Sei sulla pagina 1di 13

1

A SAÚDE DO PASTOR
Introdução:

Com as constantes notícias sobre crises ministeriais e a vida muitas vezes


nebulosa de tantos líderes espirituais, ficamos perguntando o que está há de
errado com os pastores. O fato é que há muita doença envolvida em todas as
áreas profissionais e os pastores não são isentos de enfermidades e patologias
da alma, da mente e do corpo, por isto Paulo já admoestava Timóteo: “cuida de
ti mesmo e da doutrina”. Paulo não apenas exorta seu jovem discípulo a manter
a sã doutrina, tendo convicções claras do evangelho, mas em cuidar da saúde
emocional, espiritual e física. Precisa cuidar da doutrina e de si mesmo.

Roberto Clinton, do Fuller Theological Seminary, fez um exaustivo estudo dos


líderes espirituais da Bíblia e afirmou que apenas 1/3 deles terminaram bem sua
história, todos os demais se envolveram em escândalos e muitos morreram longe
de Deus. Esses dados são assustadores.

Recentemente ouvi outra uma estatística da Igreja Presbiteriana do Brasil, que


demonstra que nos últimos 10 anos, 325 pastores foram despojados do
ministério e a maioria por envolvimento sexual, e apenas 189 foram jubilados. A
jubilação ocorre quando a pessoa completa 35 anos de ministério, completa 70
anos ou por motivo de saúde. Atualmente as regras sofreram pequenas
mudanças na IPB. Se olharmos os números acima veremos que a mesma
tendência dos tempos bíblicos ainda se aplica atualmente. Pastores que chegam
ao final do ministério e jubilam, ainda constituem um número menor do que os
que param no meio do caminho.

As duas estatísticas acima estão intimamente conectadas à saúde do pastor. O


termo saúde não pode ser definido apenas como ausência de enfermidade. Esta
é uma forma pobre de enxergar a homeostase humana, mas deve ser definida
como uma condição de bem estar físico e mental, que envolve todos os aspectos
do ser humano. O dicionário define saúde como “estado de equilíbrio dinâmico
entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais
e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e
para a sua fase do ciclo vital, estado de boa disposição física e psíquica; bem-
estar”.

Podemos falar da saúde pastoral nas seguintes áreas:


Física,Espiritual,Financeira,Emocional Intelectual

1.Saúde física

A maioria das pessoas possui vida sedentária. Com a chegada dos computadores,
automóveis confortáveis, controle remoto, temos cada vez menos facilidade em
praticar esportes. A tendência é de termos uma sociedade mais obesa e com
2

menos saúde. Comemos demais, andamos pouco, nos acomodamos e isto traz
danos sensíveis à saúde física.

O pastor tem ainda outros agravantes: Ele não tem um horário fixo de trabalho.
Se ele é disciplinado, organizado e atento, consegue encontrar tempo na sua
agenda para a prática esportiva e para o lazer, mas se ele não é assim,
certamente vai lidar com o descanso e as atividades esportivas com certo descaso
e até mesmo com culpa.

Tenho defendido a tese de que pastores deveriam ter horários estipulados de


trabalho, para que pudessem organizar a sua vida pessoal, já que a maioria é
desorganizada. Como todo trabalhador ele deveria gastar 44 horas de trabalho
semanal, com atividades voltadas puramente para o ministério. Isto envolveria
devoção, leituras, preparação de textos e sermões, visitações, administração,
aconselhamento e áreas afins. Durante este período ele estaria “proibido” de
assistir TV, acessar o computador para ficar diante de mídias sociais ou o telefone
onde gasta boa parte do tempo enviando vídeos sem sentido para encher a caixa
de correio dos outros, e acessando facebook para bisbilhotar. Estas 44 horas
seriam realmente “dedicadas” ao seu trabalho. Sei que esta proposta é utópica,
mas se se tornasse exequível poderia transformar a dinâmica de muitos pastores.

Quando o pastor não tem boa produtividade, começa a misturar horário de lazer
e trabalho. Por não terem foco, tornam-se dispersos na sua agenda. Não visitam,
não preparam bem seus sermões, vivem ocupados, mas são pouco produtivos
porque falta intencionalidade nas suas atividades. Não possuem uma agenda
positiva de trabalho, e não conseguem se organizar para desfrutar bem do seu
tempo, incluindo o lazer.

