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Este artigo é parte integrante da Revista Recursos Hídricos, Vol. 37, Nº 2, 81-94, outubro de 2016.
© APRH, ISSN 0870-1741 | DOI 10.5894/rh37n2-dv1
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Maria Manuela Portela
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assessor, de 1988 a 1993, ano em que passou Ouerrha, afluente do oued Sebou, em
ao regime de exclusividade como professor do Marrocos (1979 a 1997), neste último
Instituto Superior Técnico, IST ([19] Cruz et al., caso, também com acompanhamento dos
2007). ensaios hidráulicos; e
Fazem parte do anterior percurso três pessoas, (vii)
muito especialmente, o mega
sob cuja orientação inicialmente trabalhou aproveitamento hidroeléctrico de
e que marcaram profundamente toda a sua Cahora Bassa, no rio Zambeze, em
vida profissional: o Professor Alberto Abecasis Moçambique (1961 a 1974, ano de início
Manzanares, pelo seu profundo saber e do enchimento) pela grande magnitude
grande vivacidade e argúcia, e os Engenheiros das obras e dos equipamentos e pelos
Fernando Abecasis e José Manuel de Amorim severos condicionamentos ocorrentes,
Ferreira, pelo rigor da exposição oral e escrita, nomeadamente hidrológicos. Em Cahora
para além do saber e da ética. Foi precisamente Bassa participou nos estudos hidrológicos
com Fernando Abecasis que, em 1961, e foi responsável pela concepção e
iniciou a publicação de trabalhos científicos, dimensionamento das obras hidráulicas.
designadamente de dois artigos relacionados
com a hidráulica, versando sobre o fenómeno Menciona-se que o contexto em que, na época,
de histerese hidráulica ([14] e [15] Abecasis; eram desenvolvidos alguns dos anteriores
Quintela, 1961). projectos, envolvendo consideráveis equipas
De entre as mais importantes intervenções de pluridisciplinares por longos períodos de tempo,
António Quintela no âmbito das grandes obras permitia o estudo detalhado, experimental e
hidráulicas, incluindo estudos hidrológicos e teórico, mas sempre necessariamente baseado
hidráulicos, que frequentemente tratou em em pesquisa bibliográfica, à data, escassa em
comunicações científicas, destacam-se ([19] Portugal, de aspectos inovadores da concepção,
Cruz et al., 2007, [32] Quintela, 2002): circunstâncias que favoreciam o entrosamento
(i) o estudo hidrológico da bacia hidrográfica da investigação científica-técnica e da prática
do rio Revué, em Moçambique (1956); profissional.
(ii) o anteprojecto (1954) e o projecto A sua carreira profissional como docente
(1956 e 1957) do circuito hidráulico do do Instituto Superior Técnico teve início a 4
aproveitamento hidroeléctrico reversível de Fevereiro de 1955 quando, por proposta
do Alvito, localizado no rio Ocreza, em do Professor Alberto Abecasis Manzanares,
Portugal; foi contratado como 2º Assistente além do
(iii) o anteprojecto do descarregador de Quadro da cadeira de Hidráulica Geral –
cheias da barragem do Salto-Funil, no Máquinas Hidráulicas, da responsabilidade
rio Paraíba, no Brasil (1957 a 1959) e o daquele Professor. Para tal circunstância foi
acompanhamento dos respectivos ensaios determinante a classificação que havia obtido
hidráulicos (1957 a 1959); nessa cadeira. À excepção do período imposto
(iv) o projecto e o acompanhamento pelo Serviço Militar2, desenvolveu actividade
da execução do aproveitamento de docente do IST de modo contínuo até à
hidroeléctrico de Lomaum, no rio sua aposentação, como Professor Catedrático
Catumbela, em Angola (1959 a 1964, 1970 Jubilado, em 2002 ([20] Pinheiro et al., 2007).
