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Nasceu em Antônio Carlos – SC, em 17 de setembro de 1949. Após os estudos teológicos na Pontifícia
Universidade Gregoriana, de Roma, em 3 de julho de 1976 foi ordenado presbítero da Arquidiocese de
Florianópolis por Dom Afonso Niehues. Exerceu o ministério pastoral nas Paróquias de Saco Grande,
Saco dos Limões, Catedral e Agronômica em Florianópolis e Santíssimo Sacramento, em Itajaí. Desde
2011 é pároco no bairro Procasa, município de São José, SC. De 1986 a 1990 participou do Projeto
Missionário que a Igreja de Florianópolis vive com a Diocese de Barra, na Bahia. Ali foi pároco de
Oliveira dos Brejinhos, acumulando com as paróquias de Ipupiara e Brotas de Macaúbas. Lecionou
História das Religiões, da América Latina e Antropologia Religiosa na UNIFEBE – Brusque de 1977 a
1983 e História da Igreja no Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC de 1975 a 2013. É professor
emérito do ITESC e professor pesquisador do ITESC-FACASC. É Sócio emérito do Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina e Membro da Academia Catarinense de Letras, instituições para as quais foi
eleito em 1982. Dedica-se à pesquisa de História da Igreja na América Latina e no Brasil. Nos últimos
anos seu interesse está voltado para o estudo das Escolas e Movimentos de Espiritualidade, com acento
mais voltado para a Igreja Ortodoxa bizantina e eslava. Selecionou, organizou e traduziu pequenos textos
da espiritualidade dos Pais da Igreja, compondo uma FILOCALIA acessível na Internet. Publica coleção
de biografias de Santos e, pela Editora Mundo e Missão, editou um volume de História da Igreja, e outro
de História da Igreja no Brasil.
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Em 5 de janeiro de 1920 foi nomeado vigário paroquial da Catedral de
Florianópolis e vigário encarregado da Santíssima Trindade, um trabalho de muito
cansaço e privação através das comunidades pobres da Ilha de SC. O trabalho excessivo
prejudicou-lhe a saúde. Em 1921 foi provisionado vigário paroquial de Braço do Norte
e, em 1922, pároco da Laguna.
Aluno de jesuítas, amante dos estudos, Pe. Huberto percebeu que sua vocação
não era a pastoral direta com o povo, mas a vida acadêmica. Obtendo licença de Dom
Joaquim, bispo diocesano, foi recebido na Companhia de Jesus. Em 1924 ingressou no
Noviciado com os Jesuítas em Pareci Novo, RS.
Na condição ainda de noviço, foi enviado, já em abril de 1924, para a Europa,
onde esteve em diferentes casas da Ordem, complementando seus estudos, com o título
de Doutor em Filosofia. Primeiramente, passou em Innsbruck (Áustria) no segundo ano
do seu noviciado. Em outubro de 1926, seguiu para o Colégio de Valkenburg
(Holanda), mas, não se adaptando ao clima, em fevereiro de 1927 seguiu para Nápoles
(Itália), cursando uma Faculdade de Filosofia.
Em 1928 retornou ao Rio Grande do Sul. Como jesuíta ainda não professo, Pe.
Huberto Rohden trabalhou de1928 a1930 na paróquia de Santa Cruz do Sul, atendendo
à população lusa, porquanto os demais jesuítas daquela paróquia, por serem
estrangeiros, atendiam as áreas germânicas. De1930 a1931 foi recolhido ao Terciado de
Pareci (etapa final da formação jesuítica) e ali decidiu não integrar-se definitivamente à
Ordem.
Em 15 de maio de 1931 retornou à Arquidiocese, sendo nomeado vigário
paroquial de Urussanga e encarregado de Cocal, pequena colônia de polacos. Com a
grande bagagem intelectual já adquirida, sentiu-se desvalorizado. Esse era, porém, o
costume de Dom Joaquim: não era humilhar, mas provar a obediência.
Em 14 de novembro de 1931 recebe Cartas Demissórias para deixar a
arquidiocese de Florianópolis e ir para a diocese de Santa Maria,RS. Ali foi nomeado
Inspetor das escolas ferroviárias, com centro em Santa Maria.
