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MAIS AMOR E MENOS CONFIANÇA

ANÁLISE ESTILÍSTICA DO CONTO “GUARDADOR” DE JOÃO ANTÔNIO

Ana Beatriz Manier Castro Manier

Resumo
Escritor contemporâneo, João Antônio Ferreira Filho enriquece a cena literária brasileira
durante três décadas, desde os anos de 1960 até meados da década de 1990. De origem
humilde e com olhar aguçado voltado para o povo e em especial para o marginalizado, esse
contista narra as experiências cotidianas dos menos afortunados, dando-lhes visibilidade
aos olhos da sociedade. Este trabalho busca analisar o conto “Guardador” de João Antônio
dentro de uma perspectiva literária que engloba aspectos sociológicos e psicológicos de seu
personagem como elementos agregadores do texto literário, sem prejuízo à sua estrutura.

Palavras-chave: Guardador; João Antônio; aspectos sociológicos e psicológicos; estrutura


textual.

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo analisar o conto “Guardador” do escritor


João Antônio sob uma perspectiva estilística literária. Apesar do traço marcante da obra de
João Antônio constituir-se da tentativa de humanização de seus personagens
marginalizados, dando-lhes, assim, visibilidade como cidadãos, não há aqui intenção de se
fazer uma análise sociológica ou psicológica da relação entre protagonista e sociedade. A
análise que se segue tem como base os recursos narrativos e linguísticos usados pelo autor
na exposição dos explícitos e implícitos de sua literatura, assim como a forma como
trabalha seu lirismo e sua pressuposta intenção de comover o leitor.

[...] antes, procurava-se mostrar que o valor e o significado de uma obra


dependiam de ela exprimir ou não certo aspecto da realidade, e que este


Autor: Licenciatura e Bacharelado em Letras, pela Universidade Estácio de Sá – Nova Friburgo/RJ.

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aspecto constituía o que ela tinha de essencial. Depois, chegou-se à
conclusão oposta, procurando-se mostrar que a matéria de uma obra é
secundária e que a sua importância deriva das operações formais postas
em jogo, conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna de fato
independente de quaisquer condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de compreensão. (CANDIDO,
2000)

Contextualizando João Antônio na literatura brasileira

Autor contemporâneo, João Antônio atua como escritor no período entre as décadas
de 1960 e 1990.
Apesar de vivenciar o período de poder ditatorial no Brasil, as tensões, os rigores e
a falta de liberdade próprios da época não constituem o foco de sua narrativa. Sob grande
influência do que se chama, na literatura brasileira, de Romance Social, João Antônio,
seguindo a linha de escritores como Lima Barreto e Alcântara Machado, surge como
contista dos socialmente marginalizados, habitantes do submundo das grandes cidades,
atribuindo-lhes humanidade. “O submundo de João Antônio é, sobretudo, um recorte
social, define-se como um grupo à margem [...]. Os protagonistas predominantes da obra
de João Antônio são mesmo os anti-heróis, jogadores, rufiões, merdunchos e prostitutas.”
(LACERDA, 2006)
João Antônio Ferreira Filho, natural da cidade de São Paulo, nasceu em 27 de
janeiro de 1937. Filho de emigrante português − caminhoneiro, dono de botequim − e mãe
carioca, dona de casa semianalfabeta, morou em “quase favelas” (LACERDA, 2009) na
periferia paulistana.
Desde os oito anos trabalhava para ajudar a família, inicialmente no comércio do
pai e depois na posição de balconista, caixeiro viajante, office-boy e almoxarife em
diversas empresas.
Leitor assíduo, nunca deixou de estudar, embora o tenha feito com um pouco de má
vontade no que dizia respeito ao estudo formal.
Aos doze anos, em 1949, publicou alguns contos em um jornal infanto-juvenil, O
Crisol. Aos dezessete anos, em 1954, como prêmio em um concurso de literatura, publicou
seu primeiro conto adulto, “Um preso”, no jornal O Tempo. No mesmo ano, começa a

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frequentar os salões de sinuca e a boemia paulista. Nos anos seguintes, ganha outros
concursos e tem mais contos publicados em diferentes jornais. Escreve sem parar. Ao
terminar o segundo grau, ingressa na faculdade de jornalismo, praticamente a interrompe
para servir ao exército, voltando depois para concluir o curso.
Em 1963, lança seu primeiro livro de contos Malagueta, Perus e Bacanaço, com a
reescrita de originais queimados durante um incêndio em sua casa, em agosto de 1960.
“Finalmente, o livro estava na rua. O menino de origem humilde e pouco dado ao estudo
formal, contra todos os obstáculos sociais e familiares, virara um escritor.” (LACERDA,
2009)
Ainda na década de 1960, João Antônio muda-se para o Rio de Janeiro e começa a
trabalhar no Jornal do Brasil. Em sequência, ingressa na revista Manchete e no Pasquim.
Dividindo a vida entre São Paulo e Rio, começa também a narrar a vida cotidiana na
capital carioca. Em 1978, lança Ô Copacabana!, livro de contos no qual narra este bairro
carioca sem visão idealizada. Em 1992, lança o livro de contos Guardador, que recebe o
prêmio Jabuti e cujo conto homônimo é objeto de análise deste trabalho. Em 1996, é
encontrado morto em seu apartamento em Copacabana.

