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São Paulo
2018
II
Orientadora:
Prof.ª Sabrina Alves
São Paulo
2018
III
Sumário
Resumo ............................................................................................................................................ 1
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3
4. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 23
5. GLOSSÁRIO ......................................................................................................................... 25
IV
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Resumo
Abstract
The collection about herbs of āyurveda, entitled Dravyaguṇa Vijñāna does not dispose
specific information about essential oils, as they are currently available, but it has sufficient
content on the herbs to research about the essential oils’ properties (dravya, rasā, guṇa, vīrya,
vipāka, prabhāva, karma and doṣakarma) and can be compared with those of their respective
herbs.
To establish an evaluation methodology for the essential oils according to the āyurveda
parameters and terms and comparing the essential oils properties with those of their respective
herbs is the objective of this article, through the review of bibliographies on āyurveda and
aromatherapy, so that the essential oils can be judged on the potential of replacing or not your
herb.
The article proposes the comparison of guṇas dravyas of the herb with those of the essential
oil as this evaluation methodology and this study is limited to only two sets of herbs with their
respective essential oils.
The proposed evaluation methodology presents itself as with a reliable way to determine if
the substitution of the herb by the essential oil is recommended or not, according to a train of
thought traceable to āyurveda.
1. INTRODUÇÃO
Com o avanço da tecnologia, dos processos de produção e dos ganhos de escala, os óleos
essenciais estão cada vez mais acessíveis e com qualidades aceitáveis, por outro lado questões
como sazonalidade, logísticas de armazenamento e transporte dificultam a utilização de ervas in
natura ou secas.
Os óleos essenciais, da forma como estão disponíveis atualmente não existiam quando o
grande conteúdo do Dravyaguṇa Rasa Shãstra foi produzido, o que deixa a pergunta se o Ashta
Dravyaguṇa Vijñāna (dravya, rasā, guṇa, vīrya, vipāka, prabhāva, karma e doṣakarma) dos óleos
essenciais se assemelham com os de suas respectivas ervas.
Há um vasto acervo literário com informações relativas às qualidades, aos sabores, etc. para
uma variedade de ervas, que seguem uma padronização de classificação aceita no āyurveda e que
passaram por um longo período de validações empíricas e de aprimoramento. A elaboração de
conteúdo semelhante para os óleos essenciais ainda é incipiente, deficiente de validações e sem o
conhecimento conveniente de suas ações.
A aromaterapia se consolidou com uma terapia complementar, auxiliando diversos
processos de cura e de manutenção da saúde, o emprego dos óleos essenciais também está se
intensificando nos tratamentos dentro do āyurveda, conhecer o comportamento de tais óleos neste
contexto é de fundamental importância para a eficácia do tratamento.
Em alguns casos, os óleos essenciais vêm sendo empregados como substitutos dos auṣadha,
dos tradicionais preparados ayurvédicos de ervas frescas, secas e dos óleos medicados, por serem
mais acessíveis nas regiões fora da Índia. Os Millers reconhecem esse uso:
Diferença que influência diretamente na aplicação de um tratamento, na sua ação e na sua potência.
A aromaterapia tende a atuar em campos mais sutis que as ervas. Uma conclusão semelhante é
apresentada por Frawley:
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O termo humor, nesse contexto tem o mesmo significado que doṣa.
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O artigo não pretende abarcar todo o universo de ervas e óleos essenciais, mas pelo
contrário, se limitará a apenas dois conjuntos de ervas com os seus respectivos óleos essenciais.
Criando assim um caminho para que outras relações sejam produzidas posteriormente.
Tanto as ervas e os óleos essenciais delas extraídos que figuram neste artigo são de fácil
obtenção e de uso comum no mercado brasileiro.
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2. CORPO TEÓRICO
O estudo dos efeitos do odor na aromaterapia é da osmologia, ciência que ajuda a entender
os mecanismos do odor em nosso sistema olfativo e límbico cerebral.
Existem duas abordagens na aromaterapia, que se diferem principalmente na forma como
os tratamentos são abordados
A abordagem clínica baseia-se nas características físico-química dos óleos essenciais, para
fortalecer o sistema imunológico, estimulando as defesas naturais internas do organismo. Essa
abordagem surgiu na França, representada pelo trabalho do Renné Gattefossé e dos médicos dr.
Valnet, dr. Pénoel e dr. Francômme. A escola francesa indica o uso oral dos óleos essenciais sob
formas galênicas em cápsulas e supositórios. A França é o único país que possui uma legislação de
saúde que permite o uso oral dos óleos essenciais. (AMARAL, 2015)
A abordagem holística sugere o uso dos óleos essências na aromaterapia de forma mais
intuitiva. A pesquisa dessa escola, que foi desenvolvida na Inglaterra, visa proporcionar o bem-
estar físico, mental e emocional, restaurando o equilíbrio entre o corpo, mente e espírito com
auxílio da vibração olfatória dos óleos essenciais. (AMARAL, 2015)
Representada por Marguerite Maury, Robert Tisserand, Patricia Davis e Shirley Price.