e 1972); A 8 de Novembro de 1968 concluiu o
(v) o projecto e o acompanhamento dos Doutoramento em Engenharia Civil com a
ensaios hidráulicos do aproveitamento defesa da dissertação intitulada Recursos
hidroeléctrico de Gove, no rio Cunene, Hídricos Superficiais em Portugal Continental ([1]
também em Angola, (1963 a 1974); Quintela, 1967). O grau de Doutor do Instituto
(vi) os projectos e o acompanhamento Superior Técnico/Universidade Técnica de
da execução dos aproveitamentos Lisboa (IST/UTL) havia sido instituído em 1962,
hidroagrícolas de Corumana, no rio Sabié, tendo o Professor Quintela sido o nono Doutor
afluente do Limpopo, em Moçambique pelo IST e o terceiro em Engenharia Civil (depois
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Quintela, 1987) e, em 1990, na Universidade e 2003-2016, Académico de Número,
Agostinho Neto (Angola). Cadeira 23).
Entre 1984 e 1992, foi Director, conjuntamente
A sua actividade profissional englobou
com o Engenheiro Adolfo Gonçalves,
ainda, após 1982, uma importante faceta de
Director-Geral dos Recursos e Aproveitamentos
investigador científico-histórico-arqueológico
Hidráulicos, do Curso Internacional de
no domínio das águas de superfície ([32]
Hidrologia Operativa, patrocinado pela
Quintela, A., 2002, [17] Cardoso; Mascarenhas,
UNESCO, organizado em colaboração com
2007). Tal investigação compreendeu desde
a então Direcção-Geral dos Recursos e
a divulgação de acontecimentos e de
Aproveitamentos Hidráulicos e com outras vultos históricos associados à hidráulica em
instituições universitárias e estatais ([27] e [28] Portugal ao estudo de estruturas hidráulicas
Quintela, 1984). antigas, romanas e pós-romanas, tendo
Por fim, menciona-se o seu envolvimento no 1º sido consubstanciada em mais de quarenta
Curso de Formação sobre Segurança e Operação trabalhos, em que se incluem quatro livros
de Barragens, promovido pelo ex-Instituto da ([21] Portela et al., 2007). O mérito da mesma
Água (INAG), em colaboração com o Centro culminou com a eleição do Professor António
de Estudos de Hidrossistemas (CEHIDRO) do Quintela como Académico, primeiramente,
IST, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil Correspondente (em 1998) e, depois, de
(LNEC) e a Companhia Portuguesa de Produção Número (Cadeira 23), em 2003, da Academia
de Electricidade (CPPE), em que assumiu a Portuguesa da História.
coordenação da Comissão Editorial do livro António de Carvalho Quintela sempre
de texto elaborado especificamente para o se impôs científica e tecnicamente com
mesmo ([11] Quintela et al., 2001). naturalidade, pelo rigor e isenção intelectuais
De entre os conselhos e comissões em que que o norteavam, aliados a um conhecimento
participou fora do IST destacam-se ([21] Portela (teórico e prático) consistente, suportado
et al., 2007): também por uma memória prodigiosa e um
(i) o Conselho Científico para o particular bom senso. Se a actividade docente
Sistema Nacional de Consultoria valorizou a sua formação de engenheiro, o
Tecnológica - Secretaria de Estado da contacto permanente com os problemas
Ciência e Tecnologia (1989, Presidente); surgidos na elaboração de projectos e no
(ii) o Conselho de Ciências de Engenharia acompanhamento da execução de grandes
do Instituto Nacional de Investigação obras, bem como a investigação exigida para
Científica (1982-1985, Membro); a resolução de muitos desses problemas,
deram-lhe a segurança, o entendimento, a
(iii) o Conselho Consultivo do Laboratório
capacidade ímpar de trabalhar em equipa
Nacional de Engenharia Civil, LNEC
e a visão global e de pormenor inerentes a
(1988-1997, Vogal);
um grande professor, completando-se estas
(iv) a Comissão Nacional de Segurança de actividades em permanente interacção
Barragens (1990-2005, Membro); sinergética.