Por causa disto, se sentem culpados em relação ao tempo. Não querem tirar
férias, porque sabem que não produziram bem, sentem culpa e não tiram a folga
semanal porque percebem que foram pouco efetivos nas suas atividades, ou
realmente são preguiçosos e sequer ligam para suas responsabilidades e tarefas.

Por outro lado, alguns pastores são extremamente trabalhadores. Sua


necessidade de se afirmar e provar seu labor pode adoecer e facilmente isto
esgota, trazendo stress e “burn-out”. Muitos pastores estão no limite de sua
capacidade física, esgotados como Moisés em Êxodo 18, trabalhando desde o
nascer até o pôr do sol (como temos energia, nossos horários de trabalho se
estendem ainda mais). Tornam-se exaustos, amargurados, rígidos, moralistas,
legalistas com pouco tempo para suas famílias e para si mesmos. São melhores
que Deus, que fez o sábado para descansar. Eles não podem descansar!

Pastores com este comportamento desenvolvem uma falsa noção de


espiritualidade e compreensão de que é preciso trabalhar à exaustão, sem
perceber que isto não faz parte do pensamento bíblico e nem é recomendado
pela medicina.

O segredo para o cuidado físico, está em manter hábitos saudáveis, dentre estes
podemos enumerar:
3

a. Exercícios físicos moderados e constantes. Não é necessário esforço intenso de


uma academia, mas é preciso andar ao ar livre, caminhar, praticar esporte. Tais
recomendações não eram tão necessárias nos tempos bíblicos porque as pessoas
andavam muito a pé. Basta estudar um pouco da trajetória de Jesus nos
Evangelhos para perceber que ele era andarilho, um verdadeiro atleta ao
percorrer as distâncias entre pequenas cidades e vilas da Galileia e nas suas idas
a Jerusalém.

É necessário criar rotinas simples que nos tirem do sedentarismo. Pequenas


atividades são melhores que nenhuma atividade. Limpar o jardim, lavar o chão,
pequenas tarefas domésticas são uteis, saudáveis e necessárias.

b. Descanso. Ao criar o sábado, Deus não estava pensando em si mesmo. O Guarda


de Israel não dormita nem dorme. Jesus foi claro ao afirmar: “o homem não foi
feito por causa do sábado, mas o sábado por causa do homem”. O sábado tinha
objetivos sociais como proteger o escravo, objetivos ecológicos como proteção
dos animais e da terra, e objetivos de saúde, como o de proteger o homem.

É preciso descansar!

Uma boa noite de sono, um dia para não fazer nada, uma caminhada no parque,
uma ida à fazenda ou a chácara, um dia para deitar na rede sem preocupação
com agenda. Tudo isto é reparador, e além disto, sagrado, já que foi ideia do
próprio Deus que nos criou e conhece todas as coisas.

c. Exames de rotina. É importante que alguns exames de rotina sejam feitos,


mesmo para pessoas jovens. Existem doenças silenciosas como diabetes,
colesterol, e até mesmo a pressão alta que podem não apresentar sintomas
visíveis, e o exame de rotina pode nos ajudar. Certo colega levou susto ao
perceber aos 35 anos que tinha que colocar duas pontes de safena. Suas taxas
de colesterol eram altíssimas, embora ele fosse um atleta.

Na medida em que a idade vai chegando (ou indo), é importante observar de


forma mais regular o comportamento do corpo. Exames de rotina podem nos
livrar de graves sequelas, como um AVC ou câncer de próstata. 16.7% dos
homens poderão adquirir um câncer de próstata até os 65 anos. Não podemos
desconsiderar estas coisas.

d. Alimentação adequada. Outro aspecto a considerar é a moderação na


alimentação. A obesidade é um dos maiores problemas da sociedade moderna.
Excesso de gordura, carboidratos, açúcar, sal, comidas gordurosas, fast food,
tudo isto pode nos desequilibrar.

Precisamos repensar a qualidade (e a quantidade) da alimentação. Muitas vezes


comemos mal e muito. Modere. Não precisa exagerar com dietas milagrosas
como da USP, que não se sustentam com o passar do tempo, mas podemos
ingerir mais frutas, verduras, comer moderadamente. Excesso de comida pode
4

revelar ansiedade e voracidade, que apontam para pecados mais profundos como
a cobiça e a ambição.

