruir o seu corpo
enquanto vivencia a dor, o prazer e o medo. Nesse contexto, destaca-se o capítulo intitulado “Notícias
do Pocilga’s Bar”, no qual o autor apresenta de maneira enfática o conflito interno do personagem
fragmentado que não se enquadra no modelo de homem nem mulher. A narrativa explicita, então, a
busca desse indivíduo pelo autoconhecimento, pela libertação de seus monstros internos e do conflito
com uma sociedade alicerçada na binaridade masculino/feminino. Compreendendo o percurso do/a
protagonista em busca de sua identidade fluida em pleno governo Geisel, busca-se olhar para o
deslocamento desse indivíduo que atemporalmente representa a vida de tantos que resistem no mundo,
em especial no país que é um dos mais violentos com indivíduos que se distanciam da norma
hegemônica. Para tanto, utilizamos os escritos de Butler (2003), Freud (2016), Foucault (2013) como
guias na análise do trajeto do corpo queer e das forças que nele influem.

Palavras-chave: Homossexualidade; Travestilidade; Gênero.

IMAGENS NEGRAS NO CINEMA:


REPRESENTAÇÃO, IDENTIDADE E RESISTÊNCIA

Maria Carolina de Godoy (UEL)


mcdegodoy@uol.com.br

RESUMO
No livro Cultura e representação, Stuart Hall (2016) analisa a representação a partir da perspectiva
político-cultural e desenvolve análises de imagens sobre/de negros e, entre outros eixos da reflexão,
discute o problema da naturalização da diferença como tentativa de fixar discursos em um único
modelo. Considerando com o autor que os significados não são fixos, mas deslizantes, e há sistemas
que procuram aprisioná-los como forma de manutenção do poder discursivo e ideológico, é objetivo
deste trabalho analisar as representações de negras e negros com destaque para as narrativas de
documentários e curtas: Menina mulher de pele preta – Jennifer (2012), direção de Renato Candido de
Lima; Cores e botas (2010), direção de Juliana Vicente; A negação do Brasil (2000) e Vista minha
pele (2003), de Joel Zito Araújo e Olhos azuis (1996), de Bertram Verhaag. Nestas produções,
pretende-se analisar a narrativa e o discurso sobre a representação de mulheres e homens negros, que
desconstroem estereótipos, debatem o tema do racismo e, pela linguagem visual, delineiam o espaço de
resistência.

Palavras-chave: representação; negros; documentários.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 14


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LITERATURA AFRO-FEMININA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DA


OBRA DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Gabriela Ferraz Baptista Januário IC-CNPq (UEL)


gabsjanuario@gmail.com
Maria Carolina de Godoy (UEL)
mcdegodoy@uol.com.br
RESUMO
Esta apresentação tem como objetivo analisar a obra de Conceição Evaristo Ponciá Vicêncio (2003)
com base no conceito de identidade de Stuart Hall (1977, 2016), na representação da mulher negra de
acordo com os estudos de Sueli Carneiro (2010), juntamente com a importância da escrita afro-
feminina por Amanda Crispim e Luiz Carlos Ferreira de Melo Migliozzi. Por ser uma pesquisa que se
insere no projeto “Literatura afro-brasileira: representações identitárias e circulação em redes”
pretende-se discutir a participação das mulheres negras na produção literária, suas vozes, temáticas e
pontos de vista ligados ao universo feminino. A comunicação destaca o questionamento a respeito
dessas obras que não fazem parte da chamada literatura canônica, contestando os porquês e
incentivando a divulgação dessas obras. Para a discussão destaca-se, também, o estudo da narrativa
afro-brasileira e afro-feminina, o contexto de produção e sua recepção crítica, levando-se em
consideração a estreita relação entre autoria negra e ponto de vista adotado na obra, uma vez que a
construção da identidade negra provoca esse espelhamento.

Palavras-chave: literatura afro-brasileira; literatura afro-feminina; identidades culturais.

NAZNEEN E RAZIA: RESISTÊNCIA E IDENTIDADE EM BRICK LANE,


DE MONICA ALI

Nelci Alves Coelho Silvestre (UEM)


nelcialvesilvestre@gmail.com
RESUMO
O revide ou resistência é uma forma de se opor à dominação do poder, de recusar as imposições
colonialistas, étnico-raciais, culturais, entre outras, e de tentar reverter a situação para que os sujeitos
colonizados possam recuperar sua voz e resgatar sua identidade. Considerando o romance Brick Lane
(2003), de Monica Ali, permeado por características que revelam a tradição cultural de Bangladesh em
que as mulheres são consideradas submissas, tuteladas e ingênuas, é objetivo deste trabalho analisar as
estratégias de resistência que as personagens femininas Nazneen e Razia utilizam para resistir ao poder
dominante, tendo em vista a experiência delas na comunidade bangladeshiana em Londres. A
metodologia de investigação baseia-se em textos teóricos que discutem aspectos de resistência e de
identidade desenvolvidos por Ashcroft (2001), Bhabha (1998), Said (2007), Spivak (1987) e outros. O
revide, especialmente, a dissimulação e o silêncio tornam-se instrumentos para a subjetificação das
personagens que tem a identidade como fim. Os resultados da pesquisa mostram que a subjetividade
das personagens é construída a partir da evolução de mulheres submissas ao marido, para mulheres
independentes, que assumem uma nova e diferente identidade.

Palavras-chave: mulheres; resistência; identidade.

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

QUESTIONAMENTOS SOBRE O NEGRO NA LITERATURA NACIONAL

Maria Isadora Rosolen Camargo (UEL)


mariairosolen@outlook.com
Maria Carolina de Godoy (UEL)
mcdegodoy@uol.com.br

RESUMO
Este trabalho visa analisar a relação entre o negro e a literatura nacional, usando como referência a
autora Conceição Evaristo e seu romance Ponciá Vicêncio, publicado pela primeira vez em 2003, a
partir de conceitos acerca da cultura e da individualidade afrodescendente. O estudo busca um
reconhecimento a respeito da resistência das mulheres negras escritoras, levando-se em conta o cânone
conservador e como a sociedade lida com o conceito de migração praticado por mulheres de classes
sociais desfavorecidas, indagando também o conceito Brasil e escravidão. Interessa a esta apresentação
pensar a escrita e representação de autoria negra e de que modo ela contribui para rever a história sobre
mulheres e homens negros registrada na literatura. Nas palavras da autora, em entrevista concedida ao
Nexo-Jornal em 2017: “A autoria de mulheres negras na literatura brasileira traz uma vertente com
novas histórias, novos enredos, novos personagens, que na verdade borram a literatura.” Serão
apresentados estudos críticos sobre a autora, literatura afro e resistência.

Palavras-chave: Negro; Literatura Nacional; Conceição Evaristo.

RESISTÊNCIA NA AUTOBIOGRAFIA INDÍGENA ESTADUNIDENSE E CANADENSE –


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Alba Krishna Topan Feldman (UEM)


profa.alba@gmail.com

RESUMO
Desde o século XIX, mulheres e homens indígenas escrevem sobre suas vidas e suas culturas. A
autobiografia indígena tem alguns aspectos específicos, e vem sendo estudada por muitos estudiosos
no Canadá e nos EUA. Alguns dos resultados de suas pesquisas e outras especificidades do gênero
autobiográfico indígena serão discutidas na presente comunicação, que traçará um percurso histórico
sobre as diversas gerações de escritores e escritoras indígenas que escreveram diários, memoirs, e
autobiografias e suas características pessoais e globais como escritores indígenas. A autobiografia será
vista sob os aspectos que a diferenciam das autobiografias de outros grupos sociais, assim como
autores e obras que se sobressaíram em cada uma das gerações. Como aporte teórico, apontaremos
autores que se dedicam a descrever os estudos indígenas com ênfase nos estudos autobiográficos,
como Krupat (1994), Heflin (2000), Smith & Watson (2010) e Reder (2015). Ao final, mostraremos
por meio das características das obras e do estilo estudado como a autobiografia indígena representa
uma resistência tanto pessoal quanto étnica e cultural das populações indígenas.

Literatura indígena; resistência; autobiografia; narrativa de vida.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 16


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 4: REPRESENTAÇÕES ESTÉTICAS E TEMÁTICAS NA FICÇÃO DE


AUTORIA FEMININA
Coordenadoras: Marly Catarina Soares e Wilma dos Santos Coqueiro

“MAS EU AMAVA”: REPRESENTAÇÃO DO FEMINICÍDIO EM NEPTUNO, DE


LETÍCIA WIERZCOWSKI
Gabriela Fonseca Tofanelo (UEM)
gabriela.tofanelo@gmail.com
RESUMO
Os estereótipos acerca dos corpos dos homens e das mulheres, construídos pelo sistema
patriarcal ao longo dos séculos e que perduram até os dias de hoje, dá base, em muitos casos,
para a violência de gênero, entendida como aquela caracterizada por agressões físicas ou
verbais em que um gênero prevalece sobre o outro, em geral, em que as mulheres são as
dominadas e os homens, os dominadores. Diante dessa realidade, e lembrando que a literatura,
muitas vezes, tem o papel de representação da realidade, o presente artigo tem como foco
analisar como se dá o debate em torno do feminicídio e de outras violências contra a mulher
no romance intitulado Neptuno (2012) da autora contemporânea brasileira Leticia
Wierzchowski. O estudo está alicerçado nas teorias da Crítica feminista abordados por
autores(as) como Lúcia Zolin, Constância Lima Duarte, entre outras. Também nos estudos de
Pierre de Bourdieu acerca da dominação masculina. E, ainda, nos pressupostos acerca da
violência contra a mulher na obra de Heleith Saffioti.

Palavras-chave: Feminicídio; Literatura de autoria feminina; Literatura brasileira


contemporânea; Leticia Wierzchowski.

A “ZONA SELVAGEM” DA ESCRITA FEMININA NO ROMANCE O PESO DO


PÁSSARO MORTO, DE ALINE BEI
Natacha dos Santos Esteves
natachaestevescm@gmail.com
Wilma dos Santos Coqueiro (UNESPAR)

RESUMO
Esse trabalho, cujo corpus de análise é o romance O peso do pássaro morto (2017), escrito
por Aline Bei, embasa-se nos postulados teóricos sobre a “zona selvagem” da escrita
feminina, desenvolvidos e difundidos pelos antropólogos culturais Shirley e Edwin Ardener
(1972 apud SHOWALTER, 1994). Com efeito, a análise recai na temática do descentramento
vivido pela personagem central da narrativa. No romance, a autora apresenta a trajetória de
uma personagem feminina, dos 8 até aos 52 anos de idade, abordando temas referentes às
consequências da violência contra a mulher em diversos níveis, do físico ao psicológico. Será
exposto, em linhas gerais, a forma como a trama do romance representa as consequências do
“não pertencer a si” na vida de uma mulher e, nesse processo, entra também um debate sobre a
chamada “zona selvagem”, desconhecida pela maioria dos homens e presente na obra em
questão, evidenciando o peso simbólico da consciência feminina ao ter sua voz negada. Para
isso, além do estudo de Showalter já citado, o trabalho respalda-se nos aportes teóricos dos
Estudos Culturais e da Crítica Feminista de viés contemporâneo, tais como Reis (2019), Zolin
(2009), Woolf (2014), Solnit (2017), entre outros teóricos de diversas áreas.

Palavras-chave: Crítica-feminista; Espaço-selvagem; O peso do pássaro morto.

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CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA NA OBRA FRANKENSTEIN, DE MARY SHELLEY

Weslei Chaleghi de Melo (UEL-UTFPR)


weslei@alunos.utfpr.edu.br
RESUMO
Com o presente trabalho buscamos desenvolver um diálogo que envolva a obra Frankenstein e
algumas discussões acerca da tecnologia, da ciência e da técnica. Buscamos, em um primeiro
momento, após termos assimilado a obra, trazer referências que fossem pertinentes perante a
discussão envolvendo o tema e a obra estudada, para isso trouxemos livros e artigos que
fazem a mesma discussão de Frankenstein com outros pontos de vista tais como Aranha
(1992) e Lock (2007). Percebemos que, na literatura, acadêmica e/ou literária, há o consenso,
pelo menos atual, de que, assim como em Frankenstein, a tecnologia não é sinônimo de
avanço humano, pode inclusive, trazer prejuízos humanos. Além disso, notamos que
Frankenstein discute a noção de criador e criação a partir de outros textos como os poemas de
John Milton e do mito grego de Prometeu.

Palavras-chave: Ciência; Literatura; Tecnologia.

A FLÂNERIE DA MULHERES NA FICÇÃO PÓS-MODERNA DE AUTORIA


FEMININA

Wilma dos Santos Coqueiro (UNESPAR-Campo Mourão)


wilmacoqueiro@gmail.com
RESUMO
A figura do flâneur aparece na ficção após a escrita do conto “O homem na multidão”, em
1840, por Edgar Allan Poe. Nele, o narrador-protagonista, inserido na atmosfera metropolitana
de Londres, em meados do século XIX, mas já com alto desenvolvimento industrial,
acompanha os passos de um velho, personagem emblemática da solidão urbana, em seu vagar
pelas ruas. A partir das considerações de Charles Baudelaire (2006) e Walter Benjamin (1989)
sobre a imagem do flâneur, esse trabalho busca discutir a apropriação da flânerie, atividade
estritamente masculina por muito tempo, pelas mulheres do século XXI, protagonistas de
alguns romances de autoria feminina. Com efeito, a ficção feminina contemporânea tem
enfocado temáticas relacionadas à ocupação feminina nos espaços, anteriormente tido como
masculinos, como as ruas das grandes metrópoles, as quais têm servido de cenário para a
preambulação e lugar de fala dessas personagens. Logo, essas mulheres, na condição de
flâneur, representam o efêmero e as contradições de uma época líquido-moderna, na
concepção de Bauman (2001), ao conviverem com os constantes deslocamentos espaciais,
culturais, identitários e afetivos.

Palavras-chave: Ficção Contemporânea de autoria feminina; Personagens femininas;


Flânerie.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 18


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ROMANCE LATINO-AMERICANO: UMA


LEITURA DE O AMANTE JAPONÊS (2015) DE ISABEL ALLENDE

Ana Maria Soares Zukoski (UEM-UNESPAR)


tardivo.andre@gmail.com
André Eduardo Tardivo (UEM-UNESPAR)
aninha_zukoski@hotmail.com

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma análise interpretativa acerca do impacto
negativo que a violência sexual imputa as mulheres, focalizando para isso a representação da
personagem Irina, do romance chileno contemporâneo O amante japonês publicado em 2015, pela
escritora latino-americana Isabel Allende. Autora de prestígio na seara literária contemporânea,
obteve maior reconhecimento pela publicação do romance A casa dos espíritos (1982) que teve
sua adaptação para o cinema em 1993; sua obra em geral conta com uma boa recepção no cenário
literário internacional, o que lhe proporcionou alguns prêmios e a tradução de seus romances para
trinta e cinco idiomas. No romance corpus da análise, Allende apresenta-nos diferentes
representações femininas por meio de três personagens, entretanto, devido ao restrito espaço,
nossa análise centrar-se-á na personagem Irina que esconde em sua infância, o horror de ter sido
molestada pelo padrasto e carrega consigo uma trajetória de culpa e vergonha. O artigo propõe-se
analisar a trajetória dessa personagem refletindo sobre as consequências físicas e psicológicas que
a violência ocasionou. Para isso, utilizar-nos-emos dos pressupostos teóricos da Literatura de
Autoria Feminina, da Crítica Feminista e dos Estudos Psicanalíticos, com autores como: Muraro
(1995), Zolin (2009), Freud (1996), Zinani (2013), Touraine (2011), Campos (1992) entre outros.

Palavras-chave: Violência contra a mulher; Literatura de autoria feminina; Representação feminina.

LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: UMA REFLEXÃO SOBRE A


FICÇÃO DE NATHALIE LOURENÇO

Henrique Colasante Lopes de Souza (UNESPAR)


h.colasante@hotmail.com
RESUMO
Passando pela historiografia, a partir da década de 1970, a literatura de autoria feminina
questionou o cânone literário excludente, na busca por representação e visibilidade. Segundo Zolin
(2019), graças à crítica feminista, diferentes setores da sociedade tiveram que revisar o
comportamento patriarcal que, por séculos, manipulou, escondeu e oprimiu as mulheres. Na arte
literária não foi diferente. Críticas masculinas depreciaram a literatura feita por mulheres pelo fato
de serem mulheres. Além disso, marcaram-na como uma escrita gentil, doce, entre outros
adjetivos que remetem à ideia patriarcal de sensibilidade e inferioridade feminina. Na cena
literária contemporânea, Nathalie Lourenço, em seu livro de contos Morri por Educação (2017),
desconstrói estereótipos relacionados ao feminino, não com temas de engajamento, mas
escrevendo histórias sobre os dilemas e ironias da humanidade. Enquanto pesquisas acerca da
literatura de autoria feminina apresentam o quadro de divisões de Showalter (1985), Lourenço se
apresenta além, colocando-se como uma artista que escreve sobre o que quer. A literatura pós-
moderna permitiu que escritoras como ela se colocassem em lugares de sua escolha, pois as
características fragmentadas, ecléticas, cruas e simples, sem uma rotulação específica, propiciaram
uma fecunda seara para a expansão e a expressão de minorias no mundo artístico.

Palavras-chave: Literatura de autoria feminina; Nathalie Lourenço; Fragmentação identitária.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 19


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

MIL E UMA NOITES DE SILÊNCIO: A BUSCA PELO EU NA


CONTEMPORANEIDADE

Patrícia de Menezes
patriciamenezes.academico@gmail.com
Wilma dos Santos Coqueiro (UNESPAR)

RESUMO
Essa comunicação tem como objetivo apresentar as reflexões iniciais do projeto de iniciação
cientifica que tem como foco uma leitura da crise de identidade na sociedade contemporânea,
a partir da análise da trajetória da protagonista feminina do romance de Mayra Dias Gomes,
publicado em 2009, Mil e uma noites de silêncio. Além disso, busca-se refletir sobre como o
abandono pela mãe biológica, a decepção amorosa e a morte da mãe adotiva influenciaram nas
relações interpessoais que a protagonista buscou como forma de encontro com sua identidade
dilacerada e escape da depressão que a atinge de forma brutal. De fato, a obra apresenta uma
personagem feminina que, mergulhada na melancolia e na solidão, não consegue encontrar
seu Eu no mundo e decide, então, sair em busca de si no resgate do passado e da família
biológica. A pesquisa será embasada em autores que tratam do crescente mal-estar do sujeito
contemporâneo e da crise de identidade tais como, Bauman (1998, 2005), Hall (2005) e Freud
(2011, 2014), entre outros.

Palavras-chave: Literatura brasileira de autoria feminina; Mayra Dias Gomes; crise de


identidade.

MULHERES (IN)VISÍVEIS: REPRESENTAÇÕES DA PROSTITUTA NO ROMANCE


BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Mateus Savaris Panizzon
mateus_panizzon@outlook.com
Wilma dos Santos Coqueiro (UNESPAR)

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar reflexões iniciais do projeto de iniciação científica que
versa sobre a representação da prostituição feminina no corpus composto pelos romances de autoria
feminina contemporâneos: Com que se pode jogar (Luci Collin, 2011), O voo da guará vermelha
(Maria Valéria Rezende, 2014) e A vida invisível de Eurídice Gusmão (Martha Batalha, 2016). Com
efeito, buscar-se-á analisar todo o processo de reprovação moral e marginalização pelo qual as
denominadas “prostitutas de rua” são vitimadas, com base nas trajetórias das personagens prostitutas:
Melanta, Irene e Filomena. Por meio de levantamentos históricos, levantar-se-á dados que contribuam
para uma reflexão profícua acerca das diversas trajetórias das personagens, as quais foram esquecidas e
segregadas, formando, assim, o que Bauman (2005) denomina de “refugo humano”, característico da
sociedade líquido-moderna contemporânea. Dessa forma, busca-se tornar visível a vida dessas
mulheres marcadas pela miséria e indesejadas à inserção social. À vista disso, este trabalho embasa-se
em aportes teóricos advindos dos Estudos Culturais e da Crítica Feminista, tendo nomes como Nickie
Roberts (1998), Pierre Bourdieu (2018), Antonio Candido (2011), Lúcia Osana Zolin (2019), dentre
outros.

Palavras-chave: Crítica feminista; Romance de autoria feminina contemporâneo; Prostituição


feminina.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 20


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O FEMININO E O FEMINISMO NO CONTO “A MARGEM DE UM SONETO”, DE


FLORBELA ESPANCA

Marly Catarina Soares (UEPG)


marlycs@yahoo.com.br
RESUMO
Florbela Espanca, poetisa portuguesa do início do século XX, construiu sua obra poética e de ficção a
partir de sua compreensão do que é ser mulher pertencente a uma sociedade patriarcal não tolerante a
atitudes, ações e comportamentos que desrespeitassem as regras do bem viver em sociedade. Pelas
suas escolhas de vida, por vezes consideradas impróprias para a conduta de uma mulher pertencente a
uma sociedade tradicionalista e patriarcal, teve como retorno preconceito e hostilidade da sociedade
portuguesa, notadamente em sua poesia. Sua escrita deu-lhe a possibilidade de ser mulher, feminina,
livre e dessa maneira viver como queria, numa época em que pouco se falava sobre feminismo,
movimentos e conquistas feministas. Por esse ângulo, a preocupação ou mesmo a consciência do papel
que caberia à mulher e uma proto-luta pelos seus direitos se delineavam em Florbela, embora ela não
tivesse levantado bandeira feminista, e também não tivesse participado de movimentos feministas que
protestavam contra a exclusão política/social da mulher. Esta comunicação objetiva apresentar uma
análise das várias faces, vários perfis de mulheres que se delineiam no conto “À margem dum soneto”
de Florbela Espanca. Para a realização da análise nos apoiaremos em teorias concernentes ao
feminismo e sua trajetória em Portugal e na Europa, em teóricas como Joan Scott, Simone de
Beauvoir, Zahidé L. Muzart, e outras de igual relevância.

Palavras-chave: Literatura de autoria feminina; Feminismo em Florbela; Escrita feminina.

Simpósio 5: EXPERIÊNCIA MODERNA E RESISTÊNCIA


Coordenadora: Cláudia Rio Doce

ZOOLÓGICO DE PAPEL: (H)ISTÓRIA E RESISTÊNCIA EM


PAPERMENAGERIE, DE KEN LIU

Márcio Henrique de Almeida Soares (UEL-CAPES-UNOPAR)


marck.ick@gmail.com

RESUMO
Este trabalho estabelece uma relação entre o conto PaperMenagerie, de Ken Liu (2011) e o
pensamento de Walter Benjamin (1987) acerca do conceito de História, mediada pelos estudos de
JoëlMalrieu (1992) sobre a literatura fantástica. Parte-se da ideia de que o fenômeno fantástico
figurativiza valores culturais diametralmente opostos aos valores dominantes de uma determinada
sociedade. A seguir, destaca-se a caracterização do fenômeno fantástico, no conto de Liu, como a
representação de uma tradição cultural primitiva devorada pela cultura dominante. O surgimento do
fenômeno na história, ou na História, torna-se, assim, um ato de resistência da cultura apagada que se
desloca no tempo para reivindicar seu lugar no mundo. Dessa maneira, é possível que se note, ao
mesmo tempo, a capacidade da literatura fantástica em oferecer um campo fértil para a representação
literária de modos de resistência e a reverberação do pensamento de Benjamin na contemporaneidade
enquanto meio de se descortinar os mecanismos opressores da ideologia do progresso.

Palavras-chave: literatura fantástica, resistência, papermenagerie.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 21


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO E DO DISCURSO DE RESISTÊNCIA DA MULHER


NEGRA NO FILME “ESTRELAS ALÉM DO TEMPO”

Maria Cristina Rodrigues (UEL)


crisrodriguesfatec17@yahoo.com
Maria Aparecida de Barros (UEL)
mariabarros-uel@hotmail.com

RESUMO
A história, não raramente, é escrita por aqueles considerados como “vencedores”. Esses “vencedores”
nada mais são do que indivíduos pertencentes a gruposdominantes que, ao deterem poder econômico
e/ou social e até cultural, também visam exercer o domínio sobre os corpos e discursos de pessoas
pertencentes às classes sociais minoritárias, geralmente para diminuí-los, silenciá-los ou apaga-los da
história. Essa manipulação da imagem e do discurso do Outro (o silenciado) se expande, por exemplo,
para a Literatura e outras expressões e manifestações artísticas-textuais, comoo cinema, sendo
necessário um trabalho de resgate de personalidades históricas esquecidas, sobretudo das mulheres
negras. Este é o caso do filme “Estrelas Além do Tempo” (2017) que conta a história de três mulheres
afro-americanas de grande intelecto nas áreas de exatas: Katherine Johnson (Taraji P. Henson),
Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe). Elas trabalham na NASA e
buscam projeção e respeito na década de 1960, durante a Guerra Fria entre a União Soviética e os
Estados Unidos, tensão ampliada pelo auge da corrida espacial que levaria o primeiro homem ao
espaço. Além disso, visualiza-se um EUA onde a mulher é geralmente menosprezada e subalterna e
um contexto permeado de forte segregação racial ao lado de manifestações contra o racismo. Este
trabalho pauta-se na Teoria Feminista, considerada por Showalter (1994) comoum “território
selvagem”, para evidenciar como as imagens e os discursos das três mulheres negras são construídas
no filme, tocando nas questões de gênero e resistência; isto porque essa teoria tem cunho
interdisciplinar quando não admite uma leitura de texto desvinculada de sua exterioridade e de sua
historicidade, sendo que as reflexões teóricas abarcam desde a preocupação com o gênero de autoria
até o uso do gênero como categoria de análise, que se difunde no debate acadêmico a partir da década
de 1990.

Palavras-chave: gênero e discurso; teoria feminista; cinema.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 22


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

EXPERIÊNCIA E POBREZA EM JAMES JOYCE: UM BREVE OLHAR


BENJAMINIANO ÀS QUESTÕES SOCIAIS DO ULYSSES

Leonardo Capeletti Ferreira (UEL)


capelettiferreira@gmail.com

RESUMO
A obra de James Joyce apresenta-se como um detido estudo de questões próprias do estrangeiro.
Temas como o exílio, o nacionalismo, a religião e o imperialismo estão presentes nos diálogos e
pensamentos das personagens criadas pelo escritor irlandês, seja em seus textos mais curtos, como na
novela Os Mortos (1914), seja em seu longo romance, Ulysses, de 1922. Embora cobrindo um único
dia de junho de 1904, esta obra retoma a longa história dos conflitos entre a Irlanda e a coroa britânica,
propondo discussões de ordem política sob uma ótica cultural, social, religiosa e, principalmente, de
linguagem. Uma das grandes preocupações do filósofo Walter Benjamin, que será tônica em muitos de
seus escritos, diz respeito à incapacidade de narrar ao outro as experiências vividas em períodos
conflituosos. Stephen Dedalus e Leopold Bloom, personagens centrais do Ulysses, diante da barbárie
do antissemitismo e do imperialismo, em meio às mortes dos militantes nacionalistas, mostram-se
silenciosos e reticentes. Dedalus, protagonista de Um Retrato do Artista Quando Jovem (1916), retorna
em Ulysses como um sujeito incapaz de se reconhecer como pertencente àquela pátria, tendo
abandonado dois dos mais importantes preceitos do povo irlandês: a família e o catolicismo. Por outro
lado, Leopold Bloom, católico, é estigmatizado pela sua descendência judaica. Impossibilitados de
voltar para um lar que não lhes pertence, obrigados a vagar pela cidade de Dublin durante horas, as
duas personagens são figuras exiladas no próprio país, desterradas na cidade em que nasceram e
cresceram. Propõe-se, como perspectiva de leitura a essas questões sociais na obra de Joyce, as
observações feitas por Walter Benjamin, principalmente no ensaio intitulado Experiência e Pobreza,
de 1933, além das contribuições apresentadas pelo filósofo em O Narrador (1936) e Sobre o conceito
de história (1940), também concernentes ao tema.

Palavras-chave: James Joyce; Ulysses; Walter Benjamin.

O BOVARISMO E O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA EM VIRGINIA WOOLF

Ana Carolina Romero (PG – UEL)


romero.anacarolina@yahoo.com.br

RESUMO
A literatura representou sempre uma alternativa de resistência sociocultural. A partir do encontro com
a arte, o indivíduo tem diante de si a oportunidade de refletir questões específicas ao ambiente social
em que se insere como também ao mais íntimo de seu ser. No conto “O vestido novo”, Virginia Woolf
nos apresenta uma personagem cuja trajetória corresponde aessa mesma ideia de despertar da
consciência. O enredo se interliga ainda ao conceito de bovarismo - síndrome por consequência da
qual o indivíduo delira no que diz respeito às convicções que mantém de si próprio - e reconhece a
falácia e consequente inutilidade que abarca sua ocorrência. O bovarismo se presentifica, comumente,
em realidades sociais que não conscientizam suas opressões e evidencia a necessidade de que as
resistências sejam respostas à instauração primeira de uma consciência social com que todo indivíduo
deve, individual e coletivamente, se comprometer.

Palavras-chave: Virginia Woolf; Walter Benjamin; bovarismo.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 23


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O MANIFESTO AFROSSURREALISTA E AS TEMPORALIDADES HISTÓRICAS:


UMA LEITURA A PARTIR DE WALTER BENJAMIN
Lucas Toledo de Andrade (UEL – UNOPAR)
ltoledodeandrade@gmail.com
RESUMO
O pensamento de Walter Benjamin, apesar de estar ligado e circunscrito ao século passado, ainda se
mostra bastante atual e pertinente para se pensar o mundo contemporâneo, exercendo influência
emdiscussões e manifestações das mais diversas áreas das Ciências Humanas. O manifesto
afrossurrealista, publicado por D. Scott Miller, em 2009, no San Francisco Bay Guardian, mostra a
relevância dos debates promovidos pelo filósofo judeu-alemão ao trazer à tona críticas ao pensamento
benjaminiano, principalmente no que diz respeito à ideia do choque vanguardista. É interessante notar
que o fato de Miller (2009) citar Walter Benjamin em seu manifesto, mesmo que para criticá-lo, revela
o conhecimento do artista em relação à obra benjaminiana, que aparece implicitamente em outros
momentos do manifesto em questão, principalmente, no que se refere à escrita das narrativas históricas
negras e a preocupação com as temporalidades. O manifesto de Miller (2009) traz à tona a ideia de um
presente perpétuo que romperia com a narrativa histórica linear e oficial, colocando o leitor em
constante postura de resistência diante de um mundo binário e permeado de preconceitos, criticando,
assim, a crença teleológica no futuro e no progresso. Sendo assim, essa comunicação buscará observar
a discussão em torno da construção da temporalidade das narrativas presente no afrossurrealismo, a
partir de alguns textos de Walter Benjamin e de outros autores que se propõem a pensar a obra do
filósofo, mostrando a relevância das discussões benjaminianas, em torno do conceito de história, para
se pensar as produções artísticas dos grupos oprimidos pelas relações de poder ao longo da história.
Palavras-chave: afrossurrealismo; Walter Benjamin; temporalidades.

ROMANCE CONTEMPORÂNEO: UMA NARRATIVA QUE ACONTECE AOS GOLPES


Gabriela Fujimori da Silva (IFPR/ UEM)
gabriela.fujimori@ifpr.edu.br
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar as estratégias narrativas no romance contemporâneo
Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, em que as personagens, caracterizadas pela ausência de valores,
carências, angústias e dores, compõem uma narrativa densa e problemática. Esse perfil de personagem
remete ao que Aguiar e Silva (2007) nomeia “crise de noção de pessoa”, consequência da crise
ideológica, ética e política que vem assolapando a sociedade contemporânea. Por meio de uma
estrutura estilhaçada, as formas de narrar do romance convergem para a forma de composição do texto,
na qual o narrador, como articulador do enredo, seleciona e ordena os fatos em uma estrutura não
sequencial. A caracterização dessa sintaxe narrativa fragmentada conduz à relação entre a narrativa e a
representatividade da constituição do sujeito, o qual, semelhante à estrutura, evidencia-se também em
situação caótica. Para Walter Benjamim (1994), há uma crescente dificuldade no que tange ao papel do
narrador no romance contemporâneo; analisa que a aptidão de trocar experiências foi perdida, em um
cenário repleto de resquícios de guerra. Adorno (2003) discute a estreita relação do narrador
contemporâneo com o leitor, destruindo a tranquilidade contemplativa diante do texto lido, comum nos
romances tradicionais. Esse novo leitor corresponde à nova constituição do mundo, que traz a todo
momento a ameaça de catástrofe e, por isso, não é mais possível a contemplação imparcial. Nesse
sentido, questiona-se como se poderá criar um enredo diante do cenário complexo, permeado de
experiências violentas, traumáticas, desumanas. Em Jerusalém, evidencia-se a dificuldade de se criar
uma narrativa fluída, pois o que se conta são situações de angústia, loucura, morte, que permeiam a
vida de personagens esfaceladas em detrimento das circunstâncias em que vivem. A narrativa acontece
aos golpes, retratando as dificuldades da vida às quais estão sujeitas as personagens.
Palavras-chave: narrador; romance contemporâneo; Gonçalo M. Tavares.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 24


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

TUPY OR NOT TUPY, THAT IS THE QUESTION


Cláudia Rio Doce (UEL)
claudiariodoce@gmail.com
RESUMO
A partir de algumas ideias de Walter Benjamin propostas para o simpósio, como a necessidade
de, com a experiência moderna, buscar novas formas de construção do relato, o trabalho
compreende a Revista de Antropofagia como uma espécie de laboratório onde se ensaiam
diferentes articulações do político e do histórico com a finalidade de problematizar e buscar
saídas para a cultura e as letras nacionais. Como é sabido, a Revista de Antropofagia é a
última das revistas modernistas, considerada a mais radical do movimento. Veículo das ideias
do movimento antropófago, espaço de disputa e polêmica com outras correntes literárias e
culturais, sua pluralidade, fragmentariedade, suas contradições e propostas fazem com que
possa ser vista, ela própria, como uma figuração do momento presente e de seus conflitos,
num estabelecimento de novas possibilidades de compreensão do seu tempo atual, do passado,
e de suas possíveis relações. Através de algumas questões presentes na primeira fase da
Revista, o trabalho buscará evidenciar essas questões.

Palavras-chave: Revista de Antropofagia; modernismo; Walter Benjamin.

Simpósio 6

Simpósio 7

Simpósio 8: PENA DE MORTE: O DIREITO E A LITERATURA


Coordenadoras: Márcia Teshima e Lilian M. Yamamoto

“O ÚLTIMO DIA DE UM CONDENADO” E A PENA DE MORTE

Vilma da Silva Araújo (UEM)


vilmaaraujomga@gmail.com

RESUMO
A pena de morte por guilhotina faz parte da história da França. Ela teve início em 1792 e foi
abolida somente em 1981, após dois séculos de lutas intelectuais e políticas. Várias
personalidades se rebelaram antes e depois da instituição desse método de execução, como:
Montesquieu (1689-1755) e Voltaire (1694-1778). Nesse contexto, devido sua
grandeza, também devemos citar Le dernier jour d'un condamné (1829) como um marco na luta
contra a pena capital, influenciando autores como Abert Camus, Charles Dickens e Fiódor
Dostoiévski. Na citada obra, o autor se inspira na realidade de um condenado que espera em
sua cela a hora e o dia de sua morte. A história documental sobre a execução de um assassino
francês foi considerada, mais tarde, pelo próprio autor, Victor Hugo (1802-1885), como
precursora de sua maior obra sobre a injustiça social - Os Miseráveis (1862). Compreendendo a
importância dessa obra e da sua temática, propomos, neste trabalho, uma reflexão centrada
principalmente na questão da pena de morte, observando que o texto ficcional se confunde com
os acontecimentos históricos.

Palavras-chave: Pena de morte; Victor Hugo; “O último dia de um condenado”.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 25


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A PROTEÇÃO AO DIREITO À VIDA E À INTEGRIDADE PESSOAL NO SISTEMA


INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS: O CASO WONG HO WING
VERSUS REPÚBLICA DO PERU E O RISCO
DA PENA DE MORTE

José Ricardo da Silva Baron


joserbaron@hotmail.com
Marcia Teshima
teshima@uel.br

RESUMO
O presente artigo objetiva analisar as violações ao direito à vida (art. 4º) e o direito à integridade
pessoal (art. 5º) previstos na Convenção Interamericana de Direitos Humanos no caso Wong Ho
Wing e a República do Peru, sob nº 12.794. Para tanto, discorre sobre a extradição e seus
procedimentos no Estado Peruano para, na sequência, apresentar o caso e a sentença exarada
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 30 de junho de 2015. Após considerações
sobre a extradição e sua tramitação no Peru, faz-se a exposição de todo o quadro fático, e,
posteriormente, a análise sobre as violações aos artigos 4º e 5º e, em especial acerca dos riscos
de aplicação da pena de morte na República Popular da China, na hipótese de concessão da
extradição.

Palavras-chave: Direito à vida; Wong Ho Wing vs. Peru; Corte Interamericana de Direitos.

DIREITO, ABSURDO E PENA DE MORTE NA OBRA “O ESTRANGEIRO”, DE


ALBERT CAMUS

Lucas dos Santos Lavisio (UEL)


lavisio21@outlook.com

RESUMO
Em O Estrangeiro (L’etranger), obra mais popular do escritor franco-argelino Albert Camus
(2018), ganhador do prêmio Nobel de literatura no ano de 1957, percebe-se uma crítica
contundente às instituições jurídicas. Mersault, o homem absurdo do romance em questão, é
julgado e condenado à morte antes por suas inclinações, pelo seu modo de ser e existir, do que
pelo crime que cometeu ou, de acordo com Olivo e Siqueira (2008), a sociedade o enxerga
como um inimigo pelas suas características enquanto ser humano, não por seu ato criminoso.
Nesse sentido, o objetivo principal é verificar como a formação da personagem Mersault,
enquanto representante do absurdo, contribui de modo a efetivar sua condenação. Por meio da
análise interpretativista, incluindo uma pesquisa bibliográfica dos trabalhos de Camus (2018,
2019), Olivo e Siqueira (2008), Sartre (2005), Sampaio (2016). Assim, observa-se que o homem
absurdo inspira estranheza na sociedade, esclarece Camus (2019), pois ele se sente inocente e,
desse modo, ele exige de si mesmo apenas viver segundo aquilo que sabe, lidar apenas com a
realidade, não se apegar a nada que não seja certo e, somente por ser assim, as instituições
jurídicas querem que ele reconheça sua culpa.

