Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
net/publication/261438637
CITATIONS READS
0 172
3 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by João Paulo Correia Rodrigues on 08 April 2014.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
O comportamento ao fogo das ligações em estruturas de madeira é ainda um assunto bastante
complexo e que levanta inúmeras questões. O tempo que uma ligação resiste em situação de
20
Autor correspondente – Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Rua Luís Reis Santos.
Polo II da Universidade. 3030-788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt
193
Nádia D. Correia, Poliana D. Moraes e João P. Rodrigues
2. ENSAIOS EXPERIMENTAIS
Realizaram-se ensaios mecânicos que permitiram determinar a resistência das ligações, com
um e três ligadores, e do esmagamento da madeira.
Foi ainda analisado o desempenho térmico das protecções dos ligadores, por meio de ensaios
de aquecimento, em 4 tipos de protecções, nomeadamente, “tampas” de OSB (Oriented Strand
Board) e de madeira maciça, de tinta intumescente CIN C-Therm Aqua com aplicação de uma
e duas camadas.
2.1 Amostras e provetes
No estudo da resistência mecânica das ligações foram utilizadas 3 amostras de Pinus taeda,
com um ter de humidade de, aproximadamente, 12%, constituídas por 42 provetes cada, os
quais foram distribuídos em 6 grupos com densidades homogéneas entre si, conforme
especificado no Quadro 1, não se verificando diferenças significativas de acordo com a análise
estatística realizada [8].
Quadro 1: Amostras e programa de ensaio
Ensaios Densidade a 20 °C Número de provetes por nível de temperatura
(kg.m-3) 20°C 50°C 100°C 150°C 200°C 230°C
Esmagamento 449 a 519 7 7 7 7 7 7
1 Ligador 429 a 490 7 7 7 7 7 7
3 Ligadores 427 a 524 7 7 7 7 7 7
A madeira dos provetes utilizados nos ensaios era proveniente de um lote heterogéneo com
idades compreendidas entre 12 e 30 anos, retiradas de florestas plantadas na região de Lages,
em Santa Catarina, Brasil. Os provetes encontravam-se isentos de defeitos, sem nós nem
fissuras, e oriundos de barrotes de secção transversal de 30 mm x 60 mm e de 40 mm x 60mm.
Os provetes destinados ao ensaio do esmagamento da madeira na direcção paralela às fibras
foram executados de acordo com a NF EN 383 [9] e aqueles a utilizar na determinação da
resistência da ligação com um e três ligadores, tiveram em consideração as especificações da
EN1995-1-1 [10], resultando nos provetes apresentados na Figura 1.
194
Comportamento de ligações aparafusadas em elementos de madeira sujeitos ao fogo
Figura 2: Protecções térmicas - provete de controlo sem protecção (a); uma camada de
tinta intumescente (b); duas camadas de tinta intumescente (c); "tampa" OSB (d);
"tampa" de madeira maciça (e).
Câmara térmica
Pratos de
compressão
Provete
196
Comportamento de ligações aparafusadas em elementos de madeira sujeitos ao fogo
3. ANÁLISE DE RESULTADOS
Os resultados dos ensaios mecânicos e de desempenho térmico das ligações aparafusadas
em madeira a temperaturas elevadas são apresentadas e discutidas neste capítulo.
3.1 Teor de humidade no final dos ensaios
Na Figura 4 apresenta-se o teor de humidade nos provetes após o esmagamento localizado da
madeira na direcção paralela às fibras em função da temperatura de ensaio. O teor de
humidade diminui linearmente com o aumento da temperatura do ensaio até,
aproximadamente, 150ºC, devido à secagem rápida da madeira, encontrando-se os provetes
praticamente anidros para esta temperatura. A partir desta temperatura, inicia-se a perda de
massa da madeira, a qual está relacionada com a degradação térmica dos polímeros.
Segundo Schaffer [11], a 140 ºC, dá-se a libertação da água contida nos constituintes da
madeira e inicia-se a degradação dos seus componentes químicos, nomeadamente, lenhina,
celulose e hemicelulose, o que pode estar relacionado com a perda de peso dos provetes. Para
temperaturas superiores a 100ºC, de acordo com Young e Clancy [12], tem início a libertação
da humidade contida na parede celular pela superfície da madeira.
3.2 Resistência ao esmagamento da madeira na direcção paralela às fibras
A Figura 15 exibe os valores obtidos nos ensaios de resistência ao esmagamento da madeira.
Verifica-se que a resistência ao esmagamento da madeira diminuiu com o aumento da
temperatura. A 23ºC, a resistência média ao esmagamento foi de 45 MPa, enquanto que a 230
ºC verificou-se uma resistência média de 28 MPa, ocorrendo uma redução de resistência na
ordem dos 38%.