2.Espiritualidade

É fácil sermos absorvidos por uma agenda tão exigente que sacrificamos coisas
essenciais como a vida devocional, estudo da palavra e oração. Como pastores
podemos nos acostumar com as coisas espirituais e dessacralizar o sagrado; nos
tornarmos como Finéias e Hofni. As coisas de Deus se tornam comuns e nos
acostumamos com o sagrado a ponto de não mais sermos impactados com as
coisas de Deus.

Brennam Manning certa vez foi visitar um velho sacerdote que lhe disse: “Eu
nunca pedi a Deus popularidade, riqueza, fama, prosperidade, mas sempre pedi
que não tirasse de mim a capacidade do assombro”. Esta era a experiência da
igreja primitiva. “Em cada alva havia espanto, temor”. A presença de Deus os
marcava.

Na área espiritual podemos falar de três aspectos:

2. Valorize a meditação na Palavra – não deixe de ler a Bíblia devocionalmente. Não


apenas para fazer estudos e preparar sermões, não apenas para dar aos outros,
mas para receber de Deus. Use um caderno de anotações, ore com os salmos,
leia a Bíblia toda pelo menos uma vez por ano.

Recentemente minha esposa seguiu um conselho para pensar em um versículo


do Salmo 119 por dia. São 176 versículos, portanto é uma disciplina para um
semestre, e ela relata como isto foi profundo para a sua alma. A última leitura
que fiz dos salmos, três meses atrás, fiz de forma inusitada. Eu orava os trechos
que considerava importante para meu coração, e foi algo muito positivo para
minha vida. Uma sugestão interessante que vi sobre os salmos é lê-lo da seguinte
forma: no primeiro dia, o Salmo 1,31,61,91,121; no segundo, o Salmo 2 e
sequencia, até ler os 150 salmos num mês. Achei interessante esta dica.

Leia a Bíblia em blocos. Por exemplo: ler todos os profetas menores de uma vez
só. Certo dia resolvi ler o livro de Jó todo numa manhã de dedicação e oração.
Fez muito bem à minha vida. O homem sábio medita na Lei “de dia e de noite”.

Pergunte na leitura: Há algum pecado a ser abandonado? Há alguma promessa


que devo acolher em meu coração? Há algum princípio de Deus para minha vida?
Deus está querendo me orientar em direção a algo que estou desatento?

2. Valorize a oração – Se você vem de uma tradição mais histórica do evangelho,


encontrará certamente mais dificuldade na vida de oração do que alguém que
possui uma tradição pentecostal. Então, cuide da sua vida de oração.

Orar não é fácil.


5

Muitas vezes observamos que nossas orações são superficiais, repetitivas,


desencorajadoras. Lembro-me do Charles Brown assentado em frente os livros
(isto mesmo, ele estava estudando), e o primeiro pensamento que lhe veio à
mente foi o seguinte: “Será que já faz quanto tempo que estou estudando? Duas
horas? Uma hora? Vinte minutos?”, então ele olha para orelógio e grita
desesperado: “Vinte segundos! Eu acho que vou ficar louco. Quando vi este texto
fiquei pensando que muitas vezes nossas orações são exatamente assim...

Russel Shedd afirma: “A verdade é que os santos da história oravam por horas
que pareciam minutos, e nós oramos por minutos que parecem horas”. Tire
tempo para ficar a sós com Deus. Para interceder pelas pessoas, para trazer sua
vida diante de Deus. Que grande desafio temos, e quão importante é nossa vida
de oração.

2. Valorize exercícios piedosos – Práticas espirituais desenvolvidas profundamente


por alguns homens e mulheres da história, deixaram de ter valor para nossa vida,
mas precisamos considerá-las:

A. Solitude – Hoje alguns pastores têm trabalhado muito a espiritualidade do


deserto, dando ênfase na meditação. Aquietar a alma, desligar o celular, fazer
retiros espirituais.

Nossa prática devocional contemporânea, infelizmente está longe disto, mas esta
é uma disciplina extremamente importante para a alma. Silêncio e meditação,
não são privativos do budismo, Jesus fez constantes retiros de oração e devoção,
afastando-se para o deserto para estar com o Pai celeste.

B. Jejum – A abstinência alimentar para um propósito específico não apenas foi


praticada por Jesus, mas recomendada por ele.