Palavras-chave: Albert Camus; O Estrangeiro; Absurdo.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 26


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

EXPOSIÇÃO À MORTE E BIOPOLÍTICA: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO


RACISMO DE ESTADO E DO PARADIGMA IMUNITÁRIO

Angela Couto Machado Fonseca (UFPR)


angelamachadofonseca@gmail.com
Dhyego Câmara de Araújo (UFPR)
dhyegohirota@hotmail.com

RESUMO
Pretende-se analisar a produção da morte e a exposição à morte por meio das lentes fornecidas
pela biopolítica e não sob o viés jurídico-político tradicional. Busca-se, pelo uso de metodologia
analítica, problematizar que uma devida tematização da morte requer o deslocamento nos
modos de se pensar vida/morte como fenômenos meramente jurídicos para pensá-los como
efeitos de relações de poder pertencentes a uma lógica da modernidade política. A partir da
noção de Racismo de Estado, de Michel Foucault, e do Paradigma Imunitário, de Roberto
Esposito, a produção da morte é colocada dentro do problema de como a biopolítica se converte
em tanatopolítica. Ambos autores permitem conceber um circuito entre proteção e negação da
vida que se desdobra por uma cisão valorativa entre tipos de vida acobertados pela proteção e
outras enviadas para a produção da morte. O que se busca com essa análise é a ampliação do
debate sobre a relação vida e morte no cenário político contemporâneo, pela proposição de um
desvio das análises pautadas apenas no critério da (i)legalidade de promover a morte. Trata-se
de perceber como a semântica da biopolítica permite acessar um funcionamento de proteção da
vida e da morte operante, à revelia da tonalidade humanista e do valor da vida humana assumida
pelos modernos discursos jurídicos e políticos. A atenção a essa lógica de poder atuante na
modernidade e seus mecanismos de funcionamento que produzem ordenação hierarquizada da
vida e exposição à morte é o que se busca, minimamente, com esta análise.

Palavras-chave: Morte; Racismo de Estado; Paradigma imunitário.

NORIO NAGAYAMA – A NOÇÃO DO TEMPO NA OBRA DE UM CONDENADO À


MORTE NO JAPÃO

Lilian Yamamoto
Liuka1980@hotmail.com

RESUMO
A obra do condenado à morte Norio Nagayama, Lágrimas da Ignorância, é o primeiro livro que
reúne os cadernos de anotações escritos nos seus primeiros anos no cárcere. O presente artigo
pretende analisar como o período do autor, no cárcere, influencia na sua percepção da passagem
do tempo na obra. Na mente dos prisioneiros cria-se uma nova ordem temporal, diversa do que
a sociedade vive. O tempo tem maior valor na medida em que é menos disponível para o sujeito,
assim como ele terá o valor agregado à capacidade do indivíduo dispor, livremente, dele. O
estudo argumenta que a condenação à morte, como pena, subtrai a vida presente do condenado,
uma vez que não lhe resta esperanças quanto ao futuro, além da morte, e o força a viver das
memórias da sua vida anterior à prisão, por falta de acontecimentos dentro de um espaço fixo.
Para tal, apresentamos uma breve biografia de Nagayama, a descrição do gênero
literário watakushi shôsetsu, o processo de condenação de Nagayama e o conceito de tempo no
cárcere, interpretado como uma sucessão de presentes subtraídos do condenado.

Palavras-chave: Literatura de cárcere; Norio Nagayama; Pena de morte.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 27


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PENA DE MORTE NO BRASIL: NOTAS SOBRE O IMAGINÁRIO SOCIAL


NA CIDADE DE APUCARANA – PR
Fernanda Franck
fer_franck@hotmail.com
Ivana Nobre Bertolazo
iv.bertolazo@gmail.com

RESUMO
O trabalho visa relacionar a morte, a pena de morte e o imaginário social para resolver o
seguinte problema de pesquisa: qual é a justificativa que as pessoas dão para posicionar-se
contra ou a favor da pena de morte? Para responder a essa questão foi feita uma pesquisa de
campo, utilizando-se o método hipotético-dedutivo. O trabalho analisa os conceitos de morte,
pena de morte e imaginário social, traz a metodologia de pesquisa realizada e analisa os dados
colhidos, tendo como referência os argumentos relativos à pena de morte, apresentando os
dados e concluindo que, antes de ser uma escolha racional baseada em argumentos sólidos, a
tomada de posicionamento em relação à pena de morte é uma escolha feita baseada no
imaginário social.

Palavras-chave: Morte; Pena de Morte; Imaginário Social.

Simpósio 9: ESTRATÉGIAS DE REENCANTAMENTO OU RECRIAÇÃO DO


MUNDO: O TERROR, O HORROR, A LOUCURA E O ABSURDO
Coordenador: Valter do Carmo Moreira

FEBRÔNIO ÍNDIO DO BRASIL: ALGUMAS ANÁLISES A RESPEITO DO FILHO DA


LUZ SOB A PERSPECTIVA DO PRIMITIVISMO CULTURAL MANIFESTO NO
SURREALISMO E NO MODERNISMO BRASILEIRO NAS DÉCADAS DE 1920 E 1930

Giovane Sgarbossa Mossambani (UEL)


s.m.giovane@hotmail.com
RESUMO
Esse trabalho foi produzido no sentido de investigar, à luz do fenômeno do primitivismo
cultural, o interesse que intelectuais e artistas nutriram, durante as décadas de 1920 e 1930, por
Febrônio Índio do Brasil, um assassino alienado que foi tomado por alguns, como Sérgio
Buarque de Holanda e Blaise Cendrars, como um verdadeiro surrealista autóctone. Uma
pesquisa bibliográfica foi realizada a fim compreender de que forma esse fenômeno pode ter
estabelecido um contexto para que Febrônio e o livro de sua autoria, As Revelações do Príncipe
do Fogo, se tornassem notáveis aos olhos dessas pessoas. Foi estudado, também, o interesse do
poeta, escritor e crítico literário, Mário de Andrade, pelo comportamento e pela obra do já
citado personagem histórico. Tecemos, além disso, uma análise do caráter surrealista da escrita
em As Revelações do Príncipe do Fogo, salientado a possibilidade de emprego do processo de
escrita automática para a realização dessa obra. Concluiu-se que não existem suficientes
analogias entre o livro de Febrônio e o paradigma de uma obra surrealista para que se afirme
que o assassino foi, de fato, um escritor surrealista. Ainda assim, existem diversos elementos
artisticamente interessantes na história de Febrônio Índio do Brasil.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 28


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

“SEM OLHOS”: UM OLHAR MACHADIANO NA LITERATURA FANTÁSTICA

Vizette Priscila Seidel (UFPR)


vizetteps@gmail.com
RESUMO
São várias as faces da obra de Machado de Assis: romancista, contista, cronista, poeta, crítico e
ensaísta; o escritor carioca utilizou das mais diversas formas de escrita para compor um retrato
rico e aguçado do homem e de suas relações consigo mesmo e com a sociedade, os valores
morais, a religião, a arte, a filosofia, os interesses sociais, a política. Dessa maneira, há vários de
seus textos sendo lidos pelo olhar do fantástico e do terror. No conto “Sem olhos”, de Machado
de Assis, publicado em 1876, no periódico “Jornal das Famílias”, percebemos que o autor
utiliza de estratégias do fantástico, de maneira irônica, para trazer uma crítica a sociedade, já
que se encontra no conto em questão a figura do fantasma que suscita menos temor, pois antes
de sua aparição, tem-se o contato com a história de injustiça e covardia que levou a morte da
personagem Lucinda – a qual foi mutilada pelo marido, sendo este movido pelos ciúmes.

A LINHA GROTESCA E A REPETIÇÃO COMO ESTRATÉGIAS PARA RECRIAÇÃO


QUADRINHÍSTICA DO CONTO "SEM OLHOS" DE MACHADO DE ASSIS

Guilherme Lima Bruno E Silveira /IFPR/UFG


guilhermepwcca@hotmail.com
RESUMO
A imagem carrega consigo uma ampla dimensão de análises e sentidos que vem já há tempos
sendo discutida. Se Barthes já debate a sua polissemia e camadas de sentido, Mitchell discutirá
as suas vontades e o que falta a ela. Sobre essa abertura recai o apontamento de que nem tudo é
passível de significado verbalizável. Muito do que nos atinge é presença e afeto, para além da
análise interpretativa dos objetos artísticos. É pensando sob essa perspectiva que se deu o
exercício de construção de uma recriação do conto "Sem olhos", de Machado de Assis, a fim de
se pensar os caminhos possíveis da abstração nos quadrinhos e de maneiras não narrativas de se
trabalhar os trânsitos e impressões do conto de horror. A repetição, a elipse e a visualidade
grotesca em conjunto com a sequencialização e o trabalho espaço visual da página podem
reconfigurar, reforçar ou expandir quais dimensões de uma narrativa preexistente?

HANS BELLMER E A NOVA BRINCADEIRA COM A BONECA

Lucas Henrique da Silva (UNESP)


lukas.henrique15@hotmail.com
RESUMO
Hans Bellmer (1902-1975), artista alemão filiado à vanguarda surrealista, divulgou em suas
imagens uma série de construções em torno do tema da boneca. Das fotografias publicadas em
1934 na revista Minotaure, Bellmer não parou de conjurar figuras insólitas, que se
apresentavam em corpos desarticulados, mecânicos, sob a ideia de jogos indeterminados. As
bonecas de Hans Bellmer obedeciam, em suas montagens anatômicas, a um princípio de
organização inconsciente, desvario, livre, fazendo lembrar a brincadeira infantil. Não por acaso,
vai recuperar em sua obra o tema das bonecas e das marionetes no romantismo alemão,
chegando a ilustrar, em 1969, o conto de Henrich von Kleist, “Sobre o teatro das marionetes”
(1810). Entretanto, a maior referência romântica do trabalho de Bellmer é E. T. A. Hoffmann,
com sua boneca Olímpia. O contato com a personagem pela ópera francesa de Offenbach leva
Bellmer a reimaginá-la, por meio da imagem, do design, dos estudos da histeria e do
inconsciente. Estes motivos acabam por transformar (e transtornar) a estética da personagem,
solicitando, agora, um novo tipo de experiência. Expressa-se, neste movimento, um novo
estatuto definidor para o encantamento, na brincadeira e na arte.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 29


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

JOÃO GUIMARÃES ROSA GÓTICO? UMA LEITURA DE


“O MISTÉRIO DE HIGHMORE HALL”

Adilson dos Santos (UEL)


adilson.letras@yahoo.com.br

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma leitura do conto “O mistério de Highmore
Hall”, de João Guimarães Rosa. Publicado na juventude do escritor, em 7 de dezembro de 1929,
quando ainda tinha 21 anos, na revista O Cruzeiro, tal conto se tornou público, pela primeira
vez em livro, a partir da publicação póstuma Antes das primeiras estórias, em 2011, pela editora
Nova Fronteira. Nesta coletânea, outros três contos da juventude de Rosa se fazem presentes:
“Makiné”, “Chronos kai anagke” e “Caçadores de camurças” – todos de 1930. Na esteira do
conto que integra o corpus deste trabalho, tais narrativas evidenciam um escritor distinto
daquele regionalista por nós conhecido. No que tange ao conto “O mistério de Highmore Hall”,
procuraremos demonstrar como, por meio desta narrativa, Rosa se aproxima da estética gótica e
demonstra fortes vínculos com Edgar Allan Poe. Trata-se de uma narrativa que, no plano da
construção, revela as marcas do gótico através do tratamento dado aos seguintes elementos:
espaço, personagens e tema da morte. Tais elementos concorrem para a criação de uma
atmosfera de mistério, aflição e terror/horror.

LOUCURAS E SUPERSTIÇÕES: O ROMANTISMO FANTÁSTICO


NA CENA BRASILEIRA

Abílio Aparecido Francisco Junior (UNESP)


abilio.jr26@gmail.com
RESUMO
As primeiras décadas do Romantismo no Brasil foram períodos conturbados econômica,
política, social e literariamente. Apesar de exemplos isolados ao longo de sua história, o país, a
partir da criação da Imprensa Régia em 1808 e, após alguns anos, do surgimento de diversos
periódicos, iniciou um momento de expansiva produção literária, mesmo que em sua maioria
fundamentada em moldes europeus. Nesse contexto, começaram a surgir, principalmente
baseadas na literatura alemã e francesa, diversas narrativas sobrenaturais, sejam histórias
originais, sejam traduções e adaptações de obras europeias. Dentro dessa origem da literatura
insólita no Brasil, encontram-se, em uma análise mais aprofundada, obras que dialogam com
temas recorrentes aos alemães e aos franceses, como a loucura e a superstição, como é o caso
dos contos “Luísa”, de Pereira da Silva (1838), e “Conto fantástico”, de Américo Lobo (1861),
além da obra Cartas-Romance, de Américo Basílio de Campos (1859). Com base nessas
temáticas, Tobin Siebers (1984), em seu livro The Romantic Fantastic, alicerçado nas ideias de
Charles Nodier, crítico e escritor francês do século XIX, expõe que, na França, a atitude
romântica sobre superstições deu origem a uma técnica literária, a qual seria denominada
“escrita fantástica”. Siebers propõe um certo tipo de loucura presente nas narrativas fantásticas,
a qual pressupõe a existência de personagens – e consequentemente autores – que fossem, ao
mesmo tempo, amantes de mentiras e céticos inquestionáveis. Essa condição paradoxal torna-se
o elemento de construção das obras fantásticas no Romantismo sob o prisma de Charles Nodier,
sendo levado a crer que tais narrativas pautam-se em artifícios sobrenaturais, enquanto abordam
temáticas, normalmente, sociais. Intenta-se, portanto, nesta pesquisa, verificar a condição do
Romântico Fantástico no Brasil do século XIX com base em exemplos das décadas de 1830 a
1860.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 30


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O ESPAÇO UNHEIMLICH EM EDWARD HOPPER,


MURILO RUBIÃO E DAVID LYNCH
Mariana Silva Franzim (UEL)
marianafranzim@gmail.com
RESUMO
No presente trabalho propomos a investigação da elaboração de estratégias de recriação do
mundo através do recurso do absurdo presentes em obras de três artistas de diferentes
linguagens: da literatura, Murilo Rubião, da pintura, Edward Hopper, e do cinema, David
Lynch. Analisaremos a ocorrência de uma estética unheimlich na construção dos espaços
presentes nas obras dos artistas anteriormente listados. Sigmund Freud investiga em Das
Unheimliche (1919) o efeito inquietante gerado por determinadas situações/imagens que causam
o retorno de emoções recalcadas. Unheimlich caracteriza aquilo que é não-familiar, estrangeiro,
não secreto ao mesmo tempo em que é familiar, íntimo. Anterior ao ensaio freudiano, o adjetivo
intrigava o imaginário germânico e autores, como Ernst Jentsch, já haviam se dedicado a
explorar seus significados. Várias análises aproximam o termo ao espaço da casa: a casa
unheimlich é a casa assombrada, possuída. Destacaremos obras onde não há a instauração do
sobrenatural tal qual nos numerosos casos da literatura e do cinema onde a temática da casa mal
assombrada se faz presente (por exemplo O Castelo de Otranto (1764) de Horace Walpole na
literatura, ou A Casa dos Maus Espíritos (1959) e 13 Fantasmas (1960) de William Castle,
Horror em Amityville (1979) dirigido por Stuart Rosenberg no cinema). As obras selecionadas
de Hopper, Rubião e Lynch nos levam à reflexão sobre um outro tipo de monstruosidade ligada
ao espaço físico não determinada pela presença de fantasmas ou seres sobrenaturais, mas onde
há o interesse em demonstrar como o horrível, o abjeto, o impensável espreitam através das
fendas do ordinário e, ao irromper a aparente ordem tranquilizadora da rotina banal, produzem o
mais absoluto e inquietante terror. É justamente nos espaços onde o solo é construído de
maneira firme, plana, familiar e segura que os efeitos da emersão do absurdo e do insólito
alcança proporções irremediavelmente monstruosas.
_____________________________________________________________________________

O INFAMILIAR NO DESENHO ANIMADO OVER THE GARDEN WALL

Marcelo Castro Andreo (UEL)


marceloandreo@uel.br
RESUMO
Over the garden wall é uma minissérie de desenho animado veiculada em 2014 pelo canal de
tevê Cartoon Network. Ela segue uma tendência de animações para crianças maiores e jovens
adultos nas quais são permitidos temas mais sérios ou sombrios, relacionados com os dramas
pessoais e esboços de discussões filosóficas, entremeados com situações cômicas, como nas
animações Adventure Time e Stephen Universe deste mesmo canal. Este artigo tem como
objetivo investigar os elementos inquietantes da minissérie e sua relação com o mundo interior
dos protagonistas, com especial interesse para as vivências que foram recalcadas e incorporadas
em uma realidade fantástica além dos muros citados no título da animação. Para isto serão
utilizados o texto O infamiliar, de Sigmund Freud, com o auxílio das definições do fantástico,
estranho e maravilhoso de Tzvetan Todorov e das modalidades de interpretação de Maria
Nikolajeva e Carola Scott. Pretende-se, assim, explicitar os tropos do fantástico e do horror e
como eles são apresentados como recurso para a figuração do autodesenvolvimento das
personagens principais.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 31


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

SARAMAGO E O EMBARGO INSÓLITO: O SUJEITO APRISIONADO PELAS


GRADES DO CAPITAL

Isabela Padilha Papke (UEM)


isabelappapke@gmail.com
RESUMO
O presente trabalho pretende analisar o conto “Embargo”, do autor português José Saramago,
inserido em sua coletânea denominada Objecto Quase (1978). O conto retrata a jornada
“metafísica” de um homem que entra em colapso mental após sofrer uma crise de ansiedade
para receber um pagamento. No desenrolar do conto, essa crise de ansiedade acaba por
metamorfosear-se num sentimento inquietante, que leva a personagem à um colapso mental,
fazendo-o sentir-se preso pelo carro, dentro dele mesmo. A personagem acaba ficando
enclausurado no veículo e acabando por fazer uma viagem não programada, que termina de uma
forma não tão positiva. Este movimento insólito da narrativa nos abre brecha para pensar numa
alegoria do ser humano como um carro, guiado pelo mercado e preso no sistema capitalista sem
condições de sair, esboçando o que Weber propôs como sendo um Leitmotiv do capitalismo: “o
ser humano em função do ganho como finalidade da vida, não mais o ganho em função do ser
humano como meio destinado a satisfazer suas necessidades materiais” (WEBER, 2004, p.46).
Nossa análise, portanto, pretende revelar como este adensamento da crise psicológica do sujeito
protagonista do conto desemboca num evento insólito e nos permite uma construção alegórica
do sujeito como massa de manobra na sociedade capitalista.

SURREALISMO E ARTE: UMA ANÁLISE DAS PINTURAS


DE GERTRUDE ABERCROMBIE

Maria Aparecida de Barros (UEL)


mariabarros-uel@hotmail.com
Maria Cristina Rodrigues (UEL)
crisrodriguesfatec17@yahoo.com
RESUMO
Neste trabalho, temos a pretensão de apontar as expressões do movimento surrealista em
algumas obras da artista americana Gertrude Abercrombie (1909 – 1977), propondo um diálogo
entre as artes literária e visual. As pinturas de Gertrude, assim como as demais criações
artísticas do movimento, têm a imagem como elemento fundamental. O movimento surrealista,
fundado em Paris, no início dos anos 1920, que teve como seu principal expositor, o escritor
André Breton, está entre as vanguardas da arte moderna do início do século XX. Entre as ideias
propagadas pelo movimento, está a rejeição aos valores e padrões impostos pela sociedade
burguesa da época, a repulsa ao realismo positivista que representava um empecilho para a
evolução intelectual e moral. As premissas de Sigmund Freud, suas teses psicanalistas
influenciaram os fundadores desse movimento por valorizarem a importância do inconsciente e
o contato com o mundo onírico no exercício da criatividade. Nesse aspecto, os sonhos são a
grande porta para a ampliação do conhecimento, e a imaginação se torna instrumento para que
as pessoas se libertem do aprisionamento causado pelo mundo racional. Não é de se estranhar
que as produções literárias dos expoentes do movimento tenham sido ilustradas com diversas
imagens: desde fotografias, desenhos e colagens. A imagem, segundo o movimento surrealista,
é o “novo vício”, que os invadiu e passou a ser empregada de forma ordenada e passional.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 32


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

TERATOMAQUIA: O EMBATE ENTRE HOMENS E MONSTROS


NOS QUADRINHOS E SUA FILIAÇÃO À OUTRAS LINGUAGENS

Valter do Carmo Moreira (UFPR)


valter.chimba@gmail.com
RESUMO
Dentre as estratégias de reencantamento ou recriação do mundo, a figura ou o fenômeno do
monstro ocupa um lugar de destaque. No imaginário coletivo, desde os tempos mais remotos, o
teratológico demarca um espaço de subversão do corpo, desestabilizando ou mesmo
caricaturizado (ROAS, 2013) as representações identitárias e dessacralizando o conceito de
sujeito dentro do campo simbólico, irradiando-se também no campo subjetivo. Dentro desse
contexto mais amplo, o presente trabalho tem como objetivo investigar a relação que as histórias
em quadrinhos estabelecem com esse manancial simbólico da teratologia construída dentro do
imaginário coletivo por meio dos mitos e lendas, da literatura, artes visuais e do cinema,
estabelecendo uma certa filiação grotesca entre as histórias em quadrinhos e as outras
linguagens, tomando como fio condutor esse devir-monstro (GIL, 2006) e seus reflexos no
âmbito da construção simbólica e subjetiva do sujeito, bem como os graus de plasticidade e suas
mais diversas formas de representação, por meio da deformação, malformação, anomalia,
hibridização, demonização etc.

Simpósio 10: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: MODOS DE EXISTIR E RESISTIR


Coordenadoras: Maria Isabel Borges e Célia Dias dos Santos

A NOVELA GRÁFICA “MAUS ― A HISTÓRIA DE UM SOBREVIVENTE”:


CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E PERSONIFICAÇÃO DOS PERSONAGENS
Fernanda Caroline Fujita (UEL)
fernanda.fujita54@gmail.com

RESUMO
O objeto de análise, neste trabalho, é a novela gráfica “Maus ― a história de um
sobrevivente”, produzida por Art Spiegelman (1986). A trama gira em torno de um relato
biográfico sobre as experiências vividas pelo pai do autor ― Vladek Spielgelman ― e
sobrevivente do Holocausto, durante a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945). Os
personagens são personificações de animais: os ratos são judeus; os gatos, alemães; os porcos,
poloneses; os cachorros, norte-americanos; os sapos, franceses. Para a análise da obra,
pretende-se apontar de que maneira a personificação dos personagens contribui para a
construção de sentidos do texto biográfico. As bases teóricas se baseiam nos estudos referentes
à linguagem dos quadrinhos (ACEVEDO, 1990; CAGNIN, 2014; RAMOS, 2010), às
características da novela gráfica (GARCÍA, 2012; RAMOS, FIGUEIRA, 2014) e à
personificação de personagens nos quadrinhos (BORGES, 2017). Por fim, este trabalho traz as
primeiras considerações de uma monografia em língua portuguesa em andamento.

Palavras-chave: sentidos; novela gráfica “Maus - a história de um sobrevivente”;


personificação.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 33


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS NAS TIRAS CÔMICAS


DE SARAH ANDERSEN

Karen Haruka Masuda (UEL)


karen_masuda@hotmail.com

RESUMO
Pretende-se mostrar de que maneira os recursos da linguagem dos quadrinhos foram utilizados
nas tiras cômicas de Sarah Andersen. Tais tiras estão compiladas nas obras “Ninguém vira
adulto de verdade” (2016), “Uma bolota molenga e feliz” (2017) e “A louca dos gatos” (2018),
num total de 329 tiras. Os estudos de Acevedo (1990), Cagnin (2014) e Ramos (2007; 2010)
foram utilizados como bases teóricas para a caracterização da linguagem dos quadrinhos e do
gênero tira cômica (RAMOS, 2011; 2014; 2017). Sob um olhar interpretativista, foi possível
observar a preferência da artista por certas características, por exemplo: a ausência de título
(187 casos ― 57%); a quantidade de cinco vinhetas dispostas verticalmente em duas colunas
acima de uma única vinheta que fecha a história (212 ocorrências ― 64%). Além disso, as
características gráficas tendem a ser minimalistas, principalmente em relação ao cenário, com
enfoque maior nas expressões faciais e corporais dos personagens. Todos esses aspectos
trabalham em conjunto para gerar o efeito humorístico pretendido nas tiras cômicas da Sarah
Andersen (2016; 2017; 2018).

Palavras-chave: linguagem dos quadrinhos; tira cômica; Sarah Andersen.

A NOVELA GRÁFICA “O DIÁRIO DE ANNE FRANK”


E A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS

Natália Marques de Jesus (UEL)


natalia.mdejesus@gmail.com
RESUMO
Neste trabalho, pretende-se mostrar como a linguagem dos quadrinhos está a serviço da
construção dos sentidos na novela gráfica “O diário de Anne Frank”, uma produção em
quadrinhos de Ari Folman e David Polonsky (editora Record, 2017) e reconhecida pela
Fundação de Anne Frank. A obra analisada foi baseada no texto em prosa “O diário de Anne
Frank” (1947), um relato da garota judia Anne Frank sobre os horrores enfrentados por ela e
sua família durante o holocausto, liderado por Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Nesse período, milhões de judeus morreram vítimas do antissemitismo, o que
motivou a fuga para outros países em busca de segurança. Anne e sua família refugiaram-se
em um esconderijo por cerca de dois anos. A narrativa é feita em primeira pessoa por Anne
Frank (característica própria do gênero diário). Através dos relatos da garota, é possível que o
leitor tenha acesso não somente às informações referentes aos acontecimentos físicos, mas
também aos conflitos internos por ela vivenciados. Além disso, as personagens fixas, o uso de
legendas para a expressão da voz narrativa de Anne e balões-fala para a exposição das
interações verbais das personagens, a multiplicidade de tempos e espaços, a personificação do
diário e a transcrição de trechos do diário na forma de prosa foram observados na versão em
quadrinhos de “O diário de Anne Frank”. Todos esses aspectos foram analisados com base nos
estudos de Cagnin (2014), Acevedo (1990), Ramos (2010) e Borges (2017).

Palavras-chave: linguagem dos quadrinhos; novela gráfica “O diário de Anne Frank”;


memórias.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 34


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

AS CHARGES DA COPA DO MUNDO DE 2018

Inez Nerez de Almeida Rocha (UEL)


inez20@gmail.com

RESUMO
Neste trabalho, são trazidos alguns resultados de uma pesquisa em andamento cujo objeto são
as charges da Copa do Mundo de 2018 (Rússia), publicadas em dois jornais impressos
brasileiros: “Folha de Londrina” e “Folha de São Paulo”, entre 23 de maio e 16 de junho de
2018. O objetivo é mostrar algumas relações entre os recursos da linguagem dos quadrinhos e
a intertextualidade. Em relação à intertextualidade, foram consideradas a concepção de acordo
com a criadora do termo - Julia Kristeva – e estudiosas brasileiras, tais como: Bentes e
Cavalcante (2007), Koch e Elias (2014). A intertextualidade, em linhas gerais, configura-se
como a apropriação e recriação a partir de um outro texto pré-existente em que dizeres se
entrecruzam, tendo em vista a construção de sentido de qualquer enunciado. Não há charge
sem intertextualidade não só porque retoma já ditos como também os recria para que um dizer
crítico seja construído, sempre em conjunto com o humor e com a atualidade. Por fim, não é
possível a construção de uma charge sem os recursos da linguagem dos quadrinhos. Nas trinta
charges coletadas e estudadas, foram identificados os seguintes elementos: a) caricaturas de
jogadores de futebol, torcedores e de seleções de diversos países; b) cores para representar as
bandeiras e outras simbologias das seleções e países; c) relação temporal com Copas
anteriores; d) críticas relacionadas a certos “escândalos”, por exemplo, o caso de corrupção na
CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a “Lava-Jato”, dentre outros. Acevedo (1990),
Cagnin (2014) e Ramos (2010) foram as referências norteadores para a caracterização da
linguagem dos quadrinhos.

Palavras-chave: intertextualidade; charge; Copa do Mundo de 2018.

ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA LINGUAGEM QUADRINÍSTICA EM


“BORDADOS” DE MARJANE SATRAPI

Célia Dias dos Santos (UEL)


celiadiassantos@gmail.com

RESUMO
O presente trabalho, através de uma análise qualitativa, busca investigar as especificidades da
linguagem quadrinística (ACEVEDO, 1990; CAGNIN, 2014; RAMOS, 2010) na obra
“Bordados” da escritora e ilustradora iraniana Marjane Satrapi. Tomamos aqui as memórias da
juventude de Marji como representativas de processos de resistências femininas possíveis
dentro de sua própria cultura. A autora com traços monocromáticos e humor cortante vai
entrelaçando aspectos da intimidade feminina ao desfiar as experiências de diversas mulheres
iranianas em ambiente privado e seguro. A linguagem coloquial, aliada ao uso de uma
tipografia cursiva nos balões e legendas, remete a um ambiente intimista de um diário pessoal.
Em “Bordados”, a intersecção harmoniosa entre diálogos picantes e expressão corporal captam
a atenção do leitor do início ao fim. Ademais, na obra analisada, os desenhos não são
organizados em quadrinhos, as ilustrações de corpo inteiro e de perfil chegam a ocupar metade
da página, às vezes a página toda, criando efeito de sentido de proximidade entre as histórias
narradas e o leitor.

Palavras-chave: resistência feminina; memórias; linguagem quadrinística.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 35


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

OS ADVÉRBIOS DE INTENSIDADE NAS TIRAS CÔMICAS DE GARFIELD

Angela de Lourdes Capellesso Calzavara (UEL)


angelacapellesso@hotmail.com
RESUMO
O objetivo principal, neste trabalho, é mostrar o uso dos advérbios de intensidade (bastante,
bem, muito, pouco, tanto, demais, mais, menos, quanto, tão.) nas tiras cômicas de Garfield,
personagem criado por Jim Davis (2012), volumes 1, 2, 3, 4 e 5 (Editora L&PM). Os
advérbios, na visão prescritiva (CUNHA; CINTRA, 2013), formam uma classe gramatical
invariável, que, sintaticamente, funcionam como um termo acessório: o adjunto adverbial.
Porém, sob a perspectiva pragmático-semântica (NEVES, 2011), os advérbios contribuem para
a construção de sentidos no texto, nesse caso, as tiras cômicas citadas. Quanto à natureza, eles
podem ser: a) modificadores, na maioria das vezes relacionados com as características ou
qualidades de um objeto ou ser; b) ou não modificadores, os quais influenciam as ações
realizadas por um sujeito ou tudo aquilo expresso na oração. Metodologicamente, foi feita uma
quantificação dos advérbios de intensidade: (mais, muito, tão, demais, menos, pouco, bem,
tanto, quanto e bastante). A partir de uma análise qualitativa, os advérbios dão a impressão de
que Jon e Garfield interagem verbalmente. Na verdade, ocorre a personificação de Garfield na
perspectiva do leitor (BORGES, 2017). Entretanto, no desdobramento narrativo, Jon e Garfield
não conversam entre si, como se observa na presença do balão-pensamento. A personificação
efetiva-se por causa do acesso do leitor aos pensamentos do gato. As características desse gato
preguiçoso intensificam-se na ordem morfossintática, favorecendo a produção dos sentidos,
ora atuando diretamente no desfecho (efeito cômico), ora indiretamente na construção da
expectativa. As principais bases teóricas utilizadas foram: Ramos (2010; 2011; 2017), para a
linguagem dos quadrinhos e caracterização da tira cômica; Cunha e Cintra (2013), Neves
(2011) para o funcionamento do advérbio.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 36


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

OS ENGANOS SOBRE A NOVELA GRÁFICA E O MANGÁ

Maria Isabel Borges (UEL)


belborges1@hotmail.com
RESUMO
Histórias em quadrinhos (HQ) são populares e estão em processo de “naturalização” nas
escolas. Assim sendo, pretende-se apontar três enganos relacionados às HQ e seus efeitos.
Engana-se, em primeiro lugar, pensar que toda HQ é igual. Para Ramos (2010), as HQ
constituem um hipergênero no qual são agrupados diversos gêneros, por exemplo: tira cômica,
charge, cartum, HQ de aventura, HQ de humor, HQ biográfica, HQ autobiográfica, dentre
outros. A linguagem dos quadrinhos (balões, legendas, linhas cinéticas, metáforas visuais,
tempo, espaço, onomatopeias, ângulos e planos de visão, vinhetas etc.) e o narrar uma história
são fundamentos que, ao mesmo tempo, constituem tais gêneros e os aproximam,
configurando-se um “guarda-chuva” ― o hipergênero. Há o segundo engano: novela gráfica e
mangá são gêneros. Ambos são formas de produzir HQ, podendo ser histórias de humor,
aventura, biográfica, autobiográfica, de terror, de drama... A novela gráfica, segundo Ramos e
Figueira (2014), é um formato para apresentação de uma HQ ― o livro. “Maus”, “Bordados”,
“O diário de Anne Frank” (quadrinhos), “Carolina” (quadrinhos) são exemplos conhecidos de
HQ biográficas no formato de livro. “Naruto”, “Bakuman”, “Jojo’s bizarre adventures”,
“Nisekoi” são exemplos de HQ de aventuras produzidas ao estilo japonês ― o mangá ― tendo
um público-alvo preestabelecido (garotos, garotas, adulto, qualquer idade...). O terceiro engano
é pensar que as HQ, nas diferentes configurações de gêneros, são subliteratura, uma produção
artística inocente que torna o leitor preguiçoso. Além disso, entende-se que, em relação às
adaptações literárias, haveria uma desmotivação à leitura das obras “originais”. No entanto,
não conhecendo a linguagem dos quadrinhos e as características dos diversos gêneros
pertencentes ao hipergênero citado, não é possível compreender a complexidade de qualquer
texto em quadrinhos e, muito menos, transformá-lo em objeto de estudo em diferentes
disciplinas, sobretudo a de língua portuguesa. Portanto, é urgente desfazer tais enganos.

Palavras-chave: histórias em quadrinhos; novela gráfica; mangá.

UMA ANÁLISE DA LINGUAGEM DOS QUADRINHOS NO MANGÁ “NO. 6”

Fernando Morais Santana (UEL)


fernandonandu50@gmail.com
RESUMO
O objetivo é apontar, na série de mangás de “NO. 6” das autoras Atsuko Asano e Hinoki Kino,
os principais recursos da linguagem dos quadrinhos utilizados a favor da construção dos
sentidos. Chinen (2013), Mussarelli (2013), Braga Jr. (2016), Miotello e Mussarelli (2016) e
Ramos (2010) constituem as bases teóricas do trabalho. “NO. 6” era uma “light novel”, que foi
adaptada para mangá, com roteiro de Atsuko Asano ― também escritora da novela citada ― e
a arte de Hinoki Kino. O mangá foi publicado, no Japão, pela editora Kodansha entre os anos
de 2011 e 2014. Já no Brasil, começou em 2015 e terminou em 2018 (nove volumes), sempre
publicado pela editora NewPOP. A trama acompanha o protagonista Shion, que, por ter
ajudado um foragido chamado Nezumi, foi expulso de um distrito onde só a elite selecionada
poderia morar, passando, assim, a habitar numa parte mais “baixa” da cidade: Number Six.
Após ser acusado injustamente de assassinato, o protagonista é apreendido pelas autoridades
da cidade, entretanto ele consegue fugir para o Bloco Oeste ― subúrbio próximo à Number
Six. Ao chegar lá, Shion começa a perder o olhar ingênuo e conhece outra realidade: a
violência.

Palavras-chave: linguagem dos quadrinhos; mangá “NO 6”; sentidos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 37


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 11: REPRESENTAÇÕES DAS RELAÇÕES DE GÊNERO EM CONTOS DE


AUTORIA FEMININA
Coordenadora: Suely Leite

(IN)DEPENDÊNCIA FEMININA: UMA ANÁLISE DE “APENAS UM SAXOFONE”,


DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Ana Laura Lemes Monte (UEL)


analaurasigma@outlook.com
Raphaela da Silva e Souza (UEL)
silva.raphaela@outlook.com

RESUMO
O presente trabalho tem como origem as discussões propostas no grupo de pesquisa
“MULHERES EM CONTOS: REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA CONTÍSTICA DE
AUTORIA FEMININA NO PERÍODO DE 1950-1970” desenvolvido na Universidade
Estadual de Londrina. Dentro desse escopo, esse artigo objetiva analisar a construção da
imagem feminina no conto “Apenas um saxofone”, de Lygia Fagundes Telles, levando em
consideração os valores culturais patriarcais vigentes na década de 1960, data da publicação
do mesmo, e de que forma os papéis sociais femininos estão presentes ou não na
representação literária configurada no texto. Por meio da protagonista Luisiana, pretende-se
traçar um paralelo entre o movimento feminista da época e seus reflexos na construção de
uma feminilidade presente na personagem, além da discussão acerca do uso do corpo
feminino como meio de ascensão social. As teorias que servirão como suporte para a análise
textual estão ancoradas nos estudos sobre a representação da mulher na literatura como por
exemplo, a ginocrítica, os estudos de Zolin e Elódia Xavier. Espera-se com esse estudo
contribuir para as reflexões na área de literatura, sobretudo no campo das discussões sobre
os estudos de gênero.

O FEMINISMO POSSÍVEL: UMA LEITURA DE “JOVITA” DE DINAH SILVEIRA


DE QUEIROZ

Suely Leite (UEL)


celsul@uol.com.br
RESUMO
O presente trabalho tem como origem as discussões propostas no grupo de pesquisa
“MULHERES EM CONTOS: REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA CONTÍSTICA DE
AUTORIA FEMININA NO PERÍODO DE 1950-1970” desenvolvido na Universidade
Estadual de Londrina. Dentro desse escopo, esse artigo objetiva analisar a construção da
imagem feminina no conto “Jovita” que faz parte da coletânea As noites do morro do
encanto escrita por Dinah Silveira de Queiroz e publicada em 1977. Jovita é uma cabocla
corajosa que desperta, na sua comunidade, a ânsia de ter uma heroína que possa representá-
la em uma guerra. Escolhida para ocupar essa representação, Jovita se faz transgressora de
seu tempo, mas presa ainda aos papéis sociais destinado às mulheres, a protagonista acaba
por não realizar o ato heroico dela esperado. A representação feminina no texto passa pelo
viés de um feminismo possível para o tempo ficcional, o do Império, quando ela precisava
passar-se por homem para fazer parte do exército e defender a província do Rio Grande do
Norte. É nesse travestimento que ela impõe sua ousadia e seu lado transgressor e
desestabiliza os padrões de comportamento feminino da época. O objetivo desse trabalho é
problematizar as relações de gênero representadas no texto a partir do cotejamento do texto
literário e de estudos teóricos como os de Elódia Xavier, Mary Del Priori e Joan Scott. Na
esteira dessa discussão, espera-se contribuir para a área dos estudos sobre a representação da
mulher na literatura e as relações de gênero configuradas na narrativa.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 38


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

SUA VOZ TINHA CHEIRO DE MAÇÔ: UMA ANÁLISE DO CONTO PERFUMES


DE MINHA MÃE DE MARIA DA GLORIA SÁ ROSA

Maria Aparecida de Barros (UEL)


mariabarros-uel@hotmail.com
RESUMO
A pretensão para esta comunicação é analisar a representação das personagens femininas,
como os papéis sociais são determinados culturamente e influenciam na construção da
identidade da personagem narradora no conto Perfumes de minha mãe da escritora Maria da
Glória Sá Rosa. Pretende-se também identificar como a memória individual e coletiva é
recuperada e apresentada como registro na literatura; como tais lembranças são utilizadas
pela narradora na construção de sua história. A narrativa, presente na obra Contos de hoje e
sempre Tecendo Palavras (2002), foi escolhida tendo como critério a riqueza de sua
escritura, e pela a representação da condição feminina, em especial da maternidade, e dos
sacrifícios físicos e psicológicos apresentados como sendo naturais para a mulher. Badinter
(1985), após um estudo sócio-histórico sobre a maternidade em diferentes períodos
históricos e meios sociais, revela que o papel materno, que hoje conhecemos, é uma
construção social, assim como a vocação para a maternidade atribuída às mulheres. As
reflexões deste estudo tiveram como suporte teórico Foucault (1999), Halbwachs (2006),
Reuter (2007), Zolin (2005) Zinani (2011), entre outros.