O mestre Lima Barreto

Impossível falar de João Antônio sem enfatizar sua grande estima por Lima
Barreto, escritor brasileiro pré-modernista cuja obra voltou-se para o romance social. À sua
memória, dedicou todos os seus livros. Como diz em entrevista ao doutorando André
Vinicius Pessôa:

Em 1970, há mais de 20 anos, eu resolvi ler e estudar Lima Barreto.


Concluí que se tratava não apenas de um dos maiores escritores do Brasil.
Ele, além de escritor, foi homem de pensamento. É impossível hoje você
escrever uma história da inteligência brasileira sem passar pela figura de
Lima Barreto. Todos os grandes problemas brasileiros já estavam
expostos na sua obra, como, por exemplo, a questão fundiária. Eu tenho
por Lima Barreto não só uma admiração, mas um dever de gratidão por
ele ter me aberto os olhos para uma porção de coisas sobre a natureza
deste país. É um escritor muito forte, o maior romancista da chamada
República Velha. Um escritor que sempre contrariou o estabelecimento,

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uma figura muito autônoma e independente. Ele foi um dos primeiros
negros assumidos na história do país. Morreu aos 41 anos sem dinheiro
para o enterro, foi ajudado por amigos. Deixou 17 livros. Eu tento, de
uma maneira ou de outra, reverenciá-lo, dedico todos os meus livros a
ele. (PESSÔA, 2009)

O Conto

Com alterações no foco narrativo, ou seja, ora narrado na terceira pessoa, ora na
primeira, assim como utilizando-se de discurso direto, indireto e indireto livre, o conto
Guardador nos dá o vislumbre da rotina de um flanelinha, nas ruas de Copacabana, nos
idos anos de 1990.
Jacarandá é seu nome, madeira forte, resistente, em contraste com a falta de
importância atribuída à sua existência como indivíduo. É um flanelinha, função que, aos
olhos da sociedade, torna-o membro impessoal de uma coletividade por ele representada:
vagabundos oportunistas que, em vez de procuraram emprego formal, visam apenas
extorquir dinheiro dos motoristas sob a possível ameaça não verbalizada de lhes danificar o
carro.
Mas, para João Antônio, Jacarandá não se resume a apenas isso. É um ser humano
com angústias e reflexões; acima de tudo, com dignidade.
Com um estilo peculiar de narrativa que privilegia a informalidade da língua oral
em detrimento da formalidade da língua escrita, tanto na voz do personagem como na do
próprio narrador onisciente − que a toda hora se mesclam − João Antônio diminui a
distância entre dois mundos paralelos: o mundo do marginalizado que vive na ruas e dela
tira seu sustento e o mundo do cidadão comum, que tem emprego fixo, família ou, ao
menos, uma casa para a qual voltar.
O uso de coloquialismos e de alguns desvios de linguagem, no entanto, não nos
priva de reconhecer seu domínio da arte do bem escrever narrativo. João Antonio estrutura
bem seus textos, tem conhecimento amplo da língua brasileira e faz uso de retidão
gramatical e vocabular nos momentos necessários, em prol de coerência e coesão.
Usa e abusa de figuras de linguagem, o que confere grande carga expressiva ao seu
texto. Não faz menção a parábolas bíblicas, a clássicos da literatura estrangeira ou
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nacional, nem à filosofia greco-romana, tampouco dialoga com saberes teóricos de grandes
pensadores, cita, contudo, os dizeres, as crenças e os saberes do povo − o que faz com
maestria.

A rua ruim de novo.


Abafava de quente, depois de umas chuvadas de vento, desastrosas e
medonhas, em janeiro. Desregulava. Um calorão azucrinava o tumulto, o
movimento, o rumor das ruas. Mesmo de dia, as baratas saíam de tocas e
escondidos, agitadas. Suor molhava a testa e escorria na camisa dos que
tocavam pra baixo e pra cima.
O toró, cavalo do cão, se arrumava lá no céu. Ia castigar outra vez, a
gente sentia. Ia arriar feio.
Dera, nesse tempo, para morar ou se esconder no oco do tronco da
árvore, figueira velha, das poucas ancestrais, resistente às devastações
que a praça vem sofrendo. (ANTÔNIO, 1994)