Jesus não afirma “se jejuardes”, mas “quando jejuardes”, inferindo que isto seria
algo natural na vida dos seus discípulos. Entretanto, o jejum é cada vez menos
praticado e ensinado em nossos dias. Entretanto, até mesmo o Manual do Culto
Presbiteriano, recomenda que em tempos de calamidades e grandes aflições, a
liderança da igreja deve convocar a comunidade para jejuar e orar.

C. Frugalidade – Outra área esquecida e até mesmo desprezada tem a ver com a
frugalidade, estilo de vida simples, com modéstia.

Uma vida que valorize coisas pequenas, sem ostentação, luxo. Somos uma
sociedade competitiva e as pessoas são valorizadas pelo que possuem ou pelas
marcas de roupa que usam. O ministro precisa lutar para não parecer esnobe,
mas para viver “vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”.

D. Estabilidade– Outro exercício importante. Fazia parte dos quatro votos


monásticos para quem estava pretendendo aderir a uma ordem e viver num
6

mosteiro. As outras são mais conhecidas: castidade, obediência e voto de


pobreza. Os estudiosos afirmam que a mais difícil, de todas, era a obediência
irrestrita ao abade.

Mas o quarto voto, da estabilidade, é pouco lembrado em nossos dias e poucos


o conhecem. Um monge não podia ser bipolar, passivo-agressivo,
esquizofrenizado, de bom humor em um dia e irado em outro. Este voto, se
exigido hoje, poderia salvar muitas igrejas e ministérios. Há muitos pastores
desequilibrados, disfuncionais e neuróticos, que adoecem toda a comunidade por
causa de sua instabilidade emocional, ou por causa de seus programas e
constantes mudanças de projeto e planos na vida da igreja.

Quando Dr. John Stott veio ao Brasil em 1989, numa entrevista a um grupo de
pastores e lideres ele foi interrogado sobre o segredo de sua vitalidade espiritual
e respondeu quatro coisas:

i. Leio a Bíblia todo dia


ii. Oro todos os dias
iii. Não me ausento da comunidade
iv. Sempre participo da eucaristia.

Na verdade, todas estas práticas parecem simples demais. O problema é que


deixamos de praticá-las e o resultado tem sido danoso para nossa alma pastoral.

Para um aprofundamento nestes tópicos, recomendamos o livro de Richard


Foster. “Celebrando as disciplinas espirituais”, um clássico devocional profundo
e equilibrado sobre o assunto.

3.Vida intelectual

O pastor precisa exercitar-se na piedade, deve cuidar bem do seu corpo como
templo do Espirito Santo, mas precisa também estar atento ao seu preparo
intelectual para, como diz o apóstolo Pedro: “Antes, santificai a Cristo nos vossos
corações, estando sempre preparados, para dar razão da esperança em Cristo
Jesus” (1 Pe 3.15). Precisamos ser homens preparados. Paulo afirma a Timóteo:
“aplica-te à leitura”. Na verdade ele estava falando das Escrituras Sagradas, mas
o homem de Deus precisa estar preparado para as questões existenciais e
teológicas com as quais há de se deparar.

Schaeffer afirma que não é justo dizer ao descrente: “Creia somente”, mas
precisamos dar “respostas honestas a perguntas honestas que são feitas”.

O líder cristão corre o risco de não saber aplicar as verdades do evangelho aos
desafios atuais. Quando isto acontece ele passa a ter um discurso superficial,
repetitivo e vazio, com uso excessivo de jargões, como podemos ver no debate
de dois jovens crentes falando sobre seus pastores. Um disse:

-“Meu pastor é fantástico! Ele pregou três sermões no mesmo texto”.


7

O outro desolado afirmou:

-“Mais fantástico é o meu! Ele prega o mesmo sermão em textos


diferentes”.

Vivemos num mundo globalizado e midiático e corremos o risco de termos uma


geração que vai para a universidade, discute questões éticas, filosóficas e
polêmicas todo o tempo, sem ter um púlpito que seja capaz de responder as
questões que estão sendo levantadas dia a dia. Isto gera alienação num mundo
globalizado, e uma liderança ingênua.

Diante disto sugerimos algumas atitudes:

3. Veja os filmes e livros que os jovens de sua igreja estão vendo. Recentemente
minha esposa me criticou porque as citações que fazia de filmes geralmente já
são de 20 e 30 anos atrás. Ela completou: “precisa atualizar!”