TEMPO, MEMÓRIA E VIOLÊNCIA NO CONTO “LA ESCALERA”,


DE SILVINA OCAMPO
Jacicarla Souza da Silva (UEL)
jacicarla@uel.br

RESUMO
A escritora argentina Silvina Ocampo (1903-1993) representa um dos poucos nomes
femininos que integram a historiografia canônica da literatura argentina. Em 1940, ela
juntamente com Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges, organiza a Antología de la
literatura fantástica. Trata-se de uma obra de relevância para os estudos relacionados ao
universo fantástico na literatura. O livro reúne contos de 65 escritores, os quais, como não é
de se estranhar, apenas 4 são mulheres, entre elas está Silvana Ocampo, assim como
Alexandra David Neel, Elena Garro e May Sinclair. Diante de um espaço dominado por
homens, Ocampo resiste, desta forma, ao silenciamento o qual as mulheres são submetidas,
destacando-se na produção literária do boom latino-americano. Embora grande parte dos
estudos sobre a sua obra centre-se em explorar os elementos fantásticos em sua narrativa,
pretende-se nessa comunicação observar a importância do universo feminino na sua
produção, por meio do conto “La escalera”, publicado em Las invitadas (1961). Espera-se,
portanto, chamar a atenção para olhar problematizador de Silvina Ocampo no que tange à
condição social da mulher, em que elementos como o fantástico, o tempo e a memória serão
fundamentais para denunciar a situação de desigualdade social vivenciada pelas mulheres.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 39


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 12: LITERATURA E RESISTÊNCIA: LEITURA, ESCOLA E DEMOCRACIA


Coordenadora: Sheila Oliveira Lima

ADOLESCÊNCIA E CRIAÇÃO:
A ESCRITA NA CONSOLIDAÇÃO IDENTITÁRIA

Karen Alves Andrade Moscardini (IFPR)


karen.moescardini@ifpr.edu.br
Victor Hugo Silva dos Reis (IFPR)
hugoreis726@gmail.com

RESUMO
As evoluções físicas, cognitivas, sociais e pessoais de um indivíduo ocorrem de forma potencial e
privilegiada na adolescência, período do desenvolvimento humano no qual essas transformações
iniciam-se. O indivíduo sofre diversos processos de mudança, dos quais destacam-se a maturação
física e a cognitiva, principalmente em virtude da puberdade e da percepção crítica, além do
desenvolvimento de habilidades sociais. Sendo assim, elucida-se a gigantesca brecha para potenciais
instabilidades pessoais e inaptidão para lidar com diversos problemas nas relações com seus pares,
familiares e demais pessoas de seu cotidiano; bem como demais conflitos psicológicos ou até mesmo
de aceitação das mudanças corporais e comportamentais. Por conseguinte, é nessa etapa do processo
evolutivo do indivíduo que a descoberta de si mesmo, a construção da identidade do seu próprio “eu”,
ocorre. Isso devido à necessidade de auto compreensão e também de aceitação a que os jovens se
sujeitam. Visando à validação desse processo, é importante que os adolescentes estejam envolvidos em
práticas afirmativas. Sendo assim, o “Projeto Escrita Criativa: poesia”, desenvolvido no IFPR Campus
Londrina, é uma ação que pode colaborar na construção da identidade adolescente por meio da
produção escrita e da reflexão crítica. Esta pesquisa tem, portanto, o intuito de analisar poemas
produzidos pelos participantes do projeto e associá-los a comportamentos elencados a partir
referenciais teóricos da área de psicologia para verificar a influência recíproca do eu-lírico no eu-
biográfico. Parte-se da hipótese de que as discussões realizadas no projeto assim como os exercícios de
criatividade colaboram com a consolidação sadia da identidade adolescente.

Palavras-chave: Poesia; Adolescência; Identidade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 40


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

AS TEORIAS LITERÁRIAS PÓS-ESTRUTURALISTAS COMO UMA FERRAMENTA


DE RESISTÊNCIA E DE DESCONSTRUÇÃO DA CENSURA LITERÁRIA INFANTIL
E JUVENIL EM SALA DE AULA

Leonardo Vinícius Sfordi da Silva (UEM)


Leonardo_sfordi90@hotmail.com

RESUMO
Na contemporaneidade brasileira, devido à consolidação de discursos conservadores, a censura a
elementos artísticos está cada vez mais rotineira; de modo consequente, a literatura infantil e juvenil
abordada no âmbito escolar não escapa dessa conjuntura e se torna alvo fácil para a solidificação das
perspectivas políticas-ideológicas favoráveis aos cerceamentos. Baseado neste cenário vigente, este
trabalho visa alicerçar-se nas teorias literárias críticas pós-estruturalistas – com enfoque nos
pressupostos epistemológicos da estética recepcional de Hans Robert Jauss e da Estética do Efeito de
Wolfgang Iser, as quais comungam que o leitor é o eixo substancial da construção de significação –
para reconhecer e debater o ideário defensor da censura cultural e artística, que vê, na construção do
texto literário, elementos problemáticos e passíveis de restrição, uma vez que, para as teorias citadas, a
interpretação das obras é vista como uma representação individual do horizonte de expectativa e não
como suporte de significação coletiva da obra. Isto posto, este texto visa a apresentação de argumentos
em prol da resistência da livre expressão das manifestações artísticas, culturais e literárias infantis e
juvenis nos bancos escolares.

Palavras-chave: pós-estruturalismo; censura escolar; literatura infantil e juvenil.

EDUCAÇÃO LITERÁRIA: POR UMA (RE)EDUCAÇÃO DAS


RELAÇÕES HUMANAS VOLTADAS PARA A DIVERSIDADE

Ana Paula F. Nobile Brandileone (UENP)


apnobile@uenp.edu.br

RESUMO
Os profissionais envolvidos com o ensino da língua portuguesa e de suas respectivas literaturas na
Educação Básica brasileira têm enfrentado um novo desafio desde a promulgação da Lei 11.645/08,
que prevê a abordagem de aspectos da história e da cultura afro-brasileira e indígena, em especial nas
áreas de educação artística, literatura e história. Não menos desafiador são as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos (BRASIL, 2013), as quais orientam para a
indispensabilidade de uma educação que associe os conteúdos escolares a temáticas modernas, na
perspectiva de promover uma sociedade mais justa e solidária. Ambos os documentos oficias têm
levado a um movimento crescente dos agentes envolvidos com a educação no sentido de atender a
essas demandas, contribuindo para a discussão de temas relacionados à diferença e à diversidade.
Nesse contexto, esta comunicação tem por objetivo apresentar algumas reflexões que têm sido
fomentadas na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Cornélio Procópio, no
âmbito do PROFLETRAS, especialmente nas dissertações de Mestrado desenvolvidas na área dos
estudos literários sob a minha orientação, as quais visam a colocar a Literatura no centro da prática
escolar, articulando-a com temáticas ligadas à realidade do educando.

Palavras-chave: PROFLETRAS; Educação Literária; (Re)educação das relações humanas voltadas


para a diversidade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 41


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LITERAE LUDUS: HUMANIZAÇÃO DO ENSINO DE LEITURA


E DEMOCRATIZAÇÃO DE LITERATURA NA ESCOLA

Franciela Silva Zamariam (SEED-PR)


belamesquita@hotmail.com

RESUMO
Apesar de tantos estudos debaterem a importância vital da literatura na formação humana, com o mau
uso da evolução tecnológica no século XXI, a maioria da população jovem brasileira tende a procurar
formas rápidas de informar-se e entreter-se, trocando os livros pelos aparelhos eletrônicos e as redes
sociais. De outro lado, a escola, furtando-se à sua função primeira, de oferecer uma formação holística,
tem caminhado para um ensino mercantilista e para a objetificação do estudante. Partindo desse
problema, surgiu o projeto Litterae Ludus, cujo objetivo é aproximar os adolescentes da literatura,
levando-os a criar um vínculo afetivo com o texto literário clássico, de maneira tal que cheguem mais
perto de obter formação humana por inteiro. Para tanto, organizamos, entre os alunos, um processo
democrático de escolhas de obras, em meio a um rol de sugestões, respeitando as inclinações e
habilidades de cada um. Após sua leitura e debate, os alunos criaram painéis ilustrados, poemas
narrativos, jogos, reportagens em vídeo, maquetes, entre outros, a partir da percepção subjetiva da
significação de cada livro, acrescentando-se ainda pesquisas sobre o autor e a obra lida. Tais trabalhos
integraram uma Mostra Literária, que recebeu como público todos os alunos do período vespertino,
profissionais da educação e familiares dos estudantes. Os resultados foram melhorias significativas na
habilidade de interpretação de textos, nos conhecimentos organizacionais e científicos, no trabalho em
equipe, na comunicação oral e escrita, e na compreensão do que é literatura e de suas funções. Por fim,
os estudantes, com metodologia científica, externalizaram seus textos-leitura (BARTHES, 2004) em
um evento acadêmico, realizado na UTFPR.

Palavras-chave: Ensino De Literatura; Formação De Leitores; Humanização.

MENÇÕES À LEITURA, AOS LEITORES E À LITERATURA NAS DIRETRIZES


E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Rosangela Maria de Almeida Netzel (UEL)


roalmeidaprofe@gmail.com
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise quanto às menções referentes à leitura, aos leitores e à literatura
em diretrizes e bases da educação brasileira. A questão principal de investigação é a forma como as
práticas escolares de leitura são concebidas nestes documentos. Tal fato é relevante, pois os
documentos oficiais são importantes elementos das políticas educacionais, ao lado da formação
docente e da distribuição de recursos, de modo que as concepções neles defendidas tendem a
influenciar as práticas curriculares. Para tanto, empregou-se como instrumento metodológico a análise
documental, com recurso à busca de termos como “leitura”, “leitor”, e “literatura” na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Básica (BRASIL, 2013), e na Base Nacional Comum curricular (BRASIL, 2018),
procedendo-se a uma breve análise quanto ao teor implícito de algumas dessas ocorrências. O ponto de
partida são as concepções de Lajolo e Zilberman (1996) sobre a relação histórica entre leitura e escola,
de Candido (1995), que versa sobre a importância de se garantir o acesso à literatura por parte de todos
os seres humanos, e de Colomer (2007), que traz reflexões quanto à abordagem de literatura na escola.
Espera-se contribuir para uma reflexão quanto aos direcionamentos oficiais sobre o ensino escolar de
leitura, indicando possíveis caminhos de resistência ao status quo vigente, em busca de uma real
formação de leitores.

Palavras-chave: Concepções; Escolas; Formação de leitores.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 42


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ENSINO DE LITERATURA E A FORMAÇÃO DO LEITOR

Tatiele Faria (PROFLETRAS/ UEL)


tatielefaria@hotmail.com

RESUMO
A leitura é uma das competências culturais mais valorizadas entre os estudiosos da linguagem. Em
nossa sociedade, tudo o que somos, o que fazemos e compartilhamos necessariamente, passa pela
leitura, do começo ao fim da nossa vida. Dada sua importância, grandes discussões são formadas no
ambiente escolar, no que diz respeito às práticas da leitura e à formação de leitores. É sabido que tais
práticas, no que tangem à leitura na escola, não devem limitar-se apenas a sala de aula e que o
professor precisa oferecer ao aluno acesso as diversas leituras, dentre elas, a literária. Dentro dessa
perspectiva, esse trabalho tem por objetivo, apresentar apontamentos sobre leitura de literatura e a
formação de leitores no ambiente escolar, sob a concepção do letramento literário, tendo como base os
pressupostos teóricos abordados por Teresa Colomer (2007), Isabel Solé (1998), Beth Brait (2010),
Michele Petit (1999), Vincent Jouve (2012), Annie Rouxel (2012), Lucila Pastorello (2015), entre
outros.

Palavras-chave: Letramento literário; formação de leitores; literatura.

O PERÍODO FORMATIVO DA LITERATURA POLICIAL BRASILEIRA: AS


INTERTEXTUALIDADES E O MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO COMO
FERRAMENTA PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS

Jaime dos Reis Sant’Anna (UEL)


jsantann@hotmail.com

RESUMO
Ao longo da existência humana, uma das formas de resistência é a inconformidade com a morte, a luta
pelo adiamento do inevitável que tanto amedronta. Para Boileau & Narcejac, o medo – e, sobretudo, o
medo da morte – é a “raiz ideológica do romance policial”. Todavia, no romance policial a morte não é
tratada como uma tragédia, um destino inexorável dos homens, mas como um objeto de indagação,
algo a ser dissecado, analisado. Ocorre neste gênero literário a valorização do que Ernest Mandel
chamou – seguindo a tradição marxista da qual ele se tornou grande expoente – de coisificação da
morte, a causa que a gerou, ou seja, o crime. O objetivo desta comunicação é discutir a literatura
ficcional policial como ferramenta eficaz no trabalho de formação de leitores literários no ensino
básico. No Brasil, três publicações são decisivas para o processo formativo que resultou na
consolidação deste gênero: O mistério (1925), obra coletiva folhetinesca escrita por Viriato Corrêa,
Coelho Neto, Medeiros e Albuquerque e Afrânio Peixoto, na qual encontramos o primeiro enredo cujo
leitmotiv é o trabalho da polícia em busca da elucidação de um assassinato; A morte no envelope
(1957), coletânea de 18 contos de mistério produzidos por Luiz Lopes Coelho na qual surge o primeiro
personagem-detetive da literatura brasileira, o delegado Dr. Leite; e Quem matou Pacífico? (1969), de
Maria Alice Barroso, “primeiro romance policial brasileiro de fôlego”, cuja ambientação se dá
totalmente na zona rural. Nestas obras, encontramos o uso recorrente de importantes instrumentos para
a formação de leitores, tais como a intertextualidade (Samoyault) e os métodos hipotético-dedutivo e
de abdução (Eco).

Palavras-chave: Formação de leitores; literatura policial brasileira; intertextualidade; dedução e


abdução.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 43


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

SUBJETIVIDADE E DENSIDADE: A DUREZA DA LEITURA


SEM PERDER A TERNURA

Sheila Oliveira Lima (UEL)


sheilaol@uol.com.br
RESUMO
A leitura do texto literário, na escola brasileira, tem sido desafio de longa data. Dentre os problemas
mais notáveis que parecem impedir ou precarizar sua realização estão a dificuldade do acesso a
materiais que levem textos completos aos seus potenciais leitores, o não comparecimento da leitura
literária nas salas de aula, a diminuição paulatina do espaço da literatura nas aulas de língua materna, a
formação docente pouco afeita ao trabalho com a leitura e à formação do leitor, o trabalho mecânico e
tecnicista, característico da escola contemporânea, o que dificulta vinculações mais autênticas entre o
aluno e o conhecimento, sobretudo quando se refere à arte. A pesquisa contemporânea a respeito da
leitura e da formação do leitor avança em diversos setores. Rouxel (2013), ao lado de teóricos como
Jouve (2013), Langlade (2013), Petit (2009), afirma que a formação do leitor está fortemente
vinculada à constituição subjetiva. Nesse sentido, requer uma abordagem menos mecânica e mais
afetiva. Andruetto (2017), por sua vez, busca a instauração de um processo em que essa constituição se
dê de maneira densa e intensa. Por meio de abordagens distintas, as pesquisadoras francesa e
argentina, respectivamente, fazem coro no que diz respeito à busca de uma formação que não se limite
ao aspecto teórico da literatura, mas implicando-a na experiência singular de cada leitor. No Brasil,
embora tais abordagens ainda se mostrem esdrúxulas, visto que nossa realidade ainda engatinha em
relação às políticas para a formação de leitores, é preciso configurar um caminho que se estabeleça
como algo relevante e capaz de promover alterações significativas no quadro do engajamento para a
leitura entre os estudantes. Neste trabalho, propomos realizar um debate entre as propostas de Rouxel e
Andruetto, procurando, a partir delas, sugerir uma terceira via, mais afeita à realidade escolar e
histórica do brasileiro.

Palavras-chave: Literatura; Formação de Leitores; Subjetividade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 44


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 13: ENSINAR E APRENDER LITERATURA NO CONTEXTO


CONTEMPORÂNEO PLURALISTA E MULTIMODAL
Coordenadoras: Fernanda Machado Brener e Natália Barros da Silva Gomes

ENSINO MULTIMODAL DE LITERATURA: O POTENCIAL DA INTELIGÊNCIA COLETIVA


NA PRÁTICA

Natália Barros da Silva Gomes (UEM/ UNIFAMMA)


nataliabsgomes@gmail.com
RESUMO
Ainda que alguns assim a considerem, a palavra não é monomodal. Conforme Kress (2003), ela evoca sons,
imagens, cheiros, gostos – por si só, pode ser escrita ou falada. A materialidade do livro também possui
caráter multimodal, pois, inclui uma série de modos de linguagem que influenciam na construção de
sentidos do texto. A literatura, portanto, permite uma interligação natural com o cinema, o desenho, a
pintura, a fotografia, a música, a dança, entre outros. Abordá-la a partir da pedagogia dos multiletramentos
(THE NEW LONDON GROUP, 2000) é um caminho que já se mostrou possível em pesquisas como a de
Gomes (2017) e Brener (2018). Dessa forma, faz-se importante reforçar que ela não precisa ser ensinada
somente de uma maneira que privilegia a escrita e inibe todo o seu potencial de significação, ao contrário,
tais ideias vão ao encontro da pluralidade da sala de aula, em termos sociais, econômicos, culturais,
políticos, isto é, em todos os sentidos. Professores e professoras podem, por meio de abordagens
multimodais, oferecer diferentes portas de acesso às obras literárias, afinal, cada indivíduo aprende de
maneira única e cada recurso utilizado pode ser mais ou menos produtivo no processo de construção de
sentidos (GARDNER, 2005; ARMSTRONG, 2009). Essa perspectiva muito se relaciona aos pressupostos
de Lévy (2015) acerca da Inteligência Coletiva, que, em linhas gerais, aponta para um modo de aprender
que considera todos os saberes e defende que quanto mais o conhecimento do outro diferir do meu, maior
será o nosso potencial de aprendizado mútuo. Nesta comunicação, temos o objetivo de problematizar
quanto potencial é deixado da porta da sala de aula para fora e quanto dele poderia ser aproveitado se
ensinássemos literatura de uma maneira mais colaborativa e plural.

LITERATURA E CINEMA: DRÁCULA PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO

Fernanda Machado Brener (UEL)


fernanda@brener.com.br
RESUMO
Com base nos estudos doutorais defendidos em 2018, afirmamos que a oportunidade de agir criativamente
em relação ao texto é um exercício valioso para a formação do leitor ao permitir uma identificação entre
leitor e texto em um processo que o torna significativo, além disso, a utilização de textos multimodais pode
propiciar a diminuição da distância existente entre as práticas de leitura literária tradicionais que acontecem
fora e dentro da universidade. Tendo isso em vista, este trabalho tem como objetivo principal abordar a
maneira como professores de inglês em formação se engajam em práticas de leitura literárias multimodais e
multimidiáticas emergentes. Para tanto, retomamos a aproximação entre o romance Drácula (1897), de
Bram Stoker (1847-1912), e cinco versões cinematográficas da obra, realizada em uma disciplina semestral
intitulada “Literatura Inglesa, cinema e outras mídias audiovisuais”, ministrada para alunos e alunas de um
curso de licenciatura em Língua Inglesa, no ano de 2015. A disciplina em questão discutiu as relações entre
textos literários clássicos e suas versões cinematográficas com foco nas transformações decorrentes da
mudança de modo de representação e nas implicações para a construção dos sentidos dos textos. A partir
disso, foi possível evidenciar que: 1. há uma ressignificação nas concepções de literatura e de ensino de
literatura quando professores se engajam com práticas de letramentos literárias multimodais; e 2. o
engajamento reflexivo de professores em formação sobre suas próprias experiências com práticas de
letramentos literárias multimodais pode ser uma condição para a (re)orientação de como esses professores
concebem e implementam práticas de ensino de literatura na contemporaneidade. Os resultados mostram
que os professores em formação foram capazes de estabelecer novas percepções sobre o texto literário e de
perceber como se dá o processo de construção de significado a partir das análises das apropriações, de
modo que ressaltamos a necessidade das licenciaturas enfocarem outras formas de letramento,
concomitantes com a escrita, e, principalmente, os arranjos entre distintos modos de representação.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 45


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

MÁRIO QUINTANA EM DOIS CASOS MULTIMODAIS

Haline Nogueira da Silva Domingues (UEM)


halinens@hotmail.com

RESUMO
Esta comunicação visa apresentar dois materiais distintos em sua concepção, mas simétricos em seus fins:
levar poesia para diversos públicos em suportes variados e convidativos às práticas de leitura em um
contexto histórico plural e dinâmico. O poema “Canção da ruazinha desconhecida” é nosso objeto de estudo
nesta proposta. Publicado pela primeira vez em 1946, no livro Canções seguido de sapato florido e A rua
dos cataventos, o texto trazia a escrita dos versos em sua forma mais tradicional e conhecida. Mas, em
2005, a Editora Global lança um livro na categoria infantojuvenil, ilustrado por Suppa, contendo sessenta
poemas de tamanhos e conteúdos variados de Mário Quintana. A novidade neste produto é a embalagem
dos poemas. O livro endereça os textos primariamente publicados para serem lidos por adultos, para um
novo nicho de leitores – as crianças. O segundo objeto é o CD Crianceiras Mário Quintana, gravado entre
2014 e 2015, musicado e concebido por Márcio de Camillo. Ambos os suportes mencionados – livro
ilustrado e CD – diversificam a forma de expor e veicular textos poéticos; exploram recursos multimodais
como o som, imagens e palavra oportunizando a um público mais amplo a fruição da poesia de um dos
maiores poetas brasileiros em versões divertidas e singelas. Com esta proposta de comunicação queremos
destacar a existência de recursos auxiliares na manutenção e propagação da literatura – alvo de discussões
apocalípticas neste cenário cibercultural – onde o papel é um forte candidato, no discurso de alguns – a
decretar sua extinção. Longe de tamanho veredicto, nosso objetivo ao trazer outras maneiras de apresentar
a literatura aos atuais leitores vorazes de cor, luz e movimento, é chamar a atenção para novas formas de
convivência entre a palavra escrita no papel ou nas telas, demonstrando que ambos os suportes precisam
coabitar entre as atuais e futuras práticas de leituras literária

ROMEU E JULIETA NO SÉCULO XXI: LITERATURA E MULTIMODALIDADE


EM SALA DE AULA
Beatriz Primo de Mendonça
biaprimo_@hotmail.com
Carolina Favaretto Santos (UEL)
carolinafavaretto7@gmail.com
RESUMO
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), tem promovido mudanças
significativas na sociedade, tornando cada vez mais comum a utilização de diversos recursos e mídias
digitais para o desenvolvimento da comunicação. Além disso, características peculiares a diferentes
gerações humanas têm se mostrado relevante para estudos contemporâneos, pois apresentam novas
maneiras de lidar com esses novos contextos de produção e circulação de informação. Consequentemente, o
ensino de línguas estrangeiras/ adicionais tem se apropriado dessas transformações, oportunizando o estudo
de experiências favoráveis ao ensino, buscando a possibilidade de alcançar maior efetividade e melhor
qualidade no processo de ensino e aprendizagem (LEFFA; IRALA, 2014). Nesse viés, este estudo tem por
objetivo dialogar sobre conceitos teóricos relacionados à literatura e ensino de línguas na atualidade e
sugerir ações pedagógicas envolvendo práticas multimodais no ensino de línguas. Para isso, serão
apresentados conceitos de motivações (BROWN, 2007; FERNÁNDEZ e CALLEGARI, 2010), bem como
de multimodalidade (COPE; KALANTZIS, 2000; KRESS, 2010; GIBBONS, 2012; HEBERLE, 2012;
ROJO; MOURA, 2013), linguagem para a formação cultural e humana, como também sobre a aplicação de
recursos tecnológicos (EL KADRI; GIMENEZ, 2016; RAMOS, 2018; LIBERALI; SANTIAGO, 2018;
VILAÇA, 2017) em atividades de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras/adicionais. O instrumento
de estudo presente neste trabalho é a peça Romeu e Julieta de William Shakespeare, utilizando adaptações
do inglês shakespeariano para o inglês moderno. Concluímos, com este estudo, que a pedagogia dos
multiletramentos permite aos professores realizarem práticas pedagógicas diferenciadas e significativas,
levando os alunos a otimizarem as habilidades linguísticas de uma maneira crítica e social, a fim de
alcançar os objetivos propostos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 46


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 14: LINGUAGEM E LITERATURA: SOCIALIZAÇÃO DE PRÁTICAS


PEDAGÓGICAS QUE CONTEMPLEM LETRAMENTOS DIGITAIS
Coordenadoras: Adriana Giarola Ferraz Figueiredo e Eliza Adriana Sheuer Nantes

DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS: UMA PROPOSTA DE INTERAÇÃO COM O


CLÁSSICO CONECTANDO LITERATURA, OUTRAS LINGUAGENS E TECNOLOGIAS

Adriana Giarola Ferraz Figueiredo (Unopar/ Anhanguera)


adriana.gfigueiredo@kroton.com.br
Eliza Adriana Sheuer Nantes (Unopar/ Anhanguera)
elizanantes@gmail.com
RESUMO
É notório que o ensino de literatura, no contexto da sala de aula, é e sempre foi imprescindível. No
entanto, o trabalho com o texto literário, na atualidade, abarca não somente aspectos estéticos, isto é,
intrínsecos à criação literária, em que o texto atua como objeto de arte. Mais que isso, a leitura literária
pode promover a análise de elementos culturais, linguísticos, políticos e sociais, entre outras
possibilidades. Nesse sentido, ensinar literatura compreende uma visão crítica acerca da linguagem, da
história, do homem e do mundo. Diante dessa perspectiva, é preciso considerar, conforme Carvalho e
Domingo (2012), que a literatura propicia a confluência com outras formas de arte e de conhecimento,
abrindo-se para novas formas de experiência humana, incluindo os novos letramentos e a perspectiva
digital, elementos que interagem com a contemporaneidade. Nesse cenário, adotando a pesquisa
qualitativa, alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma escola estadual do Núcleo Regional de
Londrina, após leitura da versão em quadrinhos do clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis, e
atendendo a uma das premissas da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), que
compreende a necessidade de um novo contexto no ensino da literatura, voltaram-se aos letramentos
digitais, promovendo a elaboração de uma propaganda multimodal, partindo da ideia de que, no
cenário atual, textos literários podem ser representados e apresentados a partir de novas linguagens e
de semioses múltiplas, em consonância com as ideias de ROJO (2012), promovendo, assim, a
intersecção entre a literatura e a divulgação da arte, de forma que diversos públicos sejam atingidos,
por meio de recursos que, na contemporaneidade, fomentam ações, em sala de aula, que evidenciam a
ligação entre o ensino, as linguagens e as tecnologias.

Palavras-chave: Ensino de Literatura; Texto Multimodal; Letramento Digital.

AS NARRATIVAS EM SUPER MARIO WORLD: O VIDEOGAME COMO FORMA DE


REFLEXÃO SOBRE A LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO
Lucas Toledo de Andrade (UEL/ Unopar)
ltoledodeandrade@gmail.com
RESUMO
Os estudos sobre as narrativas de videogame revelam-se como um importante meio para a reflexão
acerca da relação do leitor com o texto literário nestes tempos midiatizados. Nesse sentido, essa
comunicação buscará a partir do jogo Super Mario World suscitar discussões e reflexões acerca da
leitura e do texto literário, levando em conta o leitor contemporâneo. A narrativa de Super Mario
World, lançado pela Nintendo, entre os anos de 1990 e 1991, segue o padrão dos textos tradicionais,
todavia questiona alguns lugares comuns desses textos e permite ao “leitor-jogador” uma posição ativa
diante da história, que pode ser vista como o “texto escrevível” barthesiano. Sendo assim, a partir de
algumas das ideias de Roland Barthes (1992), Umberto Eco (1994) e, também, dos conceitos agency e
transformation, próprios da estética do videogame, será possível pensar em possibilidades para o
trabalho com o texto literário em sala de aula, por meio de algumas discussões provenientes da Teoria
da Literatura.

Palavras-chave: Super Mario World; Narrativas de Videogame; Literatura.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 47


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

NOVOS GÊNEROS LITERÁRIOS DIGITAIS NO ENSINO DE LITERATURA

Márcio Henrique de Almeida Soares (UEL/ CAPES/ UNOPAR)


marck.ick@gmail.com
RESUMO
A produção e o consumo de literatura têm se transformado profundamente nas últimas décadas. Muito
longe da simples transposição de textos convencionais para os meios digitais ocorrida nos primórdios
da computação, muitas obras que hoje circulam na internet já se apropriam de elementos específicos
das ferramentas eletrônicas utilizadas em sua criação. São textos híbridos, um “monstro esperançoso”,
conforme coloca Hayles (2007), que impõe desafios às classificações tradicionais dos gêneros
literários. Embora ocorra, ainda, muito debate em torno da literariedade dessas obras e haja um
consenso de que, limitadas pelas suas próprias potencialidades, como a facilidade de
compartilhamento, elas não tenham atingido ainda o mesmo nível de qualidade da literatura
tradicional, não se pode ignorar que essas obras têm sido cada vez mais consumidas, especialmente
entre os mais jovens. Diante disso, e tendo por base o pensamento de Jauss (1981) acerca da estética da
recepção, esse trabalho busca investigar como alguns desses novos gêneros literários digitais, dentre
eles a ciberpoesia e as fanfics, podem ser incorporados ao ensino de literatura, ao mesmo tempo em
que exercem uma função no letramento digital do aluno.

Palavras-chave: Ensino de Literatura; Literatura Digital; Gêneros Literários.

OS MULTILETRAMENTOS NA FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE:


UMA ANÁLISE A PARTIR DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO

Maria de Lourdes Rossi Remenche (UTFPR)


Ana Paula Pinheiro da Silveira (UTFPR)
mremenche@utfpr.edu.br
apsilveira@utfpr.edu.br
RESUMO
A convergência digital favorecida pelo uso das Tecnologias digitais de Informação e Comunicação
(TDIC) possibilitou aos sujeitos realizar múltiplas funções que impactam a forma de produzir sentidos
para as práticas de leitura e escrita. Nesse contexto, este artigo discute as novas configurações
curriculares de um Curso de Letras que buscou o diálogo entre as atuais Diretrizes Curriculares
Nacionais para as Licenciaturas no Brasil, os contextos contemporâneos que envolvem os letramentos
digitais e o uso das TDIC no processo de ensino-aprendizagem de leitura e escrita. Considerando o
projeto pedagógico de formação inicial de professores de Língua Portuguesa, desenvolvemos uma
pesquisa qualitativo-interpretativa para analisar se o fazer docente do professor em formação inicial
mobiliza as TDIC e, se ao propor atividades, ele considera os documentos que norteiam o trabalho
docente, os conceitos a eles imbricados, incluindo o uso de metodologias que estão em consonância
com as propostas para o ensino. Para tanto, ancoramos nossa análise em Cope e Kalantzis, 2009;
Garcia Canclini, 2008; Pacheco, 2014; Moreira, 2008; entre outros. Os dados apontam para a
mobilização da tecnologia, considerando a concepção de multiletramentos, multiplicidade de culturas e
de semioses. A análise revela, ainda, a intensificação, na formação inicial, de teorias e práticas que
favorecem os multiletramentos.

Palavras-chave: TDIC; Formação Inicial; Multiletramentos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 48


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NA ERA DIGITAL:


REFLEXÕES E DESAFIOS
Marília Israel Rocha (Unopar/ Anhanguera)
m.i.mariliaisrael@gmail.com
RESUMO
O avanço tecnológico permitiu a transposição da literatura para o suporte digital, quando diante do
maior crescimento da internet, que acabou por baratear e democratizar os espaços de produção. A
internet tornou-se um lugar em que as pessoas se encontram não de uma maneira física, mas por meio
dos discursos e afinidades que compartilham, formando, inclusive, “tribos”: grupos de pessoas que têm
interesse em determinado assunto e se propõem a discuti-lo ou, simplesmente, informar-se. Diferentes
tipos de leitores são formados diante dos estímulos semióticos que recebem (SANTAELLA, 2004),
logo, a escola como espaço de formação, tem um papel fundamental em ressignificar o ato da leitura.
Diante dessa nova realidade, que Lévy (1999) chama de “cibercultura”, entende-se que o computador e
a internet saíram do ambiente de trabalho, das empresas, para as residências e para as escolas
(FERREIRO, 2008). Este trabalho traz algumas reflexões sobre as práticas de letramento digital no
contexto de uma escola estadual envolvendo a leitura de “O diário de Anne Frank”, levando em
consideração os novos papéis que assumem alunos e professores ao fazer uso das ferramentas digitais
para trabalhar pesquisa, leitura, oralidade e produção textual. Os pontos analisados vão desde
atividades de pré-leitura até a relação dos alunos com uma plataforma de produção de fanfics a partir
de atividades propostas pela professora, a fim de que os alunos fizessem uso da internet como letrados
digitais e não como consumidores passivos de conteúdo.

Palavras-chave: Letramento Digital; Práticas de Leitura; Cibercultura.

Simpósio 15: LINGUAGEM, LEITURA E LITERATURA: (MULTI)LETRAMENTO


E CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS
Coordenadores: Ernani Cesar de Freitas e Feevale Luis Henrique Boaventura

DO TEXTO AO HIPERTEXTO: UMA PROPOSTA DIDÁTICA DE PRODUÇÃO TEXTUAL


EM SUPORTE MULTIMÍDIA
Miquela Piaia (IFFar)
Miquela.piaia@gmail.com
Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE)
nanicesar@terra.com.br
RESUMO
Partindo do pressuposto de que o ensino de línguas deve possibilitar a prática de multiletramentos,
conforme The New London Group (1996), e levando em consideração as orientações dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) (Brasil 1998) de que o ensino de línguas deve ser baseado na produção
e compreensão de gêneros discursivos, construiu-se uma proposta de prática de ensino para a
promoção de letramentos para alunos dos primeiros anos do Ensino Técnico Integrado ao Ensino
Médio do Instituto Federal Farroupilha campus Santo Augusto-RS. Elegeu-se o gênero hiperconto para
aplicação de uma sequência didática na qual o gênero foi ensinado de forma sistemática, assim como
sugere Dolz, Noverraz e Schneuwly (2010). Essa proposta visou incentivar a leitura e a produção
textual no contexto escolar de forma motivadora, relevante e capaz de engajar os estudantes e torná-los
protagonistas de seus processos de aprendizagem. O desenvolvimento dessa prática de ensino,
constituída de produções virtuais utilizando ferramentas como imagem, áudio e vídeo, permitiu a
produção, criação, colaboração e compartilhamento de ideias e saberes, engajando os aprendizes em
uma prática social relevante dentro da comunidade acadêmica envolvida. Percebeu-se que através de
atividades criativas e desafiadoras, envolvendo multimodalidade e guiadas por sequências didáticas, os
estudantes mostraram-se bastante participativos e comprometidos, e os resultados de suas produções
são expressivamente positivos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 49


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

MULTILETRAMENTOS E MULTIMODALIDADE: O DESIGN DE SIGNIFICADOS EM


LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA E INGLESA

Édina Menegat Mecca (UPF/PPGL)


edinamm@yahoo.com.br
Luis Henrique Boaventura (UPF/PPGL)
luishboaventura@hotmail.com
Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE)
nanicesar@terra.com.br

RESUMO
A pesquisa tem como tema os multiletramentos e, como delimitação, em seu recorte, a construção do
sentido em textos de gêneros discursivos multimodais por meio de atividades propostas por materiais
didáticos de língua portuguesa e inglesa. O objetivo geral visa analisar as atividades de leitura
propostas nos textos multimodais em livros didáticos de língua portuguesa e inglesa a fim de verificar
sua contribuição para a promoção dos multiletramentos. Mediante tal objetivo, são mobilizados e
associados marcos teóricos baseados em: Bakhtin (2016) sobre gêneros discursivos e dialogismo;
Chartier (1994), Petit (2008) e Kleiman (2004, 2005, 2014) quanto às práticas de leitura; Kress (2000,
2010, 2014) e Kress e van Leeuwen (2006) sobre multimodalidade; The New London Group (2000),
Lemke (2010) e Rojo (2012, 2013) no que se refere aos multiletramentos. O corpus desta pesquisa é
composto por atividades de estudo propostas em dois textos do livro didático “Português –
Linguagens”, de Cereja e Magalhães (2015), e dois textos do material "Way to English", de Franco e
Tavares (2015), ambos desenvolvidos para o sexto ano do ensino fundamental. Observamos que os
materiais didáticos analisados promovem os multiletramentos ao considerar o processo de design do
significado intrínseco à comunicação multimodal. Verificamos, ainda, que aspectos relevantes dos
sentidos produzidos pelos modos de design visual são ignorados pelas atividades. Por isso,
considerando a gramática do design visual, de Kress e van Leeuwen (2006), sugerimos questões
complementares para cada texto analisado.

MULTIMODALIDADE E ARGUMENTAÇÃO NO ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: LEITURA E


CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS

Ednéia de Cássia Santos Pinho (Unopar/Anhanguera)


ediuel@yahoo.com.br
RESUMO
Este estudo pretende analisar a influência dos recursos multissemióticos na leitura de anúncios
publicitários. Considerando o perfil das novas gerações que nascem envoltas pela tecnologia e pela
multimodalidade, imersas em um cenário caracterizado pela rapidez comunicativa e pela valorização
da imagem, investigamos como os alunos iniciantes do Ensino Fundamental II reconhecem as marcas
argumentativas responsáveis pela construção de sentido no gênero anúncio publicitário quando
vinculados a diferentes suportes. Apresentaremos alguns dos resultados obtidos com a aplicação de
atividades interpretativas, envolvendo propagandas impressas e digitais à luz dos conceitos defendidos
por Sant’anna (2005), Kleiman (2005), Santaella (2005), Moran (2007), Cope e Kalantzis (2009),
Marcuschi (2010) e Rojo (2012). É possível constatar que os alunos da nova geração avaliam a
multimodalidade como um aspecto facilitador para o reconhecimento da argumentação e da
intencionalidade, embora essa identificação, quando há simbiose de linguagens, não seja clara,
evidenciando uma prática superficial de leitura e a ênfase em apenas um dos modos de significação.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 50


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O JOGO DA LEITURA CONCRETIZADO NO JOGO DE REPRESENTAÇÃO

Franciela Silva Zamariam (SEED-PR)


belamesquita@hotmail.com
RESUMO
Sob a área de ensino da leitura literária, esta comunicação fundamenta-se em Jouve (2002), ao
comparar literatura e jogo, em seus mecanismos cognitivos, sociais e afetivos. Embasamo-nos em
Barthes (2004) e Jouve (2002), para tratar da complexidade do leitor e de sua participação efetiva
como personagem da obra literária, da qual constrói seu texto-leitura, fruto de uma interpretação
particular ou do compartilhamento, conforme Colomer (2009). A partir dessas teorias, propusemos a
adaptação de obras de literatura clássica para o jogo de representação de papéis (RPG), o qual pode
proporcionar uma leitura interativa, compartilhada e significativa, sob a orientação do professor,
facilitando o acesso a essa linguagem específica, ao mesmo tempo em que (re)constrói a afetividade
entre leitor e texto. Ademais, verificamos que esse jogo é uma ferramenta transdisciplinar, que leva o
aluno a, de fato, vivenciar o enredo da obra e experimentar algumas das sensações de um leitor
maduro. Assim, nesta comunicação, discutiremos a pesquisa de Mestrado em Estudos da Linguagem
(UEL,2018), que foi realizada com alunos do Ensino Médio da Rede Pública de Educação, sobre o uso
do RPG como alternativa metodológica no ensino da leitura literária, cujos resultados se mostraram
muito positivos, tanto no quesito motivação, quanto na formação do estudante como leitor competente.
Com isso, pretendemos uma aproximação entre as teorias desenvolvidas na academia e a prática
docente na Educação Básica, visando a melhorias no processo de ensino e aprendizagem da leitura nas
aulas de língua portuguesa.

