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Subsolo do Rio esconde túneis


que abrigaram histórias de
escravos e prisioneiros
inconfidentes
Renan França
6-8 minutes

RIO - Debaixo do nariz dos cariocas, ou melhor, dos pés,


existe um Rio que quase ninguém desconfia. Ele é repleto
de túneis subterrâneos, que já testemunharam, ao longo da
história da cidade, de romances proibidos até batalhas
contra invasores. Alguns já desapareceram, outros não
passam de lenda, como o que ligaria o palácio de dom
Pedro I à casa da amante, a Marquesa de Santos. Mas
ainda resistem mundos escondidos no subsolo. Na Região
Portuária, por exemplo, entre o Moinho Fluminense e o
cais, um túnel permite o escoamento da produção de trigo
por baixo da Avenida Rodrigues Alves.

Caminhos sombrios

Não muito longe dali, atrás dos muros fortificados da Ilha


das Cobras, na Baía de Guanabara, uma escadaria revela
outro segredo escondido. O caminho de pedras, no pátio

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central, leva a um longo corredor que permite ao visitante


circular entre os prédios, mas por baixo da terra. O local
não guarda mais o piso e o revestimento originais, mas
permite viajar no tempo. No século XVIII, era por ali que as
tropas portuguesas se movimentavam durante as batalhas
contra navios invasores. Algumas ramificações deste
subterrâneo levam em direção ao mar. Outras, a locais
mais sombrios, como as celas do presídio da ilha, onde
ficaram detidos os inconfidentes mineiros Tomás Antônio
Gonzaga e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

— Há estruturas subterrâneas como essa em vários locais


do Rio. A Ilha das Cobras é apenas uma delas — diz o
historiador e comandante da Marinha, Valdir Gouvêa,
responsável pelos túneis do lugar.

O subsolo da Ilha das Cobras: piso e revestimento não são


mais originais Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo
O subsolo da Ilha das Cobras: piso e revestimento não são
mais originais Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo

No coração do Centro, há vários exemplos de túneis, hoje


desativados, que já foram rota até para encontros furtivos.
No Convento das Freiras Franciscanas Nossa Senhora da
Ajuda, que funcionava onde hoje fica o Palácio Pedro
Ernesto, sede da Câmara dos Vereadores, existia um
labirinto subterrâneo. Contam as más línguas que as
próprias religiosas cavaram os túneis. O motivo faria corar
a madre superiora: elas buscavam, segundo o historiador
Milton Teixeira, uma rota segura para encontros e para
escapar dos rigores do claustro. Ele diz que havia três

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túneis:

— Um deles ligava o convento ao Hospício dos Barbonos,


onde hoje fica o Quartel General da PM, na Rua Evaristo
da Veiga. Outro conectava o prédio ao Seminário São José,
no Morro do Castelo, e havia um caminho que permitia
chegar ao mar, onde hoje é o Aterro.

No QG da PM, os policiais confirmam a existência de outro


túnel. Contam que onde funciona o estacionamento havia
uma passagem quilométrica por onde se chegava ao
Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca. Quem
garante é o coronel aposentado da PM Edson Moreira, de
82 anos, que afirma ter atravessado parte do caminho nos
primeiros anos em que atuou como policial:

— Ele foi destruído para a construção da Avenida Chile.


Cheguei a percorrer um bom pedaço dele, mas ouvi de
muita gente que a estrutura inteira funcionava como uma
passagem. Ainda houve um túnel partindo do quartel até a
Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, na Lapa.
Mas nesse, eu não entrei.

PASSAGENS ATERRADAS

Num cenário de tantas histórias, muitas foram repetidas por


gerações e passaram a ser aceitas como verdade. Esse é
o caso da famosa ligação entre o Museu Nacional, onde
morava dom Pedro I, na Quinta da Boa Vista, e a casa da
Marquesa de Santos, em São Cristóvão. O caminho,
segundo reza a lenda, era a rota que o imperador fazia
para chegar à casa da amante. Mas não é verdade: as
duas casas tinham túneis, mas eles não se conectavam.

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Naquela época, era muito comum as construções terem um


cômodo anexo ao imóvel. A passagem que existia ligava a
lateral do palácio da Quinta da Boa Vista a esse local onde
funcionava a cozinha, afirma Regina Dantas, historiadora e
professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ):

— Não é mais possível acessar o local, pois hoje tudo está


aterrado.

Potencial para novos achados

A fama de namorador de Pedro I rendeu outra história


sobre uma possível passagem secreta no Outeiro da
Glória. Segundo fofoqueiros da época, o imperador descia
uma escada nos fundos da igreja e, dali, pegava uma trilha
de mata até o túnel que permitia encontrar mais uma de
suas amantes, Maria Benedita, irmã da Marquesa de
Santos.

— Isso é uma fantasia romântica. Os dois tiveram um caso,


mas dom Pedro era escandaloso e seus romances eram
escancarados. É mais uma lenda para deixar o
personagem interessante — conta a escritora Isabel
Lustosa, autora de “D. Pedro I — Um herói sem nenhum
caráter”.

Em alguns locais, não há consenso sobre os possíveis


usos do subsolo, como é o caso do túnel na Casa França-
Brasil. No hall de entrada, uma tampa no chão de quase
um metro quadrado pode ser retirada, permitindo o aceso
ao subterrâneo. Lá embaixo, o calor é insuportável. Parte
do caminho está alagado, já que o espaço tem ligação com

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as águas da Baía de Guanabara. Para alguns


especialistas, o local pode ter sido esconderijo de escravos
ou rota de fuga para a baía. Ali, em 1820, foi inaugurada a
primeira Praça do Comércio.

Para a arqueóloga Jackeline de Macedo, a cidade do Rio


tem um potencial enorme para novos achados.

— O cidade tem é um grande sítio arqueológico. Se eu


tivesse que apostar onde poderia haver túneis e estruturas
subterrâneas, seria na Região Portuária. Ali, por exemplo,
encontramos o Cais do Valongo. Mas, para confirmar, só se
houver uma escavação e um trabalho criteriosos. É
possível que haja um Rio subterrâneo sob os nossos pés.

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