3. Faça reciclagem periódicas. Muito material, conferências e congressos, tem sido


oferecidos anualmente. Escolha aquele que mais lhe interessa, mas veja aqueles
com os quais você tem pouco diálogo. Eventualmente ver preletores diferentes,
mesmo que você discorde deles em algum ponto, pode ajudá-lo a ter um novo
prisma pastoral, nova metodologia e nova abordagem.

3. Viaje! Certamente os recursos são sempre limitados, mas ouvir colegas de


outras regiões, conversar sobre outros assuntos pode ajudá-lo a sair da caixinha
da tradição e da repetição. Muita coisa boa, teologicamente correta, abordagens
criativas e interessantes tem surgido e vale a pena considerar isto.

3. Leia! Livros que não sejam teológicos e livros teológicos.

3. Se puder fazer uma faculdade, mesmo que seja via EAD, vale a pena considerar.

“A pessoa que eu sou está tão presente na minha estante quanto a pessoa que
eu quero ser” (Cora Rónai).4.

Saúde Emocional

O Dr. Pérsio Gomes de Deus afirma que “há maior incidência de doenças mentais
entre pastores que na população geral (...) Religiosos católicos possuem índice
de stress superiores aos profissionais de segurança”. Não é este um dado
assustador?

Recentemente o Brasil ficou assustado com vários pastores de diferentes


comunidades suicidando. A exortação paulina reverbera em nossa mente: “Cuida
de ti mesmo e da doutrina!”. Quais são os problemas mais comuns na
desestabilização emocional de um pastor?

4.1 Paixão
8

Muitos tem perdido sua vida por causa de uma paixão tresloucada. Amnom,
primogênito de Davi, foi um destes. Ele desenvolveu uma paixão proibida, um
sentimento doentio. Ele se apaixona pela sua irmã. É traído pelas forças dos seus
próprios desejos. Uma força incontrolável nasce e se torna obsessiva dentro dele.
Ele não consegue mais fazer nada, chega até adoecer. Ele sabe que aquilo é
loucura, que é proibido, mas é atraído por este louco sentimento! Esta paixão o
leva a cometer um dos atos mais infames em Jerusalém: Ele estupra sua irmã
(2 sm 13)

Paixão tem destruído famílias, tem gerado morte, tem trazido tristeza desgraça
a famílias, tem sido a agente de uma geração cheia de ódio. Veja quantas
desgraças se seguem a uma paixão dentro da história de nossa própria família.
Tem destroçado almas, tem gerado profundas depressões familiares, tem levado
pessoas ao inferno, tem trazido dores à igreja de Cristo.

Pv 9.13 afirma: “A loucura é mulher apaixonada, é ignorante e não sabe coisa


alguma”.

A paixão é comparada à loucura. O louco perde o senso da realidade, do ridículo,


da lógica e da coerência. O louco tira a roupa no meio da rua, faz interpretações
malucas acerca da vida, interpreta a vida de uma forma não coerente, perde o
paradigma do seu próprio mundo interior, e perde o paradigma social. O louco
não compreende ninguém e também não é compreendido por quem quer que
seja. O louco perde sua referência mental, o paradigma moral. Ele é alienado das
consequências de seus atos. Pois bem, “a loucura é mulher apaixonada”. Isto é,
tem o mesmo naipe; Já viram uma moça apaixonada o que faz? Não vê mais,
torna-se cega. Todo mundo está vendo mas ela se recusa a ver. O mesmo
acontece com os homens. Existem rapazinhos fazendo loucura por uma mulher
não merecedora desta atenção.

A paixão tem ainda outra característica: Ela é ignorante.

Já viram uma pessoa apaixonada o que faz? Ela ignora os perigos, ignora as
ameaças, se torna tola. Gente apaixonada precisa de amigos que advirtam do
perigo que corre porque ele mesmo não sabe quão grave despenhadeiro se
encontram. O texto diz ainda que não sabe coisa alguma. Ai da pessoa que se
torna presa de uma paixão direcionada ao objeto errado. Ignora os aspectos mais
essenciais de sua existência.

4. Ressentimento

Uma das grandes forças da vida é o ressentimento, a amargura, o ódio, a ira.