OBJETOS EDUCACIONAIS DIGITAIS NA PERSPECTIVA DOS MULTILETRAMENTOS:


APROXIMAÇÕES E DESVIOS NOS LIVROS DIDÁTICOS

Ana Paula Pinheiro da Silveira (UFTPR)


apsilveira@utfpr.edu.br
Maria de Lourdes Rossi Remenche (UFTPR)
mremenche@utfpr.edu.br
RESUMO
Com o advento das Novas Tecnologias de Comunicação e Interação (NTICs) observa-se que os
documentos que orientam o Ensino no Brasil (PCN, 1998; BNCC, 2018) incluíram em suas discussões
uma visão afirmativa do uso da Tecnologia, sem definir de forma clara como o acesso a essas
ferramentas poderiam provocar mudanças na relação dos alunos com o conhecimento. No esteio dessa
visão de tecnologia, o MEC definiu que a partir de 2012 as editoras poderiam inscrever no âmbito do
Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) 2014, objetos educacionais digitais (OED) complementares
aos livros impressos. Na proposta para o PNLD, o Ministério de Educação considerou como OED o
material multimídia, que inclui jogos educativos, simuladores e infográficos animados. O presente
trabalho, ancorado nos estudos sobre multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2009); (LEMKE; 2010);
(STREET, 2003; 2013) buscou analisar se os jogos propostos como atividades a serem desenvolvidas
para a coleção Moderna Plus “Literatura: tempos, leitores e leituras”, de ABAURRE e PONTARA
(2015), da Editora Moderna, inserem-se na proposta da Pedagogia dos multiletramentos. Os resultados
obtidos evidenciam que a tecnologia é ainda utilizada como um recurso didático e pouco se consegue
explorar a concepção de multiletramento, a multiplicidade de culturas e de semioses nas propostas
desenvolvidas pela editora, o que aponta para a necessidade de qualificar as reflexões sobre as teorias
que embasam a leitura e escrita dos gêneros multimodais nos livros didáticos de Língua Portuguesa.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 51


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 16: EM BUSCA DE UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO I


Coordenadoras: Fabiane Cristina Altino e Juliana Fogaça Sanches Simm

A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EM FOCO: A ABORDAGEM VARIACIONISTA EM UM


COLÉGIO PARTICULAR DE LONDRINA

Juliana Fogaça Sanches Simm (Unopar/Colégio Interativa de Londrina)


julianafogacasanches@gmail.com

RESUMO
O ensino de Língua Portuguesa na atualidade, sobretudo com a homologação da BNCC (2018), deve
levar os alunos ao desenvolvimento de diversas competências, habilidades e conhecimentos. Um deles
diz respeito à variação linguística, a qual, segundo o documento, deve ser abordada com o intuito de
levar o aluno a “compreender o fenômeno da variação linguística, demonstrando atitude respeitosa
diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos Linguísticos” (BRASIL, 2018, p. 87). Nesse
sentido, este trabalho visa apresentar as ações empreendidas pela Coordenação de Linguagens de um
colégio particular de Londrina, durante a semana de comemoração pelo Dia Internacional da Língua
Portuguesa, para a mobilização dos professores dos diferentes segmentos, a fim de proporem
atividades que levassem os alunos à reflexão sobre a pluralidade da Língua Portuguesa e as formas
como ela se manifesta no cotidiano das pessoas. Assim, para a sensibilização dos professores,
inicialmente, a coordenadora da área realizou uma formação com esses profissionais, com o objetivo
de, primeiramente, balizá-los quanto aos conhecimentos relativos à história da Língua Portuguesa, à
mudança linguística e à variação, e propôs, em seguida, uma discussão sobre as possibilidades de
abordagem do tema com os alunos. Após o alinhamento das estratégias de execução das propostas, as
intervenções foram realizadas, e os registros das atividades foram encaminhados para a coordenação.
Verificou-se, de forma geral, com a análise do resultado das ações, que os alunos conseguiram
compreender: (i) como se deu a origem da Língua Portuguesa; (ii) como a língua foi implantada no
Brasil; (iii) quais países têm o português como língua oficial; (iv) a questão da heterogeneidade
linguística; (v) o que é um Atlas Linguístico; e (vi) a influência de outros povos para a formação do
léxico de nossa língua.

Palavras-chave: Variação Linguística; Ensino; Língua Portuguesa.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 52


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A LINGUAGEM VERBAL COMO APORTE SIGNIFICATIVO DAS PALAVRAS:


POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS SOCIOCOGNITVAS

Fabíola Grasiele Zappielo (UNESPAR)


fabiolazappielo@gmail.com
Roseli Belém Machado (UNESPAR)
rose_bm_10@hotmail.com

RESUMO
Por muito tempo o ensino da linguagem restringia-se ao ensino de regras e ao exercício de memorização
dessas. Posteriormente passou-se a outras metodologias de trabalho, entretanto, ainda não notamos formas
que despertem o interessem do estudante e/ou o conhecimento crítico desses. Nesse sentido, nossa pesquisa
busca analisar a linguagem verbal como âncora no trabalho contextualizado a partir do uso/reflexão/ uso
das palavras, tornando os alunos falantes competentes, capazes de elaborar seu discurso de acordo com a
situação comunicativa em que se encontram envolvidos. Podemos destacar como uma das grandes barreiras
para que esse trabalho aconteça, o problema de compreensão das novas abordagens metodológicas, pois o
contexto de ensino e aprendizagem, ainda hoje, encontra-se limitado pelos exercícios de regras e
memorização destas regras, ou seja, a escola continua com um ensino cuja metodologia engessa a
aprendizagem, apesar de já ter avançado em muitos aspectos. É de fundamental importância que o aluno, ao
fazer uso da linguagem, tenha possibilidades de entender como a linguagem funciona, como o sentido das
palavras podem se alterarem conforme sua colocação e/ ou entonação. A partir de tal reflexão, o uso da
linguagem, bem como seu estudo, torna-se mais real e significativo para eles, de modo que seu uso passa a
ter significado. Diante de tais reflexões, essa análise é apenas uma proposta reflexiva que debruça o olhar
em direção da ferramenta metodológica da comunicação verbal como possibilidades da clareza significativa
de informações no emprego de palavras escritas e faladas como contribuinte na formação intelectual do
sujeito ativo e participativo no seu próprio processo de aprendizagem.

Palavras-chave: Palavras; metodologia; cognitivo.

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E OS MEMES: ASPECTOS LINGUÍSTICO EM COMUNIDADES


DE PRÁTICA
Aline Makiyama (G.UEL)
lih.makiy@gmail.com
Ana Paula L. S. Aires (G.UEL)
anapaula.aires@uel.br
Beatriz Balbino Carvalho (G.UEL)
beatriz.balbino@outlook.com
Fabiane Cristina Altino (UEL)
fabiane_altino@uol.com.br
RESUMO
É consensual a afirmativa de que a língua é dinâmica e que constantemente se altera por ação de seus
falantes. Esta dinamicidade linguística somada ao advento da tecnologia e da internet, cria o ambiente ideal
para as mudanças nas formas de comunicação. Na contemporaneidade, parte da interação social dá-se por
meios virtuais, que exigiu a criação de uma nova linguagem, incluindo o fenômeno meme. É neste universo
que este trabalho se inscreve e tem por objetivo verificar, por meio a variação estilística, como se compõe o
gênero meme, como surge e de que maneira tem alterado a si e a comunicação social entre os indivíduos.
A metodologia será em análise qualitativa em que serão analisados sob a perspectiva da interação social
existente entre alunos de dois grupos distintos, quinze alunos do ensino médio e quinze do ensino
superior. A análise dos dados aliará a interface entre a variação linguística e aspectos semióticos de criação
de significado. Além disso, almejamos verificar de que modo o meme conquistou o espaço virtual como
ferramenta de interação social e quais são as nuances da criação de significados multimodais, considerando
os aspectos socioculturais. Como resultados esperados, pressupomos que indivíduos, da mesma faixa etária,
compartilhem dos mesmos recursos e referências para a participação virtual, caracterizando uma
comunidade de prática.
Palavras-chave: Meme; estilística; variação linguística.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 53


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A VARIAÇÃO NA ELIPSE DO SUJEITO PRONOMINAL DE PRIMEIRA PESSOA

Heloanna Salatta Pini (UEL)


hel_sla@hotmail.com

RESUMO
A presente comunicação, baseada na metodologia da Sociolinguística Variacionista, examinou a
variação no uso da elipse dos pronomes-sujeito de primeira pessoa (eu e nós), a fim de verificar quais
fatores podem estar condicionando a realização da elipse do sujeito e confrontar essa realização com
aquilo que prescrevem os compêndios gramaticais, os quais postulam que a explicitação do sujeito na
Língua Portuguesa é pleonástica, visto que essa língua possui uma morfologia verbal suficientemente
rica, que possibilita identificar o pronome-sujeito sem que haja a necessidade de explicitá-lo. Para
tanto, foram examinadas 16 entrevistas gravadas e transcritas por Botassini (2013) para a realização de
sua tese intitulada Crenças e atitudes linguísticas: um estudo dos róticos em coda silábica no Norte do
Paraná. A opção por utilizar essas entrevistas ocorreu pelo fato de se tratar de amostras de fala de
pessoas nascidas e residentes no Norte do Paraná e que, portanto, representam a fala de nossa região.
Esta comunicação se justifica pela possibilidade de confrontar o que prescrevem as gramáticas
tradicionais em relação à elipse do sujeito pronominal com o uso real e efetivo da língua, podendo-se,
assim, trazer contribuições para o ensino e a aprendizagem da língua materna.

Palavras-chave: elipse; sujeito pronominal; Sociolinguística Variacionista.

CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS NA FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS

Fátima Christina Calicchio (Unicesumar)


fatima.calicchio@hotmail.com

RESUMO
O plano de ensino do curso de Pedagogia da Unicesumar, com base nas Diretrizes Curriculares
Nacionais, tem como objetivo, dentre outros, cumprir a função de “formar profissionais
interculturalmente competentes, capazes de lidar, de forma crítica, com as linguagens, especialmente, a
verbal, nos contextos orais e escritos, e conscientes de sua inserção na sociedade e das relações com o
outro” (BRASIL, 2001). Considerando essa orientação das DCNs, este estudo vai ao encontro desse
objetivo, por entender que, no âmbito de alguns cursos de ensino superior que possuem a Língua
Portuguesa em suas matrizes curriculares, há uma expectativa de se aprender a norma-padrão. Diante
dessa problemática, este trabalho busca responder a esta indagação: como possibilitar que o professor-
pedagogo desenvolva competências linguísticas necessárias para o exercício da sua profissão? Para
dar conta de responder a essa indagação, acredita-se que um estudo sobre as crenças e atitudes
linguísticas poderia se configurar como um caminho profícuo para isso. Assim, o objetivo deste
trabalho assenta-se na tentativa de desconstruir o conceito sobre a homogeneidade da língua dos
discentes de Pedagogia. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter observacional, com coleta de
dados por meio de pergunta, extraídos da atividade online dos estudantes, um dos recursos avaliativos
dos cursos presenciais da Instituição.

Palavras-chave: Pedagogo; variações linguísticas; crenças linguísticas.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 54


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA MODALIDADE ESCRITA PARA ALUNOS


SURDOS: PROPOSTAS PEDAGÓGICAS NA PERSPECTIVA DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA

Fabíola Grasiele Zappielo (UNESPAR)


fabiolazappielo@gmail.com
Roseli Belém Machado (UNESPAR)
rose_bm_10@hotmail.com

RESUMO
O ensino de Língua Portuguesa, na modalidade escrita, para alunos surdos é obrigatório, de acordo
com o Decreto nº 5.626/05 que regulamenta a Lei nº 10.436/02. Contudo, é necessário que professores
de língua portuguesa tenham formação para este ensino. Ao apresentar a língua portuguesa para esses
alunos, é imprescindível que o professor conheça e reconheça que, para o surdo, esta é a sua segunda
língua, e a Libras, língua brasileira de sinais, é a sua primeira língua. Assim, a singularidade linguística
do surdo precisa ser considerada. No entanto, este fator não pode impedir o acesso do aluno surdo aos
conteúdos abordados em sala de aula em especial, neste trabalho, à variação linguística. Este trabalho
tem por objetivo apresentar propostas pedagógicas para trabalhar com a variação linguística, na
perspectiva da pedagogia da variação linguística, em sala de aula inclusiva com o aluno surdo, nas
aulas de língua portuguesa. Com isso, pretende-se contribuir com os professores de língua portuguesa,
de forma que aconteça uma reflexão sobre sua prática pedagógica.

Palavras-chave: Ensino de LP para surdos; Pedagogia da variação; Formação do professor.

Simpósio 17: EM BUSCA DE UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO II


Coordenadores: Flávio Brandão Silva e Joyce Elaine de Almeida Baronas

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO (BNCC): QUAL É O


LUGAR DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA?

Kauana Scabori dos Santos (UEL)


uelscabori@gmail.com
Nayara Maira da Silva
naahmaira@hotmail.com
RESUMO
A nova Base Nacional Comum Curricular está arquitetada em cinco áreas do conhecimento conforme
definido na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A BNCC é um documento que vai
nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino, além de sugerir propostas pedagógicas a todas as
escolas públicas e particulares do Brasil. Nosso objetivo geral é investigar se a variação linguística tem
um lugar na BNCC (desenvolvida para o Ensino Médio). Os objetivos específicos são: i) analisar a
estrutura da base para o Ensino Médio, principalmente a área de Linguagens, ii) investigar qual é a
concepção de linguagem que a Base apresenta e iii) observar se há um lugar para o tratamento da
variação linguística e, se houver, analisá-lo. Para realizarmos este estudo, embasamo-nos em teórico-
metodológicos de Castilho (2000), Bortoni-Ricardo (2005; 2006), Bakhtin (2006), Antunes (2007),
Travaglia (2009), Cyranka (2014), Moreno (2016), entre outros estudiosos da área. Alicerçamo-nos em
uma metodologia com abordagem qualitativa e de natureza descritiva e interpretativa. Os resultados
apontaram para uma proposta criteriosa de trabalho com a concepção de linguagem no ambiente
escolar por parte da BNCC, além da existência de um espaço para a temática “variação linguística”.

Palavras-chave: Sociolinguística Educacional; Base Nacional Comum Curricular; Variação


linguística.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 55


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LIVROS DIDÁTICOS


Gabrielly Champi Duarte (UEL)
gabriellychampi@gmail.com
RESUMO
A presente pesquisa tem como intuito analisar a abordagem da colocação pronominal em livros
didáticos atualmente utilizados no Ensino Fundamental da cidade de Londrina, aprovados no PNLD
(Plano Nacional do Livro Didático). O estudo do tema se justifica pelo fato de ainda haver
discrepância entre os novos estudos linguísticos feitos na Academia e a abordagem de língua materna
nas escolas brasileiras. Muitas instituições ainda estudam a língua em sala de aula de uma maneira
tradicional, por isso há o interesse em verificar a concepção de língua implícita nos manuais didáticos
que dão suporte para as aulas, a fim de verificar se a abordagem é ainda tradicional ou se já acompanha
os estudos linguísticos desenvolvidos no ambiente acadêmico. A necessidade de unir os estudos
acadêmicos com a maneira de ensinar língua na escola cujo objetivo é formar, no aluno, uma visão
crítica de sua própria língua, são os principais aspectos que motivam o desenvolvimento da pesquisa.
Palavras-chave: Colocação pronominal; Livro didático; Abordagens linguísticas.

GRAMÁTICA E USO: CONCORDÂNCIA VERBAL


Giordana Di Paula Ferro (UEL)
giordanapaulaferro@gmail.com
RESUMO
A norma culta constitui uma variedade linguística empregada em determinado contexto sociocultural e
concebida como uma língua de prestígio, sendo as demais marcadas, pelos próprios falantes, como
variantes inferiores. No presente estudo, serão abordadas questões relacionadas à norma e ao uso, mais
especificamente em relação ao fenômeno gramatical: concordância verbal, o qual é muito importante
para reflexão, dado que os estudos sociolinguísticos vêm promovendo pesquisas sobre a observação de
como o fenômeno ocorre na língua materna. Analisar a presença dos estudos da variação linguística
em livros didáticos se justifica pela necessidade de verificar como tal assunto chega aos bancos
escolares, dado que é função do professor de Língua Portuguesa aproximar o estudante da norma culta,
e o fazer reconhecer o valor de sua língua materna. Com base nessas considerações, o presente
trabalho tem o objetivo de verificar a abordagem da concordância verbal nas coleções de livros
didáticos mais utilizados no município de Londrina, com a finalidade de refletir sobre as regras
gramaticais e seu uso de fato.
Palavras-chave: concordância verbal; variação linguística; normas linguísticas.

ORALIDADE, ESCRITA E ENSINO: POR UMA EFETIVA ABORDAGEM DA LÍNGUA


MATERNA NO CONTEXTO RURAL
Vanessa Lini Dalto/UEL
vanessa.lini.dalto@gmail.com
RESUMO
A diversidade do português praticado no Brasil constitui atualmente um dos desafios para o ensino
Língua Portuguesa, pois, ensinar apenas uma norma para grupos de alunos pertencentes a comunidades
linguísticas distintas, pode acarretar dificuldades de aquisição da linguagem padrão, transmitida na e
pela escola. Diante de tal constatação, a presente pesquisa pretende, sob a ótica da Sociolinguística
Educacional, investigar o ensino de Língua Portuguesa em uma escola rural, localizada no distrito rural
da Warta, pertencente à cidade de Londrina. Pretende-se, com o presente estudo, verificar se os alunos
têm consciência das diferenças entre a fala que utilizam e a linguagem escrita formal, ou seja, se são
capazes de transitar pelas variedades existentes. Com a análise dos dados, busca-se observar as
dificuldades apresentadas no processo de aquisição da escrita e sua relação com a oralidade. Desse
modo espera-se melhor compreender o processo de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa com o
intuito de propor reflexões quanto ao tratamento das diferentes normas linguísticas presentes nos
bancos escolares.
Palavras-chave: Oralidade; escrita; ensino; variação linguística.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 56


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PROJETO VALEN – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA ESCOLA: NORMAS: POR UMA


PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Flávio Brandão Silva (UEM)


fbsilva@uem.br
Joyce Elaine de Almeida Baronas (UEL)
joyal@uel.br

RESUMO
Estudar as diferentes normas da Língua Portuguesa constitui o objetivo do projeto de pesquisa VALEN
- variação linguística na escola: normas, vinculado ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas
da Universidade Estadual de Londrina. Diante do distanciamento entre a norma padrão e a norma culta
no Brasil, torna-se crucial que a escola esclareça as diferenças entre as normas citadas e evidencie o
que realmente é possível um brasileiro falar e escrever, deixando claro que a prescrição normativa
constitui apenas uma forma de coesão da língua. Assim a variedade presente na gramática normativa
não condiz com a realidade lingística brasileira, pelo fato de ter sido elaborada a partir de um ideal
lusitano de língua. O projeto VALEN busca, pois, caminhar nessa vertente, evidenciando as diferenças
entre norma padrão e norma culta no Brasil. Pretende-se, com o referido projeto, fornecer subsídios ao
professor de língua materna para abordar a Língua Portuguesa em sua diversidade, levando o aluno a
ser proficiente em sua língua, com a capacidade de utilizar as diferentes normas esperadas para as
diversas situações sociais. Assim sendo, este trabalho pretende apresentar informações referentes ao
projeto em questão, uma vez que tal proposta poderá contribuir para a abordagem da variação
linguística na sala de aula e, consequentemente, para o ensino da língua portuguesa no Brasil.

Palavras-chave: normas linguísticas; variação e ensino; Pedagogia da variação linguística.

Simpósio 18: A ESCRITA COLABORATIVA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E NO


ENSINO SUPERIOR
Coordenadoras: Eliana Maria Severino Donaio Ruiz e Bruna Carolini Barbosa

A MEGERA DOMADA NO SÉCULO 21: UMA ADAPTAÇÃO


VIA ESCRITA COLABORATIVA

Rogério Nascimento Bortolin (PPGEL-UEL / SEED-PR)


rogeriobortolin@hotmail.com
RESUMO
A escrita colaborativa é um instrumento significativo para promover produções de textos de maneira
coletiva no contexto escolar, tornando tal tarefa mais dinâmica, atrativa e podendo avançar rumo à
humanização do aluno, justamente por se tratar de um trabalho em cooperação. Alinhar essa atividade
ao uso de novas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) é uma alternativa para
também promover práticas de letramento que fazem uso de recursos inovadores como instrumento
pedagógico. O presente trabalho, que parte de um projeto de pesquisa maior em escrita colaborativa
(TDIC-ENALP: Tecnologias Digitais e Ensino-Aprendizagem em Língua Portuguesa) aborda uma
atividade colaborativa de produção textual via WhatsApp com alunos da 3ª série do Ensino Médio em
um colégio particular da cidade de Arapongas, PR. A proposta de produção tinha como intuito
atualizar parte da obra A Megera Domada, de William Shakespeare, para sua encenação em contexto
escolar, valorizando as relações humanas e não a submissão da mulher, como no texto original O
objetivo da pesquisa é analisar como o processo colaborativo de negociação da escrita, em atendimento
ao comando disparador do professor, gerou o texto a ser produzido. A pesquisa pauta-se nas teorias de
Lowry (2004) Bakhtin (1997), Bronckart (2006), Marcuschi (2008), Kensky (2007), Rojo (2012) e
Freire (1969).
Palavras-chave: Escrita colaborativa; Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação; Práticas de
Letramento.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 57


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

CARACTERIZAÇÃO DAS POSIÇÕES ENUNCIATIVAS ASSUMIDAS PELOS ALUNOS


DURANTE O PROCESSO DE ESCRITA COLABORATIVA

Érica Neri Camargo (PPGEL-UEL / SEED-PR)


ericaneri@hotmail.com
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados parciais de uma pesquisa-ação no âmbito da
aprendizagem colaborativa da produção textual em ambiente digital, que busca investigar as posições
enunciativas (PÊCHEUX, 1983; ORLANDI, 2012) assumidas pelos alunos durante um processo de
escrita colaborativa. Este estudo faz parte de um projeto maior, intitulado TDIC-ENALP: Tecnologias
Digitais e Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa, que investiga a aprendizagem da escrita
colaborativa e seu ensino em ambientes mediados por TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação). O objetivo deste subprojeto é responder à seguinte questão: quais são as posições
enunciativas assumidas pelos alunos durante um processo de escrita colaborativa? O ensino-
aprendizagem da escrita de gêneros orais e escritos (seminário e artigo de opinião) está sendo realizado
com 35 alunos de uma turma de 3º série do ensino de médio em uma escola da rede pública, do
município de Arapongas-PR, a partir do desenvolvimento metodológico da escrita colaborativa
(HORTON, et al. 1991; LOWRY, et. al. 2004), mediada por TDIC. Por meio da observação das
interações e escritas, realizadas via aplicativo de mensagens WhatsApp, buscamos analisar as
estratégias e modos de escrita colaborativa e, sobretudo, as posições enunciativas assumidas pelos
alunos durante o processo de escrita colaborativa. Acreditamos que a interação e colaboração entre os
sujeitos contribuem para uma atitude de maior reflexão, confiança e consciência sobre a escrita,
impactando diretamente na melhoria dos textos produzidos.

Palavras-chave: Escrita colaborativa; Posições enunciativas; Tecnologias digitais.

CONTRIBUIÇÕES DA ESCRITA COLABORATIVA PARA O DESEMPENHO ESCRITO


INDIVIDUAL: UM TRABALHO NO ENSINO BÁSICO COM O GÊNERO CONTO

Mariana Vidotti de Rezende Hauly (SEED-PR)


marianavidotti@gmail.com

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma pesquisa em andamento, vinculada ao projeto
Tecnologias Digitais no Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa (TDIC-ENALP). A construção
do conhecimento em colaboração faz parte do novo ethos, advindo especialmente da era digital. Tendo
isso em vista, será apresentada uma proposta de ensino-aprendizagem de escrita, a ser aplicada em
aulas de Língua Portuguesa do 6º ano do Ensino Básico, em escola estadual de Londrina, que pretende
contribuir para um melhor desempenho escrito dos alunos. Parte-se do princípio de que o trabalho em
colaboração, que faz parte das práticas cotidianas dos alunos, interfere positivamente no desempenho
escrito individual do aluno, para além das intervenções do professor. Para alcançar o objetivo
mencionado, após trabalho com Sequência Didática, será proposta uma escrita individual de conto, que
será reescrita após intervenção do professor-regente. Os principais problemas linguístico-discursivos
serão compilados e trabalhados com os alunos. Posteriormente, será proposta uma atividade presencial
de escrita colaborativa em grupos de 3 alunos. As discussões entre eles serão gravadas e mensuradas,
tendo em vista as questões linguístico-discursivas discutidas entre eles. Finalmente, será proposta uma
atividade de escrita individual. Para verificar se a escrita colaborativa favoreceu a escrita individual, os
dados linguístico-discursivos levantados serão analisados e comparados.

Palavras-chave: Escrita individual; Escrita colaborativa; Desempenho linguístico-discursivo.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 58


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ESCRITA COLABORATIVA E TECNOLOGIA DIGITAL EM PRÁTICAS DE LETRAMENTO


NA UNIVERSIDADE

Eliana Maria Severino Donaio Ruiz (UEL)


elianaruiz@uel.br

RESUMO
A produção compartilhada, em que dois ou mais sujeitos, com habilidades complementares, interagem para
criar um conhecimento que nenhum deles tinha previamente ou poderia obter por conta própria (ALLEN et
al., 1997), ganhou espaço com o advento da Web 2.0 e seu novo ethos (CASTELLS, 2005). Intensificou-se
o interesse pela aprendizagem colaborativa e, consequentemente, passou a ser vista como promissora
estratégia de aprendizagem a escrita colaborativa (HORTON et al., 1991; LOWRY et al., 2004), na medida
em que os sujeitos podem criar melhores resultados relativamente a uma atuação individual como
produtores de texto, dada a complementaridade de conhecimentos, capacidades e pontos de vista,
permitindo a geração de alternativas mais viáveis para a resolução de problemas comuns. Em tempos de
multiletramentos (COPE, KALANTZIZ, 2009), nativos digitais (PRENSKY, 2001) e cyberalunos
(BELINTANE, 2006), o uso de recursos da tecnologia digital para a prática da escrita colaborativa em sala
de aula assume grande potencial para a otimização de resultados (PINHEIRO, 2011). Com base nesse
pressuposto e vinculado a um projeto de pesquisa que investiga o ensino-aprendizagem da escrita
colaborativa com recursos de tecnologia digital, em contextos presencial e a distância (TDIC-ENALP:
Tecnologias Digitais e Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa), este trabalho tem por objetivo
apresentar os resultados parciais de uma pesquisa-ação (THIOLLENT, 2007) que analisou como se dá o
processo colaborativo de produção textual com uso de tecnologia digital por estudantes de Letras em uma
disciplina de Leitura e Produção de Textos. A expectativa é de que, de posse de tais resultados, possamos
investir no redesenho de nossas práticas de ensino-aprendizagem da escrita em sala de aula, de modo a
favorecer cada vez mais o atendimento às demandas de letramento do futuro professor em formação.

Palavras-chave: Escrita colaborativa; Tecnologia digital; Multiletramentos.

ESCRITA COLABORATIVA: MODOS DE INTERAÇÃO E CONSTRUÇÃO ASSÍNCRONA DE


TEXTOS EM EAD

Andressa Aparecida Lopes (PPGEL-UEL / UNOPAR)


dressalopes@hotmail.com
RESUMO
Tempo e espaço são categorizados de modos distintos quando comparadas as modalidades de educação
presencial e a distância. Em EaD, ora as atividades de aprendizagem podem se configurar de modo
síncrono, ou seja, em horários e locais previamente definidos; ora a realização de parte das atividades
avaliativas e de aprendizagem se configuram de modo assíncrono, necessitando, por parte dos discentes,
mobilizações de estratégias distintas para a construção de suas práticas discentes. Nesse contexto, a presente
pesquisa, a qual integra o projeto de pesquisa TDIC-ENALP (Tecnologias Digitais e Ensino-Aprendizagem
de Língua Portuguesa), da Universidade Estadual de Londrina, objetiva observar quais são as estratégias
empregadas pelos alunos de um curso de Letras EaD em uma de suas atividades: uma produção de texto em
grupo. O intuito é analisar os modos de interação discente para a construção de sua escrita colaborativa no
contexto da EaD. Para tanto, serão realizadas entrevistas individuais e coletivas com os alunos/sujeitos
envolvidos no processo, a fim de categorizar os meios pelos quais eles se organizam para o trabalho
colaborativo e constroem seus textos. No que diz respeito aos pressupostos teóricos, o estudo alicerça-se
nas concepções e fundamentos relacionados às vertentes de estudo da educação a distância, do ensino
mediado por tecnologias e da escrita colaborativa, apresentados por Araújo (2013), Costa & Franco (2005),
Coscarelli & Ribeiro (2005) e Pinheiro (2013). Desse modo, almeja-se que, por meio do estudo da escrita
colaborativa em contextos de ensino-aprendizagem a distância, seja possível investigar e, futuramente,
intervir sobre os modos de interação e de produção de textos colaborativos em cursos na modalidade EaD.

Palavras-chave: Escrita colaborativa; Educação a distância; Modos de interação.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 59


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LETRAMENTO ACADÊMICO E A ESCRITA COLABORATIVA


DO GÊNERO RESENHA
Bruna Carolini Barbosa (UENP)
brunabarbosa@uenp.edu.br
RESUMO
A imersão nas práticas de letramento da universidade é complexa, uma vez que os estudantes, em
geral, apresentam dificuldades na produção dos gêneros discursivos acadêmicos. As práticas letradas
das quais participaram até então pertencem a outras esferas de comunicação (BAKHTIN, 2010). Desse
modo, propor práticas de leitura e escrita que mantenham alguma relação com as que eles dominam e,
a partir delas, ampliar a complexidade do trabalho, adequando-as ao contexto universitário e às
habilidades de escrita exigidas por ele, pode ser uma via produtiva para a incursão nas práticas de
letramento acadêmico e para a criação do sentimento de pertença à essa comunidade: um processo de
migração de um espaço discursivo para outro. Partindo desse pressuposto, esta pesquisa, subprojeto do
projeto TDIC – ENALP (Tecnologias Digitais no Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa),
pretende analisar quais as estratégias interacionais e de escrita serão mobilizadas pelos alunos da
disciplina de Leitura e Produção de Textos do curso de Letras na escrita colaborativa de uma resenha
fílmica. Iniciando o trabalho de discussão e apreciação do filme por meio do WhatsApp, os alunos
deverão retextualizar os comentários que postarem no aplicativo a fim de produzir colaborativamente
uma resenha, utilizando a ferramenta de edição Google Docs. A análise dos resultados da atividade
compreenderá o antes, o durante e o depois da escrita colaborativa, desde a delegação de papéis,
brainstorming, estratégias de seleção, exclusão e retextualização dos comentários do WhatsApp para a
produção da resenha, negociações de sentidos, até o produto final - quando será analisado se o texto
produzido atende às especificidades do gênero. Esperamos contribuir para as pesquisas no âmbito do
letramento acadêmico, bem como da escrita colaborativa enquanto atividade escolar/acadêmica.

Palavras-chave: Letramento acadêmico; Escrita colaborativa; Gênero discursivo resenha.

MAPEAMENTO DE INTERVENÇÕES CRIATIVAS E REVISORAS


NA ESCRITA COLABORATIVA
Karen Alves Andrade Moscardini (IFPR)
karen.moscardini@ifpr.edu.br
RESUMO
O sistema de mídias digitais, a partir das revoluções tecnológicas, alterou significativamente a forma
como agimos sobre a sociedade na qual vivemos, já que ampliou o espaço de veiculação da leitura e da
escrita, rompendo as barreiras físicas do impresso e disseminando novas formas de texto pelos
ambientes digitais. Inicialmente, o computador era a ferramenta privilegiada para a leitura e a
produção escrita, todavia, a facilidade de acesso aos smartphones, trouxe consigo uma modalidade
ainda mais imediata de interação, criando e renovando gêneros discursivos, bem como ressignificando
as práticas docentes subjacentes ao ensino da língua. Dentre elas, muito comum no desenvolvimento
de habilidades de leitura e escrita, a produção textual colaborativa pôde servir-se de novas ferramentas
digitais, como softwares e programas que permitem a edição síncrona ou assíncrona de textos. Seja
pelo computador ou pelo celular, é possível criar novas formas de interação para a escrita, mesmo fora
da sala de aula e, potencialmente, promover uma participação mais efetiva de todos os estudantes no
processo criativo. Visando mapear a natureza das intervenções dos próprios discentes durante a escrita
de textos coletivos, esta pesquisa (atrelada ao projeto TDIC-ENALP) propõe-se a categorizar as
edições e comentários de estudantes do 4º ano do Ensino Médio do IFPR – Campus Londrina para a
produção de uma carta do leitor coletiva a) em sala de aula, com a mediação docente e utilizando um
editor de texto e b) em ambiente digital, recorrendo ao processador de textos google docs. A partir do
áudio da aula (a) e do histórico de edições (b), será possível identificar a divisão das tarefas nas
equipes, assim como os tipos de intervenções realizadas pelos estudantes tanto para a construção
quanto para a revisão do texto.

Palavras-chave: Escrita colaborativa; Tecnologia; Carta do leitor.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 60


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O PAPEL DO REVISOR NA ESCRITA COLABORATIVA:


A COAUTORIA EM PROCESSO

Gabriel Henrique Atuatti Soares (PG-UEL / SEED-PR)


gabriel.atuatti@gmail.com

RESUMO
A escrita colaborativa (EC) tem acompanhado a crescente tendência para trabalhos em equipe, pois
possui muitos benefícios em potencial, como aprendizado, socialização, melhora na compreensão de
textos, entre outros (LOWRY et al., 2004), além de acompanhar a globalização e a cultura digital na
qual estamos inseridos (LÉVY, 2009; 2010). A EC envolve diferentes participantes e o papel do
revisor e suas características (MENEGASSI, GASPAROTTO, 2016; RUIZ, 2010) merece atenção,
pois, com ela, trabalham-se as capacidades epilinguísticas do aluno, uma vez que ele já as possui como
falante nativo, desenvolvendo assim, as habilidades de produção de textos. Este subprojeto do projeto
TDIC-ENALP (Tecnologias Digitais e Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa) tem como
objetivo investigar os aspectos linguístico-discursivos focalizados pelo aluno no papel de revisor em
um processo de EC. Outro objetivo do projeto é identificar as interferências do mesmo na reescrita do
texto pelo produtor, com alunos dos três anos do Ensino Médio de uma escola particular na região
central da cidade de Londrina. Para a realização desta pesquisa, os alunos estarão cientes dos papéis
que estarão tomando durante o processo, com base na taxonomia organizada por Lowry et al. (2004).
Inicialmente o aluno será redator e, após a produção, ficará responsável pela revisão do texto do
colega. Os comentários de revisão ficarão salvos e serão analisados no editor de textos do Google
Drive (Google Docs). Com isso, espera-se que o olhar do revisor não apenas reproduza a prática
interventiva do professor, como também determine a reescrita pelo autor original. O projeto pode
contribuir com pesquisas acerca da EC em contexto escolar e trazer conceitos e fundamentos para
professores realizarem atividades que incluam alunos-revisores durante as aulas, cooperando para a
práxis pedagógica e práticas de produção textual.

Palavras-chave: Escrita Colaborativa; Revisão; Reescrita.

Simpósio 19: PRODUÇÃO DE TEXTO COMO ESPAÇO DE RESISTÊNCIA E


AUTORIA Coordenador: Flávio Luis Freire Rodrigues

PRODUÇÃO DE TEXTO: POSSIBILIDADES DE AUTORIA

Flávio Luis F. Rodrigues (PROFLETRAS – UEL)


flaviofreire@hotmail.com

RESUMO
Como a proposta do simpósio é tomar como pressuposto a ideia de que o aluno em sala de aula pode se
tornar um melhor produtor de texto e mesmo autor, esta comunicação pretende compartilhar
experiências de trabalho que possibilitem dar voz ao aluno quando produz textos. Levaremos em
consideração tanto pressupostos teóricos, como Antunes (2003) e Tauveron (2014), quanto relatos de
escritores no processo de construção de texto, como King (2015) e Murakami (2007), principalmente
no que diz respeito às possibilidades de se fazer a reescrita do texto, permitindo que o aluno se
aproxime do sentido que quer dar ao texto e também que desenvolva indícios de estilo. Invertendo o
processo de assujeitamento que a escola impõe ao aluno, cremos que a produção de texto pode ser um
momento em que se dá voz ao aluno quando se cria, se pensa o texto produzido, se tem estratégias de
revisão textual e faz seu texto a apropriação da palavra e instalação do sujeito-autor.

Palavras-chave: produção de texto; reescrita; autoria.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 61


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O USO DO GÊNERO RADIOTEATRO EM SALA DE AULA

João Marcos Nagy (PROFLETRAS – UEL)


joaocelem@hotmail.com

RESUMO
O presente trabalho relata experiências em sala de aula do uso do radioteatro em aulas de língua
portuguesa, para alunos de ensino fundamental II da rede pública do Estado do Paraná; tendo como
objetivo a apropriação dos elementos deste gênero e a melhoria nas habilidades de oralidade, leitura e
escrita. O referencial teórico se sustenta na teoria bakhtiniana, sendo amparada por documentos legais
e autores do Radiojornalismo. Os dados foram coletados em sala de aula, durante a aplicação de
atividades orais e escritas, que partiram praticamente do quase total desconhecimento do gênero por
parte dos alunos, até culminar na elaboração e apresentação de um capítulo de radioteatro, sendo
possível constatar avanços significativos no campo linguístico (melhoria na organização textual,
paragrafação, uso dos sinais de pontuação, discurso direto e indireto, elementos narrativos) e
identitário (perca ou diminuição de timidez, protagonismo frente aos problemas vivenciados no lar e
no bairro, maior aceitação das diferenças, respeito à opiniões alheias e diversas). A proposta, portanto,
é refletir sobre a urgência de maior equilíbrio entre as habilidades – principalmente maior ênfase às
atividades orais, sobretudo em momentos avaliativos - em sala de aula, e como o radioteatro pode
revelar-se uma importante ferramenta didática no aperfeiçoamento linguístico dos alunos e também
como possível canal para discussões socioeducativas.