(v) a Comissão Nacional Portuguesa das
Grandes Barragens (1993-2004, Vogal, e 3. PRINCIPAIS INTERVENÇÕES
2004-2016, Vogal Honorário);
(vi) o Conselho Nacional da Água (1994-2016,
3.1. Nota prévia
Vogal Convidado);
(vii) o Conselho Superior das Obras Públicas e António de Carvalho Quintela reconhecia na
dos Transportes (1996-1999, Vogal); sua actividade três facetas que considerava
que se complementavam e se potenciavam
(viii) a Academia de Engenharia (1996-2016,
mutuamente ([32] Quintela, A., 2002): a de
Vogal Efectivo); e
Professor Universitário de matérias ligadas à
(ix) e a Academia Portuguesa da História
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hidrologia, à hidráulica e às obras hidráulicas; conceitos, pelo rigor dos formalismos utilizados
a de Engenheiro Civil particularmente e pela extensa caracterização hidrológica
direccionado para as ocorrências e as efectuada que incluiu a apresentação
intervenções associadas aos recursos hídricos de novos procedimentos de estimação
superficiais; e a de Investigador científico em de disponibilidades hídricas superficiais.
temas relacionados com as facetas precedentes, Apesar de se tratar de um documento
incluindo na óptica histórico-arqueológica. indiscutivelmente científico, a abrangente e
A sua cultura científica, técnica, cultural e cuidada exposição e análise dos conceitos
humanista impar, o seu apurado espírito de nela tratados permitiu a adequação de uma
rigor, a sua capacidade de concretização, a sua parte muito significativa do seu conteúdo
entrega total a cada novo assunto a tratar e a a textos de índole didáctica. Alguns desses
diversidade e o elevado número das publicações textos são ainda adoptados em disciplinas do
com altíssima qualidade que produziu IST, nomeadamente na Hidrologia e Recursos
granjearam-lhe amplo reconhecimento, Hídricos de diferentes cursos.
respeito e prestígio nos diferentes domínios
da sua actividade por parte dos meios
universitários, profissionais e culturais nacionais
e internacionais. A atitude pedagógica com
que pautava o seu desempenho relacionado
com qualquer uma daquelas facetas resultou
num legado que se estende para além das suas
realizações directas, nomeadamente, nos que
com ele interagiram.
Algumas das realizações mais significativas
de António Quintela já foram anteriormente
identificadas, designadamente no que diz a
estudos e projectos de obras hidráulicas em
que participou ou que coordenou. No presente
item mencionar-se-ão legados relevantes
relacionados com a investigação científica e
sua interpenetração com a docência.
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atingíveis pelo armazenamento de água correlação entre a média e o desvio-padrão
subterrânea; da altura do escoamento anual médio a
iii) as cartas de isolinhas do escoamento qual exprime o facto de a variabilidade
anual médio, do coeficiente de variação do temporal relativa do escoamento anual
escoamento anual e da evapotranspiração em Portugal Continental aumentar à
medida que diminui aquela altura, ou seja,
real anual média;
à medida que a região é mais árida;
iv) as relações lineares – comummente
vii) a elaboração de cartas de isolinhas do
conhecida por “relações regionais de
escoamento anual e do escoamento bienal
Quintela” – entre a precipitação anual e o
para as probabilidades de não-excedência
escoamento anual, aplicáveis, em média, de 5% e de 20% (critério de garantia
à estimação do escoamento anual em na produção de energia hidroeléctrica
bacias hidrográficas não monitorizadas, e no fornecimento de água para rega,
tendo por parâmetros a temperatura anual respectivamente); e
média do ar e as características do solo no
viii) a caracterização do escoamento natural à
que concerne à capacidade para produzir
escala diária através de curvas de duração
escoamento; média anual dos caudais médios diários
v) a descrição de várias funções de e a constatação de que as formas de tais
distribuição estatística, bem como curvas após devida adimensionalização
dos métodos de estimação dos (por divisão dos caudais médios diários
correspondentes parâmetros e de pelos respectivos módulos) dependem
apreciação do seu ajustamento; essencialmente da altura do escoamento
Relações paramétricas para estimar em Portugal a altura do escoamento anual médio, H, a partir da
precipitação anual média, P. Parâmetros: temperatura média e tipo do solo, em classes.
Reproduzida de [1] Quintela, 1967.