Muitos pastores estão contaminados e infestados por este sentimento e
dominado por ele. O ressentimento vai tirando o potencial criativo, a alegria, a
possibilidade de crescer na comunhão com o Senhor.

Com amargura, ninguém avança emocionalmente na vida. Pessoas marcadas


pela amargura patinam na vida. Tornam-se fantasmas de si mesmas, prisioneiras
de seus afetos, e não conseguem avançar. O ódio é mau conselheiro, todos
9

aqueles que resolvem prestar atenção à sua amargura, padecem dores terríveis
na vida. “Ódio é você tomar um copo de veneno pensando que o outro vai morrer”

Gente que não perdoa vive prisioneira de uma outra força, a vingança.

Centenas de pastores vivem assim. Erick Erickson afirma que há duas formas de
envelhecermos na vida: com celebração, gratidão e contentamento ou com
amargura e desistência. Um dos grandes fracassos da vida é sermos
desqualificados. Falamos tanto de vitória em Cristo, da alegria do Espirito Santo,
de paz interior, serenidade e graça mas estamos contaminados na nossa fonte.
Nosso coração não se guardou. “De tudo o que se deve guardar, guarda o teu
coração porque dele procedem todas as fontes da vida” (Pv 4.23).

4.Repressão

Repressão é um mecanismo de defesa que envolve a colocação de pensamentos


incômodos em áreas relativamente inacessíveis da mente, o inconsciente.
Assim, quando as coisas ocorrem de forma que somos incapazes de lidar no
momento, nossa tendência é afastá-las, planejar lidar com elas em outro
momento ou esperar que elas vão desaparecer sozinhas.

O nível de “esquecimento” na repressão pode variar de uma supressão


temporária de pensamentos desconfortáveis para um elevado nível de amnésia,
onde os eventos que causaram a ansiedade são enterrados muito
profundamente. O problema é que memórias reprimidas não desaparecem. Elas
podem ter um efeito acumulativo e reaparecer como ansiedade não atribuível ou
comportamento disfuncional. Um elevado nível de repressão pode provocar um
elevado grau de ansiedade ou disfunção, embora esta também pode ser causada
pela repressão de um incidente particularmente traumático.

Boa parte do problema dos pastores reside exatamente ai. Líderes assim não
trataram e não conversaram sobre o assunto, decidiram enterrar o problema
vivo. Na verdade uma ira reprimida volta em formas de ansiedade e depressão,
brota em formas de sintomas, que vão desde o desequilíbrio emocional até um
casamento destruído. Muitos pastores precisam procurar terapia e cuidado
emocional, não só em razão dos problemas pastorais em si, mas porque já
trouxeram consigo questões mal resolvidas de casa, da educação, da formação
familiar.

4. Depressão

Coloco em quarto lugar, a depressão. Não porque seja menos importante, mas
talvez por ser o desfecho de tudo o que até agora tratamos na questão da saúde
emocional do pastor. Os problemas mais comuns na depressão pastoral são
citados assim pelo Dr. Pérsio:

i. Problemas com a organização


ii. Problemas conjugais
iii. Problemas financeiros
10

iv. Mágoa da esposa


v. Instabilidade
vi. Falta de horário definido
vii. Atividades emocionais dispares
viii. Solidão ministerial.

Depressão está diretamente associada ao suicídio.

O problema da depressão é que, como afirmou o Dr. John White, no seu livro As
máscaras da melancolia, é que ela tem muitas faces.

Depressão pode ser decorrente de um desequilíbrio hormonal, uma alteração na


supra renal, na tireoide, na baixa atividade do Sistema nervoso central, e estas
seriam as causas endógenas, ou físicas;

Depressão também pode ser causada por perdas significativas. Os psicológicos


chamam isto de “luto existencial”, quando se perde alguém ou algo significativo,
não necessariamente na morte, mas um pai ausente ou passivo, uma mãe
distante e alheia, ou ainda um trauma psicológico, resultantes de um cataclisma
ou abusos físicos, morais e sexuais. Tudo isto pode gerar profundo impacto nas
emoções. Neste caso as causas são emocionais.

Existem ainda as causas espirituais. Pecado não perdoado, culpa, acusações do


diabo, opressão, possessão, enfim, uma variedade imensa de obras malignas que
geram profunda angústia.