Palavras-chave: Radioteatro; Oralidade; Leitura; Escrita.

A DISCUSSÃO COLETIVA DOS TEXTOS EM PRODUÇÃO


COMO SUBSÍDIO PARA A REESCRITA

Eliz Regina Azevedo (PROFLETRAS – UEL)


elizregina38@hotmail.com

RESUMO
Tendo em vista a realidade de fracasso escolar no que se refere à produção textual, o trabalho com a
reescrita caracteriza-se como fundamental para ampliação da competência escritora do educando.
Dessa forma, desenvolvemos uma pesquisa que foca a reescrita no contexto escolar, a partir de
discussões coletivas dos textos em produção, como recurso para promovê-la. Para isso, buscamos
embasamento na concepção interacional e dialógica bakhtiniana. Nesse contexto, a presente pesquisa
tem o objetivo de compreender como a leitura e discussão coletiva de textos em produção pode ser um
recurso para a reescrita, numa turma do 7º ano do Ensino Fundamental da rede pública do Paraná. O
aporte teórico que fundamenta nossa pesquisa é composto por estudiosos que tratam da linguagem e
texto como Travaglia (2009), Bakhtin (1999), Antunes (2007), Geraldi (1993, 1995, 1999); de
estudiosos que embasam a escrita e reescrita como Passareli (2012), Ruiz (2015), Tauveron (2014);
bem como dos autores que norteiam a pesquisa sobre gênero textual e literatura como Schneuwly e
Dolz (2004), Coelho (2000), Soares (2006), Propp (2006). Pauta-se ainda nas reflexões obtidas nos
documentos norteadores como Parâmetro Curricular Nacional (PCN), Diretriz Curricular Estadual:
Língua Portuguesa (DCE) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Serão avaliados os efeitos
dessa prática sobre as aprendizagens dos alunos, por meio de uma pesquisa qualitativa de
procedimento pesquisa-ação sob a metodologia fundamentada em uma proposta de intervenção com o
gênero conto maravilhosa.

Palavras-chave: reescrita; discussões coletivas; conto.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 62


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

GENÉTICA TEXTUAL E ESTILÍSTICA: LENTES POSSÍVEIS PARA ANÁLISE


(PROCESSUAL) DE TEXTOS PRODUZIDOS EM SALA DE AULA

Rogério Nascimento Bortolin (PPGLETRAS – UEL)


rogeriobortolin@hotmail.com
Edina Regina Pugas Panichi (PPGEL – UEL)

RESUMO
A Genética textual é um importante campo teórico que busca compreender os percursos/processos de
produções textuais (em sala de aula – SOUZA, 2009). Tendo tal aporte teórico em mente, busca-se, na
presente pesquisa em desenvolvimento, analisar as produções textuais de alunos em uma Oficina de
Produção de Texto de um colégio particular, na cidade de Arapongas, PR, que foi desenvolvida como
elaboração didática e agora está em sua segunda aplicação. O estudo tem como objetivo analisar as
interferências do professor ao fazer correções e apontamentos nos textos, verificando como tais
intervenções influenciam tanto no processo, como em sua produção da versão final. Como os
comandos disparadores das propostas de produção são subjetivos, podendo levar os alunos a variadas
interpretações dentro dos limites traçados, busca-se também analisar como a estilística se faz presente
no texto como recurso utilizado que pode levar a um ethos do enunciador. São objetivos específicos de
tal estudo o avanço rumo à humanização dos alunos, pois as propostas são subjetivas e reflexivas, bem
como o contínuo desenvolvimento do pensamento tecnológico, uma vez que o ato de interpretar, fazer
escolhas e solucionar problemas (fatores presentes no processo de produção textual) é tecnológico.
Pautado nas teorias de sequências textuais de Adam (2011), a pesquisa também se apoia nas teorias e
metodologias de Bakhtin (1997), Bronckart (2006), Koch (2012), Marcuschi (2008), Freire (1969),
Machado (2008), Bortolin (2017), Souza (2009), Dikson (2017), Martins (2008), Fiorin (2004) e
Amossy (2016).

Palavras-chave: Genética Textual; Estilística; Ethos do enunciador.

REVISÃO E REESCRITA: ASPECTOS TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E PRÁTICOS NA


FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL EM LETRAS

Paulo Cezar Czerevaty (UNICENTRO)


pauloivai@hotmail.com
Cristiane Malinoski Pianaro Ângelo (UNICENTRO)

RESUMO
O objetivo deste trabalho é refletir criticamente a respeito do processo de aprendizagem teórica,
metodológica e prática dos conceitos de revisão e reescrita na formação docente inicial em Letras. A
pesquisa é baseada na teoria dialógica do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2016 [1952];
VOLOCHINOV, 2013 [1930]; VOLOCHINOV, 2017 [1929]), em autores da Linguística Aplicada
(BELOTI, 2016; GERALDI, 1997 [1991]; MENEGASSI, 2013; MENEGASSI; GASPAROTTO,
2016) e promove suas discussões com base em registros de um Estudo de caso realizado no contexto
da graduação em Letras de uma universidade pública-estadual do Paraná. Os resultados demonstram
que os acadêmicos, em um primeiro momento, sustentam práticas voltadas às correções tradicionais;
posteriormente, mesmo com um trabalho teórico direcionado às práticas de revisão e de reescrita e
uma consciência maior quanto ao processo dialógico, os professores em formação tendem à retomada
de concepções não dialógicas, o que se deve a um longo processo de naturalização das práticas de
correção tradicional nas experiências pedagógicas pessoais desses indivíduos.

Palavras-chave: Dialogismo; Revisão e reescrita; Formação docente inicial.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 63


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 20: PRÁTICAS DE ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR: REFLEXÕES PLURAIS


Coordenadores: Cristiane Carneiro Capristano e Pedro Augusto Pereira Brito

LETRAMENTO ESCOLAR E PRÁTICAS DE ESCRITA EM PORTUGUÊS COMO LÍNGUA


SEGUNDA NO CONTEXTO MOÇAMBICANO
Maurício Bernardo Cigarros (UEM)
mcigarros@gmail.com
RESUMO
Como vários países africanos, ex-colônias europeias, Moçambique passou por um longo processo de
(re)adaptação nos campos político, socioeconômico, cultural e educacional, logo após a conquista da
sua independência em 1975. Nesse processo, o país viu-se obrigado a adotar a língua (portuguesa) do
colonizador como oficial. O português era a língua que projetava o Estado além de suas fronteiras, a
que constava nos documentos oficiais da então República Popular de Moçambique, nos materiais
didáticos existentes e a que melhor se adaptava ao discurso de construção de um Estado pós
colonialista. No campo educacional, vários foram os desafios que a língua portuguesa implantava, já
que era língua segunda para mais de metade da população. Considerando este cenário, este estudo,
ainda em andamento, terá como escopo principal: refletir sobre como se dá a aprendizagem da escrita
do português como língua segunda no ensino fundamental em uma escola na província da Zambézia –
Moçambique. A proposta é a de verificar, no contexto de pluri/multilinguismo, como são conduzidas
as práticas letradas escolares de ensino de línguas e como essas afetam as crianças e as suas produções
escritas. A base teórica do estudo se assentará nas teorias sobre o letramento, no eixo da escrita e nas
abordagens inerentes às políticas linguísticas e o ensino suportada em autores como: Calvet (2007);
Chimbutane (2015); Dias (2008); Firmino (2006); Gnerre (1998); Instituto Nacional de Educação
(2003); Instituto Nacional de Estatística (2019); Programa do Ensino Básico Geral (2003); Kleiman
(1995); Ministério da Educação (2012-2019); Moita Lopes (2013); Ngunga (2004); Soares (1998);
Street (2006, 2014); Timbane (2014), etc. A metodologia usada será constituída pela realização de um
estudo de caso etnográfico, por meio da observação participante, condução entrevistas e questionários
aos professores e exames das produções escritas dos alunos da escola selecionada.

O DIZER E O FAZER SOBRE A ESCRITA ACADÊMICA:


ENSINO SUPERIOR EM CONTEXTO

Pedro Augusto Pereira Brito (UNESPAR)


pedrobritoletras@hotmail.com
RESUMO
Partimos do pressuposto de que em todos os cursos de graduação, situados em qualquer área do
conhecimento, os docentes desenvolvem um trabalho com a escrita, seja em suas propostas de
atividades e trabalhos ou no processo de avaliação, por exemplo. Diante disso, elegemos como locus
os cursos de graduação diferentes de Letras e, como sujeitos da pesquisa, professores com formações
variadas e que atuam nesses cursos, tendo em vista a escassa produção científica da Linguística
Aplicada sobre esse contexto. Diante desse cenário, nesta comunicação, fruto de nossa pesquisa de
doutoramento em fase inicial, objetivamos apresentar reflexões sobre a relação sujeito/linguagem
focalizando a imagem que docentes de áreas diversas de formação produzem a respeito da escrita
acadêmica. Fundamentamo-nos nos pressupostos teórico-metodológicos das chamadas teorias
discursivas que incluem Bakhtin e seu círculo, Authier-Revuz, dentre outros, a fim de compreender os
modos como os docentes constroem suas representações a respeito da produção escrita de seus alunos
e as possíveis implicações dessas imagens para o campo do ensino da escrita nesse cenário. Propomos,
também, uma visão discursiva para coletar e analisar as falas de alguns docentes que atuam em alguns
cursos de graduação diferentes de Letras em uma instituição privada do interior do Estado do Paraná.
Como resultados parciais, esperamos levantar as imagens que, analisadas de maneira discursiva,
problematizem a relação entre sujeitos-docentes e a linguagem bem como suas propostas práticas para
o ensino da escrita nesses variados contextos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 64


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 21: DIALOGISMO E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: O DISCURSO


MULTIFACETADO NO CENTRO DAS ABORDAGENS
Coordenadoras: Adriana Beloti e Adriana Delmira Mendes Polato

GÊNERO DO DISCURSO SEMINÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA DIALÓGICA DE ENSINO-


APRENDIZAGEM

Érica Neri Camargo (Doutoranda/UEL)


ericaneri@hotmail.com
Mariana R. F. Fantinelli (Mestranda/UEL)
profa.mariportugues@hotmail.com

RESUMO
Considerando, com Bakhtin (1979), a dialogia como um princípio constitutivo da linguagem e que as
interações sociais ocorrem por meio de gêneros mobilizadores de discursos, este trabalho tem como
objetivo apresentar uma experiência de análise e ensino-aprendizagem do gênero seminário ancorada
na perspectiva bakhtiniana. Em primeiro lugar, a partir dos estudos de Rodrigues (2004), apresentamos
uma ligeira revisão teórica de conceitos-base como gêneros do discurso, dialogia e enunciado na visão
de Bakhtin, bem como da concepção de linguagem adotada por esse autor. Em seguida, apontamos
algumas considerações metodológicas para análise de gênero para, então, esboçarmos uma proposta de
ensino-aprendizagem do gênero seminário. O desenvolvimento deste trabalho se deu como requisito
para conclusão de uma disciplina do Programa de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de
Londrina, na qual são realizadas reflexões sobre as diversas perspectivas de estudo sobre os gêneros.
Uma das dificuldades encontradas para a elaboração deste estudo foi a pouca quantidade de materiais
produzidos para o ensino de gêneros sob a perspectiva bakhtiniana. Muitos trabalhos desenvolvidos
costumam utilizar-se de mais de uma perspectiva, misturando, em grande frequência, os estudos do
Círculo de Bakhtin com os estudos do grupo genebrino da Teoria dos Gêneros Textuais. Dessa forma,
esperamos contribuir para a ampliação dos estudos bakhtinianos que visem ao ensino de gêneros do
discurso.

Palavras-chave: gêneros do discurso; ensino-aprendizagem do gênero seminário; perspectiva


bakhtiniana.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 65


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ANÁLISE LINGUÍSTICA NO 6º ANO DO EFI: A PRODUÇÃO DE ATIVIDADES PELO


DOCENTE E SUA RELAÇÃO DIALÓGICA

Simone Carvalho do Prado dos Santos (IESSA)


simoprado@yahoo.com.br
Renilson José Menegassi (UEM)
renilson@wnet.com.br

RESUMO
O foco deste trabalho está na contribuição da etapa de análise linguística para a produção de sentidos
nas atividades de leitura e para a posterior escrita, no processo de ensino e aprendizagem de língua
portuguesa. Os objetivos estabelecidos foram: a. analisar uma produção didático-pedagógica
desenvolvida por professor participante do Programa de Desenvolvimento Educacional/PDE/PR, com
foco na importância da leitura para o 6º ano do Ensino Fundamental, a partir do gênero Conto; b.
sugerir atividades de análise linguística que contribuam para a compreensão leitora nas atividades
analisadas e para a posterior escrita. Para tanto, o referencial teórico amparou-se nos pressupostos da
concepção de linguagem dialógica, expostos em Bakhtin (1997), Paraná (2008) e Polato (2017), entre
outros. Os encaminhamentos metodológicos são de natureza qualitativa, desenvolvidos a partir da
análise documental e dos pressupostos da Análise Linguística de estatuto Dialógico POLATO, 2017).
Os dados foram coletados a partir de material disponível no Portal Dia a Dia Educação-SEED/PR
sobre resultados do Programa de Desenvolvimento Educacional no ano de 2016 e o critério para a
seleção do trabalho analisado foi o foco no ensino e aprendizagem de língua portuguesa no 6º ano do
Ensino Fundamental. O critério de análise da produção didático-pedagógica consistiu na verificação de
quais elementos linguísticos-textuais-discursivos, dentre os elencados pelo caderno de expectativas de
aprendizagem (PARANÁ, 2012), foram mobilizados nas atividades propostas pelo docente produtor.
Os resultados demonstram que: a. não houve preocupação do professor-autor em apontar e discutir os
elementos linguísticos-textuais-discursivos responsáveis pela produção de sentidos no texto; b.
Consequente manutenção do foco das atividades propostas em informações retiradas e/ou
reorganizadas a partir do texto. Com as atividades sugeridas, observou-se que a etapa de análise
linguística poderia ter sido explorada de modo a contribuir com as atividades de leitura propostas e
com as posteriores etapas de escrita.

Palavras-chave: análise linguística; leitura; formação docente; Ensino Fundamental.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 66


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LEITURA DE FÁBULAS PELO VIÉS DIALÓGICO

Cristiane Malinoski Pianaro Angelo (UNICENTRO)


cristiane.mpa@gmail.com
RESUMO
Neste trabalho, analisa-se o gênero discursivo fábula pelo viés dialógico de linguagem, de modo que se
possam apontar perspectivas para um trabalho de leitura dialógica de orientação pedagógica,
colocando-se em foco a compreensão do discurso vivo em sala de aula, como preconiza a perspectiva
dialógica de trabalho com a linguagem, a partir dos pressupostos do Círculo de Bakhtin. Assim,
prospectam-se reflexões em dois turnos: primeiro recuperam-se conceitos fundantes da concepção
dialógica de trabalho com a linguagem, que possam servir à defesa de uma proposta de leitura
dialógica; em seguida, apresenta-se uma reflexão ancorada na análise dialógica de possíveis sentidos
considerados na leitura de dois textos do gênero discursivo fábula. As fábulas A Formiga boa, de
Monteiro Lobato, e A cigarra e a formiga, de La Lontaine, são abordadas como atuações discursivas
que sustentam recortes valorativos diferenciados para as relações sociais que representam, com o
objetivo teórico-analítico de se elencar princípios à construção de uma perspectiva dialógica de leitura.
Entendemos que reenunciar esses princípios dialógicos e expandi-los por meio de reflexões
respondentes à perspectiva da Análise Dialógica de Discurso (ADD) é sumário a pensarmos em
práticas escolares de leitura dialógica que objetivem formar sujeitos leitores responsivos ativos,
(co)autores de linguagem ao produzirem sentidos, apresentarem contrapalavras ao lido e demarcarem
posicionamentos próprios.

Palavras-chave: Concepção dialógica; Leitura; Gênero discursivo fábula.

LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: ESPAÇOS PARA


INTER(AÇÕES) DIALÓGICAS

Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR)


neluanaferragini@gmail.com
Patricia Ormastroni Iagallo (UNESPAR)
piagallo@yahoo.com.br

RESUMO
Nossa proposta insere-se no campo inter/transdisciplinar dos estudos em Linguística Aplicada (LA) e
por essa razão volta-se à reflexão da linguagem nas práticas sócio-historicamente situadas e de ensino
e aprendizagem de língua portuguesa. Dentre os caminhos teórico-metodológicos para estudo e análise
da língua, destacamos a vertente dialógica do Círculo de Bakhtin como uma possibilidade mais
contextualizada ao assumirmos os enunciados concretos como objeto de estudo em sala de aula e a
concepção de língua(gem) como interação. Nessa perspectiva, ao concebermos o enunciado como
unidade da comunicação discursiva e, por isso, repleto de relações dialógicas, nosso objetivo é
apresentar uma possibilidade de trabalho que envolva as práticas de leitura e análise linguística,
considerando o gênero fábula e suas dimensões: social (horizonte espacial e temporal, horizonte
temático e horizonte axiológico); e verbo-visual (conteúdo temático, construção composicional e
estilo). Com base em alguns trabalhos na mesma linha como Costa-Hübes (2017) e Acosta-Pereira
(2014), este trabalho orienta-se para uma proposta de leitura na perspectiva discursiva com foco na
análise linguística dialógica (POLATO, 2017). Como resultado, esperamos contribuir com uma
possibilidade de trabalho mais dialógico com o gênero fábula.

Palavras-chave: Práticas de Leitura e Análise Linguística; Dialogismo; Ensino e Aprendizagem de


Língua Portuguesa.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 67


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PRINCÍPIO TEMÁTICO DIALÓGICO EM PRÁTICAS DOCENTES DE LEITURA NA


EDUCAÇÃO BÁSICA

Nayara Emídio de Lima (Mestranda-UEM)


nayaraemidio@gmail.com
Renilson José Menegassi (UEM)
renilson@wnet.com.br
RESUMO
Este estudo, pautado na perspectiva dialógica de linguagem (VOLOCHINOV/BAKHTIN, 1926;
BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2010), trata da abordagem do princípio temático,
oriundo das proposições do Círculo de Bakhtin, em um processo de leitura e produção textual escrita
na Educação Básica. A fim de discutir o modo como o tema é abordado na prática docente de trabalho
com a escrita em sala de aula, analisamos os procedimentos metodológicos e as atividades de leitura
(MENEGASSI, 2010; ANGELO; MENEGASSI, 2010; FUZA, MENEGASSI, 2018) desenvolvidas
por uma professora em uma turma de terceiro ano do Ensino Médio, assim como uma entrevista
realizada sobre sua própria prática em sala. Os resultados demonstram que a prática da docente, por
sua organização metodológica e atividades de leitura expostas aos sujeitos, busca promover a
exauribilidade temática e, consequentemente, levar ao desenvolvimento dos alunos como leitores, bem
como obter uma posição responsiva dos estudantes nas relações dialógicas que permeiam a produção
de textos. Assim, este trabalho pretende evidenciar como o princípio temático fez-se presente na
prática realizada pela docente e as possíveis implicações desta abordagem nas habilidades de leitura e
na produção escrita dos alunos.

Palavras-chave: Tema; dialogismo; leitura.

GÊNEROS DISCURSIVOS NA COBERTURA JORNALÍSTICA


DA TRAGÉDIA DA BOATE KISS

Laura Bellanda Galuch


lauragaluch@gmail.com
Neil Armstrong Franco de Oliveira (UEM)
prof.neilfranco@gmail.com

RESUMO
Esta comunicação, à luz dos conceitos bakhtinianos de dialogismo, campo e gênero discursivo, é
resultado de análise de episódio de grande repercussão na mídia, quando foram mobilizados diferentes
gêneros discursivos do campo jornalístico. Entendemos que os gêneros jornalísticos têm grande
destaque pela relevância do campo da atividade humana de onde emergem e por serem indispensáveis
para a compreensão do cotidiano e para a interação com o mundo. O episódio em foco é o incêndio
ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que repercutiu, nos diversos veículos de imprensa, por
meio de notícias, reportagens, editoriais e, mais recentemente, foi figurar nas páginas de livro-
reportagem, em trabalho minucioso de investigação. Buscou-se, a partir de uma abordagem quali-
interpretativista, verificar o tratamento temático desse mesmo fato nos diferentes gêneros, inseridos no
contexto de produção de enunciados concretos, produzidos pela ampla cobertura jornalística. Com o
resultado do processo analítico, espera-se vislumbrar um possível trabalho de ensino e aprendizagem
de língua portuguesa com base em gêneros jornalísticos, procurando destacar a trama de enunciados
constituídos dialogicamente a partir da primeira informação sobre um determinado episódio, para
mostrar, inclusive, que o discurso produzido em torno de um mesmo fato se estabelece por meio de
diferentes pontos de vista e de vozes. Devendo sempre considerar o contexto sócio-histórico do
acontecimento, defende-se que a abordagem de gêneros discursivos, nesse caso, jornalísticos, deve-se
desviar da análise exclusiva de aspectos estruturais, o que ainda tem sido recorrente na escola.

Palavras-chave: dialogismo; campo jornalístico; gêneros discursivos jornalísticos.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 68


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PROVA DO CONCURSO VESTIBULAR DA UNESPAR: CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E


ASPECTOS DIALÓGICO-ENTOACIONAIS

Isabela de Pontes Mariano


isabelapontesmariano99@gmail.com
Cleber da Silva Luz
clebersiluz@gmail.com
Adriana Beloti (UNESPAR)
adriana.beloti@unespar.edu.br

RESUMO
Esta comunicação tenciona apresentar uma análise da Prova do Concurso Vestibular da Unespar da
edição de 2018/2019, tomando como corpora de análise a Prova de Redação e a Prova da Área de
Linguagens, códigos e suas tecnologias, com o objetivo de analisar se a Prova de Redação estabelece
as condições de produção necessárias para a escrita dos textos dos candidatos e como os textos
apresentados pela Prova da Área de Linguagens, códigos e suas tecnologias estabelecem relações
dialógicas com o tema estabelecido para a Redação e apresentado por meio dos textos de apoio. Para
tanto, tomamos como aporte teórico-metodológico os trabalhos de Geraldi (1997), Costa-Hübes (2012)
e Menegassi (2016), acerca das condições de produção para escrita de textos, e discussões do Círculo
de Bakhtin (1926; 1992; 2003), a respeito dos aspectos dialógicos e entoacionais, inseridos nos
preceitos do Dialogismo. A partir das análises, compreendemos que a escolha dos textos de apoio para
a Prova de Redação e a Prova da Área de linguagens revela o posicionamento da instituição acerca do
tema tratado, manifestando-se como entoações valorativas, contribuindo, assim, ao olhar múltiplo em
relação ao conteúdo temático, o que pode possibilitar maiores condições para que os candidatos
realizem o seu projeto de dizer na escrita de seu texto na Prova de Redação.

Palavras-chave: Concurso Vestibular; Condições de produção; Dialogismo.

ANÁLISE LINGUÍSTICA DIALÓGICA EM FÁBULA: UMA PROPOSTA ANALÍTICA EM


DIREÇÃO A UMA POSSÍVEL ABORDAGEM NO ENSINO

Gabriella Cândido Moreira


gabriella.candido@hotmail.com
Samara Aparecida Bomfim
samarabomfim@hotmail.com
Adriana Delmira Mendes Polato (UNESPAR)
ampolato@gmail.com
RESUMO
Valendo-se da Análise Linguística Dialógica (ALD) como ferramenta pedagógica para abordar
recursos linguísticos, textuais, enunciativos e discursivos, propomos uma análise que elege o gênero
fábula para trabalho, aqui entendido como mobilizador de um discurso pró-solidariedade. Para tanto,
tomamos como eixo teórico basilar a perspectiva dialógica de trabalho com a linguagem proposta por
Bakhtin e o Círculo, bem como, os trabalhos da Linguística Aplicada (LA) do Brasil que versam sobre
a Análise Linguística (AL) em perspectiva dialógica: Geraldi (1984, 1991), Costa-Hubes (2017),
Polato e Menegassi (2017). O corpus de trabalho é constituído pela versão “A formiga boa”, de
Monteiro Lobato. Isso posto, a análise aponta de que modo as escolhas vocabulares e sintáticas estão
orientadas ao tema e ao interlocutor constituídos no enunciado para que o discurso pró-solidariedade se
efetive. Da investigação analítica, emergem orientações preliminares para uma abordagem pedagógica
desta fábula junto a alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Análise Linguística Dialógica (ALD); Dialogismo; Gênero Fábula.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 69


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ANÁLISE LINGUÍSTICA DIALÓGICA: UM OLHAR SOB ASPECTOS


DO DISCURSO EM ARTIGO DE OPINIÃO

Keilla Guardevir
keillaguardevir15@gmail.com
Adriana Delmira Mendes Polato (UNESPAR)
Ampolato@gmail.com

RESUMO
Objetivamos propor uma análise de viés dialógico no trabalho com um texto do gênero Artigo de
opinião, para abordar recursos linguístico-textuais-enunciativos e discursivos encontrados na
construção do texto e que representam operações valorativas importantes à compreensão da vida social
que integra o discurso. A perspectiva dialógica abordada por Bakhtin e o círculo, além de trabalhos
brasileiros de linguística aplicada sobre a análise linguística em perspectiva dialógica (GERALDI
84,91), (COSTA- HUBES 2017), (POLATO; MENEGASSI, 2017, 2018) são nosso norte teórico. A
análise se debruça sobre a compreensão valorativa do gênero mobilizador do dizer, sobre a
compreensão das axiologias do discurso a partir da relação estilo-gramática. Os resultados apontam
como as escolhas vocabulares e sintáticas estão orientadas ao tema, ao interlocutor e a forma
constituinte do pensamento do autor, que visa compartilhar um projeto de dizer posicionado com o
outro. A partir disso, esboçam-se reflexões que apontam à possibilidade de uma abordagem do
discurso em situação de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Análise linguística dialógica; Dialogismo; Artigo de Opinião.

ESCRITA E INTERAÇÃO: O CONTO DE ENIGMA E O ROLE PLAYING GAME (RPG) NO


ENSINO FUNDAMENTAL I

Catarina Irikura (PIC/UNESPAR)


cairikura@gmail.com
Gabriela M. Cecchin (PIC/UNESPAR)
gabrielamariacecchin@gmail.com
Adriana Beloti (UNESPAR)
dribeloti@gmail.com
RESUMO
Considerando que o estímulo à escrita nas fases iniciais de formação escolar é de extrema importância,
este trabalho objetiva propor um encaminhamento de produção de um conto de mistério, o qual tem
como objetivo um jogo interativo em sala de aula para resolver os enigmas propostos pelos alunos em
suas produções textuais. Desse modo, a resolução do mistério funcionará como uma revisão focando
nos aspectos discursivos do texto. Com base em elementos do Role Playing Game (RPG)
trabalharemos a escrita em fichas de criação de personagens e do enigma. Para tanto, partiremos dos
estudos de Wagner (2018) e Pavão (2000) sobre RPG, considerando a escrita como processo a partir de
Fiad e Mayrink-Sabinson (1991) e no conceito de autoria e estilo propostos por Bakhtin (2006),
pensamos desenvolver a escrita dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I por meio de uma
atividade de produção textual nos moldes de um jogo lúdico, que estimule a criatividade e torne a
escrita uma atividade prazerosa.

Palavras-chave: Conto de Enigma; RPG; Escrita como Processo.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 70


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 22: FORMAÇÃO DE PROFESSORE(A)S E ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA: LETRAMENTOS PARA EXISTIR E RESISTIR
Coodenadores: Ana Lúcia de Campos Almeida e Paulo Roberto Almeida

EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE: A LEITURA E A PALAVRA


DO ALUNO NA EJA

Poliana Rosa Riedlinger Soares (UEL)


polianarrs@hotmail.com

RESUMO
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino permeada por complexas questões
ideológicas e de poder, historicamente estruturada por uma concepção paternalista, sendo esse aluno
esquecido e a sua Palavra apagada. O presente trabalho é parte de um estudo maior, em andamento,
por meio de um projeto de leitura e contação de histórias aplicado em uma escola do município de
Londrina, propomos descrever e analisar a leitura da fábula Assembleia dos ratos de Esopo, que
possibilitou um diálogo com diferentes práticas de letramento. A pesquisa tem como base a teoria dos
Novos Estudos do Letramento (STREET, 2010, 2014; BARTON; HAMILTON, 1998; GEE, 1990) e
da Pedagogia Crítica (FREIRE, 1987, 1996; GIROUX, 1987), valendo-se de procedimentos
metodológicos que a caracterizam como pesquisa-ação (THIOLLENT, 2003). O corpus aqui
apresentado constitui um recorte, tendo o diário de campo e o registro fotográfico como instrumentos
de pesquisa. Assim, consideramos a relevância de um letramento crítico e da Educação como Prática
da Liberdade, reconhecendo na Palavra desse aluno o poder de reflexão e transformação.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Leitura; Práticas de Letramento.

FORMAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO DO PROFESSOR: NOVAS POSSIBILIDADES,


NOVOS CAMINHOS

Liliane Pereira (UEL/ UNOPAR)


pereiraliliaunespar@gmail.com

RESUMO
Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior que tem como propósito investigar como se dá a
implementação e o desenvolvimento de uma formação continuada colaborativa, tendo em vista um
projeto de letramento a ser desenvolvido com os alunos. Desse modo, neste trabalho, objetivamos
descrever algumas das reuniões de formação colaborativa desenvolvidas no colégio Estadual Oswald
de Andrade. Com uma abordagem qualitativo-interpretativista, de cunho etnográfico, nos
posicionamos a favor de uma Linguística Aplicada mestiça, nômade, que exploda a relação entre teoria
e prática e deseja construir teorias alinhadas às vozes dos que vivem as práticas socias e compreende
os novos tempos, ou seja, indisciplinar. Nessa perspectiva nos ancoramos, grosso modo, na abordagem
sociocultural e etnográfica dos Estudos de Letramento (STREET, 1984, 1993, 2001, 2003, 2012, 2014;
KLEIMAN, 1995) e no dialogismo bakhtiniano (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929]1995;
BAKHTIN, [1952-53/1979] 2003, BAKHTIN, [1934-35/1975] 1988). Na posição de professora e
pesquisadora no contexto de uma escola pública de periferia, estou me propondo trilhar um caminho
que considere a interação entre professores em seu local de trabalho, em uma perspectiva
descolonizadora (KLEIMAN, 2013), que leve o educador e o aluno a desenvolverem práticas de
letramento com maior envolvimento em relação aos problemas sociais.

Palavras-chave: formação colaborativa; projeto de letramento; estudos descoloniais.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 71


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

HISTÓRIAS DE LETRAMENTO E FORMAÇÃO DOCENTE: PROFESSORES COMO


TRÂNSFUGAS DE CLASSE

Ana Lúcia de Campos Almeida (UEL)


analucpos@gmail.com

RESUMO
Apresento esta reflexão a partir de dados extraídos de um projeto de pesquisa que estuda a relação
entre os percursos de letramento de professores em formação (inicial e continuada), os modos de
apropriação da cultura letrada acadêmica e a constituição da identidade profissional docente.
Sustentada por arcabouço teórico vinculado aos Novos Estudos de Letramento (Barton, Street,
Kleiman), ao sociointeracionismo dialógico e filiada a uma abordagem de linha qualitativa, esta
investigação faz uso do método de pesquisa autobiográfico, desenvolvendo estudo a partir de um
corpus constituído por cinquenta e oito (58) histórias autobiográficas de letramento escritas pelos
sujeitos pesquisados. Além da observação dos elementos comuns relacionados às práticas inseridas em
variadas esferas de letramento, procedeu-se à análise detalhada de uma série de histórias de letramento,
considerando sua dimensão subjetiva e as singularidades presentes na formação dos sujeitos
participantes que se refletem na constituição de sua identidade como professores de Língua
Portuguesa. Neste trabalho, especificamente, focalizamos o perfil e a formação de professores
pertencentes às classes populares, subalternas do ponto de vista socioeconômico, que correspondem ao
que Lahire denomina sujeitos trânsfugas de classe pelo fato de obterem êxito em desenvolver uma
carreira acadêmica docente.

Palavras-chave: histórias de letramento; formação de professores; sujeitos trânsfugas de classe.

LETRAMENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA NA


EDUCAÇÃO ESCOLAR E ACADÊMICA EM CONTEXTO INDÍGENA

Marina Oliveira Barboza (UEL)


marinaleib@hotmail.com

RESUMO
As práticas e eventos de letramento da esfera escolar e acadêmica caracterizam-se como práticas
sociodiscursivas. Nesse contexto as questões entre língua(gem) e identidade, relações de poder
aparecem marcados por vozes sócio-históricas que respondem a imposições e tentativas de colonização
do saber e da língua. Nesse processo estão as várias trajetórias de letramento de estudantes indígenas
desde a educação escolar até a universidade. O indígena enfrenta o desafio de apreender os
conhecimentos ocidentais, mas sem perder de vista seus próprios valores culturais. É uma luta de
forças opostas que nem sempre se apresentam coesas ou sem contradições. Nesse contexto as
identidades indígenas estão em movimento, ora buscam a essencialidade como forma de resistir, ora
buscam uma identidade que lhes permitam existir, ou seja, transitar na cultura do não indígena por
meio de uma hibridização linguística e cultural. Esse processo é perpassado pela língua(gem) e pelas
práticas discursivas do campo educacional. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas,
observações e notas de campo com professores que atuam em escolas indígenas da região e professores
que estão em formação acadêmica. Este artigo abordará as formas de resistência que passam desde a
negação da identidade indígena até a apropriação da escrita e da língua portuguesa como formas de
resistência. O campo teórico para as reflexões está dentro dos Novos Estudos do Letramento
(STREET, 2010,2014; KLEIMAN, 1995), Estudos Culturais (HALL (2003; WOODWARD (2007) e
numa perspectiva dialógico da linguagem, os estudos de BAKHTIN (2004) dentre outros.

Palavras-chave: letramento indígena; campo educacional; identidade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 72


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LETRAMENTO ESCOLAR E AS PROMESSAS DE DESENVOLVIMENTO


SOCIOECONÔMICO

Irando Alves Martins Neto (IFSP; UEL)


irandomartins@gmail.com

RESUMO
Este trabalho apresenta dados de uma pesquisa de doutorado em andamento cujo objetivo principal é
compreender de que modo práticas de letramento na disciplina Língua Portuguesa em uma terceira
série do Ensino Médio em escola pública dialogam com práticas de letramento não escolar dos
estudantes da mesma terceira série. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de orientação etnográfica cuja
geração de dados ocorreu por meio de: observação de aulas de Língua Portuguesa, observação online
de interação dos estudantes em redes sociais digitais, observação face a face de interação dos
estudantes em intervalos escolares e aplicação de questionários. Este artigo elabora uma síntese da
análise de dados referente ao letramento escolar. Os resultados revelam práticas de letramento voltadas
a adaptações morais e linguísticas com vistas a uma superação socioeconômica, de modo que o
presente dos educandos é anulado em favor de um futuro planejado e prometido pela escola. Além
disso, o letramento é reconhecido de maneira autônoma, como se a sua aquisição, por si só, fosse
suficiente para garantir o desenvolvimento socioeconômico dos alunos. Assim, a culpa de um possível
fracasso fica atribuída, implicitamente, ao educando.

Palavras-chave: Educação linguística; letramentos; juventude.

OS ESTUDOS EM EDUCAÇÃO DE SURDOS NO CAMPO DA LINGUÍSTICA APLICADA

Josiane Junia Facundo (IFTO/ UEL)


josiane.almeida@yahoo.com.br
Ana Lúcia de Campos Almeida (UEL)
analucpos@gmail.com

RESUMO
Os estudiosos em Educação de Surdos têm encontrado na LA o lugar ideal para situar a problemática
do uso da linguagem envolvendo pessoas surdas. Ressaltamos a importância desse lugar para se
debater as relações das pessoas surdas com a língua portuguesa, com a Libras e até mesmo com outras
línguas estrangeiras, orais ou de sinais, visto que esse espaço em LA contribui para o trato dos
problemas enfrentados pelos surdos com a linguagem em uma perspectiva essencialmente linguística,
social e cultural, afastando- a dos enfoques patológicos tão enfatizados na área da saúde, e em muitos
casos na própria área da Educação, quando situado no campo das dificuldades de aprendizagem. Sendo
assim, o objetivo deste trabalho é apresentar quantitativamente, pesquisas que vêm sendo realizadas
em educação de surdos, no campo da LA, no Brasil, especificamente voltados às questões de
bilinguismo, letramento e ensino de língua portuguesa para surdos. A base de dados foi a biblioteca
digital brasileira de teses e dissertações -BDTD, fazendo-se um recorte entre os anos 2000 a 2018. Os
descritores foram “educação bilíngue” e “surdos”, “letramento” e “surdos”, “língua portuguesa” e
“surdos”; e “letramento acadêmico” e “surdos”. Os resultados demonstraram que a LA tem sido um
campo bastante visitado pelas pesquisas na área da educação de surdos e apontam para a necessidade
de ampliar o foco da temática do letramento acadêmico de sujeitos surdos.

Palavras-chave: Educação de Surdos; Linguística Aplicada; BDTD.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 73


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PRÁTICAS DE LINGUAGEM COMO FORMAS DE VIDA NO ESPAÇO URBANO

Paulo Roberto Almeida (UEL)


praalmeida@gmail.com

RESUMO
A simetria proposta pelos organizadores da geometria urbana para uma concepção de cidade que
aparece aos nossos olhos no plano do imediato, como concreto, como forma e caos, espaço geométrico
concebido sob o prisma da racionalidade, invisibiliza o movimento da vida de “praticantes ordinários”
que em suas trajetórias constroem “maneiras de fazer”, por operações culturais que remetem a outra
dimensão espacial, Nessa perspectiva, para explicarmos com, aproximarmo-nos do saber, é
fundamental que nos atrevamos, perscrutando o que está por trás das imagens espaciais acima,
implicando-nos em suas fendas, buscando escavar traços constitutivos do movimento que produz as
formas de vida de corpos que se desprendem do concreto da cidade. Dessa forma, nosso olhar estará,
assim, voltado para uma dimensão espacial que demanda do mundo uma escritura e uma leitura de
ordem complexa, em que estão envolvidos/imersos os sujeitos em suas vivências cotidianas. Significa
olhar para as práticas de/sobre linguagem não valorizadas socialmente e, portanto, pouco investigadas,
que revelem a singularidade ou indícios de autoria de sujeitos falantes, em seu “trabalho” com e na sua
própria língua, um olhar que presume, portanto, implicar-nos em para ter uma hipótese e dar assim
forma a uma experiência.

Palavras-chave: espaço urbano; sujeito; práticas de linguagem.

PROJETO DE LETRAMENTO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Bruna Carolini Barbosa (UEL/ UENP/ CAPES)


brunabarbosa@uenp.edu.br

RESUMO
O presente trabalho objetiva apresentar as etapas de execução um projeto de letramento para a
produção colaborativa de um blog literário pelos alunos do curso de Letras de uma universidade
pública do Norte do Paraná. Sua relevância está ancorada à importância em promover práticas de
letramento acadêmico em que a escrita seja compreendida a partir de sua função social e agenciamento
cívico. Ademais, o projeto de letramento vai ao encontro dos interesses dos sujeitos da pesquisa em
promover na instituição discussões sobre a temática étnico-racial, uma vez que as obras lidas
contemplarão a temática da negritude. De abordagem qualitativa e natureza aplicada, esta pesquisa-
ação: i) revisa a literatura da área de Letramento e formação de professores; ii) descreve o perfil dos
sujeitos envolvidos na pesquisa; iii) netnografa as práticas de letramento da esfera literária na
cibercultura; iii) desenvolve as etapas do projeto de letramento acadêmico – leitura e escrita processual
- em uma perspectiva ideológica (STREET, 2014).

