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Você sabe o que é ser ateu?

Ateu é uma denominação arbitrária, como toda ela o é, baseada no nosso sistema de crenças.
Crenças? ̶ rapidamente me perguntaria um ateu ̶ mas não cremos em nada! Não acreditar
em Deus não se trata de “crença” ̶ dizem ̶ , mas em evidências que não existem provando
sua existência. Ora, o próprio termo ateísmo se origina na junção do prefixo grego
“a-”(ausência), e da palavra grega theos, (divindade), o que pressupõe uma presença em
função dessa ausência, isso faz algum sentido para você, leitor? Então, há uma pequena
contradição nesse raciocínio, apesar de eles se dizerem não crentes, pois sua teoria de vida é
baseada em pensamentos e ideias “racionais, lógicas e conscientes” sempre pautadas na
ciência, tecnologia e coisas afins da materialidade. Aliás, diga-se de passagem, não há nada
que não seja físico e material, portanto é inútil e reduntante falar em matéria se tudo o que
nos circunda é matéria. No que toca a esses princípios, porém para eles o ateísmo não é uma
crença, visto ser uma filosofia de vida baseada na “des-crença” em um Deus, seja ele qual for.

Alguém que esteja lendo este texto pode pensar que ele será de crítica com relação à adoção
desse ponto de vista, ou ainda pode achar que vamos aqui fazer uma apologia ao ceticismo,
mas engana-se. Este artigo serve de elucubração a respeito de tema tão atraente, além de
tentar atingir alguns ateus de forma a raciocinarem que suas ideias a respeito do ateísmo pode
ter sido construída num processo discursivo, como geralmente tudo é.

Conheço particularmente ateus maravilhosos, melhores do que qualquer religioso, ou que se


diga tal. Eles são centrados, têm pensamentos nobres, primam pela justiça entre os homens,
privilegiam a liberdade de expressão, amam, não são ligados a vícios sérios que comprometam
o próximo e têm problemas também e defeitos como qualquer outro ser humano. Mas a
questão em que me pego pensando é: por que teimam em se achar donos da verdade, se eles
mesmos questionam uma verdade? Se há uma verdade, se há, nós não temos acesso a ela!
Ora, bolas! Isso é no mínimo paradoxal, o que foge a racionalidade apregoada por eles
mesmos, não?

Enfim, coloco-lhes uma dúvida cartesiana: por que creem piamente que Deus ou qualquer
força Maior do Universo não existe? Só porque não se pode provar, contabilizar,
“cientificizar”? Mas o que isso tem de importante, se creem que devemos ser melhor para
viver melhor, se creem num mundo mais justo criado por nós, se creem que o homem é a
medida de todas as coisas? Acaso Deus, se existe, ou alguém apregoou alguma vez que não
existem escolhas (mesmo que elas não sejam tão conscientes assim?), que o homem não pode
construir seu destino, que está fadado às circunstâncias? As religiões mais inteligentes dizem
que nós podemos tudo o que quisermos, contando que venhamos a arcar com as
consequências advindas de nossos atos. Esse não seria um pensamento lógico?

E o que me deixa com mais curiosidade é eles (os que se dizem ateus) não enxergarem o
malogro da situação em que se encontram. Ao criticarem todas as religiões e credos, e/ou a
maneira de agir de algumas pessoas religiosas (para mim, que se “dizem” religiosas), não
enxergam que fazem igual a elas no que tange ao repúdio que ainda há na sociedade quanto
aos ateus. Ninguém deve repudiar ninguém que tenha qualquer outro tipo de crença.
Esquecem-se ainda de que (e isso não sou eu que digo, mas muitos outros, grandes e
conceituados linguistas e filósofos da linguagem) tudo o que se pensa ou passa pelo crivo da
razão, perpassa também por um sujeito, repleto de conceitos e ideias preconcebidas, quando
não ideias construídas sempre no cotidiano das relações. O subjetivo está em tudo e é ele
quem dita as regras do jogo. Se sou ateu, deveria mais logicamente raciocinar sobre isso e
perceber o quanto minhas ideias estão encharcadas das vozes e discursos alheios, recheadas
de enunciações já emitidas e reenunciadas, historicamente determinadas, permeadas por
leituras, experiências de vida e modos de agir de outrem, e tudo o mais que possa construir
nosso arcabouço intelectual.

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