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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV JACOBINA


CURSO DE LETRAS, LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS
CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO TEXTO LITERÁRIO
SEMESTRE 2019.1
DOCENTE: Paulo André Carvalho Correia
DISCENTE: Jobervan Rios Evangelista Filho

RESUMO

JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? São Paulo: Parábola, 2012. p. 55-112.

No capítulo “O sentido em todos os seus estados”, Vincent Jouve afirma que toda
obra cultural é portadora de sentido e, portanto, também a literatura. Para o autor, a
singularidade do literário habita em sua especificidade e valor. Demonstra também que a
própria análise do texto literário comporta ambiguidades e indefinições, e tenta dirimi-las
a partir da concepção de Umberto Eco sobre os sentidos do texto literário.
Sob o viés da primeira noção, a do “sentido pretendido”, interpretar um texto seria
sondar qual a intenção do autor dentro da obra. Vincent Jouve menciona o "método das
passagens paralelas" de A. Compagnon e o "círculo hermenêutico" de Dilthey como
métodos da crítica voltados para o sentido pretendido, o que demonstraria uma visão de
mundo própria do escritor. Afirma que apreender o contexto da enunciação é fundamental
para atingir este sentido pretendido. Todavia, ao citar as "obras abertas" – aquelas que
não tem um fim semântico ou uma "intenção de significação" – Jouve evidencia que esta
busca não é simples, chegando até mesmo a questionar a apreensão de um sentido
intencional, dado que o autor não domina todo o processo de construção nem o resultado
disso; daí porque se falar no perigo de se recair em um processo de "adivinhação".
Jouve chama a atenção para uma leitura que busca a intenção e outra que é feita
após descobrir-se um projeto, associando aquela a leitores diletantes e esta a leitores
"profissionais"; ademais, afirma que se tratam de situações diferentes e independentes. A
partir de então, passa a lidar com a noção do “sentido percebido”, começando por afirmar
que o sentido pode ser visto como uma construção (parcial ou integral) do leitor. O autor
afirma então que cada leitura seleciona o sentido de um texto, de forma parcial e
consciente, evocando como reforço desta tese a noção de "pluralização do texto" de M.
Charles a partir de leituras e releituras.
Todavia, Jouve chama a atenção para que mesmo parciais e incompletas, as
leituras não são nem inteiramente subjetivas, nem inteiramente relativas, apesar de se
basearem no universo de expectativas do leitor e de uma "norma social e coletiva". O
autor passa então a problematizar a perspectiva da total ausência de sentido imanente ao
texto, mencionando a teoria da "desconstrução" de Derrida e suas implicações.
Como críticas à perspectiva da não alcançabilidade do sentido, o autor cita o
caráter “autorrefutante” postulado por Schaeffer, além de apontar um “construtivismo
radical” como precursor desta compreensão, que resulta em um problema mais filosófico
que propriamente literário (o problema da apreensão do "real em si"). Assim, Vincent
Jouve se posiciona afirmando existir sim um sentido próprio ao texto que – mesmo
parcialmente – pode ser objetivamente apreendido.
Vincent Jouve cita então os "atos de fala indiretos" (ironia e metáfora, por
exemplo), para fundamentar a existência de tal sentido objetivo do texto. O autor
estabelece que a percepção do sentido literal é uma fase necessária de qualquer processo
de interpretação, dado que permite o acesso a algo que lhe é preexistente. Defende
também que a própria reconstrução crítica a partir da interpretação de um texto é
argumento em favor da existência de um sentido objetivo, dado que a seleção pressupõe
o reconhecimento das partes. Jouve estabelece então uma relação direta entre o tamanho
de um texto (e as informações presentes neste contexto imediato) e a dificuldade de
interpretá-lo: quanto menor um texto, mais difícil e plural se torna a interpretação.
De todo modo, fazendo-se uso da distinção entre "sentido" e "significação"
estabelecida por E. D. Hirsch, o autor defende que a existência de um sentido literal
objetivo no texto não anula o papel do leitor, mas sim "prolonga" e baseia todas as
possibilidades de interpretação. Por fim, Jouve estabelece que a querela acerca do sentido
objetivo de um texto literário, em oposição a textos descritivos (como bulas e manuais),
advém da especificidade estética daquele. Afirma, então, que o caráter estético de um