Palavras-chave: Letramento Acadêmico; Formação de Professores; Projeto de Letramento.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 74


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

REFLEXÃO SOBRE PROJETOS DE LETRAMENTO PARA O ENSINO CRÍTICO


DE LÍNGUA MATERNA

Ana Paula da Silva e Lino (UEL)


anasemchechem@hotmail.com

RESUMO
Considerando a importância dos estudos da linguagem e da formação de professores de língua materna
para efetiva atuação nas escolas públicas do país na atual conjuntura da educação brasileira, este
trabalho tem como objetivo apresentar e discutir proposta de ensino de língua portuguesa por meio de
projetos de letramento (TINOCO, 2008). Sob as concepções dos Novos Estudos do Letramento
(STREET, 2014), da conscientização crítica da linguagem (FAIRCLOUGH, 1996) e, para se opor a
uma prática educativa reprodutora, sob a perspectiva de uma educação libertadora (FREIRE, 1999,
2018), tal proposta considera fundamental a relação entre os letramentos vernaculares e o letramento
escolar para o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem realmente compatível com as
práticas sociais mobilizadas pela escrita e pela leitura, assim como para a formação de cidadãos
críticos e atuantes que participem da construção de uma sociedade mais justa, como se apresenta na
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1998. A
educação escolar deve, nesse sentido, considerar e promover a ampliação progressiva do conhecimento
do aluno, garantindo a ele espaços educacionais em que possa posicionar-se diante de valores
estabelecidos e buscar as transformações sociais necessárias.

Palavras-chave: ensino; língua materna; projetos de letramento.

UM ESTUDO SOBRE O LETRAMENTO DOCENTE NA FORMAÇÃO CONTINUADA:


REFLEXÕES

Cláudia Peres Barbosa Jorge (UEL)


claudiapbjorge@gmail.com

RESUMO
Indagações envolvendo a formação do professor são frequentes e vão além do contexto escolar. É
comum serem observadas discussões de caráter político em que o educador é apresentado como mal
preparado, consequentemente responsável pelo fraco desempenho dos alunos. Pesquisas da área da
Linguística Aplicada refutam essa visão desvalorizada do professor e buscam evidenciar práticas
heterogêneas e plurais que apresentam esse profissional como agente de letramento. Nesse contexto,
consideramos os cursos de formação continuada potencializadores da reflexão, constituindo-se como
práticas de letramento, como espaço de apropriação crítica da cultura e de promoção de uma
autonomia intelectual e emancipatória. A partir das observações de um curso de formação continuada
para professores do Ensino Fundamental Series Iniciais, este trabalho visa apresentar reflexões acerca
do processo de práticas e atividades que contribuíram para o desenvolvimento do letramento docente.
Para isso, pretendemos caracterizar os eventos de letramento em que discussões a respeito de ações
afirmativas foram abordadas. Buscamos apoio no referencial teórico dos Novos Estudos do Letramento
(STREET, 2015), em especial os que focalizam o trabalho docente no que tange à perspectiva da
Linguística Aplicada (KLEIMAN, 2007, 2005; VIANNA et.al., 2016).

Palavras-chave: Novos Estudos do Letramento; Evento de Letramento; Formação Continuada.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 75


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 23: SEQUÊNCIA DIDÁTICA: INSTRUMENTO MEDIADOR DO ENSINO


E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
Coordenadoras: Vera Lúcia Lopes Cristovão e Paula Kracker Francescon

A METASSEQUÊNCIA DIDÁTICA: UM ELEMENTO MEDIADOR NA FORMAÇÃO


CONTINUADA SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA

Aline Cristina Fernandes (UEL)


afernandesletras@gmail.com
Vera Lúcia Lopes Cristovão (UEL)
veraluciacristovao@gmail.com
RESUMO
O presente trabalho objetiva apresentar uma Metassequência Didática (MSD) (PONTARA; CRISTOVÃO,
2018) enquanto elemento mediador em uma formação continuada interdisciplinar de professores, sobre a
temática Educação Ambiental (EA) crítica (TOZONI-REIS, 2007). Os aportes teóricos-metodológicos da
MSD estão ancorados no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 2007) e na Sequência
Didática (SD) (DOLZ; NOVERRAZ; SCHEWVLY, 2004). A MSD é um instrumento físico e os conteúdos
que a compõe podem ser simbolicamente denominados de instrumentos para ações no mundo. Por meio do
engajamento de conteúdos teóricos e dinâmicas pedagógicas sobre a EA, visamos mostrar a complexidade
do tema ambiental e problematizá-lo a partir de questões históricas, sociais e culturais. A EA crítica nesta
MSD é mediadora da formação continuada, pois oportuniza aos professores capacitação e entendimento
sobre a aproximação dos sujeitos com a natureza, a fim de engajá-los com as questões ambientais, para
aprenderem a lidar com os problemas ambientais locais a partir de conhecimentos locais e globais. Sendo
assim, a MSD constitui um instrumento potencializador das capacidades docentes a ensinar e para ensinar
(STUTZ; CRISTOVÃO, 2012), pois propicia práticas formativas que possibilitam o desenvolvimento do
ensino e da aprendizagem.

Palavras-chave: Formação Continuada; Metassequência Didática; Educação Ambiental.

A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO INSTRUMENTO DE REFLEXÃO SOBRE AS VIOLÊNCIAS


LGBTFÓBICAS: ENTRE A DIVERSIDADE SEXUAL E A VULNERABILIDADE SOCIAL

Felipe Trevisan Ferreira (UEL)


trevisanfelipe5@gmail.com
RESUMO
Ainda que os documentos que regulam a prática docente tendam a reforçar o papel da educação na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, iniciativas que visam fomentar debates acerca das
violências LGBTfóbicas na escola vêm sendo constante e crescentemente silenciadas. Outrossim, pesquisas
recentes revelam um aumento de mais de 340% nos números de mortes por LGBTfobia no país nos últimos
20 anos, além de listar estudantes e professores entre as profissões mais suscetíveis à violência sexual e/ou
de gênero (GGB, 2018). Ao pensarmos nos estudantes em situação de vulnerabilidade social, esse cenário é
ainda mais agravado pela intersecção de violências de outras naturezas às quais podem estar expostos.
Diante disto e ratificando a necessidade de se discutir tais temas em contextos educacionais, o presente
trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de implementação de sequência didática (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) em oficinas de Língua Inglesa em um contexto de vulnerabilidade
social na cidade de Londrina/PR, com vistas tanto ao desenvolvimento linguístico quanto social e cidadão;
bem como discutir quais são as contribuições dessa intervenção para a reflexão acerca da violência
LGBTfóbica. Essa pesquisa é qualitativa de cunho interpretativista e se insere no quadro teórico-
metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003). Os resultados preliminares
apontam para indícios de desenvolvimento de criticidade nos alunos participantes das oficinas.

Palavras-chave: LGBT; Sequência Didática; Vulnerabilidade Social.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 76


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ELABORAÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE LI NA EJA: UMA


EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
Leticia Minto Faria (UEL)
leticia.mfaria@uel.br
Lorrana de Souza Bossan Gonçalves (UEL)
lorranabossang@gmail.com

RESUMO
O ensino de inglês na Educação de Jovens e Adultos (EJA) passa por dificuldades como a falta de
material didático adequado (RAMOS, 2018), carga horária reduzida e heterogeneidade de proficiência
linguística (AGUIAR, 2011; SILVA, 2015) entre outros. Notando essa necessidade da criação de
materiais voltados para o contexto da EJA uma SD sobre o gênero comentário em notícia do Facebook
foi produzida por duas alunas-professoras e implementada numa turma da segunda etapa do Ensino
Médio da EJA durante o período de estágio. Partindo do pressuposto que a Sequência Didática (SD)
serve como instrumento mediador que contribui para um aprendizado significativo para se agir com a
linguagem por meio de gêneros textuais, a SD foi criada com base nos aportes teóricos-metodológicos
do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 2003) e nos estudos do ensino por meio de
gêneros textuais (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004). Destarte o objetivo dessa pesquisa é apresentar a SD
ilustrando as etapas de sua elaboração assim como descrever as atividades e o material produzido de
acordo com a metodologia proposta pelo ISD. Para a análise faremos uma categorização de cada
atividade com base nas capacidades de linguagem apresentadas por Cristovão e Stutz (2011) e
expandidas por Miquelante (2019), além de traçar o perfil dos alunos por meio de uma análise de
necessidades e questionário para a produção. Os resultados parciais apontam que a produção da SD
contribuiu consideravelmente para a formação inicial das alunas-professoras no que diz respeito à
relação da teoria e da prática docente. Também é possível concluir que a SD busca atender as
necessidades apresentadas pelos alunos e se torna mais um material educacional que está disponível
para uso, preenchendo a lacuna encontrada.

Palavras-chave: Sequência Didática; EJA; Língua Inglesa.

ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E FEMINISMO: FORMAÇÃO PARA JUSTIÇA SOCIAL


EM CONTEXTO DE VULNERABILIDADE

Débora Cristina Monteiro Pena (UEL)


deboramonteiro95@gmail.com

RESUMO
Partindo da proposta de uma oficina sobre Sexismo de Diane Goodman e Steven Schapiro (1997), em
paralelo ao arcabouço teórico do interacionismo sociodiscursivo de Bronckart (2008), propõe-se uma
intervenção por meio de uma oficina de língua inglesa em uma instituição sem fins lucrativos com
objetivo de: a) observar quais representações as alunas constroem sobre feminismo por meio da
participação em uma prática educacional para Justiça Social; b) classificar como as representações de
feminismo identificadas se manifestam no agir das alunas participantes da sequência didática e c)
estabelecer quais são as contribuições desta intervenção para o desenvolvimento das capacidades de
agência. É uma pesquisa de cunho qualitativo e de base interpretativista, além de fazer uso dos
procedimentos teórico-metodológicos do interacionismo sociodiscursivo de Bronckart (2008) e
codificação descritiva e provisória de Saldaña (2009). Espera-se que ao final da intervenção os
participantes desenvolvam capacidades de linguagem que os possibilitem ter mais agência e criticidade
em discussões a respeito da desigualdade de gênero, além de desenvolverem capacidade de autoria em
língua inglesa.

Palavras-chave: interacionismo sociodiscursivo, gêneros, justiça social.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 77


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

TRADUÇÃO E GÊNERO: ESPAÇOS DO PROCESSO TRADUTÓRIO EM UMA


SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Lucas Mateus Giacometti de Freitas (UEL)


Vera Lúcia Lopes Cristóvão (UEL)
lucasgiacometti@outlook.com

RESUMO
Para que haja apropriação dos elementos de um determinado gênero pelos aprendizes, torna-se
necessária a realização de atividades que englobem exercícios variados, com o objetivo de suprir
possíveis lacunas a respeito das características do gênero. Pautando-se nessas premissas, a Sequência
Didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) surge como um instrumento mediador deste
processo. As atividades dentro dos módulos da Sequência Didática focam, majoritariamente, em
exercícios de leitura e reescrita, dois momentos cruciais da atividade tradutória (CAMPOS, 1992),
considerada por alguns autores como a forma mais privilegiada de leitura crítica (SUBIRAT, 1945).
Devido a esta visão, esta pesquisa busca responder quais seriam os espaços da tradução dentro da
Sequência Didática. Para tal, uma Sequência Didática foi preparada que englobou o processo
tradutório de um determinado gênero, em todas suas especificidades, de forma planejada e sistemática
(LIBERATTI, 2012). Este trabalho é um recorte da atual dissertação do autor, ainda em andamento,
intitulada “Gênero, tradução e avaliação: o Portfólio Tradutório como instrumento de avaliação no
processo tradutório de gêneros”, que foca em reconhecer o Portfólio Tradutório como instrumento
avaliativo dentro da categoria de avaliação formativa (SCARAMUCCI, 2008; FURTOSO, 2008) para
avaliar o domínio das características do gênero trabalhado.

Palavras-chave: Avaliação; Tradução; Sequência Didática.

Simpósio 24

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 78


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 25: DIÁLOGOS SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE


LÍNGUAS ESTRANGEIRAS/ADICIONAIS SOB O PRISMA TEÓRICO-PRÁTICO
Coordenadoras: Cláudia Cristina Ferreira e Adja Balbino de Amorim Barbieri Durão

ENTRE A MULTIMODALIDADE E A MULTICULTURALIDADE: PROPOSTA DE


ATIVIDADES PARA ENSINO DE LÍNGUAS ATRAVÉS DA REALIDADE VIRTUAL

Adriana Maria Proença de Araujo


dri_proara@hotmail.com
RESUMO
Sabemos que língua é cultura e que cultura é língua. Por isso não podemos falar em ensino e em
aprendizagem de línguas estrangeiras/ adicionais sem pensar nos aspectos culturais que permeiam
esses processos. Os gestos, as gírias, os sotaques, as expressões idiomáticas estão relacionados à
cultura do dia a dia e acabam sendo trazidas para a sala de aula ainda que de forma inconsciente pelo
professor, assim como a Cultura com C, aquela erudita, relacionada à literatura, à arte, ao intelecto que
é trazida muitas vezes pelos próprios livros didáticos, mas nem sempre é abordada pelo professor. Por
isso, o presente trabalho tem como objetivo sugerir tanto atividades culturais quanto Culturais através
do uso da realidade virtual em sala de aula, uma vez que, o uso dessa tecnologia permite aos alunos
explorarem e interagirem com ambientes de imersão (HUANG & LIAW, 2018) que os propiciam uma
vivência de diferentes aspectos culturais, deixando-os consciente desses aspectos através de analises e
discussões sobre essas experiências. Esperamos com esse trabalho proporcionar reflexões a cerca de
um Ensino de Línguas multimodal, multicultural e mais significativo.

Palavras-chave: Ensino de Línguas; Atividades Culturais; Realidade Virtual.

EPIC READS: WORDS ARE LEGENDARY: UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO


LITERÁRIO DIGITAL
Priscila Handa Suzuki
priscilausuki@hotmail.com
Lucas Antonio Kirilko
lucas.kirilko@gmail.com

RESUMO
O projeto “Epic reads: words are legendary” foi desenvolvido para alunos do curso de formação de
professores de um instituto privado de idiomas. O presente trabalho tem o objetivo de contribuir para a
formação de professores de inglês e a formação de leitores, além de mostrar possíveis alternativas da
integração de redes sociais, propiciando a reflexão sobre o papel da escola no desenvolvimento dos
letramentos literários digitais. Espera-se que o educador adapte as tecnologias às finalidades
educacionais, evitando que seu uso seja apenas uma (nova) maneira de aplicar conceitos antigos com
aparência de inovação. Nesse contexto, o professor assume o papel de mediador, estimulando a troca
de conhecimento entre os alunos, desenvolvendo estratégias para a construção de um aprendizado
holístico. A escola, por sua vez, possibilita espaços para o letramento literário. Acreditamos que é
necessário despertar a atenção do aluno para a literatura e o Skoob é um aliado que pode fazer com que
o aluno compreenda que a literatura se faz presente em sua comunidade não apenas nos textos escritos
e reconhecidos como literários, mas também no suporte digital. Sendo assim, o letramento literário
digital não começa e nem termina na escola, mas é uma aprendizagem que nos acompanha por toda a
vida.

Palavras-chave: letramento literário digital; formação de professores e de leitores; propostas


pedagógicas.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 79


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LENDO O MUNDO ATRAVÉS DE IMAGENS! LETRAMENTO VISUAL NO ENSINO DE


LÍNGUAS

Carolina Favaretto Santos


carolinafavaretto7@gmail.com
RESUMO
Práticas e estudos sobre o processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras/adicionais se atentam
cada vez mais à relevância do uso de textos imagéticos nas aulas. Pesquisas na área de (multi)letramentos
(HEBERLE, 2010; KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, 2006) demonstram a necessidade do uso de outros
meios semióticos, além do texto verbal e escrito, em práticas pedagógicas, pois partem da premissa de que
não há textos monomodais ou monosemióticos (NASCIMENTO, BEZERRA, HEBERLE, 2011). Imagens
e ilustrações são encontradas em inúmeros materiais didáticos e estão integradas ao conteúdo proposto a ser
ensinado. No mundo atual, dificilmente consegue-se imaginar a sala de aula, e a vida cotidiana, sem a
presença de imagens, fotografias, pinturas, livros-imagens, vídeos e filmes. Portanto, o letramento visual
torna-se essencial para alunos e professores. Nesse viés, este estudo tem por objetivo dialogar sobre
preceitos teóricos e sugerir ações pedagógicas envolvendo multimodalidade e multiletramentos (COPE;
KALANTZIS, 2000), com foco em leitura e uso de imagens em aulas de língua estrangeira/adicional. Para
isso, serão apresentados conceitos de multimodalidade (BUNZEN; MENDONÇA, 2013; COPE;
KALANTZIS, 2000; HEBERLE, 2012; ROJO; MOURA, 2013), bem como de linguagem para a formação
cultural e humana (LIBERALI, 2009), como também sobre o uso de recursos visuais, como narrativas
visuais (RODRIGUES, 2012; FERREIRA, 2019) e imagens em atividades de ensino e aprendizagem
(DONAGHY; XERRI, 2000). Concluímos que o letramento visual e a pedagogia dos multiletramentos
permitem aos professores realizarem práticas pedagógicas diferenciadas e significativas, possibilitando que
desenvolvam as habilidades linguísticas de maneira crítica e social, a fim de alcançar os objetivos
propostos.

Palavras-chave: processo de ensino e aprendizagem de inglês; letramento visual; multiletramentos.

LETRAMENTO ESCOLAR E PRÁTICAS DE ESCRITA EM PORTUGUÊS COMO LÍNGUA


SEGUNDA NO CONTEXTO MOÇAMBICANO

Maurício Bernardo Cigarros (UEM)


mcigarros@gmail.com
RESUMO
Como vários países africanos, ex-colônias europeias, Moçambique passou por um longo processo de
(re)adaptação nos campos político, socioeconômico, cultural e educacional, logo após a conquista da sua
independência em 1975. Nesse processo, o país viu-se obrigado a adotar a língua (portuguesa) do
colonizador como oficial. O português era a língua que projetava o Estado além de suas fronteiras, a que
constava nos documentos oficiais da então República Popular de Moçambique, nos materiais didáticos
existentes e a que melhor se adaptava ao discurso de construção de um Estado pós colonialista. No campo
educacional, vários foram os desafios que a língua portuguesa implantava, já que era língua segunda para
mais de metade da população. Considerando este cenário, este estudo, ainda em andamento, terá como
escopo principal: refletir sobre como se dá a aprendizagem da escrita do português como língua segunda no
ensino fundamental em uma escola na província da Zambézia – Moçambique. A proposta é a de verificar,
no contexto de pluri/multilinguismo, como são conduzidas as práticas letradas escolares de ensino de
línguas e como essas afetam as crianças e as suas produções escritas. A base teórica do estudo se assentará
nas teorias sobre o letramento, no eixo da escrita e nas abordagens inerentes às políticas linguísticas e o
ensino suportada em autores como: Calvet (2007); Chimbutane (2015); Dias (2008); Firmino (2006);
Gnerre (1998); Instituto Nacional de Educação (2003); Instituto Nacional de Estatística (2019); Programa
do Ensino Básico Geral (2003); Kleiman (1995); Ministério da Educação (2012-2019); Moita Lopes
(2013); Ngunga (2004); Soares (1998); Street (2006, 2014); Timbane (2014), etc. A metodologia usada será
constituída pela realização de um estudo de caso etnográfico, por meio da observação participante,
condução entrevistas e questionários aos professores e exames das produções escritas dos alunos da escola
selecionada.

Palavras-chave: Letramento escolar; Aprendizagem da escrita; Língua secunda.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 80


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

NÃO CONFUNDA ALHOS COM BUGALHOS NEM PISE EM OVOS... APROXIMAÇÕES


TEÓRICO-METODOLÓGICAS SOBRE CULTUREMAS NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM E NO FAZER TRADUTÓRIO DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS/ADICIONAIS

Cláudia Cristina Ferreira


claucrisfer@sercomtel.com.br
Adja Balbino de Amorim Barbieri Durão
adjabalbino@gmail.com
RESUMO
Traduzir, aprender e ensinar uma língua estrangeira/adicional demandam pesquisa, estudo e dedicação
constantes. Conhecimentos linguísticos apenas não são suficientes para capacitar o tradutor, o
professor ou o aprendiz. Há também que dominar aspectos culturais, posto que língua e cultura se
encontram amalgamadas, sendo indissociáveis. Este trabalho tem por objetivo dialogar sobre
culturemas (FERREIRA, 2018, 2019a, 2019b, 2019c, 2019d, 2019e, 2019f; FERREIRA; DURÃO,
2019a, 2019b, 2019c, 2019d, 2019e; GIRACA, 2013, 2017; GIRACA; OYARZABAL, 2018;
FONSECA, 2017; LUQUE NADAL, 2009) presentes em parêmias (LIMA, 2011; ORTIZ ALVAREZ,
2014; XATARA; SUCCI, 2008) e advogar pela apropriação deste conteúdo na língua
estrangeira/adicional meta, a fim de poder aproximar-se da língua objeto de estudo, demonstrando
espontaneidade e competência. Ao apropriar-se de culturemas, aprimoram-se os conhecimentos que
capacitam tradutores, professores e aprendizes a interagir na língua alvo, pois passamos a conhecer
particularidades das comunidades linguístico-culturais meta. Desta forma, compreendemos a maneira
de ser, pensar, sentir e conceber o seu entorno, além de fomentamos o respeito à diversidade. Como
resultado, concluímos que dominar culturemas é um diferencial que revela contribuições concretas no
ato tradutório e no fazer pedagógico.

Palavras-chave: Processo de ensino e aprendizagem; tradução; línguas estrangeiras/adicionais;


Paremiologia; matizes culturais.

O GRAFITE COMO EXPRESSÃO SOCIAL DE JOVENS BRASILEIROS NAS AULAS DE


ELE: ILUSTRAÇÃO PEDAGÓGICA À LUZ DA MULTIMODALIDADE

Gleice Angélica de Queiroz Rodrigues


Caio Vitor Marques Miranda (UNESPAR)
gleicequeiroz80@gmail.com
RESUMO
O ensino através da multimodalidade tem se mostrado eficaz em relação à abordagem em diferentes
contextos nos quais os jovens estão inseridos e se identificam. Entretanto, muitos destes são
marginalizados pelos cânones, excluídos dos livros didáticos, em especial, nas aulas de ELE –
espanhol como língua estrangeira, ainda que faça parte da realidade dos jovens estudantes. Isso é o que
acontece com o grafite, símbolo da cultura hip-hop, que há anos tem resistido em meio a sua
discriminação. Trabalhar com essa expressão social possibilita ao aluno tornar-se um leitor crítico e
protagonista no seu processo de aprendizagem. Com isso, a língua e a literatura passam a ser
resignificadas tanto ao professor quanto ao aluno, e no contexto de ELE, as aulas deixam de ser
focadas nas habilidades comunicativas. Os muros se tornam, assim, o cenário para a expressão poética
de jovens que buscam sua autenticidade e querem eternizar sua voz através da arte. Nesse sentido,
objetivamos apresentar um panorama sobre o grafite na educação e propor uma atividade pedagógica
aos alunos de espanhol, de nível básico, para que possam valorizar e contribuir com sua comunidade.
Para dar conta desta tarefa, nos valemos de Souza (2012), Bunzen e Mendonça (2013), Rojo e Moura
(2012), autores renomados nesta área de estudo.

Palavras-chave: grafite; multimodalidade; ensino de ELE.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 81


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O LETRAMENTO LITERÁRIO NAS AULAS DE ELE: OS MINICONTOS FANTÁSTICOS À


LUZ DOS APLICATIVOS

Caio Vitor Marques Miranda


caiomiranda91@hotmail.com
RESUMO
Angariar novos leitores e fomentar o interesse pela leitura são os desafios dos professores de línguas
dos últimos anos. No âmbito d do Espanhol como língua estrangeira, esse cenário é ainda mais
polêmico, uma vez que o foco para institutos de idiomas, muitas vezes, é desenvolver
habilidades/competências orais e escritas, não privilegiando a literatura. Ela, infelizmente, quando
contemplada, é apenas um pré-texto para o ensino de elementos linguísticos e pragmáticos da língua
meta. Nessa perspectiva, este trabalho pretende discutir a importância das práticas de letramento
literário nas aulas de ELE, e tem como objetivo propor reflexões sobre a importância do ensino da
literatura – em especial a fantástica - com o intuito de motivá-la, desenvolvê-la de forma
humanizadora, significativa e transversal, utilizando os minicontos fantásticos, pelo viés dos
aplicativos PARA Android e Iphone. Para dar conta dessa tarefa, abordamos teóricos renomados nestas
áreas, como CEREJA(2005) LAJOLO, (1999) MARCUSCHI (2013), SANCHES BRUN (2004) e
ZILBERMAN (2012).

Palavras-chave: Literatura e ensino; espanhol como língua estrangeira; aplicativos.

TRISTE, LOCA O MALA: A TRAJETÓRIA DAS MULHERES EM BUSCA DE SUA


IDENTIDADE NAS AULAS DE ELE

Cintia Letícia Bueno (UNESPAR)


cintia.bueno25@gmail.com
Caio Vitor Marques Miranda

RESUMO
Há séculos, a mulher é objetificada pela figura masculina, não sendo vista como semelhante, mas
como propriedade do homem. Por isso, o movimento feminista - surgido nos Estados Unidos - é uma
das manifestações mais significativas da luta das mulheres pela igualdade de direitos. Neste sentido,
objetivamos retratá-la através da canção Triste, loca o mala de Francisco, el hombre (2016) para
exemplificar as conquistas que tiveram durante os manifestos e seu empoderamento nas aulas de
Espanhol como língua estrangeira, almejando desenvolver a criticidade do aluno. Para isso,
contextualiza-se a trajetória das mulheres, apresentando um panorama das figuras significativas e que
são modelos de encorajamento as que permanecem sem voz, e, por fim, propõe-se uma nova
abordagem sobre essa temática com uma atividade pedagógica. Para dar conta desta tarefa, nesta
pesquisa baseiamo-nos em autores como Amat (2003), Esser (2014), Jorge Majfud (2005), Leoni e
Laba (2019), Silva (2009) investigadores dessa área.

Palavras-chave: Mulheres; movimento feminista; ensino de espanhol como língua estrangeira.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 82


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 26: OBJETOS CRÍTICOS EM FORMAÇĀO DE PROFESSORES DE


LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
Coordenadoras: Simone Reis e Juliane D’Almas

“THIS IS A NEW WAY, THIS IS A NEW DAY, THIS IS A NEW CHAIR, AND I
HAVE THE GAVEL AT THIS POINT”: PROPOSTA DE ATIVIDADE DE LEITURA EM LÍNGUA
INGLESA COM BASE EM UMA ANÁLISE DISCURSIVA FOUCAULTIANA
Alex Alves Egido (UEL)
alex.egido.uel@outlook.com
RESUMO
Inserida na área da Linguística Aplicada, no campo de formação de professores de Língua Inglesa (LI) e com
didático, esta proposta de comunicação está centrada em dois dos objetos críticos endereçados para este
simpósio, a saber: usos e efeitos discursivos. Ao considerar a ênfase de documento educacional federal, vigente
no território brasileiro, sobre práticas discursivas no ensino de línguas, o estudo teve como objetivo central, de
interesse descritivo-prático, construir uma proposta de atividade de leitura em LI, tendo como base o repertório
analítico discursivo foucaultiano. A fim de alcançar tal propósito, foi necessário observar três objetivos
específicos, os quais são: (i) descrever e comentar os usos dos discursos de representante política e do
funcionário do executivo federal americano, por meio de alguns elementos da formação discursiva e, em seguida,
(ii) elaborar uma proposta de atividade de leitura a professores de LI em formação inicial, que os possibilitasse
espaços de reflexão sobre os usos e os efeitos dos discursos permeados por poderes e imbricados em instituições
de representações transitórias. Este estudo visa a contribuir diretamente à formação inicial de professores, ao
propor-lhes crítica no que diz respeito aos usos e efeitos dos discursos e, indiretamente, a linguistas aplicados,
que buscam transposições didáticas de princípios e análises do discurso para o ensino de línguas.

Palavras-chave: Leitura Crítica; Análise do Discurso; Michel Foucault.

DESENVOLVIMENTO DE LEITORES E PROFESSORES PARA LEITURAS CRÍTICAS


Simone Reis (UEL)
simonereiss@gmail.com
RESUMO
A presente comunicação enfoca o desenvolvimento de professores de inglês em fase inicial de preparação formal
na universidade estadual de londrina, especificamente no contexto da disciplina Leitura em Língua Inglesa:
aspectos teóricos. Documentos de campo e notas de observação participante constituem conjunto ecológico de
signos reunidos em resposta à tarefa de descrever analiticamente contextos de situações de diferentes tipos e
formas de textos. O desenvolvimento dos participantes leva em conta três fases distintas: (i) uso de seu
conhecimento prévio; (ii) uso de conhecimento proposicional e (iii) prática livre. Na primeira fase, a descricao
analitica proposta é feita pelos participantes indutivamente. Na segunda fase lhes são oferecidos parâmetros
dedutivos. Na terceira fase, os participantes fazem sua descricao analitica livremente. Em cada uma dessas fases,
o desenvolvimento é analisado em respeito a posições de leitores e de professores que elaboram questões em
língua inglesa para promover leituras críticas. Consideram-se partes do desenvolvimento dos participantes os
processos e produtos cognitivos e verbais que expressam por meio da linguagem. Utiliza-se a Analise
Paradigmática e Sintagmática (APS) como metodologia e método, por seus princípios de: construção teórica a
partir dos dados, macro e micro visões, inclusao, sintese analitica (nao reproducao por espelhamento, paráfrase
ou sinonimo), entendimento de linguagem como poder, dialogismo, e pelas técnicas de: leituras cíclicas dos
dados, classificações hiperonímica e hiponímica, disposição classificatória em grades para eliminação de
redundâncias e nucleação semântica. Os interesses deste estudo descritivo são de ordens prática e emancipatória
e suas contribuições destinam-se à área da Linguística Aplicada, ao campo da educação de professores de língua
inglesa e, principalmente, aos envolvidos com ensino e aprendizagem de inglês por meio de leituras críticas.

Palavras-chave: Desenvolvimento do professor; Leitura Crítica; Contexto de situação, APS.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 83


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA PELA PERSPECTIVA CRÍTICA: UMA


PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II

Elaine de Castro (UEL)


elainec.teacher@gmail.com
RESUMO
Partindo do contexto de trabalho da professora-pesquisadora e desenvolvida como parte de sua dissertação,
a presente pesquisa, do campo de ensino e aprendizagem de Língua Inglesa (LI) na Educação Básica, teve
como enfoque o ensino da leitura sob a perspectiva crítica, compondo um estudo de caso desenvolvido com
alunos de um 9º ano do Ensino Fundamental II de um colégio particular situado no Norte do estado do
Paraná no ano de 2017. Com o objetivo de investigar o processo de leitura desenvolvido pelos alunos deste
contexto, foram utilizados como instrumento para a geração dos dados três atividades de Leitura Crítica
(LC) elaboradas pela professora-pesquisadora, que consistiram em questões interpretativas de cunho
discursivo, envolvendo diferentes gêneros discursivos escritos e abordando perspectivas de leitura variadas,
a saber: textual, do leitor, interacional e LC. Estas foram aplicadas aos alunos, com o intuito de analisar a
capacidade de desenvolvimento da criticidade mediante os temas globais apresentados via gêneros
discursivos e, ainda, relacionar a consciência crítica construída com base em argumentos provenientes dos
textos e do discurso por eles produzidos. Como resultados do presente trabalho, após a análise qualitativa e
interpretativa das respostas dos alunos a essas atividades, expressas por meio da linguagem escrita ao longo
do processo de leitura, observou-se que as perguntas referentes à perspectiva crítica de leitura permitiram
maior desenvolvimento da criticidade dos alunos. Embora variações no estilo de escrita e no nível de
compreensão das questões apresentados pelos alunos foram recorrentes, a criticidade foi evidenciada tanto
em questões de perspectiva interacional quanto na própria perspectiva crítica. Deste modo, este trabalho
pode contribuir para a criticidade no ensino de LE por meio da LC, além de expandir a concepção
tradicional de leitura como decodificação de palavras nas aulas de LE.

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de línguas; Leitura Crítica; Língua Inglesa.

INCIDENTES CRÍTICOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO LE:


CONCEITO E RELEVÂNCIA

Mariana Guedes Seccato (PPGEL-UEL)


mariseccato@gmail.com
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um recorte de minha pesquisa doutoral, que tem como um
dos propósitos conceitualizar Incidentes Críticos (IC) em âmbito educacional, mais precisamente na
formação de professores de Língua Inglesa (LI) como Língua Estrangeira (LE). A relevância em tratar de IC
em um simpósio que traz como tema a criticidade na educação reforça a validade de considerar a LI como
não somente como objeto de estudo, mas também como possível ferramenta de desenvolvimento de
pensamento crítico de professores em formação. Professores formados sob perspectivas críticas possibilitam
processos de mediação com seus alunos, que podem fazê-los se depararem com oportunidades de reforço do
respeito às suas histórias e origens e empoderamento de suas crenças. Apresentarei literatura acadêmica
nacional e internacional a que tive acesso por meios públicos e privados, de livre acesso e sem custos
financeiros. Os dados foram analisados indutivo-dedutivamente, característica da APS (Análise
paradigmática e sintagmática), por meio de classificação sem espelhamento, sem paráfrase e sem
reprodução, o que me permitiu interpretar e conceitualizar os IC.

Palavras-chave: Incidentes Críticos (IC); Língua Inglesa (LI); Formação de Professores; APS.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 84


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PERSPECTIVAS CRÍTICAS DE ENSINO NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE


PROFESSORES DE LÍNGUAS: PONTES ENTRE TEORIAS E PRÁTICAS DE UM PROJETO DE
EXTENSÃO
Juliane D’Almas (UNESPAR)
julianedalmas@gmail.com
Ingrid Benites Guntendorfer Rodrigues (UNESPAR)
aprofessoraingrid@gmail.com
RESUMO
O presente relato de trabalho tem como objetivo apresentar as ações conduzidas pelo projeto de extensão
“Perspectivas críticas para o ensino de línguas: construindo pontes entre teorias e práticas”, realizado na
Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus de Apucarana. Abordaremos os propósitos, processos e
ações do projeto de extensão em questão, sendo estes os objetos críticos que vem ao encontro deste
simpósio. Iniciado em 2017 e estendido por mais um ano até 2020, o projeto de extensão tem como objetivo
construir uma ponte entre a teoria e a prática no que concerne o ensino de línguas por meio de perspectivas
críticas. Desse modo, auxilia na formação inicial de professores de português, inglês e espanhol e na
formação continuada de docentes que colaboram com o projeto ou que buscam parcerias. Portanto, baseados
nas leituras de documentos que regem a educação brasileira, obras de autores como Freire (1974) e
Fairclough (1992; 1995), artigos e pesquisas de Andreotti e Souza (2006), Brahim (2007), Maia (2016),
Tílio (2017), entre outros, elaboramos unidades didáticas e atividades para desenvolvimento de pensamento
crítico, criamos um site e participamos de uma intervenção de conscientização sobre bullying em um
colégio de Apucarana, com o qual firmamos parceria. Estas e outras ações serão tema de nossa apresentação
neste simpósio, juntamente com conclusões sobre os desafios, limitações e alcances do projeto.

Palavras-chave: Perspectivas críticas; Formação de professores; Projeto de extensão.

PROFESSORES EM ESPAÇOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA /


ADICIONAL
Cecília Gusson Santos (PPGEL-UEL)
gusson990@hotmail.com
RESUMO
Por meio deste projeto de pesquisa, almejo investigar os espaços formativos ofertados pela Secretaria de
Estado da Educação para os professores de língua estrangeira / adicional (LE/A). A pesquisa tem como
contextos dois espaços híbridos (presencial e a distância) de formação continuada, que foram reestruturados
nos últimos anos: Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e Conexão Professor em Ação (que
substituiu o Formação em Ação Disciplinar, vigente até o ano de 2018). Pretendo examinar essas
formações, a oferta, possíveis processos e/ou resultados de formação crítica do professor de língua
estrangeira / adicional (LE/A), bem como que atenção recebem as vozes dos participantes nesses dois
contextos e de que forma isso ocorre. Tendo como unidade de análise a linguagem, os dados serão gerados
por questionários, entrevistas semi-estruturadas e notas de observação. Adicionalmente, dados serão
obtidos por documentos de campo dos cursos de formação continuada presenciais e à distância. Um mínimo
de 15 e um máximo de 50 participantes farão parte da pesquisa. A metodologia da pesquisa respalda-se nos
princípios e técnicas da Análise Paradigmática e Sintagmática (APS). Com os resultados da pesquisa espero
fomentar reflexões e discussões que possam aperfeiçoar a criação de espaços de formação que atendam as
expectativas dos professores de LE/A. Com isso, a contribuição da investigação direciona-se para o
aperfeiçoamento profissional do professor por meio da formação crítica, se necessário, fomentando ações
que promovam a agentividade como elemento de transformação do processo educativo.

Palavras-chave: Formação Continuada do Professor; Professor de Língua Estrangeira / Adicional; Prática


Docente.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 85


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 27: NOVOS DESDOBRAMENTOS DAS PESQUISAS EM ANÁLISE DA


CONVERSAÇÃO
Coordenadoras: Vanessa Hagemeyer Burgo e Letícia Jovelina Storto

A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E OS MARCADORES DISCURSIVOS:


ESTUDOS PRELIMINARES

Sheyla Cristina Araujo Matoso Silva (UFMS)


smatosos@hotmail.com
RESUMO
Muitas são as contribuições dos estudos da linguagem para melhor compreender a vida social e ajudar
a resolver problemas de comunicação de uma sociedade extremamente complexa. Nesse contexto, o
estudo dos marcadores discursivos em diferentes tipos de textos falados vem se destacando, no
entanto, em relação à temática dos marcadores discursivos nas línguas de sinais, observamos certa
escassez de pesquisas nessa área. Este trabalho consiste, portanto, em uma análise dos marcadores
discursivos empregados na língua brasileira de sinais (Libras) e o papel que estes assumem na
interação entre surdos, usuários da Libras. O aporte teórico está fundamentado nos conceitos da
Análise da Conversação, com vistas a aproximar as discussões já existentes acerca desse tema em
línguas orais ao seu uso em línguas de sinais também. Este estudo está baseado, sobretudo, em
pesquisas de Preti (2000, 2002, 2003, 2005); Castilho (1989, 1994, 2000); Koch (1992, 1997, 2003);
Koch e Barros (1997); Marcuschi (1989, 2006); Risso (1995); Urbano (1997); Quadros e Karnop
(2004); Gesser (2009); Pereira (2009) e Ferreira (1995). Vale considerar que os marcadores são
elementos extremamente importantes na interação, pois atuam na organização, estruturação e
articulação do texto, e se constituem como uma categoria pragmática bem consolidada no
funcionamento da linguagem.