A grande dificuldade encontra-se no diagnóstico e tratamento da depressão, pois


podemos tratá-la como uma questão espiritual quando o problema é endógeno,
ou podemos tentar resolver como um problema emocional quando se trata de
uma questão espiritual e assim por diante. A graça de Deus, a confissão pessoal,
a aceitação e cuidado dos irmãos e a obra do Espirito Santo, podem nos resgatar
destes sentimentos de morte tão avassaladores e destrutivos que nos sobrevém.

5.Saúde econômica e financeira

Por último, queremos tocar numa derradeira e não menos importante área, que
é a financeira. Pastores precisam cuidar desta área atenciosamente, porque
muito do seu bem estar, serenidade e equilíbrio emocional, tem a ver com a
forma como ele trata do seu dinheiro. Depois da área sexual, o desequilíbrio
financeiro tem sido o maior problema dos pastores.

Infelizmente não temos no currículo das escolas do Brasil uma matéria


importante como Economia Financeira. Muitos nasceram em lares indisciplinados
financeiramente, e receberam pouca ou nenhuma formação e treino para lidar
com esta área. O efeito, muitas vezes é trágico, muitos pastores terminam o seu
ministério sem terem feito qualquer provisão ou planejamento para sua
aposentadoria.
11

Certamente muitos dirão que se trata de uma questão de quanto se ganha, mas
a verdade é que não é assim. Alguns ganham relativamente bem e não se
organizaram, e outros, com baixo salário, conseguiram se organizar e se
programar. Afirma-se que João Calvino, instruía a sua comunidade a viver com
80% do que ganhava. 10% deveria ser destinado à obra de Deus, e 10% para
um investimento.

Alguns princípios são adequados nesta área:

5. Moderação – A forma como administramos o dinheiro tem muito a ver com a


forma como encaramos as coisas de Deus. Por isto quando João Batista ouviu
dos soldados a pergunta: “E nós, o que faremos? E ele lhes disse: A ninguém
maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-vos com o vosso soldo” (Lc 3.14).

Para os menos avisados, queremos recordar que soldo é salário. Sua resposta
parece apontar para o risco que corriam de serem pessoas ambiciosas e tentadas
pelas oportunidades de ganharem dinheiro desonesto. “Contentai-vos com o
salário”, é uma regra simples que se aplica ao pastorado. Sabemos que há igrejas
que não querem pastor humilde, mas pastores humilhados, e outras que acham
que porque estão no ministério devem ter salário de pobreza e miséria. Todas
estas coisas são verdadeiras e doloridas, já que o pastor, diz a Bíblia, deve ser
merecedor de dobrado honorário por pregar a Palavra (1 Tm 5.17).

Muitas vezes o problema não é de mesquinhez da igreja, mas dos poucos


recursos que ela possui. Igrejas pobres, pequenas, são uma realidade muito
comum em nossos meios. A regra áurea é que o pastor deve receber um salário
que expresse a realidade de sua comunidade. Se as pessoas desta congregação
ganham bem, por que um pastor deveria ganhar mal?

A moderação do pastor, em aprender viver contente em toda e qualquer situação,


orienta a forma de viver. Parcimônia, equilíbrio, bom senso, são boas referências
quando se trata da administração do dinheiro, e isto inclui, não gastar mais do
que ganha e viver dentro do salário que recebe, entendendo que a fidelidade de
Deus para com sua vida, vai capacitá-lo a viver com pouco ou com muito. A
moderação nos livra da ostentação.

5. Planejamento – Outro aspecto a ser considerado quando o assunto é dinheiro é


planejamento. Se a despesa for maior que a receita, nenhum orçamento se
sustém.

Portanto, faça uma planilha de gastos, despesas obrigatórias, investimento. Se


o dinheiro não for suficiente, só existem dois caminhos: Aumentar a receita ou
diminuir a despesa. Se não há como aumentar a receita, deve-se estudar como
efetivar cortes. Muitas vezes fazer cortes é dolorido, mas com oração e bom
senso, marido e mulher, muitas vezes compartilhando com seus filhos, podem
organizar melhor os critérios a serem adotados. Esta é uma forma de ensinar
planejamento financeiro aos filhos. As despesas fixas não podem ultrapassar
80%, porque sempre surgem eventuais e coisas não planejadas como o conserto
12

ou compra de um eletrodoméstico, o conserto do carro, uma doença, consulta


médica ou remédio. O imprevisto sempre surge.