objeto se determina, em primeiro lugar, a partir da atividade contemplativa do "leitor", e
em segundo lugar, pelo fato de a atividade de apreensão estética de um objeto estar ligada
à obtenção de prazer. Assim, afirma ser por esta razão que, pelo texto literário ser também
um objeto estético, a determinação de seu sentido ter se tornado menos frequente que a
busca por prazeres obtidos a partir da leitura.
Em seguida, Jouve demonstra que uma vez que o sentido do texto não se confunde
nem com a pretensão do autor, nem com a projeção do leitor, põe como proposta
investigar a "intenção do texto" – ou seu “sentido manifesto”.
A partir de então, Vincent Jouve vai de encontro às manifestações de A.
Compagnon e Schaeffer quando tentam "salvar" a intenção do autor afirmando ser o
produto final do processo criativo uma manifestação do mesmo. Afirma, portanto, que a
"intenção do texto" refere-se a algo distinto daquilo que o autor tinha em mente antes de
criá-lo. Acrescenta que no processo de leitura/interpretação não se cogita de fato sobre as
intenções do "autor real", mas sim de um "autor modelo" construído a partir das
informações colhidas no próprio texto (desta forma, a sondagem interpretativa estaria
afeita a uma ficção, que nada mais seria que a intenção do próprio texto). Portanto, para
Jouve, o interesse em um texto está no que é objetivamente significado, e não naquilo que
o autor pretendeu significar.
A partir de então, o autor problematiza como identificar tal sentido objetivo do
texto, esclarecendo que o texto literário tem por princípio uma obliquidade de dizer o que
se pretende (a tendência à manifestação velada e indireta a partir dos fatos). Desse modo,
torna-se duplamente difícil a tarefa nesta modalidade textual, tanto por ser necessário
saber do que o texto fala quanto por identificar o que ele nos diz. A partir desta
constatação, o autor passa a demonstrar praticamente, a partir de uma novela de
Maupassant, de que maneira pode se processar a interpretação e leitura do "sentido
manifesto" de uma obra literária.
Com a novela "La Parure", de Maupassant, Vincent Jouve demonstra múltiplas,
possíveis e irrefutáveis interpretações da obra literária (desde uma fábula moral, passando
por uma denúncia política e uma análise psicológica até uma reflexão sobre a própria
impossibilidade da leitura). O autor assevera que esta dificuldade em conciliar a
significação e o texto literário advém de sua própria natureza (uma obra de arte), e para
compreender melhor a dimensão semântica deste objeto se propõe, no capítulo
subsequente, a analisar as condições da criação artística.
Desta forma, em “A significação artística”, Vincent Jouve começa por analisar a
arte – e por extensão o texto literário – a partir de seu processo de criação. Faz uso, para
tanto, de duas características "triviais" e "dificilmente contestáveis" deste processo, quais
sejam: a finalidade da obra de arte e a ausência de domínio completo por parte do artista
daquilo que faz. Assim, Vincent Jouve aponta que a primeira característica está ligada à
finalidade atribuída à obra de arte de proporcionar prazer estético, o que diferenciaria o
"contrato de leitura" do texto literário do “contrato” do texto científico (cuja finalidade é
informar precisamente). Deste modo é que Jouve discorda mais uma vez de Schaeffer e
de uma visão pragmática do texto literário.
Quanto à segunda característica, Vincent Jouve afirma que os autores de obras
artísticas não têm condições de dominar todo o processo criativo, mesmo que
determinados por questões históricas, políticas e sociais. Deste modo, aduz que por tais
características a obra de arte é um espaço de expressão que tem por excelência a liberdade
e a inconsciência (relativa) de seus fins: por não ter compromisso com a significação
objetiva é que seu conteúdo se torna tão relevante.
Após analisar o campo de elaboração e suas implicações para o sentido, Vincent
Jouve passa a tratar das especificidades do campo da significação nas obras de arte:
diverso, não inteiramente conceitualizado e como expressão de dimensões do humano.
Quanto à especificidade do "diverso", Jouve fundamenta que todo texto exprime
simultaneamente algo de intencional (sinal) e algo relativo à época, condições e
desdobramentos do texto (sintoma). Defende, todavia, que o texto literário constitui-se
essencialmente pelo caráter de "sintoma", dado que diz além (e até o oposto) do que
aparentemente está à vista. A indeterminação do sentido de um texto literário seria, para
o autor, o próprio atestado de seu valor artístico, assim como seu caráter multidisciplinar