Numa época de poucas obras católicas ao alcance do povo, Pe. Rohden teve o
apoio firme e amigo do Cardeal Dom Sebastião Leme, do Rio de Janeiro e empenhou-se
na Cruzada da Boa Imprensa: lançar, a preços acessíveis, obras de formação católica. O
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sucesso foi imenso e sua pessoa conheceu fama rápida em todo o cenário nacional,
como dinâmico executor desse plano. Viajou por todos os Estados brasileiros,
praticamente todas as dioceses, estabelecendo centros para a Cruzada. O apoio do
episcopado foi entusiasta e generoso. Tem início agora um novo tempo na trajetória de
Pe. Huberto Rohden, em que atuará de1931 a 1945. Seu nome era sinônimo de boa
imprensa.
Em São Paulo, de onde saem muitas publicações para o restante do país,
diversos eclesiásticos ofereceram sutis objeções a algumas afirmativas de Rohden.
Depois da morte, em 17 de outubro de 1942, do Cardeal Leme, consolidou-se a
oposição agora clara e pública.
Carta Circular dos Bispos de São Paulo, com a assinatura principal do Arcebispo
Dom José Fonseca, de 26 de novembro de 1942, condena os livros de Pe. Rohden. No
ano seguinte, Dom João Becker, Arcebispo de Porto Alegre, também emite um ato da
Cúria, que os condena. Como empreendimento, aCruzada da Boa Imprensa estava
mortalmente atingida. As principais obras em questão eram PAULO DE TARSO e
AGOSTINHO. De fato, algumas afirmações davam ocasião de serem mais protestantes
que católicas. Ele, de fato, começa a relativizar a Igreja como instituição.
Pe. Rohden, atingido tão fortemente em sua integridade intelectual e cristã, sentiu o
baque. Vive, de1943 a 1945, num sítio do Estado do Rio de Janeiro. Decide abandonar
o ministério sacerdotal em 1943. Entrega a sua carta de desistência do uso das ordens
eclesiásticas em janeiro de 1945, ao arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros
Câmara, colega de estudo e de ordenação. Deixa a Igreja católica e o Cristianismo como
religião revelada. Profundas mágoas marcaram para sempre essa decisão. Da parte da
Igreja, faltou também a compreensão frente ao sofrimento desse zeloso padre e, por que
não?, faltou valorizá-lo. O apostolado católico ficou mais pobre. Suas obras,
continuamente reeditadas, provam o quanto de bom a Igreja deixou escapar, motivada
por um dogmatismo não bem fundamentado. Da parte do Cardeal Dom Jaime, seu
conterrâneo catarinense e colega de estudos e ordenação, não houve um olhar que não
fosse o dogmático, frio, sem uma análise mais profunda de sua obra e obras.
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(Estados Unidos), onde conheceu Albert Einstein. Ali lançou os alicerces para o
movimento de âmbito mundial da Filosofia Univérsica, tomando por base do
pensamento e da vida humana a constituição do próprio Universo, evidenciando a
afinidade entre Matemática, Metafísica e Mística.
Rohden conheceu Einstein assim como um fã conhece um ídolo. Sabia o local e
horário das caminhadas de Einstein no final da tarde em Princeton e, assim como outras
pessoas, aproveitava para tentar se aproximar. E isso durante um ano entre 1945 e 1946.
Ele até comenta que “conversar com Einstein seria profanar sua sagrada solidão“, tal
era sua “amizade” platônica.
Em 1946, foi convidado pela American University, de Washington, D.C., para
reger as cátedras de Filosofia Universal e de Religiões Comparadas, cargo esse que
exerceu durante cinco anos.
Durante a última Guerra Mundial foi convidado pelo Bureau of Inter-American
Affairs, de Washington, para fazer parte do corpo de tradutores das notícias de guerra,
do inglês para o português.
Na capital norte-americana, Rohden freqüentou, durante 3 anos, o Golden Lotus
Temple, onde foi iniciado em Kiriya Yoga por Sawami Premananda, diretor hindu
desse ashram (mosteiro).
Pelo fim de sua permanência lá, Rohden foi convidado para fazer parte do corpo
docente da nova Universidade Internacional (International Christian University-ICU),
de Metaka, Japão, afim de reger as cátedras de Filosofia Universal e Religiões
Comparadas; mas, devido à guerra na Coréia (1950-1953), a Universidade japonesa não
foi inaugurada e Rohden regressou ao Brasil. Em São Paulo foi nomeado professor de
filosofia na Universidade Mackenzie, cargo do qual não tomou posse.