5. Mordomia – De certa forma não precisaria falar sobre isto, já que o assunto é a
vida do pastor, mas lamentavelmente existem pastores que são infiéis quando o
assunto é a contribuição para a obra de Deus.

Pastores lamentavelmente tendem a se tornar pessoas pouco generosas com


seus recursos e muitas vezes infiéis quando o assunto é dinheiro. Não entregam
seus dízimos, não investem em missões, mas a verdade é que Deus pede de nós
a nossa fidelidade. “Honra ao Senhor com teus bens, e se encherão fartamente
os teus lagares”.Este é um princípio divino. Muitas vezes ensinamos isto, mas
será que estamos contribuindo para o reino de Deus? Estamos confiando que
Deus nos dará a provisão? Que ele é, de fato, o Jeová-Jireh?

Baseado nas promessas de Deus, quero perguntar aos pastores que leem este
artigo? Você aplica os princípios da mordomia espiritual na sua vida? Não estou
dizendo que todo aquele que investe no reino nunca passará por privação. Paulo
afirma que tinha aprendido a viver contente em toda e qualquer situação, tanto
de fartura quanto de escassez. Deus pode, dentro dos seus eternos e misteriosos
decretos, permitir que tenhamos necessidade, para aprender a confiar nele e na
sua provisão. Quando entrego o dízimo, estou dizendo a Deus que confio nele, e
apenas nele, para a minha provisão. Daí para a frente, a responsabilidade do
meu sustento é do próprio Deus, que me pede fidelidade, e a melhor medida da
fidelidade não é o quanto eu dou, mas o quanto retenho, e tempos de escassez,
na verdade, me desafiam a demonstrar minha confiança no seu caráter e na sua
provisão.

5. Riscos – Podemos falar de alguns riscos quanto o assunto é o dinheiro.

a. Competição – Alguém afirmou que o pastor muitas vezes é alguém que vive como
rico, sendo pobre. Muitas vezes as igrejas possuem boa casa pastoral, dão um
bom veículo para as atividades do pastor, dão presentes que nos fazem pensar
que somos ricos. Mas a competição com os vizinhos ou membros da igreja podem
nos tornar descontentes e insatisfeitos, ou mesmo equivocados em relação ao
salário que realmente ganhamos. Cuidado!

b. Ostentação – Inimigo da modéstia. Nos leva a dar a impressão aos outros que
temos o que não temos. Compramos coisas que não precisamos, com dinheiro
que não temos para impressionar pessoas que não gostamos. Muitos pastores e
esposas já caíram nesta tentação.
13

c. Prestação – Outro inimigo comum não apenas dos pastores mas do povo
brasileiro. Com o advento das prestações do cartão de crédito, não fazemos conta
de quantas pequenas prestações, que se tornam um grande volume, assumimos
sem planejar corretamente. Se você está sempre pegando o 13º salário
adiantado, vale a pena refletir sobre o que tem levado você a consumir o que
ainda não deveria estar recebendo.

d. Retenção – outro perigo, mas do lado oposto. Se de um lado é comum


encontrarmos o perdulário, desorganizado e gastador, podemos assumir uma
atitude de avareza em relação aos nossos bens. Não entendemos que Deus nos
tem dado não apenas para comer, mas também para plantar. “Ora, aquele que
dá semente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e aumentará a
vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça” (2 Co 9.10). O pão é
para comer, mas a semente é projeto de fé. É preciso semear acreditando que o
Pai celestial dará colheita abundante.

Conclusão

Pastores precisam cuidar de sua saúde. Saúde envolve a forma como lidamos
com nosso bem estar físico, emocional, espiritual, mental e financeiro. Estas
áreas, atingem a família e a igreja, e geram a homeostase ou equilíbrio tão
necessário para gerar o que chamamos de bem estar. As coisas se harmonizam.
Isto se reflete na igreja que passa a respeitar mais o seu pastor, isto orienta a
vida.

Por isto precisamos urgentemente de cuidar de nossa saúde, não apenas


doutrinária, mas pessoal. Deus planejou isto para cada um de nós e orientou na
sua palavra os princípios necessários para vivermos uma vida mansa e tranquila,
que lhe agrada.

Samuel Vieira

Pastor Titular da 1aIPB de Anápolis, GO

Potrebbero piacerti anche