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3.3. Hidráulica
A intensa actividade de António Quintela
no domínio do projecto de grandes obras
hidráulicas, nomeadamente de grandes
barragens, motivou que a parte mais
significativa das suas contribuições para o
avanço da hidráulica tenha sido orientada
para a resolução de problemas concretos Histerese no escoamento em regime rápido a montante
de um trampolim. Modos do escoamento (a) a (e) e
associados ao projecto e ao dimensionamento limites de histerese: limite inferior (b) e limite superior
daquelas obras. Resultaram, assim, numerosas (e) (adaptada de [32] Quintela, 2002).
publicações, de entre as quais se destacam
oito comunicações, como co-autor, a
congressos da prestigiada ICOLD (Comissão Uma outra contribuição decorreu do projecto
Internacional das Grandes Barragens), entre do aproveitamento de Cahora-Bassa (rio
1973 e 2000, bem como cerca de duas dezenas Zambeze, Moçambique) tendo respeitado
de outras publicações, em revistas e eventos à protecção contra o golpe de aríete nos
técnico-científicos, versando sobre temas circuitos a jusante das centrais (das quais
associados ao projecto de barragens ([16] apenas a central sul veio a ser construída) e,
Almeida; Matos, 2007). em particular, às consequências da ressonância
Exemplificam a associação da prática e da estabilidade hidrodinâmica, mediante
profissional à investigação a primeira das suas análise detalhada do efeito da altura cinética
contribuições científicas, datada de 1961, do escoamento na estabilidade de regulação,
a qual surgiu na sequência do estudo do baseada na aplicação da conhecida fórmula
comportamento do modelo físico do evacuador clássica de Thoma. Tendo verificado que as
de cheias da barragem do aproveitamento áreas mínimas que assim se obteriam para as
hidroeléctrico de Salto-Funil, no rio Paraíba secções transversais das chaminés localizadas
(Brasil). Tal contribuição, que se revestiu de a jusante das centrais hidroeléctricas seriam
carácter original e que deu início à publicação incomportavelmente grandes, procedeu a
de trabalhos científicos4, respeitou ao estudo, desenvolvimentos teóricos e a ensaios em
experimental e teórico, do fenómeno de modelo reduzido com vista à determinação das
histerese relativo à ocorrência de regimes leis das perdas de carga localizadas nas ligações
das chaminés de equilíbrio. Para o efeito,
4 - Em co-autoria com Fernando Abecassis, como antes contou com a colaboração do Professor André
mencionado ([14] e [15] Abecasis; Quintela, 1961).
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o problema da influência da altura cinética da relevância da experimentação, dinamizou
em chaminés a montante de centrais. Num decisivamente o primeiro laboratório de
curso de pós-graduação de aproveitamentos hidráulica do IST. Para o efeito, concebeu e fez
hidroeléctricos, António Quintela apresentou construir peças então raras ou únicas à escala
a seguinte fórmula de Thoma corrigida que mundial, como um aparelho de demonstração
obteve com base no método de André Gardel do fenómeno de cavitação e equipamentos de
para chaminés colocadas a jusante da central estudo do escoamento em meios porosos e
([16] Almeida, Matos, 2007): de demonstração do escoamento em orifícios
([20] Pinheiro et al., 2007).
Mas a sua contribuição mais relevante no
domínio da hidráulica prende-se com o livro
Hidráulica ([2] Quintela 1981), referência
notável no panorama dos textos científicos
em língua portuguesa e incontornável no
em que m γ β e hoγ β são parâmetros ensino, naquela língua. A dimensão didáctica
adimensionais baseados em estudos de grande alcance do livro advém, para
experimentais associados a perdas de carga além do extremo cuidado e rigor com que
localizadas nas inserções das chaminés. foi elaborado, da sua estruturação em dois
O projecto do aproveitamento hidroagrícola níveis de desenvolvimento: um, destinado
de Al Wahda (em Marrocos) permitiu-lhe a facultar a formação básica em hidráulica
outra contribuição pioneira, para além necessária ao exercício corrente da profissão
da monumentalidade da solução original de engenheiro e, outro, que capacita para
que propôs para a dissipação de energia problemas hidráulicos de maior complexidade
do evacuador de cheias: incorporação e para o diálogo com especialistas. Deste modo
de arejadores a jusante das comportas o leitor é encaminhado na procura do grau de
das descargas de fundo. Tanto os estudos complexidade que lhe convém. Em 2014 o livro
associados ao evacuador de superfície, como alcançou a sua 13.ª edição, com um total de
os inerentes às descargas de fundo utilizaram 41 500 exemplares publicados.