Palavras-chave: Marcadores discursivos; Libras; interação.

A POLÍTICA EXPRESSA NA LÍNGUA: PRODUÇÃO LEXICAL


NA LINGUAGEM POLÍTICA

Gustavo Ribeiro Lourenço (UFMS)


prof.gustavoribeiro@hotmail.com
Gabriel Silva de Azevedo (UFMS)
gabriels.a@icloud.com

RESUMO
O presente trabalho apresenta algumas ocorrências de processos neológicos na linguagem política
expressos, em sua maioria, em textos jornalísticos de cárter ou de intenções políticas, encontradas em
meio digital, tendo em vista a classificação das palavras aí discriminadas. Para tanto, levou-se em
consideração a natureza dinâmica da língua, destacando-se aí a inovação lexical como fator que
concorre para a renovação e possível ampliação lexical de uma dada língua, no caso, do português, por
meio dos variados processos neológicos pelos quais os falantes da língua portuguesa têm-se utilizados
na formação de novas palavras. Escolheu-se o contexto político como fonte de origem de tais palavras
por conta, justamente, de sua dinamicidade que abriria espaço para a criação de novas formas de
expressão e de novas noções acerca da realidade. Assim, neste trabalho, buscou-se descrever o
processo de formação de novas palavras na linguagem política brasileira por meio dos processos
neológicos por que tais palavras poderiam ter passado como: neologismos semânticos, neologismos
por empréstimos e neologismos sintáticos.

Palavras-chave: Neologismo; processos neológicos; Política.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 86


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A TRADUÇÃO DOS MARCADORES DISCURSIVOS NAS LEGENDAS


DA SÉRIE FRIENDS

Nayra Modesto dos Santos Nunes (UFMS)


nayrams64@gmail.com
Letícia Jovelina Storto (UENP)
leticiajstorto@gmail.com
RESUMO
Este estudo visa a analisar como os marcadores discursivos são traduzidos na legendagem dos diálogos
da série televisiva americana Friends, averiguando se essa tradução consegue estabelecer e manter os
mesmos efeitos de sentido em língua portuguesa. O córpus é constituído por fragmentos extraídos dos
primeiros episódios da primeira e da quinta temporada da série, transmitidos pelo canal Warner e
também disponíveis em DVD e na internet. O arcabouço teórico está ancorado em conceitos da
Análise da Conversação expostos por Chafe (1982), Fraser (1988, 1994), Preti (2003), Galembeck
(1999), Galembeck e Carvalho (1997), Marcuschi (1989, 2001, 2006), Fávero, Andrade e Aquino
(2007) e Hilgert (2011), em relação de interface com conceitos oriundos dos Estudos da Tradução,
salientados por Arrojo (2007), Dell’Isola (2006) e Paes (1990). Vale ressaltar que os marcadores
discursivos desempenham um papel relevante na manutenção da interação verbal, contribuindo para o
monitoramento da conversação e para a organização do texto falado. Reconhecer os marcadores
discursivos como elementos essenciais no processo de significação da atividade linguística implica
reconhecer a dimensão interacional da linguagem.

Palavras-chave: Tradução; Legendas; Marcadores discursivos.

ASPECTOS FUNCIONAIS DA ESTRATÉGIA DE REPETIÇÃO EM AULAS


DE ENSINO SUPERIOR

Monique Bisconsim Ganasin (USP)


monique_ganasin@hotmail.com
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo investigar a funções exercidas pela estratégia de repetição em aulas
de ensino superior, ou seja, uma manifestação da modalidade oral da língua. A concepção de língua
falada, que embasa este trabalho, considera que fala e escrita não são modalidades estanques, ou seja,
organizam-se dentro de um contínuo tipológico, embora existam características específicas da fala, as
quais podem ser expressas no texto em forma de hesitações, truncamentos, falsos começos, correções,
repetições, entre outros. O corpus analisado é constituído por elocuções formais (cinco aulas de ensino
superior) pertencentes ao Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná).
As aulas são transcritas de acordo com as normas estabelecidas pelo Projeto Norma Urbana Culta
(NURC) e segmentadas em unidades de entonação. A análise quantitativa do corpus das construções
de repetição (integral ou com variação) demonstrou que suas funções mais frequentes são amálgamas
sintáticos, intensificação, rema – tema e condução e manutenção do tópico. Por meio deste trabalho,
espera-se colaborar com outras pesquisas que envolvam as estratégias de formulação do texto falado,
principalmente a repetição.

Palavras-chave: Elocução formal; Funções; Repetição.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 87


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

MUDANÇA DE TÓPICO NO DISCURSO POLÍTICO: UM MECANISMO DE FUGA

Gabriela Viviana Barrueco Valenzuela (UFMS)


gab.bar@hotmail.com
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a organização tópica como ferramenta de preservação da face
empregada pelo então deputado federal Jair Messias Bolsonaro em uma interação verbal. Buscamos
apontar os mecanismos linguísticos de que se vale para esquivar-se de perguntas que ameaçam sua
face. Para tanto, utilizamos como corpus o debate de Bolsonaro com o historiador Marco Antonio
Villa exibido no programa Jornal da Manhã da rádio Jovem Pan News em 2018, e o aporte teórico teve
como base os princípios da Análise da Conversação. Observamos a interação entre os participantes
deste debate conforme o tópico conversacional por meio de falas simultâneas e sobreposição de vozes,
tendo como princípio as sequências pergunta-resposta, perguntas retóricas e acusação-defesa-
justificativa. Sustenta-se que a organização sequencial da conversa é de suma importância para a
análise das ações da interação em contextos reais e, de acordo com os resultados, esses artifícios foram
usados repetidamente por Bolsonaro, quando questionado, para evadir-se de assuntos dos quais
aparentemente desconhece.

Palavras-chave: Discurso político; Tópico discursivo; Preservação da face.

O TRABALHO DE FACE NO TRIBUNAL DO JÚRI

Vanessa Hagemeyer Burgo (UFMS)


vanessahburgo@hotmail.com
Fernanda Camargo Aquino (UFMS)
fernanda.aquino@ifms.edu.br

RESUMO
Este trabalho visa a analisar o trabalho de face no Tribunal do Júri, assinalando, dessa forma, as
estratégias empregadas pelo promotor de justiça e pelo defensor público para a construção de imagens
destinadas à persuasão dos interlocutores. O presente trabalho está ancorado nos conceitos teóricos da
Análise da Conversação em relação de interface com a Linguística Forense. A pesquisa está
fundamentada, especialmente, nas perspectivas analíticas de trabalhos de Goffman (1967), Brown e
Levinson (1987), Marcuschi (2003), Koch (2009), Kerbrat-Orecchioni (2006), Coulthard e Johnson
(2010), Galembeck (1999) e Coulthard (2007). Para a constituição do corpus, utilizamos gravações de
audiências nas sessões do plenário do Tribunal do Júri na comarca de Três Lagoas, interior de Mato
Grosso do Sul, transcritas conforme Preti (2003). Observamos a ocorrência de estratégias de polidez
empregadas tanto pelo promotor de justiça quanto pelo defensor público, na fase de debates orais,
desempenhando a função, em sua maior parte, de arranhar a face de seu parceiro de interação para
enfraquecer os argumentos oposicionistas.

Palavras-chave: Trabalho de Face; Estratégias de Polidez; Tribunal do Júri.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 88


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

OS PEDIDOS DE “OBJECTION” NOS TRIBUNAIS NORTE-AMERICANOS

Kálita Gomes de Oliveira (UFMS)


kalitagomesrn@outlook.com

RESUMO
Este trabalho a visa analisar os procedimentos de articulação usados por promotores em tribunais
realizados em língua inglesa, com foco nos pedidos de “objection” (protesto) na fase intitulada cross-
examination. O aporte teórico desta pesquisa está fundamentado nos princípios da Análise da
Conversação, que tem como base o estudo de interações reais, em relação de interface com a
Linguística Forense, cujo objetivo principal é buscar a relação entre os estudos da Linguagem e as
várias vertentes do Direito. A pesquisa está ancorada nos trabalhos de Marcuschi (2006), Caldas-
Coulthard (2008), Coulthard e Johnson (2010) e Coulthard (2015). Para a realização deste trabalho,
analisamos interações reais dentro de ambientes forenses e, para a constituição do corpus, utilizamos
gravações de tribunais disponibilizados na internet, principalmente no site Youtube e transcritas
conforme Preti (2003) para análise dos dados. A análise se dá a partir do pedido de
“Protesto/Objection” feito pelos promotores a fim de manter o tópico da acusação e evitar distrações
durante o depoimento do réu. Busca-se, portanto, verificar o uso de marcadores multifuncionais na fala
dos participantes, bem como se sustentada ou não pelo juiz, além das estratégias usadas para a
reformulação de perguntas.

Palavras-chave: Análise da Conversação; Linguística Forense; “objection”.

TURNO E SUA RELEVÂNCIA NA ANÁLISE DO GÊNERO TEXTUAL- INTERATIVO:


O DEPOIMENTO

André Luiz dos Santos (UFMS)


andre.santos@ifg.edu.br
Jorge Paulo José Souza (UFMS)
theloadedman@yahoo.com
RESUMO
Este estudo visa a analisar o turno- um dos conceitos basilares da Análise da Conversação, já que é por
meio da gestão dos turnos que muitos autores entre eles Marcushi (2003) determina se uma
conversação pode ser classificada como assimétrica ou não. Esse mesmo procedimento também é
empregado por alguns pesquisadores como Drew e Heritage (1992) e Dijk (2015) para assinalar que o
gênero textual- depoimento seria um exemplo de conversação institucional assimétrica. No entanto,
pretendemos discutir que somente a gestão/ gerenciamento dos turnos não é capaz de determinar no
caso específico do gênero textual em questão- os depoimentos em assimétricos ou não. O aporte
teórico da pesquisa tem embasamento nos princípios da Análise da Conversação em interface com a
Linguística Forense e o corpus é formado pelo depoimento prestado pelo ex- presidente Lula ao
delegado da Polícia Federal durante a 24º Fase da Operação Lavajato divulgado pela imprensa naquela
ocasião e disponível na integra no Youtube. De acordo com as observações, há a necessidade de se
observar a disputa de poder que ocorre não somente na distribuição, mas principalmente na cena
construída no interior de cada turno.

Palavras-chave: Análise da Conversação; turno; Linguística Forense.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 89


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 28: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO TEXTO: INTERFACE ENTRE A


LINGUÍSTICA TEXTUAL E AS DIFERENTES SEMÂNTICAS
Coordenadora: Isabel Cristina Cordeiro

A CONSTITUIÇÃO DA FÉ NO SACRIFÍCIO DE ISAAC

Amanda Massaro Moco (PG-UEL)


amandamassaro@hotmail.com
Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de Mello (UEL)
lcmigliozzi@gmail.com
RESUMO
A Semiótica discursiva tem como objeto de investigação a significação. Mais especificamente, sua
finalidade é explicar como os efeitos de sentido são produzidos nos textos, isto é, como os elementos
da superfície textual se organizam de modo a criar seus efeitos de sentidos. Uma das finalidades deste
trabalho é analisar a constituição da fé, assumida aqui como uma paixão na perspectiva da Semiótica
greimasiana. O relato é descrito em Gênesis 22 e mostra como Deus põe à prova a fé de Abraão,
quando pede que este dê seu filho Isaac em holocausto. A Semiótica inicia seus estudos sobre as
paixões na década de 1980 e a compreende como o “estado de alma” dos sujeitos. Pelo que consta, não
há trabalho sobre a fé em uma perspectiva semiótica. Assim, um dos objetivos deste trabalho é
conceituar a fé no âmbito semiótico, além de explicar a constituição discursiva desta paixão. Em outras
palavras, busca-se explicitar as modalidades e sobremodalidades que a constituem, seu aspecto
passional, a continuidade do contrato fiduciário entre os sujeitos Deus e Abraão etc. Em razão da
perseverança do sujeito Abraão, que é fiel e obediente a Deus, ele demonstra sua fé nas promessas do
Deus. Em consequência, Deus faz a ele a promessa de ser o pai de uma grande nação. Como se
percebe, é, assim, possível configurar a identidade do sujeito marcado pela fé em uma perspectiva
judaico-cristão, e isso constitui-se no segundo objetivo deste trabalho.

Palavras-chave: Semiótica; Gênesis 22; Fé.

A DÊIXIS E A METÁFORA CONCEPTUAL DA MORTE


EM GUIMARÃES ROSA: “A MENINA DE LÁ”

Susanah Yoshimi Watanabe Romero (PG- UEL)


susanah.yoshimi@hotmail.com
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar o conto “A menina de lá”, da coletânea Primeiras estórias, de
Guimarães Rosa (1962), considerando a metáfora conceptual “A VIDA É UMA VIAGEM”, por meio
do dêitico espacial e advérbio de lugar “lá”, e o modo como contribui para o discurso de Rosa. A
pesquisa justifica-se pelas peculiaridades de Guimarães Rosa, sendo que seu vocabulário conseguiu
atingir a dimensão metafísica e atemporal das realidades, buscando sempre a linguagem enquanto a
verdadeira matéria de seus textos, o que se evidenciou durante a elaboração deste trabalho, uma vez
que as lacunas deixadas pelas dêixis puderam ser preenchidas com essas inferências metafísicas e de
vida após a morte, motivando a presente pesquisa. Para isso, teve-se como fundamentação teórica que
permeia a Enunciação, a Linguística Textual e a Linguística Cognitiva, se sustentando em autores
como Benveniste (1976), Cançado (2008), Fiorin, (2001, 2002, 2003), Jakobson (1999) e Lakoff e
Johnson (2002).

Palavras-chave: Guimarães Rosa. Metáfora conceptual. Dêixis.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 90


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ETHOS E ARGUMENTAÇÃO NO GÊNERO “FRASES”

Esther Gomes de Oliveira (UEL)


ego@uel.br
Isabel Cristina Cordeiro (UEL)
isabel-cordeiro@uol.com.br
RESUMO
O objetivo desta comunicação é disseminar o projeto de pesquisa, alocado na UEL, intitulado
“Linguagem e cognição: a construção de sentidos no discurso”. Neste trabalho, destacaremos três
assuntos que têm, dentro dos estudos da linguagem, ocupado lugares relevantes, mesmo tendo (os três)
suas raízes, no século V a.C., com Aristóteles: o ethos, a argumentação e o gênero discursivo. Muitos
pesquisadores reforçam a importância da noção de ethos, no plano discursivo, e, apesar de
problematizá-lo em vários enquadres teóricos, os estudiosos consideram como pilar o objetivo
fundamental do ethos, ou seja, construir a imagem do orador/enunciador perante seu interlocutor. A
argumentação, no âmbito da Retórica Clássica, começou a ser estudada com o intuito de conquistar a
adesão do interlocutor por meio de procedimentos persuasivos e, até hoje, os estudos argumentativos
são responsáveis pelos recursos que constituem a base para a construção de um discurso convincente,
mas não constrangedor. Aristóteles também elaborou a primeira sistematização de gênero, dividindo-o
em três grupos: gênero judiciário, deliberativo e epidítico. Atualmente, as pesquisas voltadas para o
funcionamento do texto/discurso legitimam o ethos, a argumentação e o gênero discursivo como
fatores intrínsecos à linguagem e, nesta comunicação, mobilizaremos o entrelaçamento desses fatores a
partir de um arcabouço proveniente da Linguística Textual e da Semântica Argumentativa com o
propósito de salientar o posicionamento ideológico do enunciador.

Palavras-chave: ethos, argumentação, gênero frases.

INTERAÇÃO IDEOLÓGICA ENTRE PUBLICIDADE E GERONTOLOGIA:


SENTIDOS E CONTRASSENTIDOS

Roberta Maria Garcia Blasque (Colégio Maxi)


robertablasque@yahoo.com.br
RESUMO
A Gerontologia apresenta o idoso como um indivíduo ativo e bem-sucedido, caracterizado pela
aceitação de sua idade cronológica, sem desejos de retorno a fases anteriores do ciclo de vida. A
publicidade para idosos, especificamente os anúncios de cosméticos que prometem transformar a
aparência física, apresenta o rejuvenescimento como meta a ser perseguida e gera um discurso que não
aceita a velhice, negando-a. Diante desse contexto, identificamos ideologias contrastantes, mas que
dialogam com a Publicidade e a Gerontologia, possibilitando uma análise argumentativa e de
atribuição de significados situados na macrossintaxe do discurso. Assim, investigamos, em um anúncio
de cosmético rejuvenescedor, os sentidos/ditos e os contrassentidos/não ditos disseminados ao público
mais velho e, ao mesmo tempo, exploramos a construção argumentativa, os efeitos de sentido e os
valores lançados para elucidar as informações implícitas do texto publicitário. Esse cenário de
contrastes movimenta ideologias diferentes que interagem e se complementam, permitindo o
reconhecimento do contrassentido como um fenômeno semântico, fundamentado, de modo mais
amplo, na Teoria da Argumentação na Língua.

Palavras-chave: informações implícitas; envelhecimento; publicidade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 91


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

UMA RELAÇÃO INTERTEXTUAL:


MARCELA TEMER, A BRANCA DE NEVE DA ATUALIDADE

Elisângela Costa Consentino (PPGEL/UEL)


elisangela.conse@hotmail.com
Isabel Cristina Cordeiro (UEL)
isabel-cordeiro@uol.com.br

RESUMO
O presente trabalho visa analisar, por meio da intertextualidade, as marcas ideológicas, os valores
éticos, sociais e culturais deixados no leitor/receptor por intermédio das personagens femininas dos
contos de fadas infantis, intituladas como “princesas”, e como o poder influenciador da mídia pode
fazer uso desse recurso para persuadir a mente humana, modificando pensamentos, comportamentos e
até ações. Para isso, realizaremos uma breve abordagem dentro da Linguística Textual, por meio de
uma reflexão sobre os efeitos de sentidos provocados pela intertextualidade. Como corpus para a
análise, será utilizado o conto “Branca de Neve e os Sete Anões”, para que, assim, possam ser
identificadas algumas formas de persuasão sugeridas, por meio do discurso verbal e imagético, na
representação do papel feminino nesse conto de fadas. Em um segundo momento, analisaremos a
reportagem da revista Veja, na qual é apresentada a esposa do, na época, vice-presidente da República,
Michel Temer, como “Bela, Recatada e do Lar”, numa suposta intenção de apresentar uma “princesa”
da atualidade. Em suma, percebe-se o poder da intertextualidade como um elemento persuasivo na
reportagem, bem como os efeitos de sentido provocados por ela para influenciar o público-alvo.

Palavras-chave: Intertextualidade; Contos de fadas; Princesa; Revista Veja.

ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA DE DANIEL 6: 1-29

Amanda Massaro Moco (PG-UEL)


amandamassaro@hotmail.com
Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de Mello (UEL)
lcmigliozzi@gmail.com
RESUMO
O percurso histórico que dá origem à Semiótica greimasiana nasce na Linguística, engloba o
desenvolvimento da Semântica, perpassa a Semântica Estrutural e os desdobramentos desta nos
estudos linguísticos. A evolução do campo teórico-metodológico dos estudos da língua e da linguagem
incorpora desde a análise da palavra isolada até a ampliação do conceito de texto. Segundo Barros
(2007, p. 16), as renovações na linguística, ocorridas nas últimas décadas, acarretam alterações de
objetos analisados, bem como na “extensão de aplicação da teoria: da análise inicial de um certo tipo
de texto – verbal, de ‘ação’, figurativo e da ‘pequena literatura’ (folclore etc.) – passou-se a textos não-
verbais, sincréticos, figurativos ou temáticos, poéticos (de arte, em geral), científicos, canções etc.,
enfim, a qualquer tipo de texto”. A este atual parâmetro, soma-se o fato de que os textos bíblicos, ou
seja, textos em sua origem religiosos, têm sido cada vez mais abordados no âmbito linguístico-literário,
especialmente a partir dos estudos de Robert Alter. Assim, o presente trabalho propõe realizar a análise
semiótica da narrativa bíblica de Daniel 6: 1-29, de modo a ressaltar a sua linguagem e os seus efeitos
de sentido. A proposta prioriza a história do profeta Daniel dentro do Livro homônimo, as práticas
sociais da personagem e o sentimento que o guia, isto é, a sua fé, examinada pelo viés analítico da
Semiótica das paixões. Dada a compreensão do texto bíblico enquanto obra literária, desvinculada da
abordagem religiosa e/ou dogmática das Escrituras, o estudo privilegia a materialidade histórica e
linguística da narrativa bíblica. Neste sentido, considerando o polimorfismo existente no Livro de
Daniel e dentro de uma perspectiva comparativa, o trabalho coteja distintas traduções e versões
consagradas da Bíblia.

Palavras-chave: Semiótica; Daniel 6: 1-29; Fé.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 92


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

ARGUMENTAÇÃO, HIBRIDISMO
E SEUS EFEITOS NO GÊNERO PUBLICITÁRIO

Lolyane Cristina Guerreiro de Oliveira (UEL)


lolyane@sercomtel.com.br
Suzete Silva (UEL)
prosuze@gmail.com

RESUMO
A publicidade utiliza discursos variados que objetivam potencializar e racionalizar o consumo e, neste
universo, a persuasão é elemento essencial a ser analisado, porque é considerada a finalidade elementar
do gênero publicitário. Ela é construída na associação de recursos linguísticos e na exploração de
representações legitimadas pela sociedade. Lara (2007) afirma ser a publicidade um dos domínios em
que mais se verifica a presença de textos híbridos que, buscando criar efeitos de sentido de inovação,
surpresa, humor, transformam o anúncio publicitário em um outro gênero, recorrendo, sobretudo, à
alteração da forma, já que a função primeira (por exemplo, a de convencer o outro a consumir um dado
produto ou a utilizar um determinado serviço) tende a se manter – e ser reconhecida pelo enunciatário.
Desse modo, este trabalho busca, por meio da propaganda, identificar como as marcas intertextuais e
seus efeitos contribuíram para a argumentatividade do texto.

Palavras-chave: Persuasão; Hibridismo; Publicidade.

A METÁFORA CONCEPTUAL “ROUPA É PODER”: ANÁLISE DO USO DO TERMO


“GRAVATA” PARA DESIGNAR O ADVOGADO NO AMBIENTE PRISIONAL

Éder Wilton Gustavo Felix Calado (PG – UEL)


ederwilton@hotmail.com
Rodolfo Iglezia Palmieri (PG – UEL)
rodolfoiglezia@hotmail.com
RESUMO
O presente trabalho possui como objetivo analisar o uso de metáforas encontradas em texto de “pipos”
– produções textuais, “tipos” de bilhetes, feitas para circulação dentro da penitenciária que possibilitam
tanto a comunicação de detento para detento quanto de detento para algum funcionário do ambiente
prisional, desde que permitido. Para tanto, usou-se, como aporte teórico, a Linguística Cognitiva, mais
especificamente o conceito de metáfora conceptual abordado por tal teoria, com intuito de demonstrar
que as metáforas não fazem parte apenas de uma figura de linguagem estudada pelo campo da
literatura, mas que estão totalmente presentes no cotidiano de cada ser humano, já que a interação é
repleta de metáfora, mesmo que produzidas inconscientemente. Este trabalho analisa a metáfora
“gravata”, a qual é utilizada para se referir à pessoa do advogado. A análise mostra que seu uso vai
além de uma simples designação, pois é fruto do vocabulário utilizado dentro de condições específicas.

Palavras-chave: Cognição; “Pipos”; Metáfora Conceptual.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 93


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

PROCESSO CRIATIVO E ESTILÍSTICO EM “CARTAS DE


UM AMOR À MODA ANTIGA”

Angélica Regina Gonçalves Bertolazzi (PG-UEL)


Mariana Rodrigues Ferreira Fantinelli (PG-UEL)
profa.mariportugues@hotmail.com

RESUMO
Nosso objetivo é apresentar o processo criativo do Procurador do Estado de São Paulo, José Alves
Motta, na escritura das cartas destinadas à professora de escola pública, Edith Alves Motta, durante o
período: namoro, noivado, casamento e nascimento dos filhos. As epístolas foram organizadas e
publicadas pelos netos Rodrigo Guimarães Motta Filho e Marcello Martins Motta Neto, no livro
intitulado “Cartas de um amor à moda antiga” (2008). Com base no aporte teórico da crítica genética
(PANICHI, 2003, 2016; SALLES, 1998, 2000) e da estilística (MARTINS, 2000; PANICHI, 1983),
percebemos que os manuscritos epistolares oportunizam a reconstrução da história de um homem
maduro, apaixonado, cortês e estabelecido profissionalmente na carreira jurídica, em uma época em
que as cartas eram enviadas por meio de “meninos de recados”. Verificamos que a construção lexical
que permeia as cartas escritas nos anos de 1936 e 1937 atentam para as marcas ortográficas, escolhas
lexicais, contexto social, histórico e cultural presentes nos documentos de processo.

Palavras-chave: Crítica genética; Estilística; Epistolografia.

DE "QUAL O RUMO?" À "CONFUSÃO NA LARGADA":


A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO ATRAVÉS DE IMAGENS

Michele Borges Chaves de Oliveira (PG-UEL)


michele.bco@gmail.com
RESUMO
Em 16 de janeiro de 2019, a revista Veja publicou sua edição 2617, em cuja capa apresentava uma
fotografia do então recém-empossado presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, sob a manchete:
"Confusão na largada". A fotografia, publicada em preto e branco, mostra o presidente focalizado de
costas, olhando para o lado esquerdo, com cada pé voltado para lados opostos em relação ao outro,
além de um olhar distante. O conjunto composto por texto e imagem denota tom de crítica ao
conturbado início do novo governo; no entanto, além disso, nem todos têm conhecimento de que a
imagem em questão é uma releitura de uma fotografia de outro presidente brasileiro: Jânio Quadros,
registrada pelo fotógrafo Erno Schneider em 1961. Sendo assim, o presente trabalho visa a analisar, à
luz da Linguística Textual e da Análise do Discurso, as possíveis relações estabelecidas entre as duas
imagens, enquanto textos não verbais, bem como discutir de que maneira as condições de produção
que circundam a construção do sentido da imagem original podem influenciar o leitor na construção do
sentido da segunda imagem, por ser publicada por um veículo de comunicação de alcance nacional, e
levando em conta o momento sócio-histórico vivenciado pela sociedade brasileira.

Palavras-chave: texto não verbal, intertextualidade, interdiscursividade.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 94


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 29: DISCURSO DA MÍDIA: SENTIDOS E RESISTÊNCIA


Coordenadoras: Esther Gomes de Oliveira e Rosemeri Passos Baltazar Machado

AS VOZES DISCURSIVAS E A RECONTEXTUALIZAÇÃO

Edina Panichi (UEL)


edinapanichi@sercomtel.com.br
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar como o memorialista Pedro Nava incorpora textos de
outrem às suas reminiscências, comprovando que sob um texto ou um discurso, vamos encontrar outro
texto ou outro discurso. O conhecimento dos contextos de produção e de veiculação das mensagens é
fundamental para o alcance de sua compreensão. Um texto só tem sentido dentro de um contexto,
localizado em um tempo e espaço que lhe atribuam tal sentido, havendo a necessidade de que haja
conhecimentos partilhados entre o produtor e o receptor das mensagens. O autor cria e recria
significados por meio das relações que estabelece com os textos, contextos e, principalmente, com o
outro. Ao analisarmos a obra do memorialista, podemos perceber a retomada de asserções de outros
autores, ou seja, identificamos fragmentos já conhecidos num diálogo intertextual entre a sua escrita e
fragmentos de textos diversos. Em alguns casos, a relação intertextual é contratual, ou seja, não
constrói um sentido oposto ao do texto citado. Noutros, ao contrário, a intertextualidade se dá de forma
polêmica, redirecionando o sentido do texto original. Não obstante, não se pode perder de vista que tais
produções nunca serão completas e fiéis, uma vez que haverá sempre uma recontextualização do texto
citado, além de uma adaptação às intenções comunicativas de quem as emprega.

Palavras-chave: Discurso; Recontextualização; Pedro.

OPERADORES ARGUMENTATIVOS E MARCADORES DISCURSIVOS DE UMA


DECISÃO JUDICIAL ENVOLVENDO CRIMES DE (COM A) LINGUAGEM

Roberto Lima Santos (PG-UEL)


limasantosr@gmail.com
Edina Panichi (UEL)
edinapanichi@sercomtel.com.br

RESUMO
O artigo examina os discursos, orais e escritos, de atores sociais da seara jurídica num contexto
relacionado a crimes de linguagem contra a honra. O caso refere-se a uma queixa-crime ajuizada por
um advogado em face de uma servidora pública federal, atribuindo-lhe a prática dos crimes de calúnia,
difamação e injúria. O corpus é constituído de transcrição da discussão travada entre advogado e
servidora pública e de excertos da decisão judicial que rejeitou a queixa-crime. O objetivo é analisar a
argumentação e as marcas textual-discursivas, notadamente os operadores argumentativos e
marcadores discursivos, identificando as estratégias linguísticas do julgador na decisão judicial. Os
fundamentos teóricos adotados são os da Semântica Argumentativa, a qual propõe que a
argumentatividade insere-se na própria língua, e da Análise da Conversação, a qual entende que a
linguagem oral, embora informal e fragmentada, dispõe de estratégias acionadas pelos falantes,
assegurando um processamento informativo pleno para a comunicação. Pretende-se evidenciar a
manifestação da subjetividade tanto dos interlocutores no texto falado, quanto do julgador no texto
escrito (decisão judicial), a despeito da linguagem jurídica ser considerada informativa.

Palavras-Chave: Operadores argumentativos; Marcadores discursivos; Decisão judicial.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 95


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

RESISTÊNCIA FEMININA ALÉM DO HUMOR: UMA ANÁLISE


DISCURSIVO-ARGUMENTATIVA

Ana Carolina Bernardino (PG - UEL)


a.carolina.bernardino@gmail.com
Talita Canônico e Silva (PG - UEL)
talita.canonico@gmail.com
RESUMO
Diante dos expressivos momentos e embates históricos nos quais a mulher foi e tem sido representada,
torna-se relevante o trabalho de análise do tratamento da mídia quanto à resistência feminina. Este
artigo busca evidenciar a diversidade e a desigualdade social que exclui/inclui o sujeito mulher na/pela
história, em especial, a posição sujeito mulher, pois, em cada discurso há vozes que falam a respeito da
mulher, a partir de formações discursivas e ideológicas que, representadas na/pela linguagem,
possibilitam a apreensão de sentidos capazes de refletirem posições sociais, resistências,
transformações e representação de valores. Com base nas perspectivas teóricas da Análise do Discurso
(de linha francesa) e da Semântica Argumentativa, buscamos apreender os processos de construção dos
efeitos de sentidos, considerando, principalmente, os atravessamentos ideológicos e os possíveis
efeitos de sentido emitidos/captados pelos recursos argumentativos presentes em três tirinhas retiradas
da internet. Por meio desse gênero discursivo, pertencente ao campo do humor, é possível observar os
discursos de resistência da mulher na sociedade moderna. O principal objetivo dessa pesquisa é
compreender o funcionamento discursivo na produção dos múltiplos efeitos de sentidos, identificando
aspectos linguísticos e ideológicos que fazem parte desses discursos. Compreendemos, com o discurso
de resistência, as alternativas existentes para desenvolver, questionar e refletir novos sentidos.

Palavras-chave: Discurso; Argumentação; Resistência feminina.

ANÁLISE DO DISCURSO SOCIOPOLÍTICO EM MEMES: REFLEXÃO E USO


NA PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO MÉDIO

Beatriz Micheletti Tavares (UEL)


bmt.micheletti@outlook.com
João Pedro Buzinello Michelato (UEL)
joaopedrobm512@gmail.com
RESUMO
Considerando a intensidade das relações interpessoais mediadas pelo ciberespaço, os memes se
consolidam cada vez mais como meios de comunicação simultaneamente geradores de efeito de humor
e de crítica sociopolítica, tornando-se instrumentos de expressão, opinião e questionamento. Baseando-
se na obra Análise de Discurso, de Eni P. Orlandi, esta comunicação visa a abordar como e onde os
memes, diante de sua linguagem multissemiótica e hipermidiática, conseguem se manifestar e serem
utilizados para a comunicação em contextos sociopolíticos, como alcançam o caráter dicotômico pelas
distintas e variadas relações de causa e efeito e, por conseguinte, como se tornam viáveis para ocupar
os papeis de textos motivadores para produções textuais. Relacionando estudos e conceitos
encontrados na área da Análise do Discurso e em outras obras variadas quanto à formação da
(des)virtualização da comunicação e à ascensão de discussões de memes, faz-se uma abordagem ligada
à condição do jovem estudante do Ensino Médio, a fim de que ele adquira e desenvolva competências
modernizadas, além de críticas e reflexões, para a elaboração de textos, exercendo,
concomitantemente, os deveres satisfatórios de aluno e de cidadão em pleno século XXI.

Palavras-chave: linguagem multissemiótica; hipermidiática; memes.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 96


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

O DISCURSO DO ‘CIDADÃO DE BEM’ E O RACISMO:


ANÁLISE DE UM MEME À LUZ DA ANÁLISE DE DISCURSO

Evelyn de Souza Mayer (PG - UEL)


evelynsouzamayer@gmail.com
Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL)
rosemeri@sercomtel.com.br

RESUMO
O artigo apresenta a análise de um meme no Twitter, sob a ótica da Análise de Discurso (de linha
francesa), a partir da averiguação das condições de produção (CPs), das formações discursivas (FDs) e
da formação ideológica (FI), e da observação de como tais discursos, considerando o aspecto sócio-
histórico, são construídos, em especial, acerca do racismo e da definição do que seja compreendido, na
internet, como ‘cidadão de bem’. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico, por
meio de um levantamento teórico acompanhado de análise de corpus. A seleção do corpus ocorreu a
partir da realidade política representada por meio dessa ferramenta social conhecida como “meme”
(termo grego que significa imitação) e utilizada para ‘viralizar’ informações, sátiras, posicionamentos.
Ao final da análise, observou-se que a ideologia conservadora e seu discurso estão presentes, também,
no meme considerado ‘de esquerda’, mostrando a inexistência do que se pode chamar de ‘neutralidade
ideológica’. Questões ligadas ao racismo, papéis de gênero, classes dominantes e dominadas, entre
outros, foram percebidos. Todas as reflexões levantadas ao longo do trabalho não fomentaram
interesse em ajuizar valores aos variados discursos propagados nas redes, mas animaram o debate a
respeito dos revisionismos histórico e discursivo, sobre a persuasão discursiva e como a visão política
atual está atrelada à tecnologia e ao conservadorismo por meio das mídias sociais.

Palavras-chave: Racismo; Formação discursiva; Formação ideológica.

IMPLICAÇÃO DAS NOTÍCIAS FALSAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ETHOS DE


DEMÉRITO PARA AS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

Julia Caroline Goulart Blank (Universidade de Passo Fundo/Instituto Federal do Rio Grande do Sul)
julia_blank92@yahoo.com.br

RESUMO
O objetivo desse trabalho é analisar a multiplicação de notícias falsas em meios online e quais são as
suas implicações na construção de uma imagem de si que resulta no ethos de demérito das
universidades brasileiras, especialmente as públicas. O corpus de análise é composto por duas notícias
falsas que circularam no facebook, uma foi obtida em um perfil pessoal e outra em uma página, entre
outubro de 2018 e junho de 2019, ambas foram retiradas do ar pela rede social, em vista da falsidade
de seu conteúdo. As imagens mostram cenas de pessoas nuas e o texto das publicações indica que
foram capturadas em universidade públicas brasileiras. As análises foram feitas por meio da teoria
semiolinguística proposta por Charaudeau (2016) e demonstram que o EUc busca encenar, em seu
discurso, um universo de imagens e palavras que associem a nudez às universidades de forma
pejorativa e degradante. Para tal propósito, utiliza-se da ironia associada às imagens de indivíduos
despidos, as quais, na verdade, não foram capturadas em universidades. Assim, o EUc projeta um TUd
que considere essa encenação com asco e adira ao seu contrato de comunicação, sendo-lhe fiador de
tais informações, no facebook, essa adesão se dá por meio do compartilhamento da postagem, sendo
que as duas publicações juntas somam mais de 184 mil compartilhamentos.

Palavras-chave: Semiolinguística; Ethos; Notícias Falsas.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 97


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A REPRESENTAÇÃO DO ETHOS EM PROPAGANDAS DE CERVEJA

Éder Wilton Gustavo Felix Calado (PG – UEL)


ederwilton@hotmail.com
Rodolfo Iglezia Palmieri (PG – UEL)
rodolfoiglezia@hotmail.com

RESUMO
Tendo como aporte teórico a Análise do Discurso (de orientação francesa), este trabalho aborda os
conceitos, inicialmente, de Formação Ideológica (FI) e Formação Discursiva (FD), pois, de acordo
com Pêcheux (2008), são os responsáveis pelos conhecimentos adquiridos/assimilados por todo
sujeito, uma vez que ele, e também os sentidos, são constituídos sócio-historicamente e atravessados
por diversas vozes (interdiscursos). A partir desses dois conceitos, será abordada a questão do ethos,
segundo a definição de Maingueneau (2000), para, então, ser apresentada a análise de três propagandas
de cerveja, envolvendo possíveis influências em seus receptores, considerando as Condições de
Produção nas quais foram produzidas, pois o atravessamento discursivo ocasiona a produção do
discurso de determinada forma e as vozes que constituem o sujeito o fazem se adequar à posição que
deverá assumir. Para tanto, este trabalho tem por objetivo estabelecer como a posição discursiva do
sujeito mantém relação direta com a imagem transparecida por ele, mesmo que imaginária (AMOSSY,
2014), ressaltando que o enunciatário percebe a imagem do locutor como ele a demonstra, nem sempre
sendo de caráter verdadeiro.

Palavras-chave: Formação Ideológica; Formação Discursiva; Ethos.

FORMAÇÕES DISCURSIVAS E COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL NA


MATERIALIZAÇÃO DOS DISCURSOS ORGANIZACIONAIS

Marlene Ferreira Royer (PG – UEL)


marlene@royer.com.br
Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL)
rosemeri@sercomtel.com.br

RESUMO
Este estudo abrange as interfaces das áreas de Comunicação Organizacional e de Estudos da
Linguagem e busca identificar as formações discursivas do ambiente da indústria, as quais podem ser
reveladas, principalmente, por meio de práticas ligadas à comunicação institucional. Essas práticas
incluem enunciações (verbais e/ou visuais) responsáveis tanto pela forma como pelas relações das
organizações com a sociedade. A pesquisa estuda as condições de produção dos processos de formação
discursiva, os aspectos ideológicos e interativo-discursivos presentes na linguagem dos materiais
institucionais do Sesi – Serviço Social da Indústria/CNI – Confederação Nacional da Indústria, os
quais incluem os textos verbais e imagéticos da Revista Sesinho. O percurso metodológico tem base no
aporte teórico da Análise do Discurso (de orientação francesa), o qual permite um estado de reflexão e
o estabelecimento de relações sobre a linguagem, o sujeito, os sentidos, a história e a ideologia. A
partir da noção de formação discursiva, juntamente com a de condições de produção e de formação
ideológica, esse estudo busca analisar os possíveis efeitos de sentido do ambiente organizacional e
apresentar uma proposta de análise no que diz respeito aos discursos organizacionais.