197
Nádia D. Correia, Poliana D. Moraes e João P. Rodrigues
198
Comportamento de ligações aparafusadas em elementos de madeira sujeitos ao fogo
(a) (b)
Figura 17: Resistência das ligações com um ligador (a) e com três ligadores (b)
As referidas figuras apresentam uma redução não monótona da resistência em função da
temperatura, com um mínimo de 6,9 kN a 50 ºC, para ligações simples, e 23,4 kN a 100 ºC
para ligações com três ligadores, correspondendo a reduções da resistência de 47,2 % e 41,2
%, relativamente aos ensaios em temperatura ambiente, respectivamente. Verificou-se que
para todos os níveis de temperatura analisados, excepto a 50ºC, a redução de resistência em
função da temperatura era semelhante quando comparada aos valores obtidos à temperatura
ambiente.
A resistência das ligações em elementos de madeira é influenciada por diversos parâmetros,
nomeadamente, o teor de humidade, a temperatura de transição vítrea e a degradação da
madeira, Wilkinson and Rowlands [15] e Soltis and Wilkinson [16].
A transição vítrea da madeira encontra-se intrinsecamente relacionada com a temperatura e o
seu teor de humidade. No decorrer dos seus estudos, Irvine [17] constatou que a transição
vítrea da lenhina em diversas espécies de madeira ocorria numa gama de temperaturas
compreendidas entre 60 e 90 ºC. Olsson e Salmén [18], ao ensaiarem madeiras húmidas,
verificaram que a transição vítrea para o Ulmus americana e para o Pinus strobus ocorre em
torno dos 78 e 90 ºC respectivamente. A estrutura da lenhina e a hemicelulose começam a
amolecer a partir dos 55ºC, segundo os estudos de Schaffer [11]. A transição vítrea seca, dos
polímeros da madeira, ocorre a temperaturas elevadas. Para Back e Salmén [19], a transição
vítrea seca da celulose seca ocorre entre 200 e 250 ºC, para a hemicelulose ocorre numa
gama de temperaturas compreendida entre 150 e 200 ºC e para a lenhina ocorre numa
temperatura superior a 205 ºC, o que pode justificar o comportamento do Pinus taeda a partir
de 200 ºC.
Segundo Chafe [20], a redução da resistência na madeira com a temperatura está relacionada
com a degradação térmica dos seus polímeros e com o aparecimento de fendas no seu interior
durante o processo de secagem.
199
Nádia D. Correia, Poliana D. Moraes e João P. Rodrigues
(a)
(b)
Figura 22: Desempenho térmico das protecções do Grupo 1 (a) e Grupo 2 (b)
200
Comportamento de ligações aparafusadas em elementos de madeira sujeitos ao fogo
4. CONCLUSÕES
5. BIBLIOGRAFIA
201
Nádia D. Correia, Poliana D. Moraes e João P. Rodrigues
[11] Schaffer, E. - Effect of pyrolytic temperatures on the longitudinal strength of dry Douglas-
fir, Journal of testing and evaluation, vol. 1, no. 4, 1973, p. 319-329.
[12] Young, S. and Clancy, P. - Compression Mechanical Properties of Wood at Temperatures
Simulating Fire Conditions, Fire and Materials, no. 25, 2001, p. 83-93.
[13] Moraes P. D., Rogaume Y. and Triboulot P. - Influence of temperature on the embeddment
strength, Holz als Roh-und Werkstoff, no. 63, 2005, p. 297-302.
[14] Manriquez M. J. - Influence of the temperature on the mechanical resistance of the Paricá,
Tese de Mestrado, Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, 2008.
[15] Wilkinson, T. L. and Rowlands, R. E. - Analysis of mechanical joints in wood,
Experimental mechanics, 1981, p. 408-414.
[16] Soltis, L. A. and Wilkinson, T. L. - Bolt-connection design, FPL – GTR - 54. U. S.
Department of Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory, Madison,
Wisconsin, 1987.
[17] Irvine, G. - The glass transitions of lignin and hemicellulose and their measurement by
differential thermal analysis, Tappi J., vol. 67, no. 5, 1984, p. 118-121.
[18] Olson, A. and Salmén, L. - Humidity and temperature affecting hemicellulose softening in
wood, International conference of COST action E8. Denmark, 1997, p. 269-279.
[19] Back, E. L. and Salmén, N. L. - Glass transition of wood components hold implications
formolding and pulping processes, Tappi J., vol. 65, no. 7, 1982, p. 69-279.
[20] Chafe S. - Growth stresses in trees, Australian Forest Res. 9, 1979, p. 203-223.
202