ensaios hidráulicos. A investigação bibliográfica Fazem parte das suas contribuições
relacionadas com a hidráulica e com os recursos
sobre o arejamento forçado de escoamentos
hídricos, embora já na transição para o registo
a alta velocidade para evitar a erosão de
de legados históricos, a forma empenhada e
cavitação foi pioneira em Portugal e mereceu o
original com que divulgou acontecimentos e
reconhecimento internacional, bem patente na vultos históricos naqueles domínios. A título
citação em trabalhos de grande prestígio das de exemplo menciona-se que a ele se deve
comunicações científicas que a trataram ([38] terem sido reveladas pela primeira vez algumas
Quintela et al., 1979, [26] Quintela, 1980). contribuições pioneiras de Estêvão Cabral
Os estudos e as soluções propostas em (1734-1811), nomeadamente o emprego
Cahora-Bassa e em Al Wahda constituíram de molinetes para medir velocidades em
pontos altos na actividade de António Quintela profundidade nos cursos de água, facto que
como engenheiro hidráulico que não evitava fez desse padre jesuíta um percursor da
as soluções difíceis, ainda não demonstradas hidrometria de rios ([29] e [30] Quintela, 1986).
ou pouco conhecidas. Quando essas soluções O seu empenho em preservar a memória
eram técnica e economicamente as mais de individualidades determinantes para
indicadas, procurava os novos conhecimentos a evolução do saber, mas também para o
necessários para as justificar com segurança. prestígio do IST extravasou, em parte, o domínio
Habituado a transpor a fronteira entre a prática que lhe era familiar, tendo estado na origem
profissional de engenharia, a investigação e a das homenagens prestadas pela Escola aos
Professores Edgar Cardoso e Alberto Abecasis
5 - 1922-2008. Ecole Polytechnique de l’Université de Manzanares ([10] Quintela; Proença, 2000, [12]
Lausanne, E.P.U.L., Suíça. e [13] Quintela, Portela, 2004).
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Capas da edição de 1986 e da reedição de 2008 do livro
Aproveitamentos hidráulicos romanos a sul do Tejo ([5a] e
Capas da 1.ª e 13.ª edições do livro Hidráulica ([2] [5b] Quintela et al., 1986).
Quintela, 1981).
3.3. História e arqueologia das obras hidráulicas A par com a caracterização das estruturas
hidráulicas romanas sucessivamente
Como antes mencionado, António Quintela
desenvolveu, após 1982, intensa actividade de identificadas houve sempre a preocupação de
investigação científico-histórico-arqueológica esclarecer a funcionalidade dessas estruturas,
no domínio das águas de superfície ([17] da qual resultou, por exemplo, a divulgação
Cardoso, Mascarenhas, 2007) da qual do sistema de elevação de água para salga de
resultaram numerosos estudos, porventura de peixe em Tróia, através de uma roda hidráulica
divulgação mais restrita, mas que sem dúvida de grandes dimensões movida por um homem
aliaram a originalidade ao pioneirismo. De ([34] Quintela et al., 1993) e a valorização da
entre os temas assim divulgados destacam-se, estrutura de moagem associada à barragem de
para além dos referentes a acontecimentos Grândola ([37] Quintela et al., 1999).
e vultos históricos portugueses associados à Outro dos seus contributos refere-se ao
hidráulica, os relacionados com a história da estudo (incluindo finalidade, particularidades
hidráulica em Portugal e com as ocorrências, construtivas e características hidráulicas) de
também no território nacional, de barragens barragens antigas pós-romanas, detentoras
e aproveitamentos hidráulicos romanos, de de valor patrimonial, construídas em Portugal
barragens antigas pós-romanas e de engenhos até meados do século XX, com a finalidade de
hidráulicos tradicionais. criar albufeiras. Foram, assim, estudadas 27
Dos contributos que assim resultaram releva o barragens localizadas a sul do Tejo e uma a
livro Aproveitamentos hidráulicos romanos a sul norte ([33] Quintela et al., 1989).