Palavras-chave: Formação Discursiva; Discurso organizacional; Comunicação Organizacional.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 98


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

A MULHER NIPO-BRASILEIRA NA/PELA MÍDIA DIGITAL

Mayara Yukari Kato (PG - UEL)


mayara.yk@gmail.com

RESUMO
Por meio desta pesquisa, cuja filiação teórica é a Análise do Discurso francesa, pretendemos trazer à
luz do conhecimento científico a voz da mulher nipo-brasileira em relação à sua representação na
mídia digital do Brasil, uma vez que o silêncio faz-se presente quanto à configuração dessa mulher, no
meio social e, consequentemente, em termos discursivos. Esse silêncio também significa e pode ser
verificado e validado por meio de mecanismos e processos que serão analisados na tese mediante os
estudos de Orlandi (2007; 2017), no que se refere a esse tema, e teóricos como Pêcheux (1990) e
Maingueneau (1997), em relação ao funcionamento discursivo. Outro objetivo é esclarecer o
entrelaçamento entre mídia, poder e ideologia, e compreender de que forma essa tríade fornece as
bases para o silenciamento da mulher oriental, sobretudo as nipônicas, nesse espaço. Entretanto,
sabemos que o papel da AD não é propriamente discutir ou problematizar o que se diz sob
determinadas condições de produção, portanto focaremos no modo como o silenciamento surge e
opera nos discursos que cercam esse sujeito, porém não deixaremos de abordar os possíveis efeitos de
sentido decorrentes do processo de silenciamento dos discursos que serão analisados no corpus,
composto por quatro reportagens online.

Palavras-chave: mídia digital; mulher nipo-brasileira; silêncio.

O DISCURSO BÍBLICO SOB O OLHAR DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: A


RESISTÊNCIA DA “MULHER CANANEIA”

Luana Cimatti Zago (PG - UEL)


luanazago@bol.com.br

RESUMO
Este estudo propõe o uso dos pressupostos teóricos da Análise Crítica do Discurso (doravante ACD)
para a análise do discurso bíblico. O corpus analítico é o evangelho de Mateus, capítulo quinze. As
discussões teórico-analíticas são feitas à luz dos dados extraídos dos versículos vinte e um a vinte e
oito. Trata-se de uma narrativa cujo foco recai sobre um suposto diálogo travado entre Jesus e uma
mulher grega. Para levar a cabo a análise dos efeitos de sentidos gerados da interação supostamente
estabelecida entre os sujeitos participantes da cena enunciativa em foco, numa perspectiva
multidisciplinar, lançamos mão de alguns preceitos da Pragmática da Interlocução de Austin (1990) e
da Análise Crítica do Discurso. O método de análise, aqui adotado, segue os preceitos postulados por
Fairclough (2001). O enquadre teórico-metodológico desse estudioso, cujas bases se encontram na
Teoria Social do Discurso, permite possíveis diálogos com uma abordagem linguística de natureza
pragmática. O fio condutor dos estudos discursivos para Fairclough e seguidores é o de que a ACD
fornece uma teoria e um método de análise do discurso que envolve relações, estados de coisa, visões
de mundo, realidades que se nos apresentam imbricadas nas práticas discursivas e nas práticas sociais,
princípio que também norteia esse estudo.

Palavras-chave: Discurso bíblico; Prática discursiva; Prática social.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 99


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 30: AS PRÁTICAS DISCURSIVAS COMO FORMA DE RESISTÊNCIA:


MECANISMOS EM (DIS)CURSO
Coordenadoras: Marcieli Cristina Coelho e Maraisa Daiana da Silva

A DOCILIZAÇÃO DOS CORPOS-MULHERES EM CÁRCERE

Marcieli Cristina Coelho (UEM)


marcielicoelho@yahoo.com.br
Talita Carla da Silva de Oliveira (UEM)
talita123y@gmail.com

RESUMO
A partir de 2006, ano em que é aprovado a Lei 11.343, Lei antidrogas, há um crescimento em relação à
população carcerária, principalmente a feminina. Sendo assim, regido por uma biopolítica, para que
haja um maior controle e gerenciamento desses corpos-mulheres em cárcere, há o funcionamento do
dispositivo da autoestima para que haja uma docilização desses corpos, que atua em uma dupla
função: além de fazer (re)viver o verdadeiro de uma época sobre o que e como é ser mulher, faz
funcionar ainda, como por exemplo, por meio do Miss priosional, um mecanismo para manter a
segurança prisional e, portanto, social. Sendo assim, este trabalho propõe analisar como a prisão,
enquanto um espaço heterotópico desviante, (re)produz um corpo com uma regularidade enunciativa
que promove o verdadeiro de uma época: a docilização e a feminização dos corpos-mulheres em
cárcere. A metodologia fundamenta-se na abordagem qualitativa à luz da Análise do discurso
foucaultina, assim, as imagens em discurso usadas neste trabalho, possibilitam regimes de olhar
enquanto processo de interpretação da objetivação do corpo feminino.

Palavras-chave: Discurso; Cárcere; Mulher.

A FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA NA MÍDIA

Maraisa Daiana da Silva (UEM)


maraisa.d.silva@gmail.com

Resumo
Este trabalho, vinculado ao Grupo de Estudo em Análise do Discurso da UEM (GEDUEM), segue as
bases da Análise do Discurso Foucaultiana, em diálogo com as teorias da imagem, e traz a tona a
emergência do discurso da inclusão de imigrantes e refugiados, o qual requer pensar como estes estão
sendo ressignificados nos discursos midiáticos, para isso, questiona-se como a imagem iconográfica se
torna objeto de debate político e confronto social. Assim, objetiva-se, neste estudo, compreender o
modo como a verdade e a memória permeiam a imagem iconográfica, criando enunciados que as
atravessam, mais especificamente, nas imagens que circulam na mídia, as quais despertam no
espectador o sentimento de dor ou a ausência desse. Para tanto nos reportamos as discussões de Michel
Foucault sobre memória, acontecimento discursivo e verdade, por considerarmos que, isolada de seu
contexto, a imagem diz muito pouco sobre a história e a memória, são frágeis, inexatas e confusas, não
sendo suficientes para desvendar os enunciados que as permeiam, considerando que, para Foucault, um
enunciado “é sempre um acontecimento que nem a língua nem o sentido podem esgotar inteiramente”.
[De um lado] “está ligado a um gesto de escrita ou à articulação de uma palavra, mas, por outro lado,
abre para si uma existência remanescente no campo de uma memória” (FOUCAULT, 2002, p. 32).

Palavras-chave: Memória; mídia; fotografia.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 100


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

AS POSIÇÕES DE SUJEITO “PADRE ABUSADOR” “VÍTIMA DE ABUSO SEXUAL” EM


DISCURSOS MIDIÁTICOS

Izabelle Diniz da Silva (UEM)


bellediniz11@gmail.com
Daniela Polla (UEM)
danielapolla2@gmail.com

Resumo
A Igreja Católica é uma instituição que, historicamente, exerce certas relações de poder na sociedade,
seja no modo de pensar ou agir. Nestas condições de possibilidade, ela tem fabricado discursivamente
uma imagem de uma instituição confiável, que zela pelo bem-estar das pessoas. Entretanto, igualmente
circulam discursos a respeito de uma crise de abusos sexuais evolvendo alguns membros do clero. Os
casos que aparecem na mídia são atuais e antigos e concorrem para isso determinados veículos
midiáticos que funcionam como estruturas de poder para noticiar e, também, espetacularizar os
diversos episódios de abuso, porque eles conseguem dar voz às vítimas e aos abusadores. Nesse
sentido, acaba por surgir um determinado contexto em que a violência sexual está inserida, fazendo
necessário demarcar os tipos de sujeitos que o discurso midiático constrói nesse tipo de acontecimento,
considerando as posições sujeito de “padre abusador” e de “vítima de abuso sexual”. Partindo da linha
de pensamento da análise de discurso francesa, especificamente do filosofo Michel Foucault, este
trabalho teve como objetivo analisar o discurso jornalístico referente à temática sobre violência sexual
contra crianças e adolescentes envolvendo membros da igreja católica, a fim de perceber as
objetivações produzidas sobre o sujeito abusador e sobre os sujeitos vítimas dessa prática.

Palavras-chave: Igreja Católica; sujeito; Foucault.

BIXA PRETA: O DISCURSO DA/NA MÚSICA COMO PRÁTICA DE PODER E


RESISTÊNCIA

Cássio Henrique Ceniz (UEM)


cassioceniz@gmail.com

RESUMO
O poder é uma prática social que, na concepção desenvolvida por Michel Foucault, não pode ser
considerado como universal. Na medida em que é exercido também encontramos condições de
possibilidade para verificarmos a existência de movimentos de resistência. Por se tratarem de gestos
construídos historicamente é cada vez mais necessário buscarmos compreender como essas relações se
efetivam. Para tanto, os discursos produzidos e colocados em circulação na sociedade são tomados
como materialidades de descrição e análise. Nessa esteira, considerando as pesquisas na perspectiva
discursiva da linguagem e os postulados do filósofo francês, é objetivo deste trabalho refletir sobre o
modo como músicas de artistas do universo LGBTQI+ tem permitido o exercício de poder e
resistência. A música “Bixa Preta”, da MC Linn da Quebrada, que se descreve como artista multimídia
e bixa travesty em seu site oficial, se torna o corpus da discussão que permite visualizar a inscrição do
LGBTQI+ no espaço musical, da arte e do entretenimento, porém de uma forma engajada e com um
sujeito que foge ao que é concebido como padrão na lógica de uma sociedade que coloca em destaque
os traços da heteronormatividade.

Palavras-chave: Discurso; Resistência; Linn da Quebrada.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 101


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

DISCURSO E GOVERNO DO SUJEITO IDOSO NA WEB

Pedro Navarro (UEM)


navarro.pl@gmail.com

RESUMO
As discussões a serem feitas neste simpósio parte da tese de que o “envelhecimento da população”,
como um acontecimento de ordem social, econômica, política e cultural, permite que se realize, em
termos de análise discursiva, um trabalho de “acontecimentalização” (FOUCAULT, 2006) que
implica, por exemplo, tomar como objeto de descrição diferentes enunciados cujo “princípio de
diferenciação” (FOUCAULT, 1972) é a relação entre o idoso e as chamadas “novas tecnologias”. Esse
tipo de pesquisa demanda a constituição de séries enunciativas e a descrição das relações que elas
estabelecem entre si, o que pode dar visibilidade às regras de formação de um discurso que é
atravessado por processos de governamentalidade da população idosa na contemporaneidade. Tendo
em vista que a finalidade não é encontrar as origens de uma identidade, mas abordar o conjunto de
enunciados efetivamente ditos ou escritos, em sua dispersão de acontecimentos, tal análise possibilita
compreender as práticas discursivas de subjetivação na estreiteza e na singularidade de seu
acontecimento no espaço discursivo da web. Em linhas gerais, essa é a proposta apresentada, a qual
está norteada por duas questões: (1) como se efetua o governo do idoso na web?; (2) de que
instrumentos teórico-metodológicos se dispõe para a análise desse acontecimento? Para estas reflexões
foram selecionadas algumas sequências enunciativas (SE) do blog “Terceira Idade na Internet” de
dos sites “Site da Terceira Idade” e “Coisa de Velho”, todos voltados à terceira idade. Esse recorte visa
descrever o modo como o dispositivo de poder-saber, que conjuga “novas tecnologias” com
“webvisilidade”, institui uma posição sujeito, que se define como “novo idoso navegador”.

Palavras-chave: discurso; sujeito idoso; web.

LGBT E A HETERONORMATIVIDADE: MANIFESTAÇÕES DE PODER E RESISTÊNCIA


NAS MÚSICAS DE LINN DA QUEBRADA

João Vitor Xavier dos Santos (UEM)


joao_jvxs@live.com
Adélli Bortolon Bazza (UEM)
adellibazza@hotmail.com

RESUMO
Na última década, observou-se um aumento das discussões sobre gênero, bem como da visibilidade de
sujeitos pertencentes à comunidade LGBTQ+. Além de se diferenciar da comunidade externa a ela, a
dita heterossexual, a própria sigla demonstra que internamente há vários grupos e, portanto, várias
subjetividades e conflitos. Desse modo, buscamos investigar o jogo de forças estabelecido
internamente à comunidade LGBTQ+ e a sua consequente relação com a circulação/validação de
subjetividades. No esteio de uma análise discursiva que mobiliza noções foucaultianas, são
mobilizados neste trabalho conceitos como subjetividade, poder e resistência. A série enunciativa
mobilizada é composta por músicas da cantora Linn da Quebrada, em seu álbum ‘Pajubá’, lançado em
2017, o qual contem músicas como: ‘Bixa Travesti’, ‘Enviadescer’, ‘Necomancia’, ‘Submissa do 7°
dia’, entre outras. As análises indicaram que o discurso construído nas músicas estabelece uma
resistência ao padrão do gay com perfil masculinizado, o macho, em prol da valorização da
subjetividade do gay feminino, a bicha.

Palavras-chave: Comunidade LGBTQ+; Heteronormatividade; Resistência.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 102


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

MODOS DE EXISTIR E RESISTIR DO POLICIAL MILITAR, ENQUANTO SUJEITO DO/NO


ACONTECIMENTO “GREVE DA PMMG DE 1997”: A GOVERNAMENTALIDADE DOS
CORPOS

Dieny Graciely Souto de Souza Melo (UEM)


profadieny@gmail.com
RESUMO
A Segurança Pública do estado de Minas Gerais teve uma ruptura nas práticas regulamentadas para seus
agentes, no ano de 1997: a greve da Polícia Militar mineira. Deste acontecimento, elenca-se, para esse
estudo, a imagem de um policial militar alvejado com um tiro que o levara a óbito. Esse fato, nos domínios
de sua emergência e (co)existência, constitui saberes que contrariam conceitos de verdade a respeito do que
a própria polícia militar representa enquanto dispositivo de poder. Em contrapartida, num cenário
contemporâneo, greves e manifestações asseguradas, por discurso constitucional, para garantia dos direitos
fundamentais de todo trabalhador, têm sido eventos constantes. Contudo, o que se diferencia destes
movimentos grevistas para o ocorrido em 1997 é singular e complexo pelo que se enuncia na Constituição
Federal (1988): à Polícia Militar é expressamente proibido o ato de fazer greve. Partindo desse contexto,
sob os fundamentos dos estudos discursivos foucaultianos e a partir dos pressupostos teóricos necessários
para empreender uma leitura imagética discursiva, busca-se compreender as relações de poder que ditam a
governamentalidade (biopolítica) dos corpos, refletindo, assim, nos modos de existir e resistir dos policiais
militares envolvidos no acontecimento “Greve da PMMG de 1997”.

Palavras-chave: Greve; Polícia Militar; Imagem e(m) discurso.

SABERES NORMATIVOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA: ENGAJAMENTO SOCIOPOLÍTICO E


PRODUÇÃO DE CORPOS DÓCEIS

João Paulo Marques (UEM)


a.marques.jp@gmail.com
Pedro Navarro (UEM)
navarro.pl@gmail.com
RESUMO
Ao analisar a subjetivação e a institucionalização dos corpos por meio de referenciais específicos do campo
dos Estudos Culturais Físicos (PCS) discutimos as relações de poder presentes nos saberes formativos da
Educação Física (EF), argumentando que a ênfase historicamente atribuída a uma formação essencialmente
biologicista assentiu certa negligência a questões afetas ao engajamento sociopolítico do corpo em
movimento. A arquitetura histórica da EF a suscita para educar a mulher fértil, o trabalhador forte e a
população fisicamente saudável, capacitando-os para gerar lucro ao Estado. Esses valores enunciam uma
EF política e socialmente ordenada à administração e ao controle dos indivíduos; à produção de corpos
dóceis. Essa função social outorgada à EF se institucionaliza por mecanismos discursivos subjetivamente
afetos a saberes de promoção da saúde, da autonomia, da integridade, da liberdade e/ou da capacidade dos
indivíduos para agir sobre a realidade. Enunciados na ordem normalizadora, esses mecanismos atuam como
dispositivos que esquadrinham saberes fundamentais, entretanto, desconexos de uma reflexividade quanto
ao poder disciplinar da área, refletindo a ausência ou limitação quanto a uma autocrítica. A contribuição
foucaultiana para refletir a subversão dos saberes formativos da EF quanto à materialidade discursiva do
corpo embodied se expressa pelo esquadrinhamento do saber que o desvincula de seu potencial
sociopolítico crítico, sensível, criativo e/ou transformador em prol da disciplina e do ordenamento social
dos corpos, reforçando valores conservadoristas que lançam luz a discursos normativos produzidos pelo
próprio mecanismo social e movimentados pela área. Como via de insurgência, destacamos as discussões
analíticas desenvolvidas pelo PCS, orientadas por vertentes pós-colonialistas, transdisciplinares, feministas,
queer, raciais, fenomenológicas e outras, evidenciando as diversas relações de poder que fundamentam
saberes próprios da EF e que constituem mecanismos distintos de distribuição da disciplina corporal,
permitindo vias para reestruturar a atuação centralizada na ordem da produção de corpos dóceis.

Palavras-chave: Corpo; Discurso; Educação Física.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 103


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

SUBJETIVAÇÃO DO PROFESSOR NA WEB

Adélli Bortolon Bazza (UEM)


adellibazza@hotmail.com

RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a subjetividade de professor construída e veiculada em sites e
redes sociais brasileiros, no ano de 2019. Tal recorte se justifica pelas diversas discussões envolvendo
a atuação das escolas brasileiras, a qualidade do ensino que oferecem, os conteúdos e métodos de
ensino a serem selecionados e a atuação de seus profissionais, principalmente os professores. Partindo
de uma proposta discursiva calcada nos pressupostos teóricos lançados por Michel Foucault,
constituiu-se uma série enunciativa composta de notícias, reportagens, artigos de opinião, materiais de
orientação que circularam em sites jornalísticos no ano de 2019 e também documentos técnicos e
cartas abertas, a fim de averiguar como os discursos postos em circulação constroem e fazem circular
subjetividade(s) de professor. Dentre o vasto campo conceitual de cunho foucaultiano, foram
mobilizadas as noções de discurso, enunciado, posição sujeito e dispositivo As análises indicaram a
circulação de diferentes subjetividades de professor, as quais são constituídas no imbricamento entre o
campo de saber que atua mais fortemente na constituição do discurso e do referente que é recortado
para problematizar.

Palavras-chave: discurso; subjetividade; docência.

TURISMO NO BRASIL: A RESISTÊNCIA NOS DISCURSOS DOS GOVERNOS


ESTADUAIS EM RELAÇÃO AO PRONUNCIAMENTO DO GOVERNO FEDERAL

Daniela Polla (UEM)


danielapolla2@gmail.com

RESUMO
Recentemente, na comunicação do governo federal do Brasil, houve um acontecimento de destaque.
Por ocasião de um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, o presidente do Brasil
afirmou que o país não pode ser considerado um local de turismo gay, mas, que quem quiser ter
relações sexuais com as mulheres brasileiras poderia “ficar à vontade”. Em seguida, diversos governos
de estados – e de alguns municípios também – utilizaram suas redes sociais oficiais para emitir
comunicados contradizendo a fala do presidente. Assim, nos pronunciamentos dos governos estaduais,
parece funcionar uma resistência discursiva em relação ao pronunciamento do governo federal. Deste
modo, este trabalho objetiva analisar como funciona a resistência na contradição entre governo federal
e governos estaduais no episódio sobre o turismo sexual no Brasil. Para tanto, são mobilizados os
ferramentais teóricos e metodológicos da análise de discurso foucaultiana, particularmente os
conceitos de objetivação, função enunciativa, resistência e relações de poder. A série enunciativa
recortada para o batimento descritivo-analítico é composta por uma notícia online de IstoÉ, abordando
a afirmação feita pelo presidente, e uma notícia online de Ig, referente aos pronunciamentos dos
governos estaduais. Ao final, percebe-se que há um efeito discursivo de resistência dos governos
estaduais em relação ao posicionamento do chefe do governo federal, sendo que os estados parecem
construir uma defesa das mulheres, que não devem ficar indistintamente sujeitas à vontade dos turistas,
o que caracterizaria o país como um local de turismo sexual.

Palavras-chave: resistência; Michel Foucault; discurso.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 104


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

VIVENDO COMO UMA GAROTA – PODER E MEMÓRIA NA REPRESENTAÇÃO DAS


PERSONAGENS FEMININAS NOS GAMES CONTEMPORÂNEOS

Talita Dias Tomé (UEM)


talitadtome@gmail.com

RESUMO
Com todo processo de evolução, durante o passar de sua história, o homem aprofundou cada vez mais seus
horizontes em busca de compreender o universo simbólico e os modos de representar seu entendimento no
campo das artes. Durante muito tempo, segundo Mendes (2006), nos games, as personagens femininas
foram elaboradas em função das características masculinas. Pensavam em uma montagem de personagens
femininas articuladas a “marcas de gênero atribuídas aos homens (força, agilidade, velocidade) com aquelas
atribuídas às mulheres (intuição, beleza e graça)” (MENDES, 2006). Com o passar do tempo, buscou-se
uma atualização dessas personagens, de modo a receberem outros endereçamentos e alcançar públicos que
as outras caracterizações de personagens femininas não alcançavam. Trata-se de uma nova modalidade de
games que enuncia, recorrendo à história e à memória, relações de diferentes naturezas e, ao representar os
corpos já nomeados, enuncia-os segundo determinadas regras de formação das modalidades enunciativas,
dos objetos e dos conceitos. Desse modelo de composição, esses jogos colocam em cena domínios de saber
e exercícios do poder relacionados com uma época e com um lugar, inscrevendo os sujeitos representados
nesse espaço de ficção em lugares, entrelugares ou lugares à margem, alimentado por regimes de verdade.
Para o presente trabalho, foi escolhido o jogo Life is Strange, trazendo o seguinte questionamento: como
essas mudanças na criação das personagens femininas afetam os sujeitos jogadores e a indústria dos games?
Nesses termos, a união desses vários elementos constitui o roteiro do game em forma de uma engrenagem
discursiva sobre poder e memória, que serviu como base para este trabalho.

Palavras-chave: Memória; poder; personagens femininas.

Simpósio 31: REPENSANDO A GRAMÁTICA NA LINGUÍSTICA


Coordenadores: Maria José Guerra e Marcelo Silveira

GRAMÁTICA TRADICIONAL E ADEQUAÇÃO DE MODELOS NA DESCRIÇÃO


LINGUÍSTICA
Maria José Guerra (UEL)
majogue@uol.com.br
Marcelo Silveira (UEL)
celosilveira@gmail.com
RESUMO
A adequação das categorias gramaticais à descrição das muitas línguas indígenas pertencentes às muitas
famílias linguísticas exige que esses modelos contemplem as peculiaridades que cada universo linguístico
abarca. A língua é um recorte cultural; isso implica que as categorias gramaticais devam dar conta do
pensar, agir e sentir particular de cada universo cultural. Mecanismos de flexão, do ponto de vista
morfológico, e sintáticos determinam as relações lógicas específicas que permeiam determinada sociedade
e, assim, impõem moldes de construções gramaticais, que, muitas vezes, fogem ao padrão greco-latino. As
questões sintáticas e semânticas talvez sejam as que mais comportem diferenças que serão decisivas para a
compreensão de uma determinada língua. Um dos modelos, que elabora uma reflexão sobre esse tema, é a
gramática gerativa, quando propõe a existência de universais linguísticos guiando o diálogo entre princípios
e parâmetros na descrição gramatical. Outro modelo, que também tem essa preocupação, é o traçado pelo
funcionalismo americano, quando distingue línguas nominativas, nas quais o centro é o sujeito, e línguas
ergativas, cujo papel essencial é desempenhado pelo objeto. Todo esse debate nos leva, cada vez mais, a
uma reflexão crítica sobre a adequação dos modelos da gramática tradicional para a descrição de línguas,
como as línguas Jê, por exemplo, que fogem a modelos de descrição consagrados desde o período clássico.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 105


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

LINGUÍSTICA GERATIVA - CONCEITOS BÁSICOS

Gabriel Correia de Souza (G-UEL)


gabicosouza@gmail.com

RESUMO
Este trabalho faz parte das pesquisas do Projeto Cadernos de Teorias da Linguagem e do Projeto
Gramática, Bilinguismo e Multietnia do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da
Universidade Estadual de Londrina, cujos objetivos estão voltados para o amplo estudo das teorias
gramaticais. Dessa forma, não se pode deixar de lado os estudos da gramática gerativa. Assim, quando
se trata de língua, há mais de um significado que se lhe pode atribuir. Diz-se que existe a concepção de
língua que trata de algo existente na mente, sendo uma habilidade ativada pelo uso. Sabendo disso, na
Linguística Gerativa, de acordo com Noam Chomsky (2005) distinguem-se a Língua-E e a Língua-I. O
conceito usual de língua, no senso comum, é o encontrado na Língua-E. A língua é, portanto, um
fenômeno sociocultural (compartilhado pelos indivíduos), histórico (construído ao longo do tempo) e
extremamente político. O foco da Linguística Gerativa, no entanto, é outro. Ela se ocupa
principalmente das capacidades mentais responsáveis pela compreensão e expressão linguísticas.
Localizada na mente, é uma faculdade psicológica herdada biologicamente, que é também uma versão
da Língua-E: trata-se da Língua-I. Para melhor compreender como a Gerativa vê a língua, é necessário
que se entendam os conceitos de modularidade da mente e o de modularidade da linguagem. Quando
se fala da modularidade da mente, é válida a distinção entre mente uniforme – conceito já arcaico – e o
de modularidade da mente – ideia mais aceita nos dias atuais. Em vez de enxergar a mente como
ferramenta única, que resolve tudo, Jerry Fodor propôs que compartimentos formariam o que
chamamos de mente, sendo esta formada por um conjunto de inteligências. Dentre esses
compartimentos, há o da linguagem, em que deve focar a Linguística Gerativa. Quanto à modularidade
da linguagem, tratar-se-ia duma segunda divisão (primeiro, dividiu-se a mente em módulos, sendo o da
linguagem o foco da Gerativa). Nessa segunda divisão, há subdivisões que possuem conhecimentos
especializados atuantes simultaneamente: o da fonologia, o da morfologia, o conhecimento lexical, o
sintático, o semântico e o pragmático.

REPENSANDO A GRAMÁTICA NA LINGUÍSTICA

Isabella Medeiros Ferro (PG-UEL)


isabella.ferro@hotmail.com
Luana Camila Costa (PG-UEL)
luuanacosta97@hotmail.com
RESUMO
Discutimos, neste simpósio, o conceito de gramática dentro do panorama dos estudos linguísticos
contemporâneos. A gramática, como disciplina, tem um percurso de construção que vai do período
clássico até nossos dias (cf. WEEDWOOD, 2002). Nesse caminho, passa, a partir do final do século
XIX e começo do século XX, a constituir-se como ciência e, seguindo os preceitos do método
científico de trabalho, passa a ser compreendida tanto como objeto – a gramática internalizada –
quanto como método, seja na forma da gramática descritiva, seja na forma de uma gramática
normativa, esta sob a influência das questões sociopolíticas da sociedade. Vários modelos da
linguística contemporânea, como a gramática gerativa, a linguística sistêmico-funcional, a gramática
de valências e outras, propõem vários modelos gramaticais de descrição linguística. Neste debate,
procuramos contemplar várias linhas de pesquisa e, também, abarcar ideias de uma análise diacrônica.
Assim, propomos um simpósio abrangente para discussão de um tema sempre significativo na pesquisa
linguística: a gramática.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 106


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

Simpósio 32: TRADUÇÃO E RELAÇÕES INTERARTES NA CONTEMPORANEIDADE


Coordenadores: Mirian Ruffini e Wellington R. Fioruci

AFORISMOS E SUAS TRADUÇÕES: UMA REPRESENTAÇÃO DA VIDA E OBRA


DE OSCAR WILDE
Kelen da Silva Melo (UTFPR-PB)
kelenmelo.07@hotmail.com
Mirian Ruffini (UTFPR-PB)
mirianr@utfpr.edu.br
RESUMO
Este estudo constitui-se como um recorte do nosso trabalho de conclusão de curso e propõe demonstrar
as formas de transposição a partir de um trabalho de análise descritiva de um aforismo de Oscar Wilde,
incluso na peça The importance of being earnest (1895), na comparação de duas traduções brasileiras,
de Oscar Mendes (1961) e de Sonia Moreira (2011), a fim de verificar quais os procedimentos técnicos
utilizados no processo tradutório pelo viés linguístico e semiótico, cultural e social, de acordo com
perspectiva histórico-crítica, seguindo as tendências preconizadas por Rafael Lanzetti et al (2009),
Susan Bassnett (2005) e Antoine Berman (2007) dentre outros. Os resultados apontam para o fato de
que muitas vezes algumas escolhas tradutórias apresentam-se como soluções domesticadoras ou
estrangeirizadoras, aplicando-se as definições de Lawrence Venuti (2002). Com isso, demonstrou-se
que mudanças por meio do processo tradutório de uma obra são, as mais das vezes, inevitáveis e, no
entanto, necessárias.

Palavras-chave: transposição; domesticantes; estrangeirizantes; tradução.

ANÁLISE DE DUAS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO DE “THE


SIGNALMAN”, DE CHARLES DICKENS

Danielle Franco Brunismann (UTFPR-PB)


danibf2009@hotmail.com
Mirian Ruffini (UTFPR-PB)
mirianr@utfpr.edu.br

RESUMO
Como parte integradora do estudo desenvolvido na nossa dissertação em andamento, esta pesquisa visa
analisar duas traduções para o português brasileiro do conto “The Signalman”, do autor britânico
Charles Dickens. “The Signalman” foi publicado originalmente no periódico All the year around em
1866 e recebeu diversas traduções para o português brasileiro, dentre as quais selecionou-se duas. A
primeira tradução escolhida foi realizada por Adriani Scolari Costa, publicada em 2017 no livro
História Fantásticas pela editora L&PM, e a segunda tradução foi desenvolvida por Ricardo Lísias,
publicada em 2004 no livro Contos Fantásticos do Século XIX escolhidos por Ítalo Calvino. Ao
estudar as duas traduções pretende-se identificar as escolhas tradutórias aplicadas e analisá-las sob a
perspectiva teórica dos Polissistemas (1990) e Estudos Descritivos da Tradução, cunhada pelos
teóricos Itamar Even-Zohar e Gideon Toury. A partir dessas teorias, pretende-se verificar as possíveis
influências do sistema receptor sobre as traduções realizadas. Ademais, objetiva-se analisar as marcas
da estética literária do Fantástico e do Realismo presente nas traduções, compreendendo como esses
elementos, próprios da escrita de Dickens, foram transmitidos ao público receptor da nova obra
literária, a tradução para o português brasileiro.

Palavras-chave: Charles Dickens; “The Signalman”; Tradução.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 107


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

AS RELAÇÕES INTERARTES NA CONTEMPORANEIDADE: “CORPO” FECHADO E


MEUS DOIS AMORES

Wellington Ricardo Fioruci (UTFPR-PB)


carlosdrummond36@gmail.com

RESUMO
O presente trabalho parte dos estudos concernentes às relações interartes com vistas a analisar a
adaptação cinematográfica do conto de Guimarães Rosa “Corpo fechado”, pertencente à obra
Sagarana (1946). O longa-metragem, intitulado Meus dois amores, foi lançado em 2015 e a direção
ficou a cargo de Luiz Henrique Rios. Interessa nesta análise de caráter intersemiótico compreender
como se dá o diálogo entre a linguagem literária e a cinematográfica, de forma a se valorizar a
materialidade de cada código sígnico. Portanto, partindo das discussões e conceitos propostos pelos
teóricos José Luiz Sánchez Noriega, Linda Hutcheon, André Bazin, Robert Stam e José Carlos
Avellar, o estudo em questão busca explorar como o filme de Luiz Henrique Rios e sua equipe
realizam a transposição do conto do mestre brasileiro, levando-se em consideração o postulado
segundo o qual a obra adaptada representa um texto autônomo, o qual leva à uma leitura idiossincrática
do texto de partida.

Palavras-chave: Relações interartes; Adaptação; “Corpo fechado”; Meus dois amores.

O CONSTRUTO POLÍTICO EM RICARDO III À TRANSPOSIÇÃO INTERMIDIÁTICA EM


FRANK UNDERWOOD

Alana Thais Bonfim dos Santos Dalla Costa (UTFPR-PB)


lana_thaiz@hotmail.com
Camila Paula Camilotti (UTFPR-PB)
camilacamilotti@utfpr.edu.br
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar alguns aspectos que regem o processo da adaptação
intermidiática entre as personagens Rei Ricardo III, da peça Ricardo III de William Shakespeare,
traduzida por Barbara Heliodora (Ricardo III, 2013), e Frank Underwood, da narrativa seriada
apresentada pela Netflix, House of cards (2013), de Beau Willimon, em relação à construção estética
literária para o audiovisual. Para isso, baseia-se na teoria da "hipertextualidade" de Robert Stam
(2006), nos estudos de Linda Hutcheon (2013) a respeito das teorias da adaptação transpostas entre
códigos linguísticos distintos. Ainda, nos apoiamos em Bárbara Heliodora (1978) no que se refere aos
estudos shakespearianos na construção do ser político em Ricardo III e sobre a linguagem técnica do
cinema como enquadramento, plano, ângulo e movimento de câmera com Antonio Costa (2006),
dentre outros autores. Sendo assim, o intuito deste estudo é o de compreender como se dá o diálogo
entre o texto literário e a linguagem audiovisual, neste caso, com ênfase no solilóquio proferido por
Ricardo, que acontece no Ato I, Cena I da peça shakespeariana em comparação com a cena
introdutória, realizada por Frank na Temporada 1, Episódio 1 da série, na qual o personagem rompe a
quarta parede e profere seu discurso olhando diretamente para o espectador. Além disso, levar-se-á em
conta os pontos convergentes e divergentes entre as personagens em relação à linguagem expressa no
texto fonte (peça) para o texto alvo (série) em consonância à crítica social disposta nas obras.

Palavras-chave: adaptação intermidiática; construção de personagem; Ricardo III; House of Cards.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 108


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

OSCAR WILDE: IDENTIDADE E TRADUÇÃO EM O RETRATO DE DORIAN GRAY

Lucas Bandeira (UTFPR-PB)


banlucass@hotmail.com
Mirian Ruffini (UTFPR-PB)
mirianr@utfpr.edu.br

RESUMO
O presente estudo tem o foco em apresentar as relações e papeis sociais do contexto de formação do
autor Oscar Wilde e sua estética de escrita no século XIX, com a transposição do romance, O Retrato
de Dorian Gray para o Brasil, na edição de 2009 traduzida por Marcella Furtado e publicada pela
editora Landmark. Propõe-se discutir a identidade homossexual na vida e obra de Wilde, o qual sofreu
retaliação da sociedade acerca da sua “imoralidade” e serviu de referência para compreender, hoje em
dia, um discurso preconceituoso de padrões heteronormativos. Nesse viés, os estudos sobre a teoria
queer de Judith Butler (1993), Miskolci (2017) e Sara Salih (2018) contribuem para identificar a
questão de identidade e gênero, no aspecto literário e linguístico, presentes no romance. No âmbito
tradutório, a teoria dos polissistemas de Even-Zohar (1990) ajuda a esclarecer questões sobre perda
e/ou alterações significantes na tradução da obra do autor em esferas culturais e literárias de dois
contextos sociais distintos. Dessa forma, espera-se que os resultados esclareçam as escolhas tradutórias
acerca dos aspectos identitários dos personagens transpostas para edição de 2009 no contexto
brasileiro.
Palavras-chave: tradução; identidade; transposição.

QUATRO BALADAS PARA WILDE: TRADUÇÕES BRASILEIRAS DE THE BALLAD OF


READING GAOL

Mirian Ruffini (UTFPR-PB)


mirianr@utfpr.edu.br

RESUMO
Este trabalho aborda o cotejo de quatro traduções de A balada do cárcere de Reading, de Oscar Wilde.
Escrito em 1897, após a libertação do autor da prisão, o poema é considerado um dos mais belos da
literatura britânica. As traduções de Elysio de carvalho (1899), esta que inaugura a presença do escritor
no polissistema brasileiro, a obra Poemas da angústia alheia, de GONDIN DA Fonseca (1966, 4 ed.,
1931, 1ª ed), em edição bilíngue, a tradução para a coletânea Oscar Wilde: Obra Completa, realizada
por Oscar Mendes, em 1961 e a retradução do poema por Paulo Vizioli, em 1997 são estudadas no
sentido de compreender seus diferentes contextos de produção ao longo dos séculos XIX e XX. Para
tal, recorre-se à leitura das teorias descritivistas da tradução e dos estudos culturais, com os textos de
Itamar Even-Zohar, Gideon Toury, Susan Bassnett e Andre Lefevere, e as reflexões de Paulo
Henriques Brito, Mario Laranjeira e Alvaro Faleiros sobre tradução poética.

Palavras-chave: Tradução poética, Oscar Wilde, A balada do cárcere de Reading.

XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 109


CADERNO DE RESUMOS: SIMPÓSIOS

TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA E DUAS TRADUÇÕES PARA A


LÍNGUA INGLESA

Pedro Henrique Novak (UTFPR-PB)


pedronovak@outlook.com
Camila Paula Camilotti (UTFPR-PB)
camilacamilotti@utfpr.edu.br
RESUMO
Lima Barreto, em uma de suas obras mais aclamadas, Triste fim de Policarpo Quaresma (1911),
aborda temas de forte cunho social e político do Brasil da Primeira República, criticando suas
estruturas sociais e seus preconceitos raciais. A obra, traduzida para nove idiomas, dispõe de cinco
traduções à Língua Inglesa, sendo as duas mais recentes realizadas por Mark Carlyon, intitulada The
sad end of Policarpo Quaresma, publicada em 2011 pela editora Cidade Viva, e por Francis K.
Johnson, intitulada The decline and fall of Policarpo Quaresma, publicada pela Kindle Editions em
2014. O presente trabalho usa como objeto de pesquisa as últimas traduções da obra com o propósito
de analisar as estratégias de tradução utilizadas, bem como as soluções encontradas pelos tradutores
para os desafios tradutórios. Como pano de fundo metodológico está a Teoria dos Polissistemas, de
Itamar Even-Zohar (1990), que compreende a literatura como fator necessário, central e poderoso das
atividades da sociedade e a integra a sistemas culturais, sociais e de linguagem para ser melhor
compreendida. A análise das duas traduções é feita sob a perspectiva dos Estudos Descritivos da
Tradução desenvolvida por Toury (2012) e nos parâmetros teóricos organizados por Lambert e Van
Gorp (2006), no que diz respeito aos dados preliminares, macroníveis e microníveis. Em conexão, está
a Teoria dos Paratextos de Genette (2009) e o papel do mecenato, nos termos de Lefevere (1992). Por
fim, esta pesquisa realiza uma breve investigação sobre a vida e o contexto vivenciado por Lima
Barreto, assim como suas influências e sua importância à literatura brasileira, indispensáveis para tal
análise tradutória.

Palavras-chave: Tradução; Lima Barreto; Triste Fim de Policarpo Quaresma.

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XI SELISIGNO E XII SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL 2019 110

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