As frases curtas e secas, as hipérboles (chuvada, calorão, toró, cavalo do cão), a


escolha lexical típica das ruas − gíria da malandragem − as sequências de termos de valor
negativo (ruim, abafava, chuvada, desastrosa, medonha, desregulava, calorão, azucrinava,
tumulto, toró, castigar, arriar feio, velha, devastações, sofrendo), nos aproximam da rotina
de quem vive nas ruas e das ruas, exposto às mudanças climáticas e ao tumulto; a imagem
de baratas saindo agitadas de tocas e escondidos nos levam a imaginar o cenário onde se
desenrolará a narrativa.
Aqui quem nos fala é o narrador, pessoa presente, testemunha ocular do que fala,
que se expressa com propriedade e objetividade. Narrador que não está ali contando a
cidade de forma utópica/idealizada, mas contando o que há, o que vê, o que sente.
Narrador e personagem muitas vezes se fundem durante o texto, aumentando a
sensação de veracidade dos fatos.
A origem humilde de João Antônio lhe proporcionou acesso ao modo de vida das
baixas camadas sociais, ao submundo dos marginalizados. Era neste (sub)mundo que se
sentia à vontade. “A convivência que ele fazia questão de cultivar com jogadores,
prostitutas e boêmios, será decisiva na concepção de seus textos”. (MARTIN, 2008).
No Rio de Janeiro, morando em um apartamento na Praça Serzedelo Correa, em
Copacabana, convivia com a decadência do bairro, com o contraste entre a Copacabana

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cantada em verso e prosa e a Copacabana real, abafada, agitada, suja, cheia de baratas,
cujas calçadas serviam de lar e ganha-pão para muitos miseráveis.

Tenta a vida naquelas calçadas.


Pisando quase de lado, vai tropicando, um pedaço de flanela balanga no
punho, seu boné escorado lembra restos de carnaval. E assim sai do oco e
baixa na praça. (ANTÔNIO, 1994)

É nas calçadas desta Copacabana que João Antônio nos apresenta seu personagem,
ainda sem nome, que “tenta” − diferentemente de “ganha” − a vida nas calçadas. A
descrição de seu andar e de seus gestos logo nos passa a impressão de desequilíbrio, de
efeito de álcool. Acrescente-se a isso a informação de que o personagem mora ou se
esconde no oco de uma figueira velha e, de lá, “baixa na praça”, podemos deduzir que esse
personagem não tem acesso a um espaço fixo nem descente como moradia, vive no oco. A
rua é sua casa.
Da casa, sai para cumprir o expediente de trabalho. Para ele, como ficará mais claro
logo adiante no conto, é um trabalhador; as pessoas as quais aborda, fregueses. Vejamos:

Só no domingo, pela missa da manhã, oito fregueses dão a partida sem


lhe pagar. Final da missa, aflito ali, não sabe se corre para a direita ou
para a esquerda, três motoristas lhe escapam a um só tempo.
Flagrado na escapada, um despachou paternal, tirando o carro do ponto
morto:
− Chefe, hoje estou sem trocado.
Disse na próxima lhe dava a forra.
Chefe, meus distintos, é o marido daquela senhora. Sim. Daquela santa
mulher que vocês deixaram em casa. Isso aí – o marido da ilustríssima.
Passeiam e mariolam de lá pra cá num bem-bom de vida. Chefe, chefe...
Que é que vocês estão pensando? Mais amor e menos confiança.
(ANTÔNIO, 1994)

Com sua narrativa, o autor nos permite ver a agilidade e aflição do personagem na
cena que transcorre, “o dinamismo característico do texto de João Antônio”. (ESTEVES,
2006). Corre para um lado e outro, oito já lhe escaparam, outros três escapam juntos, é
preciso correr. Quando um dos “fregueses” é flagrado na escapada, segue-se uma
interlocução interessante e carregada de significado. A escolha do vocativo “chefe”, usado

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de forma paternal pelo “freguês fugitivo”, esboça uma consideração que, via de regra, não
existe por parte dos motoristas, quando abordados por flanelinhas.
A reação do guardador, expressa em forma de pensamento, deixa claro que ele
percebe a tentativa de logro por parte do motorista; mais ainda, a seu ver, percebe a falta de
respeito para com sua pessoa. “Mais amor e menos confiança” é o que pensa e o que
poderia ser traduzido como um lembrete de que ele, guardador, também tem dignidade:

Mas um guardador de carros encena bastante de mágico, paciente, lépido


ou resignado. Pensa duas, três vezes. E fala manso. Por isso, Jacarandá
procura um botequim e vai entornando, goela abaixo, com lentidão
necessária à matutação. Chefe... O quê! Estão pensando que
paralelepípedo é pão de ló?
− Assim não dá.
Havia erro. Talvez devesse se valer de ajudante, um garoto molambento,
mas esperto dos descidos das favelas, que mendigam debaixo do sol da
praça, apanham algum trocado, pixulé, caraminguá ocioso e sem
serventia estendido pela caridade, inda mais num domingo.
Que dão, dão. Beberica e escarafuncha. Difícil saber. Por que as pessoas
dão esmola? Cabeça branquejando, o boné pendido do lado reflete
dúvidas.
Três tipos de pessoas dão. Só uma minoria – ninguém espere outro
motivo – dá esmola por entender o miserê. Há a maior parte, no meio,
querendo se ver livre do pedinte. O terceiro grupo, otários da classe
média, escorrega trocados a esmoleiros já que, vestidos direitinhamente,
encabulariam ao tomar flagra em público – são uns duros, uns tesos. Para
eles, não ter cai mal. Se é domingo, pior. Domingo é ruim para os bem-
comportados. (ANTÔNIO, 1994)

Nas primeiras linhas do extrato acima, vê-se o claro confronto entre a resignação
aparente e necessária e a raiva genuína do personagem pelo motorista, seguido de uma
sensação de impotência, de exclusão e de desmoralização que o leva a beber. O uso de
sequências de sinônimos (trocado, pixulé, caraminguá ocioso; duros, tesos) reforça a
expressividade dos sentimentos. “A sonoridade das palavras, em João Antônio, têm um
valor expressivo em si, independente. [...] João Antônio insiste em enumerar dezenas de
sinônimos numa frase, siderado pelos ecos de cada um.” (LACERDA, 2006)
A vida é dura, paralelepípedo, pedra quente e forte, não é pão de ló, massa leve e
macia, como conclui o personagem. Em seguida, um momento de quase desistência, de
constatação de que alguma coisa precisa mudar: “havia erro”. O próprio boné reflete

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dúvidas, diz o narrador, fazendo uso do recurso da prosopopeia. Talvez fosse melhor
contar com a ajuda de meninos de favela, desses que estão acostumados a viver de
esmolas, porque ele, o guardador, já tem a cabeça branquejando e não lhe sobra muita
energia para trabalhar.
Na reflexão de Jacarandá e, indiretamente, do próprio autor, só grande minoria das
pessoas entende a miséria e olha para os miseráveis como pessoas que também sofrem e
têm sentimentos. “Tenho uma atração muito grande pelo que é do povo. São pessoas de
grande qualidade e, ao mesmo tempo, com grandes sofrimentos. Eu só gosto dessa gente.
O popular me chama, me atrai muito.” (PESSÔA, 2009). Para a grande maioria, a miséria é
indiferente, tudo o que querem é que a pobreza desapareça de suas vistas. Para a classe
média, que vive de aparências e precisa ostentar mais do que tem, ser melhor do que é, a
esmola é cedida por vergonha de passar a impressão de não se sensibilizar ou não ter
condições de doar. Nos parágrafos a seguir, a constatação de Jacarandá:

Apesar da pinga, esses pensamentos não o distraem de suas necessidades


cada vez mais ruças, imediatas. Se trabalhou, guardando-lhes os carros,
por que resistem ao pagamento da gorjeta? Eles rezando na Catedral e,
depois, saindo para flanar. Teriam dois jeitos de piedade – um na
Catedral, outro cá fora? Chamou nova uca para abrir o entendimento.
Muita vez, batalhando rápido nas praças e ruas, camelando nos arredores
dos hotéis e dos prédios grandes no centro, no aeroporto, na rodoviária,
notou. Ele era o único que trabalhava.
Muquiras, muquiranas. Aos poucos, ondas de álcool rondando a cabeça,
capiscou. Os motoristas caloteiros e fujões, bem-vestidinhos, viveriam
atolados e amargando dívidas de consórcio, prestações, correções
monetárias e juros, arrocho, a prensa de taxas e impostos difíceis de
entender. Mas tinham de pagar e não lhes sobrava o algum com que soltar
gorjeta ao guardador. Isso. O automóvel sozinho comia-lhes a provisão.
Jacarandá calculou. Motorista que faça umas quatro estacionadas por dia
larga, picado e aí no barato, um tufo de dinheiro no fim do mês.
Vamos e venhamos. Se não podiam, por que diabo tinham carro? O
portuga diz que quem não tem competência não se estabelece. Depois, a
galinha come é com o bico no chão. (ANTÔNIO, 1994)