do Tejo, editado em 1986, sob financiamento António Quintela deixou também importante
da então Direcção-Geral dos Recursos e legado relacionado com o reconhecimento
Aproveitamentos Hidráulicos ([5a] Quintela e a caracterização de engenhos hidráulicos
et al., 1986). Em face do valor da informação nele localizados em Portugal. De entre esses
sistematizada e da inexistência de exemplares, engenhos destacam-se os destinados à moagem
decidiu a EPAL – Empresa Portuguesa de Águas de cereais – moinhos, de roda horizontal,
Livres, S.A., promover, em 2008, uma reedição e azenhas, de roda vertical – à serração de
fac-similada ([5b] Quintela et al., 1986). madeira, ao apisoamento de tecidos, em pisões,
Em resultado desse estudo, mas também dos ao esmagamento de azeitona e à trituração
que se lhe sucederam, com ênfase para os e mistura dos ingredientes da pólvora. Faz
desenvolvidos no distrito de Castelo Branco parte do anterior legado o reconhecimento de
([35] Quintela et al., 1994, [36] Quintela et al., engenhos e estruturas hidráulicas tradicionais
1995), foram identificadas pela primeira vez no trecho do rio Lima que veio a ser submerso
13 das 41 barragens romanas inventariadas pela albufeira da barragem de Touvedo ([6]
para Portugal, e estudadas e caracterizadas 34 CEHIDRO/EDP, 1993).
destas últimas barragens.
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À esquerda, perspectiva da provável operação da roda hidráulica acoplada ao tanque de salga das ruínas romanas
de Tróia (Grândola) (reproduzida de [34] Quintela et al., 1993) e, à direita, esquema da barragem romana de
Grândola (reproduzido de [35] Quintela et al., 1999).
Em 2002 recebeu um agradecimento do então [5b] Quintela, A.; Cardoso, J.L.; Mascarenhas,
Instituto da Água pela «prestimosa colaboração J.M., 1986. Aproveitamentos hidráulicos
competente e amiga de sempre». Nesse ano, foi romanos a sul do Tejo. Contribuição para
ainda homenageado pela Especialização em a sua inventariação e caracterização.
Hidráulica e Recursos Hídricos da Ordem dos Prefácio de Jorge de Alarcão. Edição
Engenheiros «pela sua relevante contribuição EPAL – Empresa Portuguesa das Águas
Livres, J.M.; Electricidade fac-similada
para o desenvolvimento da Hidráulica e
a partir da reimpressão de 1987. ISBN
Recursos Hídricos em Portugal». 978-989-95761-6-2. Lisboa, 236 p.
Em 2006 foi homenageado pela
[6] CEHIDRO/EDP, 1993. Rio Lima.
Hidronet-Pt – Rede para o Desenvolvimento
Aproveitamento hidroeléctrico de Touvedo
do Conhecimento em Hidráulica e Meios (Salvador). Património hidráulico na
Hídricos «pela sua contribuição relevante para área da albufeira. Centro de Estudos de
a Engenharia Hidráulica através do exercício de Hidrossistemas do Instituto Superior
uma actividade profissional de excepção». Técnico, CEHIDRO: Quintela, A.; Cardoso,
J.L.; Mascarenhas, J.M.; Electricidade de
5. LIVROS Portugal, EDP: Monteiro, T.; Costa, A.;
Ribeiro, J.; Rodrigues, F.; EDP/Direcção
Como antes justificado, de entre as numerosas Operacional do Equipamento Hidráulico.
publicações do Professor António Quintela Lisboa, 43 p.
referenciam-se seguidamente apenas as [7] Quintela, A.; Cardoso, J.L.; Mascarenhas,
relativas à autoria e edição de livros. J.M.; André, M., 1995. A Fábrica de Pólvora
de Barcarena e os seus sistemas hidráulicos.
Autoria e co-autoria de livros Câmara Municipal de Oeiras. Oeiras, 214 p.