Foca o uso externo dos OE em massagens, Aromatização Ambiental e outras terapias
holísticas.
A abordagem holística é a que está sendo utilizada no estudo desse artigo.
2.3 Āyurveda
No capítulo Sūtrasthāna, śloka 2 do Aṣṭāṅga Hṛdayam de Vāgbhaṭa com comentários de
Śaśilekhā, se define o āyurveda como a ciência da vida para se obter a longevidade.
As pessoas que desejam vida (longa), que é a forma (o instrumento) para alcançar o
dharma, o artha e o sukha devem depositar a máxima confiança nos ensinamentos do
āyurveda.
estilo de vida que se harmoniza com a natureza, de acordo com o meio ambiente, as estações
climáticas e a época em que um indivíduo vive, mantendo o equilíbrio entre corpo, mente e
espiritualidade.
Relacionando o vīrya com o rasa, Vāgbhaṭa diz que kaṭu, amla e lavaṇa possuem vīrya
uṣṇa e tikta, kaṣāya e madhura possuem vīrya śita.
Também por Vāgbhaṭa, vipāka é a alteração do rasa que ocorre no final da digestão, gerada
pelo Jaṭharāgni (fogo digestivo), sendo svādu, amla e kaṭu.
O vipāka é madhura para os rasas madhura e lavaṇa, é amla para o rasa amla e é kaṭu para
os rasas kaṭu, tikta e kaṣāya.
Prabhāva é a ação especial de um dravya, onde essa ação é diferente do que se é esperado
de outro dravya com mesmo rasa, vīrya, guṇas ou vipāka. (ŚAŚILEKHĀ, 2017)
Doṣakarma é a ação que o dravya tem sobre o equilíbrio do doṣa.
Em altas doses a cânfora é tóxica por ingestão. Atua como carminativo, expectorante e
estimulante reflexo do coração, da circulação e da respiração. É sedativa e depressiva nervosa em
convulsões, histeria, epilepsia e coreia. Uso tópico da cânfora tem efeito analgésico rubefaciente.
(KHARE, 2007) Frequentemente usado para desordens do trato respiratório, como catarros e para
alívio de dores musculares e reumatismo.
Há diferentes quimiotipos para a cânfora, que pertencem a mesma espécie de planta, mas
que possuem variações de substâncias decorrentes a adaptações necessárias as condições
ambientais diferentes. A referência para esse artigo é o quimiotipo cânfora branca, que é a mais
comumente utilizada.
O Karpūra contém uma série de óleos voláteis, incluindo a cânfora, o safrol, o linalol, o
eugenol e o terpenol. Tais óleos possuem atividades antibacteriana e antifúngica. (KHARE, 2007)
A Cânfora aumenta o prana, abre os sentidos e traz clareza à mente, alivia a dor de cabeça
e desperta a percepção. Em excesso age como um narcótico e agrava pitta e vāta. (MILLER, 1995)
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O óleo essencial de cânfora é um líquido que vai de incolor a amarelo, com odor suave,
herbal e canforado.
Seu processo de extração é por destilação a vapor, que é o método mais comum e
geralmente é o de menor custo, onde partes da planta (no caso da cânfora são partes da madeira,
raízes e galhos) são colocadas em uma câmara por onde passa vapor e arrasta as substâncias
voláteis, tal vapor é condensado e o óleo essencial, por possuir menor densidade e ser insolúvel em
água, se separa na superfície, quando é recolhido. Entretanto, a destilação por vapor pode gerar
reações nos componentes mais sensíveis e instáveis do óleo, alterando as propriedades e qualidades
do produto.
Neste processo de extração se obtém três qualidades diferentes de produtos, de acordo com
a volatilidade e o tempo de extração, a fração mais leve contém safrol em quantidade insignificante,
as outras duas frações mais densas, obtidas com maior temperatura e maior tempo de extração
possuem de 20% até 60% em massa de safrol, que por ser uma substância potencialmente
carcinogênica (TISSERAND; YOUNG, 2014) as frações com o safrol não são utilizadas para a
aromaterapia.
O que faz com que o estudo se concentre no óleo essencial da cânfora branca extraída na
primeira fração da destilação a vapor.
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O óleo essencial de gengibre possui odor característico, terroso, seco e aromático diferente
do rizoma fresco. A coloração é amarela.
Seu processo de extração é por destilação a vapor, a partir do rizoma.
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dravyas em conjunto, para se compensar estas variações, por exemplo, usando-se um óleo
carreador mais leve.
Algum dos karmas se mantêm, mesmo com as alterações de rasa, guṇa, vīrya e doṣakarma,
tais como, as ações: expectorante, estimulante, analgésica, antisséptica, afrodisíaca e antitérmica,
o que permite considerar a substituição em determinados casos, mas deve-se levar em conta as
observações apresentadas acima.