Bastante significativa aqui a fala do narrador, que principia o parágrafo com uma
oração adversativa: “Apesar da pinga...”. Apesar do álcool e da imagem de fuga, de
malandragem e de desmoralização a que a bebida remete, Jacarandá pensa, raciocina,
reflete: é dos poucos que trabalha, merece pagamento e não que os motoristas lhe fujam.
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Por outro lado, mesmo reconhecendo/criticando a vida de aparências de parte da sociedade,
não lhe escapa que ela também enfrenta dificuldades financeiras. Contrai dívidas de
consórcios, prestações, correções monetárias, juros e impostos que, apesar de não fazerem
parte de sua vida, sabe que existem. O carro, aqui personificado, “come-lhes” a provisão.
De tão mergulhados em dívidas, as pessoas não têm trocados que possam ceder e deixar de
contabilizar como despesa no final do mês. Nas entrelinhas, o personagem sabe que todos
têm dificuldades.
A nós, leitores, esta reflexão pode até surpreender, parecer-nos romantizada – pois
achamos que ali se encontra apenas um oportunista −, mas, para o guardador, e, por
conseguinte, para o próprio autor, a reflexão é séria, tem fundamento, é tão séria a ponto de
o personagem dizer a si para não mais pensar no assunto, sob o risco de tornar-se
compreensivo e complacente com relação ao outro. Sob o risco de enfraquecer.
Uma grande novidade na temática de João Antônio, desde seu primeiro livro, é a
valorização da humanidade de seus personagens. “Por certos momentos, de tão „humanos‟
chegam a ser idealizados e romantizados. Empresta-se a eles um lirismo que transcende
sua vida corrompida e os dignifica.” (LACERDA, 2006). É o que se pode ver em:

Tomar outra, não enveredar por esses negrumes. Nada. Corria o risco de
desistir de guardador. Ele sabia na pele que quem ama não fica rico. E, se
vacilar, nem sobrevive. Para afastar más inclinações, pediu outra dose.
(ANTÔNIO, 1994)

No entanto, como parte integrante de um sistema capitalista e impiedoso, o


guardador retorna à postura crítica anterior, não hesitando sair em defesa própria e deduzir:
“quem ama não fica rico” e “quem não tem competência não se estabelece”. Para não
enfraquecer e não correr o risco de abandonar a profissão, embriaga-se mais.

À tarde, houve futebol; suaram debaixo de um sol sem brisa. Ele e mais
um magrelo de uns oito anos, cara de quinze. A sorte lhes sorriu um
tanto; guardando uma fileira de carros no estádio, levantaram uns trocos,
o crioulinho vivaço levou algum e o homem foi beber. Havia se feito um
ganho. Quando a peça não tem o que fazer, não tem nada o que fazer.
Já não tem gana, gosto. E nem capricho; acabou a paciência para amigos
ou auditórios. Distrações suas, se há, vêm das necessidades e dos apertos.
Não que o distraiam; certo é que o aporrinham. Depois, não é de
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lamentações; antes, de campanar. Nem joga dominó ou dama, a dinheiro,
com os outros, enfiados na febre dos tabuleiros da praça na sombra das
mangueiras. Mas que espia, espia, vivo entendedor. Goza com os olhos os
lances errados dos parceirinhos bobos. (ANTÔNIO, 1994)

Mais uma vez, a bebida como fim, como fuga, como única recompensa pelo
trabalho, pois afinal, o personagem de João Antônio não tem perspectivas, vive uma
realidade que lhe acumula desprezo e desmoralização. Não tem para onde ir, é “desfixado”,
vive na rua. “As personagens de João Antônio só teriam a compartilhar essas experiências
„radicalmente desmoralizadas‟. Resta-lhes, assim, a solidão, o silêncio, o estar-separado,
ausente de vida comum.” (ESTEVES, 2006).
Fora a bebida, é um personagem sem lazer, sem distração, apenas com necessidades
que lhe ocupam a mente. Não se envolve em jogos, mas deles entende e lança seu olhar
crítico sobre os jogadores, aos quais considera “parceirinhos bobos”, e dos quais extrai um
breve gozo, como veremos a seguir:

Nem sustentava a vitalidade dos guardadores. Bebia, lerdeava, e depois a


hora do almoço largava-se cochilando no oco da figueira. Era acordado
pela molecagem de motoristas gritalhões. Nada de grana e ainda desciam
a língua.
− Pé de cana! Velho vagabundo!
Os cabelos pretos idos e, de passagem, a vivacidade, a espertice, o golpe
de vista, o parentesco que guardadores têm com a trucagem dos camelôs
e dos jogadores de chapinha, dos ventanistas, dos embromadores e
mágicos, dos equilibristas e pingentes urbanos. Subir nos lugares mais
insuspeitados e imprevistos, pular à frente do motorista no momento em
que o freguês não espera. Miraculosamente, como de dentro de um
bueiro, de um galho de árvores, de dentro do chão ou do vão de alguma
escadaria. Saltar rápido e eficiente, limpando com flanela úmida o para-
brisa, impedindo a escapada e cobrando com cordialidade. Ironizar até
com humildade e categoria tratando o cara de doutor. E de distinto.
(ANTÔNIO, 1994)

Outra emoção sutilmente mostrada ao longo do texto de João Antônio é o


ressentimento: Jacarandá se ressente das ruas, do calor, do abafamento; dos motoristas que
não lhe pagam, dos motoristas que lhe pagam apenas para se verem livres dele, sem
entender o que é a miséria; da molecagem e dos outros motoristas que o taxam de

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alcoólatra e de vagabundo, sem terem noção do que é sua vida. Vale relembrar sua
reflexão: “Estão pensando que paralelepípedo é pão de ló?” (ANTÔNIO, 1994)
Os guardadores, o personagem reflete com orgulho, são espertos, quase mágicos,
têm a capacidade de aparecer do nada, de saltar rapidamente na frente do freguês, têm
“truncagem” típica de mágicos. E são cordiais, mesmo que para isso usem de ironiza. Não
agridem os clientes, tratam-nos com categoria. No entanto, ninguém parece perceber sua
destreza e tampouco lhe retribuem a gentileza. Apesar de orgulhoso de si, ressente-se.