e rico em saberes. Todavia, Jouve deixa o alerta de que o sentido de um texto é passível
de "reatualização", e não de "reinvenção" a partir de diferentes públicos.
Quanto à parcialidade de conceitualização do sentido do texto literário, o autor
demonstra que esta obra artística cria um objeto que só posteriormente poderá ser
significado, em especial pelo trabalho do crítico (semelhante ao do cientista natural).
Vincent Jouve aponta que a conceitualização do sentido de uma obra está sujeita aos
avanços teóricos de outros campos do conhecimento humano (psicanálise, marxismo,
etc.), e que cada perspectiva crítica possibilita uma atualização válida do sentido posto e
aberto a interpretações em um texto literário.
A última especificidade levantada por Vincent Jouve reside na capacidade da obra
artística (e literária) de exprimir e refletir aspectos diversos da intimidade e subjetividade
humanas; isto se deve, segundo o autor, pelo caráter sem finalidade definida e sem
restrições da obra literária, o que permite diferentes recepções determinadas por múltiplos
aspectos constitutivos do sujeito. O autor aponta, todavia, que estas constatações na
ordem do sentido não apagam a importância da forma, mas sim redefine-a.
Deste modo, o autor defende que no texto literário (e nas obras de arte no geral) a
forma não pode ser desvinculada do "discurso", tendo ela influência direta no sentido. Do
mesmo modo, defende que mesmo que a forma tenha perdido seu "impacto estético",
deve ser levada em consideração como determinante na construção do sentido de um
texto. Para fundamentar esta noção, Vincent Jouve faz uso da noção de "exemplificação"
– literal e metafórica – abordada por N. Goodman, sendo esta noção aspecto fundamental
da obra de arte. Exemplificar, portanto, tanto literalmente quanto metaforicamente
(exprimir) passa pela maneira como este processo está disposto no texto. Com essa
relação direta, Jouve defende ser a “forma” uma quarta característica do sentido literário.
Seguido a esta digressão sobre as características do texto literário, Vincent Jouve
faz a análise do poema "El Desdichado", de Nerval, para demonstrar de que maneira a
obra pode ser vista como sinal, como sintoma, e como marcada pelos aspectos formais.
Todavia, ao fim do escrutínio, chama a atenção para o aspecto emotivo do texto literário.
Vincent Jouve afirma que não é inequívoco que a emoção é indispensável para constituir
a obra artística, afirmando que a emoção por si só não é capaz de atestar a condição
artística de algo. Assim, a partir de N. Goodman, atesta que a emoção serve apenas como
um índice (fator cognitivo) para entender como a obra significa, e que portanto a emoção
não teria valor por si mesma para o texto literário.
Apesar das discussões em torno desta concepção, Vincent Jouve se concentra em
distinguir a emoção manifesta (aquela à qual o texto se refere; componente do texto;
promotora do "colorido emocional" da literatura) da emoção sentida (produzida no leitor;
experiência subjetiva). O autor contrapõe a experiência literária subjetiva (Proust) que
valoriza a emoção sentida à experiência literária por erudição, que mesmo não
valorizando-a, faz com que a emoção do texto literário persista, dado que a emoção
manifesta é parte constitutiva de uma obra. Nesse sentido, estes dois polos emotivos de
um texto literário dizem respeito, respectivamente, tanto ao autor quanto ao leitor.
Outro aspecto relevante da emoção na obra artística levantado por Vincent Jouve
é a relação entre o lugar que ela ocupa a partir do tempo que separa leitor e autor: em
obras do passado persiste o aspecto da emoção objetiva, enquanto obras contemporâneas
ao leitor equilibram a emoção sentida e a manifesta pelo autor. Desse modo, Jouve conclui
que a emoção tem inicialmente (e não exclusivamente) um interesse cognitivo na maioria
das obras literárias.
Por fim, Vincent Jouve se propõe a distinguir três operações a partir da leitura de
uma obra literária, sendo elas: 1) Entender: identificar o sentido literal de um texto, o
“sentido linguístico”, denotativo, que permite uma relação entre o real e a ficção (valor
partilhado e referencial); 2) Interpretar: depreender significações sintomáticas a partir da
forma e configuração (não só a nível do referente) e relacionar componentes do texto (de
ordem lógica, opositiva, repetitiva, paralela, etc.); e 3) Explicar: indicar as causas
(intencionais e não-intencionais) dos conteúdos atualizados, processo facultativo e
independente da interpretação.

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