Pela comparação das propriedades do ārdraka com as do seu óleo essencial pode-se
recomendar a substituição da erva pelo óleo em aplicações externas, na medicação de óleos para
massagens, nos auṣadhas e em outras técnicas corporais onde se deseja a redução de vāta ou de
kapha, o alívio da dor, o estimulo do agni digestivo, a ação antisséptica, o tratamento de problemas
nas vias respiratórias, entre outros.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação da análise comparativa dos guṇas dravyas das ervas com os dos respectivos
óleos essenciais demostra, nos dois casos estudados neste artigo, que é possível se obter uma linha
de raciocínio, que se baseia nos conceitos do āyurveda, com o objetivo de determinar se a
substituição da erva pelo óleo essencial é recomendada ou não. O método de avaliação aqui
utilizado pode ser estendido a outros dravyas, mas deve-se levar em consideração as fontes de
pesquisas e a origem dos dados para que se possa garantir uma padronização do processo dos
resultados desta análise.
A partir da alteração do rasa é possível se avaliar como será o efeito do óleo nos doṣas,
aumentando ou redundo-os. Este item de comparação é importante por possibilitar identificar
previamente se a substituição da erva pelo óleo essencial tenderá a ter uma ação nos doṣas diferente
do esperado pela erva.
Com os guṇas, também é possível se identificar os efeitos sobre os doṣas, mas
principalmente como essa ação irá ocorrer, como exemplo, uma erva que seja laghu e tīkṣṇa e que
o seu óleo essencial se torna guru e manda pode ter sua forma de penetração nos dhātus alterada e
não atingir os locais que se desejaria.
A alteração sobre o vīrya pode significar que o dravya que antes teria uma ação mais rápida,
por ser mais uṣṇa passe a ter uma atuação mais lenta ao se tornar śita, alterando também a tendência
de queimar, consumir para a de construir, produzir, por exemplo.
Assim como o rasa, o vipāka afeta a ação nos doṣas, aumentando ou reduzindo-os. O efeito
vipāka é importante inclusive para as aplicações sobre a pele ou a face, uma vez que nestes locais
há a ação do bhrājakāgni e do bhūtāgni.
O doṣakarma do dravya pode afetar de forma significativa o equilíbrio dos doṣas, a sua
mudança no óleo essencial deve ser observada para se certificar que a harmonia dos doṣas que se
deseja poderá ser atingida.
A manutenção do karma do dravya no óleo essencial é uma das formas mais diretas para
avaliar se as ações desejadas estarão presentes no momento da aplicação do auṣadha e se seus
efeitos foram aumentados ou reduzidos.
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Não se observou nenhum prabhāva para os dravyas pesquisados, mas este é um ponto de
atenção caso a ação desejada seja uma ação específica, que não leve em consideração o rasa, o
vīrya e o vipāka do dravya.
A análise do karpūra recomenda cautela na substituição pelo óleo essencial, visto que
ocorrem alterações significativas nos rasas, guṇas, vīrya e doṣakarma do dravya, por outro lado a
análise do ārdraka é mais propensa a substituição porque muitas das propriedades do dravya se
mantêm praticamente inalteradas, a exemplo, dos guṇas, do vīrya e do vipāka. Entretanto como o
artigo não pretende esgotar o assunto e seu objetivo é a proposta de uma metodologia de
comparação para substituição da erva pelo óleo essencial e não um estudo específico do karpūra e
do ārdraka em si, entende-se que há um caminho para novas pesquisas e para um aprimoramento
do método de avaliação.
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4. REFERÊNCIAS
FRAWLEY, David. Uma visão ayurvédica da mente a cura da consciência. Pensamentos, 1996
MILLER, Light; MILLER, Bryan. Āyurveda & aromatherapy. Lotus Press, 1995.
PRICE, Shirley; PRICE, Len. Aromatherapy for Health Professionals. 4ª Edição - Churchill
Livingstone, 2012.
AMARAL, Fernando. Técnicas de aplicação de óleos essenciais. Cengage Learning, 2015.
TISSERAND, Robert; YOUNG, Rodney. Essential Oil Safety A Guide for Health Care
Professionals. – 2ª Edição - Churchill Livingstone, 2014.
CARAZZA, Sonia. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. 4ª Edição – Senac, 2015
PANDEY, Gyanendra. Dravyaguṇa Vijñāna. Vol. 1 - Chowkhamba Krishnadas Academy, 2004
PANDEY, Gyanendra. Dravyaguṇa Vijñāna. Vol. 2 - Chowkhamba Krishnadas Academy, 2004
SITARAM, Bulusu. Bhāvaprakāśa of Bhāvamiśra. Vol. I - Chaujhambha Orientalia, 2015
MURTHY, Srikantha. Aṣṭāṅga Sangraha of Vāgbhaṭa. Vol. I - Chaujhambha Orientalia, 2017
MURTHY, Srikantha. Sārṅgadhara-Saṃhitā Atreatise on Āyurveda. Chaujhambha Orientalia,
2017
LOCHAN, Kanjiv. Encyclopedic Dictionary of Ayurveda. Chaukhambha Publications, 2015
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5. GLOSSÁRIO