Aos trompaços dos anos e minado pelo estrepe dos botequins, ele
emperrara a sua parte dessa picardia levípede.
Havia cata-mendigos limpando a cidade por ordem dos mandões lá de
cima. Assim, no verão; os majorengos queriam a cidade disfarçada para
receber turistas e visitantes ilustres. Os jornais, as rádios e a televisão
berravam e não se sabia se estavam denunciando ou atiçando os
assaltantes e a violência das ruas. Quando em quando, o camburão da
polícia cantava na curva da praça e arrastava o herói, na limpeza da
vagabundagem, toda essa gente sem registro. A gente do pé inchado. Ele
seguia, de cambulhada, em turminha. Lá dentro do carrão, escuro e mais
abafado.
Cambaio, sapatos comidos, amuava e já se achava homem que não
precisava de leros, nem tinha paciência pra mulher, patrão ou amizadinha.
De bobeira, tomava cadeia; saía, de novo bobeava, o metiam num
arrastão.
Lá vai para o xilindró. (ANTÔNIO, 1994)

“Herói”, eis aí, talvez, algo a mais que João Antônio tenha desejado passar para o
leitor, neste conto. Fugindo dos padrões do herói do romance clássico, o herói de João
Antônio não é menos forte, corajoso, hábil ou desimportante que este. Não é um semideus
como os heróis gregos, não é o belo justiceiro como os heróis dos romances de cavalaria. É
o marginalizado que, apesar de todo o sofrimento, todos os infortúnios, segue vivendo.
Sente o peso dos anos, sofre com as desatenções e é massificado, recolhido pelo camburão
da polícia como parte de uma coletividade de vagabundos indesejados. Na cadeia, a
recepção:

− Chegou o velho chué.


No chiqueiro da polícia mofava quinze dias, um mês. Velho conhecido e
cadeeiro, sim, era salvado com zombaria que parecia consideração na fala
dos freges e dos cafofos. Banguelê:
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− Chegou o velho cachaça!
Se entre o pessoal, se os mais moços, se os mais fortes não o
aporrinhavam com humilhações, desintoxicava ali, quieto nos cantos que
lhe permitiam. (ANTÔNIO, 1994)

O uso incessante de comparações que se seguirá pelo conto − aqui “cela” por
“chiqueiro” − denuncia, de forma quase ilustrativa, as condições às quais o personagem
enfrenta. Aqui, agora de forma explícita, o alvo é o poder público e seu descaso. Ser
conhecido por apelidos remete à familiaridade, à reincidência: já foi várias vezes retido
pelo poder público e depois solto, para retornar ao mesmo modo de vida em que se
encontrava. Mais uma vez preso e, consequentemente, desintoxicado, sente novo ânimo:

E tem que, não bebido, volta. É outro. Os movimentos de seu corpo ainda
magro de agora lembram os movimentos do corpo antigo. O verde das
árvores descansa, ah, assobia fino e bem, ensaia brincar com as crianças
da praça. Dias sem cachaça, as cores outra vez na cara, concentra um
esforço, arruma ajudante, junta dinheiro. Quando quer, ganha;
organizado, desempenha direitinho. Nas pernas, opa, uma agilidade que
lembra coisa, a elegância safa de um passista de escola de samba.
Vem carro acolá:
− Deixa comigo. (ANTÔNIO, 1994)

Fora das ruas, no entanto, embora “mofe” na cadeia, como bem metaforiza o autor,
o personagem ganha novo viço. A impossibilidade de beber o faz voltar a tomar as rédeas
de si. Surge um fio de esperança, mesmo em local improvável, de que há ainda vida e
possibilidade de recuperação. Recuperação, porém, de pouca duração:

Mas na continuação, nem semana depois, derrapava. À cana, à uca, ao


mata-bicho. Ao pingão. Fazia o carro; molhava o pé. Fazia mais, bebia a
segunda e demorava o umbigo encostado no balcão. Dia depois de dia
entornando, perdia freguês e encardia, não tomava banho. Ia longe o
tempo em que dormia em quarto de pensão. E nem se lembrava de olhar o
mar. Enfiava-se, se encafuava no oco do tronco da árvore velha, tão
esquecida de trato. Fizera o esconderijo e, então, o mulherio rezadeiro das
segundas e sextas-feiras ia acender suas velas para as almas e para os
santos ao pé de outras árvores. E xingavam quem lhes tomara o espaço.
(ANTÔNIO, 1994)