Contraiu núpcias com uma norte-americana, da qual teve um filho. Mais tarde,
não querendo permanecer no Brasil, ela retornou com o filho aos Estrados Unidos.
Rohden permaneceu celibatário.
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Prof. Huberto Rohden, em 1963
Movimento Alvorada
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universal e transcultural, com a conclusão que Deus não tem nome ou tem vários
nomes. A obra de Rohden padece desse equívoco.
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aprofunde nas ciências, Rohden tem como núcleo a moral, o domínio da vontade, a
purificação interior. Nos dias atuais, poderia ser chamado de conferencista de auto-
ajuda. Essa centralidade da vontade é perfeitamente compreensível num homem que na
juventude estudou filosofia e teologia com os padres jesuítas e depois, como padre, com
eles viveu e estudou mais 6 anos. O núcleo de sua formação é jesuítico, e ali encontra
sede a vontade.
As duas obras que seguem marcaram o início público das denúncias contra ele e
definem seu abandono da Igreja:
Um olhar final
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De certa maneira, Rohden considerava-se superior a muitos outros clérigos,
porque acreditava ter descoberto o verdadeiro cristianismo e compreendido a verdade
contida no Evangelho. Dessa certeza deriva seu autoritarismo e pouca capacidade para o
diálogo. Historicamente isso é constatado em pessoas que passam por uma profunda
experiência religiosa, mesmo que a causa dessa experiência tenha sido conflitual.
Infelizmente, Huberto Rohden não superou a amarga experiência da “invidia clericalis”
perante o sucesso de sua obra na Boa Imprensa. E não foi capaz de aceitar as
ponderações de seus amigos, alguns parentes próximos e de idoneidade cristã
comprovada. Dizia-se “Ele não escuta ninguém!”.
Apesar disso, Pe. Huberto Rohden não pode ser entendido sem suas raízes
católicas e sólida formação jesuítica. Sua contínua preocupação em criticar o
Catolicismo e seu anticlericalismo revelam e escondem uma alma cristã e católica,
forjada em meio às famílias profundamente católicas de São Ludgero. Sofreu
influências de Agostinho e Tomás de Aquino – aos quais critica e cujo pensamento
mistura.
Depois de sair da Igreja, talvez por motivo de mágoas, fica nítido o seu
anticlericalismo. Por exemplo, em pouco tempo escreve um livro em homenagem a
Blaise Pascal, que polemizou com os jesuítas em favor do Jansenismo. A ironia está em
que o Jansenismo nunca aceitaria suas novas idéias (ou seja, é mais provável que sua
homenagem tenha sido por terem a Igreja Católica como inimigo comum do que uma
verdadeira admiração por Pascal).
Huberto Rohden teve uma vida agitada por muitas conferências pelo Brasil
afora, normalmente freqüentadas por piedosos católicos que gostavam de ouvi-lo e
permaneciam católicos. Sua figura, postura e comunicação atraíam.
Uma seqüência de viagens, com partida de São Paulo na tarde de 2 de agosto de
1969, levou Huberto Rohden à Palestina, Egito, Índia e Nepal. Participou de estudos e
fez conferências, contatando grupos deYoguis da Índia. Seguiu em 1976 para Portugal,
realizando ali, à convite, conferências sobre autoconhecimento e auto-realização. Na
oportunidade, fundou em Lisboa um Centro de Auto-Realização Alvorada, setor
daquele do Brasil.
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Nos últimos anos levou vida de meditação, contato com a natureza, trabalho na
horta, revisão de suas obras. Escrevia para seus amigos e parentes (Dom Afonso
Niehues, Mons. José Locks, Mons. Huberto Brüning e outros): cartas de um homem
sereno e seguro, mas que sentia saudades de um mundo que lhe estava definitivamente
distante.
À zero hora do dia 7 de outubro de 1981, após longa internação em uma clínica
naturista de S. Paulo, aos 87 anos de vida e 61 de ordenação sacerdotal, o professor
Huberto Rohden partiu deste mundo e do convívio de seus amigos e discípulos. Suas
ultimas palavras, em estado consciente, foram: “Eu vim para servir a humanidade”.
Hoje seus restos mortais repousam no túmulo de seus pais,em São Ludgero.
Notas:
[1] Alguns admiradores de Rohden escrevem que eram amigos íntimos. Não há
fundamento para essa afirmação.
[3] “Etapas da minha jornada a Deus”, in: Em Comunhão com Deus, Ed. Martin Claret,
2008.