[1] Quintela, A., 1967. Recursos de águas [8] Quintela, A.; Cardoso, J.L.; Mascarenhas,
superficiais em Portugal Continental. J.M., 2000. A Fábrica da Pólvora de
Dissertação de doutoramento. Instituto Barcarena. Catálogo do Museu da Pólvora
Superior Técnico (IST/UTL). Lisboa, 276 p. Negra. Câmara Municipal de Oeiras/Museu
[2] Quintela, A., 1981. Hidráulica. Colecção de da Pólvora Negra, Oeiras, 80 p.
Manuais Universitários. Fundação Calouste
Gulbenkian. Lisboa, 539 p. Edição de livros
[3] Quintela, A.; Pinheiro, A.; Miranda, J., 1993. [9] Quintela, A. (membro e presidente da
Biblioteca da Direcção-Geral dos Recursos e Comissão Editorial); Pinheiro, A.; Alegre, H.;
Aproveitamentos Hidráulicos 1985. Catálogo Ribeiro, L.; Pais, C.; Escudeiro, M.; Claudino,
Anotado de Documentos Seleccionados. M., 1998. APRH 20 anos. 1977-1997.
Instituto da Água (INAG), Ministério do Associação Portuguesa dos Recursos
Ambiente. Lisboa, 264 p. Hídricos (APRH). Lisboa, 276 p.
[4] Quintela, A., 2006. A utilização e o [10] Quintela, A.; Proença, M. (eds.), 2000.
domínio da água na bacia hidrográfica do Edgar Cardoso. 1913-2000. Fundação Edgar
rio Mondego. Problemas e soluções ao Cardoso e Departamento de Engenharia
longo do tempo. Centro de Estudos de
Civil e Arquitectura (IST/DECivil). Lisboa,
Hidrossistemas, Instituto Superior Técnico
124 p.
(CEHIDRO/IST). Lisboa, 48 p.
[11] Quintela, A. (membro e presidente da
[5a] Quintela, A.; Cardoso, J.L.; Mascarenhas,
Comissão Editorial); Pinheiro, A.; Gomes,
J.M., 1986. Aproveitamentos hidráulicos
romanos a sul do Tejo. Contribuição para a A.; Afonso, J.; Almeida, J.; Cordeiro, M.,
sua inventariação e caracterização. Prefácio 2001. Curso de Exploração e Segurança de
de Jorge de Alarcão. Ministério do Plano Barragens. Instituto da Água. Lisboa, 728 p.
e Administração do Território. Secretaria [12] Quintela, A.; Portela M.M. (eds.), 2004.
de Estado do Ambiente e dos Recursos Alberto Abecasis Manzanares e a Engenharia
Naturais. Direcção-Geral dos Recursos e Hidráulica em Portugal. Instituto Superior
Aproveitamentos Hidráulicos. Lisboa, 236 p. Técnico, Departamento de Engenharia
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António de Carvalho Quintela 1932-2016
Civil e Arquitectura (IST/DECivil). Lisboa, [20] Pinheiro, A.N.; Coutinho, M.A.; Cardoso,
divulgação
212 p. A.H., 2007. Professor in Portela, M.M.
[13] Quintela, A.; Portela M.M. (eds.), 2004. (membro e coordenadora da Comissão
Alberto Abecasis Manzanares. Colectânea de Editorial); Costa, J.V.; Cardoso, A.H. (eds.)
publicações fac-similadas. Instituto Superior António de Carvalho Quintela. Professor,
Técnico, Departamento de Engenharia Engenheiro e Investigador. Associação
Civil e Arquitectura (IST/DECivil). Lisboa, Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH),
539 p. ISBN 978-972-99991-3-0. Lisboa, pp. 49-66.
[21] Portela, M.M. (membro e coordenadora da
BIBLIOGRAFIA Comissão Editorial); Costa, J.V.; Cardoso, A.C.
(eds.), 2007. António de Carvalho Quintela.
[14] Abecasis, F.; Quintela, A., 1961. Problemas
Professor, Engenheiro e Investigador.
de «histeresis» hidráulica nos escoamentos
Associação Portuguesa dos Recursos
permanentes em superfície livre. Técnica
n.º 316. Associação dos Estudantes do Hídricos (APRH). ISBN 978-972-99991-3-1,
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