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Mas João Antônio escrevia sobre o que conhecia, não era um observador distante.
“Eu sou o tipo de escritor que vivencia as coisas sobre as quais escreve” (PESSÔA, 2009).
Seus personagens são frutos do meio, vítimas do determinismo, das “leis naturais‟ −
fundamento das narrativas realistas/naturalistas − de onde, geralmente, não há escapatória.
“O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer
personagens e enredos submeterem-se ao destino cego das „leis naturais‟ que a ciência da
época julgava ter codificado.” (BOSI, 2006). E assim continua o autor:

Dizia-se. Miséria pouca é bobagem.


A praça aninhava um miserê feio, ruim de se ver. A praça em
Copacabana tinha de um tudo. De igreja à viração rampeira de mulheres
desbocadas, de ponto de jogo de bicho a parque infantil nas tardes e nas
manhãs. Pivetes de bermudas imundas, peitos nus se arrumavam nos
bancos escangalhados e ficavam magros, descalços, ameaçadores.
Dormiam ali mesmo, à noite, encolhidos como bichos, enquanto ratos
enormes corriam ariscos ou faziam paradinhas inesperadas perscrutando
os canteiros. Passeavam cachorros de apartamento e seus donos solitários
e, à tarde, velhos aposentados se uniam e tomavam a fresca, limpinhos e
direitos. Também candinhas faladeiras, pegajosas e de olhar mau,
vestidas fora de moda, figuras de pardieiro descidas à rua para a
fuxicaria, de uma gordura precoce e desonesta, que as faziam parecer
sempre sujas e mais velhas do que eram, tão mulheres mal amadas e
expostas ao contraste cruel do número imenso das garotinhas bonitas no
olhar, na ginga, nos meneios, passando para a praia, bem dormidas e em
tanga, corpos formosos, enxutos, admiráveis no todo... também comadres
faladeiras, faziam rodinhas do ti-ti-ti, do pó-pó-pó, do diz-que-diz
novidadeiro e da fofocada no mexericar, à boca pequena, chafurdando
como porcas gordas naquilo que entendiam e mal como vida alheia,
falsamente boêmia ou colorida pelo sol e pela praia, tão aparentemente
livre, mas provisória, precária, assustada, naqueles enfiados de
Copacabana. Rodas de jogadores de cavalos nas corridas noturnas se
misturavam a religiosos e a cantarias do Nordeste. Muito namoro e
atracações de babás e empregadinhas com peões das construtoras. Batia o
tambor e se abria a sanfona nas noites de sábado e domingo. Ou o couro
do surdo cantava solene na batucada, havia tamborim, algum ganzá e a
ginga das vozes mulatas comiam o ar. Aquilo lhe bulia – se a gente
repara, a batida do pandeiro é triste. Ia-lhe o sangue. Os niquelados
agitavam o ritmo, que o tarol e o tamborim lapidam na armação de um
diálogo. (ANTÔNIO, 1994)

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Mais uma vez, Jacarandá, em suas reflexões, encontra certo consolo observando a
situação dos outros à sua volta. “Miséria pouca é bobagem”, conclui, ao ver o contexto no
qual está inserido.
Segue-se no texto uma descrição minuciosa de Copacabana, de seus contrastes
(prostitutas e beatas; jogatina e parques infantis), de sua mistura de classes e costumes que
coexistem num espaço relativamente pequeno. O lado marginal, provinciano, feio, sujo,
libidinoso e antiestético da “princesinha do mar” é denunciado, mostrando a
superficialidade da imagem de cartão-postal. Jacarandá ressente-se e emociona-se: “[...] a
batida do pandeiro é triste.” Segue-se trecho que bem expressa a emoção do personagem:

O vento vindo do mar varria a praia e chegava manso ao arvoredo


noturno. Refrescava.
Os olhos brilhavam, quanto, ficavam longe, antigos e quase infantis numa
lembrança ora peralta, ora magnífica. O samba. Era como se ele soubesse.
Lá no fundo. O que marca no som e o que prende e o que importa é a
percussão. Mas meneava a cabeça, como se dissesse para dentro: “deixa
pra lá”. (ANTÔNIO, 1994)

Emocionado, personagem tem lembranças da infância. São lembranças abstratas,


pouco elaboradas e individualizadas, pois, mais uma vez, têm a ver com uma relação de
coletividade e não de individualidade: o samba, música de todos, com raízes na
marginalidade do povo carioca. Mas lembranças não lhe fazem bem, pois, certamente, não
há para onde voltar, tampouco para onde ir. “Deixa pra lá”, pensa. E, mais uma vez, volta
ao mundo real:

Outra vez. Na noite, o bacana enternado, banhado de novo, estacionou o


carro importado, desceu. Entrou na boate ali defronte, ficou horas. Saiu,
madrugada, lambuzado das importâncias, empolado e com mulher a
tiracolo.
Jacarandá, bebido e de olho torto, vivia um momento em que fantasiava
grandezas, tomando um ar cavalheiresco.
O rico, no volante, lhe estendeu uma moeda.
A peça, altaneira no porre, nem o olhou:
− Doutor, isso aí eu não aceito. Trabalho com dinheiro, com esse produto
não.
Avermelhado, fulo, o homem deu partida, a mulher a seu lado sacudiu, o
carrão raspou uma árvore e sumiu. Pneus cantaram.

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O menino já tinha se mandado, pegara o rumo do morro e, não estivesse
no aceso de um pagode, sambando, estaria dormindo no barraco. Era
hora.
Jacarandá, cabeça alta, falou-lhe como se ele estivesse:
− Xará, eu ganho mais dinheiro que ele. É que não saio do botequim. –
Aí, foi para dentro do oco da árvore, encostou a cabeça e olhou a lua.
(ANTÔNIO, 1994)

Recuperado do breve retorno ao passado, o protagonista volta à atividade. Um


contraste marcante se segue rumo ao fim da narrativa, um confronto direto entre o
personagem marginalizado e outro socialmente favorecido; um verdadeiro embate de
orgulhos e dignidades. Apesar de pobre e excluído, Jacarandá tem noção da própria
existência e, como já mostrado em partes anteriores do conto, não suporta que lhe firam os
brios.
Quando o freguês que, pela aparência, ele julga rico entrega-lhe uma moeda,
Jacarandá, mesmo alcoolizado, sai em defesa da própria dignidade, negando a gorjeta.
Trabalha com dinheiro, não com aquele produto.
Em um momento carregado de lirismo, que tanto pode ser interpretado como fruto
de um devaneio, de uma necessidade de compensação, ou de reconhecimento de quem de
fato seja, o personagem julga-se tão capaz e importante quanto o freguês. O que o
prejudica, é a bebida. Volta então para o oco, para o vazio e mira a lua, o inalcançável.

Considerações Finais

Após uma análise pormenorizada de “Guardador”, resta-nos endossar o que


Antonio Candido expõe no início do capítulo de “Crítica e sociologia”, citado na página 2
deste trabalho, sobre a independência da obra literária.
Em pouco mais de dez páginas de extratos comentados do conto, ora abordando-se
o foco narrativo, o tipo discursivo, o registro, os recursos estilísticos utilizados pelo autor,
ora falando do próprio autor e de sua vivência, que, em conjunto com toda sua habilidade
de escrita, confere verossimilhança à narrativa, podemos dizer que João Antônio cumpre
sua pressuposta intenção de dar voz e visibilidade ao marginalizado, via literatura, sem

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para isso lançar mão de uma narrativa documental, panfletária, baseada em análises
sociológicas ou psicológicas.
Tampouco nós, leitores ou estudiosos de literatura, precisamos enveredar por estes
caminhos para extrair a essência de sua obra.
No espaço de três páginas, personagem e enredo nos envolvem e nos fazem
visualizar, se não vivenciar, a vida de um indivíduo tão comum em nosso dia a dia e ainda
assim, tão invisível como cidadão.
Romanceada ou não, difícil sair incólume da leitura desta obra de João Antônio.
É a literatura cumprindo seu papel.

Referências

ANTÔNIO, João. Guardador. 2 Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.

______________. Ô Copacabana! 1 Reimpressão, 2008. São Paulo: Cosac Naify, 2001.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 43 Ed. São Paulo: Cultrix,
2006.

CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 8 Ed. São Paulo: T.A. Queiroz, 2000;
Publifolha, 2000. – (Grandes nomes do pensamento brasileiro).

ESTEVES, Ana Maria. A candangagem despencou-se e perdeu as origens: Ô,


Copacabana! Contemporânea, Rio de Janeiro, n° 7, 2006. Disponível em:
http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_07/07ANAMARIA.pdf. Acesso em: setembro
de 2011.

LACERDA, Rodrigo. João Antônio: uma biografia literária. Tese de doutorado, São
Paulo, 2006. Disponível em: http://www.rodrigolacerda.com.br/ja-biografia

________________. O primeiro amor de João Antônio. In: ANTÔNIO, João. Malagueta,


Perus e Bacanaço. 4. Ed. rev. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

MARTIN, Vima Lia. Literatura e Marginalidade – Um estudo sobre João Antônio e


Luandino Vieira. 1 Ed. São Paulo: Alameda 2008.

PESSOA, André Vinicius. Entrevista com João Antônio, 26 mar. 2009. Disponível em:
http://portalliteral.terra.com.br/artigos/entrevista-com-joao-Antônio. Acesso em: 17 out,
2011.

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